2 minute read

‘’Odiava meu cabelo antes, agora eu o amo’’

‘’Odiava meu cabelo antes, agora eu o amo’’

Emanuela Rocha sempre teve o hábito de prender os cabelos crespos, envergonhada dos fios diferentes daqueles considerados bonitos e perfeitos para a sociedade. Com 18 anos e o ensino médio completado recentemente, ela conta que ver mais mulheres mostrando seus cabelos

Advertisement

crespos e volumosos na televisão e nas redes sociais, a fez querer isso também, adorar seus cabelos de forma natural e

sem vergonha alguma. Os alisamentos que fazia antes, não fez mais, e tomou posse dos belos volumes crespos que se tornam cada dia mais bonitos.

"Odiava meu cabelo antes, agora eu o amo", conta bastante empolgada. "Eu fazia alisamento sim, mas depois de um tempo fui deixando natural. Também sempre usei ele preso, era realmente raro eu usar ele solto, mas hoje fico com ele solto sem medo algum.".

É excitante presenciar a forma que Manu — como prefere ser chamada — fala sobre seus fios, feliz e animada, abraçando suas raízes de uma maneira tão linda que é satisfatório de olhar. A menina alta e dona de uma pele escura tão uniforme e formosa, abre um sorriso encantador ao poder expressar-se a

respeito de cacheadas e crespas. "Acho que o cacheado tem a raiz do cabelo um pouco lisa e tem cachos ao longo do fio e o crespo não", fala sua opinião sobre a diferença entre os dois.

Pesquisar sobre cuidados com esse tipo de cabelo é algo muito comum entre meninas e mulheres, e o amplo leque de zelos apenas se estende e alcança mais pessoas, com mais exposição de celebridades pretas e empoderadas. O que mais uma vez prova que a mídia detém um poder avassalador sobre a sociedade, quem tem exposição pode se tornar padrão ou simplesmente abrir novas formas de ver o que é bonito, ou de finalmente levar em conta que a beleza é relativa, mas nunca feia. "Fui vendo mulheres com o cabelo parecido com o meu e eu queria o meu daquele jeito também", Manu desabafa como se estivesse neste momento relembrando do seu momento decisivo.

Quanto mais cacheadas e crespas exibindo sua naturalidade, mais e mais meninas como Manu sentem-se livres para sair da prisão de alisamentos químicos e viver a sua própria transição capilar. Embora possa ser um caminho complexo, no final vale muito a pena, e apesar da pandemia do Covid19 ser um momento difícil ao qual infelizmente estamos fadados a viver, muitas dessas garotas receberam coragem para dar início à transição nesse período de isolamento social.

Emanuela encontrou nos cabelos crespos uma estrada para a autoestima, onde antes não havia foto sua nos perfis de redes sociais, hoje lá se pode encontrar uma bela fotografia de uma moça sorridente, de olhos pequenos e brilhantes, orgulhosos, mostrando os fios graciosos e cheios de encanto. "É como a liberdade! É muito bom ter representatividade, vejo mulheres com o cabelo bem volumoso e acho tão lindo! Isso que forma nossa opinião, sabe? Nós crescemos acostumados a ver só cabelo liso, gente branca e aquilo vira padrão de beleza, e nós, pretas e com o cabelo crespo ou cacheado, seguimos sendo colocadas de escanteio. Mas quanto mais se mostra, mais nós ficamos livres para sermos como somos. " .

This article is from: