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“Me sinto livre para ser quem sou!”

“Me sinto livre para ser quem sou!”

Iolanda Gloria Cortes, de 24 anos, moradora de Palmas - TO, uma jovem muito confiante de si mesma, mas que durante sua pré-adolescência passou a sofrer com toda uma pressão estética, começando o processo de alisamento já muito nova, com apenas 14 anos de idade. Realizava primeiro somente com chapinha ou secador, provocando o alisamento térmico, porém com 16 anos iniciou o alisamento químico, sendo esse bem mais agressivo e constante. “O porquê de ter passado esses nove anos me submetendo a isso, simplesmente foi por acreditar que o liso era mais bonito, mais bem visto, melhor aceito, tanto que elogiavam meu cabelo enquanto liso, alguns chegavam a achar que aquele liso era natural, e eu queria ser aceita, estar no famoso padrão de beleza!”.

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Com a falta de representatividade na época, a pressão estética era muito forte em sua vida, no seu meio familiar também, devido a ausência de apoio, pois afirma ela que “o preconceito em relação ao cabelo crespo e cacheado já estava enraizado na minha família, sempre foi uma geração de mulheres que nunca aceitaram suas origens e seus cabelos”.

Em 2020, com o começo da disseminação do Covid-19 e as quarentenas pela qual ela teve que passar, Iolanda decidiu tomar a iniciativa, junto com sua irmã e algumas colegas, de começar o processo de transição capilar. “Tentei me autoconhecer na pandemia e através desse 'conhecer' comecei me aceitando tanto espiritualmente quanto fisicamente”. Como mulher negra, essa transição capilar significa para Iolanda a liberdade, liberdade para se expressar, para ser quem é de verdade, “Me sinto livre pra me expressar com meu cabelo, livre até mesmo financeiramente devido a não gastar mais dinheiro com alisamentos caros que só alimentam a indústria que nos ensinava odiar nossos verdadeiros traços. Em geral, me sinto livre pra ser quem sou!”.

Com todo esse processo de aceitação e liberdade, veio também as dificuldades que o englobam, e para chegar a uma sensatez, ela passou por inseguranças, medos e frustrações. “O primeiro olhar no espelho foi estranho, me achei feia, parecia que o meu próprio cabelo não combinava comigo, não fazia parte de mim... Ainda tinha os comentários que diziam que me preferiam lisa, comentários desagradáveis de pessoas próximas”.

Após essa caminhada de conhecimento próprio e descoberta, Iolanda passou a se sentir segura, e feliz consigo mesma, segundo ela, “Tenho mais tempo para outras coisas já que não preciso mais ficar horas de frente ao espelho ou em salões alisando o cabelo. Sou livre!".

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