O som de minas

Page 1

CAPA

4

O som que vem de Minas Gerais Cambada Mineira realça a música de seu estado de origem em show no Municipal

o

Crédit

Amarildo Silva, João Francisco e Rodrigo Santiago formam o trio

DARA BANDEIRA

Uma mistura homogênea! Se existisse uma classificação para o grupo Cambada Mineira, composto por Amarildo Silva, João Francisco e Rodrigo Santiago, seria essa. Com uma história tradicional de jovens que saem do interior para realizar sonhos, surgiu o que se pode cha ma r de cooperativa de compositores “importados” de Minas Gerais. Com sua música, seus instrumentos e vocação, o trio de artistas sobreviveu aos altos e baixos da cidade grande e maravilhosa e vai fazer do Teatro Municipal de Niterói,

Quinta-feira, 7/8/2014

nesta sexta-feira, às 20h, o grande palco para reproduzir o fruto de muito trabalho: o show Canta Minas. Segundo os músicos, as faixas, que têm uma “levada” brasileira, são sucesso nos quatro cantos do país e contam com a participação de grandes artistas, como Wagner Tiso, Milton Nascimento, Fer na ndo Bra nt e mu itos outros que acreditaram no projeto. A proposta teve início em 1999, qua ndo vá r ios músi-

cos vindos de Minas faziam apresentações em um mesmo show, que era encerrado pelo ta mbém m i nei ro Ton i n ho Horta. João Francisco (voz e v iolão) ex plica que esse primeiro álbum contou com a participação de Fernando Brant e Tulio Mourão, além de vários compositores que iniciaram no projeto. Um dos grandes marcos do grupo foi a estreia no antigo Teatro das Artes, na Galeria A laska, em Copacaba na, e depois no Teatro Glaucio Gil, na Praça Cardeal Arcoverde, no mesmo bairro. “Foi uma época muito importante. Depois de várias

CAPA

Quinta-feira, 7/8/2014

apresentações nos teatros, começamos a fazer um número no final. O público gostava e sugeria que fizéssemos mais coisas juntos. Com o passar do tempo, vários compositores voltaram para Minas, mas eu e Amarildo Silva resistimos e gravamos nosso primeiro CD. No ano seguinte, o grupo gravou o segundo álbum, que contava com a chegada de Rodrigo Santiago. Em 2003 o CD Cambada Ao Vivo, gravado no Teatro Nelson Rodrigues, concorreu ao prêmio Sharp de Música – na categoria regional – e marcou também a chegada da pianista Flavia Ventura, que permaneceu no grupo até

o álbum Meu Recado”, conta João Francisco. Referências - O Cambada Mineira tem inspiração forte, presente em quase todos os álbuns, o Clube de Esquina, coletivo de músicos brasileiros liderados pelos compositores Milton Nascimento e Lô Borges, a quem o álbum foi creditado. No Brasil, o disco foi lançado em LP em 1972. Além dos dois músicos, o Clube de Esquina contava com a participação de nomes como Tavinho Moura, Wagner Tiso,

Beto Guedes, Márcio Borges, Rona ldo Bastos, Ferna ndo Brant, Toninho Horta, Flávio Venturini, os integrantes do grupo 14 Bis, entre outros. “Tanto eu como Amarildo crescemos ouvindo o álbum antológico de Milton. Mas também vale frisar que em nossa região se ouvia muito também a música nordestina. Até hoje para mim é uma lembrança marcante minha mãe cantando Luiz Gonzaga. Aprendi a tocar quase toda a obra de Gonzagão. Teve um episódio que foi muito bacana, no início dos anos 70, quando um trem no qual Gonzagão viajava quebrou na estação

5 de Carangola e ele passou o dia por lá. Como juntou muita gente na estação para vê-lo, ele sacou da sanfona e fez um show ali mesmo, para delírio do povo carangolense e eu virei um ‘Gonzaga-maníaco’. A música do “Cambada” tem uma mistura disso tudo junto”, justifica o músico João. Entre as obras do Cambada Mineira, o público pode encont ra r reg ravações de nome s c omo Na ndo Rei s, Milton Nascimento e outros músicos marcantes na MPB. João explica que as releituras são um prolongamento do lado compositor de cada um dos integrantes, mas que as músicas próprias ajudam a reforçar a identidade autoral, que é, segundo eles, o que fala mais forte no grupo. “Milton é inevitável em nós, nossa referência maior e faz parte do nosso show desde o início da nossa estrada. Já Nando Reis entrou pela parceria dele com Samuel Rosa, do Skank, pois gostamos de

a nossa identidade autoral é que fala mais forte em nós. O público gosta muito dessa mistura. Falamos das coisas e sentimentos do homem do interior e também do homem da cidade, pois estamos morando no Rio de Janeiro há mu ito tempo. Nossas lembranças e raízes do interior se ligam com a nossa vivência na cidade grande”, conta o músico João. Sobre as dificuldades, João explica que são em relação aos CDs, todos de produção independente. De um lado, existia a possibilidade de decidir o que gravar sem preocupações comerciais, mas, por outro, havia os impasses para entrar no mercado, emplacar nas rádios, etc. O grupo, que já fez vários shows fora do eixo Rio-São Paulo, o que ajuda a reforçar a venda de álbuns e a popularidade do trio, explica que o show em Niterói veio em boa hora, já que existe um público que cobra apresentações na cidade. “Apesar de fugirmos um pouco do eixo, temos muitos fãs por aqui. Esse show está

Crédit

o

na estrada faz tempo, está lindo. Niterói, que sempre recebeu tão bem os mineiros e gosta de nossa música, receberá o nosso melhor momento. Histórias de mato e cidade, causos do interior Flávio Venturini, Milton Nascimento de Minas e estórias de nossa e Lô Borges: inspiração para o grupo vivência na capital carioca. E teremos a opor tunidade de lançar nossos novos CD misturar as canções do Clu- e DVD Urbana Fanzine. Não be da Esquina com a nova deixem de conferir”, convida música que se faz em Minas. João Francisco. Mas é importante que fique claro que, embora gostemos O Teatro Municipal de Niterói fica na Rua tanto desse nosso lado de in- XV de Novembro, 35, Centro, Niterói. Ingrestérpretes, a nossa composição, sos: R$ 20 (inteira) .Telefone 2620-1624.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.