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Guilherme Brasil - São Paulo/SP
POESIA TRABUZANA
Guilherme Brasil - São Paulo/SP
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— escrito pra ser falado —
A folha é terra pura amálgama de restos vegetais
E de repente palavras gotejam letra a letra líquidas vogais que se engrossam numa enxurrada de consoantes enlameadas arrastando tils, acentos e até estrofes inteiras pelas valas entupidas de versos
Torrente vernacular escorrendo, metáforas, zeugmas, coriscam no céu polissemias alucinantemente aliterantes assoviam pelas frestas [dos meus olhos
e não me deixam dormir é preciso levantar é preciso se aquecer
Então quando abro minha boca de lobo [pausa] as palavras já não me enchem mais a terra branca bebe meu transbordar com sede de deserto
Resta-me esse copo meio vazio ou, por fim, meio cheio e suas marcas nas paredes dos meus pensamentos