Noite de jazz

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CAPA

Terça-feira, 26/8/2014

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Terça-feira, 26/8/2014

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Divulgação

Noite de jazz no Municipal

Trombonista francês toca amanhã em Niterói para apresentar novo álbum, ‘Bone Machine’

Fotos: Divulgação/Sylvain Gripoix

Suzana Moura

A Aliança Francesa de Niterói traz para o Teatro Municipal, amanhã, o concerto de jazz Boa Máquina, de Daniel Zimmermann. O trombonista apresentará seu novo álbum inédito no Brasil, Bone Machine, uma espécie de pequeno experimento no qual seu trombone se desdobra para tirar melhor proveito dos seus diferentes estados: enérgico ou saudosista, brilhante ou vaporoso. Na apresentação, ele será acompanhado pelos músicos Thomas Marchès (contrabaixo), Maxime Fougeres (violão) e Julien Charlet (bateria). Daniel é um trombonista e compositor francês que começou cedo a sua carreira. Ele conta um pouco como foi. “Aos 16 anos, comecei a tocar em bares com um grupo dedicado à composição, muito orientado pelo rythm’n’blues, pós-funk-rock. Depois de algum tempo, entrei para o Conservatório Nacional de Paris e

consegui multiplicar encontros e experiências com vários estilos, exceto com a música clássica. Progressivamente, me firmei como solista, cada vez mais voltado para o jazz, mas sempre tocando em contextos muito diferentes, como músico freelancer”, conta ele. Zimmermann revela de onde vem sua inspiração para compor e tocar. “Alguns trechos são como um piscar de olhos, caracterizados por um lado lúdico na hora de compor. Mas muitos foram escritos em momentos pessoais e particulares, como o nascimento da minha filha, a volta de uma viagem à África, ou aquele que evoca a lembrança de um familiar que já se foi. Esses momentos são muito íntimos, mas se adaptam facilmente a cada indivíduo. Sou um humanista: prefiro achar que a arte representa o ser humano sob todos os seus ângulos, do que de ter a pretensão de transcendê-lo ou de ultrapassá-lo; e não é por falta de ambição, muito pelo contrário”, diz. O músico afirma que não tem ídolos, e prefere citar as influências.

“Como compositores, Charles Mingus, Wayne Shorter, George Russell, Serge Gainsbourg. Como solistas: Lew Soloff, Freddie Hubbard, Eddie Henderson, Cannonball Adderley, Eric Dolphy. No trombone, Frank Rosolino, Ray Anderson, Glenn Ferris, Conrad Herwi. Diria que os dois músicos que mais admiro, pelo conjunto da obra, são Miles Davis e Serge Gainsbourg”. O trombonista diz que já fez vários álbuns em parceria. Daniel conta que quando se trabalha em dupla, ou com um grupo, é formada uma grande força criativa e é possível encontrar afinidades, mesmo quando se tem opiniões ou universos diferentes. “Poder ir a fundo a uma ideia, sem compromisso, é também algo muito gratificante do ponto de vista criativo. Foi por isso que fiz esse disco. Ele é a combinação de minhas diversas influências no que diz respeito à composição: trechos com harmonias procedentes do jazz, mas cujas células rítmicas estão mais voltadas para o funk ou para o rock, sobretudo porque conto com a atuação marcante de um baterista que se caracteriza por estes dois ritmos em sua formação. A escolha do contrabaixo e do guitarrista Maxime Fougères, que é um autêntico jazzman, her-

deiro de Wes Montgomery, dá ao projeto uma cor acústica, quase um jazz de raiz, que o afasta do estilo jazz-fusão”, declara ele. A expectativa para o show é grande e ele espera agradar a todos. “Estou bastante animado, porque tocamos muito com esse grupo de músicos, tenho confiança neles e em nosso repertório. Fazemos música inventiva, mas bem acessível a todos e por isso conseguimos frequentemente falar aos apaixonados pelo jazz, mas também às pessoas que não estão acostumadas a esse estilo. Além disso, sei que o trombone é um instrumento que faz parte da cultura brasileira, aliás, mais do que na França!

Espero, principalmente, conseguir explicar, apesar da barreira da língua, o sentido de cada trecho que vou executar. A música instrumental pode não necessitar de um sentido, mas quando há um, isto tem que ser aproveitado”, revela. Daniel já tocou em Brasília e Ouro Preto, passando por Belo Horizonte, também, mas não era com seu próprio grupo.” “Esta primeira vinda não foi, nada comparável à de agora: eu era músico freelancer, em uma grande orquestra, cuja música era mais ao estilo jazz-fusão. Nunca vim a Niterói, nem ao Rio e, por esta razão, é claro, estou muito feliz e ansioso!”, finaliza o músico. (Tradução: Maria Fatima Xavier).

O Teatro municipal de Niterói fica na Rua XV de Novembro, 35, Centro de Niterói. Às 20h. Preço: R$ 20 (inteira). Telefone: 2620-1624.

Daniel Zimmermann e seu trombone: solista francês é voltado para o jazz


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