CONEXÃO OPINIÃO
A vida (de um arquiteto) como ela é Uma crônica sobre as expectativas que ninguém confessa e a dura realidade da profissão
A
POR YURI VASCONCELOS, arquiteto
rtistas almejam o reconhecimento de sua obra nas melhores rodas de discussão intelectual. Arquitetos também. Prêmios, publicações, convites para palestras e entrevistas. Não muito diferente de uma garçonete que deseja ser atriz. Este desejo alcança grandes expectativas no momento da transição entre a saída da faculdade e
o início da carreira. Alguns poucos talentosos de nascença começam bem. Uma crônica sobre as expectativas que ninguém confessa e a dura realidade da profissãoamento acaba minguando até que o foguete despenca em algum lugar desconhecido no meio do oceano da indiferença. A maioria não consegue nem o voo de um aviãozinho de papel. Outros, não dão a menor bola para isso. Estes últimos geralmente têm uma vida mais satisfatória. A certeza que tenho é que todo arquiteto vai projetar um banheiro em algum momento de sua trajetória rumo ao Pritzker – o principal prêmio da arquitetura mundial, criado pela família proprietária da rede de hotéis Hyatt. Tenho dúvidas, no entanto, de que os arquitetos serão bem sucedidos na tarefa de projetar um banheiro eficiente. Descobri isso há pouco tempo, quando tive que limpar um banheiro projetado por mim, em minha casa. Fui, de forma inequívoca, castigado pela minha ingenuidade criativa.
24 | CASA SUL 2021
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