Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/UNIFRA
12ª edição - Junho de 2011
O planeta ainda pode recuperar sua cor
MARIANNA ANTUNES
Campanha da Fraternidade chama a atenção para as urgências ambientais e mobiliza as pessoas para adotarem atitudes conscientes de preservação.
Págs. 2, 3, 4 e contracapa KARIN SPEZIA
Avenida revitalizada? Corte de árvores na avenida Rio Branco divide população. Página 11
O papel das escolas Públicas ou particulares, confessionais católicas ou não, as escolas cumprem a missão de preparar cidadãos mais conscientes. Páginas 5, 6, 7, 8 e 9
ARIÉLI ZIEGLER
CAMPANHA DA FRATERNIDADE
Editorial A cada semestre, o Jornaleco traz para o público leitor mais uma edição para apresentar, registrar e/ou questionar os problemas (ou soluções) ambientais mais próximos ou urgentes, nestes tempos de grandes discussões sobre o futuro do planeta. Foi assim quando registramos o crescimento das plantações de eucaliptos no RS, na edição de nº 7. Ou quando o Jornaleco discutiu o impacto da produção de alimentos na natureza, na 8ª edição. Também ampliamos o debate sobre a implantação dos contêineres de recolhimento de lixo em Santa Maria, na 9ª edição, em dezembro de 2009. Ou quando fizemos o levantamento do problema e das consequências das enchentes na região, no início de 2010 – tema da 10ª edição do Jornaleco. Na edição passada, no final de 2010, foi a vez dos estudantes de Jornalismo irem atrás das soluções que estão sendo implantadas para minimizar os problemas ambientais. Em 2011, qual seria o tema do nosso periódico especializado em meio ambiente? Eis que se apresenta, no início do semestre, a divulgação da Campanha da Fraternidade, com o tema “Fraternidade e a Vida no Planeta”. A instituição “igreja” chamando para si o debate das urgências ambientais. Até que ponto é válido este chamamento? Qual o papel das instituições – igrejas, escolas – na conscientização dos problemas que a Terra enfrenta? O que os cientistas/pesquisadores pensam disto? E a população, está conseguindo ouvir o chamado e responder com atitudes mais conscientes? O Jornaleco foi conferir. O resultado está aqui, nesta 12ª edição, que compartilhamos com você. Boa leitura!
Expediente JornalEco - 12ª edição Jornal experimental produzido na disciplina de Jornalismo Especializado I do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano Reitora: profª Irani Rupolo Coordenação do Curso de Jornalismo: profª Sione Gomes Professora orientadora: Aurea Evelise Fonseca Editores: jorn. Aurea Evelise Fonseca – Mtb 5048 jorn. Iuri Lammel - Mtb 12.734 Diagramação: acad. Laudia Bolzan (monitora do Laboratório de Multimídia) - Supervisão: prof. Iuri Lammel Reportagens e textos: Aline Schefelbanis, Ariéli Ziegler, Bruna Kozoroski, Camila da Cunha, Camilla Compagnoni, Dandara Aranguiz, Denise Rissi, Djuline Seiffert, Eliana de Linhares, Emanuelle Bueno, Evelyn Paz da Silva, Fernanda Ramos, Franciele Bolzan, Giulianna Belmonte, Guilherme Kalsing, Iara Betim, Jefferson de Andrade, Kárin Spezia, Laudia Bolzan, Lidiana Betega, Luana Baggio, Luyany Beck, Marianna Ruchiga, Mateus Barreto, Michelle Teixeira, Pâmela Matge, Thassiani Porto, Thays Ceretta, Willian Correia Fotos: Alice Bollick, Taís Iensen (Laboratório de Fotografia e Memória), Ana Paula Nogueira (Jornalista egressa da Unifra), Marcelo Figueiredo (Agência Central Sul), Ariéli Ziegler, Denise Rissi, Fernanda Ramos, Giulianna Belmonte, Guilherme Kalsing, Jefferson Andrade, Karin Spezia, Luana Baggio, Marianna Antunes, Willian Correia e arquivos da CNBB e Projeto Esperança/Cooesperança. Ilustração: Matheus Lima Bergesch (acadêmco PP/Unifra) Fale Conosco: JORNALECO - Jornal Laboratório da disciplina de Jornalismo Especializado I do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra) Redação: Agência CentralSul – sala 716 C, 7º andar do prédio 14 do Conjunto III da Unifra Rua Silva Jardim, nº 1175 – Santa Maria – RS Fone: (55) 3025-9040 E-mail: jornaleco.unifra@gmail.com Você também pode acessar o JORNALECO na internet: www.agenciacentralsul.org Impressão: Gráfica Gazeta do Sul Tiragem: 1000 exemplares Distribuição gratuita Junho 2011
Junho de 2011
Enquete Você conhece o tema da Campanha da Fraternidade? O que você acha da escolha? “Já tinha conhecimento do tema, sim, e acho que é um bom tema, e precisa mesmo servir como alerta, inclusive a frase que estampa o cartaz da campanha é bem chocante, e tem que ser esse mesmo o intuito, para alertar as pessoas, comparando a dor do parto com o que a natureza sofre”.
“Não conhecia o tema. A Igreja é um meio muito grande e poderoso, e deve mesmo usar desse poder para conscientizar as pessoas, mas acho que falta mais divulgação, pois é um assunto tão em evidência e mesmo assim as pessoas não se comprometem em melhorar suas atitudes”.
“Já tinha ouvido falar sobre o tema. Vejo com bons olhos porque além da reflexão sobre a problemática ambiental que vivenciamos, também atua com mecanismos que conscientizam, pois a campanha é trabalhada por educadores em escolas e universidades, instigando os estudantes a buscarem uma solução de minimizar ou resolver os danos já causados ao ambiente”.
“Já tinha ouvido falar do tema. Acredito que é muito importante sim, mas não é divulgado como deveria e também não acredito que colherá muitos resultados pois ainda falta muito interesse e conscientização por parte das pessoas, que não levam a sério que o mundo pede socorro. Assistimos na TV o que acontece e mesmo assim as pessoas fingem não saber”.
“Não conhecia. Não poderiam ter escolhido tema melhor em decorrência dos problemas ambientais no mundo inteiro. Esta campanha deve servir como alerta à sociedade que o aquecimento global e os assuntos ligados ao meio ambiente nunca estão solucionados ou fora de moda”.
“Não sabia. O tema não funciona. A maioria das pessoas não têm conhecimento. Importante é, mas infelizmente as pessoas não colocam em prática, fica só na teoria. Também acho que essa campanha não é muito divulgada, seria ótimo se fosse levada mais a sério”.
FOTOS: FERNANDA RAMOS
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Amanda Rosado, estudante
Francisco Bastos, engenheiro ambiental
Vinicius Massoco, estudante de Filosofia
Vera Eunice Silva, professora
Fellipe Foletto, estudante de Teatro
Sandra Teixeira Salvany, bacharel em Direito
“Não. E também não tenho ouvido falar muito sobre a campanha, mas tenho conhecimento do tema. Na minha casa a religião é bem comentada, pois meu pai é ministro de eucaristia. Acredito que a Igreja tem que se comprometer de alguma forma, devido à sua importância por atingir grandes grupos, e nos dias de hoje, nada melhor que falar sobre o meio ambiente”.
“Não conhecia. Isso tem que ser feito para as pessoas novas entenderem e mudarem a situação. E tomara que a Campanha da Fraternidade ajude as pessoas a pensar melhor sobre isso, pois nossos filhos não têm culpa do que hoje a população faz, e deveríamos deixar um planeta mais sustentável e limpo para eles”.
“Não sabia. Mas esse assunto é muito importante e as pessoas precisam se conscientizar. O meu filho não entende por que eu separo o lixo e justamente os jovens que mais precisam entender e colocar em prática, não colocam e mal sabem o que acontece no mundo.
“Já tinha ouvido falar. O tema é importante, pois ocorre uma catástrofe atrás da outra, e a maioria é culpa da ação do homem. As campanhas deveriam ser mais divulgadas e realizadas com mais frequência, mobilizando mais as pessoas”.
Marielle Flôres, jornalista
Inês Bianchini, dona de casa.
A enquete foi realizada no dia 4 de abril de 2011, no centro de Santa Maria.
Julierme Vieira, professor de Educação Física
Lionéle Lima, estudante de Fisioterapia
Fernanda Ramos Iara Menezes Lidiana Betega
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CAMPANHA DA FRATERNIDADE
A fraternidade em favor da vida no planeta Somos chamados a preservar a natureza e criar consciência social
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onscientizar a popu- disso, fenômenos ligados à lação por um planeta destruição da natureza se melhor. Essa é tare- agravam: efeito estufa, doenfa principal da Campanha ças respiratórias, extinção de da Fraternidade 2011 (CF ecossistemas e vários outros 2011), que traz como tema problemas. “A Fraternidade e a Vida no Para o padre Antônio BoPlaneta”. nini, a meta da campanha é Anualmente a campanha é criar maior conscientização lançada após o carnaval, na na sociedade sobre a situaquarta-feira de cinzas, exa- ção do planeta. “A Campanha tamente 40 da Fraternidias antes da dade não quer Páscoa. Proresolver o Meta da movida pela problema, ela Conferência quer contricampanha é Nacional dos buir através criar maior Bispos do de uma consBrasil (CNBB), cientização”, conscientização tem como diz o padre ambiental lema “A criaBonini. ção geme em O lema “A dores de parcriação geme to”, uma referência ao versí- em dores do parto” remete culo bíblico encontrado na a vários fatos que abalaram carta do apóstolo Paulo aos o planeta, como o terremoto Romanos, no capítulo 8, ver- que atingiu a costa nordessículo 22. te do Japão, gerando tsunaSegundo o arcebispo de mi, em março deste ano. No Santa Maria, Dom Hélio Ru- Brasil, a natureza não sofreu bert, o lema faz uma compa- tanto quanto o Japão, mas ração com a gestação huma- tragédias como a ocorrida na na. “As dores do parto podem região serrana do Rio de Jaser tanto para o bem quanto neiro no mês de janeiro e a para a morte, depende do enxurrada em São Lourenço cuidado de DENISE RISSI do Sul, locacada um”, lizada a 200 completa. quilômetros A campade Porto Alenha é uma gre, às maroportunidagens da Lagoa de para abrir dos Patos, os olhos das deixaram cenpessoas e tenas de famíquestionar lias desabria sociedade gadas. em geral e A estudante todas as reÁgata Jaques ligiões sobre acha impora situação tante a camde vida do panha ter se planeta. “A preocupado organização com a natudas cidades Dom Hélio Rubert reza. “Dentro precisa redo possível, solver o saneamento básico, procuro não poluir o meio coleta e reaproveitamento de ambiente. Acho que faz fallixo. É necessário um traba- ta uma maior divulgação da lho de conscientização e edu- campanha”, diz a estudante. cação da sociedade toda”, diz o arcebispo. Os problemas ambientais crescem na medida em que Denise Rissi as cidades vão se industriaFranciele Bolzan lizando, e, em consequência Luyany Beck
DIVULGAÇÃO DA CAMPANHA
Em primeiro plano a natureza viva e ao fundo atos errados do homem
Quer ajudar o planeta? Siga as dicas ► Faça a coleta seletiva do lixo ► Poupe água e energia ► Use produtos biodegradáveis ► Evite a troca desnecessária de um celular, computador ou televisão ► Estimule o plantio de árvores ► Use sacolas retornáveis ► Dê preferência a transportes coletivos ► Não jogue lixo nas ruas ► Vai
viajar? Antes de sair, desligue o gás, a água e aparelhos eletrônicos da tomada.
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CAMPANHA DA FRATERNIDADE
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Comece por você Campanha da Fraternidade convoca as pessoas a refletirem sobre seus atos
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ducar e conscientizar: mostraram que qualquer este é sempre o obje- ajuda é necessária”, ilustra o tivo da Campanha da padre que tem noção da posFraternidade. Em 2011, por sibilidade de educar para um meio do lema “Fraternidade futuro melhor. “São pequenos e a Vida no Planeta”, a Igreja atos que geram mudanças em Católica ressalta que apesar toda uma comunidade”, enfade muito discutidas, as ques- tiza. O padre explica que a tões de preservação do meio Campanha da Fraternidade ambiente ainacontece todo da se mostram ano durante pouco eficaa quaresma e Ausência de zes, e que com que “este perífraternidade educação e odo é um chamaior dedicamado à coné um grande ção é possível versão, àquilo problema da traçar objetitudo que devos na busca vemos seguir vida atual por resultados sempre”. imediatos e Enquanto alem longo prazo. guns se mostram contrários à “O tema pertinente à épo- campanha, a grande maioria ca em que estamos vivendo” se mostra empolgada com a é um dos pontos destaca- possibilidade de fazer algo. dos pelo padre Ruben Natal “Muitos fiéis acham que é Dotto. Responsável pela Pa- justamente este o papel da róquia do Rosário, em Santa Igreja”, conta o padre empolMaria, pe. Dotto usa termos gado. “A Igreja quer desperbíblicos para explicar a es- tar a fraternidade e mostrar colha do tema da campanha que podemos nos contentar neste ano: “Jesus disse que com pouco”, declara ele, ao veio para que tenhamos comentar que os problemas vida. E não ambientais qualquer tipo que sofremos de vida. E a hoje se dão, A igreja Igreja para em muitos catambém deve ser fiel a Jesos, por uso sus, deve traem excesso e atuar como balhar a vida”, sem consciformadora enfatiza o páência. “A auroco em defesência de frade opiniões sa às severas ternidade nas críticas que a pessoas é um comunidade católica rece- grande problema”, destaca beu por abordar este assun- pe. Dotto, lembrando que a to em sua campanha anual. Igreja sempre foi um lugar “Muitos disseram que a para se aprender e que esta Igreja não deveria participar educação consciente é um fadeste tipo de assunto que tor a ser trabalhado em todas envolve questões políticas, as comunidades. mas infelizes acontecimentos como os ocorridos em São A repercussão na vida Lourenço do Sul e no Japão, das pessoas WILLIAN CORREIA Apoiado na citação bíblica “a criação geme em dores de parto” (Romanos capítulo 8, versículo 22), o sermão tem conseguido impactar os fiéis. “A escolha da Igreja por este versículo foi fundamental para realmente atrair as pessoas”, ressalta Ledi Pereira, que passou a fazer a coleta seletiva do lixo em sua casa, com o inicio da campanha. “Sempre quis colaborar em questões ambientais, mas só agora me senti motivada”, confessa Ledi. “Logo que li o título da camFernanda Camponogara panha não imaginava do que
se tratava, mas com exemplos co, que no dia 28 de dezemsimples dados pelo padre bro de 2010, toda diocese, sobre a realidade do mun- composta por mais de 200 do atual, passei a entender pessoas só na região de Santa a intenção da Igreja”, conta Maria, estava reunida para o Fernanda Camponogara. Os estudo da campanha da fraexemplos citaternidade, LUANA BAGGIO dos por Fernanpara decidir da referem-se às que linhas recentes catásiria explorar trofes no Japão e que metas e região serrana traçar. do Rio de JaneiReuniões ro, que mesmo e atividades ocorridas após fora da Igrea escolha do ja também tema, passaram marcam este a validar ainda processo mais o assunto junto da codefendido pela munidade. Campanha da “Muitos faFraternidade. zem previHá ainda as sões apocaPadre Ruben Natal Dotto pessoas que tilípticas, mas veram acesso à campanha acredito que a humanidade fora da Igreja. Este é o caso pode fazer muito por nosso de Ricardo Rossato, que sou- planeta”, enfatiza pe. Dotto be da campanha pela televi- confiante que com a Palavra são. “Não sou católico, mas de Deus e a conscientização o tema me chamou atenção, social são possíveis grandes pois é um problema que resultados. vivenciamos hoje”, conta. Rossato acredita que toda Igreja formadora a publicidade televisiva da de opinião campanha não se limitará aos A campanha da fraternidafiéis católicos. “A iniciativa de deste ano da Igreja Católica vai fazer as também recepessoas pensarem mais so- be a aprovação bre o assunto, independente de quem ende religião, pois o planeta é tende e estuda um bem comum”, avalia. em benefício de nosso amAprendendo biente. Para para ensinar a engenheira Engana-se quem pensa que florestal María Campanha da Fraternidade lia Lazarotto, é envolta em sermões prepa- que trabalha rados e limitados. Para cada na área de Fiano, são realizados grandes t o p a t o l o g i a estudos sobre o tema e sua - proteção de melhor forma de execução espécies flodentro de cada paróquia. O restais, o en- Marília Lazarotto pe. Dotto contou ao JornalE- volvimento da WILLIAN CORREIA Igreja neste tipo de questão é de grande valia, tendo em vista a influência que a religião exerce sobre a população. “A Igreja, além de ensinar e pregar valores morais e de boa conduta, também é uma formadora de opiniões. Por isso, sua participação em forma de campanhas, especialmente as campanhas da fraternidade em que as discussões sobre um determinando tema perduram por um ano, são uma ótima forma de conscientizar e de motivar seus fiéis a particiRicardo Rossato parem de debates e, princi-
palmente, a modificar hábitos cotidianos que provocam o desperdício de recursos naturais”, avalia Marília. A entrada da Igreja nesta luta deve resultar em efeitos positivos, acredita a engenheira: “Os problemas ambientais não são gerados em um lugar distante ou apenas pelas grandes nações e, portanto, alheios à nossa responsabilidade. Eles são consequência de nossas escolhas diárias e, por isso, espero que a Igreja enfoque justamente neste aspecto”. Marília faz Doutorado em Silvicultura pela UFSM e ressalta que a humanidade, de uma forma geral, tem o hábito de culpar o “outro” pelos erros, quando a reflexão deveria ser em cima de outras perguntas: “O que eu faço em minha vida que pode afetar o planeta negativamente? Como eu posso modificar meus hábitos para colaborar com o meio ambiente?”. Sobre as críticas negativas feitas à Igreja por estar abrigando esta campanha, Marília rebate com outra pergunta: “Onde é o lugar certo discusWILLIAN CORREIA para são deste assunto? Considerando que o tema meio ambiente é de interesse e provoca transformações da vida de todos, esta discussão poderia ocorrer tanto na Igreja quanto em qualquer outra instituição social”. A educação proposta pela campanha, assim como demais informações sobre o assunto devem ser sempre buscadas, como ressalta a doutoranda: “sempre devemos nos informar a respeito do assunto em fontes seguras, que apresentem dados confiáveis e sugestões de ações que realmente irão colaborar para a conservação dos recursos e da vida no planeta”.
Djuline Seiffert Luana Baggio Willian Correia
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ESCOLAS
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Parceria para o futuro Trabalho integrado da escola e da família gera resultado e dá esperança
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infância é considerada a fase mais importante de nossas vidas. Pensar em um mundo melhor é imaginar que, desde pequenos aprendemos valores fundamentais como o respeito, o amor e o cuidado com o próximo. A Campanha da Fraternidade deste ano busca contribuir para a conscientização da população sobre as questões ambientais, como o aquecimento global e as alterações climáticas. O JornalEco encontrou uma instituição que batalha diariamente para que o ideal de um mundo melhor possa vir a se concretizar. Uma união de pessoas que batalham para o fortalecimento da luta contra a destruição do planeta. Sinos de Belém A importância de estabelecer uma consciência ecológica desde cedo é uma das prioridades da Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Sinos de Belém. A escola iniciou com um grupo de 50 alunos, mas hoje esse número já subiu para 220. Muitas instituições se envolvem diariamente com o trabalho oferecido pela escola. A diretora Sandra Kemerich faz questão de ressaltar as parcerias e agradecer a todos que colaboram: “deram-nos uma semente e nós temos que tratar bem dela, para que dessa semente cresçam outras”, orgulha-se. Para a diretora, é fundamental que os pais se envolvam com as
de Carlos com as irmãs no diaa-dia. Ângela ainda conta que as atitudes de Carlos estão só melhorando. “Fiz teste em casa. Joguei um pedaço de papel no chão e ele e me repreendeu na hora”. A filha Bruna também passou pela Sinos de Belém e, de acordo com Ângela, saiu da escola não só lendo e escrevendo mas, principalmente, levando valores que continuarão com ela por toda a vida. Ângela faz questão de afirmar que está satisfeita. Realça que esse conhecimento ecológico é valioso e que quando os filhos ficarem maiores e forem para outras escolas, levarão adiante o exemplo aprendido na Sinos. Ela dá a dica de que é importante para as crianças receber atenção e que os pais muito ocupados devem conseguir, no mínimo, perguntar como foram as atividades das crianças. “Eu não digo perder, mas sim ganhar, dez ou quinze minutos do dia com seu filho, porque tudo que ele aprender na escola ele vai levar para a vida.”
A mãe Ângela com alunos da escola
atividades da escola. Por este motivo, no início do ano letivo realizam-se reuniões entre os professores e as famílias a fim de definir o calendário escolar. Grupos pequenos são organizados para que todos exponham suas ideias, além de planejar eventos e gincanas. “Essa intera-
As crianças Melina, Miriam, Carlos e Luiza
ção com as famílias é importante. A escola se preocupa com a opinião e com o que os pais esperam”, explica Sandra. As crianças Melina, Miriam, Carlos e Luiza, todos de 5 anos, demonstram muita empolgação com as atividades, especialmente com as plantações. “A escola é boa e quem faz isso é a gente. Junto com as professoras e nossa família”, conta Miriam.
Um exemplo de família A presidente da Associação de Pais e Mestres, Ângela Maria Vargas de Carvalho, também é mãe de Carlos, um dos alunos da Sinos de Belém. Além dele, tem mais duas filhas e conta como funciona o desenvolvimento pedagógico dos filhos integrado com a vida em família. “A educação começa em casa, a escola é um complemento”, afirma ao narrar a dedicação
FOTOS: ARIÉLI ZIEGLER
Ângela Maria Carvalho, presidente da Associação de Pais e Mestres
cimento que é implantado desde pequeno tende a funcionar melhor, ou seja, acaba criando uma consciência que faz parte da rotina e, automaticamente, dos valores de cada um. A estagiária do PAIP e estudante de Psicologia, Caren Gutheil, diz que a criança precisa criar uma consciência crítica de consumo, saber o que é realmente necessário e o que é supérfluo. “A criança tem que aprender não somente a colocar o lixo no lixo, mas principalmente saber Consciência de consumo como se produz o lixo e o que O coordenador do Progra- é lixo”, diz o professor Décimo. ma de Atenção Integrada Os psicólogos enfatizam que de Psicoloas crianças gia (PAIP) estão sendo da Unifra e transporpsicólogo tadas para Carlos Alum mundo berto Déciadulto e que mo Martins, precisam esclarece aprender que os méa relação todos de de causa e ensino utiefeito desde lizados anpequenas, tigamente, “para cuidar não funcioda grande nam mais da casa onde mesma manós moraneira. “Hoje mos: o nosnós estamos so planeta vendo que Lixeiras separam o lixo reciclável Terra”. esse modelo ‘escola educando sozinha ou só a família educando’, não funciona. Essa educação tem Ariéli Ziegler que ser em conjunto.” Camilla Compagnoni Carlos explica que todo conheEliana Linhares
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Iniciativas sustentáveis, cidadã Projeto desenvolve consciência ambiental a partir do lixo eletrônico FOTOS: GIULIANNA BELMONTE
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sustentabilidade é o maior os jovens produzem obras de desafio da vida moderna. arte utilizando o lixo eletrônico É também necessidade como matéria prima. Além da imediata para continuarmos vi- finalidade artística, é dado um vendo em um planeta saudável. destino ecologicamente correto Os recursos naturais dão sinais para os resíduos tecnológicos. de esgotamento, uma vez que a lógica capitalista se sobrepõe à CMID a serviço preservação ambiental. É o nosso da comunidade desejo de consumo em detrimenUma parceira do projeto CMID to de uma consciência coletiva. é a GR2 Gestão de Resíduos, resAssim, se pode imaginar que ponsável pelo destino correto das a produção de lixo se torne cada peças eletrônicas que sobram das vez maior e este montante obso- oficinas de Meta Arte. “A maioria leto só tende a piorar as coisas. desses objetos são utilizados em Mais do que correto, torna-se nossas aulas, o que nós não ocuobrigatório que ao menos saiba- pamos é repassado para a empremos como proceder com o lixo sa GR2 que dá o devido destino a que criamos. Dar o destino devi- esses materiais”, afirma Facco. A do para o que já não serve mais, empresa tem como razão fazer a além ser previsto em lei no Bra- sua parte por um planeta sustensil desde o ano passado, deve tável, auxiliando pessoas e emnortear as consciências limpas. presas de Santa Maria e região a A Escola Marista Santa Marta destinarem seus lixos eletrônicos atenta para a questão ambiental de maneira consciente. e desenvolve, desde 2006, um De acordo com o coordenaprojeto pioneiro em Santa Ma- dor do CMID, os alunos desenria, o Centro Marista de Inclusão volvem além de um aprimoDigital (CMID). De acordo com o ramento técnico, um serviço coordenador, Algir Facco da Sil- social, que auxilia também na va, “em 2006 os manutenção da irmãos maristas cidade: “a masentiram a necestéria usada nas sidade de consnossas oficitruir junto à esconas é o que a la um trabalho de comunidade inclusão digital. santa-mariense Sendo assim, foi despreza como criado o centro lixo eletrônique oferece para co. A questão a comunidade um ambiental é telecentro para amplamente acesso à internet, trabalhada em oficinas de Robónossas oficinas tica Livre, Meta mostrando aos Arte e montagem Coordenador do projeto Algir Facco jovens a possie manutenção de bilidade de se computadores”. reaproveitar esse material que O CMID iniciou suas ativi- poderia ser jogado no lixo codades em 2007 e atualmente mum e poluir a natureza”, afiratende 120 crianças e jovens. ma. Segundo Facco, o objetivo do Com a criação da Política projeto é “oportunizar a inclu- Nacional dos Resíduos Sólidos, são digital e acesso a tecnolo- aprovada em lei em agosto de gias da informação para jovens 2010, surge, além da necessie adultos da Nova Santa Marta, dade, a obrigatoriedade do trapropiciando um espaço profis- tamento e destino correto deste sionalizante de formação téc- tipo de lixo. Prova desta mobilinica”. O grande diferencial da zação em que o país todo se une iniciativa desenvolvida no bair- em prol da questão ambiental é ro é que, além de proporcionar o tema da Campanha da Fratero contato com o mundo digital nidade deste ano: “A Fraternidapara essas crianças, o projeto de e a Vida no Planeta”. trabalha com elas a questão ambiental na teoria e na prá- Campanha e a tica, relacionando os avanços consciência ambiental tecnológicos com a sustentabiNa Escola Marista Santa Marlidade. ta, a Campanha da Fraternidade A ação acontece por meio é trabalhada o ano todo. Segundas aulas de Meta Arte, em que do Ivonir Antonio Interatori,
Alunos desenvolvem atividades do projeto Meta Arte
diretor da escola, a campanha é contemplada nos projetos em sala de aula e também pela Pastoral Escolar que realiza encontros de formação humana e cristã, onde os estudantes aprofundam temas como relações
humanas, vivência de valores, avaliação de projetos pessoais e debates sobre temas ligados à valorização da vida e da transformação social. De acordo com o irmão, a escola aborda os temas da
Laboratório CMID profissionaliza moradores da Santa Marta
Campanha da Fraternidade “procurando despertar nos alunos a consciência e a importância do cuidado e preservação da vida, também com atividades concretas”. Diante da problemática ambiental da campanha, o CMID desenvolve ações junto aos alunos, como: o recolhimento e aproveitamento do óleo de cozinha, de materiais como pilhas, lâmpadas, baterias de celulares, além da triagem de materiais recicláveis que são entregues para uma associação de recicladores. Um jovem que participa destas atividades é Maurício Apolinário Moraes. Ele estuda na Escola Marista desde 2002 e frequenta as oficinas do CMID há dois anos. Moraes conta que em 2010 participou do curso de Informática Básica: “resolvi então me inscrever na oficina de Metareciclagem. Estou gostando muito do curso porque ele é bem prático”. Segundo o aluno, a liberdade para mexer nas máquinas utilizadas nas oficinas facilita o aprendizado. Sobre os exercícios realizados no projeto, afirma: “Gosto da arte feita com cobre e dobradura, é divertido e um dia pode ser uma profissão”.
Giulianna Belmonte Michelle Teixeira Thassiani Porto
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ãos conscientes Crianças e jovens têm o poder de ajudar a colorir a realidade da Terra
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preto e branco das pri- interagir com o meio ambiente meiras fotografias, além e, desta forma, elas aprendem de estampar os álbuns a cuidá-lo”, ressalta Helena. antigos, passa a representar uma realidade assustadora do Espaço verde mundo. Devastação das flores- incentiva preservação tas, poluição dos rios, desertiHelena Rohde destaca o ficação, aumento da emissão Agroecologia como um dos de gases poluentes. Retrato principais projetos da escola. de um planeta menos verde e Dentro dessa proposta, os aluazul que está, aos poucos, “pe- nos da educação infantil visidindo” ajuda. E, para transfor- tam o sítio do colégio de 15 em mar o futuro, nada melhor do 15 dias. Lá, podem conhecer que começar conscientizando diferentes tipos de solo e de aqueles que plantas, interairão herdá-lo. gindo com o meio O aqueciPara Gostei de plantar ambiente. mento gloela, é importante bal é uma que, nas séries porque aprendo questão que iniciais as educaa cuidar da precisa ser doras busquem discutida na abordar todos os natureza área política, temas de forma social e, prinmais didática. c i p a l m e n te , “Os estudantes educacional. aprendem hábiAlgumas escolas confessio- tos saudáveis e ecológicos para nais de Santa Maria levam esse serem praticados em casa e na tema ambiental às salas de escola”, afirma. aula, enriquecendo a discussão Em visita ao Sítio Franciscana comunidade. no, o aluno do nível B, Arthur O Colégio Franciscano de Moraes, 5 anos, se diz conSant’Anna trata do ambienta- tente por participar da atividalismo de maneira interdiscipli- de. “Gostei de plantar porque nar. “Os projetos da educação aprendo a cuidar da natureza”. infantil são muito importantes, Seu colega, João Pedro Lima, da pois formam consciência am- mesma idade, também fala que biental nos alunos”, sustenta adora as atividades realizadas a coordenadora das séries ini- no sítio. “É muito legal porque ciais do colégio, Helena Rohde. aprendo muitas coisas, posso Destacam-se projetos como: até experimentar as saladas cuidado com a água, obser- colhidas aqui”, comenta. Sob a vação dos recursos naturais, orientação das professoras Lanplantio de sementes, confec- da Salbego e Jaqueline Werle, a ção de lixeira individual com turma visitou a horta e pôde remateriais recicláveis e confec- gar as mudas plantadas por eles ção da sacola ecobag para que na visita anterior. Isabela Rodrios alunos possam carregar os gues, 5 anos, se mostra orgulhoalimentos cultivados por eles sa ao molhar o canteiro. “Minha no Sítio Franciscano. “Essas turma plantou alface, alguns peações incentivam as crianças a zinhos já estão crescendo”.
Prof. Denilson Moro e a casa que os alunos do Colégio Marista Santa Maria tornarão sustentável
FOTOS: MARIANNA ANTUNES
Alunos do Colégio Sant’Anna trabalham na horta do Sítio Franciscano
Força para projetos ambientais A professora do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Sant’Anna, Suzana Dellamea, afirma que o material da Campanha da Fraternidade está sendo utilizado para estimular os alunos. Existem projetos de reaproveitamento do óleo de cozinha, de recolhimento de lixo eletrônico e experiências demonstrativas de fenômenos naturais, como a chuva ácida. “Agregamos o tema da Campanha com projetos já em andamento na escola, a fim de fazer com que as iniciativas ultrapassem os limites do colégio e atinjam também as famílias e a comunidade santa-mariense”, afirma. Em anos anteriores, o Colégio Marista Santa Maria promoveu diversos projetos em defesa do meio ambiente. Essas iniciativas abrangem desde séries iniciais até os alunos do Ensino Médio. O projeto Cuidando da Vida surgiu para criar uma consciência ecológica dentro da comunidade escolar, através da implantação de lixeiras produzidas com material reciclado pelos próprios alunos. Dedicado às crianças, A Sucata Artística é um projeto que busca dar vida à imaginação dos pequenos, estimulando a responsabilidade ambiental por meio da reciclagem. Oficina de restauração de brinquedos é
outra iniciativa verde da escola que proporciona a integração entre as turmas do Ensino Fundamental e Médio. A ação promove uma campanha de arrecadação interna de brinquedos para serem restaurados pelos alunos e doados. Além de reforçar o caráter solidário, a iniciativa reforça a ideia dos “3 erres”: reduzir, reaproveitar, reciclar.
Os estudantes aprendem hábitos saudáveis e ecológicos
Práticas sustentáveis Os professores das séries mais avançadas do Colégio Sant’Anna trabalham o tema da Campanha da Fraternidade buscando relacioná-lo com os conteúdos de cada disciplina. Com os alunos do 6º ano, por exemplo, o professor de Ciências e Biologia, Diego Rigon, está abordando a importância da água em diversos aspectos. “Um dos focos do nosso trabalho é a água virtual, aquela utilizada no processo de produção de tecidos, alimentos e produtos variados”. Além disso, o professor estimula os estudantes a
calcularem o consumo de suas casas e reduzí-lo. O 2º ano do Ensino Médio pretende produzir um documentário sobre o meio ambiente. Rigon afirma que os alunos farão trilhas ecológicas para conhecer diferentes ecossistemas. “Desta forma eles ficarão mais próximos do meio ambiente e entenderão a importância dele para nossas vidas”. No decorrer do projeto, os estudantes vão registrar as trilhas por meio de fotos e produzir painéis para expor na escola. No Colégio Santa Maria, o professor de Robótica e Informática Denilson Moro coordena o projeto Casa Sustentável com outros colegas professores. Essa iniciativa foi lançada em 2010 e ganhou força com a temática da Campanha da Fraternidade. O objetivo da ação é incentivar os alunos a pensar em estratégias sustentáveis e colocá-las em prática utilizando uma casa em miniatura. “O projeto está sendo realizado por estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio”, acrescenta Moro, que reúne os alunos em encontros semanais para que possam discutir e executar suas ideias.
Emanuelle Bueno Marianna Antunes
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ESCOLAS
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Religião e meio ambiente aliadas por um bem comum Escolas e faculdades estão engajadas em projetos de conscientização ambiental
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orta, fazendinha, estudo sobre o lixo, rumo a ser dado ao óleo de cozinha, como usar o material reciclável. O JornalEco foi conferir como as escolas confessionais não católicas lidam com o assunto meio ambiente.
Horta orgânica O Colégio Metodista Centenário tem um projeto intitulado Bioética. O projeto aborda questões relacionadas ao meio ambiente, especialmente o problema do lixo. Os professores enfocam a temática ambiental nas suas disciplinas. Em Química, por exemplo, abordam os efeitos químicos dos detritos na natureza. Em Biologia e Ciências, trabalham a decomposição dos materiais do lixo e incentivam que os alunos usem produtos biodegradáveis. A escola também possui uma horta, feita pelos alunos da terceira série, que levam as mudas conforme orientação dos professores. Existe ainda uma equipe que monitora os estudantes para que tudo seja finalizado até a chegada do inverno. A coordenadora pedagógica, Marlova Garcia, destaca que cada turma cuida do seu canteiro. “A importância do meio ambiente é trabalhada no colégio desde a Educação Infantil”. Os alunos recebem orientações da importância dos alimentos plantados e aprendem que estes são livres de tudo que prejudica a terra, o planeta e o meio ambiente, como os agrotóxicos. No final do inverno, após a
ANA PAULA NOGUEIRA
colheita dos alimentos da horta, como a alface, por exemplo, os alunos levam presunto, queijo e pão e fazem um sanduíche coletivo com a verdura que eles mesmos plantaram e colheram.
Destino certo ao óleo A Faculdade Metodista de Santa Maria (Fames) possui dois projetos na área ambiental: um é o recolhimento de óleo e o outro proporciona oficinas de artesanato e aproveitamento de material reciclável. O recolhimento de óleo é feito em diversos pontos da cidade, como o Lar das Vovozinhas, entre outros. A faculdade desenvolve este projeto no Instituto Metodista de Ação Social (Imas), no bairro Noal. Após a coleta, o Imas envia o óleo para a Associação do Instituto Reto que repassa o material a uma empresa de Canoas que trabalha com biodiesel e com combustível. A professora da disciplina de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social, Márcia Bandeira, diz que “a preocupação é mais no sentido de conscientização, que este óleo não vá para água, pia, vaso sanitário e diferentes destinos errados que as pessoas dão”. Transformar em fonte de renda o que é considerado lixo O segundo projeto saiu da sala de aula e se tornou um projeto de extensão da Fames. Surgiu no curso de Administração, na disciplina de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social e, atualmente, também
TAÍS IENSEN
Alguns dos animais da fazendinha do Colégio Adventista de Santa Maria
Alunos da educação infantil aprendem a cuidar da horta no Colégio Centenário
é desenvolvido no Imas, onde nidade. “Quando a gente percebe são oferecidas oficinas, como que os alunos estão retornando de artesanato e de aproveita- na próxima semana, para fazer mento de material reciclável. a mesma oficina ou para aprenA ideia é der algo diferente é passar para bastante gratificana comunidate”, declara Márcia. Escolas não de maneiras católicas também de aproveiContato com a tar e transterra e valorizainvestem formar em ção do meio amem projetos fonte de renbiente da o que é O Colégio Advenambientais considerado tista de Santa Maria lixo e gerar também possui a conscientidois projetos amzação de quanto tempo leva para bientais: cultivo da horta e planeste material se decompor. “No tio de árvores. O primeiro comeartesanato trabalhamos com çou há cerca de uma década e garrafas pets, caixas de leite, pois visa que o aluno interaja com o sabemos que estes demoram meio ambiente e descubra como muito tempo para se decompor, é estar em contato com a terra. além de serem volumosos”, co- Os estudantes que participam menta a professora. Tudo que é deste projeto são de quinta e produzido nas oficinas, os parti- sexta série. As técnicas usadas cipantes podem levar para casa. para manter a horta são a adu“É uma forma deles mostrarem bação e defensivos orgânicos, o que produziram e até exporem além de estufa e matas laterais. lá fora o que são capazes de fa- O professor e capelão da eszer com isso”, afirma Márcia. cola, Carlos Prestes, trata da O trabalho que a Fames reali- parte mais técnica da terra, za na comunidade está surtindo para deixar a atividade mais efeitos. O resultado mais satisfa- lúdica para as crianças. “Em tório que a Faculdade Metodista um primeiro momento são vê no desenvolvimento desse produzidos alface, rúcula, projeto é o envolvimento, a em- rabanete e tempero verde”, polgação dos alunos e da comu- afirma Prestes.
O segundo projeto também procura despertar nos alunos o respeito pela natureza e ensiná-los a valorizar a ecologia. Os estudantes que interagem neste projeto são do ensino médio. As espécies plantadas são: cedro, canela e araucária. As técnicas usadas para manter as mudas das árvores são: adubação, defensivos orgânicos e irrigação. Em junho do ano passado, como parte de encerramento da Semana do Meio Ambiente foram plantadas mudas de árvores nativas da região, no bairro Nonoai. O terreno onde foram plantadas as mudas de árvores possui mais de vinte espécies: dez guavirovas, um chauchau, seis pitangueiras, um ipê roxo, um jacarandá e um angico. O Colégio Adventista ainda possui uma fazendinha, organizada também há quase uma década. Hoje as crianças podem se divertir com a companhia de tartarugas, coelhos, carpas, ovelhas, patos, um pônei, entre outros animais.
Aline Schefelbanis Evelyn Paz Laudia Bolzan
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ESCOLAS
A filosofia da campanha da fraternidade em sala de aula Religião e natureza em discussão
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campanha da fraternidade sempre foi considerada desde seu início, em 1964, um divisor de pensamentos dentro da sociedade brasileira. Nas duas primeiras fases da campanha, entre 64 e 84, a igreja preocupou-se com questões referentes à sua estrutura e à realidade social, denunciando o que entendia como pecado social e promovendo a justiça. Só a partir da terceira fase, em 1985, a igreja voltou-se para situações existenciais do povo brasileiro. O meio ambiente nunca esteve tão em evidência como nos últimos dez anos. Por isso, a igreja resolveu pensar nesse assunto para a campanha da fraternidade. Catástrofes naturais que aconteceram no país fizeram com que especialistas e estudiosos alertassem para futuros problemas que a devastação da natureza pode trazer no futuro. A igreja católica vendo esse quadro resolveu neste ano colocar como assunto principal de debate da campanha da fraternidade a natureza e o meio ambiente, como o tema “Fraternidade e a vida no planeta”. Os entusiastas da campanha querem levar o debate e a conscientização para além da sociedade civil já adulta. O principal foco deste ano é trabalhar a consciência e as questões do planeta com as futuras gerações e a escola acaba sendo o principal mentor de transmissão desta mensagem e discussão sobre o tema.
GUILHERME KALSING
O meio ambiente segundo a visão franciscana O mesmo pensamento se faz presente na filosofia de trabalho do Colégio Franciscano Sant’Anna. Segundo a Irmã Fátima Leiva, a preocupação com o ecossistema sempre foi a preocupação de São Francisco de Assis e a escola não poderia deixar de abordar e ter uma filosofia de trabalho sobre o assunto. No Sant’Anna, a campanha da fraternidade é trabalhado em todos os níveis de ensino e de maneira conjunta dos professores. Os da área das Ciências Naturais e Física formam o projeto, que passa por uma análise da direção. Então é trabalho por todos os professores, cada um relacionando com sua área e abordagem com cada série de modo distinto. O professor de Filosofia, por exemplo, se prende a trabalhos de discussão e busca de solução dos problemas lembrando muito o passado. Os materiais usados pelo O jardim é uma das marcas registradas do Colégio Fátima colégio Sant’Anna tem uma O cuidado permanente de realizar os trabalhos de clas- tal e médio. “A escola sempre visão do próprio colégio, Fátima se com foco na campanha. E buscou mostrar aos alunos a pois eles entendem que essas Nos colégios de orientação independente disso, a esco- i m p o r t â n c i a são questões católica o assunto tem boa re- la sempre teve uma filosofia do respeito ao que devem percussão. No Colégio Fátima, voltada aos cuidados com o meio ambienOs cuidados com p e r m a n e c e r o tema vem sendo abordado meio ambiente”, comenta. te. Os alunos em o meio ambiente sempre desde o início do ano letivo. Cleusa salienta que todos sempre foram discussão na É o que explica a diretora, os trabalhos desenvolvidos orientados a estão na filosofia educação dos irmã Cleusa Cosarin. “Logo durante o ano estão, de algu- ter um pensaalunos. Mas das escolas no início das aulas, os pro- ma maneira, relacionados ao mento ecologicomo esse fessores tomaram conheci- tema, pois é algo que já faz camente corano a CNBB mento do tema da campanha. parte da filosofia de trabalho reto”, ressalta d e s e nvo lve u Após isso, foram orientados a da escola. Pelos corredores e Cleusa. materiais e salas de aula é possível obserO colégio está aproveitando o produtos com o tema, a esGUILHERME KALSING var lixeiras de coleta seletiva, momento propício e lançou sua cola optou por aplicar os vítrabalhos madeos e a cartilha que a igreja JEFFERSON ANDRADE própria camnuais feitos panha, que desenvolve. com materiais está sendo pla“Não temos como ficar reciclados e o nejada pelas apenas com o material vinjardim impecácoordenações do campanha, pois isso deivel comprovam e professores xa muito limitado o trabalho o interesse que conselheiros dos nossos professores. É por a escola tem de turma. Se- isso que também nós produpelo ambiente. gundo a coor- zimos o nosso material com A diretora denadora do a filosofia da escola e esse é afirma que o ensino médio, o nosso diferencial de trabatema está senNilva Gaspa- lho do meio ambiente e da do tratado em rotto, os traba- campanha da fraternidade”, todos os níveis lhos desenvol- ressalta Irmã Fátima. de educação vidos em sala que a escola serão apresenpossui, bási- Ir. Cleusa Cosarin, diretora do tados para toGuilherme Kalsing Nas duas escolas é possível observar as lixeiras de coleta seletiva co, fundamen- Colégio Fátima dos os alunos. Jefferson Andrade
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PROJETO ESPERANÇA/COOESPERANÇA
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A semente da mudança O compromisso de um projeto com a sustentabilidade e a solidariedade
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m Santa Maria, uma organização sem fins lucrativos fortalece a organização, a produção, a ecologia, a geração de trabalho e renda, a economia solidária, a agricultura e a agroindústria familiar. É o Projeto Esperança/Cooesperança, que tem por finalidade a articulação e o fortalecimento de um novo modelo e desenvolvimento solidário sustentável e de inclusão social. Os empreendimentos solidários sobrevivem com o fruto do seu próprio trabalho - o projeto serve como ponte para esses empreendedores, que sobrevivem através da comercialização de seus produtos. Não faz parte da proposta do Projeto a comercialização de produtos terceirizados, o objetivo é a relação direta entre o vendedor e o consumidor.
FOTOS: DIVULGAÇÃO DO PROJETO
der seus produtos e juntos confraternizarem em uma grande celebração. A feira ocorre nos dias 8, 9 e 10 de julho, no Centro de Referência em Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter. O agricultor de Caçapava do Sul, Gilberto Rosa, 56 anos, já frequentou a feira dos sábados várias vezes e é seu segundo ano na feira do Mercosul. Gilberto comenta que é contra os produtos terceirizados, pois ele acredita que muitos são jogados fora e você nunca sabe o que está consumindo, e que o grande diferencial da feira colonial é o fato de você conhecer pessoalmente quem produziu determinado alimento.
Solidariedade para todos O Projeto Esperança/Cooesperança age através da Economia Solidária, que tem sua base no associativismo e do cooperativismo, e apesar de ser A divulgação do um modo de organização de cooperativismo determinadas atividades ecoA organização do Proje- nômicas, visa à valorização do to Esperança/Cooesperança ser humano e não do capital. realiza todos os sábados, no Segundo a irmã Lourdes centro de referência de eco- Dill, responsável pelo Espenomia solidárança/Cooria Dom Ivo esperança, L o r s c h e i t e r, O desenvolvimento obusca projeto um “feirão fortadeve ser para colonial” para lecer novas todos os traideias, tal todos e levar em balhadores qual o desenconta questões vinculados volvimento poderem cosolidário e ambientais mercializar sustentável, suas mercapara o bem dorias. O feicomum do rão é aberto a todos que qui- homem e do meio ambiente. serem conhecer ou consumir É através de pequenos pasos produtos coloniais. sos que o projeto auxilia os Neste ano, o maior evento produtores rurais e urbanos, do Projeto é a 7ª Feira de Eco- como a organização de penomia Solidária do Mercosul, quenos grupos, a formação onde os países do Mercosul irão de alternativas de consutrazer outras cooperativas para mo sustentável e, por fim, a divulgar e possivelmente ven- produção e comercialização
As feiras coloniais atraem grande público
Momento de oração em reunião do projeto
coletiva a partir de feiras. O projeto também age no âmbito das políticas públicas, por meio da venda de alimentos para a merenda escolar, cozinhas comunitárias e restaurantes populares. “O desenvolvimento deve ser para todos, não só para pequenos grupos de empresários. E para ele ser pra todos é preciso levar em conta as questões ambientais e a socialização dos bens produzidos. Hoje em dia, os grandes patrimônios da humanidade, a água, a terra e a semente, estão na mão de poucos. Isso não é desenvolvimento, isso é apropriamento”, ressalta Irmã Lourdes. Cultura da morte Um dos principais objetivos do projeto diz respeito ao plantio do fumo. A luta que começou há 21 anos, com o bispo Dom Ivo Lorscheiter, busca alternativas para a cultura do fumo, denominada por ele de “cultura da morte”. Além dos malefícios causados pelo tabagismo, um dos fatores mais preocupantes da cultura do fumo é o grande uso de agrotóxicos nas lavouras de tabaco, que é muito prejudicial à saúde. Para que estes danos sejam diminuídos, o projeto Espe-
rança/Cooesperança propor- com a campanha por seus placiona alternativas para os pro- nos de Economia Solidária. dutores que têm a maior parte O tema do último ano serviu de seus lucros no plantio do para preparar o terreno para fumo, como a tentativa de uma a campanha atual, que trata nova fonte de renda através de de assuntos mais urgentes, hortigranjeiros, criação de ani- como o aquecimento global e mais, plantação de sementes e a conscientização ambiental. diversificação de suas lavouras. De acordo com irmã Lourdes, Segundo Irmã Lourdes, muitos ambos os temas são muito imagricultores já trocaram a cul- portantes, pois despertaram tura do fumo reflexão sobre por uma das as causas amalternativas, e bientais e a Os grandes estes têm seu proteção dos patrimônios ganho princibens naturais. pal nas feiras E embora ainágua, terra e de economia da não haja semente - estão solidária e uma grande agricultura fapor na mão de poucos resposta miliar. parte do povo “Ao invés ao Projeto de o produtor Esperança/ ter uma renda somente anual, Cooesperança e à Campanha gerada pelo plantio do fumo, da Fraternidade, os resultados hoje ele pode ter uma renda atingidos são satisfatórios, e de semanal através das feiras”, acordo com um provérbio afriafirma irmã Lourdes. cano, citado pela própria irmã Lourdes, “Muita gente pequeLaço Fraterno na, em muitos lugares pequeNão foi só neste ano que o nos, fazendo coisas pequenas, tema da Campanha da Frater- mudarão a face da terra”. nidade - Fraternidade e a vida no planeta - coincidiu com os objetivos do Projeto Esperança/Cooesperança. Em 2010, Matheus Prado com o tema “Economia e vida”, Mauricio Saldanha o projeto teve forte ligação Raul Kurtz Cezar
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AVENIDA RIO BRANCO
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Cortes no centro da polêmica Revitalização derruba quase uma centena de árvores MARCELO FIGUEIREDO
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ara sensibilizar a so- que quando o homem atingir plantio florestal, inadequaciedade sobre a impor- esse limite de sustentabili- das para um centro urbano. tância da preservação dade, irá se adequar à nova Havia pinnus mortos, com das florestas para a garantia realidade. “A adaptação será risco de cair.” Ele também enda vida no planeta, a Orga- inevitável”, conclui o enge- fatizou o respaldo do Minisnização das Nações Unidas nheiro ambiental. tério Público e do Conselho (ONU) declarou que 2011 é, Municipal do Meio Ambiente oficialmente, o Ano Interna- Avenida no centro (Condema). “Não é o secretácional das Florestas. da polêmica rio que está derrubando, é o Segundo dados do PrograUma dessas mudanças am- Conselho que exige”, diz. ma das Nações Unidas para o bientais que está causando Já o empresário Paulo RiMeio Ambiente (Pnuma) as impacto aos olhos da popu- cardo do Couto ficou indigflorestas representam 31% da lação é o processo de revi- nado com a derrubada das cobertura tertalização da árvores. “Não era necessária restre do plaavenida Rio aquela obra. Além de estarem neta, servindo Branco, em destruindo o meio ambiente Atividades de abrigo para Santa Maria. os tapumes tiram a visibilibaseadas na 300 milhões O prefeito Ce- dade do motorista na hora de de pessoas de zar Schirmer fazer o retorno na Rio Branderrubada de todo o mundo. assinou, no fi- co, tornando o trânsito um árvores ainda Garante, ainda, nal de janeiro, caos”, argumenta. de forma direuma ordem de Apesar dos riscos oferecisão comuns ta, a sobreviserviço que dos, o engenheiro agrônomo vência de 1,6 autorizou o Galileo Adeli Buriol lembra bilhões de seres humanos e início da obra. Para que essa que um centro urbano não 80% da biodiversidade ter- ação fosse executada, foram pode ficar sem arborização. restre. Em pé, as florestas são retiradas várias árvores do “A vegetação é termorregucapazes de movimentar cerca local. De acordo com o secre- ladora, assim, nos centros de 327 bilhões todos os anos, tário de Proteção Ambiental, urbanos ela ameniza as temmas infelizmente as atividades Luiz Alberto Carvalho Jr, foi peraturas máximas e mínique se baseiam na derrubada inevitável a retirada das ár- mas. Essa é a função de sua das matas ainda são bastante vores, primeiro pelo aspecto transpiração e também da comuns em todo o mundo. técnico. “Avaliamos o risco condutibilidade térmica de Considerando todas as iminente de queda. Árvore suas folhas.” Ele comenta ouações positivas e negativas rural é uma tras funções que ocorrem no meio ambien- coisa, urbana positivas das te, o futuro do planeta é incer- é outra”, afirárvores. “Elas Especialista diz to. O engenheiro ambiental ma. Segundo o também reque um centro Sandro Luciano Fensterseifer secretário, os têm a água da afirma que, quando se trata critérios utip re c i p i t a ç ã o urbano não do destino das florestas, o ser lizados para a pluviométrica pode ficar sem humano está em constante remoção dese proporcioprocesso de aprendizagem. sas plantas nam maior arborização “O homem está aprendendo foram os proinfiltração da com os erros que cometeu no blemas geraágua no solo. passado. Assim está desen- dos pela altura de algumas Com isso ocorre uma dimivolvendo uma consciência de espécies, as raízes grandes e nuição e retardo do escoaque a capacidade de susten- principalmente possibilidade mento superficial da água tabilidade do nosso planeta de queda. “O que tínhamos das chuvas”, explica. é restrita.” Ele diz também lá eram árvores exóticas, de Porém o secretário Carvalho Jr. esclarece que serão KARIN SPEZIA plantadas novas árvores, não só na avenida Rio Branco, mas em toda a cidade. “Vamos plantar mais de duas mil árvores nativas, não só nos canteiros centrais, mas nas calçadas.” Ele afirma que será tudo dentro da lei. “Foi criada uma Medida de Compensação Vegetal que estabelece que para cada árvore removida, deverão ser plantadas quinze outras”, enfatiza.
Canteiro devastado no período entre as derrubadas e o início das obras
Bruna Kozoroski Camila Cunha Karin Spezia Mateus Barreto
Fase final da execução da primeira etapa das obras na avenida
O que pensa a população? “Acho que a revitalização já deveria ter sido feita há muito tempo. Do jeito que estava era impossível ficar. A tendência é melhorar, vai ficar legal. Mudaram nós de lugar e tiraram nossa sombra sagrada”. Paulo Siqueira, taxista “A Rio Branco vai ficar muito mais bonita. Essa obra deu um ar de limpeza à cidade. Sem contar que agora vamos ter um lugar bom para tomar um mate”. Graziela Cirolini, tesoureira do HSBC Bank Brasil “A avenida até vai ficar mais bonita, mas acho que eles não precisavam ter cortado todas aquelas árvores. Foi um crime contra a vida. Fiquei horrorizada quando vi que cortaram aquela castanheira linda que tinha na esquina da ATU. Miria Pereira, enfermeira ALICE BOLLICK
Cortes de árvores marcaram o processo de revitalização da Rio Branco
Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/UNIFRA
12ª edição - Junho de 2011
Ciência e religião juntas pelo meio ambiente Mas até quando?
A
TE AR THE MA H ESC
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urgência acaba por ultrapassar o confronto entre religião e ciência. A Campanha da Fraternidade 2011 chega para consagrar um momento e oportunidade únicos nessa relação. O tema Fraternidade e a Vida no Planeta apela para a reflexão da responsabilidade ambiental como uma obrigação de todos. As preocupações com o aquecimento global, mudanças climáticas e com o meio ambiente de modo geral, atingiram em larga escala todo o planeta. Biólogos, meteorologistas e especialistas cientes de tal gravidade e de suas consequências lançaram olhares sobre pesquisas e alternativas para o já instaurado caos ambiental que a nossa geração presencia. Ignorar esses acontecimentos, potencializados pela ação irracional do homem, significaria desconsiderar o próprio futuro. Neste contexto, dois aspectos são fundamentais para se pensar as questões ambientais: o cientifico, onde se gera e aplica o conhecimento; e o educacional, onde se dá a sua propagação. É, pois, nesse último aspecto que a Igreja atua como um forte dispositivo de alcance. O Brasil caracteriza-se por ser o país com mais adeptos ao catolicismo em todo o mundo. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cerca de 74% dos brasileiros são católicos. Isso equivale a 126 milhões de pessoas. Não há como negar o grande poder de mobilização que a Igreja. O professor de Engenharia Ambiental da Unifra e Ph.D em Engenharia de Água e Solo, Afranio Almir Righes, destaca a importância do número de pessoas atingidas pela Campanha da Fraternidade. A apropriação do discurso
Este é o momento de reflexão e conscientização de todos no sentido da preservação do meio em que vivemos
de especialistas para promover Limitações: Campanha com a discussão em torno de alter- prazo de validade? nativas em prol da preservação Não é a primeira vez que o não é inválida. O meio ambiente meio ambiente é pautado pela é um patrimôCampanha da nio de todos. “A Fraternidade. Igreja mobiliza O debate se As pessoas muitas comuniamplia ao redeveriam dades proponpensar o teor do atividades de preocupadespertar para e mudanças ção da Igreja a alfabetização comportamenna defesa do tais em relação tema. Na opiambiental ao ambiente e nião da bióloga à valorização Lauren Minado ser humano”, ressalta a pro- to, mestranda em Educação, fessora de Biologia do Colégio as propostas levantadas pela Politécnico da UFSM, Terezinha campanha parecem impreciTronco Dalmolin. sas. “Por que a Igreja não pos-
sui essa atitude diariamente, sem necessidade de campanhas? Agora com a questão do novo Código Florestal, por exemplo, não vejo a presença de religiosos manifestando-se sobre o assunto”. Uma das limitações da campanha, conforme alguns cientistas, é o fato de que a Igreja não foca seu discurso nas grandes indústrias de consumo e corporações que são as maiores poluidoras. “Reciclar o lixo, economizar água, não muda enquanto o próprio modelo de sociedade que existe não se modifica. São coisas que não têm forças suficientes para
alterar mecanismos da sociedade que geram isso”, defende Renato Aquino Záchia, professor do curso de Biologia da Universidade Federal de Santa Maria. Vale também, discutir um dos modos de divulgação da Campanha. Os panfletos, além de não serem distribuídos de forma gratuita, não são feitos de papel reciclado. Quanto aos efeitos a médio e longo prazo, o que parece prevalecer é uma reciclagem gradativa na forma de pensar e agir, o que implica na própria conscientização. O professor de Climatologia Ambiental da Unifra, Galileo Adeli Buriol, pontua: “Não adianta ser radical. A linguagem do padre, por exemplo, é simples e fácil de entender. Além da motivação, temos aí o despertar, que é o mais difícil”. Ele explica que o grande e primeiro passo é fazer com que as pessoas pensem e, sobretudo, despertem para a “alfabetização ambiental”. Galileo considera uma boa iniciativa da Igreja encampar esses temas, desde que amparada na ciência. Há indivíduos alheios a qualquer movimento de preservação. Isso pode valer desde a separação do lixo doméstico até a elaboração de projetos sustentáveis. A Igreja deve manter-se em sintonia com o discurso por ela propagado. Contudo, o que a legitima para falar sobre as questões ambientais? Righes afirma: “Na verdade competência seria para os técnicos. Então, ao meu ver, a Igreja vai abordar, ela vai mobilizar uma ação que deverá envolver pessoas que entendam do tema.”
Dandara Flores Thays Ceretta Pâmela Rubin Matge