SISMICIDADE NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES
Filomena Rebelo
Aceite para publicação em 24 de Novembro de 2011.
Terceira 1980
Terceira 1980
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Módulo 1 Sismicidade Mundial Placas Tetónicas Enquadramento Geoestrutural Sismicidade nos Açores Sismicidade Histórica dos Açores
Módulo 3 Terramoto de 1926 (Faial) Relatos históricos Características do terramoto Impacto causado Capacidade de resposta
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Módulo 2 Terramoto de 1522 (S.Miguel) Relatos históricos Características do terramoto Movimentos de Vertente
Módulo 4 Terramoto de 1980 (Terceira) Relatos históricos Características do terramoto Impacto causado Capacidade de resposta O lado positivo ...
Faial 1926
Faial 1998
Terceira 1980
Faial 1998
Terceira 1980
Faial 1998
Módulo 5 Terramoto de 1998 (Faial) Relatos históricos Características do terramoto Impacto causado Capacidade de resposta O lado positivo ...
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Módulo 4 Terramoto de 1980 (Terceira) Relatos históricos Características do terramoto Impacto causado Capacidade de resposta O lado positivo ...
Terramoto de 1980 (Terceira) No dia 1 de janeiro de 1980, às 15h e 42 m, a zona central do arquipélago tremeu com violência. Um forte sismo abalou profundamente as ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa e gerou um pequeno tsunami.
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RELATOS HISTÓRICOS “...os animais estavam inquietos...Poucos minutos depois...corremos para a rua e neste instante já só ouvia gritos e barulho de casas a cair.” Manuel António Arruda (Agricultor) Correio dos Açores, 4 de Janeiro de 1980
“... a estrada parecia borracha, subia e descia aos solavancos.” Correio dos Açores, 4 de Janeiro de 1980
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RELATOS HISTÓRICOS “…Condutores na estrada da Achada queixaram-se da direcção o carro como se de um pneu furado se tratasse. Um carro estacionado na freguesia da Fonte do Bastardo, na direcção NE-SW, balançou lateralmente, denunciando um movimento preferencial de direcção NW-SE.”
“… as descrições indicam que primeiro houve um impulso rápido que se atenuou durante um certo intervalo de tempo, seguido de um balanço marcado, terminando num arranque forte que logo parou. A duração total estimada é entre 20 a 30 segundos.” Oliveira (1992) in colectânea de trabalhos reunidos sob o título “10 anos após o sismo dos Açores de 1 de Janeiro de 1980”
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CARACTERÍSTICAS DO TERRAMOTO Duração: 20s, tendo sido muito mais intenso nos primeiros 10s. Hora local: 16h 42m 40s. Intensidade máxima: VIII na Escala de Mercalli Modificada. Profundidade do Foco: 10km Magnitude: Ms = 6,7 (Ms = magnitude com base nas ondas superficiais). Mb = 6,0 (Mb = magnitude com base nas ondas longitudinais ou transversais. U.S.G.S., com base em 249 estações
Localização do epicentro do sismo de 1 de Janeiro de 1980 (in Oliveira, 1992)
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CARACTERÍSTICAS DO TERRAMOTO SISMOGRAMAS
Cópia do original obtido no acelerógrafo SMA-1 localizado no Observatório Príncipe do Mónaco, Horta (Oliveira, 1992).
Registos no Observatório José Agostinho, Angra (Oliveira, 1992).
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CARACTERÍSTICAS DO TERRAMOTO A localização dos epicentros das réplicas mostra que o sismo foi gerado por um acidente tectónico de orientação NNW-SSE. Esta direção encurva para uma direção mais superficial com componente vertical, como prova o tsunami registado nos marégrafos de Angra do Heroísmo e da Horta.
Réplicas do sismo de 1 de janeiro de 1980 (segundo Hirne et al., 1980).
Registo do marégrafo de Angra do Heroísmo.
Registo do marégrafo da Horta.
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CARACTERÍSTICAS DO TERRAMOTO CARTAS DE ISOSSISTAS
Carta de isossistas de 1 de janeiro de 1980 (V.H.Forjaz, F. Machado et al., 1980)
Carta de isossista para o sismo de 1980 (Farrica, 1980).
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CARACTERÍSTICAS DO TERRAMOTO CARTAS DE ISOSSISTAS
Carta de isossistas do sismo de 1980,para as ilhas Terceira e S. Jorge resultante da reinterpretação dos dados à luz da Escala Macrossísmica Europeia (EMS-98) e respectiva localização epicentral (Silva,2005). Carta de isossistas do sismo de 1980, resultante da reinterpretação dos dados à luz da Escala Macrossísmica Europeia (EMS-98) (Silva,2005).
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IMPACTO CAUSADO O terramoto de 1 de janeiro de 1980, causou elevados danos nas ilhas da Terceira, S. Jorge e Graciosa. Tabela 1 – Vítimas Total Fonte
Terceira
S. Jorge
Graciosa
Mortos
Feridos
Desalojados
Mortos
Feridos
Desalojados
Mortos
Feridos
Desalojados
Mortos
Feridos
Desalojados
61
-
15.587
44
-
13.032
17
-
2.066
-
-
489
Açoriano Oriental, 1980
44
+100
16.000
40
+100
12.000
4
4.000
-
-
-
Correio dos Açores, 1980
46
-
15.000
-
-
-
-
-
-
-
-
-
União,1980
43
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Leão, 1992
60
-
21.296
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Forjaz, 1980
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IMPACTO CAUSADO
Tabela 2 – Danos Materiais Ilhas
Nº de Fogos (1970)
Fogos destruídos (% dos existentes)
Fogos danificados (% dos existentes)
Fogos afectados (% dos existentes)
Terceira
19.068
4.726 (24,8)
7.173 (37,6)
11.899 (62,4)
S.Jorge
4.829
577 (11,9)
1.424 (29,5)
1.998 (41,4)
Graciosa
2.991
155 (5,2)
1.478 (49,4)
1.633 (54,6)
Total
26.888
5.455 (20,3)
10.075 (37,5)
15.530 (57,8)
Construções danificadas (segundo o GAR 1980-1983)
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IMPACTO CAUSADO
Distribuição dos danos e da população desalojada na ilha Terceira ( in Oliveira e Carvalho,1984).
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IMPACTO CAUSADO
Distribuição esquemática dos danos observados em Angra do Heroísmo (in Oliveira, 1992).
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IMPACTO CAUSADO A DESTRUIÇÃO
Imagem do movimento diferencial ao longo de um quarteirão, na Rua da Rocha , Angra do Heroísmo.
Danos observados nos pilares do r/c do Hospital de Angra do Heroísmo.
Movimento de rotação em pedestais no cemitério de Angra do Heroísmo.
Fotografias do Prof. Sousa Oliveira, retiradas do livro « 10 Anos Após o Sismo dos Açores de 1 de Janeiro de 1980».
Movimento de translação em pedras soltas – S. Jorge.
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IMPACTO CAUSADO A DESTRUIÇÃO
Rua do Barcelos, Angra do Heroísmo
Colapso Parcial da Igreja da Freguesia das Doze Ribeiras. Fotografias cedidas pelo GAR (Gabinete de Apoio à Reconstrução).
Colapso total de uma torre da Igreja da Freguesia do Raminho.
Alto das Covas, Angra do Heroísmo.
Topo (S.Jorge)
Rua do Pau São, Angra do Heroísmo.
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IMPACTO CAUSADO O SOFRIMENTO
Fotografias cedidas pelo GAR (Gabinete de Apoio à Reconstrução.
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IMPACTO CAUSADO A SOLIDARIEDADE
Fotografias cedidas pelo GAR (Gabinete de Apoio à Reconstrução).
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CAPACIDADE DE RESPOSTA Apesar da desarticulação das estruturas existentes foi possível uma resposta muito rápida à situação gerada pelo sismo. De um modo geral, a resposta foi imediata, tentando por um lado evitar a emigração maciça e, por outro, o abandono da cidade de Angra do Heroísmo. De entre as acções efectuadas, merecem especial destaque (Valente et al.,1992): Rápida desobstrução da rede viária; Reposição do funcionamento das redes de infra-estrutura, mesmo que com soluções provisórias; Relocalização de serviços e equipamentos em edifícios menos afetados; Realojamento dos habitantes desalojados em áreas livres próximas do centro da cidade; Montagem , pela Cruz Vermelha, de 60 tendas e 12 pré-fabricados , para realojamento em S. Gonçalo (no serrado do Bailão) e de uma cozinha refeitório e outras dependências de urgência. Intervenção nas ruínas que ameaçavam perigo. Montagem de pré-fabricados, nas freguesias rurais, junto às antigas habitações; Edificação de diversos bairros de pré-fabricados em vários locais da cidade de Angra do Heroísmo; Criadas brigadas de emergência nas ruas de Angra e nas restantes localidades atingidas, para ações de desobstrução e limpeza; Cedência de geradores de electricidade móveis ao Hospital, pelo Governo dos EUA, através da Base Americana das Lajes.
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CAPACIDADE DE RESPOSTA EM 1980 Tomadas as medidas referidas, foram criadas estruturas e condições necessárias à rápida reconstrução da cidade e freguesias rurais afectadas. Os aspectos fundamentais para o rápido arranque foram (Valente et al., 1992): Criação de uma estrutura técnica específica e reforço das existentes com vista a apoiar e coordenar a reconstrução; Criação de mecanismos financeiros específicos para a reconstrução; Estabelecimento de circuitos de abastecimento das regiões afectadas em materiais de construção; Desburocratização, rapidez e eficácia dos diversos serviços envolvidos no processo; Divulgação das normas técnicas a que se deveria sujeitar a reconstrução; Criação do GAR (Gabinete de Apoio à reconstrução) pela resolução nº 2/80 de 4 de Janeiro, do Governo Regional; Incentivos à autoconstrução; Distribuição gratuita ou quase gratuita de materiais; Abertura de linhas de crédito fortemente bonificado; Atribuição dos benefícios para o cumprimento das indicações técnicas de melhoria da resistência sísmica dos edifícios.
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O LADO POSITIVO... A instalação de novas redes sísmicas, em colaboração com o Laboratório de Geociências e Tecnologia dos Açores. Parte desta rede está presentemente incluída na rede sismográfica do Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores (CVARG).
Rede de estações sismográficas instaladas após o sismo de 1 de Janeiro (Correia et al., 1992).
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O LADO POSITIVO... Criação do Serviço Regional de Proteção Civil dos Açores para coordenar o planeamento e as operações de emergência em situação de catástrofe.
Plano Regional de Protecção Civil
Plano Local de Emergência
Estabelecimento, em cooperação com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), de medidas preventivas no sector da construção – ensaiando algumas soluções técnicas, definindo legislação e regras de construção sismo resistentes adequadas à Região.
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O LADO POSITIVO... Requalificação de Angra do Heroísmo Angra do Heroísmo foi reconstruída numa visão global de desenvolvimento urbano dentro de uma perspetiva de conservação integrada, ou seja, salvaguardada a valorização do tecido histórico tendo em conta a sua integração num organismo urbano em contínuo desenvolvimento.
Angra do Heroísmo depois da reconstrução http://geo.ya.com/travelimages/azores96.jpg
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FICHA TÉCNICA AUTORA DA ATIVIDADE: Maria Filomena Teixeira de Melo Rebelo
Licenciatura em Biologia e Geologia Mestrado em Vulcanologia e Riscos Geológicos Vídeo Terramoto de 1980, autorizada a sua publicação para fins didáticos pelo realizador, Luís Dores. LICENÇA DA ATIVIDADE: Creative Commons da Casa das Ciências