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20 1973 -
Revista especial em homenagem aos 40 anos da Feira do Livro de Santa Maria
Ilustração: Elias | Cores: Jô
Revista especial em homenagem aos 40 anos da Feira do Livro de Santa Maria
Editorial Escrever sobre a Feira do Livro de Santa Maria é lembrar da nossa própria história, da história da cidade, dos santa-marienses, dos agregados, que quem faz desse lugar o seu lar. Produzir esta revista foi uma tarefa de reencontro com essa história e de tentar, na medida do possível, colocar na revista alguns dos fatos e pessoas mais importantes, embora saibamos que nem todos couberam nas páginas que chegam até você, caro leitor. Considerando que é um produto experimental, feito por acadêmicos de Jornalismo do 4º semestre da Unifra, podemos afirmar que a apuração foi o mais cuidadosa possível, a produção do texto foi pensada e repensada, e a revisão do material foi feita até o limite do que poderíamos fazer. Então, está sendo entregue a você, uma parte da história da
Feira do Livro de Santa Maria, que não traduz tudo o que aconteceu nestes 40 anos, porque, afinal, seria muita ousadia pretendermos isso. Mas aqui está um relato fiel e honesto, em textos que se pretendem bons de ler e que tem informação para acrescentar a todos que se interessarem pelo tema. É com alegria que entregamos esta revista a você. É com esperança de estar contribuindo para que possamos fazer parte dessa história da Feira e que, daqui a algum tempo, este material que você tem em mãos seja fonte de consulta confiável sobre os 40 anos dessa Feira menina, que ainda vai crescer muito. Uma boa leitura e uma ótima Feira para você!
Trouxemos uma parte da história da Feira do Livro
Glaíse Bohrer Palma
Professora orientadora / Editora
Expediente Revista produzida pelos alunos do 4º semestre 2013/01 do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra) Reitora: Iraní Rupolo Pró-reitora de Graduação: Vanilde Bisognin Coordenadora do curso: Sione Gomes Professora orientadora / Editora: Glaíse Bohrer Palma (disciplina de Redação Jornalística IV) Projeto gráfico e diagramação: prof. Iuri Lammel Fotografias: Laboratório de Fotografia e Memória Coordenação da professora Laura Fabrício Professor colaborador: Carlos Alberto Badke Equipe de reportagem: Aline de Almeida Lopes, Carina de Carvalho Rosa, Carolina Santana de Oliveira, Gilson Leandro Medeiros Stefenon, Jenifer Lasch, Karine Kinzel Gomes, Maiara Cristine Strassburguer, Mariana Pedrozo da Silva, Silvana Righi Leal, Tamires Rosa da Silva, Tiéle Almeida de Abreu.
Entidades organizadoras da Feira do Livro 2013 Prefeitura de Santa Maria: Secretaria da Cultura e Secretaria da Educação Universidade Federal de Santa Maria: Faculdade de Comunicação Social Gabinete do Reitor Editora da UFSM Centro Universitário Franciscano – UNIFRA: Curso de Jornalismo Curso de Publicidade e Propaganda 8ª Coordenadoria Regional de Educação Serviço Social do Comércio – SESC/RS Serviço Social da Indústria – SESI/RS Câmara do Livro de Santa Maria
Impressão: Gráfica Editora Pallotti Tiragem: 800 unidades
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Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria – CESMA
Transgressões compartilhadas Escrever sobre feiras de livros é sempre gratificante. Só não é mais gratificante do que estar numa feira e participar dela, na frente ou atrás do balcão, como leitor ou como escritor. Desde que me mudei para Porto Alegre, em 1982, frequento a Feira local sem faltar um ano sequer. Escrevi “frequento” porque é isso mesmo. Frequentar é diferente de visitar, de dar uma passadinha para aproveitar os descontos ou ir a uma sessão de autógrafos só para não desapontar um amigo. Frequentar é estar lá todos os dias, é viver o clima, é olhar e descobrir aquele livro que a gente nem sabia da existência, mas que, por uma razão qualquer, comprá-lo ou não passa a ser uma questão de vida ou morte. Meu primeiro contato com uma feira foi em Santa Maria, quando o evento era responsabilidade da Faculdade de Comunicação Social da UFSM, cabendo sempre aos segundos anos a tarefa de organizá-la. Foi a Feira de Santa Maria, portanto, aquela que despertou em mim o fascínio pelo convívio com os livros e me fez criar o hábito de frequentá-la e não apenas me comportar como um mero visitante. Com o tempo, e por natureza, esses nossos objetos de fascínio vão mudando de lugar, vão se tornando do tamanho do oceano, uns ganhando pernas outros criando asas, uns tangíveis outros para sempre perdidos. Mas o certo é que dos primeiros a gente nunca esquece. E é com essa sensação, de escrever sobre algo eterno, que me lembro das primeiras
GUILHERME BENADUCE, LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
Por Tailor Diniz*
feiras de Santa Maria, das suas poucas barracas no entorno do coreto da Praça Saldanha Marinho, das conversas paralelas entre uma venda e outra, da leitura “Dos vinte” de Neruda [“Me gustas cuando callas...”], das transgressões compartilhadas que tinham como indiscretas testemunhas os livros e a paixão sugerida por eles. Parabéns pelos 40! * Tailor Diniz é autor, entre outros, dos livros A superfície da sombra, a ser adaptado para o cinema em 2014, e Crime na Feira do Livro, que está sendo traduzido para o alemão e será lançado na Feira do Livro de Frankfurt, em outubro próximo.
Frequentar é estar lá todos os dias, é viver o clima, é olhar e descobrir aquele livro Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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A Feira além dos livros Consagrada como evento de literatura na região, a Feira do Livro também oferece espaço para outras manifestações culturais A história dos 40 anos da Feira do Livro de Santa Maria poderia ser escrita em inúmeros capítulos, com diferentes formas narrativas, e seus personagens seriam diversos. Essa história poderia também resumir-se em um só livro, e seu exemplar faria parte das diferentes bancas e estandes que ficam expostos durante os 16 dias de Feira. Afinal, que leitor não gosta de passear pela Praça e sentir o cheiro de livro novo? Aquele aroma que o aguça e desperta a tirá-lo da prateleira e colocar cada linha da história em sua memória. Durante quatro décadas, as edições da Feira do Livro
de Santa Maria agregaram diferentes espaços culturais para públicos diversificados: adulto, jovem e infantil. A programação cultural da Feira é pensada com bastante tempo de antecedência. Hoje, são quatro entidades responsáveis pela programação cultural: SESI, SESC, Opss Comunicação e Chili Produções. Cada uma corresponde a uma área de cultura e lazer, oferecendo ao público opções de literatura infantil, peças teatrais, bate-papo com escritores, shows musicais e “contação” de histórias. Por Tiéle Abreu FERNANDO CUSTÓDIO / UNIFRA
Livro Livre traz convidados especiais
ANA GRÜTZMANN - LAB. FOT. E MEMÓRIA / UNIFRA
Nas noites de Livro Livre, parte integrante da programação noturna da Feira, que este ano acontece de 27 de abril a 12 de maio, são realizados bate-papos com convidados da literatura local, regional e nacional, que relatam suas vidas e obras já publicadas em diversos campos, como: jornalístico, educacional, musical ou literário. A conversa é mediada por alguma pessoa da cidade que domine o tema abordado, o estilo da conversa é dinâmico, bem-humorado e também são abertos espaços para perguntas da plateia. Logo após o bate-papo, o autor realiza a sessão de autógrafos. A produtora cultural da Opss Comunicação, Júlia Muraneto, responsável pelo projeto Livro Livre, conclui que o objetivo principal da programação é a diversificação dos tipos de apresentações culturais, onde são incluídas a literatura, a dança, a
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Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
A cantora santa-mariense Graziela Wirtti e o violonista argentino Matias Arriazu em duo na Praça
música e o teatro. O evento deve ser apreciado sem moderação, e a programação é aberta a toda cidade, com entrada franca.
Crianças tem espaço cativo A criançada tem horário diário marcado na praça, às 15 horas, durante todo o evento. Para ela, são reservados os espetáculos teatrais. Rose Carneiro, produtora cultural da Chili Produções, conta que essa é sua segunda edição de Feira. Ela revela que adora trabalhar com crianças, são elas que formam a plateia, tornando-se então leitores. “É
preciso puxar a criança, não dizendo para ela que é bom ler, é preciso ir por outros caminhos, a criança é muito crítica, é preciso trabalhar a arte para chamar a atenção para outras coisas, é assim que funciona”, diz Rose, avaliando a literatura na peça teatral. Os grupos que realizam as apresentações teatrais são, em sua maioria, santa-marienses.
MARK BRAUNSTEIN - LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
SESI e a Educação Infantil Há 18 anos o Serviço Social da Indústria (SESI) faz parte da Feira do Livro de Santa Maria. O gerente de Operações da Região X – Santa Cruz e Santa Maria, Saulo Oliveira, destaca que o objetivo da instituição é levar saúde, educação, lazer e responsabilidade social para os trabalhadores e seus dependentes, sendo que na área de educação o trabalho é voltado para a educação infantil. Ele destaca que a leitura é trabalhada com as crianças nas dependências do SESI desde o berço. O principal trabalho desenvolvido na Praça é a instalação do espaço Centro Cultural, que são duas carretas, com a estrutura interna equipada com mesas, sofás, TVs e acessibilidade para cadeirantes. Este ano o espaço ganhou um layout novo e a parte interna é bastante atraente para as crianças; todos que passarem pela Saldanha Marinho poderão conhecer a estrutura. O Centro Cultural nada mais é do que uma biblioteca móvel que possui um acervo cultural de 4 mil livros e 10 notebooks com acesso à internet. No espaço são realizados trabalhos lúdicos para que a criança se interesse pela cultura, interaja com os li-
No espaço SESI crianças podem ler e acessar a internet
vros e com os meios e, futuramente, por meio da leitura e da cultura, se transforme em um adulto e cidadão capaz de replicar isso. A entidade tem grande expectativa para os 40 anos de Feira, já que ela é um marco da cidade. Segundo Oliveira, trazer o público jovem à praça fará com que eles retomem as suas rotinas e encontros sociais. Ele acredita que a Praça, daqui há alguns anos, não comportará a Feira do Livro, e talvez seja preciso um lugar de maior porte, com capacidade para mais estandes, pessoas e parceiros.
Tenda SESC e a “contação” de histórias
com cunho cultural e apresentados por bandas autorais”. A atração da entidade é a Tenda SESC que, este ano, Quarenta anos de Feira do Livro mostra que Santa Maria, além de possuir um vasto cenário literário, tem como propósito aumentar o espaço para que os ainda é rica no quesito artístico e cultural. A produ- alunos visitantes prestigiem as “contações” de histótora cultural do Serviço Social do Comércio (SESC), rias. Os espetáculos serão apresentados pelo grupo do Vanessa Giovanella, destaca que a programação dos Teatro Por Que Não? e as “contações” serão feitas pelo ANA GRÜTZMANN, LAB. FOT. MEM. grupo Andarilho. Have40 anos será leve, depois LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA UNIFRA rá também o lançamento do que a cidade vivenciou do livro “O Príncipe que no início do ano, e que a Nasceu Azule”, em que a Feira será emotiva, mas “contação” da história será não triste. Ela aponta que feita pelo ator santa-mao diferencial deste ano é riense Marcelo Aquino. a diversidade na prograEste ano, o espaço físimação cultural. O evento co da Feira está maior. A inova com projetos que Praça Saldanha Marinho reúnem várias linguagens. Em 2012 o SESC fe- À esquerda: show da banda Rinoceronte. À direita: contação continua a mesma, mas de histórias realizada no espaço da Tenda SESC você já pensou se todas chou uma parceria com o projeto Livro Livre onde inclui duas noites com sho- as histórias fossem contadas no Parque Itaimbé? Pois ws musicais. Em relação a isso, a produtora comenta é, Vanessa palpita que realizar a Feira futuramente no a sua lembrança da adolescência, “as pessoas sempre parque, será a melhor opção. Quem sabe “a gente” se esperavam por shows de bandas na Feira, o que foi encontra e conta os próximos quarenta anos de história se perdendo com o tempo. Então, decidimos voltar em outro lugar? O que talvez possa mudar é o espaço, à proposta de manter shows relacionados à literatura mas “A Feira é para sempre”, como define a produtora. Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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Os narradores do cotidiano Profissionais da literatura e do jornalismo são destaques nos 40 anos de Feira do Livro LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
Juremir Machado (à direita) no bate-papo do Livro Livre na Feira do Livro de 2012, com o jornalista Claudemir Pereira
Troca de ideias com Juremir Machado
Escritor, professor, jornalista e colunista do jornal Correio do Povo, Juremir leciona no curso de Jornalismo na PUC-RS e coordena o Programa de Pós-graduação em Comunicação na mesma universidade. Já publicou 25 obras, entre eles “Getúlio”, livro que conta um 6
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
romance histórico sobre Getúlio Vargas. É através dessa publicação que o escritor veio a Santa Maria, participar do projeto Livro Livre. Para ele a Feira é um sucesso. “Uma linda feira. Com referências, bons autores, interesse dos leitores e espaço para troca entre os que amam livros”, relata. Para o autor, é fundamental encontrar leitores, trocar, ouvir ideias e poder falar sobre suas obras e projetos. Em relação ao público santa-mariense, o jornalista conta que foi muito bem recebido.
público sobre os livros “O Corpo Torturado e Mulheres” e “Filosofia ou Coisas do Gênero”, além das intenções de novos lançamentos. Para a escritora, o debate e a sessão ARQUIVO DA BIBLIOTECA PÚBLICA DE SANTA MARIA
A Feira do Livro de Santa Maria é um dos grandes projetos culturais da cidade. Durante duas semanas a população santa-mariense tem a oportunidade de invadir o mundo da cultura, literatura e teatro. Na programação, vários nomes da literatura e do jornalismo já passaram pela Praça Saldanha Marinho. Acompanhe a seguir o que alguns deles contaram à equipe da revista sobre suas experiências na Feira.
Debate com Márcia Tiburi
Filósofa e escritora, Márcia publicou diversos livros de filosofia. Acostumada a participar de diversos eventos literários, esteve na Feira em 2010 no projeto Livro Livre, onde conversou com o
Marcia Tiburi esteve na Feira em 2010 e conversou com o público sobre seus livros
MAIARA STRASSBURGER - LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
de autógrafos foram muito bons. “Havia um grande número de pessoas, o debate foi muito generoso. Foi adorável participar desse projeto”, comenta a autora.
Gabito Nunes e a literatura na web
Jornalismo e Literatura com Marcelo Canellas
Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1987, há anos Canellas trabalha como repórter da TV Globo. Já participou da Feira do Livro de Santa Maria três vezes: uma como entrevistador do também jornalista David Coimbra, outra como convidado e a última para um bate-papo no projeto Livro Livre, sobre a aproximação entre jornalismo e literatura. Para ele, o Livro Livre mostra vitalidade. “Há convivência e
Escritor Gabito Nunes, com a professora de Jornalismo da Unifra Luciana Carvalho LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
Natural de Porto Alegre, aos 16 anos começou a se interessar pelo mundo da poesia. Como base de suas produções está a internet e o blog, aliando a tecnologia a literatura. O cronista da web ganhou o prêmio de Top Blog Brasil 2010, com seu extinto blog Caras Como Eu. Veio a Santa Maria em 2012 contar um pouco de suas experiências como escritor da rede e diz que o Livro Livre foi sua primeira participação na Feira do Livro como convidado. “Considero uma pequena vitória não apenas pessoal, mas da literatura em si. Que começa a quebrar com preconceitos e paradigmas aceitando escritores que tem a internet e o blog como base”, salienta. “É interessante sair da zona de conforto, estar de frente com a curiosidade do leitor a respeito do seu trabalho, como você construiu aquele personagem, o que te inspira, como é o processo de criação”, comenta o autor, que não esquece a interação com o público santa-mariense. Para ele, Santa Maria é a primeira cidade, além da capital, onde possui tantos apreciadores do seu trabalho.
O repórter da TV Globo Marcelo Canellas em uma de suas participações
É fundamental encontrar leitores, trocar, ouvir ideias e poder falar sobre as obras e projetos. Juremir Machado partilha de conhecimento, com debates e discussões que o aproximam da comunidade”, destaca. As experiências com os leitores santa-marienses também são mencionadas pelo repórter. É através das crônicas que publica em jornal que Marcelo
tem a resposta imediata do público com o seu trabalho. “Esse diálogo com quem lê é, para o cronista, uma enorme satisfação”, conta. Por Mariana Pedrozo e Maiara Strassburger Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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A literatura festeja 40 anos de Feira A Feira está de aniversário, os livros parabenizam, os escritores aplaudem e o público ganha o presente KARINE KINZEL, LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
Era maio de 1973 e os alunos de Comunicação Social da Universidade Federal de Santa Maria tinham uma responsabilidade em mãos: retomar a Feira do Livro. O propósito dos estudantes era fixar o evento, que já ocorrera em outros anos, no calendário anual da cidade. A missão foi cumprida e a Feira consolidou-se. O local escolhido para essa trajetória foi a Praça Saldanha Marinho. O contato com a cultura estava na Praça, ao alcance de quem passava por ali. Charmoso e aconchegante, o cenário que integra a Feira do Livro
sempre foi ponto de encontro dos santa-marienses, no centro da cidade e de fácil acesso. Diferente do que conhecemos hoje, as primeiras edições eram voltadas para o público universitário. Naquela época, havia pouco mais de dez bancas destinadas a vender livros a preços acessíveis. Durante esse percurso a “aniversariante” ganhou uma identidade, cresceu e se tornou referência no estado. Teve a honra de receber ilustres autores, tais como Luis Fernando Veríssimo e Moacyr Scliar. Foi berço de lança-
A “aniversariante” ganhou uma identidade, cresceu e se tornou referência 8
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
mentos memoráveis e convidados importantes. Ao longo dos anos, a Feira ampliou-se, muitas tradições mantiveram-se e outras surgiram. As histórias e as ilustrações dedicadas às crianças ganharam um ambiente paralelo, a Feira do Livro Infantil. Foi criado o “Livro-Livre”, um bate-papo com intuito de aproximar escritores e público. Desde então, o mesmo espaço também serve de palco para apresentações culturais, tais como espetáculos de dança, teatro e música. Comemorar 40 anos só foi possível com empenho, dedicação e parceria das livrarias, editoras, escritores e instituições organizadoras do evento. Por Carina Carvalho, Karine Kinzel e Silvana Righi
A história da festa dos livros JORNAL A RAZÃO
1973 1974
1975 1976
Em 1975, a IIIª Feira do Livro contabilizou um total de 1500 exemplares vendidos. Organizar o evento passou a ser uma tradição para o curso de Comunicação Social.
1977
1978
A Feira promovida pelos alunos do curso de Comunicação Social da UFSM encerrou suas atividades no ano de 1989. A falta de apoio de instituições públicas e privadas foi a maior dificuldade encontrada pela comissão organizadora.
“Quem não lê, mal ouve, mal fala e mal vê”. Esse foi o slogan da IVª Feira, em 1976.
1989
1988
1984
1983
1982
1981
No ano de 1984, é criada a primeira Feira do Livro Infantil, com programação especial voltada para os leitores mirins.
1987
Em 1985, os santa-marienses puderam conhecer o renomado escritor Caio Fernando Abreu e conferir o lançamento do primeiro vídeo independente produzido na cidade. Nesta edição, em menos de três dias, foi contabilizado um total de vendas de R$ 6.545,00, na época, o equivalente a 18 milhões de cruzeiros. (conforme conversão feita pela equipe da revista)
1986
1980
Nos anos 80 começa a Feira do Livro Infantil
Em 1978 já era possível encontrar livros infantis.
1985
1979
Nos anos 80, além das tradicionais bancas, havia um ambiente destinado a exposições e palestras. A XIª Feira do Livro contou com a presença de Moacyr Scliar, que palestrou sobre literatura brasileira.
A Feira em seus primeiros anos, na década de 1970
JORNAL A RAZÃO
Em 26 de maio de 1973 foi inaugurada a 1º Feira do Livro. Nas três primeiras edições ela era chamada Feira Universitária do Livro. O nome faz referência à ideia dos alunos da Faculdade de Comunicação Social (FACOS) da UFSM, de criar um espaço para vender livros com preços acessíveis.
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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Em 1996, Moacyr Scliar retorna a Santa Maria para participar da Feira, 18 anos após sua primeira visita.
1999 1998 1997
A novidade da Feira do Livro de 2001 foi a opção da troca de livros, conhecida como a Feira do Troca-troca. Nesse ano também ficou instituído que a Feira aconteceria no primeiro semestre do ano, nos meses de abril e maio.
JORNAL A RAZÃO
1995 Nos anos 90 a Feira se amplia
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1991
1990
Em parceria com o poder público, a direção e o diretório acadêmico da FACOS assumiram riscos e responsabilidades, decidindo retomar a Feira. No ano de 1995 os livros voltam para a praça Saldanha Marinho. A atração principal da 23ª edição foi o escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo.
A partir desse ano a Feira começou a ter um patrono que, na oportunidade, foi José Mariano da Rocha Filho. Na retomada, em 1995, além dos livros, as atividades culturais se mantiveram. Atrações de música, teatro e dança fizeram parte da programação. Vender livros com descontos já era característica da Feira.
1994 1993 1992
Para suprir a falta da Feira, que não aconteceu em 1990, a Secretaria de Cultura promove a I Feira Municipal do Livro em 1991. A iniciativa não deu certo e, nos anos seguintes, a Cidade Cultura ficou sem Feira.
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
Em 2002, a principal inovação da 29ª edição da Feira foi o Cyber Café, localizado na Casa de Cultura, que possibilitava o acesso livre e gratuito à internet. Em 2003, os organizadores da 30ª Feira do Livro retomam a Feira do Livro Infantil, esquecida desde 1989.
LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
1996
2003
2002
00 20 JORNAL A RAZÃO
JORNAL A RAZÃO
O segundo patrono foi Luis Guillherme do Prado Veppo, primeiro escritor local a lançar sua obra na Feira, o livro de poemas “O Girassol Azul”.
2001
LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
A partir dos anos 2000 a Feira se consagra como o maior evento literário da região centro do estado.
Em 2010, Caco Barcellos e Moacyr Scliar estiveram presente no bate-papo proposto pelo Livro Livre.
DIVULGAÇÃO
No ano de 2011, o que chamou a atenção na Feira do Livro foi a campanha “A leitura combate a ignorância”.
2008 2009 2010 2011 2012
2013
DIVULGAÇÃO
BIBIANE MOREIRA - LAB. FOT. E MEMÓRIA / UNIFRA
07 20
2006
2005
2004
Uma trupe de cronistas santa-marienses reuniram-se na Feira do Livro de 2004 para lançar o livro “Trem dos Onze”. A obra foi escrita por: Tânia Lopes, Marcelo Canellas, Humberto G. Zanatta, Antônio Cândido Ribeiro, Orlando Fonseca, Pedro Brum Santos, Diomar Knrad, José Bicca Larré, Ludwig Larré, Vitor Biasoli e Máximo Trevisan.
Em 2008 a Feira ganha uma identidade visual definitiva, com o desenho de três pássaros, formando um livro. A intenção é mostrar que a praça não é o limite e que os visitantes alcem voos pelo mundo da literatura. Com a campanha 150 Anos de Histórias na Ponta da Língua da Boca do Monte, a 35ª edição da Feira do Livro homenageou os 150 anos de Santa Maria, em 2008. Projetos paralelos como o Circuito Elétrico e o Livro Livre surgiram nessa edição. O Circuito Elétrico é um projeto extensão da Feira com objetivo de levar literatura aos frequentadores de bares e casas noturnas de Santa Maria O Livro Livre proporciona bate-papo entre escritores e público. Na primeira edição do projeto, destaque para Gabriel O Pensador.
Em 2012, a Feira bateu o recorde de venda com mais de 51 mil exemplares comercializados. Essa edição ficou marcada pela morte da homenageada Maria Luiza Ritzel Remédios durante a Feira. O já tradicional bate-papo proposto pelo Livro Livre trouxe à praça Saldanha MariLAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA nho nomes como Rodrigo Lopes, Marcelo Canellas, Gabito Nunes e Paula Taitelbaum. O evento também contou com a presença do escritor Luis Fernando O jornalista Marcelo Canellas participa Veríssimo. do Livro Livre DIVULGAÇÃO
Personalidades como Mario Prata, Fabrício Carpinejar, MV Bill e Marcelo Canellas foram os convidados desse ano.
“Suas histórias contam nossos 40 anos” Com esse slogan, a Feira do Livro de Santa Maria traz a personagem Clarissa, que teve contato com a primeira Feira aos cinco anos de idade. Em 2013, além de visitar a Feira, ela lançará seu livro. E com essa ideia a cidade comemora a data especial.
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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Patrono e homenageados: os nomes do ano As personalidades que constroem a identidade da Feira Entre momentos marcantes e mudanças que fizeram a Feira evoluir, não podemos esquecer as personalidades homenageadas que fizeram parte das edições. A comissão organizadora redefiniu, em 2001, quais critérios seriam utilizados para decidir quem receberia os títulos de patrono e homenageados. Eles são conferidos a personalidades de destaque no âmbito literário de Santa Maria.
O primeiro patrono
A Feira do Livro de Santa Maria, em 1995, teve como primeiro patrono o reitor-fundador da Universidade de Santa Maria (UFSM) José Mariano da Rocha Filho. Mariano da Rocha nasceu em 1915 e é o oitavo filho de José Mariano da Rocha e Maria Clara Marques Mariano da Rocha. Ingressou na faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1932. Dois anos mais tarde fundou e presidiu a Federação dos Estudantes
Universitários de Porto Alegre. Graduou-se em Medicina em 1937 e, na ocasião recebeu o prêmio Carlos Chagas, destinado ao melhor aluno da turma. No ano seguinte passou a dar aulas na Faculdade de Farmácia de Santa Maria. Em 1956 consegue a autorização para o funcionamento do curso de Medicina. Em 1960 o presidente Juscelino Kubitschek conduz a cerimônia de criação das instituições. Em 18 de março de 1961, presidiu a cerimônia de instalação da UFSM no município, no Cine-teatro Glória. Foram então criadas a Faculdade de Agronomia, Veterinária, Filosofia e de Belas Artes. Em 1962 publicou o livro “USN, a Nova Universidade”, no qual expõe as bases da Nova Universidade. José Mariano da Rocha Filho morreu em 1998.
ARTE IURI LAMMEL
Critérios para a escolha Você sabe quais são os critérios utilizados pela comissão organizadora da Feira do Livro para escolher o patrono e homenageado? Conversamos com a professora Cristina Jobim Hollerbach, representante do Centro Universitário Franciscano, Unifra, na Comissão Organizadora da Feira que esclareceu como funciona a escolha dos homenageados. Segundo ela, a partir de 2001 os critérios foram melhor definidos. “Quando nos reunimos, estabelecemos critérios mais claros. Embora eles já existissem antes, não eram muito verbalizados”, destaca ela. O patrono deve ser alguém com significativa expressão literária, que não precisa ter nascido aqui, 12
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
mas têm que estar estabelecido na cidade. “Ele tem que escrever em Santa Maria ou sobre Santa Maria. Tem que ter essa conexão com a cultura local, com a literatura local”, afirma Cristina. A homenagem póstuma, como diz o nome, é dedicada a uma personalidade santa-mariense muito influente no mundo literário local que já morreu. A categoria de homenageado é um título mais recente, instituído há dois anos. O critério utilizado é que a pessoa atue na área da educação. “Normalmente tem relação com a literatura, mas não necessariamente tenha publicações. Então são pessoas que trabalham através da educação com a literatura”, comenta Cristina.
Feira do Livro Infantil
As crianças conquistaram seu espaço na Feira do Livro no ano de 1984. Seis anos depois a Feira do Livro deu uma pausa. Ela reiniciou definitivamente na década de 90, mas as homenagens na Feira do Livro Infantil de Santa Maria só iniciaram de fato em 2003. Para a escolha de patrono e homenageados, a preferência foi para autores de livros infantis locais. De acordo com a coordenadora da Biblioteca Pública Henrique Bastide e representante
da instituição na Comissão da Feira, Rosangela Rechia, a partir de 2011 essas homenagens acabam, por não haver mais autores de livros infantis locais para homenagear. Para sanar a falta de escritores de literatura infantil em Santa Maria a Academia Santa-mariense de Letras realiza há dois anos um concurso para descobrir novos talentos nessa área, para assim dar continuidade e publicar livros infantis. O primeiro escritor local a receber essa honraria foi Humberto Gabbi Zannata, em 2003.
E com a palavra... ALINE LOPES / UNIFRA
E para retratar uma pequena parte desses 40 anos de Feira do Livro de Santa Maria, buscamos figuras ilustres do mundo literário que ocuparam o título de patrono para falar suas experiências, fatos marcantes, curiosidades e a importância deste que é um dos grandes eventos literários da região central.
Terreno fértil para o desenvolvimento de literatura
O incentivo à leitura
Quem também convive nesse mundo literário é o advogado e jornalista Humberto Gabbi Zanatta. Ele acompanha a Feira desde o seu nascimento, foi patrono em 2009, patrono da Feira do Livro Infantil em 2003 e guarda na memória muitas lembranças. Entre as mais marcantes, está a de uma edição na década de 1960, quando Luiz Guilherme do Prado Veppo lançava seus primeiros livros de poesias. Mas o que realmente o marcou foi um
Fonseca participa ativamente da cena literária da cidade MARK BRAUSTEIN - LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
Mestre em Literatura Brasileira e Doutor em Linguística e Letras, ele é figura ilustre na história da Feira do Livro. O professor Orlando Fonseca acredita que o espaço seja uma excelente oportunidade para divulgação dos trabalhos produzidos por autores locais. Ele mesmo, que já foi patrono da Feira, em 2005, e tem publicações premiadas na área da literatura, com poesias, crônicas, novelas, romances, ensaios, peças de teatro e revistas de humor, considera a Feira uma iniciativa que incentiva o seu trabalho e de tantos outros autores locais que, como ele, encontram na Feira um lugar fértil para o desenvolvimento das artes literárias. Como ex-secretário de Cultura do município aposta que todas as formas de arte, não só a escrita, são essenciais para o desenvolvimento de Santa Maria. Exemplo disso, é o seu envolvimento com o musical Imembuí que compôs juntamente com Otavio Segalla. A arte, para Orlando Fonseca, se desmembra em inúmeras vertentes e essa característica do autor, de diversas obras literárias, o faz um verdadeiro artista.
Zanatta já foi patrono da Feira do Livro Infantil
acontecimento em específico. “Um morador de rua, que conhecia por outras façanhas - bem distantes da leitura e da vida dita civilizada - declarou-se leitor e pediu que eu lhe comprasse dois livros. Um para ele e outro para uma filha, recém aprendendo a ler. E o que é bonito, até hoje sei que ambos, além de outros familiares, continuam leitores”, comenta Humberto. Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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O olhar de uma “escrevinhadora”
Tânia Terezinha Lopes começou a participar desse grande evento literário que é a Feira do Livro na década de 1980, quando participou informalmente com seu primeiro livro “Limites”. E, desde então, participa tanto como leitora quanto como escritora. “Tomei gosto e tenho participado tanto como leitora, Tânia Lopes participa apreciadora e consumidora desde a década de 80 como de livros, como ‘escrevinhadoleitora e escritora ra’ ”, comenta Tânia. Para ela esses quarenta anos significam a consolidação de uma vocação cultural de Santa Maria. O que mais marcou nesse tempo em que participa da Feira foi ser escolhida como patrona da Feira do Livro Infantil e Adulto. Na oportunidade, pode relançar uma de suas obras infantis, Sacolino, e também ir em diversas escolas para reforçar a importância da leitura.
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Santa Maria, Da Mãe Medianeira, Da bela Imembui... Teus braços e abraços De Quarentona Feira, Com carinhos E letras, Envolveram E amarraram Para sempre, Uma filha de Itaqui!
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ARQUIVO PESSOAL
Desde muito novo, Jorge Ubiratã da Silva Lopes, o Byrata, se interessou pelo hábito de ler. Reflexo do incentivo familiar pela leitura, que foi importante para a descoberta e a identificação com o mundo dos livros. A oportunidade de ser patrono da Feira do Livro Infantil, em 2009, proporcionou ao cartunista receber o reconhecimento da população santa-mariense. Na ocasião ele pode expor o seu melhor trabalho e também suas ideias. Na sua opinião, desde que foi patrono a Feira do Livro evoluiu em relação a público e participações. Os quarenta anos da Feira significam, em sua opinião, “a permanência de um espaço dinâmico de valorização da literatura e demais atividades culturais em Santa Maria”.
Tânia Terezinha Lopes 14
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
O que as palavras não dizem, desenhos traduzem AGÊNCIA CENTRALSUL DE NOTÍCIAS / UNIFRA
Descoberta e identificação com o mundo dos livros
Elias e sua relação com a Feira: “Para além das palavras”
A Feira do Livro tem um grande significado na vida do chargista, graduado em Desenho e Plástica pela UFSM, Elias Ramires Monteiro. Ele se sente orgulhoso por ter vivido apenas 9 anos sem sua existência e confessa que sua relação com a Feira vai além das palavras. Seu primeiro contato mais significativo com o evento foi na edição de 1985, quando fez a ilustração do cartaz do mesmo ano e participou ativamente de todo o processo de produção do material gráfico de divulgação, da criação à impressão. Em 2007 foi escolhido para ser patrono da Feira do Livro Infantil, onde lançou seu segundo livro dirigido às crianças, “A Lenda do Menino Invisível”. “Nele, pretendi colocar em evidência o trabalho do ilustrador, de forma a legitimar a escolha do meu nome para patrono e, também, com a explícita intenção de passar uma mensagem para os novos leitores: a de que o desenho não tem, necessariamente, a vocação para coadjuvante em relação ao texto. Com ele, quis dar um passo além da ideia de formar leitores: eu queria também formar autores”, explica. Na Feira, o chargista conviveu com a estudante de jornalismo que mais tarde viria a ser a mãe dos seus filhos e teve o prazer e o orgulho de ver o desenho dos filhos ilustrando seus livros. “Nela vi meu filho de 7 anos ilustrando e autografando; nela autografei junto com minha filha; tive a sorte de trabalhar em dupla com profissionais excelentes na criação de cartazes; lá lancei meu primeiro livro infantil; lá fui homenageado e vi homenagens merecidíssimas a autores consagrados - e também a iniciantes - e a amigos. E os abracei e os aplaudi. A mesma Feira em que vi meus desenhos ilustrando textos de vários e queridos escritores me deu tudo isso. E sinto que meus planos para ela ainda não acabaram”, comenta Elias. Por Aline Lopes, Carolina Santana e Tamires Rosa
LUCAS SCHNEIDER - LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
A paixão pelos livros Através da leitura pode-se encontrar o verdadeiro sentido da palavra grandeza Em um lugar calmo e rodeado de obras literárias, a patrona da Feira do Livro de 2013 nos recebeu para a entrevista. Logo de início, descobrimos que ela adora fazer anotações nas bordas de todos os livros que lê. E ao longo de sua vida, desde quando aprendeu a ler aos quatro anos, Eugenia Maria Mariano da Rocha Barichello leu centenas de livros. Ela sempre encontrou um espaço só dela para ler. A menina, em meio a 11 irmãos, gostava de estudar. Com 17 anos entrou no curso de Comunicação Social na Universidade Federal de Santa Maria. No ano seguinte ingressou no curso de Artes e logo após no de Veterinária. Mestre em Veterinária, Eugenia associava interesses entre as duas faculdades. Ela trabalhava o jornalismo científico para dar conta de fazer a intermediação entre os colegas do Jornalismo e os colegas pesquisadores da Veterinária. O talento para esquematizar as teorias biotecnológicas a fez tornar-se uma professora. Foi neste contexto que Eugenia começou a trabalhar com a docência na Comunicação. Além de seu amor pela leitura, desde muito jovem ela nutria o hábito de ler filosofia. Quando escolhia um autor, devorava toda a sua produção, mas era advertida pelo pai quando exagerava nos filósofos. “Será que essa leitura não vai lhe prejudicar, minha filha?”, conta ela lembrando do pai. Em sua opinião toda obra é um pouco autobiográfica. “O autor se desnuda no momento da criação”, por isso ela gosta de ler tudo que um autor escreve, para conhecer não só a sua obra, mas também para descobrir um pouco sobre a sua personalidade.
É preciso ter âncora para navegar
Ao lembrar com entusiasmo de algumas leituras que fez e que considera importantes, como a obra de Machado de Assis, um dos seus autores prediletos, Eugenia se afirma adoradora de lembranças e memórias, se diz uma memorialista antiquada que ao mesmo tempo trabalha com tecnologia na área da comunicação. Para explicar a ligação existente entre esses dois polos, ela sem perceber, faz poesia. “Eu acho que quando nos aventuramos em novos mares, nós precisamos ter uma âncora e essa âncora é a memória, quem tem lembrança, raiz, pode se aventurar pelo mundo, pelo novo, pelo desconhecido”, declara. A patrona da Feira é autora de 5 livros, além de já ter colaborado com 20 capítulos em outras obras, ser participan-
A professora e escritora relembra sua história junto à Feira do Livro de Santa Maria
te frequente dos eventos e revistas acadêmicas com artigos científicos, ela ocupa a cadeira número 21 na Academia Santa-Mariense de Letras.
Eugenia respira Feira do Livro
A filha do fundador da Universidade Federal de Santa Maria fez parte da história da Feira do Livro desde o princípio, quando viu o pai ser o primeiro patrono. José Mariano da Rocha Filho foi precursor da Feira em 1973 e, de lá pra cá, Eugenia também se tornou uma participante ativa do planejamento dela. Com espírito de solidariedade e compaixão pela cidade, em 1996 se uniu a um grupo de escritores e idealistas para reeditar a Feira que estava sem acontecer nos três anos antecedentes. Sem nenhum medo de novas empreitadas a professora se dedica ao trabalho e busca ajuda de amigos para fazer da Feira do Livro um evento de máxima importância para Santa Maria.
Grandeza de espírito
A patrona deste ano é uma pessoa modesta e calma, mas também perseguidora de grandes projetos. Ela mesma conta que é em meio às leituras que se sente mais a vontade. “Passaria horas mergulhada no imaginário das literaturas e de diversos tipos de estudos, eu adoro”, afirma. Eugenia parece não esperar nenhum reconhecimento pelas coisas que faz, estuda ou produz. O modo singelo da escritora nos faz acreditar que pode ser através dos livros que se encontre o verdadeiro sentido da palavra grandeza. Por Aline Lopes Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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Amanda Scherer e a trajetória profissional LUCAS SCHNEIDER - LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
Atualmente a professora estuda a subjetividade entre as relações humanas através da linguagem A professora homenageada da Feira do Livro deste ano destaca-se no cenário acadêmico da cidade pelo seu vasto conhecimento e também pela sua simpatia. Amanda Eloisa Scherer, 62 anos, filha de ferroviário, teve sua primeira experiência com a educação através dos livros Clássicos de Literatura trazidos da Biblioteca dos Ferroviários. Seu pai, que desempenhava função de escriturário, tinha o prazer de contar histórias para a pequena Amanda, que muito nova já ensaiava algumas primeiras leituras.
A primeira escola
A escola de infância foi o Colégio Sant’Anna. A escolha foi a pedido da mãe que havia feito os estudos lá e também por Amanda ser a filha mais velha de cinco irmãos. Ali a professora de primeiro ano Maria Tereza foi uma das grandes responsáveis pelo encantamento de Amanda Scherer no universo das Letras. No ensino clássico, atual ensino médio, a professora de Literatura Lorissa Nable marcou Amanda. Lorissa indicou na época a leitura de Eça de Queiroz, O Crime do Padre Amaro. “Não foi a toa que a professora não durou muito tempo no colégio, (risos) porque a história do Crime do Padre Amaro não era boa para as meninas daquela época, né (risos)”, brinca Amanda. Muitas professoras foram, cada uma em uma fase diferente, responsáveis pela conscientização de que dar aula era mesmo o que Amanda queria.
Trajetória nas Letras
Três anos depois de formada em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria, em 1976, ela foi pela primeira vez para a França, através de uma política de formação de professores e voltou de lá, depois de dois anos, formada em Linguística Geral pela Université de Paris. Em Santa Maria prestou concurso em 1981 para ser professora da Universidade Federal e foi chamada em março de 82. Por 20 anos ela deu aula de Francês na UFSM. Depois foi a vez da Linguística, disciplina que leciona até hoje. O Mestrado e o Doutorado vieram entre 1988 e 1992 em Linguística, Semiótica e Comunicação pela Université de France-Comté, em Besançon, França. E no ano 2000 foi a vez do Pós-Doutorado na Université de Rennes 2, no mesmo país . A preocupação dos seus estudos atuais é em relação 16
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
Para Amanda, o universo da literatura é o melhor lugar para viver
aos critérios de construção dos materiais que são usados para a escolarização das Línguas. É nesse contexto que Amanda Scherer busca a história das Línguas, das culturas dos povos, dos imaginários sobre a sua forma de comunicação. Por isso ela viaja para vários lugares, a fim de entender mais sobre o processo de comunicação entre grupo de pessoas, ainda que não se fale a mesma língua. Lugares como Índia, China, Áustria, Alemanha, Espanha, Itália, Portugal, África, Rússia, França, País Checo, foram visitados por ela que estuda a subjetividade entre as relações humanas através da linguagem nas formas mais diversas que esta pode apresentar.
O convite
Quando convidada para ser a professora homenageada na Feira do Livro deste ano, Amanda ficou surpresa. Conta que, em termos de literatura, é uma voraz consumidora, adora Eça de Queiróz e outras literaturas internacionais. Vê a Feira do Livro como um espaço de apoio para os produtores e consumidores de literatura na cidade e se alegra em encontrar no universo da leitura o melhor lugar para viver. Nesta realidade vive a professora Amanda Scherer, envolta de pelo menos duas enormes bibliotecas na sua casa e imersa em viagens, nas quais busca a compreensão do mundo para que, na tentativa de conhecer a si própria, possa então conhecer melhor o outro. Por Aline Lopes
Ilustrador eternizou Santa Maria através da arte A beleza e a simplicidade foram rabiscadas em preto e branco na técnica bico de pena No ano em que a Feira do Livro de Santa Maria comemora seus 40 anos é realizada uma linda homenagem póstuma a Antônio Isaia. Um homem talentoso que, através de sua arte, representou e eternizou a cidade na vida de todos os santa-marienses. É inquestionável o capricho e o cuidado para manter o papel sempre limpinho, a mão leve para alcançar a perfeição nos traços finos e a riqueza nos detalhes de cada imagem, que pouco a pouco costura um pedaço da história de nossa cidade. São obras que prendem a atenção de quem as observa, encantam pela beleza e simplicidade e as fazem referências do acervo iconográfico santa-mariense. Fazer parte da memória histórica e visual da cidade com obras que representaram cenários e personalidades que contribuíram para a formação cultural dos que aqui vivem é motivo de orgulho para a família do escritor. O genro de Isaia, Abdon Barreto Filho, aponta outras questões importantes referentes à história do ilustrador. “Convém destacar que seus estudos sobre a Vila Belga, Theatro 13 de Maio, prédio da SUCV, entre outros prédios de Santa Maria, são referências para a valorização do patrimônio arquitetônico e cultural da cidade”, comenta. É muito satisfatório para a família do ilustrador saber que as obras da coleção “Santa Maria Antiga”, circulam pelo Brasil e exterior confirmando a valorização da cidade.“Os trabalhos pioneiros de Antônio Isaia valorizam os aspectos culturais e históricos da cidade, desenvolvendo a imagem positiva do ‘coração do Rio Grande do Sul’, reconhecida pela comunidade e pelos visitantes”, relata Barreto Filho.
Memória preservada nas redes sociais
Seja como pesquisador, escritor, historiador, palestrante ou desenhista, Isaia sempre demonstrou, através de suas atitudes, o interesse em preservar a memória da cidade. Seu grande feito faz com que os jovens de hoje conheçam o passado do local no qual vivem, através de seus desenhos ou livros. “O conhecimento da história valoriza o presente e apoia as ações na busca de um futuro melhor para todos. Os livros e os desenhos de Antônio Isaia contribuem para atingir os objetivos de construir uma cidade boa para viver e boa para visitar”, é o que explica o genro ao se referir ao grande legado deixado pelo historiador.
ARQUIVO PESSOAL
Natural de Santa Maria, Antônio Isaia nasceu em 11 de outubro de 1918. Descendente de família italiana era o oitavo filho do casal Giuseppe e Chiara Isaia. Foi casado com Julieta Ivone Tonin, pai de Marta, Lúcia, Raquel e Flávio e avô de Flávia, Ana, Bruna e Davi. Estudou Farmácia em Porto Alegre e manteve durante 60 semanas no jornal Diário de Santa Maria a coluna Santa-marienses do Passado: retratos e relatos, com o objetivo de expandir e divulgar as passagens históricas conquistando mais aliados à preservação da história local.
A família estuda algumas possibilidades de realizar um projeto específico na internet, mais precisamente em redes sociais para dar mais visibilidade ao trabalho precioso, fonte digna de créditos e rica em detalhes sobre a cidade. Assim, a técnica bico de pena poderá ser conhecida e observada por pessoas do mundo todo.
Homenagem póstuma emociona família
Essa homenagem póstuma mexeu com as emoções da família de Isaia, que se dispôs a colaborar para que esse trabalho saísse à altura do homenageado. Gentilmente, Julieta Ivone Tonin, viúva do ilustrador, abriu as portas de sua casa para a equipe da revista, buscando na memória acontecimentos e fatos marcantes, deixando-se levar pelas recordações e se emocionando em cada lembrança contada. Antônio Isaia faleceu em 4 de julho de 2008. Apaixonado pela cidade onde nasceu e viveu, coube a ele tornar mais conhecidas as histórias, as personalidades ilustres e as clássicas paisagens de Santa Maria. O que faz os familiares se sentirem honrados pela homenagem, nesse que é considerado o maior evento cultural da região central e que se mantém há 40 anos levando conhecimento, formação e educação a todos visitantes e participantes. Por Tamires Rosa Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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Depoimentos de quem faz parte da história da Feira Prefeitura Municipal de Santa Maria
A Feira como palco da promoção de idéias A leitura é o caminho para a construção de uma sociedade com autonomia de pensamento. Santa Maria tem seus mais importantes capítulos escritos por pessoas que, notadamente, buscaram na cultura a forma de manifestar suas idéias, influenciando, positivamente, a construção de uma sociedade crítica. Entre as diversas manifestações que fazem parte do nosso rico roteiro cultural, destacamos a Feira do Livro de Santa Maria, que nesse ano de 2013, chega aos seus 40 anos, homenageando aqueles que, ao longo dos tempos, se destacaram por promover o exercício do livre pensamento e da promoção da arte em suas diferentes manifestações: a patrona Eugênia Mariano da Rocha Barrichelo, a Professora Homenageada Amanda Eloisa Scherer, e o Homenageado Póstumo Antônio Isaia.
Saudamos a Comissão Organizadora da Feira do Livro de Santa Maria - 40 Anos, pela escolha destas ilustres figuras do nosso meio cultural. A cidade, através de um dos maiores e mais antigos eventos literários do Rio Grande do Sul, cada vez mais se consolida como um pólo da cultura, da arte e da literatura, incentivando novos escritores, valorizando a memória de importantes referências de nossa literatura. De 27 de abril a 12 de maio de 2013, a Praça Saldanha Marinho será mais uma vez palco da nossa tradicional Feira do Livro. Por isso, reforçamos o convite para continuarmos transformando a nossa sociedade, pela crítica, pelo livre pensamento e pela promoção das idéias. Esse é o nosso desejo! Cezar Augusto Schirmer, prefeito de Santa Maria
UFSM
A Universidade em ação Na história cultural de Santa Maria, a Feira do Livro tem um espaço destacado na promoção da leitura e do desenvolvimento intelectual da nossa comunidade. Neste ano, em que se comemoram os 40 anos desse evento, a Universidade Federal de Santa Maria, em seus 52 anos de existência, tem orgulho em dizer de sua importância fundamental para a construção desta história. Ainda no ano de 1962, quando se produziu o embrião dessa ideia, a primeira Feira de Livro de que se tem notícia em nossa cidade carregava o apelido de “Universitária”, com certeza no ufanismo de se ver implantada aqui a primeira universidade no interior do país. Naquele formato, a Feira não teve continuidade, por razões históricas, fáceis de detectar, pois ela foi interrompida em 1964, voltou em 1968 e não mais se realizou. Por iniciativa de inquietos estudantes do Curso de Comunicação Social da UFSM, em 1973, a Feira iniciou uma trajetória que chega até 2013, perfazendo quatro décadas de resistência. No início da década de 70, o país atravessava um período de exceção, com a censura e a repressão, em que, tanto a promoção de eventos de rua, como uma Feira cultural, 18
Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
e a circulação de livros estavam sob vigilância estrita. Por isso é de salientar que aquela primeira edição da Feira do Livro foi um ato heroico. Tanto pelas restrições da conjuntura, quanto pelas dificuldades de atrair livreiros, editoras e autores para o interior do Estado. No entanto, para uma lição permanente às futuras gerações, aquele grupo foi à luta, dispondo-se a organizar, fazer os contatos com as distribuidoras, montar as bancas, vender os livros, e cuidar da programação. Esforço que não foi em vão, como podemos constatar hoje, quando, capitaneadas pela Câmara do Livro e pela Prefeitura Municipal, diversas outras entidades, entre as quais a UFSM, encarregam-se de erguer o maior evento cultural de nossa Santa Maria. Temos orgulho também de ver, dentre os homenageados, nossos professores; dentre as bancas, a da Editora da UFSM; dentre os autores que autografam, diversos membros da nossa comunidade acadêmica; dentre os visitantes, inúmeros alunos, técnicos e docentes. E isso é o que faz da Feira do Livro um evento carregado de afeto, em seu mais elevado grau de humanismo. Felipe Martins Müller, reitor da UFSM
CESMA
Câmara do Livro
A Cooperativa na Feira
O fomento à leitura
Nossa ação solidária junto a Feira do Livro de Santa Maria iniciou em 1982 com a disponibilização de um sistema de microfichas do catálogo brasileiro de publicações servindo de pesquisa para trazer os títulos que eram sugeridos pelos estudantes e professores de comunicação. Tivemos no final dos anos 80 o papel mais contundente quando fomos avalistas pois, as editoras e distribuidores só enviariam os livros se alguma instituição assumisse o compromisso do pagamento e devolução dos livros não vendidos em condições de comercialização. A CESMA assumiu este compromisso por vários anos na absoluta confiança, endossando a causa da difusão do livro e da leitura contribuindo desta forma para a história e fortalecimento da Feira. Em alguns anos realizamos oficinas de gestão da Feira para os alunos da comunicação, com isso facilitava o nosso trabalho. Historicamente um belo e especial momento na vida cultural de Santa Maria, cidade que entra para o cenário nacional entre os pioneiros de feiras de livro em praça pública transforma há 40 anos um acontecimento democrático de acesso ao conhecimento e gera encantamento para crianças e adultos num encontro da fantasia com o real onde o escritor e o leitor compartilham momentos inesquecíveis. A Praça Saldanha Marinho no período da Feira do Livro torna-se um generoso e simpático espaço de encontro entre os que escrevem, os que leem e os que namoram os livros mergulhando num imaginário mundo do desconhecido acompanhado com a exuberante presença da natureza nas suas mais diversas manifestações. Luiz Geraldo Cervi
Em 1995 a Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria, tendo a profª Eugênia Barrichello à frente, além das entidades apoiadoras, convida livrarias da cidade para participarem de reuniões de retomada da Feira (que não teve edições de 92 a 94). Em 1996, a exposição de livros passou a ser feita por livreiros com barracas próprias. Ali nascia informalmente a Câmara do Livro de Santa Maria. Nos anos seguintes a Feira fora ampliada e expositores de fora da cidade, principalmente de Porto Alegre, também passaram a ser convidados. No ano de 2000 não houve Feira, foi o momento da mudança de período para maio de 2001, repensada num novo patamar com cobertura abrigando os expositores. Neste ano inicia uma gestão mais profissional com a coordenação da profª Cristina H. Jobim. A Câmara do Livro nasceu e teve como principal atributo auxiliar na organização da Feira do Livro. Por outro lado, passou a garantir um núcleo de livreiros locais no evento, não dependendo exclusivamente dos expositores eventuais. O fomento à leitura, a tentativa de oferecer um leque abrangente de temáticas e novidades do setor editorial em feiras, oportunizar autores independentes em lançamentos de livros e o reconhecimento de projetos ou personalidades que contribuíram e contribuem para o desenvolvimento cultural da cidade, tem sido alguns dos trabalhos realizados pela Câmara do Livro de Santa Maria. Télcio Brezolin
UNIFRA
Compromisso educacional Após a criação e consolidação do Curso de Comunicação Social do Centro Universitário Franciscano, há 10 anos, a instituição, através de seus docentes, observou na Feira do Livro de Santa Maria um espaço multicultural de conexões, no qual ideias e iniciativas indicavam os caminhos do conhecimento os quais deveriam ser registrados. Foi então que a partir de 2004, os acadêmicos dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda começaram a realizar a assessoria de comunicação do evento. Uma vez por ano, durante 16 dias, a Praça Saldanha Marinho se torna um ambiente de estágios que transcende a ideia da aplicação prática dos conhecimentos obtidos em sala de aula. Esses jovens, em contato com outros estudantes, com autores anônimos, reconhecidos, com amantes diversos dos livros, da arte, da cultura, música
e poesia reativam através de seus relatos noticiosos a importância de sonhar e desbravar novas possibilidades. Eles, ao retornarem ao convívio acadêmico, compartilham experiências diversas ali vivenciadas garantindo a manutenção da filosofia institucional que projeta a criação de um ambiente sadio, amparado no respeito às diversidades e na liberdade de pensar e criar. Neste quadragésimo ano de Feira do Livro, a Unifra tem o prazer de participar também com o lançamento de quatro títulos nas linhas de Empreendedorismo na Enfermagem, Terapia Ocupacional, Economia Brasileira e Comunicação. Com o desejo de sucesso às manifestações literárias, estendemos nosso reconhecimento aos organizadores e o comprometimento institucional em garantir que educação, de fato, seja um direito de todos. Iraní Rupolo, reitora da UNIFRA Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos
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RODRIGO DE BEM, LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA
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