Boletim Informativo 29 - ESPECIAL O RIO QUE EU CUIDO - Julho 2021 - CBH Rio das Velhas

Page 1

Informativo

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas | Julho / 2021 | Ano VII - Nº 29 – EDIÇÃO ESPECIAL

Podcast ‘Momento Rio das Velhas’ valoriza pessoas e territórios Pág. 2

Semana Rio das Velhas 2021 celebra Campanha

CBH Rio das Velhas lança nova campanha de comunicação e mobilização

O RIO QUE EU CUIDO

Págs. 4 e 5

Entrevista: Leandro Vaz e Maria Teresa Corujo contam, um para o outro, como é cuidar das águas Págs. 6 e 7

Ribeirão Mascate na região da Serra do Cipó, no município de Santana do Riacho


Editorial O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas é um colegiado – também – político. Impulsionado pelas organizações da sociedade civil, ao final dos anos 1990, o CBH se consolidou como ator capaz de pautar políticas públicas, impulsionar mudanças e mobilizar a população em prol de um território mais sadio. É motivador ver esse Comitê se consolidar, cada dia mais, como referência em temas e problemáticas diversas: segurança hídrica, estiagem, enchentes e inundações, uso e ocupação do solo, qualidade ambiental e de vida, entre tantos outros. Sabedor da sua própria potência, o CBH Rio das Velhas anualmente desenvolve uma campanha de comunicação e mobilização social sobre um tema específico, produzindo assim uma série de conteúdos e ações que buscam estimular um debate público. Quando, por exemplo, o Comitê do Rio das Velhas se asfixiava em razão da retenção dos recursos da cobrança pelo uso da água por parte do governo do estado, a campanha da época ‘Ação pelas Águas: não à retenção do dinheiro dos rios de Minas’ visibilizou esse tema e reivindicou o repasse imediato do valor contingenciado – o que somou forças para que tempos depois um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) fosse celebrado determinando o pagamento. Quando em 2019 vimos a bacia coirmã do Rio Paraopeba sofrer com a lama da barragem rompida, e o Rio das Velhas ser sugado a essa problemática em razão da ameaça das estruturas em risco de colapso por aqui e à segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), lançamos a campanha ‘Que rio queremos?’: uma grande mobilização desenvolvida para questionar, proteger e alertar sobre o destino que dávamos aos nossos rios e, consequentemente, à biodiversidade e à vida humana. Já em 2020, quando após um fenômeno absolutamente natural, que são enchentes, vimos nossas cidades – não preparadas para lidar com isso – sofrerem com estragos e mortes, discutimos a relação dos centros urbanos com esse elemento por meio da campanha ‘A cidade e as águas’.

2

Todas essas iniciativas discutiram temas complexos, sensíveis, que ajudaram a construir um debate político na busca pela transformação da gestão ambiental no nosso território. Neste ano o CBH Rio das Velhas, pela primeira vez por meio de sua campanha institucional, lança um olhar para a relação afetiva entre as pessoas e os cursos d’água. ‘O rio que eu cuido’ é o nome e o mote de uma iniciativa que visa valorizar cada um dos territórios que integram essa bacia hidrográfica, bem como as inúmeras pessoas que estão à frente dos cuidados que esse lugar precisa. Isso porque falar da saúde do Rio das Velhas é falar, fundamentalmente, dos seus vários territórios, dos seus afluentes, das suas nascentes. Não obstante, é também falar das inúmeras pessoas que, espalhadas pelos quatro cantos da bacia hidrográfica, ajudam a construir um lugar melhor para se viver. Pessoas e territórios que não podem ser invisibilizados. Poliana Valgas Presidente do CBH Rio das Velhas

Novo site reúne conteúdos da Campanha Todo o conteúdo e material produzidos para a Campanha “O rio que eu cuido” encontram-se reunidos no site: cbhvelhas.org.br/orioqueeucuido. Lá o usuário poderá acessar os vídeos, podcasts, as notícias, histórias e um conteúdo especial sobre cada uma das 23 Unidades Territoriais Estratégicas (UTEs) que integram a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas.

Assista aos vídeos da Campanha! Assista a playlist completa no Youtube. Acesse por meio do QR Code ou pelo link: bit.ly/orioqueeucuido


Comitê lança campanha ‘O rio que eu cuido’, uma mensagem pela saúde e vida na bacia Anualmente, o CBH Rio das Velhas desenvolve uma campanha institucional de comunicação e mobilização social com o objetivo de visibilizar um tema de relevância para o contexto de proteção do rio, e que seja abraçado pela comunidade da bacia hidrográfica de forma geral.

Compartilhe a hashtag nas redes sociais do Comitê e vamos mostrar que esse rio continua a correr, vivo!

#orioqueeucuido

Assim, em março de 2021, o Comitê lançou a campanha de comunicação e mobilização social “O rio que eu cuido”. Ao longo de todo o ano, diversas ações serão promovidas com o objetivo de valorizar cada um dos territórios que integram a bacia hidrográfica, bem como as inúmeras pessoas que estão à frente dos cuidados que esse lugar precisa.

Em um contexto macro de perdas, limitações, sacrifícios e resiliência, o Rio das Velhas continua sendo o elo de esperança que mobiliza todos esses atores em busca de saúde, equilíbrio, biodiversidade e qualidade de vida. Verdadeiramente, essa é uma grande oportunidade de posicionamento e reverberação da mensagem proposta pelo CBH Rio das Velhas: uma mensagem pela vida do rio, pela vida das pessoas em sua bacia, contra a morte que nos cerca.

A ideia é estimular o sentimento de pertencimento à bacia e a cada um dos seus múltiplos territórios, valorizando fundamentalmente as pessoas que cuidam do rio. Uma forma de continuar próximo das pessoas e, através delas, do próprio Rio das Velhas.

Podcast ‘Momento Rio das Velhas’ valoriza pessoas e territórios Em meio à Campanha ‘O rio que eu cuido’, programas abrem espaço para personagens narrarem suas histórias de pertencimento e ação pelas águas Lançado pelo Comitê há quase dois anos, o podcast ‘Momento Rio das Velhas’ tem sido uma das ferramentas mais eficazes em visibilizar a problemática ambiental e as articulações da sociedade que visam a preservação e recuperação da bacia hidrográfica. O podcast é uma mídia de transmissão de informações, em formato de áudio, disponibilizado em uma sequência de assuntos que podem ser baixados e ouvidos a qualquer hora, em qualquer lugar, em um player portátil, como um celular, tablet ou no computador. Em tempos em que o CBH desenvolve a Campanha “O rio que eu cuido”, os programas do podcast ‘Momento Rio das Velhas’ têm buscado valorizar os múltiplos territórios que integram a bacia hidrográfica e, especialmente, as pessoas responsáveis por liderarem práticas positivas que visam maior qualidade ambiental. Em maio, o podcast reuniu quatro personagens das sub-bacias dos Ribeirões Arrudas e Onça – Marcio Lima, Antônio Soares (Toninho), Márcia Marques e Cecília Rute – para

falar sobre todo o processo que envolveu o projeto “Valorização de Nascentes Urbanas”. A iniciativa consistiu no cadastramento das nascentes existentes ao longo dos ribeirões e seus afluentes, na sensibilização e mobilização da comunidade e na identificação das pessoas que tentam, de alguma forma, proteger esses olhos d’água. No mesmo mês, Ademir Bento, Silas da Fonseca e Fernando Madeira falaram sobre uma porção especial da bacia hidrográfica: a Unidade Territorial Estratégica (UTE) Ribeirões Caeté-Sabará. A região é de fundamental destaque na história e na formação do estado de Minas Gerais e guarda importantes áreas de conservação para a bacia. Em junho, a ação popular e voluntária implantada para recuperação do Riachão, em Buenópolis, foi contada por Tamires Nunes, Irene Rodrigues e Ana Luíza Arcanjo. A comunidade se apoderou do local e promoveu várias melhorias – ambientais e paisagísticas – por iniciativa própria. O CBH Rio das Velhas, o Subcomitê Rio Curimataí e a prefeitura de Buenópolis foram parceiros dessa ação.

Por fim, ainda em junho, o podcast falou sobre o Programa Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais de Itabirito – fruto de uma articulação na qual o CBH Rio das Velhas e o Subcomitê Rio Itabirito foram atores importantes. A coordenadora do Subcomitê, Heloísa França, o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Itabirito, Frederico Leite, o produtor rural, Elias Resende, e o gerente nacional de Água da The Nature Conservancy (TNC) Brasil, Samuel Barrêto, ajudaram a contar essa história.

Ouça nosssos podcasts no Spotify bit.ly/ORioQueEuCuidoPod 3


Rio das Velhas próximo à sua foz, no distrito de Barra do Guaicuí, em Várzea da Palma

Semana Rio das Velhas 2021 celebra campanha ‘O rio que eu cuido’ Iniciativa acontece todos os anos e é momento de união e integração entre os povos da bacia e parceiros do Comitê

4


“Mais um momento histórico do nosso CBH. É impossível não se emocionar vendo tanto tempo de história. Todos aqui fazem a diferença e este Comitê sempre valorizou a participação de cada um. [A campanha] ‘O rio que eu cuido’ vem para mostrar que é cada um que vai ter que cuidar desse rio e que cada um faz uma diferença muito importante. Essa é a nossa Campanha que brilhantemente tem sido contada, com diversos personagens da nossa história. Uma forma de homenagear a quem no dia a dia trava essa luta pela preservação do curso d’água perto da sua casa, no seu território” Marcus Vinícius Polignano. secretário do CBH Rio das Velhas

O dia 29 de junho é reconhecido como o Dia do Rio das Velhas. Em torno dessa data, anualmente, o CBH Rio das Velhas promove a ‘Semana Rio das Velhas’, com uma extensa programação de eventos, debates e integração. Em 2021, pelo segundo ano consecutivo, as ações ocorreram todas de forma virtual e transmitidas ao vivo na página oficial do Comitê no YouTube. No mesmo dia 29/06, a 112ª Reunião Plenária do CBH Rio das Velhas – comemorativa pelos 23 anos de atuação da entidade – marcou o início da Semana Rio das Velhas 2021, tendo como destaque o lançamento de um livro sobre a trajetória do Comitê. Ainda no encontro foi aprovada a criação da Comissão Eleitoral para renovação dos membros do CBH Rio das Velhas, mandato 2022-2026, e

apresentado o trabalho de consultoria para realização de serviços de consolidação de indicadores de execução de projetos na bacia. Já em 30/06 e 01/07, a Capacitação ‘O município e as políticas ambientais: arborização urbana e fiscalização’, organizada pela Câmara Técnica de Educação, Mobilização e Comunicação (CTECOM), teve como público prioritário gestores e técnicos da área ambiental dos municípios da bacia hidrográfica do Rio das Velhas. O objetivo foi despertar conceitos, procedimentos, necessidades e dificuldades relativas aos procedimentos fiscais e de controle ambiental sobre temas locais sensíveis, com destaque para a arborização urbana e a defesa animal. “A implantação de uma árvore deve ser precedida de um planejamento que contemple o levantamento de espaços arborizáveis, a escolha das espécies que melhor se adequem a esses espaços, a qualidade das mudas e outros procedimentos de plantio que garantam o estabelecimento e a longevidade da muda plantada. Portanto, a capacitação é fundamental para ampliar o debate e a troca de experiências entre os profissionais envolvidos, em relação à arboricultura”, afirmou o coordenador da CTECOM e um dos palestrantes na capacitação, Edinilson Santos. Fechando a programação, em uma parceria com o Subcomitê Ribeirão Onça e o movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa, foi realizado no dia 03/07 o webinário ‘Parque Ciliar do Ribeirão Onça - Meta 2025: nadar, pescar e brincar’. Na oportunidade, moradoras do baixo Onça e integrantes do Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu (Comupra) fizeram a leitura coletiva do documento de Reafirmação do Compromisso pelo parque.

Colaboradora do movimento pela recuperação do Ribeirão Onça, Carla Wstane enalteceu a potência da população que está comprometida com a melhora da sua qualidade de vida.

“A ideia de ter um parque ciliar é ter o entorno dos rios com vegetação para promover uma função ecossistêmica. Uma função que possibilite a infiltração da água, a proteção dos cursos d’água e que promova a alimentação dos seres que ali vivem. A criação do parque colabora com a saúde do Ribeirão Onça e do seu entorno porque exige uma despoluição. Se você tira o esgoto do rio você está promovendo a saúde do Ribeirão Onça e do entorno dele”, explica Carla Wstane, colaboradora do Comupra, do Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa, integrante do Projeto Manuelzão e Subcomitê Ribeirão Onça e coordenadora geral do Instituto Guaicuy.

Perdeu algum dos eventos? Acesse nossa página no Youtube! bit.ly/semana-rio-das-velhas-2021

Coordenador da CTECOM, Edinilson Santos foi um dos palestrantes da capacitação e apresentou os conceitos de planejamento da arborização urbana.

5


Morro da Garça, na UTE Rio Bicudo

Cachoeira de Santo Antônio, em Morro Vermelho (Raposos), na UTE Águas do Gandarela.

Leandro Vaz Pereira e Maria Teresa Corujo contam, um para o outro, como é cuidar das águas em seus respectivos territórios Duas pessoas de regiões distantes dentro da bacia do Rio das Velhas e um amor em comum: o cuidado pelas águas em seus territórios! Convidamos o superintendente do Consórcio Regional de Saneamento Básico Central de Minas (Coresab), Leandro Vaz Pereira, e a ambientalista Maria Teresa Viana de Freitas Corujo, a Teca, para uma ação diferente: um entrevistar o outro. Sob a perspectiva do pertencimento, os dois falaram sobre o significado do território em que vivem, o que fazem para a preservação das águas, os desafios e os sonhos de futuro. Teca nasceu em Luanda, na Angola, e veio para o Brasil aos 15 anos de idade em razão da guerra civil em que

6

o país se encontrava. Atualmente, ela mora no Alto Rio das Velhas, em Caeté, onde se encontra grande parte da Serra do Gandarela. Uma região rica em biodiversidade, com abundância de nascentes e cursos d’água, e que deve ser preservada por ser importante área de recarga para a bacia do Rio das Velhas. Leandro é natural de Corinto, no Baixo Rio das Velhas. Nascido e criado às margens do Rio Bicudo, de onde seus familiares tiraram por gerações o sustento da família. Um território em que a demanda excede a oferta de água. No período de estiagem, o Bicudo, afluente do Rio das Velhas, se transforma em rio intermitente, ou como diz Leandro, fica “cortado”, desaparecendo temporariamente em alguns trechos.


Leandro entrevista Teca Leandro: Como começou a sua luta pela proteção e preservação da UTE Águas do Gandarela? Teca: Sou uma ambientalista que atua em defesa de lugares de Minas Gerais que estão ameaçados ou já impactados pela mineração e participo do SOS Serra da Piedade, Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela, e do Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM). Comecei em 2001, quando foi criado o movimento SOS Serra da Piedade. Eu moro no sopé da serra, que é o lugar onde tenho meu pertencimento, e naquela época fazia artesanato de brinquedos educativos e buscava um novo jeito de ser e viver. Neste ano, numa audiência pública em Caeté sobre a expansão de uma mina, eu, que não tinha a menor noção do que era mineração, cheguei à constatação: “Este lugar aqui é tão especial. Como assim? Querem minerar esta serra e destruí-la?”. Foi aí que ingressei na luta ambiental. Em 2007, tivemos conhecimento do interesse de um grande projeto minerário na Serra do Gandarela, que tem uma grande parte em Caeté, e desde essa época há um movimento em defesa desse lugar e de suas águas, do qual eu participo. Em 2009, se juntaram todos que estavam fazendo isso, em Rio Acima, Raposos, Santa Bárbara, Nova Lima e Belo Horizonte, e o Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela foi criado.

L: Como você define o rio que você cuida? T: Não é um rio! São muitas as águas de que eu cuido e que nascem na Serra da Piedade e na Serra do Gandarela. Mas posso dizer que cuido do Rio das Velhas, porque essas águas chegam nele. Um rio que interliga as pessoas por onde passa e é de fundamental importância para a vida e o abastecimento de água de milhões de pessoas que vivem na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Rio das Velhas era belíssimo antes dos impactos que sofre desde quando houve a exploração de ouro no seu leito e até hoje. Infelizmente, a poluição não permite mais o banho em suas águas - como deveria ser por direito. É um rio ferido, desde a época do ciclo do ouro, e que continua sob a ameaça permanente imposta pelo modelo econômico que não tem cuidado com as águas. Outra forte ameaça é a falta de consciência de uma sociedade que perdeu a conexão com o meio ambiente como tinham os povos indígenas e tradicionais que respeitam e cuidam da natureza. L: Que recado você deixa para todos aqueles que estão na luta pela preservação ambiental e pelo consumo sustentável dos recursos hídricos? T: Primeiro quero destacar que é uma luta contínua! Aí eu me pergunto: “puxa vida, essa luta nunca termina?”. Mesmo que pareça difícil e, às

vezes, até mesmo impossível fazer algo, nunca podemos desistir de sonhar e de lutar, pois mudanças só acontecem quando acreditamos e trabalhamos para que aquilo se concretize. Na maioria das vezes, as transformações são lentas, demoradas e sofridas. Vamos juntos continuar trabalhando e sonhando em meio a tantas dificuldades! L: Você luta pela defesa das Serras do Gandarela, Curral, Moeda, Piedade entre outras na região do Alto Rio das Velhas que são importantes para a produção de água. Essas serras se encontram na região do Quadrilátero Ferrífero-Aquífero e sofrem constante pressão de mineradoras. Na sua opinião, a mineração sustentável é algo possível ou incoerente? T: Na minha opinião, a mineração, salvo raras exceções, é baseada em alicerces que vão na contramão da sustentabilidade e do respeito à natureza, às águas e às pessoas. A mineração de hoje é insustentável e incoerente, baseada apenas no lucro. Para mim, mexer no meio ambiente ou no subsolo com atividade de mineração teria de ocorrer apenas e absolutamente quando fosse necessário para o bem comum, pois os impactos são enormes e a maioria é irreversível. Outro ponto é que as mineradoras só se preocupam com o aqui e agora, retirando todo o minério que podem da natureza, sem se preocupar com as futuras gerações. O que me preocupa são os impactos nas pessoas e no ambiente.

Teca entrevista Leandro Teca: O que te move a cuidar das águas do seu território e o que você faz para isso?

T: Desde quando é parte da sua vida o cuidado com as águas? Conte um pouco dessa história.

Leandro: Posso dizer, Teca, que você foi a minha mentora nas questões ambientais. O primeiro curso que fiz na área foi com você, em Corinto. Eu e minha família sempre vivemos às margens do encontro do Canjica com o Bicudo. O que me move na preservação dos cursos d’água em meu território é a essência da vida. Precisamos de água para viver e precisamos cuidar desse bem para os nossos filhos. Quase ninguém vive no deserto, pois onde não há água não há vida! A água é um recurso que Deus nos deu e que serve a todos.

L: Tive um bom exemplo dentro de casa, o meu pai, que me ensinou muito sobre a importância da água em nossas vidas. Uma pessoa de muita consciência, que nunca poluiu e nem degradou o meio ambiente. Ele buscava águas nas costas para as necessidades da casa. Mesmo tendo água no meu território, o acesso muitas vezes é difícil. Assim, o cuidado com as águas é parte da minha vida desde sempre!

Para ajudar a cuidar das águas, primeiro faço a minha parte como cidadão, dando bons exemplos. Para ser mais atuante ingressei no Subcomitê Rio Bicudo, atuando nos projetos de revitalização e de mobilização social da população local. Com ações concretas temos mostrado que revitalizar é possível e temos alcançado bons resultados.

T: Como é esse lugar onde você cuida das águas? O que é especial nele e o que mais o ameaça? L: O Bicudo é especial para mim! Faz parte da minha história de vida! Ele nasce em Morro da Garça e sua foz fica no município vizinho, Corinto. Atualmente, o que mais o ameaça é a pressão do homem que começou a degradá-lo e o alto número de outorgas. A região foi descaracterizada, não só pela economia. Agora

muitas vezes o rio fica “cortado” nos períodos mais críticos de seca. Então, o que nos restou, foi correr atrás dos prejuízos e buscar a revitalização ambiental. T: Se você encontrasse uma varinha mágica e pudesse realizar três desejos para o seu lugar e suas águas, quais seriam eles? L: Meu primeiro desejo seria que as pessoas voltassem a ter consciência e parassem de degradar o meio ambiente e os cursos d’água. O segundo seria que as empresas tivessem uma visão mais sustentável e mudassem de atitude. E o terceiro seria que os órgãos públicos realmente cumprissem o papel de cuidar do bem comum, a água, com uma gestão mais eficiente!

7


INFORMATIVO CBH Rio das Velhas. Mais informações, fotos, mapas, apresentações e áudios no portal www.cbhvelhas.org.br Diretoria CBH Rio das Velhas Presidente: Poliana Valgas Vice: Renato Júnio Constâncio Secretário: Marcus Vinícius Polignano Adjunto: Fúlvio Rodriguez Simão

cbhvelhas.org.br

8

@cbhriodasvelhas

Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas comunicacao@cbhvelhas.org.br Tiragem: 3.000 unidades. Direitos reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS

Rua dos Carijós, 150 – 10º andar - Centro Belo Horizonte - MG - 30120-060 (31) 3222-8350 - cbhvelhas@cbhvelhas.org.br

Comunicação: TantoExpresso (Tanto Design LTDA) Direção: Rodrigo de Angelis / Paulo Vilela / Pedro Vilela Coordenação de Jornalismo: Luiz Ribeiro Redação e Reportagem: Luiza Baggio, Luiz Ribeiro e Michelle Parron Fotografia: Bianca Aun, Fernando Piancastelli, Izabel Nogueira, Leo Boi, Leonardo Ramos, Lucas Nishimoto, Michelle Parron, Ohana Padilha e Robson Oliveira Diagramação: Sérgio Freitas e Vitor Moura


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.