Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra
Editorial Lucro e investimento socioambiental podem ser compatíveis? O que é ser sustentável? A importância dada ao tema, hoje, pela mídia e pelo setor produtivo, comprova a necessidade mais urgente de nossos dias: a de mudanças. Existem valores a serem compartilhados e a sustentabilidade para mudar o mundo, para frear um modelo insano de auto-destruição, é um deles. Atividades que tenham o menor impacto possível no meio ambiente precisam ser mostradas e valorizadas. Esta edição do JornalEco traz exemplos de alguns projetos de abrangência local ou regional que se destacam pela responsabilidade em adotar novos procedimentos, novas práticas cotidianas, mudanças de comportamento que apontam para a conciliação entre desenvolvimento e preservação ambiental. O jornalismo não pode apenas denunciar o que está errado nesta crise ambiental que enfrentamos hoje. Precisa, também, disseminar idéias que promovam o equilíbrio entre negócios e meio ambiente. Este é o desafio desta edição do JornalEco. O conceito de sustentabilidade deve passar a fazer parte da agenda de jornalistas, de empresários e do público em geral – quem produz notícia, quem produz mercadorias e quem os consome, notícias ou produtos.
6ª edição - junho/2008
Sustentabilidade, uma idéia a favor do planeta
Bibiane Moreira
Com o aumento populacional maior do que o espaço diponível, as pessoas acabam instalando-se em locais impróprios como morros e beiras de arroios
Página 3
Rodrigo Simões
Catadores recolhem lixo reciclável descartado pelo Hospital Universitário de Santa Maria
Páginas 8 e 9
Beatrice Witt
Uso racional dos recursos hídricos passa por ações como o Car Wash, que aproveita a água da chuva para lavar ônibus
Páginas 6 e 7
2 Arquivo Prefeitura
Sustentabilidade: o grande desafio E sgoto a céu aberto, cheiro ruim, risco de ver sua casa desabar a qualquer momento. Esta é a realidade das pessoas que moram nos morros e proximidades dos arroios de Santa Maria. Construir sua casa em harmonia com o meio ambiente, de maneira sustentável, tem sido o sonho de muitos que vivem nessas condições. A desempregada Célia Silva Fontana diz que não tem medo de morar no local, em sua casa na vila Lídia, mas admite o incômodo mau cheiro que os detritos e o esgoto trazem. “As pessoas jogam lixo aqui nas margens. Não apenas os moradores da redondeza, mas também os de outros bairros. Às vezes, o caminhão do lixo passa, mas nem sempre. Já é normal sujar aqui”, ressalta a moradora. Já a estudante Daiane Castro preocupa-se com a insegurança que a sujeira e os desmoronamentos causam. “Quando chove desmorona um pouco. Conheci uma senhora que precisou se mudar porque sua casa estava desabando. Muitas vezes, as famílias pedem a ajuda da CORSAN, que demora a vir”, relata. Numa tentativa de minimizar o problema, Santa Maria ingressou no Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC) uma iniciativa do governo federal que visa melhorar a infra-estrutura básica nas cidades. Segundo a prefeitura do município, 37 vilas serão contempladas, todas elas identificadas como lotes. Cada loteamento deverá conter arborização e estrutura apropriada às condições ambientais, tornando sustentável a utilização de recursos. Para tanto, devem ser construídas novas casas em lugares adequados e instalados módulos sanitários nas que já existem.
O coordenador ambiental do PAC em Santa Maria e engenheiro florestal, Luis Cláudio da Silva, explica que a proposta é fazer uma transformação da cidade a partir das suas carências básicas. Segundo Silva, será ampliada a coleta de esgoto com tratamento entre 50% e 80% da cidade. “Também está prevista a instalação de 2.600 novas casas, fora a reforma de outras 1.000 e a instalação de cerca de 2.000 módulos sanitários para aquelas que já existem”, afirma. Estão previstos, também, cursos e palestras para os moradores sobre higiene e meio-ambiente, para que lhes seja possível sustentar as mudanças feitas. Morador da vila Esperança, Manoel Andrade Soares conta que o cheiro era insuportável nas sangas e, quando chovia, a água chegava até a altura do joelho. Após o início das obras no local onde vive, o funcionário público comemora. “Fizeram canalização pluvial e agora a água da chuva vai ter por onde sair. Depois vão ainda colocar o asfalto. Faz uns 50 anos que pedíamos isso, eu já não esperava mais que a vila Esperança fosse atendida. É uma pena que os antigos moradores não estejam aqui para ver”, comenta. Santa Maria é o município que está mais adiantado na execução do projeto no sul do país. As obras ainda não têm previsão para término, mas já estão mudando a qualidade de vida de muitas pessoas e, por conseqüência, promovendo a sustentabilidade ambiental da cidade.
Bibiane Moreira, João Francisco Serpa Fº e Luísa Estivalet
Esgoto a céu aberto é um problema freqüente em várias ruas da cidade
O que é o PAC ? O PAC – Projeto de Aceleração do Crescimento é uma iniciativa do governo federal para ampliar a infra-estrutura do país e melhorar a qualidade de vida nas cidades e municípios. Como surgiu a iniciativa? Foi feito, em 2005, um estudo de todas as áreas da cidade com risco de alagamento, inundação e deslizamento, na beira de morros, encostas e próximo à linha do trem. A partir daí analisou-se quem efetivamente precisa sair das áreas de risco. Em paralelo, foi feito um estudo de todos os jardins
urbanos que poderiam ser usados para fazer novos loteamentos. Iniciaram as movimentações em novembro de 2007. Santa Maria foi escolhida junto a outros 4 mil municípios do País, por suas necessidades em infra-estrutura e saneamento que, em algumas áreas, são críticas. Quais são as previsões? Serão trabalhadas nesse projeto questões como saneamento básico, arborização, melhoria nas ruas e habitações, retirada das populações em situação de risco, reeducação ambiental, sanitária e patrimonial.
A poluição atmosférica de Santa Maria é indoor A poluição do ar é a principal responsável pelo efeito estufa e está por trás de inúmeros problemas ambientais. A questão da sustentabilidade do ar em que vivemos, segundo a diretora do Laboratório de Ciências Espaciais de Santa Maria (Lacesm), Damaris Kirsch Pinheiro, é uma questão preponderante de ser pensada, em um momento em que as repercussões dos problemas ambientais causados pelo homem têm sido tão discutidas. No entanto, Santa Maria ainda não é considerada uma cidade poluída. Mas tudo indica que o meio ambiente não conseguirá suportar por muito tempo o nosso atual estilo de vida. “A atmosfera vai perder seu equilíbrio, é preciso pensar em projetos de sustentabilidade para evitar futuros problemas”, afirma a diretora. Dados da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que mantém uma Rede Automática de Estações de
Monitoramento da Qualidade do Ar, ratificam a informação, ao demonstrar em seus resultados que o ar de Santa Maria é bom, não representando riscos para a saúde da população. Os principais problemas de Santa Maria, em relação à poluição atmosférica, decorrem de correntes de ar que vêm de outros lugares, especialmente do norte da Argentina, onde os principais fatores de poluição são as queimadas. Com as correntes de ar, esses poluentes se transferem para a atmosfera da região. Durante o mês de agosto, tempo de queimadas na Argentina, a camada de ozônio fica mais sensível na região central do Rio Grande do Sul. O Lacesm faz, periodicamente, medições da camada de ozônio na região, e constata que esta se encontra na condição normal, que não está muito afetada pela poluição. “Santa Maria já apresenta problemas de cidade grande, como o excesso de tráfego”.
Para ela, uma melhora nas condições do transporte público incentivaria as pessoas a deixarem o carro ou a moto em casa, evitando excesso de liberação de gases poluidores e melhorando a qualidade do ar. O trem serve como exemplo de transporte ágil que pode ser adaptado com as necessidades de hoje para servir à população. A partir das pesquisas desenvolvidas no Lacesm, é possível afirmar que a situação não é alarmante, mas projetos e pesquisas precisam ser iniciados para não piorar a situação que hoje se encontra estável. Porém, Damaris ressalta que não devemos nos preocupar somente com a poluição externa do ar. A poluição dentro de lugares fechados, chamada de indoor, também prejudica o organismo do ser humano. “Produtos de limpeza usados sem discriminação, podem causar danos à saúde. O cheiro forte de cloro, por exemplo, dentro de uma casa
fechada pode ser mais poluente que o ar lá fora”, analisa Damaris. O estudante de EngenhariaAmbiental da Unifra, Raphael Stieler Vauches, em seu trabalho final de graduação, traz à tona esse assunto atual e polêmico, a contaminação indoor. A pesquisa científica é feita em boates da cidade durante toda a madrugada e vai tentar mostrar a quantidade de monóxido de carbono presente no ar. A idéia do trabalho é original e pioneira no Brasil, onde nunca foram analisados esses dados. No país só consta um projeto de lei, ainda não aprovado, que visa proibir o fumo em lugares fechados. Raphael conta que o indoor não se restringe a boates e bares, esse tipo de contaminação atinge desde salões de beleza até hospitais. “A poluição de cada lugar muitas vezes pode ser associada à ventilação que ele possui, exaustores e ar-condicionados ajudam a melhorar a situação”, explica.
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O ecossistema suporta tantos filhos?
E
sgotamento sanitário, lixo nas ruas, saneamento básico prejudicado, desperdício de água. São diversos os problemas que uma população pode gerar ao meio ambiente e à sustentabilidade de um determinado local. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Santa Maria tem uma população de 270.073 mil habitantes fixos e aproximadamente 30 mil flutuantes. A cidade apresentou um crescimento demográfico de 1,86% e é considerada a cidade mais urbanizada, a mais populosa e a maior da região, concentrando 36,40% da população da zona central do estado. A Fundação Mo’ã (mo’ã significa ‘proteger”, em tupi-guarani) é uma organização não governamental, criada em 1996 com o propósito de cuidar das questões ambientais de Santa Maria. Para uma das pessoas que instituiu a Fundação, Eleonora Diefenbach Muller, o aumento da densidade demográfica reflete diretamente no meio ambiente. “Com a população crescendo, crescem as agressões à natureza. O esgotamento sanitário é um grande problema, as pessoas vão se amontoando e nem têm mais onde colocar o lixo, afetando no saneamento básico e trazendo doenças para a população”, explica Eleonora, que é membro do Conselho Municipal de Saúde e do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente. Na época em que o aposentado Luiz Silveira teve seus nove filhos, a realidade ambiental era outra. Quanto mais herdeiros nasciam, mais mão-de-obra se tornava disponível para ajudar nos serviços da família. Ao ser questionado se o crescimento populacional pode influenciar no meio ambiente, respondeu que sim e que tenta passar uma educação ambiental aos seus filhos, pois se preocupa com o futuro dos netos. “Consci-
Rodrigo Simões
Muitos herdeiros em poucas condições ambientais entizei-me tarde, percebo que ter muitos filhos pode afetar o meio ambiente, mas hoje tento cuidar da minha parte, o que infelizmente os outros não fazem. As ruas estão sujas, as pessoas não colaboram”, relata. Para o geógrafo Maurício de Freitas Scherer, o aumento no número de habitantes de Santa Maria é reflexo de dois fatores principais, que são o crescimento vegetativo e o processo de migração. “Além das crianças que nascem, existe em Santa Maria um processo migratório muito forte, já que a cidade é tida como
um pólo regional e os moradores de regiões vizinhas se mudam para cá em busca de novas oportunidades”, disse. O geógrafo acredita que Santa Maria não tem tantos problemas quanto a um possível crescimento desenfreado da população por nascimentos, mas por migração. Segundo a representante da Fundação Mo’ã, tudo o que acontece com o meio ambiente é resultado da ação humana. No entanto, um planejamento familiar poderia resolver boa parte dos problemas ambientais. “A água é um dos
pontos cruciais, pois vai faltar água de boa qualidade com a população crescendo. Santa Maria não é sustentável e falta orientação ambiental”. Eleonora acredita que são tantos os problemas que o meio ambiente tem sido deixado de lado. “Quando a gente agride o meio ambiente, da maneira que for ele reage”, conclui.
rança no trabalho previstas em legislação é de 9 ppm´s. Segundo o médico pneumologista Fernando Schwarcke, o grande problema para as pessoas que sofrem de doenças respiratórias é a concentração da poluição, como em garagens ou locais fechados. Ele afirma que a porta de entrada do nosso corpo são as vias respiratórias. No momento em que alguma partícula nociva passa por essa via pode ter efeito em outro órgão do nosso organismo. Por exemplo, a aspiração de uma grande quantidade de monóxido de carbono causa alterações no sangue, que podem acelerar os processos de aterosclerose, ou seja, a esclerose nos vasos arteriais. Segundo o médico, essa doença é causada pela gordura que temos em excesso no sangue, que dificulta o fluxo da circulação e pode resultar em um infarto. “Alguns dos meus pacientes acabam por evitar a ida em boates e bares por
causa dos índices elevados de poluição atmosférica”, afirma o médico. Raphael afirma que não tem resultados definidos para suas pesquisas, mas pretende analisar e traçar um perfil da curva de monóxido de carbono. Ele pretende propor medidas que venham a reduzir esses níveis, como instalação de ventilações que podem fazer o nível de contaminação cair em 50%. Em Santa Maria, uma cidade sem níveis alarmantes de poluição atmosférica externa, como comprovado por órgãos como o Lacesm e a Fepam, o grande problema passa a ser a contaminação do ar em ambientes fechados, onde há fumo ou uso exagerado de produtos químicos. A preocupação com a sustentabilidade deu início a estudos que podem trazer grandes benefícios ao ambiente indoor.
Luiz Otávio Prates, Kellen Severo e Thaís Pedrazzi
Paula Minozzo
O aparelho portátil mede a quantidade de monóxido de carbono no ambiente O estudo está sendo realizado desde dezembro do ano passado e tem previsão de conclusão em julho, quando as medições dentro de boates serão finalizadas. Segundo o estudante, entre os fatores que influenciam a mudança na contagem de ppm´s (partes por milhão ou micro grama por metro cúbico) estão a ventilação, o tipo de ambiente, a temperatura, o número de pessoas, a umidade do ar e o fato de que nas boates de Santa Maria prevalece maior número de mulheres, já que, segundo Rafael, elas
fumam muito menos que os homens. Para fazer as medições, o estudante usa um aparelho portátil medidor de CO (monóxido de carbono), que faz a contagem em ppm´s. Raphael explica que as medições começam quando a boate abre, normalmente às 11 horas da noite e segue realizando de meia em meia hora até as 6 da manhã, horário de fechamento. O pico de contaminação já registrado foi entre as 3 e 4 da manhã, de 25 ppm´s, sendo que o normal seria de 0 e o sustentável pelas leis de segu-
Bárbara Alvarez, Bruna Manzon e Paula Minozzo
Fotos Gardel Silveira/arquivo Prefeitura
4 Patrícia Lemos/arquivo Prefeitura
Etapas da recuperação O arroio receberá três tipos de intervenções, em três trechos diferentes: 1º trecho – Canalização aberta em concreto armado da av. Assis Brasil até a Borges de Medeiros. 2º trecho – Canalização aberta com gabiões, da av. Borges de Medeiros até a av. Walter Jobim. 3º trecho – Contenção das margens, com elevamento de taludes, da av. Walter Jobim até a vila Lorenzi.
Revitalização do arroio tem por objetivo diminuir a poluição e pode transformá-lo em cartão-postal da cidade
O
astrônomo Carl Sagan (19341996) propôs que, se toda a história do universo pudesse ser resumida em um único ano, os seres humanos teriam surgido na Terra há apenas sete minutos. Nesse período, o homem inventou o automóvel e o avião, viajou à Lua e voltou, criou a escrita, a música e a internet, venceu doenças, triplicou sua própria expectativa de vida. Mas foi também um período de forte agressão ao meio ambiente, com intensos desmatamentos, uso indevido de recursos hídricos e descaso de governos com a questão ambiental. Sustentabilidade sempre foi vista por governantes com desdém. Ainda prevalece a idéia equivocada de que não há como conciliar desenvolvimento e preservação ambiental. A preocupação com o meio ambiente, no entanto, nunca esteve tão em voga como nos dias atuais. A recuperação de rios tem sido uma preocupação tanto em cidades do Brasil como em outras partes do planeta. Depois de se tornar uma referência universitária importante na região, Santa Maria cresceu rápido, de maneira desordenada, e o meio ambiente foi deixado de lado. Grande parte dos esgotos locais ainda é lançada diretamente no arroio Cadena. Recentemente, a cidade parece ter despertado para a necessidade de fazer modificações que propiciem a recuperação do arroio e seus afluentes. Por várias administrações municipais, tem sido tema central a recuperação e revitalização do curso d’agua. A Prefeitura sinaliza com melhorias
O Cadena (re)nasce através de obras no entorno do arroio. Educação e conscientização fazem parte dos deveres da comunidade, assim como fiscalizar a propalada recuperação do local pelo poder público. Apesar de a cidade contar com rede coletora de esgoto, nem todos os bairros são assistidos. Soma-se a isso o mau hábito das pessoas descartarem lixo no Cadena. Além disso, o arroio nasce na zona urbana, o que agrava o problema. Os constantes alagamentos, muito freqüentes em dias de chuva, dificultam a drenagem. Mutirão Vida ao Cadena Em comemoração ao Dia Mundial da Água, 22 de março, foi realizado o 1º Mutirão Vida ao Cadena com o propósito de chamar a atenção para manter esse recurso hídrico. “Não adianta deixarmos sempre para o outro fazer, nós temos que ter a iniciativa de começar, sem medo de errar! O importante é dar o primeiro passo, é plantar a semente!”, acredita a idealizadora do projeto, Aline do Nascimento.
Pouco mais de 20 pessoas, em sua maioria amigos e familiares, participaram do 1º Mutirão realizado no bairro Salgado Filho. A estudante fez uso do Orkut – site de relacionamento na internet – para divulgar a iniciativa. O segundo Mutirão Vida ao Cadena realizou-se no dia 17 de maio – data em que Santa Maria completou 150 anos. Foi emblemático, pois deixou claro como a questão ambiental ainda encontra certa reticência na cidade. Novamente, pouco mais de 20 voluntários – incluindo integrantes do Leo Clube – compareceram para a força-tarefa. Eles contaram com o apoio do Exército e do caminhão de lixo, que fez a coleta do material retirado do arroio. Neste mutirão foi recolhida a impressionante marca de mais de uma tonelada - 1,2 mil kg - de lixo, sendo encontrado até um sofá. Está previsto um 3º Mutirão Vida ao Cadena – ainda sem data definida. Com cerca de 10 km de extensão, o arroio Cadena tem 21 afluentes. O arroio intercepta 2/3 da zona urbana da cidade, cortando 37 vilas. Para o engenheiro ambiental e coordenador do Pro-
grama de Aceleração do Crescimento (PAC) em Santa Maria, Luis Cláudio da Silva, a recuperação e revitalização do arroio Cadena será uma das maiores conquistas da cidade. Com os recursos destinados pela União estão previstos, até o ano de 2010, a conclusão dos serviços de recuperação do arroio. Ao todo, serão três etapas (veja quadro). Paralelo a essas iniciativas, haverá a remoção das famílias que se encontram em áreas de risco próximas desses pontos fragilizados. Para Silva, a unidade de trabalho gira em torno da manutenção da microbacia hidrográfica. A equipe comandada pelo engenheiro terá a tarefa de normalizar o curso d’água junto à realidade atual criada através da intervenção humana, levando em consideração todas as particularidades do Cadena. A cidade conta hoje com o tratamento de cerca de 60% da rede de esgoto. Com a conclusão das obras do Cadena, previstas para 2010, passará a ter de 75 a 85% da coleta e tratamento do esgoto. Ao todo, serão plantadas cerca de 60 mil mudas para arborização urbana e recuperação das áreas degradadas. Ao que tudo indica, a revitalização do arroio Cadena garantirá um novo cartãopostal para a cidade. Assim como o rio Sena é conhecido como rio dos namorados, quem sabe o arroio Cadena - em proporções reduzidas - não tenha seu próprio encanto? Não duvide.
Bruno Barichello, Marcelo Martins e Thiane Pacheco
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A
aprovam a idéia
Mariana Silveira
Empresas
responsabilidade socioambiental nas empresas ganha importância mundial dia a dia, devido aos problemas ambientais que se agravam. Com isso, o grande desafio no meio empresarial é, cada vez mais, ser ecologicamente correto e eficientemente sustentável. Sem esquecer as estratégias de negócio e a condição vital dos funcionários. A Agenda 21 foi um resultado importante da Conferência Internacional Eco-92, que ocorreu no Rio de Janeiro. Cada país possui a sua agenda e é através dela que organizações e empresas buscam uma maneira de solucionar os problemas socioambientais. Com base na Agenda 21 do país, o Banco do Brasil criou a sua própria agenda de princípio que está acessível a todos no site www.bb.com.br. Nela, o banco prevê compromisso com a sustentabilidade e com a cidadania.
Banco do Brasil alia sustentabilidade e negócios Segundo o gerente da agência do Banco do Brasil da avenida Rio Branco, em Santa Maria, José Marino Clerice, a sustentabilidade envolve uma série de itens. “Se você não pensar nos funcionários, você não está falando em sustentabilidade. Quando você fala o termo sustentabilidade, na verdade ele é bastante amplo. Aí tem muita coisa para ser trabalhada, o próprio ambiente interno da empresa, olhar para o desperdício.” Entre as iniciativas que correspondem à responsabilidade socioambiental do banco estão: racionalização de impressão, qualidade de vida dos funcionários, ponto eletrônico, desenvolvimento profissional (Universidade Corporativa), princípios da Agenda 21 e reuniões semanais sobre sustentabilidade. Marino acrescenta que “o consumo de papel é um item entre tantos, mas ele tem um apelo muito significativo. Para cada folha de papel você precisa derrubar alguma coisa. Além de estar trazendo custos para a empresa, você está consumindo algo da natureza.” Além dessas ações, o Banco do Brasil desenvolve um projeto externo da Bacia Leiteira, que abrange as cidades de Dilermando de Aguiar, Silveira Martins, Itaara, São Martinho da Serra e
Depois de tratada, água volta à natureza
Bibiane Moreira
Consciência também na hora de fabricar bebidas
Clerice apresenta site do banco Santa Maria. O objetivo do projeto é desenvolver a região de forma organizada, desde o financiamento, estruturação da propriedade até a garantia do mercado. A idéia é respeitar o meio ambiente e gerar renda para o agricultor, que pagará em dia o empréstimo financiado pelo banco. Mariana Silveira
Projeto de educação ambiental tenta conscientizar para a reciclagem
A CVI Refrigerantes Ltda., representante da Coca-Cola, também afirma que respeita os eixos de sustentabilidade. Os projetos desenvolvidos são: CVI Social, Eco CVI, além das práticas com os funcionários. A coordenadora de Gestão Ambiental da empresa, Aline Zuchetto, explica que o CVI Social trabalha com instituições carentes conscientizando sobre a questão da sustentabilidade com escolas, orfanatos, ministrando cursos na área de gestão ambiental e na área de contabilidade. “É a sustentabilidade na parte social. O Eco CVI e o CVI Social trabalham muitas vezes juntos em deter-
Você sabia?
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Bruna Andrade, Jonathan Rodrigues e Patrícia Nunes
minados eventos da fábrica”, diz Aline. Um desses eventos é a escolha de uma parcela de pessoas da comunidade próxima à fábrica para trabalhar a educação ambiental e, ao final, as lições das aulas são colocadas em prática na retirada de lixos de riachos e encostas da localidade. A empresa tem programas de valorização de jovens carentes, incentivo na contratação de portadores de deficiência e palestras semestrais sobre o meio ambiente. A CVI também possui uma estação de tratamento de efluentes onde nenhum tipo de resíduo sai da fábrica sem tratamento.
Que não existem leis propriamente ditas para tornar uma empresa ecologicamente sustentável? Quem afirma isso é o 2º promotor de Justiça Especializada da Defesa Comunitária de Santa Maria, João Marcos Adede y Castro. O que existe são princípios de meio ambiente que determinam a necessidade de definição de novos padrões de produção e consumo, ou seja, a determinação da forma de atuação dessas empresas no que se refere à atividade industrial e comercial. Que desenvolvimento sustentável é a utilização máxima dos recursos ambientais? Havendo a necessidade da utilização de recursos ambientais eles serão utilizados de maneira que cause o menor dano possível ao meio ambiente. Os danos causados deverão ser compensados de alguma forma. Que não são todas as atividades empresariais que necessitam de licença ambiental? É de acordo com o abalo causado que se aplica a multa com base na lei nº 6938*, de 1981. Que a fiscalização das empresas é feita por denúncias? As visitas em Santa Maria são realizadas pela Secretaria Municipal de Proteção Ambiental juntamente com órgãos ambientais como Fepam e Ibama.
(*) Lei nº 6938/81 – Diz o que é o meio ambiente; o que é degradação; o que é degradador. Estabelece um sistema nacional de defesa do meio ambiente, desde o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgãos de execução federal (Ibama), órgão ambiental estadual (exemplo: no RS, Fepam) até o órgão local municipal – secretarias de meio ambiente ou departamentos de meio ambiente nas secretarias de saúde.
6 A saída é economizar A retirada da cobertura vegetal do solo é um dos fatores que acelera a degradação do meio ambiente. Com a urbanização e o mau uso de técnicas agrícolas, o homem impermeabiliza a superfície e, assim, a terra não absorve a água das chuvas, o que pode causar as enchentes e as secas. A cidade de Santa Maria também passa por este problema. Tendo em vista esta questão, a Corsan criou o projeto Com+Água que faz parte do programa Nacional de Melhoria de Saneamento. O projeto tem por objetivo diminuir as perdas reais de água através de ações que instituam um modelo de gestão integrada e participativa com estratégias de mobilização social, educação ambiental e construção de novos cenários de sensibilização e discussão. O Com+Água pretende atingir, desta forma, consumidores como Marta Marin, residente no bairro São José. Ela utiliza a água distribuída pela Corsan para lavar o carro e as calçadas, uma vez por semana. Marta diz nunca ter refletido sobre a questão do desperdício da água. Preocupada em manter a residência limpa, acreditava não estar prejudicando o meio ambiente. Segundo o engenheiro do Departamento de Operação e Manutenção da Corsan, Roberto Bolsson, a proposta do projeto é diminuir as perdas reais de água. O trabalho visa a melhoria dos equipamentos de medição, aperfeiçoamento das técnicas para verificar os vazamentos e a instalação de válvulas redutoras de pressão. As válvulas mantém constante o fluxo de água, evitam o rompimento dos canos e controlam a distribuição.
Nas residências, junto aos consumidores, o projeto prevê ampliar os medidores para detectar o consumo real, além de esclarecer os moradores sobre o uso sustentável da água, ou seja, o consumo consciente pensando nas gerações futuras. O morador do bairro Camobi, José René de Oliveira, já tem essa consciência. Projetou em sua residência uma cisterna onde coleta a água da chuva que é distribuída através de uma tubulação que vai da cisterna até a caixa d´água. Esta água é aproveitada para as necessidades básicas da casa, menos para beber. José salienta ainda que, além de colaborar com o meio ambiente, reduz as suas despesas. O Com+Água ainda inclui o treinamento dos operários da Corsan através de cursos. A divulgação do projeto é feita com palestras em escolas, empresas e bairros. A dinâmica utilizada pelos palestrantes é aproximar o projeto da comunidade, usando exemplos como: diminuir o tempo no banho, fechar bem as torneiras, verificar a presença de vazamentos e reutilizar a água da chuva. O professor de Engenharia Ambiental da Unifra, Afrânio Almir Righes, destaca a importância do envolvimento da população nas questões ambientais relacionadas à água. Ele diz que a solução para a escassez da água é a construção de cisternas nas cidades e açudes nas áreas rurais, além de técnicas que ajudam a absorção de água pelo solo. O tempo estimado para a resolução do problema, se adotadas essas medidas, é de aproximadamente 10 anos. Denise de Oliveira e Sérgio Pinheiro Cezar Beatrice Witt
A construção de cisternas nos edifícios pode ser uma solução para a escassez de água
Racionalização d uma ação s
Reaproveitar os recursos hídricos é cada vez mais necessário no da água, além de ser uma medida ecologicamente correta e susten rentável. As ações podem ser implantadas tanto em residên Em Santa Maria, algumas empresas já desenvolvem proj
Cisternas economizam água
Para quem quer economizar água, o sistema de cisternas é uma boa saída. A cisterna é um reservatório que coleta a água da chuva através de calhas ou de pequenos ralos localizados no chão. Ao chegar à cisterna, a água passa por um sistema de filtragem. Após isso, as bombas de recalque levam a água até a caixa d’água. Só então ela está pronta para o consumo. Essa água pode ser utilizada não só para cozinha e faxina, mas também para irrigação e serviços gerais. Santa Maria possui alguns lugares que já aderiram a esse sistema. O Royal Plaza Residencial e o Clube Dores são exemplos disso. O mestre de obras do Royal Plaza, Arioli Pascoal, afirma que o volume de água armazenado pelas cisternas é de 550 mil litros de água. Caso não chova, essa quantidade é suficiente para abastecer o prédio de 20 a 30 dias. Os dutos estão espalhados por uma área de 7 mil metros quadrados, e a água do reservatório também abastece a rede de incêndio do shopping Royal Plaza. A idéia veio do engenheiro civil José Antônio Mallmann, que trabalha
na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), na área de meioambiente. “No Clube Dores, a água do telhado é colhida nas calhas e vai até um condutor no subsolo que a leva até a cisterna situada sob a rampa do Centro Aquático, com capacidade para 120 mil litros”, explica o engenheiro da entidade, José Mariano Ravanello. “Daí é bombeada, passa por um filtro e sobe a uma cisterna superior com capacidade de 50 mil litros, perfazendo um total armazenado de 170 mil litros”. Ravanello ainda explica que a relação entre custo e beneficio não pode ser avaliada somente pelo custo financeiro, que por si só é bom, mas principalmente pelo ganho ambiental, por não precisar utilizar água tratada para consumo onde ela não é necessária. E completa que os pré-requisitos para aderir ao sistema são “condições técnicas, como ter um telhado com boas dimensões, um local em subsolo ou no pátio para colocar a cisterna e boa vontade”. Beatrice Witt
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os dias atuais. O uso racional ntável, pode tornar-se uma ação ncias como no meio rural. jetos de reuso da água.
Beatrice Witt
Beatrice Witt
Máquina de lavagem e tanque de decantação
A Expresso Medianeira, uma das maiores empresas de transporte coletivo do país, reaproveita até 80% da água utilizada na lavagem dos ônibus, através das caixas de decantação. Economia que gira em torno de 100 mil litros/mês. O projeto, desenvolvido desde 2000, é um sistema de reaproveitamento da água da lavagem, onde o veículo entra no box e, através de um sensor, inicia o processo com o produto de limpeza (shampoo), os rolos de escovas e a água para enxaguar. Essa água cai no piso do box e vai para um separador de possíveis resíduos de óleo e outros detritos mais pesados. Depois, entra em um sistema de decantação com três galerias. A primeira, para separar os detritos; a segunda, com brita fina, para reter os resíduos; e a terceira, com areia para filtrar. Depois, a água volta para o tanque subterrâneo, de onde começou todo processo de lavagem. A empresa aproveita a água da chuva, através de calhas, para repor a água que evapora ou é perdida na lavagem dos veículos. A Expresso Medianeira ainda desenvolve projetos sobre reciclagem, descarte de materiais usados na empresa, coleta seletiva, arborização, entre outras atividades do Programa Ambiental Medianeira (PAM). “A questão da responsabilidade socioambiental está presente na nossa missão, valores, política e objetivos da qualidade. Ficamos contentes que estamos ajudando o meio ambiente e que fazendo um pouco do que todos deveriam fazer”, destaca Fernando Iop Saccol, coordenador do PAM.
No setor agrícola, Santa Maria é pioneira no país na racionalização do uso dos recursos hídricos em lavouras. O Sistema Irriga, criado pelo Centro de Ciências Rurais da UFSM e coordenado pelo professor Reimar Carlesso (foto ao lado), gerencia propriedades e orienta a irrigação desde a semeadura até a colheita dos grãos. O projeto completa esse ano a 10ª safra e atendeu, só em 2007, cerca de 120 propriedades nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Bahia e Maranhão. O acompanhamento da área irrigada se dá através de 87 estações de monitoramento meteorológico espalhadas pelo Brasil. O manejo é orientado diariamente pelo acesso ao site da universidade e, a cada quatro semanas, cada propriedade recebe a visita de um técnico do programa. O Sistema Irriga chega a atingir, em alguns cultivos, uma economia de até 40% de água e energia elétrica, o que aumenta o nível de lucraO Sistema Irriga conta com 73 estações meteorológicas automáticas, denominadas de Plataformas de Coleta de Dados, no Brasil; e 4 no Uruguai. As estações enviam dados de 15 em 15 minutos para um servidor instalado na UFSM. Os dados meteorológicos coletados são automaticamente processados no local da coleta por um sistema que filtra as informações e envia por satélite para o servidor do Sistema Irriga. Com este material, é feita a programação da irrigação de cada propriedade, determinando quando irrigar e quanto de água aplicar.
tividade e produtividade. “O nosso grande objetivo como sociedade, além de reduzir o consumo da água, é manter ou incrementar a sua qualidade”, afirma Carlesso. O projeto já recebeu o prêmio O Futuro da Terra, em 2005; e, em 2008, o professor Reimar Carlesso recebeu, do governo do Estado do RS, o título de Amigo da Água, através da Secretaria de Meio Ambiente e da Secretaria Extraordinária da Irrigação e Usos Múltiplos da Água, em função do sistema Irriga. Para ser atendido pelo Irriga, o produtor deve entrar em contato com a equipe do projeto através do site www.sistemairriga.com.br Bruno Machado, Diogo Viedo e Douglas Acosta Bibiane Moreira
Reaproveitamento: lavangem dos ônibus é feita com água da chuva
Consciência como base
Economia e produtividade Bibiane Moreira
do uso da água: sustentável
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Resíduos de estabelecimentos de saúde:
responsabilidade de todos A
Resíduos infectantes e tóxicos são colocados nos containers localizados na parte externa do Husm
cautela com resíduos, de maneira geral, é uma questão relativamente nova. A partir de 2005, a legislação estabelece que todos os empreendimentos de saúde devem ter um plano de gerenciamento de resíduos, desde sua separação até como e para onde esses resíduos serão destinados. Essa lei se refere não somente aos hospitais - que são os maiores geradores mas também a clínicas odontológicas, veterinárias, laboratórios, farmácias, salões de beleza, ou seja, todos os locais que geram resíduos que possam ter alguma periculosidade e que serão tratados de forma diferente de outros comuns. O plano de gerenciamento dos resíduos hospitalares faz parte do conceito de sustentabilidade. O grande problema na questão deste tipo de resíduo é a falta de capacitação e informação. É de fundamental importância o preparo de todos os funcionários - médicos, administradores ou agentes de limpeza - para que tenham consciência de que o lixo produzido ali merece atenção e tratamento diferenciado de qualquer outro. Todos que estão inseridos no processo, da geração até a destruição do resíduo, devem saber os perigos que envolvem o manuseio errado desse tipo
de material, a separação mal feita ou até mesmo uma coleta irresponsável do lixo de estabelecimentos de saúde. “Muitas vezes os estabelecimentos colocam as pessoas de menor qualificação para desenvolver esse tipo de trabalho. De que adianta não separar esse material na origem e achar que vai se separar depois? A segregação tem que ser feita no momento da geração. Do contrário, aumentam-se mais ainda as chances de acidentes envolvendo o pessoal da limpeza e o pessoal do resíduo acaba se tornando responsável por tudo que acontece”, afirma a doutora em Engenharia na área de Ciências dos Materiais, Marta Tochetto, da Universidade Federal de Santa Maria. Os principais hospitais da cidade são os mais visados pela fiscalização, portanto, exigem maior cuidado na questão dos resíduos, mas as pequenas clínicas e laboratórios geralmente pecam pela carência de informação. Muitas vezes os resíduos não são devidamente segregados, desperdiçando-se materiais que poderiam ser reciclados, mas são contaminados ao ter contato com algum infectante ou químico. Os infectantes, como sangue, podem ser contaminados por resíduos químicos. Passa, assim, a ser um resíduo químico, no qual o tratamento de
Hospital Universitário
Os resíduos perfurocortantes são recolhidos pelo mesmo caminhão dos infectantes e tóxicos
O Hospital Universitário de Santa Maria recolhe diariamente cerca de 1.400 kg de lixo. Em todas as alas do hospital são disponibilizados recipientes com identificação do tipo de resíduo que ali deverá ser depositado. A coleta é determinada a partir das necessidades específicas de cada setor. O recolhimento varia de uma a seis vezes ao dia. A coleta mínima acontece no Banco de Sangue e, a máxima, na ala de Pronto Socorro. Teresinha Silva, responsável pelo gerenciamento dos resíduos no HUSM , costuma fazer visitas diárias nos setores do hospital e enfatiza: “todos já sabem que chego com o pezinho na lixeira. Exijo a responsabilidade de todos para o funcionamento da segregação do lixo”. As embalagens com resíduos devem ser cheias até no máximo de 2/3 de seu espaço. A identificação é obrigatória para que as pessoas que estão envolvidas com o recolhimento do lixo não sofram acidentes. “Muitos alunos, às vezes desinformados, ou aqueles que não querem seguir regras, sofrem com a falta de cuidado na hora da separação do lixo. Esse tipo de acidente também acontece com quem faz a higienização e com as pessoas que fazem o recolhimento externo deste lixo”, afirma a gerenciadora do lixo no HUSM. Após a coleta dos depósitos internos, os resíduos seguem para uma ala externa do hospital. A instituição aguarda a
autoclavagem não elimina a contaminação química, elimina apenas a contaminação microbiológica. “Essas questões refletem bem a cultura que vivemos em nossas casas. Tu gera o lixo, coloca dentro do saco e bota na calçada. Depois, se foi coletado, ótimo! Saiu da frente dos teus olhos. Isso é uma questão cultural. Se o caminhão passasse diariamente, mesmo com todo lixo misturado, não seria problema de ninguém. Isso ocorre muito nos pequenos estabelecimentos de saúde. Bota-se tudo dentro de um saco branco leitoso e pronto. A empresa que vem fazer a coleta, na hora que pega um resíduo acondicionado em um saco branco leitoso, pra ela está sinalizado que tudo ali dentro é resíduo infectante e receberá o mesmo tratamento” diz Marta. A coleta dos resíduos dos empreendimentos de saúde exige licenciamento por parte das empresas e uma série de cuidados especiais. O caminhão deve ser fechado, sem ranhuras no piso da carroceria, de fácil higiene e os operadores devem ser devidamente treinados para lidar com esse tipo de material. As normas baseiam-se em exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
licitação para a construção de uma área externa para acolher os resíduos. O projeto já possui recursos financeiros. O que dificulta a execução é a falta de empresas concorrentes. Pelas normas federais, são necessários três licitadores. Os caixotes de papelão e o lixo reciclável são recolhidos pela Associação Renascer e garantem o sustento de várias famílias. O lixo infectante e as caixas de perfurocortantes são recolhidos pela empresa PRT em um caminhão fechado branco com a simbologia de infectante. Os restos dos alimentos nas cubas dos refeitórios são doados a um criador de porcos. A comida que sobra dos pacientes vai para o lixo, no depósito municipal. Algumas alas do HUSM, como a de medicina nuclear, fazem um tratamento dentro do setor. Duas caixas cobertas de chumbo possuem o material radioativo que é verificado diariamente por um físico. Quando não há mais radioatividade elas passam pelo mesmo processo de descaracterização, já que nestes elementos há perfurocortantes. Uma visita com Teresinha pelo Hospital Universitário confirma a falta de responsabilidade e consciência sobre a importância da separação do lixo. No Pronto Socorro, três lixeiras que foram fiscalizadas pela responsável apresentavam problemas. Onde deveria estar material reciclável, havia algodão usado, uma falha que atrapalha todo o processo de segregação e gerenciamento do lixo. Que, como ela mesma afirma, “é um trabalho de formiguinha”.
9 Fotos Rodrigo Simões
Hospital de Caridade O tratamento dos resíduos do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo se assemelha ao tratamento dado ao do HUSM. A supervisão do lixo é feita em três setores: uma enfermeira se responsabiliza pela equipe que coleta os resíduos infectantes, lixos comuns, recicláveis e os perfurocortantes; uma farmacêutica cuida dos tóxicos; e um profissional da Medicina Nuclear trata o lixo radioativo. O lixo reciclável é doado à Associação de Selecionadores de Materiais Recicláveis de Santa Maria (Asmar). Para trabalhar no setor de higienização do Hospital de Caridade não é feita nenhuma exigência de préqualificação. O hospital se encarrega de orientar os novos colaboradores, contratados com a função de serviços gerais. Eles recebem uma cartilha com informações sobre os tipos de lixo e três dias de preparação, chamada de educação continuada. O lixo do hospital é acondicionado em uma ala distante das unidades, em depósitos de concretos, gradeados e identificados com placas. A correta separação também facilita o encaminhamento do lixo ao destino final. A Medicina Nuclear, além da preocupação com resíduos perfurocortantes e infectantes, tem a preocupação, também, com os rejeitos radioativos, que precisam ser tratados antes de serem liberados para o meio ambiente. Só podem ser liberados quando o nível de radiação é igual ao do meio ambiente e quando não apresentem toxidez química. O tratamento dos rejeitos radioativos é feito na própria clínica da Medicina Nuclear, num sistema chamado capela de manipulação. Os produtos de fissão, resultantes do combustível nos reatores nucleares, sofrem tratamento especial em usinas de reprocessamento, onde são separados e comercializados, para uso nas diversas áreas de aplicação de radio-
isótopos. Os serviços de medicina nuclear são periodicamente inspecionados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que avalia as condições de funcionamento e radioproteção dos serviços. O responsável pelos resíduos radioativos do Hospital Caridade, Renato Costa da Silva, faz questão da salientar a importância do tratamento adequado do resíduo, bem como o acompanhamento ao destino final. “Já acompanhei todo o processo porque a nossa responsabilidade com os resíduos vai além da porta de saída da clínica”. Este lixo vai para o Passo da Capivara, onde passa por processo de tratamento. Depois da descaracterização, os resíduos seguem para o aterro sanitário Pró-Ambiente, em Gravataí. Diariamente, dois funcionários por turno se revezam no recolhimento do lixo das unidades do Caridade. Segundo a enfermeira Luana Ferreira Silva Lima, responsável pelo setor de higienização, a consciência deve partir de todos os colegas para que não haja nenhum acidente de trabalho. O recolhimento do lixo do Hospital de Caridade, assim como o do HUSM, é feito pela PRT, empresa terceirizada, única na cidade que presta este tipo de serviço. Segundo Luana, o recolhimento deveria ser feito em 24 horas, mas isso nem sempre acontece, “às vezes tenho que ligar e pedir que venham recolher”. O hospital paga aproximadamente R$ 12 mil, mensalmente, à PRT. O valor é acertado conforme volume recolhido. A responsabilidade do hospital com o lixo vai até o seu destino final, mas, até então, não foi feito o acompanhamento. A enfermeira alega não ter tido oportunidade devido à burocracia da PRT.
O Hospital de Caridade possui uma área especial de acondicionamento segregado dos seus resíduos
Parte do lixo reciclável é recolhida por catadores ainda no hospital
Um caminhão especial, com agentes devidamente treinados, faz a coleta dos resíduos infectantes e tóxicos. No hospital, esses são separados em recipientes apropriados (recipiente branco, ao fundo )
Denise Lopes, Rejane Fiorenza e Rodrigo Simões
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Recicle suas atitudes: o lixo não está só nas ruas
O
novo aterro sanitário de Santa Maria surge como uma alternativa para a problemática do lixo na cidade. O projeto criado pelo engenheiro ambiental Luiz Geraldo Cervi modifica quase toda a estrutura de recolhimento de resíduos e valoriza mais a qualidade de vida. Mas, diante dessa visão, algumas dúvidas permanecem. Quem se responsabiliza pelo lixo jogado onde a PRT não tem acesso? Como será feita a conscientização dos santa-marienses em relação à separação do lixo? E como ficam os lugares e situações que continuam fora da ótica das empresas e do governo, que parecem fazer vista grossa para tal problema? O reciclador Antenor da Silva Peres parece viver exatamente o oposto do que o projeto propõe. Entre um mate e outro ao lado de uma pilha de sacos de lixo, às margens do arroio Cadena, o morador da rua I do bairro Patronato, conta com naturalidade o que faz com o restante dos resíduos que não vende: “Eu não jogo no rio, eu queimo aqui nos fundos de casa”. Mesmo a 10 metros de onde, segundo ele, o caminhão de recolhimento passa, Peres prefere queimálos, pois acredita que colocar os resíduos em frente à residência dos vizinhos é falta de educação. A empresa PRT informa que o recolhimento nesta área é feito esporadicamente. “O caminhão passa segunda, quartas e sextas na região oeste. Somente no centro da cidade é feito o recolhimento diariamente” declara o fiscal de coleta Oséias Lopes. Dentro desta atmosfera de desinteresse e desinformação, uma campanha de conscientização faz-se necessária. O descaso com o meio ambiente não é apenas um problema dos moradores das margens do arroio Cadena. Gardel Silveira, servidor público residente do centro da cidade, afirma que não faz a seleção de resíduos. “Não tenho paciência para separar, sei que no futuro vai prejudicar o planeta, mas será daqui a muito tempo eu nem estarei mais aqui”, ressalta.
Joseana da Rosa
Fotos Adalto Schuster/ Arquivo Prefeitura
Catadores contratados fazem seleção do lixo para reciclagem A reciclagem do lixo é um fator importante para a preservação ambiental. Em Santa Maria, uma pequena parte já é recolhida pelos catadores que fazem deste trabalho sua fonte de renda. Segundo o biólogo Marcelo Weber, a reutilização do lixo é dificilmente aceita pela população. “Não que as pessoas não queiram ajudar, mas isto requer mudanças de hábitos. Uma das principais mudanças seria consumir menos, o que é extremamente difícil, numa época onde ter é melhor do que ser” afirma Weber. Santa Maria gera cerca de 160 a 180 toneladas de lixo diariamente. O poder público deu o primeiro passo. Basta agora a comunidade livrar-se dos resíduos culturais de uma cidade que parece não ter consciência ecológica. O caminho é organizar a preguiça e a responsabilidade social em compartimentos diferentes, lembrando sempre que a cidadania é um recurso renovável.
Joseana da Rosa, Rafael Miranda e Rita Vieira
O novo aterro sanitário
Recuperação ambiental Com o fechamento do lixão da Caturrita, a Prefeitura terá de fazer a recuperação ambiental dos mais de 374 mil metros quadrados afetados. Mesmo após todas as etapas do processo, o local deve ser monitorado durante 20 anos, para que volte às condições ambientais iniciais. Ações a serem desenvolvidas: - Implantação de drenagem pluvial - Plantio de cortina vegetal no perímetro da área afetada
Lixo queimado por morador no bairro Patronato
- Recobrimento com argila de toda a área do lixão - Drenagem do chorume formado - Implantação de drenagem para gases em toda a área - Implantação de drenagem profunda - Implantação de novos poços para fazer o monitoramento da água subterrânea - Plantio de grama, após a colocação de argila - Colocação de placas proibitivas de acesso, sinalizando o trabalho realizado no local
Com o fechamento do lixão da Caturrita, a empresa de recolhimento deve oferecer um aterro sanitário adequado ou outro sistema alternativo. O antigo depósito teve os portões fechados, assim que a nova empresa assumiu. Porém, o caminho do lixo será bem diferente do que ocorria antigamente. As exigências que constam no edital são divididas em: coleta seletiva, coleta domiciliar, coleta conteinerizada e destinação final (aterro sanitário).
população de Santa Maria, no perímetro que abrange da rua Benjamin Constant até a avenida Borges de Medeiros e entre a avenida Medianeira e rua Silva Jardim. Recolhimento: será conforme a demanda, pois o sistema funcionará através de sensores que indicarão quando os containers estiverem 80% cheios, para serem esvaziados. O caminhão contará apenas com motorista e um auxiliar, já que o veículo terá sistema computadorizado. Braços mecânicos despejam o conteúdo do container no caminhão que compacta o lixo. Logo após, passa o caminhão higienizador para fazer a lavagem e esterilização do recipiente.
Tipos de recolhimento
Três etapas após a coleta
- Coleta seletiva: serão instalados 15 containers para a separação de material reciclável, em pontos estratégicos de Santa Maria, Boca do Monte e Arroio Grande. Recolhimento: um caminhão recolhe o lixo separadamente. Os moradores que ficarem fora do trajeto podem agendar a coleta.
- Triagem: esteiras rolantes com pessoas que fazem a separação de plástico, vidro, papel, metal e material orgânico.
- Coleta domiciliar: é o sistema atual de recolhimento nas lixeiras, que será feito por oito caminhões compactadores e ocorrerá nos bairros e distritos de Santa Maria. Recolhimento: em horários e dias da semana pré-definidos.
- Destinação final: resíduos não aproveitáveis irão para o aterro sanitário, que será uma espécie de vala forrada com uma lona de um centímetro de espessura, para não haver vazamentos. Também haverá drenos para o gás metano (que deve ser reaproveitado em forma de energia) e para o chorume (substância líquida expelida pela decomposição do lixo). O lixo ainda será compactado com camadas de terra. Quando a “vala” estiver cheia, a lona será fechada, isolando todo o lixo do meio ambiente.
- Coleta conteinerizada: 500 containers devem ser colocados no centro, ocupando um espaço equivalente a uma vaga de carro, junto à calçada, a uma distância de 50 metros um do outro. Todas as lixeiras residenciais serão retiradas. Atingirá 20% da
- Compostagem: transformação do material orgânico em adubo.
Fotos Vinícius Freitas
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Horários de saída das escolas concentram muitos veículos e pedestres nas ruas
O trânsito virou preocupação C ongestionamentos, protestos e buzinadas de motoristas. O que é comum em grandes centros urbanos, como São Paulo, tornou-se rotina nos horários de pico em Santa Maria. Trafegar na rua Floriano Peixoto ou na Acampamento, por exemplo, é um teste de paciência para os motoristas da cidade. O grande desafio para a Secretaria de Trânsito da Prefeitura Municipal é encontrar formas para tornar sustentável o fluxo de veículos ao longo dos próximos anos. Segundo o coordenador do Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA), Sidnei Silveira, Santa Maria tem registrado, atualmente, mais de 85 mil veículos. Por dia, são emplacadas cerca de 15 unidades. Porém, Silveira ressalta a procura por motos na cidade: “O número tem aumentado notavelmente. Semana passada, emplacamos vinte, apenas no turno da tarde”. Esses dados preocupam as autoridades responsáveis. O Diretor da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, Silvio Souza, explica que estão sendo tomadas medidas a curto, médio e longo prazo para desafogar o trânsito nas principais vias. As medidas estão previstas no Corredor Norte-Sul* e no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental - um programa de estratégias voltadas à sustentabilidade da sociedade no seu ambiente, entre elas a questão do trânsito. O programa também é direcionado à organização do transporte coletivo e individual de passageiros e cargas, das vias públicas, dos estacionamentos e dos espaços para pedestres. Mas Souza chama atenção para pequenos detalhes, importantes no momento de tomar medidas que visem melhorar a circulação de veículos. “Um dos grandes problemas são as vias estreitas do centro.
Câmara promove o “Dia Sem Carro”
Bicicleta, ônibus, ou até mesmo a boa e velha caminhada. Tudo para deixar o carro na garagem. Foi com o intuito de disseminar essa idéia que o vereador Luiz Carlos Fort lançou o projeto “Dia Sem Carro”. Na prática, a campanha já desenvolveu passeios ciclísticos, blitz em vias com a distribuição de material educativo e informativo, além de palestras em escolas e outras instituições. “Nossa intenção é abarcar os anseios da comunidade santa-mariense, concretizando uma atitude positiva alusiva à preservação do meio-ambiente, à conscientização junto ao trânsito municipal e à utilização responsável das vias públicas”, afirma o vereador. Fort defende ainda a criação de um “plano viário para a cidade, que criaria condições para um transporte coletivo sustentável, eficiente e resolutivo”. E argumenta: “Um veículo de transporte coletivo tem capacidade para transportar sessenta passageiros. Se houvesse qualidade neste transporte, aumentar-se-ia o número de usuários e, conseqüentemente, haveria mais adeptos e seriam 60 veículos a menos rodando em Santa Maria. Junto a isso, unimos a criação de ciclovias, dando maior suporte e condições de um meio de transporte alternativo ao cidadão”. O que a Secretaria de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana desenvolve? - Programa Municipal de Educação para o Trânsito (ProMET) - “Atitude Cidadã no Trânsito”
Trânsito em algumas vias centrais congestiona em horários de pico A solução para elas poderia ser tirar os estacionamentos em ruas como a Serafim Valandro, mas isso mexeria com os interesses de muitas pessoas, principalmente o comércio”, explica. “Estamos tentando incentivar, de diversas formas que as pessoas usem mais o transporte coletivo. No espaço de um ônibus no trânsito, por exemplo, cabem cerca de três ou quatro carros que, somados, também poluem bem mais o ar”. Enquanto as soluções não aparecem, a situação parece piorar dia após dia. Taxista há 19 anos, João Roberto Saccol admite dificuldades na execução do seu trabalho. “Já perdi alguns clientes por causa desse trânsito confuso, às vezes sou chamado para atender alguém, mas não consigo, pois fico preso no trânsito. Em Santa Maria é difícil cumprir horários”. Mas as dificuldades não são enfrentadas somente por quem está no volante. Office-boy, Ricardo Borba preocupa-se
principalmente com a questão da segurança: “O trânsito não influencia meu trabalho, mas corremos o risco de sofrer um acidente. Naquela região (esquina entre as ruas Floriano Peixoto e Andradas), já vi várias pessoas se machucarem, pois o fluxo de carros é muito intenso e os motoristas não respeitam os pedestres”. A educação no trânsito, tanto de motoristas quanto de pedestres, é um dos principais focos de ação da secretária de Trânsito, Marian Noal Moro: “Uma das nossas preocupações é com o pedestre. Desenvolvemos diversas campanhas voltadas à conscientização no trânsito, como “Pé na Faixa, Pé no Freio”. O pedestre tem que ficar consciente das suas responsabilidades, e que também pode ser penalizado caso não obedeça às leis”.
Adriano Sartori, Fábio Luís de Oliveira e Leandro Gonçalves
Dicas para o pedestre: - Sempre atravesse na faixa de segurança; - Tenha um comportamento seguro no trânsito; - Respeite a sinaleira; - Não atravesse na frente ou atrás dos ônibus. Você sabia?. - O art. 254 do Código de Trânsito Brasileiro trata também sobre a atitude do pedestre no trânsito; - A infração praticada pelo pedestre é considerada leve, sendo a multa de 25 Ufirs (R$ 25,00).
(*) O Corredor Norte-Sul começa próximo ao Hipermercado Big (região sul de Santa Maria), passa por toda a rua do Acampamento e chega até a Gare, onde está sendo construído o túnel (região norte). Possibilitaria a união das regiões norte e sul rapidamente.
Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra
C
6ª edição - junho/2008
Escolas e orfanatos cultivam hortas e pomares Fotos Beatrice Witt
ultivar uma horta comunitária. Essa é a estratégia que instituições e escolas de Santa Maria desenvolvem para alcançar a sustentabilidade, produzindo os alimentos que consomem. O resultado é o envolvimento da comunidade no processo de preservação ambiental e a utilização racional dos recursos naturais.
As frutas do pomar reforçam a alimentação das crianças
Produção auto-sustentável Alimentos como rúcula, alface, couve e cenoura chegam à mesa dos alunos da Escola Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi graças a um projeto socio-ambiental implantado na escola há muitos anos. Foi assim que conceitos como cavar, semear e regar saíram do dicionário direto para o dia-a-dia de alunos e professores. “É tudo uma questão cultural de você criar no aluno essa cultura dele gostar da natureza, das plantas e do solo. É um processo longo e demorado, tem que ter paciência. Mas tem um retorno”, é o que diz o professor de Ensino Religioso, Luiz Sadi Cagnini, responsável pela horta. Na escola, foi desenvolvido um modelo de cultivo em que há o envolvimento da comunidade escolar de forma voluntária e inversa aos turnos de aula. Todas as hortaliças têm como destino a cozinha, para enriquecer a merenda dos alunos. O excedente da produção é comercializado e o dinheiro recebido é aplicado na compra de materiais agrícolas. A escola também tem um projeto de jardinagem e cultivo de árvores. Mudas de café, araçá, guabijú e ingá são distribuídas para a comunidade em geral. Toda a produção é cultivada sem adição de agrotóxicos e com adubos naturais.
Qualidade que vem da terra Há oito anos, a equipe do Lar de Mirian e Mãe Celita, entidade filantrópica que recebe menores em situação de risco social, decidiu otimizar o espaço e transformar-se numa fonte de alimentos saudáveis à comunidade do Lar. Uma horta e um pomar foram construídos com a par-
Com ajuda de parceiros, a horta do Lar de Miriam (fotos abaixo) recebe mudas e materiais
ceria de entidades que participam com a doação de sementes, mudas e materiais de plantio. Os alimentos produzidos são consumidos pela comunidade do Lar, complementando a alimentação das 95 crianças, de zero a 12 anos, atendidas pela instituição. “O que sobra é trocado por outros alimentos ou produtos, no sistema de consciência de rede com outras entidades sociais”, explica a coordenadora geral do
Expediente
Jornal experimental desenvolvido na disciplina de Jornalismo Especializado I, 1º semestre de 2008, do curso de Comunicação Social - Jornalismo, do Centro Universitário Franciscano
Reitora: Irani Rupolo Diretora de área: Célia Helena de Pelegrini Della Méa Coordenadora do Jornalismo: Rosana Zucolo Professoras orientadoras: jornalistas Aurea Evelise Fonseca (Mtb 5048) e Glaíse Bohrer Palma (Mtb 8531) Reportagem e textos: acadêmicos Adriano Sartori, Bárbara Alvarez, Beatrice Witt, Bruna Andrade, Bruna Manzon, Bruno Barichello, Bruno Machado, Bibiane
Lar de Mirian, Suzi Sangoi Rodrigues, sobre o espírito de parceria e solidariedade com a comunidade. Ter o auxílio de pessoas que cuidem das laranjeiras, bergamoteiras, parreiras, verduras e chás cultivados no local, é a principal necessidade do Lar que conta apenas com o trabalho de um funcionário. O contato das crianças com a natureza e a utilização sustentável do meio ambiente são estimulados através desses
Moreira, Carlos Eduardo Flores, Denise Lopes, Denise de Oliveira, Diogo Viedo, Douglas Acosta, Emanuella Ruviaro, Fábio Luís de Oliveira, Gabriela Machado, João Francisco Serpa Fº, Jonathan Rodrigues, Joseana da Rosa, Kellen Severo, Leandro Gonçalves, Luísa Estivalet, Luiz Otávio Prates, Luiziane Barbosa, Marcelo Martins, Márcia Pilar, Patrícia Nunes, Paula Minozzo, Rafael Miranda, Rejane Fiorenza, Rita Vieira, Rodrigo Simões, Sérgio Pinheiro Cezar, Thaís Pedrazzi, Thiane Pacheco e Tiago dos Santos Fotografia: acadêmicos Beatrice Witt, Bibiane Moreira, Joseana da Rosa, Mariana Silveira, Paula Minozzo, Rodrigo Simões e Vinicius Freitas / Laboratório de Fotografia e Memória, sob orientação da profª Laura Fabrício
projetos que desenvolvem hortas comunitárias. Segundo a voluntária do Lar de Mirian, Cláudia Winter, ter acesso à natureza é uma forma de ensinar desde cedo a importância de assumir um compromisso com a sustentabilidade do planeta. Emanuella Ruviaro, Gabriela Machado e Márcia Pilar
Diagramação: acadêmicos Carine Horstmann, Carolina Moro e Igor Müller / Laboratório de Jornalismo Impresso e Online, sob orientação da profª Sione Gomes Impressão: Gráfica Gazeta do Sul Tiragem: 1 mil exemplares - distribuição gratuita