Zoocecídias

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Plano de Aula Domínio Sustentabilidade na Terra Subdomínio Ecossistemas Dinâmica de interação entre seres vivos; Fatores bióticos – as relações entre seres vivos. Objetivos Explorar as dinâmicas de interação existentes entre os seres vivos; Identificar a relação interespecífica de parasitismo entre vespas e carvalhos; Compreender como a relação interespecífica de parasitismo entre vespas e carvalhos promoveu a coevolução das espécies envolvidas. Conceitos Relação interespecífica Parasitismo Coevolução das espécies Atividades Guião de exploração do vídeo O vídeo é composto por 20 imagens, e de seguida apresentam-se sugestões do que poderá ser explicado aos alunos relativamente a cada uma delas: 1.ª As zoocecídias, vulgo galhas, são formações que resultam da interação entre algumas vespas e os carvalhos. 2.ª Nesta fotografia podem ver-se três zoocecídias, esféricas e castanhas, num órgão aéreo de um carvalho, árvore pertencente ao género Quercus. 3.ª Aqui podem observar a parte aérea de um outro carvalho onde se desenvolveu uma zoocecídia, vermelha e amarelada, arredondada e cujo topo termina numa coroa formada por uma série de proeminências agudas.

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4.ª Vêem-se as zoocecídias, as quais resultam da relação interespecífica de parasitismo entre vespas (parasitas) e carvalhos (hospedeiros). 5.ª A vespa fêmea deposita os ovos e mediante estímulos químicos e/ou mecânicos induz o desenvolvimento da zoocecídia. 6.ª Nesta imagem, vêem-se: uma das faces da zoocecídia e ainda uma bolota - o fruto do carvalho inserido em brácteas unidas formando uma cúpula. O crescimento e a manutenção das zoocecídias são acompanhados de alterações morfológicas e fisiológicas que prejudicam a planta. 7.ª Podem observar uma zoocecídia destacada do carvalho e colocada sobre uma rocha colonizada por líquenes e musgos. Na zoocecídia, o parasita recebe nutrientes e fica a salvo de predadores, de agentes patogénicos e de condições ambientais adversas. 8.ª As vespas, de diversas espécies, depositam os seus ovos num órgão da planta – folhas, caules, frutos ou gomos – de diferentes espécies pertencentes ao género Quercus, sendo a morfologia da zoocecídia dependente da espécie da vespa e do órgão da planta onde esta deposita os seus ovos. Em cada uma das zoocecídias observa-se um orifício. 9.ª Vêm-se várias zoocecídias com forma estrelada. 10.ª Aqui podem ser observados diversas zoocecídias com morfologias muito distintas e cujo diâmetro varia de 0,5 cm a 4,5 cm; são observáveis pequenos orifícios à superfície de algumas zoocecídias, sendo especialmente visíveis nas de forma esférica e de cor castanho-claro. Estas zoocecídias foram removidas dos carvalhos já desidratadas e desativadas. Algumas destas zoocecídias que inicialmente eram de cor vermelha e amarela adquiriram a cor castanhoescura, ainda, enquanto ligadas à árvore. 11.ª Vê-se uma das zoocecídia, com forma estrelada, ampliada, sendo mais fácil localizar e observar os orifícios. Os orifícios são o término de túneis circulares internos e evidenciam que as vespas maduras emergiram. Posteriormente, estes orifícios podem, servir para outros invertebrados entrarem e aí receberem proteção, podendo inclusivamente reproduzirem-se no seu interior. 12.ª Uma outra zoocecídia estrelada ampliada e com menor número de orifícios, o que indica que menor número de ovos foram depositados e/ou bem-sucedidos. 13.ª Zoocecídia ampliada, com orifícios visíveis e com cor e estrutura distintas das restantes zoocecídias apresentadas.

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14.ª Vê-se uma zoocecídia recém-aberta e exposta ao ar. É possível ver a morfologia interna da zoocecídia distinguindo-se o ponto central, onde terá sido depositado o ovo, e, em torno do qual se deu o desenvolvimento de tecidos que se destinam a proteger e a alimentar a larva, estando claramente hidratados e em actividade 15.ª Os tecidos internos da zoocecídia são ricos em taninos (compostos fenólicos) que em contacto com o ar reagem com o oxigénio, reação catalisada pela polifenoloxidase – originando benzoquinona e água, que por sua vez reagem entre si, espontaneamente, originando melanina – pigmento castanho-escuro. 16.ª Decorrido um maior período de tempo, aproximadamente 20 minutos, em contato com o ar, as manchas escuras aumentam em área e em intensidade de cor. A produção e acumulação de elevado teor de taninos nas zoocecídias é uma resposta defensiva, dos Quercus sp., relativamente ao parasita, constituindo um investimento da planta destinado a evitar o desenvolvimento das zoocecídias. As espécies de Quercus sp. foram, ao longo do tempo, e em resposta à ovodeposição das vespas parasitas, evoluindo, no que concerne a sua capacidade de produção de taninos. Contudo, as espécies de vespas parasitas também evoluíram, incrementando a sua resistência às crescentes concentrações de taninos presentes nas zoocecídias. Verificou-se deste modo uma coevolução das espécies de vespas e de carvalhos. 17.ª Nesta imagem vêem-se a camada protetora externa da zoocecídia já castanha e endurecida, o interior da zoocecídia, onde os tecidos estão desidratados e apresentam consistência esponjosa e quebradiça, um túnel por onde terá emergido uma vespa, descendente da vespa fêmea que estimulou a formação da Zoocecídia, e, ainda, um ovo aberto numa das suas extremidades, onde se vislumbra uma larva em desenvolvimento. Esta última larva é de uma outra espécie de vespa que deposita o seu ovo dentro da zoocecídia e sobre as larvas da espécie de vespa que previamente induziu a formação da zoocecídia. Os taninos, contrariamente a outros compostos fenólicos de ocorrência natural, têm a capacidade de precipitar proteínas presentes numa solução. Esta propriedade tem sido aplicada na medicina para deter as hemorragias, a nível do nariz, das gengivas e das hemorroidas. 18.ª O homem primitivo usava uma mistura de sangue e gordura de urso, de extratos de zoocecídias e de uma planta, da espécie Rubia tinctorium L., para pintar sobre formações rochosas, tendo as pinturas perdurado até ao presente. Entre os usos tradicionais, as zoocecídias foram utilizadas para a produção de um corante natural, com o qual se tingiam fios de carpetes, o que aumentava a sua qualidade e durabilidade, e para o fabrico de tinta ferrogálica, com a qual o ser humano escreveu desde o século VI ao XX. 3


19.ª Na região rural de Bragança as zoocecídias foram até meados do século XX utilizadas pelas crianças para construir brinquedos. Atualmente, no Irão ainda são colocadas cadeias de zoocecídias junto aos berços de recém-nascidos para os proteger do mal, sendo também utilizadas pelos adultos para afastar o mau-olhado e o infortúnio. 20.ª Neste vídeo, as fotografias dos carvalhos e das zoocecídias (abertas e expostas ao ar) foram realizadas, a 10 de Agosto de 2020, em Rio Frio, aldeia do Concelho de Bragança, e a maioria das zoocecídias foram colhidas, a 25 de Janeiro de 2021, dos carvalhos presentes na 1.ª fase do Parque dos Poetas, em Oeiras.

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