Boletim informativo 21 - Novembro 2019 - CBH Rio das Velhas

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INFORMATIVO Ano VI - Nº 21

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas

Novembro / 2019

Não à fusão de Comitês proposta pelo governo de Minas.

Crise hídrica no Velhas já é uma das piores da história

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Entrevista: Rodrigo Lemos e a lei de uso e ocupação do solo de Contagem

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Viveiros de mudas no Alto e Baixo Velhas

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Editorial No início deste ano, o CBH Rio das Velhas e outros 35 Comitês de Bacias Hidrográficas de Minas Gerais foram surpreendidos com a proposta da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e do Instituto Mineiro de Gestão de Águas (IGAM) denominada “Modelagem Institucional Ótima do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Estado”. O estudo apresenta as diretrizes de regionalização do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), com alterações geográficas das Unidades de Gestão e Planejamento de Recursos Hídricos. Vale destacar que os Comitês de Bacias Hidrográficas não foram consultados ou instados à discussão sobre o novo modelo, tendo sido surpreendidos com a inserção do assunto na pauta do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), no qual caminhava para aprovação vertical, sendo retirado de pauta por requisição de conselheiros e integrantes dos CBHs.

POD CAST #1

Entendemos inadmissível a discussão de uma reestruturação das unidades de gestão, que atinge diretamente os Comitês e a política de recursos hídricos, sem ampla discussão social e que envolva todos os atores do processo, estes conjugados dentro do CBHs, que são órgãos de Estado, legitimamente capacitados e investidos das necessárias prerrogativas, conforme a legislação, em especial as Políticas Nacional e Estadual de Recursos Hídricos. Da forma como foi conduzida a questão, os 36 Comitês – organizados pelo Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH) – são contrários à proposta. Não se furta da discussão, e tampouco da real necessidade de uma mudança de governança, mas alguns pontos devem ser colocados. Primeiro, as discussões atuais estão centralizadas unicamente na redivisão geográfica das unidades de gestão, o que não é aceitável, visto que é imprescindível que se reveja todo o sistema, incluindo questões como

a estruturação dos CBHs, a implantação da cobrança e das Agências de Bacias, a implantação e execução de projetos e a utilização dos recursos do FHIDRO para tal, a organização do sistema de outorgas de uso, entre outras questões. Entende-se que os instrumentos de gestão hídrica previstos nas políticas estaduais e federais devem ser implantados e bem geridos no todo, e não em partes como tem sido feito, e o momento para tal arranjo institucional é este. Os Comitês precisam ser fortalecidos, e não enfraquecidos. Entendemos que a “Modelagem Institucional Ótima do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Estado”, proposta pelo Executivo, é um retrocesso em termos de gestão ambiental. Marcus Vinícius Polignano Presidente CBH Rio das Velhas

Momento Rio das Velhas soundcloud.com/cbhriodasvelhas

Comitê lança podcast ‘Momento Rio das Velhas’ e amplia comunicação na bacia O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) conta agora com mais um produto que irá enriquecer a sua comunicação, de forma a atingir um público cada vez maior e mais diversificado. O podcast ‘Momento Rio das Velhas’ já está no ar, com sua primeira edição, e procurará apresentar mensalmente notícias e informações relacionadas à Bacia Hidrográfica e sobre as ações promovidas pelo Comitê no território. O podcast é uma mídia de transmissão de informações, em formato de áudio, disponibilizado em uma sequência de assuntos que podem ser baixados e ouvidos 2

a qualquer hora, em qualquer lugar, em um player portátil, como um celular ou tablet, ou no computador. O primeiro programa do podcast ‘Momento Rio das Velhas’ trata da crise hídrica na bacia. Em setembro, o IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) declarou oficialmente situação crítica de escassez em parte do território – desde sua nascente, em Ouro Preto, até o município de Santo Hipólito, na Região Central de Minas. A medida implicou em restrição de uso nas 224 outorgas vigentes para captação de água superficial, em 43 municípios dos 51 da bacia.

Cada um dos programas será também enviado para as rádios de toda a bacia hidrográfica, especialmente do interior, como forma de contribuir para a mobilização da população em prol da revitalização e proteção do Rio das Velhas, atingindo um público cada vez maior e mais diverso. Ouça e acompanhe o podcast. Acesse o link bit.ly/Podcast-1-CriseHidrica, ou com seu celular escaneie o QR code ao lado.


Leonardo Ramos

Confira abaixo as principais justificativas da proposta de remodelagem por parte do estado de Minas e os motivos pelos quais os CBHs são contrários: Grande aporte de recursos em atividades meio que não refletem em resultados finalísticos na mesma proporção.

Mesa diretora do FMCBH em reunião que rechaçou remodelagem proposta pelo IGAM

CBHs mineiros são contrários à proposta do governo de fusão das entidades Os 36 Comitês de Bacias Hidrográficas existentes em Minas Gerais são contrários à proposta “Modelagem Institucional Ótima para o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos em Minas Gerais” proposta pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH). A proposta de remodelagem apresenta as diretrizes de regionalização do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH) com alterações geográficas das Unidades de Gestão e Planejamento de Recursos Hídricos. Uma das principais mudanças é a junção de alguns Comitês de bacias com a justificativa de que a medida vai promover maior racionalização do sistema para gerar resultados mais efetivos e, assim, garantir mais eficiência na gestão das bacias hidrográficas. Para se ter uma ideia, os 36 CBHs hoje existentes se transformariam em apenas 14. O presidente do CBH Rio das Velhas e coordenador-geral do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH), Marcus Vinícius Polignano, explica que os CBHs não foram consultados ou instados à discussão sobre o novo modelo. “Os 36 Comitês mineiros, inclusive o CBH Rio das Velhas, são absolutamente contrários à proposta de remodelagem, pois entendemos que a discussão da gestão dos recursos hídricos não pode se restringir simplesmente a uma redivisão territorial. A proposta de remodelagem que foi apresentada

não traz avanços e não resolverá os problemas. A remodelagem não pode ser centrada nos Comitês, mas no sistema de gestão como um todo”, esclarece. Para o membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari e coordenador do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH), Hideraldo Bush, o não envolvimento dos CBHs na discussão sobre a remodelagem é inadmissível. “Sou totalmente contra a imposição de um modelo de remodelagem que não envolva os Comitês e o Fórum mineiro. A decisão de uma reestruturação das unidades de gestão atinge diretamente os Comitês e a política de recursos hídricos. Para fazer essa remodelagem é preciso uma ampla discussão social e que envolva todos os atores do processo”, diz. A justificativa do estado de Minas para realizar a remodelagem é que os Comitês não são efetivos e não implementam ferramentas de gestão. Com o novo modelo, o Igam prevê a contenção de gastos com a fusão dos CBHs, diminuindo despesas com infraestrutura, reuniões, viagens e diárias. Participe da campanha! Faça download das peças de comunicação e ajude a divulgar. Acesse o link: bit.ly/DownloadNaoFusao, ou escaneie o QR code ao lado.

Dos 36 Comitês instituídos em Minas Gerais, 24 deles não recebem os repasses dos recursos legais do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro), há mais de cinco anos para sua efetiva estruturação e pleno funcionamento. E os 12 CBHs que recebem os recursos da cobrança pelo uso da água estão, em grande parte, com recursos contingenciados. Portanto, a premissa acima é absolutamente falsa. Remodelagem dos instrumentos de planejamento: mais pragmatismo e efetividade. Os instrumentos de gestão são aplicados à medida que os Comitês de Bacias Hidrográficas têm recursos técnicos, administrativo e operacional compatíveis para exercício das suas funções previstas em seus respectivos decretos de criação. Não se pode requerer pragmatismo e efetividade sem recurso para tal. A ineficiência e ineficácia não são de responsabilidade dos Comitês, e sim da falta de obrigações não cumpridas pelo estado de Minas. Informação de base que atenda a demanda da gestão para tomadas de decisão rápida. A questão da informação de base é de competência do órgão gestor, neste caso, o Instituto Mineiro de Gestão as Águas (Igam), que sequer tem um sistema de outorga atualizado e confiável. Por informação do próprio Igam, atualmente, o órgão encontra-se com mais de 19 mil outorgas protocoladas e não concluídas. Mecanismos que possam atuar, junto com os instrumentos de gestão de recursos hídricos, em problemas específicos e na escala adequada. A centralização proposta vai aumentar a escala e distanciar as populações locais das decisões nos seus territórios hídricos. Neste contexto, temos sérios problemas com a escala atual. Tal processo vai na contramão da Lei Federal 9.433/97 (Lei das Águas) que preconiza a gestão participativa e descentralizada. 3


Bianca Aun

Rio das Velhas em Raposos no seu trecho de vazão reduzida, após a captação de água em Bela Fama

Escassez Crônica Crise hídrica no Rio das Velhas já é uma das piores da história 4


o colocou em estado de restrição de uso. Além da falta de chuva e do calor excessivo, que faz o consumo de água dos moradores aumentar, o desastre ocorrido em Brumadinho, com o rompimento da barragem de rejeitos da Vale, também fez aumentar a insegurança hídrica. Isso porque a lama afetou parte da captação oriunda do Rio Paraopeba, que abastece 30% de BH – os outros 70% são fornecidos pelo Velhas. “O rio está sendo sacrificado. Isso, inclusive, é uma consequência desse efeito colateral do rompimento lá em Brumadinho. Estamos retirando a carga máxima de água do Rio das Velhas no período de estiagem. Para se ter uma ideia, o rio está

passando na estação Bela Fama, em Nova Lima, com uma vazão média de 9 m³/s, e praticamente estamos tirando 7 m³/s. Ou seja, está faltando água para o rio. Está faltando rio”, diz Polignano. Restrição hídrica Por causa das baixas vazões no Rio das Velhas, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) publicou, no dia 18 de setembro, uma portaria restringindo a captação de água em 43 municípios, sendo 14 na Grande BH. Com isso, a retirada do recurso hídrico no Velhas teve que ser reduzida em 22% para o abastecimento público, consumo humano e de animais.

Élio Domingos e Dimas Correa

O Rio da Velhas, responsável por 70% do abastecimento de água de Belo Horizonte e por metade da Região Metropolitana, enfrenta uma das piores crises hídricas dos últimos tempos. No período de estiagem de 2019, o rio – no ponto de captação da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) no Sistema Bela Fama, em Nova Lima – atingiu a vazão de 8 m³/s, a pior da história. O menor valor encontrado anteriormente foi em 2017, com a vazão de 9,2 m³/s e em 2014 com 9,6 m³/s. O CBH Rio das Velhas elaborou um relatório sobre escassez hídrica que mostra que apesar do período de estiagem ser recorrente, várias situações agravam a escassez no curso d`água em 2019, o que

Rio Bicudo, um dos principais afluentes do Velhas, foi “cortado” em novo período de estiagem

Rio Bicudo “cortado” Com quase 150 quilômetros de extensão que percorrem boa parte dos municípios de Morro da Garça e Corinto, na região Central de Minas, o Rio Bicudo é um dos principais afluentes do Rio das Velhas. Num território em que a demanda concedida pelo estado excede a oferta de água do rio em mais de 500%, segundo dados do CBH Rio das Velhas, não é de se assustar que, em meio ao período de estiagem, o Rio Bicudo esteja intermitente, ou “cortado”, como é chamado quando o curso d’água

desaparece temporariamente em algum trecho. “A verdade é que já tem vários anos que o Bicudo está intermitente. Ao mesmo tempo em que hoje temos menos chuvas, a região está com o solo cada vez mais degradado, com menos mata ciliar, então toda água que cai vai embora direto, sem infiltração do lençol freático. Além disso, tem irrigações que retiram muita água do rio”, afirmou o coordenador do Subcomitê Rio Bicudo, Luiz Felippe Maia.

A situação não é nova e o CBH Rio das Velhas vem há tempos demonstrando preocupação com a disponibilidade hídrica na bacia do Rio Bicudo e cobrando do estado de Minas Gerais medidas para reverter o quadro. Ao final do ano passado, o Comitê chegou a solicitar ao IGAM que declare a Unidade Territorial Estratégica (UTE) Rio Bicudo como área de conflito pelo uso de recursos hídricos – o pedido inclui ainda o Alto Rio das Velhas e a UTE Ribeirão Picão. 5


Luiza Baggio

Perigo à vista

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Prefeitura de Contagem - Divulgação

Lagoa Várzea das Flores. Contagem, MG

O terceiro maior reservatório de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) pode secar. A Prefeitura de Contagem quer mudar a lei de parcelamento, ocupação e uso do solo e transformar as áreas rurais do município em áreas urbanas. A proposta pode acabar com a Lagoa Vargem das Flores e, consequentemente, prejudicar a segurança hídrica da RMBH. A medida foi proposta em julho de 2017, no Conselho Metropolitano da RMBH, e não foi aprovada por protestos da população. No momento, a proposta encontra-se na Câmara de Vereadores de Contagem para análise. Presidente da Câmara Técnica de Outorga e Cobrança (CTOC) do CBH Rio das Velhas, o acadêmico Rodrigo Lemos desenvolveu uma série de estudos sobre a região e falou sobre a importância da lagoa não só para o contexto de Contagem, como da Grande BH como um todo.

Em que medida a urbanização da região, proposta pela prefeitura de Contagem na nova lei de parcelamento, ocupação e uso do solo, oferece riscos à lagoa de Vargem das Flores? A princípio, uma área urbana dentro de uma dinâmica de mananciais pode parecer que não é contraditório. Só que a grande preocupação é que o modelo urbano que a gente adota no Brasil é muito pouco sensível às águas e extraordinariamente impactante principalmente para a permeabilidade do solo. As principais consequências desse modelo são, então, carreamento de poluição difusa e impermeabilização do solo. No contexto de um manancial que vem de um reservatório, poluição difusa é um problema complexo, porque é um material que vai desde o sedimento que vai ser depositado, a outros parâmetros que podem, por exemplo, alterar a qualidade de água. Da mesma forma, se eu aumento as áreas impermeáveis, eu diminuo a capacidade de infiltração e, portanto, diminuo a vazão contínua que se espera para aquele manancial. Além disso, aumento vazões em períodos específicos com maior poder de carreamento de materiais.

Em caso de aprovação da proposta da prefeitura, a expectativa é que, em 50 anos, a região de Vargem das Flores tenha cerca de 900 mil moradores. Quais outras implicações esse adensamento urbano no território poderia gerar? Pensar numa dinâmica de adensamento nessa escala significa replicar o modelo de adensamento que é padrão no Brasil: muito pouco sensível e extremamente intenso. As consequências são aumento do escoamento da água de chuva, diminuição da infiltração, potenciais de alagamento e maior carreamento de sólidos e parâmetros que podem alterar a qualidade da água do reservatório. Isso vai assorear o reservatório, que já sofre com assoreamento, e consequentemente você diminui extraordinariamente a sua vida útil.

Qual a importância da represa de Vargem das Flores para o abastecimento público da Região Metropolitana? O abastecimento metropolitano é estruturado principalmente a partir de dois grandes sistemas de mananciais: o Rio das Velhas e o Rio Paraopeba. A Bacia do Rio das Velhas funciona a partir de captação a fio d’água, sem reservatório, em Bela Fama [Nova Lima]. Já o Paraopeba funciona por captações com reservatórios em Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores – então, Vargem das Flores é parte do tripé que sustenta o sistema de abastecimento metropolitano a partir da lógica

Na sua opinião, quais premissas a lei de parcelamento, ocupação e uso do solo de Contagem deveria seguir? Quanto às premissas, a gente tem uma discussão que é pensar a importância do território de Vargem das Flores para a RMBH, e pensá-lo a partir da lógica municipal. Dentro da lógica municipal, a região de Vargem das Flores poderia ser entendida a partir de uma perspectiva muito específica por um grupo que tem um domínio político muito forte, como uma área de expansão imobiliária. Mas vale refletir que em Contagem, assim como na RMBH como um todo, a

do Paraopeba. Nós temos hoje sistemas integrados de abastecimento, mas a consequência é que o Paraopeba consegue proporcionar uma dinâmica de planejamento para a segurança hídrica mais forte ao longo do tempo. Retirar o manancial de Vargem das Flores é diminuir de forma significativa a segurança hídrica da RMBH.

discussão sobre acesso à moradia passa muito mais pelo processo de acesso econômico do que efetivamente pela disponibilidade. Terra é um dos poucos recursos que se você aumentar a oferta não necessariamente você diminui preço, ou seja, aumentar o número de lotes não necessariamente facilita o acesso à moradia. A consequência é que hoje Contagem quer aumentar uma área urbana para o município principalmente para fomentar fins especulativos que não necessariamente geram desenvolvimento municipal. Então, é essencial entender a área de Vargem das Flores como um potencial atrativo de recursos que sejam compatíveis com a dinâmica do manancial. Nesse contexto, um projeto que pode ter rebatimento positivo em Vargem das Flores é o planejamento metropolitano. Infelizmente, os debates que se vê a partir de Contagem são debates municipalistas, que estão extremamente orientados apenas pela lógica municipal instrumentalizada pela especulação imobiliária. Quando se analisa pela escala metropolitana, a gente entende a região de Vargem das Flores como essencial para o abastecimento metropolitano. Exatamente por isso ela é marcada como uma ZIM (Zonas de Interesse Metropolitano) Mananciais, que apresentou parâmetros urbanísticos depois junto ao macrozoneamento que privilegiava as macrozonas de proteção ambiental 1 e 2, que eram zonas onde se pressupunha um nível de adensamento e de ocupação muito mais reduzida. A consequência é que Contagem questionou esse processo, que se encontra parado na Assembleia; infelizmente é a lógica a partir de seus interesses econômicos e municipalistas que está impedindo toda a dinâmica de planejamento metropolitano.


Tiago Rodrigues

Viveiro se encontra próximo à foz do Rio das Velhas, em seu encontro com o Velho Chico.

1.500 itens de nove espécies (aroeira pimenteira, candeia, copaíba, goiabeira, ingá miúdo, ipê amarelo, pau ferro, pau viola e pitangueira). De acordo com Priscilla Bitencourt Freitas, socióloga e uma das fundadoras do grupo, as mudas serão plantadas pelos próprios membros do coletivo em alguns lugares já combinados com os proprietários em APPs [área de preservação permanente] e em áreas de nascentes. “É um serviço pesado, e a gente também está aprendendo. Você planta uma árvore nativa na beira do rio, tem que roçar e cuidar dela. Por isso estamos fazendo o viveiro, porque vamos plantando aos poucos”.

Projeto capacita comunidade em Barra do Guaicuí na construção de viveiro de mudas O CBH Rio das Velhas, em parceria com o Subcomitê Guaicuí e a Agência Peixe Vivo, concluiu recentemente o Projeto Resgatando Jovens, que buscou capacitar a comunidade de Porteiras, em Barra do Guaicuí, município de Várzea da Palma, sobre aspectos que envolvem a construção de um viveiro, manutenção das mudas e desenvolvimento e coleta de sementes. Para a aposentada e conselheira do Subcomitê Guaicuí, Zita Ruas Rodrigues, que apresentou o projeto ao Comitê, ver a iniciativa sair do papel é a realização de um sonho. “É uma ideia que tive em 2014, porém só virou realidade ano passado, graças ao Comitê. No início estávamos perdidos,

Subcomitê Ribeirão Arrudas promove Curso de Formação de Conselheiros No início de outubro, o Subcomitê Ribeirão Arrudas promoveu o seu 1º Curso de Formação de Conselheiros. O encontro aconteceu na Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e teve como objetivo nivelar informações acumuladas por vários conselheiros ao longo dos anos na criação e construção do Subcomitê e reconhecer as ferramentas existentes para potencializar a participação social na gestão do território. O coordenador geral do Subcomitê, Humberto Marques, fez um balanço positivo do encontro. “Trata-se de uma demanda antiga e necessária para o aprimoramento dos conselheiros, que

melhora a qualidade das discussões e propostas. A UTE Arrudas é muito peculiar, pois possui a maior população da bacia do São Francisco, não só do Velhas, e possui 96% de sua bacia com cursos d’água canalizados. Temos muitos desafios para lidar com nosso território e a participação popular é muito importante. Os conselheiros tiveram acesso a informações do Plano Diretor de Recursos Hídricos, às formas de formatação e apresentação de projetos hidroambientais e às ações de Educação Ambiental na bacia”. Prevê-se ainda um outro momento da formação, de viés mais prático, a acontecer ainda em 2019.

mas com persistência, com a boa vontade dos parceiros e com a capacitação que recebemos, o projeto andou. Atualmente temos um terreno preparado para receber o viveiro e já temos mais de 100 mudas, entre elas, pinha, atemoia, angico e pitanga”, conta de forma entusiasmada Dona Zita. O terreno onde fica o viveiro é uma área de 16 hectares, localizado na margem direita do Rio das Velhas, em um ponto estratégico perto da captação de água da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e foi cedido para a comunidade pela prefeitura. O objetivo do projeto é fazer do local uma referência em sustentabilidade, além de gerar emprego e renda para os jovens.

Curso buscou nivelar informações e reconhecer as ferramentas existentes.

Ohana Padilha

A comunidade do distrito ouro-pretano Santo Antônio do Leite criou um viveiro comunitário com mudas de espécies típicas para recuperação e revitalização especialmente de áreas de nascentes da região. No início de novembro, moradores se reuniram em mutirão para a montagem do espaço e ensacamento das mudas, que, posteriormente, serão plantadas e acompanhadas em seu crescimento. A iniciativa é do Coletivo Ribeirão da Prata, formado por pessoas do distrito empenhadas na proteção do meio ambiente, com o apoio do CBH Rio das Velhas, com a doação de mudas do Viveiro Langsdorff. No total, foram recebidos

Coletivo Ribeirão da Prata é uma das entidades que compõem o Subcomitê Nascentes.

Elias Figueiredo

Com mudas doadas pelo Comitê, coletivo de Santo Antônio do Leite monta viveiro comunitário

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Fotos: Fernando Piancastelli

Conheça e Preserve: Parque Estadual do Sumidouro Lagoa e Lapa do Sumidouro são algumas das principais atrações do parque.

Parque Estadual do Sumidouro: Endereço: R. Fernão Dias, 10 – Quinta do Sumidouro, Pedro Leopoldo / MG Telefone: (31) 3689-8592 / 3689-8585 / 3689-8575 Site: bit.ly/ParqueSumidouro E-mail: pesumidouro@meioambiente.mg.gov.br Horário de Funcionamento: 2ª a dom. das 8h30h às 17h Importante: O Parque do Sumidouro está aberto à visitação pública, também, as segundas feiras. A entrada na gruta da Lapinha acontece até às 16h. É cobrada taxa de entrada O Parque Estadual do Sumidouro é uma unidade de conservação situada nos municípios de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte – estando a apenas 50 Km da capital mineira. Abriga uma paisagem peculiar por suas características cársticas, em uma área aproximada de 2.004 hectares. O parque foi criado com o objetivo de preservar o patrimônio cultural e natural da região cárstica e da vila da Quinta do Sumidouro. Como atrativos destacam-se a lagoa e a lapa do Sumidouro, com pinturas rupestres de milhares de anos e sítio arqueológico de importância mundial escavado pelo naturalista Peter Wilhelm Lund no século XIX. A gruta

da Lapinha, as trilhas interpretativas e a Casa Fernão Dias também são uma boa opção para o turista. A unidade recebeu este nome devido a sua lagoa, que possui um ponto de drenagem das águas da bacia típica dos terrenos calcários. Trata-se de uma abertura natural para uma rede de galerias, por meio da qual um curso d´água penetra no subsolo denominado “sumidouro”, termo que vem da palavra indígena “Anhanhonhacanhuva”, que significa “água parada que some no buraco da terra”. Historicamente, o local possui muitas histórias a contar do tempo dos bandeirantes. Sumidouro, como era conhecido o atual território do parque, era uma feitoria próxima ao arraial de Santa Luzia

do Rio das Velhas que foi fundada em 1676 pelo bandeirante Fernão Dias, que desbravava a região em busca de esmeraldas. A região era de grande importância comercial para a época e atualmente é reconhecida como um dos primeiros locais de exploração do século XVII. Leia a matéria completa e galeria de fotos. Acesse o link bit.ly/ConhecaPreserveSumidouro, ou com seu celular escaneie o QR code ao lado.

INFORMATIVO CBH Rio das Velhas. Mais informações, fotos, mapas, apresentações e áudios no portal www.cbhvelhas.org.br Diretoria CBH Rio das Velhas Presidente: Marcus Vinícius Polignano Vice-presidente: Ênio Resende de Souza Secretário: Renato Júnio Constâncio Secretária-adjunta: Poliana Valgas

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Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas comunicacao@cbhvelhas.org.br Tiragem: 3.000 unidades. Direitos reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS Rua dos Carijós, 150 – 10º andar - Centro Belo Horizonte - MG - 30120-060 (31) 3222-8350 - cbhvelhas@cbhvelhas.org.br

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Comunicação: TantoExpresso (Tanto Design LTDA) Direção: Rodrigo de Angelis / Paulo Vilela / Pedro Vilela Assessoria de Comunicação: Luiz Ribeiro Redação e Reportagem: Ana Paula Martins, Luiz Ribeiro, Luiza Baggio e Tiago Rodrigues Fotografia: Bianca Aun, Dimas Correa, Elias Figueiredo, Élio Domingos, Fernando Piancastelli, Léo Ramos, Luiza Baggio, Prefeitura de Contagem e Ohana Padilha Design Gráfico: Sérgio Freitas


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