JornalEco - 5ª edição / novembro de 2007

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Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra

5ª edição - novembro/2007

Qualidade de vida ar puro

saneamento básico

mudanças de atitudes

ruas limpas

separação do lixo

educação ambiental

reciclagem de papel

Laura Fabrício

preservação de praças e jardins

reaproveitamento de materiais

abandono do fumo


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Reciclando

Editorial

Em tempos de aquecimento global e do Nobel da Paz ter sido conquistado por um grupo que busca a conscientização das pessoas acerca do meio ambiente, mais um JornalEco chega às ruas. Durante o segundo semestre deste ano, os alunos da disciplina de Jornalismo Especializado I do curso de Jornalismo da Unifra passaram por um processo de aprendizagem, cujo resultado o leitor pode avaliar a partir de agora. Tentou-se simular, em um ambiente de sala de aula, a prática do mercado, refletindo sobre as problemáticas ambientais e sua decodificação para todos aqueles que têm interesse nesta temática. Nesta edição do jornallaboratório, o leitor encontrará matérias que versam sobre a situação do saneamento básico em Santa Maria, os problemas acarretados pelo fumo e alternativas para quem quer deixar de fumar, as sacolas retornáveis e seus benefícios para o meio ambiente, entre outras. Desse modo, trazemos para as páginas do jornal conteúdo que poderá nos ajudar a ter uma maior Qualidade de Vida, em uma época onde cresce a necessidade de fazermos com que nossa vida seja sustentável. Acreditamos que ter uma vida com qualidade, sem destruirmos lentamente o meio em que vivemos é um desafio possível. A equipe do JornalEco deseja a você uma boa leitura!

Palavras

U

sa, rasga, joga na lixeira. Junta tudo, amarra e leva para fora. Lá fora, vem seu José. Ele abre seu lixo, escolhe o que o interessa e separa. Entre os selecionados estão os papéis que você rasgou e misturou com as outras coisas que estavam na lixeira. Para seu José, o papel que você não quis mais vai virar papel machê e ser vendido na feirinha de artesanato do bairro dele. Aquele papel que qualquer pessoa pode fazer em casa, usando água, cola e um liquidificador é também uma fonte de renda. A fabricação de produtos a partir da reciclagem, como blocos de anotações, envelopes, cadernos e caixinhas está em alta no mercado graças à consciência de preservação do meio ambiente. O negócio tem um investimento inicial muito baixo e gera renda imediata. É bom para quem faz, é bom para quem compra e ambos contribuem para o meio ambiente. Mesmo com suas qualidades, o papel machê apresenta fragilidades: não pode ser produzido em grande escala e nem aceita impressões em offset. A consciência ecológica chega

Saiba mais

Produzir papel a partir de papel velho consome cerca de 50% menos energia e 50 vezes menos água do que fabricá-lo a partir de árvores; e reduz a poluição do ar em 95%. Cada tonelada de papel reciclado representa 3 metros cúbicos de espaço disponível nos aterros sanitários. O Brasil produz cerca de 4.700 toneladas de papel e apenas 30% são recicladas. - A leitura em papel reciclado é menos cansativa, pois não força tanto o olho com o contraste preto e branco, já que as folhas têm um tom amarelado. A textura da folha favorece os livros, pois as cópias não ficam tão boas. Nas fotocópias aparecem as fibras e as partes mais escuras do reciclato. então às grandes indústrias de papel. Por isso, empresas no mundo todo têm reaproveitado os restos de suas demandas e produzido um papel reciclado que aceita impressão e pode ser feito em maior quantidade. O papel reciclato, produzido pela empresa brasileira Suzano é o mais usado

Expediente JornalEco - 5ª edição Jornal experimental desenvolvido na disciplina de Jornalismo Especializado I do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano Reitora: Irani Rupolo Diretora de Área: Célia Helena de Pelegrini Della Méa Coordenação de Comunicação Social - Jornalismo: Rosana Zucolo Professoras orientadoras: Jorn. Aurea Evelise Fonseca, Mtb 5048 Jorn. Glaíse Bohrer Palma, Mtb 8531 Edição de Fotografia: Profª Laura Elise Fabrício, Douglas Menezes, Rodrigo Simões

pelas gráficas santa-marienses. Conforme José Luis Estivalet, administrador de uma gráfica da cidade, a procura por impressão no reciclato é de apenas 0,5% em relação às impressões em outro tipo de papel. “Acredito que não existe um incentivo de consumo de produtos ecologicamente corretos, e por isso não há uma maior procura”, explica. Outro fator que afasta os consumidores do papel reciclado é o preço. “Nem sempre conseguimos esse papel por preço acessível ao consumidor, então se a pessoa que encomenda a impressão não aceita pagar mais caro ela acaba optando pelo papel branco, o mais barato. O benefício ambiental do papel reciclato é que não é necessário o corte de novas árvores. Porém, a utilização de química nas aparas, para refazer a pasta de celulose, é muito maior”, afirma Estivalet. A gráfica também investe na produção artesanal de papel reciclado. Toda semana, um veículo de Caçapava do Sul vem buscar as aparas (sobras de papel) da empresa e transformá-las em novas folhas. Tão boas e utilitárias quanto as que o seu José vende em sua feirinha. Alice Bollick e Bianca Zasso

Textos: Adriana Garcia, Alice Bollick, Ana Paula Badke da Silva, Bianca Zasso, Camila Ferrari de Azevedo, Carla Campos Martins, Clarissa Pippi, Fabiane Berlese, Fernanda Fernandes, Franciane Meleu Ferreira, Gilson Pinto Alves, Graziele Freitas, Julio Cesar Marin, Julio Castagna Mota, Marcelo Silva Barcelos, Matheus Rivé Menezes, Nicholas Fonseca, Norton Avila, Regina Ines Vogt, Roberta Friedrich Medeiros. Pré-diagramação: Anderson Puiatti, Fabiane Berlese, Guilherme Saidelles Bicca, Julio Castagna Mota, Julio Cesar Marin. Diagramação: Izaur Monteiro Ilustrações e infográfico: Nícholas Fonseca, Orlando Fonseca Jr. Impressão: Gráfica e Editora Pale Ltda. Tiragem: 1.000 exemplares Distribuição gratuita Novembro 2007


Agora, só sacolas retornáveis

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Douglas Menezes

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Rede de mercados de Santa Maria disponibiliza sacolas retornáveis para os clientes

uso de sacolas plásticas vem aumentando em diversos estabelecimentos comerciais de Santa Maria, o que fez com que empresários e políticos buscassem novas alternativas para diminuir o uso deste material. No momento em que a preservação da natureza está cada vez mais em evidência e a busca por novas alternativas de bens de consumo não renováveis está preocupando a população, devemos buscar outras formas de diminuir o impacto ambiental. O uso de materiais oxibiodegradáveis é uma delas. Usado pela maioria das pessoas para facilitar o transporte das mercadorias e muitas vezes para embalar o lixo das residências, a sacola plástica de polietileno vem se tornando cada vez mais o vilão do meio ambiente. Uma sacolinha leva em média 400 anos para se decompor na natureza, o que é um dado assustador, visto que apenas 5% deste material é reaproveitado em todo o Brasil. Na Câmara dos Deputados já tramita o Projeto de Lei n° 612 de 2007, do deputado Flávio Bezerra, que obriga os estabelecimentos comerciais a fornecerem aos consumidores sacolas plásticas

oxibiodegradáveis para o acon- que a população está aderindo dicionamento dos produtos, já à campanha”, ressalta Marco que estas levam apenas 18 meses Antônio. No futuro, a rede pretende para se decompor. Com o projeto, ampliar o projeto para os portao deputado pretende acabar com o dores de necessidades especiais. uso de sacolas de polietileno. Para quem freqüenta o Em Santa Maria, o uso de sacolas supermercado todos os dias, as biodegradáveis já é realidade, as- sacolas retornáveis facilitam sim como em diversas cidades do bastante. “Todos os dias vou ao país. A Rede Vivo de supermercados mercado e chegava em casa com disponibiliza sacolas retornáveis várias sacolas que iam para o para seus clientes. “Usávamos cerca lixo. Hoje carrego uma só que me de 2 milhões de sacolas plásticas acompanha nas compras”, explica por mês em todos os a dona de casa Maria supermercados da rede. Cecília Vargas. Agora, com as sacolas Em Santa Maria, A Câmara de retornáveis, nossa meta o uso de sacolas Vereadores de Santa final é diminuir em biodegradáveis Maria aprovou, no dia 80% o uso de sacolas já é realidade, 30 de outubro, o projeto plásticas”, explica Marde lei do vereador co Antônio Ferigolo, assim como em Tubias Calil, que disgerente de marketing diversas cidades põe sobre as sacolas do supermercado. plásticas utilizadas do país. Além de ajudar pelos estabelecimentos o meio ambiente, o comerciais da cidade. uso das sacolas retornáveis da O projeto prevê que todas as rede de supermercados tem um empresas devem utilizar para cunho social. As embalagens o acondicionamento de seus são confeccionadas por detentos produtos sacolas retornáveis, sacos do Presídio Regional de Santa de papel ou embalagens plásticas Maria, que ganham R$ 0,20 por oxibiodegradáveis. O prazo para peça confeccionada. Em média, substituir as embalagens comuns são feitas 800 sacolas por dia. pelas específicas da lei será de “Disponibilizamos, no início, quatro anos, a contar do dia de sua 50 mil sacolas retornáveis que publicação. já se esgotaram. Isso é sinal O plástico oxibiodegradável

está chegando ao mercado e representará, em médio prazo, um enorme ganho ecológico. Rejeitar o uso de sacolas plásticas no comércio vai pressionar as empresas e elas, pressionadas pela população a serem amigas da natureza, vão começar a se comprometer com o meio ambiente e a fazer a substituição. Mas, para a química Marta Tocchetto, o processo não é tão simples assim e também pode causar danos para o meio ambiente. “O plástico oxibiodegradável, que é derivado do petróleo, recebe aditivos que aceleram a sua degradação. Porém, esses aditivos possuem metais pesados que podem ser prejudiciais a saúde”, explica Marta. Ao contrário das sacolas biodegradáveis que levam cerca de 400 anos para se decompor, as sacolas oxibiodegradáveis, ou seja, com a presença dos aditivos, levam cerca de 180 dias. “O manuseio destas sacolas ao transportar alimentos pode, a longo prazo, ser perigoso à saúde humana quando ingerirmos estes alimentos. Assim como ao meio ambiente, quando depositado direto no solo”, finaliza Marta. Graziele Freitas e Norton Avila


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Quem se preocupa com o meio ambiente ganha prêmio

Em busca de opções criativas que busquem a qualidade de vida sem agredir o meio ambiente, grupo de alunas e professor cria um sistema de captação de calor a partir do uso de materiais recicláveis, valendo-se do aquecimento solar. Projeto venceu mais de duzentos concorrentes na Feira de Tecnologia, Ciências e Artes do Peies.

O

estudo dos problemas ambientais tão discutidos atualmente não se restringe apenas aos especialistas. Três alunas do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Adventista de Santa Maria, orientadas pelo professor de Física, pesquisaram e criaram o projeto “Aquecimento Global: uma oportunidade para repensar nossas atitudes”. Com este trabalho, Camilla de Oliveira, 17 anos, Rittieli D’Ávila Quaiatto, 16, Sabrina Nascimento Borba, 15, e o professor Bruno Carlson Writzl, receberam o primeiro lugar na sétima edição da Feira de Tecnologia, Ciências e Artes do Peies, realizada no mês de agosto de 2007 na Universidade Federal de Santa Maria. A idéia surgiu com incentivo do professor e da preocupação das garotas com o meio ambiente. As alunas, então, pesquisaram como a cidade é afetada com as mudanças climáticas. “Não adianta querermos mudar longe, temos que iniciar a conscientização por aqui. Começamos pelo nosso colégio,

Rodrigo Simões

conversando com as turmas”, comenta Camilla. Os dados foram levantados a partir de notícias dos jornais locais dos últimos três anos. Elas constataram que algumas das conseqüências da mudança no clima, entre 2005 e 2007, foram grandes secas e temporais que causaram enchentes e vendavais na região. Outra etapa da pesquisa foi conhecer a Associação de Selecionadores de Materiais Recicláveis (ASMAR) e também o lixão da cidade. “O lixo (no aterro) polui a terra, solta gases no ar e ajuda a aumentar a camada de poluição em volta do planeta, colaborando com o aumento da temperatura”, explica Sabrina. As alunas e o professor também aplicaram um questionário às turmas do colégio para saber quanto era o gasto de água e de energia nas famílias dos alunos. O resultado, que o professor Bruno comenta, preocupa: “no Rio Grande do Sul, o consumo diário de água é, em média, de 125 litros por pessoa. E a pesquisa no colégio concluiu que são gastos, por pessoa, quase 200 litros. E também a maioria das casas não tem lâmpadas econômicas.”

Repensando as atitudes O chuveiro elétrico representa aproximadamente 40% do valor da conta de energia elétrica da residência popular. Segundo o Programa de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), entre 17 e 20 horas, as concessionárias mantêm uma oferta de potência elétrica superior ao valor médio diário devido, principalmente, ao uso do chuveiro. Normalmente, esse acréscimo de oferta é feito por meio de sobrecarga das hidroelétricas ou acionamento temporário das usinas termoelétricas, que além de fornecerem energia emitem gás carbônico - o gás do efeito estufa. Após as pesquisas, o professor e as alunas construíram um protótipo de aquecedor doméstico de água utilizando o

calor solar e material reciclável. Seu uso pode colaborar para diminuir a liberação de gases danosos à atmosfera, além de reutilizar o “lixo”. “A idéia é dar um fim prático ao lixo reciclável que temos em casa. Então, montamos o aquecedor solar com garrafas pet e caixas de leite”, comenta Sabrina. Rittieli completa: “a caixinha de leite, por exemplo, é complicado de reciclar, porque é difícil separar o papelão (parte externa) do alumínio (parte interna).” No protótipo que ganhou a 1ª colocação geral da Feira do Peies deste ano, ficou comprovada a utilização deste material. Nícholas Fonseca Regina Vogt


5 Depois da balada, a ressaca

Aquecimento Global: o que é? Aquecimento global é o fenômeno decorrente do aumento de poluentes, principalmente de gases derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc.) e da queima de florestas lançados na atmosfera. Estes gases (ozônio, gás carbônico e monóxido de carbono) formam uma camada de difícil dispersão, causando o efeito estufa.

Conseqüências

Irregularidades climáticas; Derretimento das geleiras; Catástrofes como furacões, tornados, ciclones, desertificação; Variação da temperatura dos oceanos; Difusão de doenças tropicais como a malária; Aumento do nível dos mares; Disseminação de outras doenças transmitidas por vírus e bactérias, que se reproduzem mais facilmente em temperaturas elevadas; Aumento da incidência de doenças de pele, em especial

do câncer, em conseqüência da diminuição da camada de ozônio e aumento da exposição à radiação ionizante; Aumento de problemas respiratórios e alérgicos em conseqüência da contaminação do ar pela emissão de gases tóxicos. Modelos climáticos referenciados pelo Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) projetam aumento das temperaturas globais de superfície entre 1,1 e 6,4 °C entre 1990 e 2100.

Entenda o aquecimento global

Os raios de sol atingem o solo e irradiam calor que aquece a atmosfera. Parte da radiação infravermelha (calor) é refletida pela superfície da terra, mas não

volta ao espaço, pois é absorvida pela camada de gases que envolve o planeta, gerando o efeito estufa. O que tem como resultado o aquecimento da terra.

Fatos marcantes

Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas

(IPCC), estabelecido pela ONU e Organização Meteorológica Mundial, diz que grande parte do aquecimento se deve ao aumento do efeito estufa, causado pelas concentrações de gases provocados pelo homem. Produz informações científicasemrelatóriosdivulgados periodicamente, baseados nas pesquisas de cientistas de todo o mundo. O Painel diz que, para salvar o clima do planeta, a humanidade terá de diminuir de 50% a 85% as emissões de CO2 até a metade deste século.

O Protocolo de Kioto é um tratado internacional para reduzir a emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados como causa do aquecimento global. Propõe um calendário para os países desenvolvidos reduzirem a emissão de gases. A redução das emissões deve acontecer em várias atividades econômicas. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de ações básicas nas áreas de energia e transportes, fontes energéticas

renováveis, gerenciamento de resíduos e proteção de florestas e outros sumidouros de carbono. Derretimento

de

geleiras

no Alasca, nos Andes, Himalaia, montanhas da África e Antártica. A Antártica tem um dos maiores índices de aquecimento do planeta. No último século, a temperatura no local chegou a subir de 5 a 6° C, causando derretimento das geleiras, fragmentação e destruição das placas e mantos de gelo. março/2007: o documentário Truth (Uma Verdade Inconveniente) sobre mudanças climáticas / aquecimento global, estrelado pelo ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, ganha o Oscar de Melhor Documentário da Academy Awards. An

Inconvenient

outubro/2007: Al Gore e o

Noite, baladas, festas. As alegrias da noitada anterior viram a sujeira que disputa lugar nas ruas da cidade.

V

ários copos de plástico, misturados a bitucas de cigarro, papel de bala, entre outras porcarias. Pegue todos esses ingredientes e misture bem até ficar uma massa quase homogênea. Depois disso, basta espalhar essa combinação pelas ruas da cidade e está pronta a receita de uma ressaca. Na manhã seguinte a uma noite de bebedeira, não é apenas o baladeiro de plantão que sente cansaço, vertigem e fraqueza. Santa Maria também o acompanha nesse mal estar, que atende pelo nome técnico de veisalgia. Depois de uma noite de muita festa os locais próximos às boates e bares da cidade ficam cheios de lixo. Segundo o chefe da Varrição da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos, Antônio Fonseca, alguns pontos se destacam pela concentração de sujeira. Ele cita como exemplo a praça Saturnino de Brito, a esquina entre a rua dos Andradas e Floriano Peixoto, além da avenida Presidente Vargas, no trecho entre as vias Serafim Valandro e Barão do Triunfo. O artigo 261 do Código de Posturas do Município prevê que cabe ao responsável pelo estabelecimento comercial o recolhimento do lixo espalhado em suas áreas adjacentes. Mesmo assim, nem todos os bares e casas noturnas respeitam a lei, diz o chefe da Varrição. “Para reverter esse quadro a Secretaria Municipal de Turismo e Eventos notifica os estabelecimentos que não cumprem a legislação”, informa Fonseca. O coordenador da Fiscalização de Postura, Costumes e Uso do Espaço Público, Julian Lameira, explica que, após a notificação, os locais que continuarem desrespeitando as normas podem receber multa de até R$ 3.500,00. Segundo Lameira, esta ação já surtiu efeito e alguns estabelecimentos limpam suas calçadas assim que a badalação chega ao fim.

Mas por que será que as pessoas jogam sujeira nos passeios públicos? O estudante Daniel Petry, de 21 anos, admite que joga o copo descartável ao chão depois que a cerveja termina. Ele explica que toma essa medida porque Santa Maria tem poucas lixeiras em suas vias. A arquiteta Sara Tibola, de 25 anos, também sente falta de lixeiras pela cidade, contudo, ela acredita que isso não serve como desculpa para atirar copos descartáveis nem bitucas de cigarro pelas ruas da cidade. “Mesmo que a cidade não tenha muitas lixeiras, acho uma falta de respeito as pessoas jogarem a sua sujeira nos passeios públicos”, avalia a arquiteta. Para a cientista social Francine Nunes, essa falta de consciência com relação ao lixo é uma questão cultural. “Tudo isso está relacionado com a educação. Quem aprende em casa, quando criança, que é errado jogar sujeira ao chão certamente será um adulto responsável”, pondera Francine. Se a consciência em relação ao lixo não vem do berço, há quem esteja disposto a ensinar quem não tem essa educação. Com a intenção de diminuir a sujeira da rua em frente ao seu bar, o empresário Daniel Collusi e seus sócios decidiram adotar o uso de copos retornáveis em seu estabelecimento. “Optamos por distribuir copos retornáveis porque são práticos e não prejudicam o meio ambiente e também por uma questão de economia, já que não precisamos comprar mais copos”, explica o empresário. Outra medida, que denota a preocupação com a qualidade de vida da vizinhança do estabelecimento, é a limpeza que seus funcionários fazem nas proximidades da casa noturna. “No início da manhã nossos vizinhos já podem desfrutar de uma rua limpa. Acreditamos que isso é o mínimo que podemos fazer para colaborar com uma sociedade mais consciente”, ressalta Collusi. Fabiane Berlese Matheus Rivé Menezes

Comitê de Clima da Organização das Nações Unidas vencem o Prêmio Nobel da Paz de 2007 pelo

trabalho de conscientização sobre a ameaça do aquecimento global. Douglas Menezes


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Óleo e água: mistura perigosa Autoridades começam a discutir destino do óleo usado. Lei que fiscaliza o descarte do produto pode entrar em vigor no início de 2008 e prevê multa de R$ 500,00 para quem não se adequar Atitudes isoladas, mas relevantes, estão ou a um químico, a resposta será: “não, isso de Vereadores. trazendo à tona uma pergunta que muita é um crime contra a natureza!” Foi um primeiro passo para avançar no dona-de-casa se fez por anos: afinal, o que Apesar do apelo, na prática, o descarte assunto. A intenção é simples: regular e fazer com o óleo de cozinha que não serve de óleo no meio ambiente ainda é visto fiscalizar o destino final do óleo de cozinha mais para nada? Despejá-lo no ralo da pia como uma atitude normal. Mas a coisa e, assim, evitar que ele seja despejado na ou até no vaso sanitário? Lançá-lo na terra, pode mudar. O tema já vem ganhando natureza e contamine o lençol freático no esgoto a céu aberto, no córrego perto de destaque e até já mereceu uma proposta – finas lâminas de água pura que correm casa? Encaminhá-lo ao lixo comum? Se você de lei, conhecida durante uma audiência abaixo de nossos pés, entre as rochas dirigir essas perguntas a um ambientalista pública, realizada na Câmara Municipal subterrâneas. Rodrigo Simões

O projeto e seus ajustes

Precursora na lei que quer proibir os estabelecimentos comerciais, industriais e prestadores de serviços de jogarem óleos e gorduras na rede coletora de esgoto e águas pluviais, a vereadora Magali Adriano propõe um sistema no qual a Prefeitura cadastre empresas especializadas para fazerem o recolhimento e armazenamento do óleo. “Precisamos de uma lei que tenha todas as condições de ser cumprida, seja na hora de ir à empresa receber o óleo, ao momento em que ele será depositado adequadamente. A lei também deverá ser estendida às donas-de-casa, ao consumidor doméstico”, explica a vereadora, que está confiante na aprovação do projeto de lei. “Tenho tido o respaldo total dos vereadores. Faremos ajustes finais e, em janeiro de 2008, o recolhimento será lei. Nossa preocupação maior é quanto ao alcance da fiscalização. Não é segredo para ninguém que o número de fiscais da Prefeitura é pequeno para a demanda dos serviços”, alerta. Para a autora do projeto de lei, o sucesso da iniciativa depende de uma campanha consistente junto às empresas e cidadãos, que os estimule a recolher o óleo usado para entregá-lo em postos de coleta. Mas o trabalho não pára por aí. A idéia é de que escolas e entidades passem a usar o produto descartado como matéria-prima em oficinas caseiras para a fabricação de sabão ecológico, detergente, cola, resina e até biodiesel. “É uma cadeia com início, meio e fim. O Centro Pastoral da igreja de Fátima já fabrica sabão com óleo e o resultado é muito positivo. O lucro obtido com a venda é usado para comprar farinha que vai produzir pão. Um exemplo e tanto”, elogia a legisladora.

O fato do projeto ser destinado aos estabelecimentos comerciais, Presente na audiência chamada num primeiro momento, é outro pela Câmara de Vereadores, a ponto ressaltado como falho pela professora doutora Marta Tocchetto, professora. “As ações acabam sendo do departamento de Química da apenas pontuais e punitivas. Este UFSM, diz aprovar a intenção do é um caso que exige alcance geral projeto, embora não tenha percebido através de planos de conscientização uma estrutura logística popular. E como é que que o torne viável. pensam em punir os “Um projeto Para ela, o problema infratores?... Ainda tem que ser estudado de lei que não não foi oferecida integralmente, para contemple todas uma alternativa de que o processo não seja as fases, desde fiscalização”, lamenta. interrompido. “Um o gerador até o Marta trabalha com a projeto de lei que não questão ambiental já contemple todas as destino correto há alguns anos. Quando dos resíduos, possível, fases, desde o gerador participa até o destino correto tende a se de assembléias que dos resíduos, tende a tornar uma lei tratam do assunto e o se tornar uma lei de final da história, diz, de gaveta” gaveta”, declara. Ela é sempre o mesmo. As se refere à falta de leis acabam tropeçando perspectivas do projeto quanto ao nelas mesmas. Ela relaciona esse destino do óleo e sua prática de assunto com o caso do recolhimento armazenamento. seletivo do lixo. Plano que, segundo O vínculo com o social

ela, não atingiu as suas metas. “Falta gerenciamento. As pessoas não têm para onde enviar o seu lixo. Com o óleo vai acabar acontecendo a mesma coisa”, complementa. Marta ressalta o fato de que ações ligadas ao meio ambiente focam o problema apenas na sua relação com a natureza: “quando se fala em meio ambiente não se pode desconectar do social. Com a degradação da natureza ocorre uma alta diminuição da qualidade de vida das pessoas”. Ela levanta a falta de visão do poder público frente à possibilidade de resolver problemas através desta conexão. Uma alternativa que assistiria às comunidades em situação de risco social seria a criação de cooperativas de bairro, onde o óleo seria transformado em produtos de baixo custo, como o sabão. Desta forma, a venda do produto serviria como fonte de renda para as pessoas excluídas do mercado de trabalho. No ano passado, o acadêmico do curso de Engenharia Química da UFSM, Luiz Carlos Maciel dos Santos Filho, orientado pelo professor Edson Luiz Foletto, trabalhou em um projeto que consistiu em transformar o óleo de fritura usado do Restaurante Universitário (RU) em sabão. Nos seis meses em que o projeto foi desenvolvido, produziu cerca de 60 kg de sabão. O produto foi distribuído entre os moradores das vilas Lídia e Arco-íris. “Não houve nenhum vínculo com as comunidades durante o processo de produção, mas quando entregamos os sabões todos queriam a receita”, conta Maciel. Ele ressalta o fato do sabão ser de boa qualidade e ter um baixo custo. E conclui: “É possível minimizar o impacto ambiental pela busca de alternativas tecnológicas a fim de melhorar a qualidade de vida da sociedade”.


7 É preciso olhar mais longe Fotos Rodrigo Simões

A estratégia de mãos. Portanto, a partir recolhimento é um dos do momento em que a principais aspectos que pessoa despeja seu óleo devem ser trabalhados fora, ele deixa de ser um para que o projeto engrene. problema dela. Engano. Uma possibilidade é a Segundo o técnico químico colocação de pontos de da Corsan, Moacir Deves, entrega do óleo em locais o óleo é um dos maiores como igrejas, escolas, poluidores dos cursos bancos, supermercados d’água. e restaurantes. Desta O contato com água forma a ação teria um é extremamente nocivo. alcance maior, atingindo Como não se misturam, também residências e o óleo forma uma condomínios. película que interfere no Moradores do edifício Dinamarca podem fazer sua parte Luis Alberto Brutti, processo de oxigenação síndico do edifício Dinamarca, até que se encontrasse um destino da água, diminui a incidência de na rua dos Andradas, tenta, há para o resíduo. Em seis meses não luz solar sobre ela, baixando a cerca de seis meses, conscientizar foi entregue uma garrafa sequer. temperatura. Isto desestrutura toda os condôminos acerca do assunto. O síndico lamenta a falta de a biodiversidade”, complementa Depois de ver matérias sobre compromisso dos moradores, mas Deves. Conseqüentemente, a os perigos do despejo direto de continua com a campanha. “Só nos poluição das águas acarreta a óleo no meio ambiente, Brutti falta saber para onde mandar o diminuição da qualidade de vida de resolveu iniciar uma campanha óleo à medida que ele for recolhido. forma global. “No fim, todos acabam de recolhimento. “O prédio tem 48 Acredito que a tendência é que o recebendo a mesma parcela”, conclui famílias. Se cada um jogar o seu óleo pessoal abrace a causa”. a professora Marta. Para a professora Marta, o fora, no final será uma quantidade Mas nem por isso devemos ser enorme”, justifica. Foram colocados descaso das pessoas para com as pessimistas. Alternativas estão cartazes nos corredores do prédio, conseqüências de agressões ao sendo criadas para acabar com os sugerindo que os moradores meio ambiente é cultural. Ela diz resíduos, transformando-os em juntassem o seu óleo em garrafas que somos acostumados a cuidar novos produtos para consumo. pet e as entregassem ao zelador, do que nos pertence. E o que nos Júlio Mota e responsável pelo armazenamento, pertence é o que está em nossas Marcelo Barcelos

O papel da Secretaria de Proteção Ambiental hoje Quem procura a Secretaria de Município de Proteção Ambiental querendo fazer o descarte de óleo é encaminhado para a Associação dos Selecionadores de Material Reciclável de Santa Maria (Asmar), que recebe os restos do produto. O órgão recebe denúncias no setor de Protocolo, no 1o andar do prédio do Centro Administrativo Municipal. Após avaliação, os casos são encaminhados aos fiscais do meio ambiente. Eles fiscalizam, notificam e, dependendo do caso, aplicam um auto de infração. Outra providência ocorre junto às empresas que produzem restos de óleo em grande quantidade. Elas são obrigadas a apresentar uma Declaração de Destino do Óleo, em que esclarecem para que entidade, ou qual fim está dando ao resíduo. A Secretaria de Proteção Ambiental funciona na rua Venâncio Aires, 2035, 9º andar, em Santa Maria. Telefone: (55) 32225068. E-mail: protecaoambiental@ santamaria.rs.gov.br

A escola que se adiantou O tema “ConsciênciaAmbiental” soda cáustica, só a professora, é tão repetido dentro da Escola protegida por luvas, é quem se MunicipalAdelmo Simas Genro, na habilita a produzir os sabões, que Nova Santa Marta, quanto o nome ainda levam amaciante e água das disciplinas como Matemática, fervente em sua receita. Física e Português. Literalmente, “Estou produzindo pela esse assunto faz parte segunda vez. Os do aprendizado da alunos, é claro, se gurizada que, dentro envolvem, trazem de sala de aula, de casa o óleo, mas recebe dicas e receitas não ficam expostos para preservar o na execução, meio ambiente. A por segurança. prova disso pode ser O resultado é conferida na prática, fantástico e já temos graças à iniciativa de até um parceiro, uma professora que que é a Expresso estimula alunos e pais Medianeira, empresa a não jogarem fora, no que nos fornece óleo Dona Elizabete aprova o lixo, o óleo que usam sabão feito na escola com regularidade. para cozinhar. A meta agora é Concluindo Especialização em aumentar a produção e fazer a EducaçãoAmbiental, Rosi Brandão venda do produto para beneficiar Costa não descansou enquanto não os alunos, a maioria filhos de aprendeu a fórmula para fabricar catadores. É uma idéia que a o sabão ecológico usando o óleo sociedade deve tomar para si, que iria parar em ralos e canos de deve incorporar com vontade, pois esgoto. Por necessitar de produtos faz bem ao planeta e às pessoas”, químicos muito fortes, como a defende a professora Rosi.

Fotos Rodrigo Simões

Professora Rosi ensina alunos a produzirem sabão

Funcionária da escola, Elisabete Viero, 53 anos, é fã da idéia. Tanto é que ela aprendeu uma receita em que, além do óleo, pode aplicar até a graxa de cozinha. A cozinheira e lavadeira garante: a qualidade na limpeza não deixa nada a desejar em relação a outros produtos.

“Esse aqui é melhor do que desses que vendem no mercado. Limpa que é uma beleza. Eu faço questão de usar. A gente evita até de entupir um cano de casa, despejando o óleo sem responsabilidade”, ensina Elisabete.


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Fumar nã

Fumicultura: grandes números, prejuízos ainda maiores 769.660 toneladas de fumo na safra 2006- rurais e seus familiares informações sobre os 2007. 417.420 hectares plantados. Renda total de efeitos nocivos da fumicultura e a importância de R$ 3.194.089.000,00. Cerca de 193 mil famílias estabelecer culturas alternativas a este plantio. Há têm no fumo sua principal atividade. O Brasil é 17 anos, o bispo idealizou os Seminários de Culturas exportador e segundo maior produtor de tabaco Alternativas à Cultura do Tabaco. Dom Ivo foi o do mundo. Os números são expressivos e os males precursor do Projeto Esperança-Cooesperança, causados pela fumicultura ganham a mesma voltado para as alternativas de cultura do fumo, quando ainda não existia a Convenção-Quadro proporção alarmante. O Rio Grande do Sul abriga as cidades que mais para o Controle do Tabaco (CQCT). Esta convenção é um compromisso interproduzem fumo no Brasil. Um exemplo é Venâncio Aires que, segundo estimativas da Associação dos nacional pela adoção de medidas de restrição Fumicultores do Brasil (Afubra), produziu 24.615 ao consumo de cigarros e outros derivados do tabaco. O governo brasileiro ratificou a CQCT toneladas de fumo na última safra. em outubro de 2006, tornandoSó em Venâncio Aires, 25 mil pessoas se oficialmente o 100º país a estão envolvidas com a fumicultura, responsável por 70% da economia “É um crime contra confirmar participação no acordo. local. São 15 indústrias fumageiras na o meio ambiente Nas discussões da Convençãocidade que absorvem o trabalho de 10 causar poluição de Quadro está a busca de opções mil pessoas durante a safra. Diante da qualquer natureza que gerem, para o agricultor, uma renda similar àquela gerada pelo inegável importância econômica dessa que resulte em cultivo do fumo. cultura, as iniciativas de combate ao danos à saúde Mas não basta informação tabagismo e produção de fumo parecem e conscientização para que os não ter resultados. Para o engenheiro humana” (Art. agrônomo da EMATER, Francisco 54, Lei de Crimes agricultores consigam investir em outras culturas, é preciso apoio Palermo, “nem tudo é matemática na Ambientais – nº financeiro. O Programa Nacional agricultura”. Segundo ele, as iniciativas 9.605, de 1998) de Fortalecimento da Agricultura “abrem espaço para uma discussão e Familiar (Pronaf) é um tipo de propõem novos valores”, que podem financiamento do Ministério do mudar a realidade da indústria Desenvolvimento Agrário que pode ser utilizado fumageira. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer para o plantio de culturas alternativas ao fumo. (INCA), o tabagismo mata anualmente quase 5 Este ano, liberou R$ 10 bilhões em financiamento milhões de pessoas em todo mundo, sendo 200 mil rural. dessas mortes no Brasil. Hoje, 18,8% da população brasileira com mais de 15 anos é fumante. “Uma outra Os problemas causados pelo tabaco vão desde Economia Acontece” a poluição do meio ambiente com as cargas de O projeto Esperança-Cooesperança responde agrotóxicos que a lavoura de fumo exige até as por 230 empreendimentos solidários e atua na área doenças causadas pelo cigarro. rural e urbana. Abrange 30 municípios da região centro do Estado, 4.500 famílias, beneficiando 20 mil pessoas. Hoje, o projeto tem cerca de 40 pontos Para a mudança: ação O bispo Dom Ivo Lorscheiter foi o pioneiro no de comercialização direta. A coordenadora do Esperança-Cooesperança, Rio Grande do Sul a modificar os paradigmas da cultura do tabaco, disseminando aos trabalhadores irmã Lourdes Dill, relata que a luta contra o tabaco Bibiane Moreira sempre foi um dos princípios do projeto e que hoje um número significativo de produtores rurais já abriram mão da fumicultura. Um exemplo é a Agroindústria de Faxinal do Soturno - Agrofelin - formada por produtores rurais que trocaram o cultivo do tabaco pela agroindustrialização. Irmã Lourdes ressalta que, nesses anos de trabalho, foram firmadas parcerias com várias entidades. Em 2004, o projeto recebeu um prêmio da Organização Mundial da Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde, pelo trabalho que realizam nas alternativas à cultura do fumo. Já foram realizados 17 seminários regionais direcionados a agricultores, técnicos e profissionais da área de agricultura e saúde. A agricultura familiar, as agroindústrias familiares, Irmã Lurdes coordena Projeto Esperança-Cooesperança

as redes de economia popular solidária e outras formas de cooperação fortalecem as alternativas de substituição do fumo por alimentos sadios.

Sabor da Terra É um selo comum dos empreendimentos associados ao Projeto Esperança/Cooesperança. Para poder usá-lo, é preciso estar integrado nesta proposta associativa, solidária e cooperativada de agricultura familiar e autogestão. O grupo deve produzir os produtos que comercializa de forma ecológica, preservando o meio ambiente. Sabor Gaúcho É um selo que certifica os produtos do Programa da Agroindústria Familiar da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento. Permite a identificação e a certeza de estar adquirindo produtos de qualidade. O projeto EsperançaCooesperança participa deste e de outros programas do governo do Estado do RS e do governo federal na elaboração de políticas públicas.

O manganês e o suicídio “Pode-se aceitar como verdadeira a hipótese de que os agrotóxicos utilizados indiscriminadamente no cultivo do tabaco causam intoxicações e distúrbios neurocomportamentais”. Esta é a conclusão do estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), da Unicamp e da UFRJ sobre o aumento de casos de suicídio em áreas de cultivo de fumo. As pesquisas foram desenvolvidas a partir do aumento alarmante no número de suicídios na região fumageira do Rio Grande do Sul. Em 2001, suicidaram-se 21 pessoas em Santa Cruz do Sul, cidade gaúcha com cerca de 100 mil habitantes, conhecida como capital do fumo. A média brasileira é de 3,8 suicídios por 100 mil pessoas. Em 96, aconteceram 37,22 casos de suicídio por 100 mil habitantes em Venâncio Aires. Integrantes do Grupo A Aliança por um Interdisciplinar de Pesquisa e formada em setembro de Ação em Agricultura e Saúde INCA, dissemina informa (Gipas), entidade autônoma do tabaco. A associaçã gaúcha, lançaram a suspeita associados, que incluem de que intoxicações com os autoridades governamen organofosforados - substâncias e internacionais. presentes em vários agroObje tóxicos - causassem depressão, acompanhar e par levando aos suicídios. controle do tabagismo n Recentemente, pesquisadores abordando e discutindo o encontraram novos indícios áreas. que reforçam a tese, mas o pressionar os legi suposto causador da depressão providências para um mu é o manganês, elemento associar-se à Aliança e presente em fungicidas e que informações sobre o que est e no mundo, acesse www.i pode provocar danos graves.

Aliança p mundo sem


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ão é legal

Há mais de 20 anos, cursos ensinam como deixar de fumar

Em 1986, o governo federal instituiu 29 de agosto como Dia Nacional de Combate ao Fumo. Em Santa Maria, um grupo já trabalhava com pessoas que queriam largar o vício do cigarro. A atividade, pioneira para a época, consistia em cursos para deixar de fumar em cinco dias. Aproveitandose do trabalho já realizado pelos adventistas, a Secretaria Municipal de Saúde fez o convite para começarem uma grande campanha. A cidade, então, formou um grupo de combate ao fumo que promove outras atividades, como caminhadas de conscientização. A campanha ‘Troque seu cigarro por uma flor’ é um exemplo de atividade em que estudantes e Desbravadores (grupos de adolescentes estruturados nos moldes dos escoteiros) demonstram para os fumantes o quanto o cigarro prejudica a saúde. A médica Jocimara da Silveira Fernandes trabalha há mais de 20 anos no combate ao fumo e fez parte do primeiro grupo de profissionais que defenderam a proposta na cidade. Ela lembra que uma das atividades marcantes foi o Simpósio de Doenças Relacionadas ao Tabaco, que envolveu os cursos de Medicina e Fisioterapia da Universidade Federal de Santa Maria, em 1996. Os cursos Como Deixar de Fumar são organizados pela comunidade Adventista de Santa Maria e, segundo a coordenadora, Mundo sem Tabaco, Dra Jocimara, e 2002, com o apoio do trabalha de toações sobre os malefícios das as formas ão tem mais de 500 para atingir m associações médicas, os fumantes. ntais e órgãos nacionais O p r i m e i r o passo é fornecer ao fumante etivos argumentos rticipar do processo de no Brasil e no mundo, suficientes para tema nas mais diversas largar do vício. Outro passo isladores a tomarem as é a instrução mundo sem tabaco. Para alimentar. A receber regularmente médica afirma tá acontecendo no Brasil que os fumantes inca.gov.br/tabagismo possuem uma

por um m tabaco

deficiência de vitaminas e, para deixar o cigarro, precisam repô-las. Os participantes recebem dicas de alimentos que ajudam o organismo ou substituem a vontade de fumar. Durante a semana do curso, outros profissionais – fisioterapeutas e de educação física - ensinam exercícios de respiração que ajudam na desintoxicação de fumaça e a amenizar a necessidade de nicotina do organismo. “O diferencial é que não utilizamos nenhuma medicação”, destaca a médica. Em média, 60% a 70% dos participantes deixam de fumar. A recaída dos outros 40% é considerada normal no combate de qualquer vício, segundo a coordenadora. O resultado melhora à medida que a pessoa refizer o curso.

Problemas ocasionados pelo fumo A Organização Mundial de Saúde afirma que o tabaco pode ocasionar problemas à saúde humana e ao meio ambiente. Os riscos mais conhecidos pela população, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) são: a redução da capacidade respiratória, infecções respiratórias em crianças, aumento do risco de aterosclerose, infarto do miocárdio e câncer. A médica diz que as mulheres que fumam não deveriam fazer uso de anticoncepcionais. “A prática do fumo aliada ao uso dos anticontraceptivos aumenta o risco de trombose, infarto e acidente vascular cerebral”, explica. Isso é ocasionado porque o cigarro diminui o fluxo sangüíneo (vasoconstrição). Uma mulher fumante tem duas vezes mais risco de ter enfarte em comparação a uma não fumante. O problema se intensifica, ainda, quando aliado ao anticoncepcional - o risco sobe para seis vezes. Outro problema é o da úlcera gástrica. Jocimara afirma que a maioria dos pacientes e até alguns profissionais fazem essa relação. “O cigarro é um dos maiores responsáveis pela não cicatrização da úlcera, pois causa a falta de circulação adequada do sangue e faz reincidir o problema. A maioria dos pacientes chega tarde demais, com problemas difíceis de

resolver”, esclarece. “Na verdade, as pessoas não têm noção do que o cigarro faz”, destaca a militante dessa causa. O fumo é, ainda, o maior poluidor de ambientes fechados, principalmente dos que utilizam arcondicionado. A fumaça causa danos enormes para a saúde dos não fumantes, destaca. “Se a pessoa fica com um fumante no mesmo ambiente, por 8 horas, é como se ela tivesse fumado três cigarros”. Segundo ela, já há comprovações científicas de que o fumante passivo pode ter as mesmas doenças do fumante. A tendência dos não fumantes é exigirem o direito de respirar ar puro. Em grandes centros, restaurantes e shoppings adotaram esse conceito e utilizam um símbolo para identificar o ‘ambiente livre de cigarro’. Em Santa Maria, a única atitude dos estabelecimentos é dividir o ambiente de fumantes e não fumantes. A médica Jocimara Fernandes explica que isso apenas diminui a concentração da fumaça, mas não totalmente. Ela conta que muitos fumantes deixam o vício pelo desconforto social de amigos e familiares: “o constrangimento provoca nas pessoas a necessidade de parar de fumar”. Arquivo UFSM

Douglas Menezes

A experiência de quem abandonou o cigarro

O radialista Cleber Newton da Costa começou a fumar aos 14 anos, seguindo a atitude de amigos. Aos 30, percebeu a necessidade de parar, pois o cigarro já interferia no convívio social: deixava de ficar com as pessoas para fumar. “Sempre tive muitos amigos, mas como não fumava em lugares fechados e na presença das outras pessoas, comecei a me distanciar delas”, lembra. Querer largar o cigarro é o passo mais importante, segundo o exfumante, que largou o vício em 2002. Para isso, fez duas tentativas. Na primeira, sem ajuda de ninguém, conseguiu se manter apenas três meses sem fumar. Na segunda vez, por indicação de uma colega de trabalho, procurou o curso Como Deixar de Fumar. “Desde o primeiro dia deixei de fumar”, salienta. O curso “é essencial, mas a pessoa precisa querer parar de fumar. Saber que o cigarro faz mal, todos sabem, mas saber a maneira como ele faz, nem todo mundo sabe. O curso mostra muito bem isso”, destaca Cléber Costa. Depois que parou de fumar, ele notou o quanto o cigarro fazia mal à saúde, diminuindo a qualidade de vida. “Enquanto fumante, você nem nota que o cigarro está lhe prejudicando, só depois de parar é que começa a perceber”, ressalta. Para os que desejam parar de fumar, ele diz que é bom procurar uma ajuda, como o curso da Escola Adventista. Mas adverte que o fumante precisa ser persistente e não desistir durante o processo. O resultado, diz Cleber, é uma vida mais saudável, pois melhora a saúde e o convívio com os amigos e colegas: “é uma vitória”..


10 Plantação de fumo: preocupação com o meio-ambiente? O fumo é o produto legalmente aos da lavoura convencional. A comercializado que mais traz males proposta do CAPA sempre foi trabalhar aos consumidores. Difícil enxergar com a produção de alimentos como atitudesquedemonstrempreocupação alternativa ao cultivo do fumo. Para das indústrias fumageiras em relação aqueles agricultores que continuam à poluição do meio ambiente. plantando fumo, o Centro de Apoio O cigarro, por si só, já é associado oferece o desafio de produzir fumo sem a causa de doenças, poluição do agrotóxicos. ar e sensações de mal estar e os fabricantes fumageiros reconhecem Problemas que colocam no mercado produtos ambientais que envolvem riscos à saúde. Porém, A maior área fumajeira do estado, existe hoje uma preocupação na hora localizada na região de Santa Cruz do do plantio. “Em uma comparação Sul, é conhecida pelo devastamento com a produção de tomate, maçãs e de florestas para o plantio do fumo. até a soja, o fumo utiliza bem menos Atualmente, as empresas começaram agrotóxicos na lavoura. Tudo é usado a ser cobradas pelo governo, que dentro do canteiro, na água que não passou a exigir dos produtores uma tem contato direto com a terra, não área preservada dentro de suas poluindo o solo. Cada canteiro é propriedades, o que não resolve o aberto periodicamente para que a problema, que já vem de muitos anos. água não absorvida seja evaporada”, O reflexo da cultura do fumo e do explica um orientador agrícola de consumo é de enorme impacto. Além uma multinacional fumageira. É o do desmatamento para o plantio, na chamado uso racional de agrotóxicos, produção de 200 cigarros (10 carteiras) contestado por profissionais da área é queimada, em média, uma árvore, em da saúde. estufas de secagem. Esse “Além da mais dado não conta o papel da avançada tecnologia, a embalagem e do próprio Na produção companhia desenvolve cigarro. Outra questão é de 10 carteiras programas de a expressiva quantidade de cigarros, é orientação técnica de produtos agrotóxicos através de um utilizados no cultivo. queimada, em sistema integrado média, uma árvore O fumo é considerado com o agricultor. pelos órgãos ambientais em estufa de Um dos exemplos um dos cultivos que é a consolidação do secagem mais interferem sistema de produção na biodiversidade, de mudas em bandejas principalmente porque a sobre água, conhecido como float, que área onde é plantado fica infértil por elimina o uso de brometo de metila, muito tempo. que afeta a camada de ozônio”, Contraditoriamente à intenção complementa o orientador, que consumista e ao produto final prefere não se identificar. (fabricação do cigarro), a maior indústria fumageira do Rio Grande do Fumo ecológico: é Sul construiu dois parques ecológicos possível? – um em Santa Cruz do Sul, que A escala de prejuízos causados pela ocupa uma área de aproximadamente fumicultura vai além da lavoura. Ela cem hectares e é considerado um dos acaba nas vidas dos consumidores de espaços de preservação ambiental cigarros que mantém viva a indústria com a maior diversidade de espécies fumageira. Se o cultivo do fumo não do Estado. O outro, na cidade de prejudicasse a saúde do agricultor, Cachoeirinha, que tem como objetivo mesmo assim permaneceriam as principal a preservação e recuperação doenças adquiridas pelo uso do da biodiversidade do local, resgatando tabaco. Para amenizar a situação, espécies botânicas e animais em desde a década de 90, o Centro de extinção. Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), Aparentemente, existe uma de Santa Cruz do Sul, busca reduzir preocupação, positiva, com o meio a quantidade de insumos químicos ambiente: investimento na construção utilizados nas lavouras de fumo. de parques ecológicos, preservação O CAPA orienta os agricultores de espécies e replantio de árvores. a empregarem a adubação verde, Sabendo-se dos lucros obtidos pela utilizando fosfato de rochas, calcário, indústria do cigarro, por que parte cinzas e esterco. Um veneno ainda desta verba não é usada para erguer não eliminado é o supressor de hospitais especializados no tratamento brotos, que não tem substituto de câncer e outras doenças provocadas natural. As famílias que plantam o pelo fumo? Por que o dinheiro também “fumo ecológico” obtiveram índices não é investido na Saúde? As perguntas de produção e qualidade semelhantes são muitas e a dúvida permanece.

Opinião do pneumologista O Jornaleco entrevistou o cirurgião torácico e pneumologista Dr. Alberto dos Santos Riesgo. Quais os males ocasionados pela fumaça do cigarro? “A fumaça do cigarro contém mais de duas mil substâncias nocivas ao corpo, como o alcatrão, que agridem a mucosa das vias respiratórias desde o nariz, passando pela traquéia e brônquios, até chegar ao pulmão. É uma substância estranha ao corpo e causa uma lesão ao epitélio dos órgãos e a cicatrização dessa lesão é que provoca as doenças.” Como é o ambiente em que há muita fumaça de cigarro no ar? Como ficam o fumante e o não fumante nesse ambiente? “Nos ambientes fechados, sejam eles de restaurantes, bares ou até mesmo oficinas e fábricas, o fumante recebe a maior quantidade de gases tóxicos e tem maior probabilidade de ter lesões nas vias respiratórias, mas aqueles que estão ao redor da pessoa que fuma, são os ditos fumantes passivos e têm realmente chances, tanto quanto um fumante ativo, de ter os efeitos maléficos do cigarro.” O que sr. acha das campanhas de combate ao fumo? Elas funcionam ou não? “As campanhas que visam parar de fumar definitivamente funcionam, está comprovado, já que hoje em todo mundo existe um número menor de fumantes do que nas década de 80 e 90. Na minha opinião, estas campanhas têm que persistir. O fumo é uma conquista da modernidade, pois até século XVI ele só existia na América Central e depois que foi descoberta a América, foi levado até a Europa e, então, difundido ao mundo todo. É uma história pequena, mas que está demonstrando pelas doenças todas que provoca, não só as das vias respiratórias, mas também as cardiovasculares, que realmente tem muito efeito nocivo. Agora nós estamos dando a marcha contrária e, quem sabe, em cinco ou seis séculos, a gente não vai ter mais fumante na Terra. Quais as principais doenças causadas pelo cigarro? “As doenças causadas pelo cigarro são muitas, as principais são tumor de laringe, tumor de língua, tomar de pulmão. O cigarro é metabolizado pelo rim e sai na urina, podendo ocasionar tumor de bexiga, tumor de ureter, tumor de uretra. O cigarro afeta também as artérias, ocasiona arterosclerose, doenças coronarianas, hipertensão arterial. Várias doenças cardiovasculares são agravadas pelo fumo.”

Lei anti-fumo A Lei Federal nº 9294/96 constituiu um avanço no controle do tabagismo no Brasil, proibindo o uso de produtos fumígeros derivados do tabaco em recintos coletivos, privados ou públicos, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente (art. 2º). Isso inclui repartições públicas, hospitais e postos de saúde, salas de aula, bibliotecas, recintos de trabalho coletivo e salas de teatro e cinema. A Lei Anti-fumo, como é conhecida, prevê normas para a propaganda comercial dos produtos do tabaco. Vários artigos desta lei foram regulamentados.

PAC da Saúde proíbe fumo em lugares fechados O Ministério da Saúde deve incluir no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a área da Saúde a proibição total do fumo em ambientes fechados. Para isso será necessário criar um projeto a ser discutido no Congresso Nacional. Dados do Ministério mostram que o Brasil é um dos países que mais reduziu o número de fumantes, mas é preciso rever a legislação referente ao fumo em ambientes fechados. Hoje, a lei prevê apenas a separação em áreas de fumantes e não-fumantes.

Franciane Ferreira, Gilson Pinto e Julio Marin


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Das bacias hidrográficas às salas de aula

F

Programa do Centro Internacional de Projetos Ambientais busca conscientizar alunos de escolas da região.

oi através do projeto Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas, com o patrocínio da Petrobras Ambiental, que nasceu o CIPAM. A iniciativa apóia a conscientização sobre o uso responsável da água, a gestão dos recursos hídricos e a recuperação e conservação de nascentes e matas de preservação e conservação ambientais. O Centro Internacional de Projetos Ambientais (CIPAM), órgão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), desenvolve projetos ambientais que atuam no melhoramento da qualidade de vida. Realiza cursos de aperfeiçoamento em projetos ambientais e outros: o Zoneamento Ambiental, os Dossiês de Ambiência dos Municípios participantes do Programa, as Avaliações dos Impactos Ambientais existentes na Microbacia e o Planejamento Físico Rural das propriedades mapeadas na Microbacia Hidrográfica das nascentes do rio Ibicuí Mirim, em Santa Maria. O CIPAM possui duas sedes: uma no campus da UFSM, junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); e a de campo, localizada no município de Itaara, às margens da barragem Rodolfo Costa e Silva.

Conheça a localização dos clubes Clube de Ecologia Ecodiácono: faz parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Diácono João Luiz Pozzobon, da Vila Maringá, em Santa Maria. Clube de Ecologia Amigos da Natureza: na Escola Municipal Euclides Pinto Ribas, no Município de Itaara. Clube de Ecologia Movimento Ecológico: localizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Júlio de Castilhos. Clube de Ecologia Esperança Verde: na Escola Municipal de Ensino Fundamental Visconde de Mauá, em Júlio de Castilhos. Clube de Ecologia CEDEDICA à Natureza: funciona no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDEDICA) ‒ Organização Não Governamental, em Santa Maria.

Educação Ambiental nos clubes de ecologia Crianças aprendem de forma prática a contribuir com a qualidade de vida da sua comunidade. Um dos destaques do CIPAM é a atuação nos Clubes de Ecologia, que são complementações práticas dos programas de Educação Ambiental Técnica, desenvolvidas com o patrocínio da Petrobras, através do programa Petrobras Ambiental, dentro do projeto Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas. Esses clubes atuam em algumas escolas de Santa Maria e região. Existem cinco Clubes de Ecologia: Ecodiácono, Amigos da Natureza, Movimento Ecológico, Esperança Verde e CEDEDICA à Natureza. São quatro clubes de ecologia em escolas e um que age como ONG (Organização Não Governamental). Os clubes têm por objetivo levar conhecimentos aos professores e alunos e contribuir no fortalecimento da formação sócioambiental e na construção de valores como direitos humanos, saúde e convivência sustentável. Segundo o pesquisador do CIPAM e doutor em Engenharia de Água e Solo, Paulo Dill, “os clubes desenvolvem várias atividades nas escolas: palestras, caminhadas ecológicas, coleta seletiva de lixo, trilha (onde são observados recursos naturais), jardinagem, reutilização de materiais (banco com pneus, pufs de garrafas pet), hortas ecológicas”. Além da educação ambiental inserida pelo CIPAM nos colégios, Dill

conta que o trabalho de conscientização é também muito forte. Ele explica que “são discutidas soluções ambientais em sala de aula, os alunos chegam em casa e mostram para os pais o que aprenderam.” Mas o acréscimo na qualidade de vida não fica restrita apenas ao lar. Dill relata que, certa vez, no clube de ecologia de Itaara, “foram mostrados aos alunos os prejuízos do esgoto a céu aberto e a indignação das crianças foi tão grande que elas questionaram ao prefeito o por quê de sua rua estar assim”, e logo os resultados chegaram. “O prefeito, em seguida, foi até a escola conversar com o pessoal e solucionou aquele problema”. De acordo com o engenheiro agrônomo e também cooperador do CIPAM, Victor Lutz, os clubes de ecologia têm uma grande colaboração na qualidade de vida da comunidade, pois “uma cidade grande tem dificuldade de montar um encanamento de esgoto que recolha os dejetos das pessoas, então desenvolvemos idéias de como o proprietário reutilizar o seu esgoto, fazendo uma fossa subterrânea em sua propriedade”. Ele ressalta, também, que é importante montar mecanismos que reciclem estes componentes, transformando-os em adubo para o solo, uma vez que os poluentes são evaporados pelas árvores e gramados. Carla Martins e Roberta Friedrich Arquivo CIPAM

Clube de Ecologia em visita à sede do CIPAM


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Santa Maria acima da média, mas...

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e acordo com pesquisa da Fundação Getulio Vargas, baseada em dados do IBGE e divulgada no mês de setembro deste ano, mais da metade - 51,5% - dos domicílios brasileiros não possuem tratamento e coleta de esgoto. Santa Maria diferenciase desta média por possuir mais redes de tratamento. No entanto, aproximadamente 45% da população ainda não possui o serviço. Desfrutar de saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição Federal. No Brasil, o lançamento indiscriminado de esgotos costuma ser um dos maiores problemas ambientais e de saúde pública.

Realidade local Em Santa Maria, existem dois tipos de esgotos: a drenagem pluvial, que escoa as águas da chuva através de tubulações chamadas caixas de inspeção ou bocas-delobo e é responsabilidade da Prefeitura; e o esgoto cloacal, que escoa os materiais sólidos e é responsabilidade da Corsan. Não existe nenhum bairro da cidade com drenagem pluvial completa, com exceção das Cohabs Santa Marta e Tancredo Neves. Uma das grandes dificuldades é a topografia e o tipo de solo da cidade, o que pode tornar o projeto caro. A Cohab Tancredo Neves tem um impedimento técnico - a altura

do terreno. Como o escoamento especialmente logo após os do esgoto é por gravidade, prédios da Base Aérea”, diz foi necessário construir uma Michele Pivetta, 19 anos, estação de bombeamento para acadêmica de Psicologia e que ele chegasse ao seu destino moradora do bairro. final, afirma Luana Bortoluzzi, Para evitar as ligações técnica em edificação do clandestinas, a Prefeitura adota departamento de Planejamento algumas estratégias, como a e Fiscalização de Obras da legalização de casas e terrenos. Corsan. Essas estações possuem Constrói estruturas necessárias custo muito alto, pois, além como drenagem pluvial, de precisarem de bombas e terraplanagem, pavimentação, motores, necessitam meio-fio, iluminação de mão-de-obra e e esgoto cloacal. energia elétrica, já Como obrigação Pesquisa do que ela funciona de dos moradores, fica IBGE e FGV forma ininterrupta. o pagamento do Camobi é o único mostra quadro IPTU. “No Código de bairro da cidade que Posturas da cidade preocupante não possui esgoto do saneamento de Santa Maria cloacal. Lá, as existe um artigo que básico no país. exceções são a Cohab estabelece proibição Fernando Ferrari Em Santa Maria de ligações em esgoto e o Loteamento as obras do PAC pluvial”, diz Luana da Sociedade de devem trazer Bortoluzzi. Segundo Medicina, que melhoria para o engenheiro civil possuem fossa filtro, da Prefeitura, Elmo a qualidade cuja água desemboca Roque Bortolotto, de vida da na drenagem pluvial “esse método serve ou em sangas, com para criar uma população. autorização de estrutura adequada responsáveis. Mas para uma vida mais isso normalmente não ocorre, digna”. explica a técnica da Corsan, porque a prática mais comum PAC traz os recursos é que as pessoas façam ligações irregulares. Nos demais locais Existem projetos para a do bairro Camobi são usadas as construção de novas redes, fossas sumidouros, que escoam mas faltavam verbas. Com parte da água das fossas para a aprovação do Programa de absorção no próprio terreno. É Aceleração do Crescimento necessário que as fossas sejam (PAC), a Prefeitura de Santa limpas pelo menos uma vez Maria vai enviar recursos à ao ano, caso contrário podem CORSAN. “Tem uma verba do entupir e causar mau cheiro. PAC do governo federal para “Em certos lugares do bairro Santa Maria com o fim de é comum sentir o mau cheiro, fazer redes de esgoto em várias

partes da cidade que ainda não possuem esse serviço”, completa Luana. O Programa é o principal instrumento de desenvolvimento do atual governo. Em Santa Maria, ele intervém em áreas como habitação, infra-estrutura, saneamento e meio ambiente. Suas principais obras são: a recuperação do Arroio Cadena e seus afluentes, totalizando 10 km e, principalmente, a construção de 66 km de esgoto cloacal na cidade.

Saneamento e saúde O não tratamento dos esgotos pode prejudicar o meio ambiente e a saúde das pessoas. Tifo, hepatite, cólera e difteria são algumas das doenças causadas. A devolução de esgotos ao meio ambiente deve prever o tratamento de água e o lançamento em curso de água. Na nossa cidade, temos um exemplo de poluição decorrente do lançamento indevido de esgotos nos rios, que é o caso do arroio Cadena. Além de causar mau cheiro, a poluição do arroio causa muitos transtornos à população, com a presença de insetos e doenças. Caso estivesse limpo, ele seria um local de lazer na cidade. A criação de novas redes de esgoto vai implicar na melhoria da qualidade de vida da população, em questões como saúde, meio ambiente e lazer. Saneamento básico é um direito de todos. Ana Paula Badke e Camila Ferrari


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Cultivar faz a diferença

ada vez é mais difícil encontrar jardins bem cuidados nos centros urbanos, onde se possa desfrutar as sombras de árvores, frutas e dos sons de pássaros. A sensação de morar num bosque não é para todos e requer um cuidado especial. Não é apenas regar as plantas ou protegê-las das geadas, é preciso dedicar um bom tempo para estar nesse ambiente arborizado que não depende só da influência da temperatura. Para desfrutar dos benefícios de um ambiente florido e perfumado não é necessário ter um grande pátio em casa. Devido à falta de espaço, muitas pessoas adaptam um jardim em seus apartamentos, em suas varandas, sacadas ou até em janelas, onde é possível cultivar plantas de pequeno porte, e assim, exercitar o ato de mexer na terra e ver florir espécies diversas. Pessoas que têm o hábito de lidar com plantas muitas vezes falam com elas, enquanto regam. Agem como se elas pudessem escutar e assim melhorar seu aspecto. Isto para quem não tem o costume, parece não ter sentido, mas os especialistas dizem que esse mimo ajuda não só as plantas como é uma boa terapia para os cultivadores. Essa relação com a natureza faz com que exista uma maior consciência da importância de ver crescer um broto novo que se transforma a cada dia mais verde e brilhante diante de cuidados especiais. Segundo a vendedora Viviane Pessoa, a preservação e cuidado com uma área verde em sua residência gera uma melhor qualidade de vida para sua família, em especial para as crianças que convivem diariamente com a natureza e com os animais que ali circulam. “Eu possuo cinco árvores nativas em minha casa, três são frutíferas, e ali observamos que elas servem como habitat para um casal de coruja, tucanos, cocotas, saracuras entre

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Fernanda Fernandes

O risco das plantas tóxicas Algumas plantas escondem um grande perigo por trás da sua beleza. São denominadas plantas tóxicas e, quando ingeridas ou em contato acidental na hora de manuseá-las, provocam reação. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas (SINITOX), aproximadamente 60% dos casos por inticação atingem as crianças menores de 9 anos, em geral por acidente. As plantas consideradas mais perigosas são: tinhorão, comigo-ninguém-pode, copo-deleite, taioba-brava, avelós, bicode-papagaio, mamona e pinhão roxo. No caso de contato acidental com essas plantas é imprescindível procurar ajuda médica.

outros pássaros que encontram abrigo durante as noites em meio às árvores”, diz Viviane. Falar sobre árvores, suas formas e suas características é um grande aprendizado para as crianças. Suas funções vão além de produzir sombras e frutas. Proporcionam proteção ao meio ambiente, evitando erosões do solo, enchentes, e servindo como uma fonte de vida. O aposentado Jorge Barreto, 72 anos, começou a criar mudas de árvores depois que parou de trabalhar. O prazer em ver germinar as sementes não tem comparação. “Não tenho muito espaço no meu pátio para criar plantas, então tive a idéia de plantar sementes de árvores para depois doá-las”.

Sem visar lucro, ele entrou em contato, pela internet, com o Clube das Sementes do Brasil, com sede em Brasília e obteve um número muito grande de sementes por um valor acessível, o que o motivou a cultivar até 80 mudas de árvores em sua casa. Entre as mudas que foram cultivadas pelo aposentado, estão o pau-brasil, copaíba, paude-formigas e algumas árvores frutíferas. “As pessoas evitam criar árvores porque pensam que é necessário uma grande estrutura para isto, eu plantei as sementes em potes improvisados e obtive um grande resultado”, explica Jorge. Fernanda Fernandes e Clarissa Pippi

Prefeitura implanta nova lei de adoção de canteiros Empresas, instituições públicas ou privadas e associações comunitárias podem fazer parceria com a Prefeitura Municipal, através do Programa de Adoção, Manutenção e Proteção dos canteiros centrais, áreas verdes, praças e parques infantis. O programa permite a preservação do espaço público, o embelezamento da cidade e sua organização paisagística e visual, envolvendo neste processo diversos segmentos da comunidade. Informações: Secretaria de Turismo e Eventos, fone 3217-9415 ou e-mail turismo@ santamaria.rs.gov.br


14 Douglas Menezes

Pedalar

é uma saída O uso da bicicleta como alternativa a veículos motorizados, emissores de gases tóxicos, pode ser um atenuante da poluição do ar. Para que isso seja possível é preciso construir vias próprias no trânsito de Santa Maria.

E

m vista do que acontece hoje no nosso planeta, uma coisa é certa: mais cedo ou mais tarde, a maioria das pessoas vai ser obrigada a usar a bicicleta. Esse é o alerta do vereador Luiz Carlos Ávila da Silva, mais conhecido como Fort, autor de vários projetos que visam a utilização da bicicleta como alternativa de preservação do meio ambiente. Usar o veículo de duas rodas para se locomover ao trabalho, à escola, ao supermercado, ou até para passear, contribui para diminuir a emissão de gases tóxicos, nocivos ao meio ambiente e à saúde. Além disso, essa atitude torna menos intenso o tráfego no trânsito, servindo de instrumento de mobilidade urbana. Para que o uso da bicicleta seja uma alternativa de preservação do meio ambiente e se torne um hábito dos santa-marienses, há muitos empecilhos. Na cidade não existem vias próprias para o trânsito de bicicletas, mas esse obstáculo pode deixar de existir em breve. Na Câmara de Vereadores tramitam projetos de leis e, no Executivo Municipal, algumas medidas foram instauradas, recentemente, para que seja possível a implantação de um sistema cicloviário em Santa Maria. O projeto de lei que “dispõe sobre a criação do Sistema Cicloviário no Município de Santa Maria e dá outras providências”, contempla 22 km de ciclovia na cidade. De acordo com o autor, o governo municipal está

encaminhando os procedimentos. No entanto, o projeto precisa de alguns ajustes para se concretizar, pois gera custos ao Executivo. “Mas já estamos adiantados no processo”, garante Fort. As ciclovias são de 1 metro e 80 centímetros de largura, exclusivamente para a passagem de bicicletas. O itinerário do projeto tem início na av. Walter Jobim, passando pelas avenidas Maurício Sirotsky Sobrinho, Dois de Novembro e Borges de Medeiros; após, entra na rua Cel. Niederauer e acaba no Terminal de Comercialização de Hortifrutigranjeiros na praça Saturnino de Brito, onde será construído um bicicletário, para o estacionamento dos veículos. Bicicletários

Um segundo projeto que “institui a obrigatoriedade da instalação de estacionamento de bicicletas em locais de grande afluxo de público” complementa o primeiro. Esse também está sendo alterado, pois prevê a instalação em órgãos públicos municipais, o que gera custo para o Executivo. Entretanto, ficará obrigatório o estacionamento dos veículos somente no setor privado. Algumas universidades, assim como clubes, farmácias, escolas e supermercados já se deram conta da situação. “O empresário com visão de futuro tem o seu bicicletário no estabelecimento”, afirma o vereador. Ter um local para deixar a bicicleta chaveada proporciona maior

segurança para o cliente. Na área de instituições de ensino, segundo Fort, Santa Maria tem mais de 50 mil acadêmicos de curso superior e, se apenas 1% utilizarem a bicicleta como transporte, a cidade terá mais de 500 ciclistas, diariamente. “São pessoas que deixarão de poluir o meio ambiente e terão uma saúde melhor”, pondera. Além do que está proposto pelo projeto das Ciclovias, mais 12 km já estão garantidos pela verba federal do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). O trajeto deve iniciar na nova Perimetral Dom Ivo Loscheiter, seguir a av. Borges e chegar à av. Walter Jobim, ligando uma ciclovia à outra. Ainda deve ser organizada uma ciclo-faixa na av. Medianeira. Nesse caso, a via tem o trânsito de carros durante a semana e, apenas às sextas, sábados e domingos, será reservada uma área lateral de 1 metro e 80 centímetros para o cruzamento de bicicletas através de toda a extensão da avenida. “São conquistas importantes, alcançadas junto à iniciativa privada e pública”, comemora Fort. Conscientização

O sistema cicloviário em Santa Maria surge para atender a demanda de ciclistas. Mais do que isso, de acordo com Fort, são dois fatores que se pretende atingir com a implementação das leis: o sócioeconômico e sócio-ecológico. “Na medida em que houver mais

usuários de bicicletas, irá diminuir a poluição do ar e as pessoas se tornarão mais saudáveis”. Na questão econômica, o vereador destaca que “de ônibus, a pessoa gasta quatro passagens por dia, já com a bicicleta se tem uma manutenção barata e não precisa de nenhum tipo de combustível, a não ser o corpo humano”. Um público bastante focado para a conscientização do uso da bicicleta, segundo o autor do projeto, é o de crianças. “Mas isso causa certas preocupações, pois não existem espaços reservados ainda”. Por esse motivo, no projeto também consta a promoção de atividades educativas visando à formação de comportamento seguro e responsável, assim como o uso do espaço compartilhado, além da conscientização ecológica e do lazer ciclístico. “Hoje nós fazemos parte do Movimento Gaúcho pelo Trânsito Seguro”, conta o vereador. Esse órgão realiza passeios ciclísticos para o público em geral, blitz e palestras especialmente dirigidas às crianças. O fato de não ter a via apropriada é um agravante, confirma Fort. Porém, o aspecto geográfico é o maior intensificador da resistência cultural dos santa-marienses. “Isso é fator fundamental para que as pessoas não utilizem a bicicleta”. Algumas regiões mais planas, como a leste, norte e oeste possuem um maior número de ciclistas. Já no centro da cidade, o número é bem reduzido, associado ao fator sócioeconômico.


15 Como está o ar em Santa Maria O relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática da ONU (IPCC em inglês), revela que o maior agravante do aumento dos gases de efeito estufa (GEEs) é a emissão de dióxido de carbono liberado através de atividades, principalmente de indústrias e dos transportes, pela queima de derivados do petróleo. Mas os santa-marienses podem ficar tranqüilos, porque Santa Maria não é considerada uma cidade poluída. O estudo, ainda em andamento, da equipe do professor do curso de Engenharia Ambiental, Sérgio Mortari, revela que o nível de poluição está dentro da normalidade, comparado à tabela estabelecida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). A pesquisa sobre os níveis de poluentes no ar emitidos no trânsito urbano de Santa Maria é feita em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o curso de Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mortari destaca a importância desse estudo tanto para a prática dos alunos quanto para a formação de recursos humanos, assim como para a produção de conhecimento e estatísticas para a

cidade e população. Os veículos motorizados desregulados são os grandes vilões do meio ambiente urbano. Segundo Mortari, esses automóveis emitem um alto grau de material particulado, entre eles monóxido de carbono, enxofre e metais. “O ideal seria fazer a manutenção do automóvel a cada ano”, alerta o professor. Em contrapartida, existem três tipos de poluição: a rural, a urbana e a industrial. “A associação dessas categorias agrava mais a situação”, explica. Um modo de preservação nesse sentido, pode ser a criação de leis, a exemplo do Rio de Janeiro, que incluam a vistoria de regularização dos automóveis, informa. O vento característico da região é um agente importante para a normalidade dos níveis de poluição do ar em Santa Maria. O professor diz que a concentração de gases nocivos emitidos pelos veículos fica mais dispersa. Entretanto, o fato de não apresentar riscos, não significa que não devemos prestar atenção nas nossas atitudes de preservação, porque impactos ambientais causados pelo descuido interferem na nossa vida, em escala global. Adriana Garcia

Tipos de análises

Bioindicadores: líquens coletados no morro do Cechela, instalados em quatros pontos com grande fluxo de veículos: av. Presidente Vargas, Nossa Senhora das Dores e rua Silva Jardim. Química: um frasco com uma bomba que puxa o ar e retém os poluentes, instalado na rua dos Andradas, esquina com a Floriano Peixoto. Das 11h às 13h30min. Nos dois processos, os indicadores são dispostos na altura de 1 metro e 50 centímetros, em média, área de alcance da respiração das pessoas. Após as coletas, são utilizadas diversas técnicas de examinação para cada conjunto de poluentes existentes nas amostras.

Sidnei Rocha da Rosa, 42, pintor, percorre quase 6 km diários até o trabalho. Usa bicicleta há dez anos para tudo e nunca teve um automóvel. Para Sidnei, andar de bicicleta é uma atitude saudável que ajuda para uma preparação física mais resistente. Ele conta que se fica alguns dias sem fazer esse exercício, já se sente mais pesado. O maior perigo encontrado é ter que dividir o espaço do acostamento da BR 362 com os pedestres.

Resistência cultural Existem campanhas, em todo o Brasil, de ‘neutralização do carbono’ nas indústrias e empresas. Em 56 cidades há o dia em que não se usa o automóvel. Santa Maria tem o “Dia municipal sem meu carro”, iniciativa que busca incentivar o uso da bicicleta em alternativa ao uso de automóveis, que vai ocorrer a partir de março de 2008. Outra iniciativa é a criação da Semana do Ciclista, que ocorre de 22 a 28 de outubro. É uma proposta difícil de obter resultados pois, no Brasil, de acordo com o Ministério das Cidades, há 60 milhões de bicicletas, mais que o dobro de carros, mas só 2.500 km de ciclovias. O exemplo é dado pelo próprio vereador e ciclista, que se locomove de bicicleta até a Câmara de Vereadores, três vezes

por semana, para estimular e fazer a sua parte no que se propõe. “Temos o bicicletário aqui na casa e alguns funcionários que vinham de veículo, hoje já aderiram”, conta. Outro agravante do insucesso das campanhas é que a população não tem a consciência da importância dessa modificação de hábitos. Até agora, as campanhas não conseguiram adesão suficiente de pessoas, pois o trânsito não diminuiu. “O usuário da bicicleta como transporte hoje, é o de baixa renda”, afirma Fort. Isso se comprova pela sobreposição do fator sócio-econômico na cultura das pessoas. Segundo o vereador, no momento em que se adquire uma condição melhor, com a compra de um automóvel ou motocicleta, se deixa a bicicleta de lado. Fotos Adriana Garcia

Pedro Barroso, 64, serviços gerais, acha que se o projeto da ciclovia sair do papel vai ajudá-lo muito no deslocamento da sua casa no Alto da Boa Vista até os locais onde consegue para “fazer uns bicos”. Ele conta que perde muito tempo no trânsito esperando para cruzar vias de grande fluxo, como a Walter Jobim e Maurício Sirotsky Sobrinho. Para Pedro, a grande vantagem de usar a bicicleta é poder poupar no gasto com transporte coletivo. “Se eu for de ônibus não sobra nada para mim”, explica.

Riscos e benefícios de pedalar

“Os riscos para a saúde ao andar de bicicleta, tanto como meio de transporte, quanto como lazer são pequenos”, afirma o pesquisador Felipe Pivetta Carpes, do Grupo de Estudo e Pesquisa em Ciclismo (GEPEC), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “O condicionamento cardiorespiratório é um dos benefícios adquiridos com a prática do ciclismo ”, recomenda o pesquisador. Segundo Felipe Carpes, a intensidade do exercício e a distância percorrida são fatores que irão determinar o esforço do metabolismo humano na prática. Portanto, inicialmente não é recomendada a prática de longas distâncias. Mais de 80% dos

praticantes recreacionais andam em bicicletas desajustadas. Um dos cuidados importantes é o conforto que a bicicleta oferece. “O bom ajuste de peças móveis, como guidão, selim e pedais, de acordo com as suas dimensões corporais”, esclarece. Outra problemática encontrada em relação à saúde, é a suscetibilidade da pessoa aos poluentes encontrados no ar das margens das rodovias, avenidas e ruas com grande fluxo de carros. Formas de atenuar essa inalação, na prática, podem não ser tão eficientes. “Infelizmente, não se pode usando uma máscara de oxigênio para se proteger ”, lamenta Felipe Carpes.


A

cho que a gente herda de alguém esse dom para arte. Não sei explicar. A pessoa já vem com a habilidade natural para fazer isso”, afirma o militar aposentado José Nunes de Oliveira, de 79 anos. É assim que ele tenta explicar de onde vinha tanta criatividade para transformar os restos de lixo naquilo que, agora, lota as prateleiras da garagem, ou melhor, “oficina” como ele mesmo define. Garrafas plásticas, restos de materiais do ferro velho ou da marcenaria do vizinho. Coisas aparentemente sem utilidade, apenas restos. Porém, nas mãos do seu Oliveira ganham formas, funções e objetivos. Das garrafas plásticas surgem carrinhos, bolsas e bonecos para as crianças brincarem. Para as donas de casa, portas-utensílios e para os amantes do chimarrão, porta-cuias. Se cortadas em tamanhos iguais, com a ajuda dos ganchos comprados “bem baratinho no ferro velho” as garrafas também se transformam na bela cortina da porta que dá acesso à área de serviço. Para montá-la, seu Oliveira dá a dica: “é só cortar a parte lisa da garrafa em vários pedacinhos do mesmo tamanho e passar na água quente para fazer um detalhe, assim viradinha. Depois fura nos cantos e intercala o gancho e a peça de plástico. Até completar a altura da porta”, ensina. Engana-se quem pensa que as utilidades de uma garrafa plástica terminam aí. O militar aposentado ainda conta que, há alguns anos atrás, descobriu em um programa de televisão uma máquina que produzia fitas de plástico, retiradas da parte lisa da garrafa. “Ele viu uma vez só. Ninguém o ensinou a fazer, só mostraram na tv o que era. Daí em diante ele tentava copiar só pelo que tinha na memória, até que conseguiu montar a geringonça”, orgulha-se a filha Janiéri Nunes Moreira, 41 anos. Hoje, a “geringonça” é uma das ferramentas da oficina de Oliveira. Com a matéria-prima produzida por ela, faz-se forro para cadeiras que, conforme o artesão, “ficam bem mais resistentes do que os outros forros”. Toda essa aptidão para a arte não é de hoje. Desde os tempos da infância, seu Oliveira corria para a casa do vizinho em busca dos pedaços de madeira que não serviam mais para o marceneiro. “Enquanto os outros moleques iam matar passarinhos eu brincava de

A arte está nos olhos de quem vê

Rodrigos Simões

construir uma locomotiva com os restos da madeira” lembra. Na época um menino com cerca de 8 anos, Oliveira dividia seu tempo entre construir locomotivas e outros brinquedos com os pedaços da madeira, ir à escola e ajudar sua mãe a vender os quitutes que ela fazia. O aposentado menciona que “como ia às casas dos vizinhos vender os quitutes, aproveitava para vender minha rifa”. Sim, sua rifa. Ele não só construía as locomotivas de madeira como as rifava para os garotos da vizinhança. “Tirava cerca de 100 réis por rifa”, recorda aos risos. Arte e meio ambiente, porém, só foram encontrar-se após uma viagem que fez a São Paulo, durante o período em que servia no quartel. Em um dos passeios turísticos, o então militar avistou o rio Tietê, já naquela época escondido embaixo de um “amontoado de lixo e garrafas plásticas”, como ele define. “A partir daí senti necessidade de realmente fazer algo para diminuir toda aquela poluição” confessa. Assim, quando retornou, montou sua oficina e começou a trabalhar com as garrafas de plástico. Suas primeiras obras de arte: os carrinhos de brinquedo. Os beneficiados: as crianças de entidades carentes. “Levei muitos carrinhos para as crianças carentes. Coisa mais linda vê-las sorrir. Acho importante fazermos algo que faça bem para todas as pessoas, né?!”. É sim, seu Oliveira. Sorriem as crianças, os adultos e o meioambiente. Nós agradecemos o exemplo. Fabiane Berlese

‘Separe, recicle, faça sua coleta seletiva’ Não são lixos recicláveis: pilhas, baterias, lâmpadas, cigarros, papel higiênico, papéis (plastificados, de fax e de carbono) fraldas, absorventes e preservativos. Já os restos de alimentos, assim como borra de café e ervamate, são lixos orgânicos. Podem ser reaproveitados como adubo, até mesmo para o jardim da sua casa. Papéis (brancos e mistos), jornais, papelão, plásticos, metais, alumínio, isopor, embalagens longa vida, madeira, tecidos, pneus, filtro de café e outros, são lixo seco e podem ser reutilizados.

Alguns sites trazem esclarecimentos e sugestões de como reciclar e reutilizar esses materiais. Pegue as dicas. Use e abuse de sua criatividade. O mundo em que você vive também é de sua responsabilidade.

www.recicloteca.org.br www.akatu.net www.reciclarepreciso.hpg.com.br www.lixo.com.br www.reviverde.com.br


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