Jornal Martim-Pescador - 143

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SETEMBRO/OUTUBRO 2016 Número 143 Ano XII Tiragem 3.000 exemplares

www.jornalmartimpescador.com.br www. jornalmartimpescador.com.br

Caiçaras Chef Eudes e professor Maranhão (ao centro) em evento na Unimonte

Evento na Unimonte valoriza a cultura caiçara com lançamento de livro e preparo do peixe azul-marinho. Págs. 4 e 5

Chef Eudes Assis prepara peixe azulmarinho na Unimonte durante...

Ciro Xavier Martins ONG Cultural Caiçara Raízes da Jureia inaugura sua sede no bairro do Guarau em Peruíbe. Pág. 8

...lançamento do livro Gente do Mar do professor Ricardo Maranhão


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Portaria 445 está suspensa No dia 31 de agosto foi emitida liminar judicial federal que suspendeu, por tempo indeterminado, a Portaria MMA nº 445/2014, que estabelecia as espécies de peixes e invertebrados ameaçados de extinção no Brasil. As espécies de caráter comercial presentes na lista estão liberadas para captura, exceto as que possuem outras

proibições, como o mero e o cherne-poveiro. O pedido de suspensão foi feito pelo Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura, Federação Nacional dos Engenheiros de Pesca, Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores. As entidades alegaram que cabe ao Ministério da Pesca e Aquicultura e Ministério do

PERIGO DO LIXO NA REDE DE ESGOTOS

Meio Ambiente, em conjunto, e sob a coordenação do primeiro, fixar as normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento do uso sustentável de recursos pesqueiros. Neste caso, a Portaria nº 445/2014 foi editada pelo Ministério do Meio Ambiente, sem a participação do Ministério da Pesca e Aquicultura.

COMUNICADO

APA Marinha Litoral Centro

Defeso do

Importante notícia publicada na imprensa em entrevista do Gerente da SABESP na Baixada Santista, Renato da Cruz Silva ao afirmar que foram recolhidos mil toneladas de lixo na rede de esgoto. Esta obstrução além de prejudicar o fluxo normal dos esgotos, pode ainda retornar pelas tubulações ao interior das residências ou às vias públicas. Todos precisam deste modo se conscientizar que pa-

péis, absorventes, tecidos, plástico, cabelo, fio dental e demais lixos não podem ser jogados nos vasos sanitários, evitando entupir as tubulações e causarem danos ambientais. Somente no primeiro semestre de 2016 foram mais de nove mil desobstruções de reamais da rede coletora de esgotos, uma média de 53 por dia além destas mil toneladas de lixo jogados nos vasos sanitários.

Vamos apoiar as campanhas educativas juntos as escolas, universidades, clubes de servir, sindicatos e associações para que mais pessoas possam orientar a todos que residem consigo da importância de ter em cada vaso sanitário um local apropriado para se jogar o lixo que deve ir para a coleta da prefeitura. Prof. Cláudio Magalhães Diretor da ONG DOS AMIGOS DE SANTOS

Defesos Mexilhão (Perna perna) 01/09/16 a 31/12/16 Tainha (Mugil platanus e Mugil liza) 15/03/16 a 15/08/16 (proibida em todas as desembocaduras estuarino-

MEXILHÃO

lagunares do litoral das Regiões Sudeste e Sul). A partir de 15 de maio, a temporada anual da pesca da tainha será aberta somente no litoral, permanecendo fechada até 15 de agosto nas desembocaduras estuarino-lagunares.

(Perna perna)

(veja Instrução Normativa 171 9/5/2008 em

Período de 01 de setembro à 31 de dezembro IN IBAMA nº 105/06

www.jornalmartimpescador.com.br/legislação)

Moratórias Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2015 a 6/10/2023 (Portaria Interministerial no 14) Mero (Epinephelus itajara) 06/10/15 a 06/10/23 (Portaria Interministerial no 13)

CONSUMIDOR, Você sabe o que é defeso?

Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)- tempo indeterminado Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)-tempo indeterminado Raia manta (família Mobulidae) - tempo indeterminado

Defeso é a paralisação obrigatória da pesca sobre um determinado recurso pesqueiro para sua preservação (Lei n°11959/09).

Marlim-azul ou agulhão-negro (Makaira nigricans)comercialização proibida Marlim-branco ou agulhão-branco (Tetrapturus albidus) –comercialização proibida Saiba mais sobre a legislação de pesca em: www.jornalmartimpescador.com.br (legislação)

A comercialização é permitida quando comprovada por meio de Declaração de Estoque, ou quando a origem for de cultivo, com Comprovante de Origem para transporte e comércio ou Nota fiscal .

Pratique o comércio e o consumo responsável!

APA Marinha Litoral Centro Unidade de Conservação gerenciada pela Fundação Florestal/Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo. Tel.: (13) 3261-3445 – apamarinhalc@fflorestal.sp.gov.br

Carta do leitor

Parabenizamos o maravilhoso jornal que tem à sua frente uma competente e dinâmica jornalista Christina Amorim que não mede esforços em bem informar a todos com reportagens de alto nível dando a todos os pescadores, amigos da pesca e demais interessados notícias de real interesse comunitário. É feliz a Federação de Pescadores do Estado de São Paulo por ter um jornal assim tão bem dirigido por uma excelente jornalista. ONG DOS AMIGOS DE SANTOS Diretor Professor Cláudio Magalhães

EXPEDIENTE www.jornalmartimpescador.com.br

Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP CEP: 11030-350 Fone: (013) 3261-2992

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com Fotos Fotos e ilustração: e ilustração: Christina Christina Amorim; Amorim; Diagramação: Diagramação: cassiobueno.com.br; cassiobueno.com.br; Projeto Projeto gráfico: gráfico: Isabela Isabela Carrari Carrari - belacarrari@hotmail.com - icarrari@gmail.com Impressão: Impressão:Diário Diáriodo do Litoral: Litoral Fone.: Fone.:(013) (013)3226-2051 3226-2051 Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia


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Onde estão os pratos caiçaras?

Pesquisa estuda a presença da culinária caiçara em restaurantes de três cidades da Baixada Santista

Luciana Marchetti

A dificuldade que os próprios restaurantes têm em definir o que são pratos caiçaras foi um dos problemas levantados pela nutricionista Luciana Marchetti, professora de Gastronomia Caiçara na Unimonte. Curiosa em saber se a tradição era mantida pelos restaurantes da região, Luciana desenvolveu estudos durante dois anos em 44 restaurantes especializados em frutos do mar de três cidades da Baixada Santista, São Vicente, Santos e Guarujá. A pesquisa para sua tese de mestrado “A Culinária Caiçara e a Prática da Hospitalidade nos Restaurantes Especializados em Peixes e Frutos do Mar na Baixada Santista” foi desenvolvida na Universidade Anhembi Morumbi sob a orientação do professor Dr. Hamilton Pozo. Além de analisar os pratos da culinária caiçara presentes nos restaurantes, Luciana verificou, entre outros, a demanda por pratos típicos caiçaras e se estes estavam presentes no cardápio dos restaurantes. “A maioria dos restaurantes especializados em peixes e frutos do mar está estabelecida no mercado há mais de 20 anos, na orla marítima ou bem próximo a ela, possuem decoração pouco acolhedora e cardápios extensos, mais condizentes com os de restaurantes tradicionais que buscam atender um público variado, do que com os de restaurantes especializados”, afirma Luciana. Os resultados demonstraram também a existência de um conceito equivocado sobre culinária caiçara. “A maior parte dos entrevistados pensa ser a culinária do litoral brasileiro e a relaciona a qualquer prato preparado com peixes e frutos do mar, citando, inclusive, pratos de outras

nacionalidades, como paella, bacalhau à portuguesa, polvo à espanhola”, acrescenta. Com referência aos ingredientes, citaram somente pescados, não fizeram menção a banana, farinha de mandioca, palmito, taioba, jabuticaba, e tantos outros que caracterizam a culinária caiçara. De acordo com a maioria dos gestores entrevistados, a culinária caiçara é a mais solicitada por visitantes. Este dado sugere seu potencial turístico para a região. Considerando que os restaurantes oferecem a média de 95 pratos nos cardápios, pode-se dizer que as preparações caiçaras representam 15,2% dos cardápios, uma representatividade baixa. Enfim, um potencial pouco aproveitado. “Deve haver um trabalho de divulgação da culinária caiçara aos gestores dos restaurantes, para que entendam que ela não se restringe somente a pescados”, explica Luciana. A professora enfatiza ser importante que conheçam os diversos pratos que podem ser ofertados. “Um cardápio diferenciado pode alavancar competitivamente os restaurantes e atrair turistas”, conclui. Luciana também realiza um trabalho de conscientização com seus alunos de Gastronomia, levando-os anualmente à Ilha Diana, na área continental de Santos para degustar pratos típicos. “Essa é uma maneira de promover a vivência num ambiente que preserva tradições caiçaras”, explica. “Na ilha os alunos provam o tradicional peixe azul-marinho e o lambe-lambe preparados pela Therezinha, proprietária do Bar e Restaurante da Ilha”, explica. Os passeios são uma maneira agradável de divulgar os pratos caiçaras para novas gerações, resgatando valores dessa tradicional cultura.


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Coluna

Embraport e Brasil Terminal Portuário se unem para limpeza da orla da Praia de Santos

As duas instalações portuárias mais recentes do Porto de Santos, Embraport (Empresa Brasileira de Terminais Portuários) e BTP (Brasil Terminal Portuário) se uniram no último dia 17 (sábado), para participar do Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, data conhecida internacionalmente como “Clean up Day”. A ação ocorre pelo segundo ano consecutivo e integra a campanha Go Green, cujo slogan é “Você tem um dia para transformar os outros 364”. A iniciativa é um movimento global liderado pelos maiores operadores portuários mundiais e tem o objetivo de contribuir para a construção de portos mais sustentáveis por meio dos temas reuso e reciclagem, atenção às mudanças climáticas e ações com as comunidades onde as empresas atuam. A ação contou ainda o apoio do Aquário Municipal

Gente lançado Numa viagem do Pará ao Rio Grande do Sul, o historiador Ricardo Maranhão verte em livro toda a sabedoria e cultura dos pescadores brasileiros. Gente do Mar-Vida e Gastronomia dos Pescadores Brasileiros, ilustrado com as fotos do arquiteto Fabio Colombini, foi lançado na Unimonte dia 24 de agosto. Doutor em História pela USP e professor de História da Gastronomia na Universidade Anhembi-Morumbi, Maranhão falou sobre a rica cultura dos pescadores que encontrou ao visitar diferentes comunidades na costa brasileira, durante apresentação de mesa redonda na Unimonte. O livro foi merecedor do Prêmio Jabuti 2015, da Câmara Brasileira do Livro. Participaram também do debate a professora Luciana Marchetti (Unimonte), Maria de Fátima Duarte Gonçalves (Unimonte), Adriana Meira (Slow Fish), jornalista Christina Amorim (jornal Martim-Pescador) sob a coordenação da professora Cintia Miyaji (Unimonte). Os participantes puderam também saborear o peixe azul-marinho, símbolo da gastronomia caiçara, preparado pelo chef Eudes Assis, do restaurante Taioba em Camburi, São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Eudes, nascido em São Sebastião, falou das receitas aprendidas com a mãe na infância que despertaram seu amor pela gastronomia caiçara, e suas andanças pelo mundo onde se especializou com grandes chefs.

de Santos, órgão responsável pela quantificação de todo o lixo encontrado na orla da praia. Neste ano, a ação rendeu um grande resultado, com a participação de 120 funcionários das duas empresas e a coleta de aproximadamente 200 quilos de lixos e resíduos, os quais foram encaminhados à reciclagem. Jeová Cardoso, responsável pela área de Meio Ambiente da Embraport, destaca que é gratificante realizar esta ação pelo segundo ano. Ele conta que a iniciativa representa a união de duas empresas com o objetivo de contribuir para que o mundo se torne um local mais sustentável. “Juntos, queremos mostrar que é possível poluir menos, consumir menos energia, produzir menos detritos e deixar um melhor legado para as futuras gerações”, destaca.

OUVIDORIA EMBRAPORT: 0800 779-1000 faleconosco@embraport.com www.embraport.com Chef Eudes e chef Daniel Stucchi durante o evento


te do Mar é o na Unimonte

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Teste seu conhecimento sobre culinária caiçara. Qual destes pratos não é típico da culinária caiçara? (Veja a resposta na página 7)

Professor Maranhão fala sobre cultura caiçara na Unimonte

Marisco lambe-lambe Peixe azul-marinho

Os alunos de Gastronomia ficaram muito interessados Peixe azul-marinho foi a estrela da festa

Palestra lotou o auditório da Unimonte

O livro Gente do Mar-Gastronomia de Pescadores Brasileiros pode ser adquirido por internet na Editora Terceiro Nome (www.terceironome.com.br), na Livraria Martins Fontes (Av. Ana Costa 530, Santos) nas lojas da rede Cultura, da Saraiva, entre outras.

Caranguejada

Arroz com pequi

Camarão com mamão verde

Tainha na folha de bananeira


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Mar em fúria Assaltos de embarcações no mar e no estuário fazem autoridades planejar ação conjunta para deter criminosos

O Capitão dos Portos (centro) fala no evento

A fúria dos assaltantes não perdoa nem os navegantes em águas da Baixada Santista. Uma onda de assaltos vem acontecendo há cerca de 10 anos, principalmente nas regiões de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Bertioga. “De 500 pessoas que costumavam praticar a pesca esportiva nesta região, menos de 20 persistem”, afirma Adalberto Oliveira, o Betinho, presidente da Federação Paulista de Pesca Esportiva. Betinho explica que no início as ações eram executadas em barquinhos, com o assaltante se aproximando devagar para conversar, e depois declarava o assalto. Hoje são mais ousados, usam jetskies, lanchas, mais armas e violência. O assunto foi discutido no workshop “Insegurança na Pesca” dia 27 de setembro no auditório do Museu de Pesca em Santos, sob a iniciativa do Comitê da Cadeia Produtiva da Pesca e Aquicultura-Compesca da Fiesp, com o apoio do Instituto de Pesca de Santos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do ESP. Os debates, coordenados por Elias Carneiro, presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais, contaram

com a presença do Capitão dos Portos Alberto José Pinheiro Carvalho, Diretor de Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-6) Gaetano Vergine, coronel da PM Ricardo Ferreira e do delegado Ciro Tadeu de Moraes da Polícia Federal. O Diretor do Instituto de Pesca, Luiz Marques da Silva Ayroza esteve presente, representando o Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim. Os ataques dos assaltantes atingem pescadores industriais, esportivos e artesanais. Até pesquisadores científicos que realizam trabalho de campo no estuário tiveram que aumentar seus procedimentos de segurança, segundo o pesquisador Sérgio Tutui, do Instituto de Pesca-SAA. Durante o evento, José Ciaglia relembrou o início da onda de assaltos há 10 anos quando era presidente do Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo. Falou da luta do sindicato e das autoridades para coibir os assaltantes, que chegavam a ameaçar as vítimas de retaliações, ou mesmo vender os produtos roubados para os próprios proprietários dos barcos. Das ações feitas

Roberto Imai, da Compesca

Betinho da Federação Paulista de Pesca Esportiva

Luiz Ayrosa, diretor do Instituto de Pesca

na época ficou ressaltada a importância da vítima fazer o boletim de ocorrência, e da ação conjunta das autoridades. Na época uma quadrilha foi presa pela ação da Polícia Civil e Militar, com o apoio da Marinha. No entanto os crimes voltam a acontecer. “Informação é necessária para direcionar a atuação do nosso policiamento”, explica o Coronel PM Ricardo Ferreira. O delegado Ciro Tadeu da Polícia Federal também afirmou que com dados estatísticos é possível direcionar o patrulhamento na área. Para isso é importante a criação de um banco de dados com

data, horário, local de ocorrência e modus operandi dos bandidos. Gaetano Vergine, diretor da Deinter 6, enfatiza a importância do boletim de ocorrência que fornece esses dados. “Os boletins hoje podem ser feitos por internet (quando não existe violência à pessoa), ou na própria delegacia”, explica. Os crimes também podem ser reportados no fone 190. Vergine afirmou que a Polícia Civil irá elaborar uma planilha dos registros de ocorrências que será enviada periodicamente à Capitania dos Portos e à Polícia Militar. Segundo o capitão dos Portos, Alberto José Pinheiro Carva-

lho, no caso de roubo de embarcação ou motor, a vítima deve levar o boletim de ocorrência à Capitania dos Portos, no Cais da Marinha em Santos, pois desta maneira o bem fica bloqueado para possível venda. Neste ano foram registradas 24 ocorrências, sendo 10 furtos (sem violência) e 14 roubos. Deste total, seis casos foram esclarecidos. Segundo o presidente da Colônia de Pescadores Z-23 de Bertioga, João do Espírito Santo, os pescadores artesanais já foram alvo de ataques principalmente na entrada da Barra de Santos, onde paravam para dormir ao final de

uma longa pescaria. Hoje a violência diminuiu um pouco, afirma o presidente. Muitos proprietários de barcos artesanais e de frete contratam barcos para fazer vigia no Canal de Bertioga, e observar qualquer movimentação estranha. Thomas Schmidt, secretário do Conselho Municipal de Pesca de Bertioga, conta que assaltantes podem levar petrechos de pesca, celular, documentos, roupas, produto da pescaria, motor e até a própria embarcação. Muitas vezes o pescador é jogado na água ou no mangue. Schmidt enfatizou a necessidade de uma fiscalização marinha ostensiva, especialmente com a chegada do verão quando aumenta o fluxo de turistas. Cartazes com recomendações aos visitantes também serão distribuídos em marinas, segundo Betinho da Federação Paulista de Pesca Esportiva. O resultado positivo do encontro foi a união das forças da Marinha, Polícia Federal, Militar e Civil para combater o problema. Roberto Imai, presidente da Compesca, encerrou o encontro afirmando que a sociedade civil também deve fazer sua parte, numa verdadeira união de esforços.


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Formas de comercialização de pescado De um modo geral os alimentos resfriados devem ser armazenados conforme os prazos de validade e nas temperaturas indicadas pelos fabricantes no rótulo. Quando essas informações não constam, para o pescado pré-preparado e preparado, os seguintes binômios devem ser utilizados, alimentos pós-cocção, exceto pescado, a validade é de no máximo 4ºC por três dias, enquanto que para o pescado pós-cocção a validade é de no máximo 2°C por um dia. Já para pescado e seus derivados manipulados e consumidos crus, por exemplo, sashimi, sushi a validade é de no máximo a 2º C por três dias. Para os produtos congelados e resfriados

manterem as características desejáveis para o consumo as temperaturas máxima e mínima de conservação, deve-se respeitar o que diz o fabricante para garantir a qualidade do produto. O rótulo dos alimentos embalados na ausência do consumidor deve conter as informações exigidas pela legislação geral e específica: denominação de venda do alimento; marca; lista de ingredientes em ordem decrescente de proporção; identificação de origem: razão social e endereço do fabricante, ou do distribuidor e do importador, para alimentos importados; data de validade; identificação do lote; instruções para o preparo e uso do

Augusto Pérez Montano Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo

alimento, quando necessário e informação nutricional, conforme legislação vigente e registro, quando obrigatório. Durante as etapas de distribuição e exposição para venda ou consumo, os alimentos e utensílios devem estar devidamente protegidos contra contaminantes de origem química, física e biológica. É vedada a utilização de tecidos ou outros materiais não sanitários para forrar bancadas ou proteger alimentos. O pescado por ser um alimento perecível quando exposto para o consumo ou em espera para a distribuição, deve estar protegido de contaminações e sob o controle de temperatura e tempo, de

acordo com os seguintes critérios: alimentos quentes em temperaturas superiores a 60ºC, a validade é de no máximo por 6 horas; em temperaturas abaixo de 60ºC, para ser seguro não deve ultrapassar uma hora para ser consumido. Para os alimentos frios, que dependam somente da temperatura para a sua conservação, o seguinte binômio deve ser respeitado; até 10ºC, a validade é de 4 horas; entre 10ºC e 21ºC, é de no máximo 2 horas. Este último binômio não deve ser utilizado para preparações à base com pescado. A comercialização de pescado congelado a granel é proibida devido criar facilidade para enganar o consumi-

dor quanto à troca de espécie, alteração do peso, validade do produto, falta de origem, perda da temperatura de congelação durante a exposição. O pescado congelado só poderá ser comercializado em bandeja e etiquetado, conforme a IN 22/MAPA/2005 e o Código de Defesa do Consumidor. Segundo esta Instrução, entende-se como fracionamento do produto de origem animal a operação pela qual o produto de origem animal é dividido e acondicionado, para atender a sua distribuição, comercialização e disponibilização ao consumidor. A Instrução Normativa Nº 22/MAPA na íntegra está disponível no site www.agas. com.br.

Pescadores prosseguem Qualidade de pescado negociações com a é tema de simpósio Ultracargo Pescadores receberam informações sobre o andamento de pedido de indenização pelos danos causados pelo incêndio ocorrido de 2 a 10 de abril de 2015 nos tanques de combustível da Ultracargo, no bairro de Alemoa, em Santos. Após nove dias de incêndio os prejuízos atingiram a atmosfera, a vegetação e o estuário, causando a morte de cerca de 8 toneladas de pescado. Para esclarecimentos no assunto, representantes da comunidade pesqueira da Vila dos Pescadores em Cubatão foram recebidos dia 22 de agosto no Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA), Núcleo Baixada Santista, do Ministério Público do Estado de São Paulo em Santos. De acordo com a Dra. Flavia Maria Gonçalves do GAEMA, mais de 12 reuniões com Ultracargo foram feitas para na tentativa de realização de um acordo. “Questões são muito grandes, envolvendo vegetação, peixes, estuário, e atmosfera”, acrescenta. A proposta inclui o pagamento de um salário mínimo regio-

Estratégias para aumentar o consumo de pescado são o tema da sétima edição do Simpósio de Controle de Qualidade do Pescado de 9 a 11 de outubro. O evento acontece com a Feira Asian & Japan Food Show no Expocenter Norte-Pavilhão

Representantes dos pescadores são recebidos no GAEMA

nal por um ano para que 430 pescadores cadastrados na região não pesquem na parte do estuário mais afetada pelo incêndio, para que o meio ambiente se recupere. Estão também previstas melhoras das condições de pesca, trabalhos de reciclagem e treinamento. Para a coletividade foram propostas obras de cunho público na região de São Manoel, reforma no Hospital da Zona Noroeste e construção de UBS em São Manoel. Segundo a Dra. Flavia, os promotores esperam receber o laudo das causas do incêndio feito pelo Ministério Público Estadual para chegar

a um acordo final. Estiveram presentes ao encontro na sede do GAEMA em Santos o pesquisador científico Alberto Amorim do Instituto de Pesca de Santos, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e representantes da capatazia da Colônia de Pescadores Z-1 da Vila dos Pescadores em Cubatão, Santina Gonçalves Barros, Francisco Tobias, Marcos Gonçalves Barros e Adélia Vieira dos Reis Santos. Santina Barros afirmou que os pescadores estão ansiosos pela realização do acordo, pois o prejuízo foi muito grande para a categoria.

Amarelo, Vila Guilherme-SP. A realização é da Unidade Laboratorial de Tecnologia do Pescado (ULRTP) do Instituto de Pesca, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A programação prevê a realização de pales-

tras, debates, aula-show de gastronomia e mini-cursos, além da tradicional apresentação de trabalhos científicos, previamente analisados por uma Comissão Científica composta por renomados cientistas e experts. Saiba mais em www. simcope.com.br.

Semana da Cultura Caiçara em Praia Grande Praia Grande criou a sua Semana de Cultura Caiçara, que terá início de 25 a 31 de maio de 2017. O evento foi criado pela lei 1807 de 2 de junho de 2016, promulgada pelo prefeito Alberto Mourão. A

Semana tem por objetivo conscientizar a população do direito de liberdade e respeito às manifestações culturais caiçaras, por meio da disseminação de informações educativas com palestras, exposições, peças

Arroz com Pequi é um prato típico da culinária mineira e goiana

teatrais, conferências, eventos gastronômicos, oficinas e outras atividades afins, promovendo o resgate da identidade cultural e a representatividade do Município frente a outros grupos folclóricos.


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Resgatando a tradição

Um grande baile de viola marcou a inauguração da ONG Cultural Caiçara Raízes da Jureia no restaurante da Tereza, no bairro do Guarau em Peruíbe, litoral sul de SP dia 13 de agosto. O evento contou com a participação especial do Grupo Cultural e Artístico Baobá de Malê, com a iniciativa do mestre, violeiro caiçara, Ciro Xavier Martins, da Coordenação Nacional Caiçara. Ciro é um admirável caiçara nascido em 1959 na Cachoeira do Guilherme, na região do Iguape, na Jureia. Tocador de viola desde os 13

anos, teve que abandonar seu sítio em 1993, que se transformou em Estação Ecológica e hoje vive no bairro de Guarau, em Peruíbe. Na época, todos os moradores tiveram que sair de suas casas e terras onde nasceram e viveram por séculos. Podem tirar um povo de sua terra, mas Ciro Xavier Martins sua tradição e cultura vão para onde ele for. Hoje com visitantes e apoiadores Ciro é um grande defensor que passaram para visitar o da cultura caiçara, que será espaço com decoração típica propagada através da ONG. caiçara, dançar ao som da A festa reuniu um grande viola e cumprimentar o mestre público de Peruíbe e Iguape, violeiro. A ONG é uma enti-

Curso de Tubarões no IBIMM

De 24 a 25 de setembro aconteceu o curso Biologia, ecologia e identificação de peixes, com ênfase aos tubarões ministrado no Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente-IBIMM em Peruíbe. O curso fez parte do plano de ação do Projeto SOS Tubarões, de forma solidária e gratuita. Os alunos fizeram uma doação de alimentos para os animais mantidos no Instituto. As aulas foram dadas pelos professores Alberto Amorim, do Instituto de Pesca e Eduardo Malavasi doutorando do Departamen-

to de Anatomia da Faculdade de Medicina Veterinária da USP. O IBIMM é coordenado pelo professor e biólogo

Edris Queiroz, que fala sobre Biologia diariamente no programa Radioatividade da Jovem Pan a partir das 16h.

dade destinada à cultura caiçara. Seu primeiro projeto foi a criação do Espaço de Tradições Caiçara, um sonho antigo do Mestre Ciro. O Espaço vai contar com a casa do fandango, uma casa de farinha, cozinha caiçara e um museu caiçara. A ONG também irá desenvolver oficinas para aprendizes de viola, violão, viola iguapeana, rabeca, percussão, artesanato, lutheria, danças, fandango e tudo o que se relacionar com a cultura caiçara. O Galpão

onde será construído o Espaço de Tradições Caiçaras, com uma área total de 500 m2, doada à comunidade caiçara por um morador da região, no bairro do Guaraú-Peruíbe/ SP. Será edificada de madeira legal e com certificação de manejo sustentável, piso e paredes, contará com banheiros de alvenaria, masculino e feminino, cozinha, área de escape, salão principal (casa do fandango) e futuramente, numa segunda etapa do projeto, salão inferior (museu) e casa de farinha, passará pelas legislações municipais e vigi-

lância sanitária, contará com rampa para certificar-se de toda acessibilidade para deficientes. Todos os envolvidos no processo de construção deverão ser moradores do bairro, em forma de mutirão. A obra terá previsão de conclusão de nove meses, a partir da liberação dos 70% da verba. Os interessados em aprender a tocar, dançar, apoiar ou fazer doações podem entrar em contato pelo celular: 1399734-0437, E-mail tradicaocaicara@gmail.com ou curtir a página Espaço de Tradições Caiçara no facebook.

Filme fala de conservação para jovens A história de Jubarte, uma baleia macho, é pano de fundo para uma mensagem de conservação da natureza. “Os amigos Biomar”, filme infantil com animação em 3D, foi lançado pela Rede BIOMAR, em julho, durante a 1ª Festa da Baleia Jubarte, na Praia do Forte/BA. Baseado nos animais protegidos pelos projetos de conservação, o Albatroz, a Baleia Jubarte, o Coral, o Golfinho Rotador e a Tartaruga Marinha, a animação aborda de forma divertida as principais ameaças à sua conservação, ao som de uma trilha sonora especial. A Rede Biomar A

Rede BIOMAR é composta pelos projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Tamar, e reúne os projetos de conservação da biodiversidade

marinha patrocinados pela Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental. Assista o filme: Youtube https://www.youtube.com/ watch?v=j3guqoQBMa4


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