Ficha sobre Impacto Ambiental
Madeira serrada da Amazônia extraída por exploração convencional A madeira amazônica serrada utilizada em construção civil possui duas origens: exploração por manejo, em que o madeireiro possui matrícula da área da floresta e realiza a retirada das toras comerciais com procedimentos que permitam a manutenção do ambiente florestal, ou exploração convencional, um processo de obtenção dos produtos madeireiros isento de preocupação com a conservação da floresta e preservação da sua vegetação. Em ambos os modelos de exploração da floresta Amazônica, o processo produtivo da madeira serrada é constituído por quatro etapas: extração das árvores, transporte entre floresta e serraria, processamento das toras em produtos serrados e transporte da madeira serrada ao mercado consumidor, com diferentes graus de impacto em cada um dos modelos de exploração. Ao longo dessas etapas, o carbono é liberado como dióxido de carbono (CO2) a partir de resíduos de biomassa, da extração e do processamento, e na queima de energia fóssil: •
Resíduos de biomassa da extração - Vegetação da floresta destruída durante a extração das toras comerciais, pela abertura de caminhos e trilhas para derrubada e transporte das toras. Os resíduos são compostos por árvores destruídas, troncos quebrados ou ocos, pedaços de madeira sem aproveitamento comercial, galhos de pequeno diâmetro, folhas, etc. Essa vegetação é geralmente abandonada no ambiente florestal, onde irá degradar com o tempo. A quantidade de matéria morta e abandonada, correspondente à vegetação destruída e à biomassa de árvores não comerciais derrubadas, é significativamente maior do que o da madeira comercial removida.
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Resíduos de biomassa do processamento - As perdas e restos de madeira sem aproveitamento comercial como produto serrado (pedaços de madeira, cascas, aparas e pó de serragem) são abandonados na floresta para degradação ou queimados. A queima pode ser feita para uso energético, como carvão ou lenha, ou unicamente com objetivo de eliminar o material. Menor quantidade é utilizada como adubo.
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Energia fóssil - Consumida para funcionamento de equipamentos, como motosserras, tratores, maquinário de processamento das toras e veículos de transporte.
Os resultados estimados para emissão de CO2, geração de resíduos e consumo de energia por tonelada de madeira amazônica serrada, ao fim do processo produtivo (portão da fábrica), desconsiderando o transporte até o mercado consumidor, são apresentados na tabela abaixo para o cenário de exploração convencional da floresta: Emissão CO2
Geração de resíduos
Consumo de energia
tCO2/t
t resíduos/t produto
GJ/t
7,5 - 28,4
5,0 - 8,0
0,25 - 1,50
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O exato impacto em geração de CO2 da exploração madeireira na Amazônia, dentre os valores indicados na tabela como faixa estimada, é determinado basicamente por quatro fatores: 1.
Concentração de biomassa da floresta - Quanto mais densa é a vegetação da floresta, maior será destruição de biomassa para abertura de trilhas e para remoção das toras comerciais, portanto, maior a quantidade de resíduos de biomassa da extração. 2. Quantidade de toras comerciais - A relação entre a biomassa extraída e a biomassa destruída determinam parte do impacto. Na extração seletiva, de 3 a 9 árvores por hectare são retiradas como espécies comerciais. A disposição entre elas define a extensão de trilhas e caminhos abertos na floresta e, quanto menor o percurso, menor a quantidade de resíduos de biomassa da extração. 3. Rendimento das serrarias - A quantidade de madeira serrada resultante usualmente obedece uma parcela entre 35% e 47% do volume das toras. O melhor aproveitamento da madeira na serraria reduziria a geração de resíduos de biomassa do processamento. 4. Demanda por energia - A energia consumida no processo produtivo integra o cálculo, com liberação direta e imediata de carbono para a atmosfera, porém com parcela menos significativa se comparada às emissões por resíduos de biomassa.
Recomendações para a minimização dos impactos em CO2 Prioritárias •
Inovação no modelo de exploração - Estudo de viabilidade econômica e impacto ambiental do uso de serrarias móveis e do acesso e retirada das toras por vias aéreas;
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Planejamento da exploração - Adoção massiva do modelo de exploração por manejo florestal, que tem como procedimentos padrão a identificação das espécies, o corte prévio de cipós, a otimização das trilhas e caminhos, a análise da qualidade do tronco antes do corte, entre outras ações.
Secundárias •
Aumento do rendimento das serrarias - Uso de equipamentos com alto rendimento e análise de aproveitamento no corte das toras;
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Aproveitamento em produtos madeireiros dos resíduos de biomassa da extração e do processamento (placas de madeira prensada, peças de madeira, artesanato, etc.);
•
Redução de consumo energético em todo o processamento;
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Substituição de fonte energética fóssil, até mesmo pelo uso nas serrarias de eletricidade gerada com a queima de resíduos de biomassa do processo produtivo.
Referências Os resultados foram extraídos da dissertação de Érica Ferraz de Campos, orientada pelo Prof. Vanderley M. John, apresentada à Escola Politécnica (USP) em 2012. Mais informações podem ser obtidas no trabalho completo: Campos, E.F. Emissão de CO2 da madeira serrada da Amazônia: o caso da exploração convencional. p. 150 (dissertação). Escola Politécnica, São Paulo, 2012. Ficha sobre impacto ambiental - Madeira serrada da Amazônia extraída por exploração convencional CT Materiais CBCS Outubro/2012
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Demais referências: ASNER, G. P. et al. Condition and fate of logged forests in the Brazilian Amazon. PNAS, v. 103, p. 12947–12950, Aug. 2006. CEDERBERG, C. et al. Including Carbon Emissions from Deforestation in the Carbon Footprint of Brazilian Beef. Environmental Science & Technology, v. 45, n. 5, p. 1773–1779, 1 Mar. 2011. GERWING, J.J.; VIDAL, E. Degradação de florestas pela exploração madeireira e fogo na Amazônia oriental brasileira: Série Amazônia 20. Belém, PA: Imazon, 2002. HUANG, M.; ASNER, G.P. Long-term carbon loss and recovery following selective logging in Amazon forests. Global Biogeochemical Cycles, v. 24, n. 3, 2010. IBAMA. Banco de dados de madeiras brasileiras. Disponível em: www.ibama.gov.br/lpf/madeira/introducao.htm. JOHNS, J. S.; BARRETO, P.; UHL, C. Logging damage during planned and unplanned logging operations in the eastern Amazon. Forest Ecology and Management, v. 89, n. 1-3, p. 59–77, Dec. 1996. LAWSON, S. Illegal logging and related trade: indicators of the global response. London: Chatam House, 2010. PEREIRA, D. et al. Fatos florestais da Amazônia 2010. Belém: Imazon, 2010. ZENID, G. J. Madeira: uso sustentável na construção civil. 2a. ed. São Paulo: IPT, 2009.
Ficha Técnica A "Ficha sobre Impacto Ambiental da Madeira serrada da Amazônia extraída por exploração convencional" foi desenvolvida no Comitê Temático Materiais do CBCS, sob coordenação do Prof. Vanderley M. John e da Dra. Vera Fernandes Hachich, e contou com parceiros e colaboradores para seu desenvolvimento. Coordenação Prof. Vanderley M. John Dra. Vera Fernandes Hachich Elaboração Érica Ferraz de Campos (CBCS) Colaboração Agradecimento aos associados participantes do CT Materiais pela colaboração: profissionais, empresas e entidades, por meio dos seus representantes. Ana Carolina F. Carpertieri (Onduline) Francisco Figueiredo (SG Arquitetura) Gustavo Penteado (HM Engenharia-CCDI) Katia R. G. Punhagui (CBCS/Poli-USP)
Kauê Fakri (CTE) Nathália Chaves Lopes (Lwart Quimica) Walter Ogliari (Even)
O CBCS apoia a construção sustentável como meio de prover um ambiente construído seguro, saudável e confortável enquanto simultaneamente limita o impacto sobre os recursos naturais. Utilizará sua posição como liderança reconhecida para desenvolver e disseminar informações técnicas, normas, programas educacionais e pesquisas sobre aspectos de importância social para promover a sustentabilidade. Integrará princípios de construção sustentável, práticas efetivas e conceitos emergentes em todas as suas diretrizes, manuais, referências técnicas e outras publicações. Participará ativamente de grupos reconhecidos internacionalmente no tema construção sustentável. Promoverá e proverá capacitação e transferências de conhecimentos em construção sustentável a seus membros e à sociedade, transversalmente nos comitês temático, lideradas por comitê coordenador.
O CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, criado em 2007 como OSCIP por profissionais, pesquisadores e empresários do setor de construção. Entidade vinculada às principais organizações internacionais que tratam do tema, sua ação concentra-se em criar e disseminar conhecimento e boas práticas, mobilizando a cadeia produtiva para essa transição. www.cbcs.org.br Ficha sobre impacto ambiental - Madeira serrada da Amazônia extraída por exploração convencional CT Materiais CBCS Outubro/2012
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