1 minute read

Guilherme Brasil - São Paulo/SP

POESIA TRABUZANA

Guilherme Brasil - São Paulo/SP

Advertisement

— escrito pra ser falado —

A folha é terra pura amálgama de restos vegetais

E de repente palavras gotejam letra a letra líquidas vogais que se engrossam numa enxurrada de consoantes enlameadas arrastando tils, acentos e até estrofes inteiras pelas valas entupidas de versos

Torrente vernacular escorrendo, metáforas, zeugmas, coriscam no céu polissemias alucinantemente aliterantes assoviam pelas frestas [dos meus olhos

e não me deixam dormir é preciso levantar é preciso se aquecer

Então quando abro minha boca de lobo [pausa] as palavras já não me enchem mais a terra branca bebe meu transbordar com sede de deserto

Resta-me esse copo meio vazio ou, por fim, meio cheio e suas marcas nas paredes dos meus pensamentos

This article is from: