Jornal ABRA - 17ª edição

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17ª Impressão Santa Maria, abril de 2009

Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA Giulliano Olivar Evandro Sturm

Pretinho básico

É reconhecido que o café é uma das bebidas mais consumidas no país. Porém, assim como ele possui propriedades benéficas ao organismo, o consumo em excesso pode ser prejudicial

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Fabiana Einlot

Expressão pelas lentes

A fotografia envolve conhecimentos e técnicas que exigem talento e perspicácia de quem ousa praticá-la. Foram esses atributos que os apaixonados por fotografia puderam apreciar na primeira edição do Varal Fotográfico, na Gare.

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Leandro Rodrigues

Economia das letras

Um dos grandes obstáculos para a disseminação da leitura é o acesso restrito aos livros imposto pelos preços elevados. Mas para os leitores mais dedicados isso é fácil de ser superado.

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Diante de tantos pedidos e variedades de chocolate, a tarefa do mascote da páscoa pode se tornar bem complexa

Coelhinho da Páscoa,

o que trazes

Maiara Bersch

pra mim? Abril é famoso por seus vários feriados, entre eles a Páscoa. Época em que o chocolate ganha a atenção de todos e se transforma em um dos produtos mais consumidos do ano. Por outro lado, e em época de crise financeira, esse aumento nas vendas amplia uma desarmonia conhecida, a existente entre a esperança de vendedores e a relação de consciência e disciplina que cerca pais e filhos. Então, para conhecer mais dessa história, você vai ter que seguir as pegadas do coelho...

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Por outro lado, o chocolate caseiro tem conquistado cada vez mais clientes


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ABRIL 2009

Editorial

A moda 2009 das escolas de Santa Maria...

Tudo a seu tempo A medida que o tempo parece encurtar, e o mundo a girar mais rápido, alguns aprendizados passam a se efetivar com maior celeridade. E, nesse aumento de velocidade, a impressão é de que a “teoria” da vida, mesmo sem perder sua validade, vai ficando para trás e o conhecimento passa a se concretizar através do aprendizado prático. Por outro lado, com o passar dos anos, aprendemos que os fatos marcantes da vida acontecem nos momentos considerados certos (tudo bem, algumas vezes nos errados, é verdade...). Porém, existem casos em que a barreira do tempo é transposta, alterando, assim, os processos considerados normais. Situações como estas são frequentes entre crianças e adolescentes que, diante de um cotidiano cada vez mais acelerado, passam a ter contato com experiências e sensações de maneira precoce. “Tudo [acontece] a seu tempo”, diria qualquer pessoa de mais idade no alto de sua sabedoria popular. Compreender o verdadeiro significado dessa frase não é tarefa fácil. Exige do interpretante paciência, capacidade de contextualizar e de refletir sobre as causas, consequências e soluções. E também são esses os atributos que pais e responsáveis precisam ter para identificar e saberem lidar com a precocidade infanto-juvenil. Entretanto, a habilidade de “controlar” também é necessária para evitar aquele cafezinho a mais, não cair na tentação do chocolate e, principalmente, estabelecer e manter limites para os filhos, a fim de que o aprendizado continue no ritmo natural e adequado. E como interpretadores que se prezam, os repórteres do Abra foram buscar e compreender diversos assuntos para que você, leitor, possa conferir e interpretar. Afinal, a precocidade só pode ser resolvida através do diálogo, mesmo que escrito. Uma boa leitura a todos!

Expediente

Jornal experimental interdisciplinar produzido sob coordenação do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra) Reitora: Profª Irani Rupollo Diretora de Área: Profª Sibila Rocha Coordenação do Curso de Comunicação Social - Jornalismo: Profª Rosana Cabral Zucolo Professores orientadores: Iuri Lammel Marques (Mtb/RS 12734), Laura Elise Fabrício e Sione Gomes (MTb/SC 0743) Redação - Aprendiz Editor-Chefe: Juliano Pires Diagramação: Cassiano Cavalheiro, Leandro Gonçalves, Sofia Equipe de Reportagem: Cassiano Cavalheiro, Claudiane Weber, Fabiana Einloft, Joseana Stringini, Jucineide Ferreira, Leandro Rodrigues, Liciane Brun, Patric Chagas e Vanessa Moro. Colaboração: Cassiano Cavalheiro Fotografia: Carolina Moro, Douglas Menezes, Evandro Sturm, Fabiana Einloft, Gabriela Perufo, Giulliano Olivar, Juliano Pires, Leandro Rodrigues, Maiara Bersch e Mariele Ziegler. Se você tiver críticas, sugestões ou quiser ser um colaborador do Abra envie um e-mail para nós! abra@unifra.br Impressão: Gráfica Gazeta do Sul Tiragem: 1000 exemplares Distribuição: gratuita e dirigida

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A máscara da intencionalidade

omo todo ser humano, e em especial como acadêmico de jornalismo, tenho convivido e experimentado regras que, paralelamente, repulsam e atraem. Confesso que, à medida que mais aprendo a entender o “ser imparcial”, mais esse princípio silencioso e norteador da profissão me repele. Um desses estopins está relacionado ao papel da ficção, e se esta se restringe ou não a imitar a vida real. Antes de ingressar nos estudos sobre os bastidores da comunicação, acreditei sim, que a ficção se limitava a imitar, mas também que, de maneira sutil, ela “influenciava” os telespectadores. Hoje percebo que, quando uma novela desperta polêmica ou trabalha com assuntos contundentes, especialistas selecionados pelas mídias em questão declaram que o que acontece na ficção não tem tal poder sobre os espectadores. E que, caso alguém se sinta estimulado a realizar determi-

nada ação, isso acontece devido a pré-disposições e tendências reprimidas inatas de cada um. Por um lado, esse argumento não deixa de ter razão. Afinal, o ser humano tem a capacidade de pensar e refletir antes de tomar qualquer atitude, mesmo que algumas vezes não o faça. Entretanto, vamos voltar ao contexto brasileiro. Um país que possuí um governo com sérias deficiências em projetar e investir em empreendimentos educacionais de longo prazo, que visem o crescimento intelectual da sociedade, não tem condições de discernir fatos reais em meio à ilusão. Prova disso são os depoimentos de atores agredidos por telespectadores revoltados com suas atuações performáticas na tela da TV. Entender o campo da educação é ainda mais complexo tendo por base o Estado, responsável pela sua manutenção. Se fossemos mostrar “o X da educação” precisaríamos, antes

disso, revelar as outras “incógnitas conhecidas” por toda a sociedade, o que terminaria passando, inadvertidamente, por um verdadeiro alfabeto de deseducação. Logo, diante de todos esses fatores, e com uma população despreparada, não é de se estranhar que a violência escolar gratuita, mostrada na “novela das 8”, esteja saindo da obscuridade e se transformado em moda em escolas de Santa Maria, onde os agressores são justa, e coincidentemente, os alunos. E se nós jornalistas, formados ou não, já somos impedidos de opinar e criticar sob o risco de “induzir”, imagine o que aguarda a sociedade após a queda da exigência do diploma e a abertura das portas das redações para os “aptos”. O cenário que se estrutura, ao acompanharmos a nova rota do caminho das índias, e que de nobre não tem nada, é o da indisciplina. Por Juliano Pires

Neutralidade, a inimiga do jornalismo

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o dia 7 de abril, data em que se homenageia os jornalistas, assim como aconteceria com qualquer outro ofício, os profissionais da comunicação deveriam receber lembranças ou flores por estarem prestando serviços à sociedade. Posso até estar enganada, mas não lembro de ter encontrado nesta data algum tributo dos meios de comunicação à seus profissionais que trabalham diariamente com a informação. Porque será? Seria por causa desregulamentação do diploma que está dando o que falar? Enfim, como ninguém quer tocar no assunto, e me refiro tanto à mídia, quanto aos os próprios profissionais, parece que a pauta vai mesmo esfriar e cair no esquecimento. Imagino a correria, o fator tempo pressionando, a procura pelas fontes, o zelo pela credibilidade, a influência dos patrocinadores, além de ter que seguir os critérios de noticiabilidade,

etc, e ainda assim ter que mostrar à sociedade o da melhor informação... É, é muita ação e emoção para assimilar em tão pouco tempo, acredito que nem os chefes conseguiriam lembrar da data. Outra hipótese para o olvido talvez seja que o repórter, embora formado com toda uma teoria, critérios e responsabilidades, é apenas uma pecinha de lego perto de toda essa estrutura que são os bastidores da mídia. Estrutura essa que, da mesma forma como faria uma criancinha, pode ser montada ou desmontada por uma juíza que acredita que qualquer um pode fazer jornalismo, tendo conhecimento ou simples aptidão. No papel de acadêmica de jornalismo, já percebi que não basta o jornalista ter um bom ângulo e um rostinho bonito, mas sim, muita teoria e a idéia que o batente tem que ser encarado desde a faculdade. Então, assim como meus colegas

de academia, estou seriamente preocupada com o nosso futuro profissional. É necessário defendermos o que é nosso, e o diploma é o que temos de mais valioso, ainda mais porque estamos em uma jornada para conquistá-lo a base de suor, esforço e dedicação. Não vai ser uma simples dedada de meia dúzia no botão do painel de votação que vai fazer com que o curso, o diploma, a história da profissão e toda nossa estrada de conhecimentos adquiridos e construídos sejam mandados por água abaixo. E para quem acredita que a justificativa do trabalho e dos esforços se resume a um diploma tenho uma dica: desistam! O fundamental para seguir a carreira de jornalista é ter amor pela camiseta e estar disposto a lutar pelo comprovante da nossa história, o canudo. E nós queremos. Por Jucineide Ferreira


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Hora do cafezinho

o ar ele deixa um aroma marcante e com característica própria. É de fácil identificação pelos apreciadores, e no dia 14 de abril é comemorado seu dia internacional. Já adivinhou? Então pode ser que você ainda não tenha experimentado um bom café. O engenheiro Tomás Aita, 65 anos, é um dos degustadores dessa bebida típica brasileira. A cada visita feita à cafeteria seu ritual é o mesmo: ir até o balcão, fazer o pedido, e tomar o tradicional café em pé. Ele descreve a experiência como saborosa pelo aroma forte, e estimulante por transmitir ânimo. Tomar um café expresso ou pingado também faz parte da rotina da contadora aposentada Glória Pozzartti, 59 anos, quando vai ao centro de Santa Maria. Ela conta que quando não o toma após o almoço não se sente completa e como se estivesse faltando algo. O café é considerado um alimento funcional, e de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o termo se refere a todo alimento ou substância que além dos nutrientes funcionais, produz efeitos metabólicos ou fisiológicos, benéficos a saúde. Ao ser consumido como bebida matinal, o café estimula o sistema nervoso central, acentuando o estado de vigília do cérebro, e ajuda nas atividades intelectuais, além de acelerar o metabolismo. Ele também é rico em minerais, aminoácidos, lipídeos, açúcares, vitamina B3 e antioxidantes, como polifenois e flavonóides. Essas propriedades são anticancerígenas e tem o efeito de proteger contra a incidência de câncer de próstata e de colo. A nutricionista Gisele Barbieri destaca que o café pode provocar diminuição na formação de placas de gordura nas artérias e de triglicerídeos, além de melhorar a fadiga, atuando no conhecido papel de estimulante. Porém, os benefícios não param por aí. Enquanto o café cafeinado está associado a um menor risco de desenvolver doenças como o Mal de Parkinson e de Alzheimer. O descafeinado tem o efeito de melhorar a tolerância à glicose, e assim proteger os consumidores contra o diabetes tipo 2, que envolve a incapacidade das células em metabolizar a glicose presente na corrente sanguínea. O consumo também é indicado para a prevenção de alcoolismo, tabagismo e as drogas. Isso porque

fotos evandro sturm

O café expresso tem um preparo mais refinado que o café coado, pois exige vapor com pressão

Um dos rituais mais realizados nas cafeterias da cidade

O café integra a rotina de Glória

A nutricionista alerta: é preciso ter moderação

a cafeína possui ácidos clorogênicos que atuam na atividade química do cérebro, provocando alterações de humor e a um possível início de depressão. A nutricionista Silvane de Almeida explica que a cafeína também pode ser encontrada em outros alimentos, como o chocolate, e bebidas, como refrigerantes e chás. Segundo ela, após a ingestão desses produtos, a cafeína é absorvida pelo intes-

tino delgado e, posteriormente, é jogada na corrente sanguínea, atingindo todos os órgãos. Estudos farmacológicos indicam que o tempo de latência da substância no organismo é de 4 a 6 horas, e que em seguida ela é eliminada. As duas nutricionistas chamam a atenção para alguns cuidados durante o consumo do café. Enquanto Silvane salienta que a ingestão deve ser evi-

tada por quem sofre de insônia e de problemas gastrointestinais, Gisele alerta que se deve ter cuidado ao prescrevê-lo à crianças, gestantes ou indivíduos que apresentam anemia ferropriva, osteopenia (estágio inicial da osteoporose) e osteoporose, pois o café compromete a absorção de cálcio, ferro e vitaminas do complexo B. Outro cuidado que deve ser adotado é evitar o consumo excessivo, que pode trazer danos à saúde. Ansiedade, irritabilidade, agitação, aumento temporário da pressão arterial, arritmia cardíaca (aumento dos batimentos cardíacos), dilatação dos vasos sanguíneos e ação diurética são algumas das consequências provocadas no organismo. Um desses casos de consumo excessivo é o praticado pelo comerciante Gilberto Ávila, 56 anos, que consome de 10 a 12 xícaras de cafezinho por dia. Ele, que é hipertenso, decidiu não reduzir a dose da bebida, mas sim a adicionar menos açúcar. A nutricionista Silvane recomenda que o consumo seja de três a quatro xícaras ao dia, e sugere que o café seja descafeinado, porque, por apresentar uma menor quantidade de cafeína, é indicado para hipertensos e dislipidêmicos – pessoas com alteração na concentração de colesterol e triglicerídeos. E fica a dica útil em relação à grande parte das bebidas: beba com moderação. Por Vanessa Moro

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Procura-se um dono “Bah! Esqueci meu guarda-chuva!”. Essa é uma das frases mais comuns de alguém que, por distração ou esquecimento, acabou deixando para trás algum pertence em um (in)determinado lugar. Dependendo do lugar, torna-se uma missão quase impossível tentar reaver o objeto esquecido, mas na Unifra nem tudo fica perdido. Desde o início do ano letivo, alguns materiais como estojos, livros, roupas e uma grande quantidade de guarda-chuvas estão à espera de seus donos no setor de achados e perdidos da instituição. Todos os objetos encontrados em salas de aula ou no pátio da instituição são etiquetados pelos funcionários com a sala, o turno e a data de quando foram localizados. Os mais valiosos como relógios, pulseiras e celular são guardados separados. Tudo vai para uma planilha de controle onde é registrada a entrada e a entrega aos seus respectivos donos. Segundo o funcionário Adriano Sichonany, o objetivo é que os acadêmicos venham procurar seus pertences: “Muitos que estudam aqui não sabem que existe este setor. Então quem perdeu alguma coisa nas dependências da Unifra precisam vir aqui procurar”. O setor de Achados e Perdidos funciona no prédio 14, na sala 311 e os esquecidos que quiserem procurar algum objeto perdido deve falar com Adriano ou Vanessa, nos seguintes horários: de manhã, das 10hs às 11hs, de tarde, das 15hs às 16hs, e de noite das 19hs às 20hs. Por Jucineide Ferreira Douglas Menezes

Em menos de 2 meses de aula o setor de achados e perdidos está lotado


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paixonados pela fotografia da cidade e da região puderam apreciar e trocar experiências na Gare da Estação Férrea durante o Primeiro Varal Fotográfico de Santa Maria. O evento aconteceu nos dias 4 e 5 de abril e reuniu mais de 140 fotografias de artistas profissionais e amadores. A iniciativa foi do grupo Foto Clube Vila Belga e teve o objetivo de expor as imagens em um local histórico da cidade, com a intenção de atrair os santa-marienses, e de aproximar a fotografia do cotidiano das pessoas. A ideia de realizar o Varal Fotográfico partiu do Foto Clube BH, de Belo Horizonte, que esteve apoiando a exposição em Santa Maria. Segundo o presidente do Foto Clube Vila Belga, David Kny, o Foto Clube também está vinculado à Confederação Brasileira de Fotografia e tem planos de realizar uma exposição temática. No total, mais de 60 fotógrafos participaram da exposição de imagens feitas com câmera digitais e analógicas. Com os mais variados estilos e técnicas, as fotos chamaram atenção pela

Fotos Leandro rodrigues

simplicidade e ousadia. Capturando imagens há pouco mais de dois anos, a fotógrafa profissional Ro Toffoli decidiu participar do Varal. Ela, que gosta de fotografar crianças, fez parte de um trabalho social que registrava imagens de moradores humildes do Bairro São José. A estudante Paula da Costa Rigon, 24 anos, aprovou a organização do evento. Ela explica que, por gostar de fotografar, foi ao Varal para apreciar o talento de outras pessoas que compartilham o mesmo gosto e prazer pela arte. “Pretendo participar da próxima exposição com fotos que eu tirei aqui mesmo, na Gare”, completa a estudante. Outra parceira do Varal foi a escola Fotografare, que dispõe de cursos de fotografia digital e de desenvolvimento da estética e da criatividade. No primeiro dia do evento foi realizado um bate-papo sobre fotografia com os integrantes do Foto Clube. E no domingo, o grupo ofereceu um mini-curso de fotografia direcionado para amadores. Por Fabiana Einloft

Fotos Fabiana Einlot

No varal da fotografia

O Varal reuniu mais de 140 artistas amadores e profissionais

A escolha da Gare também foi para atrair os santa-marienses

O gosto pela arte foi exibido e visto por diversos ângulos

Uma alternativa para leitura barata

Os sebos têm se consolidado como alternativas de acesso à leitura

O brasileiro, segundo uma pesquisa realizada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), lê em média 4,7 livros por ano. O argentino lê mais, são em média oito livros lidos por ano. Um dos fatores para o índice no Brasil é o alto preço dos livros novos. Em Santa Maria, recorrer aos sebos é uma alternativa que pode proporcionar ao consumidor uma economia de até 60% na compra de um livro. Além disso, o interessado pode encontrar obras raras e até mesmo edições esgotadas. A série completa do Harry Potter, personagem criado pela escritora britânica J.K. Howling, custa em média R$ 360,50 em uma livraria convencional. Já nos sebos da cidade, o cliente pode encontrar a mesma coleção de sete livros por R$ 140,00. O vendedor ambulante Pedro Newton Borba, 55 anos, costuma ler livros sobre religião e afirma se espantar com os preços de alguns livros novos. A alternativa encontrada por ele foi com-

Na prateleira, muitas opções de conhecimento

Pedro lê livros enquanto espera os clientes

prar em um sebo. “O livro é uma companhia para as tardes de trabalho”, completa o vendedor. Juarez Saraiva, 53 anos, formado em economia e sociologia pela Universidade da Região da Campanha (Urcamp) de Bagé, está no ramo de venda de livros usados há 11 anos e destaca que os livros mais vendidos são os de filosofia e literatura clássica. Ele é proprietário da Livraria Mercado do Livro, localizada na Rua Riachuelo 443. A loja tem mais de 15.000 livros,

revistas e discos no acervo. Enquanto para alguns a internet pode ser uma boa ferramenta para encontrar obras literárias a preções acessíveis, para a aposentada Maria Rodrigues Pereira, 57 anos, o prazer está em tocar e manusear o livro que vai escolher. “Frequento também as livrarias, mas nos sebos fico mais tempo procurando livros antigos e também conversando com os outros clientes”. Por Leandro Rodrigues


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Ao pé da letra

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Juliano pires

Acordo ortográfico anda em desacordo entre livros e editoras

assado um mês do início das aulas, e acalmado o clima de euforia e expectativa pelo recomeço das aulas e de rever os colegas, é chegado a hora de voltar ao trabalho. E um desses momentos é quando os estudantes se deparam com os novos conteúdos das séries em que estão estreando. Porém, mais difícil do que aprender a matéria nesse início de jornada, é reaprender novas regras sobre aquilo que já foi assimilado e sistematizado. Esse processo de desconstrução acaba se transformando em um verdadeiro desafio para os estudantes dos terceiros e segundos anos do ensino médio. Outro fator que corrobora para aumentar essa dificuldade é o período de transição até que o acordo ortográfico, aprovado desde janeiro, seja efetivamente implantado e exigido pelas instituições de ensino. “Eu tenho duvidas, mas é mais pro lado de curiosidade, porque como a regra nova só vai ser válida em janeiro de 2012, ainda estou utilizando a regra ‘antiga’, já que ela ainda é aceita”, destaca a estudante do terceiro ano da escola Cilon Rosa, Jéssica Stanque, 16 anos. O mesmo não acontece com os primeiros, já que o conteúdo, além de recém apresentado, está adequado às alterações propostas. Por outro lado, o acordo ainda tem tirado o sono dos alunos e professores mais atentos às (nem tão) novas regras.

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Um dos principais problemas enfrentados por eles é a grande quantidade de manuais que, por apresentarem variações na interpretação das modificações, acabam dificultando a compreensão. Segundo a professora de língua portuguesa, Estelamaris Finger, é importante que os interessados busquem solucionar dúvidas por meio de materiais oficiais, como os produzidos pela Academia Brasileira de Letras, ou considerados “seguros”, como as obras da série Aurélio. Estelamaris esclarece que a assimilação também está associada à forma como o professor apresenta o conteúdo. Uma das estratégias utilizada pela professora para facilitar o entendimento dos alunos é a contextualização: primeiro é feito um resgate das regras “antigas” para em seguida as mudanças serem apresentadas. A também professora de língua portuguesa, Luciane Bernardi, compara a tarefa de ensinar as modificações propostas pela reforma ortográfica à situações experimentadas em outras profissões. - A própria palavra reformar remete à ideia de re-formar, de reconstruir a partir de algo que já existe. A situação é parecida com a de uma costureira que tem de remendar uma roupa ao invés de criar uma peça nova – finaliza Luciane. Por Juliano Pires

Precocidade infantil traz preocupações

Jogos, filmes e noticiários são alguns dos elementos presentes no dia-a-dia de parte da população brasileira, e que cada vez mais integram o cotidiano cultural das pessoas. É o filme no final de semana com os amigos ou o vídeo-game depois das tarefas da escola. E parece cada vez mais difícil fugir dessa realidade. Assim, ao mesmo tempo em que a diversão dos jogos e dos filmes traz distração aos filhos, os noticiários chamam a atenção dos pais para uma preocupação da atualidade: a violência entre jovens e crianças. Na mídia, com uma certa regularidade, é possível se deparar com diversos casos em que jovens, e até crianças, passam a protagonizar o papel de agressores. Da mesma forma, também não são poucas as campanhas que pedem uma regulamentação de passatempos como internet, programação televisiva e dos games. Isso tudo acaba gerando nos pais dúvidas sobre as exposições e o tempo aos quais os filhos podem ficar submetidos. Segundo o psicólogo e Doutor em Ciência da Comuni-

Computador e internet, uma mistura que assusta pais e especialistas

cação, Arnaldo Chagas, a agressividade e violência resultam de como os seres humanos vivem. Isto é, ela não se altera e é impossível supri-la. Para Chagas, a principal questão talvez seja como se lida com ela. “Não há como pensar que jogos e filmes em si sejam reforços para uma cultura violenta. Isso faz parte do mundo virtual e não do real.

Por exemplo, no jogo podemos fazer coisas que não fazemos no mundo real”, salienta. Contudo, o psicólogo afirma que a exposição da criança à violência pode ser uma espécie de desencadeadora. O processo pode ser agravado se o jovem ou a criança já possuir uma tendência agressiva, podendo vir a externá-la em determinado momento.

Chagas também destaca que a questão é mais ampla. “O problema está na precocidade. As crianças têm contato muito cedo com as chamadas novas tecnologias e isso pode trazer problemas de ordem cognitiva como falta de atenção. Outra conseqüência é a ansiedade. Nós perdemos o limite e esperamos que as crianças o tenham”, conclui.

Para a diretora da escola Zenir Aita, Denise Cauduro, a violência por parte das crianças está relacionada ao ambiente em que vivem. Segundo ela, o papel dos educadores vai além das práticas pedagógicas. “No ano passado tivemos problema com uma turma. Então, chamamos a família dos alunos, realizamos palestras com o Juizado da Infância e da Juventude e informamos o papel do Conselho Tutelar, entre outras medidas. Deixar claro seus direitos e deveres é essencial para sua formação cidadã”, conta a diretora. O problema da violência infanto-juvenil engloba uma série de fatores, onde as causas não podem ser determinadas e atribuídas de forma específica a um jogo de videogame ou a um programa de televisão. Nesse contexto, a melhor solução é estabelecer limites e constituir um diálogo que revele as diferenças do ambiente virtual/ficcional para o real, sem prejudicar a interação tanto com os meios, quanto com a sociedade. Por Patric Chagas


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Chocolate: expectativa para comerciantes, dúvidas para os pais D Giulliano Olivar

Páscoa mantém atrelado o conflito entre o ser e o ter

oce ou amargo, branco, preto ou colorido, e nos mais variados formatos. A cada ano, os ovos de páscoa vão ganhando diferentes formas com um objetivo: o de conquistar e atrair a atenção dos consumidores. E é nesta época do ano em que eles se tornam o centro das atenções, e quando acontece a maior variação no preço do chocolate. E para vencer aqueles pais mais resistentes, junto com os lançamentos, também surgem novidades tornando-os tentadores para as crianças e a esperança dos comerciantes. Perante a crise mundial econômica que afeta todos os setores, as datas comemorativas como a Páscoa se transformam em alternativas de lucro para o comércio. Brinquedos, roupas e eletrônicos são algumas das opções oferecidas, mas segundo o gerente do setor alimentício de um dos supermercados da cidade, Djalma Machado, o chocolate continua sendo o mais procurado. O apelo comercial é grande e os chocolates com brindes que fazem referências a personagens são muito desejados pelas crianças. De acordo com a psicóloga Fernanda Jaeger, coordenadora do Curso de Psicologia da Unifra, os gostos e opiniões das crianças “são construídos culturalmente, a partir dos estímulos oferecidos em seu ambiente”. Há crianças que desenvolvem artimanhas para conquistarem

Páscoa com sabor caseiro Fôrmas de confecção, barras de chocolate, criatividade e muita boa vontade. São esses os ingredientes de quem decide ganhar a vida através da confecção de chocolate caseiro. E, devido à técnica quase artesanal, não é fácil encontrar quem pratique o ofício. E também é dessa forma que, há 21 anos, trabalha Beatriz Maria Froemming, 55. Tudo começou quando ela procurava uma terapia para se distrair depois que sua filha ficou doente. “Na época era novidade aqui em Santa Maria, ninguém fazia. Me emprestaram um polígrafo de receitas que veio do Rio de Janeiro e eu comecei a fazer os doces. Não havia nenhum curso, aprendi tudo sozinha”, explica a chocolateira, que além de confeccionar os doces, trabalha em uma farmácia.

fotos Maiara Bersch

Beatriz considera suas confecções uma terapia

A partir daí, com a oportunidade de fazer os doces, sua produção foi crescendo, até que ela conquistou uma das bancas do calçadão. Hoje faz quase duas décadas que Beatriz tem sua banca de chocolates, onde vende cerca de 500 bombons

por dia. Ela destaca que no período de Páscoa a procura pelos doces aumenta, o que fez com que a produção de chocolates começasse em janeiro. “É bem trabalhoso, mas eu gosto de fazer, de comprar o material e confeccionar. A pessoa que trabalha há 21 anos com isso tem que gostar muito do que faz. Além disso eu me distraio”, conta Beatriz. Como a “fábrica” fica em sua própria casa e não há gastos com transporte dos produtos até a banca, os custos são mínimos, e permitiram que Beatriz pudesse contar com a ajuda de mais duas pessoas. Na hora de confeccionar as embalagens, criatividade é o que não falta. “Sempre coloco uma lembrança, como canetas ou chaveirinhos, para valorizar o presente”, comenta ela.

seus pedidos. É o caso de Lucas Martins, 7 anos, que toda a vez que vai ao mercado com sua mãe exige alguma coisa. “Quando ela diz não, eu peço e incomodo até ela me dar”. Para a coordenadora adjunta do curso de psicologia da Unifra, e especialista em desenvolvimento infantil, Cristiane Bottoli, é importante que os pais não atendam de imediato às vontades dos filhos, pois estes devem compreender desde pequenos que nem sempre poderão ter tudo o que querem. Cristiane esclarece que muitos pais cedem aos desejos dos filhos até mesmo quando não têm condições financeiras para isso. O motivo mais frequente é o de que, levados por um sentimento de culpa, e de não participarem ativamente da vida os filhos, os pais acreditam que agradando a criança com um presente irão suprir suas ausências. É assim com empregada doméstica, Clara Dias, 35 anos, que procura sempre atender os desejos da filha Brenda, 6 anos. “Tive uma infância muito pobre, tudo o que não tive procuro dar a ela”, observa Clara. Já a vendedora Jurema Aparecida Gonçalves, 40 anos, descreve sua tristeza por não poder atender aos pedidos dos três filhos, de 5, 8 e 11 anos: “Me sinto mal por não ter dinheiro suficiente para dar o que eles querem”. Ela complementa que procura negociar com os filhos: “Digo que posso dar um do

mesmo tamanho, mas diferente”. Cristiane avisa ser normal o sentimento de frustração dos pais e orienta que diante dessa situação a solução mais adequada é dialogar com as crianças de maneira clara e pacífica, tentando explicar os motivos pelos quais não irão atender seus desejos. “Não dar o que os filhos querem, nem sempre é um mal”, ressalta a especialista. Entretanto, há crianças conscientes em relação à situação econômica dos pais. Luize Forgiarine, 9 anos, é um exemplo. Ela explica que gostaria de ganhar um ovo que vem com um relógio dentro, mas sabe que no momento seus pais não têm condições de lhe dar o presente, pois sua mãe está grávida e seu pai perdeu o emprego de garçom. “Eu entendo, sei que agora ele não pode gastar muito, minha maninha vai nascer e ele tem que guardar dinheiro”, relata a menina. “O mais importante é saber como os pais agem em outras datas, não só na Páscoa. Não adianta tentar mudar só agora, porque a criança não irá compreender, é preciso agir coerentemente como já vem agindo”. Cristiane finaliza explicando que os pais devem dar o exemplo e impor os limites desde a infância, para que no futuro os filhos apresentem um crescimento junto à sociedade. Por Claudiane Veber

Clarissa exibe as produções realizadas na fábrica de Beatriz

A fábrica de Beatriz pode não ser tão fantástica quanto a do personagem Willy Wonka de A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), mas a história da santa-

mariense mostra que a produção de chocolate caseiro pode sim, se tornar um bom negócio. Por Liciane Brun


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dos pais, pois estimulavam os pequenos a adquirirem precocemente elementos da vida adulta. Outra característica que permite detectar a participação desses programas na formação das crianças é a atenção dada pela mídia a esse público, pois, junto com os programas, existe uma série de outros produtos direcionados às crianças. Entretanto, nos anos 90, a preocupação com esse tema passou a ter dimensões tão extensas quanto a vestimenta das dançarinas de axé, que se tornou um dos ritmos mais ouvidos no período. Em meio aos grupos mais famosos estava o “É o Tchan”, que com suas letras maliciosas e coreografias sensuais, fizeram sucesso entre todas as idades. Para a estudante de jornalismo Jamile Peres, 28 anos, mãe de Cassiano, 14, e Gabriel, 12, as letras e coreografias não influenciaram na criação de seus filhos. - Acredito que isso depende do meio em que a criança é criada e à liberdade que se tem em casa em relação a sexuali-

Para Jamile, pais tem papel importante na sexualidade dos filhos

dade, isso sim influência. Na época do “Tchan”, meu filho dançava e sabia as coreografias, mas era algo que ele só lem-

brava quando tocava a música – ressalta Jamile. O psicólogo Felipe Schroeder de Oliveira explica que

a criança por si só não faz a mesma leitura de uma dança erotizada como um adulto faz. “Uma dança erótica para nós assume uma conotação bem diferente do entendimento que faz uma criança de 3 anos de idade”, ilustra Oliveira. Hoje, semelhante como aconteceu com o axé durante nos anos 90, o funk tem grande espaço na mídia, e músicas como a “Dança do Creu” são tocadas em rádios de todo o país. O psicólogo esclarece que a expressão da sexualidade da criança depende de como as pessoas significativas para elas, como os pais, por exemplo, lidam com a questão. Oliveira alerta que a sexualidade da criança não pode ser reprimida com violência ou ameaças, da mesma forma que o estímulo precoce pode acarretar em consequências difíceis de serem lidadas por elas. Cabe aos pais ou responsáveis da criança apresentar o conteúdo do universo infantil aos filhos e conversar com eles sobre o que estão assistindo e ouvindo. É importante despertar o senso crítico da criança para que ela consiga compreender o que está assistindo e qual o impacto que isso terá na sua vida e na dos outros. Por Cassiano Cavalheiro

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Imagens divulgação

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a atual sociedade da informação, é comum as pessoas serem bombardeadas por diferentes formas de estímulos e de conteúdo. Dessa forma, a mídia populariza todo tipo de produto cultural. Um exemplo disso é a influência exercida pelo rádio e pela TV, que há décadas determinam elementos da moda através da imagem e do som. E um dos públicos-alvos que mais absorvem essas tendências midiatizadas, mesmo não sendo o foco principal, é o infantil. Derivado desse contexto, o principal questionamento entre pais e especialistas é o de até que ponto se torna saudável que a criança absorva essas informações sem deixar de lado o aprendizado infantil. Na correria do dia-a-dia, o caminho encontrado por alguns pais para proteger os filhos é dar limites para o que os baixinhos assistem, ouvem e falam. “Meu filho gosta de programas como Rebeldes e High School Musical. A mídia tem um poder gigante sob quem está iniciando sua formação, então eles acabam gostando de tudo que está em destaque nas rádios e TV”, observa a mãe e jornalista, Clarissa Pipi. Um argumento que reforça a opinião de Clarissa é o da psicóloga Vânia Fortes de Oliveira. Segundo ela, a mídia possui grande influência sobre o comportamento dos indivíduos, e com as crianças não é diferente. Vânia destaca como exemplo os programas apresentados pela Xuxa e Angélica durante a década de 80, que se tornaram fenômenos culturais no país e preocupavam os adultos. O consumismo infantil e a sensualidade das apresentadoras tiravam a tranquilidade

Minha amiga mídia

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Na TV uma breve retrospectiva dos programas que “mexeram” com crianças e jovens de diferentes décadas: nos anos 1980, as apresentadoras Xuxa e Angélica (1), nos anos 1990, a banda de axé “É o Tchan” (2), já nos anos 2000, o grupo de atores-músicos Rebeldes (3), o grupo musical High School Musical (4), e a personagem Norminha, da novela Caminho das Índias (5).


17ª Impressão Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA abril / 2009

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Embate diplomático

erça-feira, 7 de abril de 2009. Essa data pode vir a ser lembrada como o último encontro entre jornalistas profissionais e acadêmicos do curso de Jornalismo da Unifra. A mesa redonda realizada na última terça, dia do jornalista, ao invés de comemorações, foi pautada por um tema nada animador: o fim da exigência do diploma para exercer a profissão de jornalista. Entre os debatedores estiveram o professor do curso de Jornalismo da UFSM, Rondon de Castro, a professora do curso de Jornalismo da Unifra, Aurea Evelise Fonseca, o jornalista e representante do sindicato da categoria em Santa Maria, Ludwig Larré, e da acadêmica de jornalismo da Unifra, e integrante do movimento estudantil “Jornalistas por Formação”, Flávia Alli. No debate foram abordados o histórico da profissão, a defesa a regulamentação, o futuro dos profissionais e acadêmicos, a falta de repercussão do movimento junto à mídia e a mobilização da categoria. Enquanto todos presentes argumentaram e expuseram com uma permanente preocupação quanto ao futuro profissional, o clima da discussão envolveu momentos de pessimismo e esperança. A professora Aurea abriu a discussão destacando a importância de todos estarem reunidos para defender a causa e refletir sobre o futuro, e das possíveis reações do mercado e dos meios de comunicação caso a exigência do diploma seja abolida. O professor Castro acredita que, embora não seja o momento adequado, é propício para se repensar a questão salarial e os direitos da categoria, que há décadas não tem melhorias nas condições de exercício da profissão. “Não estou muito otimista com a votação e tenho certeza que a informação irá perder qualidade sem o diploma”, observa. Já o sindicalista abordou o desinteresse dos veículos de comunicação em noticiar as

fotos gabriela perufo

O jornalista Larré, o professor Castro, a estudante Flavia e a professora Aurea destacaram os efeitos da desregulamentação do diploma

mobilizações e as repercussões do movimento, mantendo o assunto longe do conhecimento da opinião pública. Segundo ele, há uma desorganização dos sindicatos e o jornalismo está passando por uma crise de identidade. “O diploma é essencial porque, além do jornalista adquirir conhecimentos específicos que regem sua profissão, ele está à frente das responsabilidades na sociedade”, destaca Larré. Ele complementa afirmando que quem vai pagar o preço pela desregulamentação da profissão vai ser a sociedade. As últimas palavras foram da coordenadora do curso de Jornalismo da Unifra, Rosana Zucolo, que defendeu o papel das instituições de ensino: “Nós estamos preocupados com a história, a qualificação e os investimentos na formação universitária dos alunos, como forma de garantir o exercício pleno do jornalismo no país”.

A coordenadora do curso de Jornalismo da Unifra, Rosana Zucolo, destacou a importância das instituições na qualidade da informação e formação dos profissionais

O movimento “Jornalistas por Formação” surgiu quando a juíza Carla Rister, da 16ª Vara da Justiça Federal, de São Paulo, emitiu uma sentença para que não fosse mais necessária a exigência de diploma superior

em jornalismo para obtenção de registro profissional. Em Santa Maria, o movimento foi organizado e realizado por acadêmicos do jornalismo da Unifra e da UFSM, e que deram início às mobilizações para defender

o diploma no Estado e incentivar protestos em outros lugares do país. Em Santa Maria foram realizados dois atos, e no dia 31de março o movimento unificou-se com Porto Alegre, tomando proporções estaduais. É muito importante que os estudantes se mobilizem pela causa e continuem participando em defesa do nosso diploma e espaço. Além de formadores de opinião, somos educadores”, ressalta Flávia. Recentemente o Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul criou um grupo de discussão para debater questões profissionais como a exigência do diploma, a lei da imprensa e as novas diretrizes curriculares dos cursos de graduação. A votação, que deveria ter sido realizada no dia 31 de março, foi adiada e ainda não tem uma nova data definida. Por Jucineide Ferreira


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