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Alimentação e Espiritualidade

A QUESTÃO DA ALIMENTAÇÃO HUMANA PODE SER TRATADA SOB DIVERSAS ÓTICAS DE IMPORTÂNCIA, TAIS COMO AS AMBIENTAIS, NUTRICIONAIS, SOCIAIS, ÉTICAS E, SOBRETUDO PARA O INTERESSE RELIGIOSO, A QUESTÃO ESPIRITUAL. SINTETIZANDO ALGUNS DADOS SOBRE ESSES PRISMAS, SEM A INTENÇÃO DE MINIMIZAR A DISCUSSÃO OU ESGOTÁ-LA AQUI, É POSSÍVEL COMPREENDERMOS DE UMA FORMA GERAL QUAL É O IMPACTO DO CONSUMO DA PROTEÍNA ANIMAL PARA O MUNDO. VEJAMOS.

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Questão Ambiental

- Pecuária é a maior poluidora dos rios e lençóis freáticos; - Metano liberado por vacas e porcos é 23 vezes mais potente que o CO2 produzido pelo homem; - 70% da Amazônia foram devastadas para tornarem-se pasto; - 30% do Planeta Terra é hoje pasto, antes habitat natural para animais selvagens; - 45% da área terrestre mundial estão ocupadas pela criação de animais; - 67% da pesca são para alimentação do gado confinado;

Questão Nutricional

- Várias organizações internacionais de renome como a AHA, FDA, USDA, Kids Health, Universidade da Georgia e ADA têm parecer favorável ao vegetarianismo. - Pesquisas mostram que os vegetarianos têm menor risco de serem acometidos por cardiopatias (-31%), câncer (-88% câncer de intestino), diabetes (-50%), obesidade, doenças da vesícula biliar e hipertensão. - 100g de carne magra cozida tem 27g de proteína. 100g de soja amarela cozida tem 17g de proteína. Uma vez que precisamos de 1g de proteína por kg corporal diário, a dieta vegetariana supre tal demanda e a dieta com proteína animal extrapola. Basta a vegetariano buscar fontes de aminoácidos em fontes diversificadas e complementares.

Galinha

Questão Social

- US$1,5 bilhão de dólares/ano é o custo que os antibióticos empregados nos confinamentos geram para saúde pública; - 900 kg de grãos produzem carne para alimentar 1 individuo durante 1 ano, porém, 900 kg de grãos alimentam essa mesma pessoa durante 5 anos.

Questão Ética

- Anualmente são executados 56 bilhões de animais; - Ignora-se o fato de os animais serem senscientes (capacidade de sofrer, sentir prazer ou felicidade); - Galinhas são tão complexas cognitiva, emocional e socialmente como a maioria das outras aves e mamíferos. São capazes de tirar conclusões lógicas a que crianças só chegam aos sete anos de idade; - O bico é o órgão sensorial mais importante, com uma capacidade fenomenal de reagir ao paladar, olfato e tato. Qualquer dano a ele envolve grande sensação de dor. E a Questão Espiritual? É sobre essa que vamos nos debruçar mais minuciosamente para compreender a necessidade – ou não –da abstenção do consumo de carne.

Reflitamos: Se Deus fez o homem a sua imagem e semelhança, e se os homens são iguais, em diversos aspectos, aos animais, então, Deus fez todo ser vivo a sua imagem e semelhança.

Para além dessa inferência, a Dra. Irvênia Prada, no livro "A Alma dos Animais " , faz um extenso e técnico comparativo entre as semelhanças neurológicas do homem e dos animais. Logo, a máxima de Jesus “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39) deve incluir aí também nossos (tão semelhantes) irmãos animais.

Definições importantes

Vegetarianismo é um termo genérico que abrange diversas formas de relação e consumo vegetal e animal. A tabela abaixo nos esclarece quanto as nomenclaturas mais comuns.

Nosso ponto de partida é a compreensão do conceito " carnista " , que surge para substituir a expressão carnívoro, empregada erroneamente para designar aqueles que optam por alimentarse da proteína animal. Vale lembrar que alguns animais são biologicamente herbívoros, como a vaca, outros biologicamente carnívoros, como os gatos, mas há ainda os onívoros, como o ser humano. Logo, é errado chamar um homem de carnívoro. Biologicamente somos onívoros.

Por isso, o termo carnismo especifica um sistema de crenças invisível, ideológico, que justifica a matança de certas espécies de animais para consumo da sua carne. Tal termo foi concebido pela psicóloga social Ph.D. Melanie Joy e popularizado através do livro “Por que amamos cachorros, comemos porcos e vestimos vacas” . Joy afirma que escreveu o livro para analisar um paradoxo aparente no comportamento generalizado das pessoas em relação aos animais: elas demonstram compaixão para com algumas espécies enquanto sacrificam outras.

Todos os aspectos singelamente discutidos até aqui são cientificamente explorados e aprofundados no livro de Melanie, por isso, sua leitura torna-se obrigatória para quem lida com a causa animal, ainda que não seja uma obra Espírita. Mas, trazendo para o Espiritismo, não distante estão às orientações da Espiritualidade que, através de Allan Kardec, nos alerta:

"Justificar seus erros pela fraqueza da carne é apenas um subterfúgio para escapar à responsabilidade. A carne só é fraca porque o espírito é fraco [...] A carne, que não tem pensamento nem vontade, não prevalece jamais sobre o espírito, que é o ser pensante e de vontade própria; é o espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos seus instintos [...] é então que o homem come para viver, porque viver é uma necessidade, mas não vive para comer " (O Céu e o Inferno, Kardec, Capítulo VIII, item A carne é fraca).

E, de fato, nossa sociedade parece estar vivendo para comer e, não mais, comendo para viver. Tudo se tornou gourmet! E essa gourmetização da alimentação nos obriga a comer por status, comer por gula e comer em excesso. E o argumento de que o corpo exige carne para se nutrir, por isso somos onívoros, vai de encontro a ideia de que a “fraqueza da carne é apenas um subterfúgio para escapar à responsabilidade” .

Temos a responsabilidade de nutrir o corpo físico sim, mas também temos a responsabilidade em preservar a obra de Deus (Questão 728).

Nas Questões 704 e 705 do Livro dos Espíritos a Espiritualidade maior nos orienta que a terra sempre nos forneceu o necessário à manutenção da vida, sendo os prazeres e os excessos humanos responsáveis pela morte moral e física a que nos ofertamos quando insistimos nos refinamentos dos prazeres (Questão 714), estimulando os vícios que extrapolam nossas necessidades reais, culminando na insaciedade (Questão 716) e na ganância.

O abuso é condenado por Deus (Questão 719), não o nosso bem-estar, mas aqueles que monopolizam os bens da terra para se obter o supérfluo em prejuízo daquelas de quem falta o necessário desconhecem a lei de Deus e responderão por isso (Questão 717). Não, não precisamos nos alimentar da morte para viver. Isso é uma opção! Como nos ensinou Paulo de Tarso, no Novo Testamento 1 Coríntios 6: 12-13:

"Todas as coisas me são permitidas, mas nem todas são saudáveis/edificantes/me convém* . Tudo me é lícito realizar, mas eu não permitirei que nada me domine. Os alimentos são para o estômago e o estômago, para os alimentos. Deus, no entanto, destruirá tanto um quanto o outro. Mas o corpo não é para servir à imoralidade, e sim para o Senhor; e o Senhor, para o corpo. "

* Encontramos essas diversas versões em traduções diferentes da Bíblia como pode ser consultado na SBB (Sociedade Bíblica do Brasil).

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