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José Cristian Góes - Aracaju/Sergipe
cavaleiro
José Cristian Góes - Aracaju/Sergipe.
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não acabou a vida nem a guerra escute o estômago que ainda resta a devorar a palavra não dita ronco solto de uma máquina ferida embrenha-se no cinza urbano da floresta onde batalha nenhuma cabeça enterra
o cavaleiro não foi vencido sua armadura suja e aos trapos insiste em lembrá-lo o quanto é destemido a ganhar montanhas de plásticos perdidos fazendo brilhar as insígnias em fiapos escudo que jamais revela o soldado ferido
não há a espada nem a lança o corpo é o próprio brasão em combate armadura reforçada engana o inimigo corre apressado sem medo do perigo busca gritos de horror para o arremate murmura sonhos de fumaça de esperança
cabelo e barba não são desse tempo pés descalços sangram sua coordenada pula entre máquinas para vencer a morte peleja onde jamais ouviu falar de sorte em cada esquina encontra lança envenenada a furar sua armadura em todos os dias de tormento
não há trégua nem sossego clama aos céus por seu exército infinito que virá glorioso enquanto o inimigo dorme a preparar mais uma batalha que suporte
paus e pedras do vigilante afoito joga a fome para derrotar o cavaleiro trôpego
o fantástico alazão sumiu na poça piscina cornetas alucinadas cantam a vitória do inimigo cavaleiro rendido somente é desperto pelos querubins a anunciar valoroso prêmio na guerra sem fim medalha do pão podre empurrada como castigo renova todo o sentido da morte como disciplina
sim, o cavaleiro insiste nessa terra logo atravessa em um pulo a avenida dos anônimos batalha de morte em vida sem opção a engrossar a pobre armadura em vão numa luta visível contra loucos demônios numa vida visível sempre a perder a guerra