Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/UNIFRA
14ª edição - Junho de 2012
Duplicação de rodovia coloca em risco dezenas de árvores
YURI WEBER
Projeto de duplicação da ERS509, conhecida como faixa velha de Camobi, é uma obra orçada em 30 milhões que visa melhorar a logística de transporte e circulação de Santa Maria. Porém, para que se efetive, há possibilidade de corte das mais de 30 espécies de árvores ao longo da rodovia.
CARLOS COLETTO
As causas e consequências do projeto de duplicação da ERS-509 explicadas por especialistas, lideranças da cidade e pessoas que enfrentam os problemas da estrada diariamente. Páginas 2, 3, 6, 7 e contracapa
Corte de árvores na avenida Rio Branco divide população. Página 11
YURI WEBER
Preste atenção ao transitar na rodovia, pois as árvores da paisagem atual podem não estar mais lá no ano que vem. Páginas centrais
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Editorial
Estamos às vésperas da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Manter discurso e prática juntos quando se trata de desenvolvimento urbano e meio ambiente seja, talvez, o passo mais conturbado nesse processo. Em Santa Maria, com a confirmação das obras para a duplicação da faixa velha de Camobi, quem reflete sobre os problemas ambientais pergunta: e as árvores da rodovia? E como a provável derrubada de árvores ao longo da rodovia é o tema principal desta edição do JornalEco, fizemos esse trajeto. Para falar dos impactos de uma obra na vida das pessoas, nada melhor que ir até elas. Moradores e empresários da ERS-509, no trecho do Trevo do Castelinho à Igreja do Amaral responderam a questionamentos sobre o desenvolvimento e impacto ambiental da obra. Autoridades e pessoas ligadas a órgãos ambientais também opinam. E um especialista acompanhou a equipe do JornalEco para identificar as espécies de árvores que ocorrem naquele trecho de pouco mais de 4 Km. São mais de trinta espécies, algumas com muitos exemplares naquela estrada que ainda conserva um aspecto bucólico no seu entorno. Pode ser por pouco tempo. Esta edição do nosso jornal com preocupação e objetivo ambientais pode ser uma espécie de último registro daquele corredor de árvores. Muito embora uma árvore seja um ser vivo, que gera ar puro, fato natural que garante a sobrevivência dos seres humanos, o senso comum parece perder essa noção. Alguns setores se calam e não respondem sobre o assunto. Outros usam os mesmos argumentos para discutir as responsabilidades do poder público, das empresas e da sociedade na sustentabilidade ambiental. Manter a coerência entre discurso e prática quando se fala de sustentabilidade, despir-se de velhos argumentos deveria ser prioridade. Duplicam-se vias e desviam-se os cuidados com a construção sustentável. É esta a marcha do progresso? Eduardo Galeano sabiamente reflete acerca dessa desordem comum:“A civilização que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento e o grandalhão com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem”.
INFRAESTRUTURA
Junho de 2012
Faixa Velha: principal acesso a Santa Maria será duplicado Obras na ERS-509 devem melhorar fluxo do trânsito e evitar congestionamentos diários entre o centro da cidade e o bairro de Camobi FOTO: CARLOS COLETTO
Expediente JornalEco - 14ª edição Jornal experimental produzido na disciplina de Jornalismo Especializado I do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano Reitora: profª Irani Rupolo Coordenação do Curso de Jornalismo: profª Sione Gomes Profa. orientadora/editora: Aurea Evelise Fonseca - Mtb 5048 Diagramação: jorn. José Quintana e acad. Franciele Rodrigues Marques (Laboratório de Multimídia) Revisão/finalização: Prof. Iuri Lammel - Mtb 12734
Reportagens e textos: Aline de Almeida Lopes, Aline Silveira Zuse, Camille Santos Wegner, Carina de Carvalho Rosa, Eduardo dos Santos Clavé, Franciele Kettermann, Ingrid Lippmann da Cunha Bravo, Jéssica Padilha de Menezes, Mariane Bevilaqua Dall’Asta, Mauren Gnoccato de Freitas, Nasaré Jesus de Oliveira Júnior, Paola de Freitas Schwelm, Rodrigo Lorenzi da Silva, Rúbia Keller Vieira, Taís Schallemberger Lima. Fotos: Yuri dos Santos Weber (Laboratório de Fotografia e Memória), Carlos Coletto (acad. de Publicidade e Propaganda), Rômulo D’Avila (acad. de Jornalismo), Aline Zuse, Mauren Freitas, Nasaré de Oliveira Júnior (acadêmicos da disciplina de Jorn. Especializado I). Impressão: Gráfica Gazeta do Sul Tiragem: 1000 exemplares Distribuição gratuita Junho 2012 Fale conosco: Redação JORNALECO Sala 716 , 7º andar do prédio 14 do Conjunto III da Unifra Rua Silva Jardim, nº 1175 – Santa Maria – RS Fone: (55) 3025-9040 Você também pode acessar o JORNALECO na internet: www.agenciacentralsul.org
A duplicação da rodovia promete renovar a Faixa Velha de Camobi e facilitar o tráfego de veículos
A
lto fluxo de veículos. Congestionamentos. Poluição sonora e ambiental. Abalroamentos. Esse é o atual cenário da ERS-509, enfrentado todos os dias por motoristas, pedestres e usuários do transporte público naquela via. Mas agora essa realidade parece estar chegando ao fim. A esperada obra de duplicação da rodovia tem previsão de sair do papel. Seu projeto foi apresentado à comunidade, em março deste ano, pelo secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque. A estimativa é que as obras iniciem até o final do ano.
O projeto
A princípio, a obra irá ocorrer ao longo de 4,3 quilômetros e prevê a construção de uma rótula e um viaduto, onde hoje é o cruzamento de acesso à avenida Osvaldo Cruz e ao bairro São José. A estrutura terá 62 metros de comprimento e aproximadamente 21 metros de largura, com seis retornos de 800 metros cada um. Para os
Duplicação é necessidade antiga devido ao número de veículos pedestres, está prevista a colocação de oito passagens de travessia, uma a cada 300 metros. Isso facilitará o deslocamento. A SD Consultoria e Engenharia Ltda é a empresa responsável pelo desenvolvimento do projeto de duplicação da ERS-509. A agência é representada pela engenheira Sônia Elisalde Botoni. Nossa reportagem entrou em contato com a engenheira, porém, Sônia relatou não ter sido autorizada pela empresa a dar mais informações sobre a obra.
Problema maior é o congestionamento
O comandante do 1º Pelotão Rodoviário, tenente Orion Ponsi, descreve a situação do condutor na rodovia. “O que
acontece é que temos alguns pontos de congestionamento, como a entrada da UFSM e o semáforo da Osvaldo Cruz, nos horários de saída da Base e da Universidade. Também há o deslocamento da Quarta Colônia em direção a Santa Maria, em horários entre 7h e 8h da manhã, meio-dia, mas principalmente no final da tarde”, relata Ponsi. Vias de grande tráfego são lugares onde há maior concentração de gases poluentes devido ao nível de poluição nos carros. E na medida em que ocorrem engarrafamentos, aumenta o tempo de exposição dos veículos e a emissão de poluentes. O tenente ainda faz uma observação sobre os engarrafamentos: “o congestionamento afeta diretamente a vida de toda sociedade, pelo deslocamento e pela própria poluição, pois é muito veículo funcionando. Também os veículos de urgência e de emergência sofrem certa dificuldade de se locomoverem por esses locais”, completa.
Para o motorista de ônibus da empresa Viação Centro-Oeste, Tarso Tonetto, há necessidade de ocorrer a duplicação, pois o congestionamento na ERS509, principalmente nos horários de “pique”, como no início da manhã, meio-dia e fim de tarde, acabam por gerar atrasos dos ônibus e torna o trânsito complicado. O motorista ainda diz que “a solução para o trânsito é a duplicação, já que aumentou a frota de veículos”. O estudante de Medicina, Diôvani Soltau Gomes, que utiliza o transporte público diariamente para ter acesso à UFSM, reflete que “o trânsito está complicado. Santa Maria cresceu, o número de estudantes aumentou e a cidade não comporta. É preciso melhorar também o transporte, há vezes que os ônibus estão lotados”.
Reivindicação antiga
A duplicação é uma necessidade antiga, devido ao grande número de veículos que circulam na região. Segundo o ex-secretário municipal de Mobilidade Urbana, Marcelo Bisogno, que acompanhou o processo de desenvolvimento do projeto, as obras deveriam ter começado há mais tempo. Em 1994, durante o governo Collares, a prefeitura já havia começado as reivindicações, porém o processo foi interrompido porque o governador acabou não se reelegendo. As administrações seguintes não deram continuidade às questões que envolviam a duplicação da ERS-509. “Os novos governos, vieram com outras prioridades e as obras acabavam parando no meio do caminho”, relembra Bisogno. Com a proximidade do início da duplicação, Bisogno enfatiza que a prefeitura já vem fazendo intervenções nas ruas que dão acesso à rodovia, como o asfaltamento do bairro São José e o alargamento das ruas paralelas, em torno de algumas empresas no sentido Camobi Santa Maria.
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INFRAESTRUTURA
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Congestionamento afeta a vida da sociedade, pelo deslocamento e pela poluição Bisogno conta que foram feitas diversas reuniões com a presença do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Prefeitura Municipal, associações de moradores, empresários e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), para debater a idealização da obra com a comunidade. Durante os encontros, foram pautados assuntos como, por exemplo, a preocupação dos empresários durante o período da execução das obras, devido a uma possível dificuldade de acesso, bem como a construção de uma ciclovia para atender as necessidades dos trabalhadores da região que usam bicicletas como meio de locomoção. Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (Cacism), Luiz Fernando Pacheco, o encaminhamento da obra é recebido com muita satisfação, já que a entidade está engajada nesse processo há mais de um ano. Pacheco enfatiza que a Cacism vai continuar acompanhando o processo, agora em uma nova fase: a obra. “Só existe uma situação pior do que a atual da ERS-509, que é ter uma obra que se arraste por um tempo demasiado, pois no local existem moradores e comércio que serão muito prejudicados se isso acontecer”, completa.
A duplicação e a Universidade
O reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Felipe Müller, acredita que só duplicar a rodovia não basta para resolver os problemas do trânsito. “Nós estamos em
uma cidade em que não há nenhuma ligação com nenhum lugar através de uma via duplicada. Nós temos que ter melhorias no transporte coletivo, em todas as obras no entorno da cidade, as vias de acesso a outros municípios”, opina o reitor. Ele também salienta a importância de um acompanhamento específico na obra: “Tem que ser acompanhada de um planejamento sério do trânsito e não só uma duplicação pontual de basicamente um bairro que já se tornou cidade e se uniu à cidade Santa Maria. Isso é quase uma avenida que está sendo feita”. A UFSM gera um trânsito intenso entre Camobi e Santa Maria, mas o reitor comenta que “hoje Camobi se tornou um bairro muito procurado, com condomínios utilizando tanto a faixa nova quanto a faixa velha, e vem gerando um trânsito que não é só a universidade que causa”. Müller também acrescenta que as medidas que serão tomadas para minimizar esses problemas de trânsito em Camobi são bem vistas pela universidade, mas também lembra que “qualquer obra de melhoria de infraestrutura causa transtorno, então as pessoas não podem se preocupar só com aquele momento, elas têm que vislumbrar o que de beneficio vai trazer”. O reitor Felipe Müller ainda afirma que praticamente não existiu contato com a instituição sobre o assunto antes da definição do projeto. “Não houve nenhuma conversa nem no nível estadual nem no municipal. Nós participamos do Conselho de Desenvolvimento do município, dentro disso foram questionadas várias coisas e nós colocamos algumas obras prioritárias.
Carina Rosa Paola Schwelm Tais Lima
Conheça o perfil dos acidentes na ERS-509 folia) Horário dos acidentes
Total
6h01min às 9h 9h01min às 12h 12h01min às 15h 15h01min às 18h 18h01min às 21h 21h01min às 24h Total
10 8 7 8 3 1 37
Tipos de acidente
Total
Abalroamento Capotamento Choque Colisão Tombamento Total
Natureza dos acidentes Com danos materiais Com lesões corporais Total
Dias da semana e acidentes Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado TOTAL
18 1 11 6 1 37
Total 27 10 37
Total 5 7 4 7 12 2 37
Os dados são do Comando Rodoviário da Brigada Militar referentes ao primeiro quadrimestre de 2012.
Confira alguns detalhes do projeto de duplicação da Faixa de Camobi
ILUSTRAÇÃO: PROJETO - DAER
O projeto altera 4,3 quilômetros e prevê a construção de uma rótula e um viaduto.
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LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES
Junho d
Daqui a um ano estas árvores po Ipê-Amarelo (Tabebuia)
Orelha-de-elefante (Alocasia) São aproximadamente setenta espécies encontradas em regiões tropicais úmidas do Brasil. Usada em jardins, enraíza. Tem potencial para absorver metais pesados de áreas contaminadas.
Pinus (Pinus elliottii) Espécie norte-americana. Muito utilizada no mercado madeireiro, fabricação de papel e resinagem. Nasce bem e suas sementes se disseminam com facilidade. Sua raiz é bem aberta e possui ótima resistência aos solos. É facilmente encontrada na estrada para Camobi.
Canela-guaicá (Ocotea puberula) Planta nativa, conhecida como louro. A semente é disseminada pelos pássaros. É de importância em plantios mistos de áreas degradadas destinadas à preservação permanente. Casca, caule e seiva possuem aplicações na medicina caseira. Árvore com potencial ornamental.
Camboatá-vermelho (Cupania vernalis) Espécie frutifica no inverno. Ocorre em todo o Brasil e possui bom tempo de vida. Folhas são utilizadas na medicina popular. Madeira de cor vermelha. Recomendada para arborização urbana e reflorestamentos de reservatórios e matas ciliares. Sementes são utilizadas em artesanato por indígenas.
FOTOS: YURI WEBER E NASARÉ DE OLIVEIRA JR
Vem do Cerrado Brasileiro. Muito usado em arborização urbana. Cresce facilmente e tem boa resistência aos ambientes. Possui muitas sementes e nasce sozinho. É abundante na Faixa de Camobi.
Goiabeira, cinamomo, canafístula, aroeira, timbó, tipuana, timbaúva, açoitacavalo, cedro, caricá, angicovermelho ou branco, plátano, camboatávermelho, pinus, eucalipto, branquilho, abacateiro, amoreira, ameixa-amarela, pessegueiro, uvado-japão, jerivá ou coqueiro, mamoeiro, ipêroxo, ipê-amarelo, ipezinho, palmeira (moinho-devento), limoeiro, canela-guaicá, pitangueira, jacarandá-mimoso, jambolão.
C
atalogar espécies talvez não se firma a dificuldade de obter a idade trate de um mero exercício, nem de cada espécie no local, pois segunmesmo está na lista dos mais ex- do ele nunca foi feito um estudo sobre traordinários. Mas é necessário que a esse tipo de assunto, uma vez que inúlistagem das espécies arbóreas e a sua meras delas podem viver, conforme importância sejam consideradas, pois uma série de condições, por mais de o largo da ERS-509, conhecida como uma geração. O professor acrescenta que no loFaixa Velha de Camobi, está ameaçado pela duplicação da via. As mais de cal não há nenhuma árvore em caráter de extinção e que a trinta espécies idenárea sofre muito com tificadas ao longo do a ação humana. Sujeiacostamento de um Dificilmente ra, queimadas e toda dos lados e no “canas espécies forma de destruição teiro central” dos 4 são frequentes no km que separam a roali existentes local. O engenheiro dovia da estrada muconseguiriam também afirma que nicipal paralela, têm o campo é o ecossispapel importante na sobreviver tema mais afetado e fotografia e, principaldestruído com todas mente, na vitalidade as suas espécies associadas, mas posdo lugar. O engenheiro florestal Leopoldo sui capacidade de recuperação. “Se Witeck Neto, professor dos cursos o homem desaparecesse, esta área Técnicos de Paisagismo e Meio Am- seria uma floresta que em duzentos biente do Colégio Politécnico da Uni- anos veríamos manchas de asfalto no versidade Federal de Santa Maria, per- solo. A natureza é violenta”. Destacamos algumas das espécies correu todo o trajeto para falar sobre a importância e as características de localizadas na rodovia. Preste bem cada uma das espécies encontradas atenção nelas. Quando a obra de duna rodovia. Para Witeck, devido ao plicação for concluída, elas podem desnível da via, com a duplicação di- não estar mais lá. Confira, aqui nas páficilmente as espécies ali existentes ginas centrais, algumas das espécies conseguiriam sobreviver. O professor encontradas na ERS-509. também salienta que a duplicação Nasaré Jesus de Oliveira Jr, traria consequências negativas para Rodrigo Lorenzi da Silva, todas as árvores, pois poucas espécies Rúbia Keller Vieira adultas teriam replantio. Witeck con-
Eucalipto (Eucalyptus globulus) Árvore de origem australiana, possui propriedades medicinais e é plantada em larga escala no Brasil para ser utilizada como matéria-prima para indústrias de madeira, papel e celulose e siderurgia a carvão vegetal. Raiz pode atingir até 40 metros. Muitas sementes e rápido crescimento.
NASARÉ DE OLIVEIRA JR
Se o homem desaparecesse, esta área seria uma floresta que em duzentos anos veríamos manchas de asfalto no solo. A natureza é violenta. Leopoldo Witeck Neto, engenheiro florestal
Timbaúva (Enterolobium contorstisiliquum) De grande porte, é uma das maiores árvores nativas de sombra. Tem crescimento rápido e é uma espécie indicada para reflorestamento. Está dispersa em várias formações florestais. Multiplica-se por sementes e é conhecida por muitos nomes, principalmente orelha-de-macaco.
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LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES
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odem não existir mais YURI WEBER
Tipuana (Tipuana tipu) Oriunda da região dos Andes e da Argentina. Árvore frondosa, de pequenas folhas, caracteriza-se por apresentar uma samambaia nativa que cresce e cobre o tronco e ramos, o que aumenta a sensação de vegetação densa que ela proporciona. Há muitas delas na Faixa de Camobi.
Angico-vermelho (Parapiptadenia rigida) Nasce com grande facilidade e possui muitos frutos. Ocorre indiferentemente em solos secos e úmidos. Árvore de flor em espiga amarela, pode ser usada em paisagismo ou arborização urbana.
Goiabeira (Psidium guajava L) Nativa do Brasil. Muito cultivada para a produção de frutos, em pomares domésticos ou comerciais, ocorre espontaneamente em todo o país. É abundante no trecho da RS-509. Tem nascimento e propagação fáceis. Caracterizada por tronco de casca lisa, frutifica no mês de março.
Plátano (do gênero Platanus) Árvore de copa enorme com muitos ramos e um tronco curto e grosso. É considerada das melhores árvores no combate à poluição do ar. Possui folhas lobadas que ficam avermelhadas no outono e caem no inverno. Árvore com grande longevidade, nasce pouco por semente. Os plátanos são árvores de interesse ornamental, podendo atingir mais de 30 metros de altura. Na Faixa Velha de Camobi, um exemplar histórico desta espécie dá nome ao bairro onde se localiza – o Pé de Plátano.
Cinamomo (Melia azedarach) Seu principal uso é a madeira. Produz muitas flores e embora seus frutos sejam apreciados por pássaros, são tóxicos para homens e outros animais. Sofre de uma virose que dificulta o seu processo de fotossíntese. É resistente à seca e vulnerável à parasita erva-de–passarinho.
Butiá (Butia) Designação comum às palmeiras do gênero Butia, nativas da América do Sul. Planta de boa germinação, frutifica no verão. Dos frutos alaranjados se faz geléia, bebidas e das sementes pode-se extrair óleo. Usado em construções rústicas e fabricação de cestaria. Vários exemplares na faixa de Camobi.
Aroeira (Schinus terebinthifolius) Comum em parques e praças, tem rápido crescimento. Esta espécie transmite alergia a algumas pessoas, mas também tem valor medicinal. É uma árvore para sombra, que nasce sozinha. Seu fruto, a pimenta-rosa, é muito utilizado na culinária.
Jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosifolia) Oriundo da Bolívia e da Argentina, tem fácil reprodução. Suas flores são duráveis, perfumadas e grandes, de coloração azul ou arroxeada. A floração se estende da primavera até o início do verão. Pode ser utilizada na ornamentação de ruas, calçadas, praças e parques. Resistente a pragas.
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ENQUETE
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Com a palavra, moradores e empresários A opinião de quem mora ou trabalha ao longo dos quatro quilômetros da duplicação entre trevo do Castelinho e Igreja do Amaral
U
ma das versões que deve ser ouvida, com relação ao desenvolvimento e impacto ambiental da obra, ao longo dos quatro quilômetros de duplicação da ERS-509, é a dos moradores e empresários. Essas pessoas terão suas vidas modificadas, temporariamente, durante o período de obra da rodovia e, de forma definitiva, após sua conclusão. Após diversas entrevistas realizadas no local, foram constatadas duas principais preocupações: a primeira, no que diz respeito ao desenvolvimento da obra e às melhores condições de tráfego dos motoristas; e a segunda, quanto à valorização do aspecto estético das árvores. “Era bom se elas ficassem porque são bonitas”, ressaltou Marta Lucion, 50 anos, dona de casa. O mais curioso é a pouca preocupação com a questão ambiental devido à lógica comercial e progresso da cidade, em especial do bairro Camobi. “Se precisar derrubar, tem que derrubar. Não é por uma árvore que vamos trancar o desenvolvimento de uma cidade. Em primeiro lugar, está o trabalho e as melhores condições de vida das pessoas”, afirma o proprietário de uma das maiores empresas da rodovia, Valnei Beltrame. Os comerciantes têm convicção dos transtornos que a obra pode ocasionar. Dificuldades de acesso às lojas, sujeira e barulho das máquinas são alguns dos problemas que serão enfrentados. “Provavelmente as obras irão interferir nas vendas, já que onde tem obra o cliente não gosta de ir”, declara Beltrame. Há quem acredite que a obra é necessária no contexto atual, porém efetivá-la é tarefa complicada. O diretor da Escola Marista Santa Marta, Augusto Russini, reside em frente à rodovia e concorda que toda obra gera incômodo. “É complicado. Devem ser repensadas as passarelas, recuos, formas dos pedestres se locomoverem nesse meio tempo”, considera Russini. A
RÔMULO D’AVILA
Em horários de pico, moradores convivem com os congestionamentos diários na ERS-509
palavra-chave é segurança. “Se não houver policiamento não tem como funcionar. O resto é obra, temos que nos adaptar a ela”, opina o professor. Proprietário de uma revenda de carros próxima ao trevo do Castelinho, Vitor Hugo Soares Moreira reconhece a possibilidade de dificuldades nas vendas durante o período de obras, mesmo sabendo da necessidade da mesma. “Entendo que teremos sérios problemas com a duplicação. Ainda insisto e ratifico que ela é extremamente importante, vai se pagar por isso”, enfatiza. Quanto ao movimento de seu estabelecimento, Moreira concorda com Beltrame. “Com certeza, a obra irá interferir nas vendas e no movimento, principalmente, para o nosso cliente acessar a loja”, ressalta. Para o professor de Geografia, Marcio de Andrade, a obra vai ajudar toda a população de
Camobi. “É uma troca. A cidade de Camobi se desloca para Santa Maria para trabalhar e vice-versa. Precisamos da obra para desafogar o trânsito”, reforça. Além dos congestionamentos em horários de pico, também tem a questão das tubulações. “Têm áreas de Camobi que são muito baixas como, por exemplo, o Parque do Sol. Com as chuvas ocorrem os alagamentos. Se não houver acesso aos dutos e a milimetragem correta, o bairro vai alagar e saímos no prejuízo”, explica o professor.
Trânsito e meio ambiente melhores
Se existe uma constatação que é consenso entre os moradores e comerciantes é a de que a duplicação da faixa precisa ser realizada. “Como cidadão, entendo que seja realmente necessária a realização
da obra. Também acredito que já tenha passado da hora de se fazer essa duplicação”, diz Vitor Hugo Soares Moreira. Mesmo não havendo uma preocupação explícita com a questão da derrubada das árvores, a ideia de melhoria nas condições de tráfego é aliada às melhores condições ambientais. “Lógico que respeito o ambientalismo, se retirarem as árvores dali, devem plantar dez ou 15 vezes mais em outro lugar”, diz Beltrame. Augusto Russini fortalece a questão ambiental e utiliza a avenida João Luiz Pozzobon como exemplo de um projeto sustentável. “Temos que partir da premissa que a preservação é fundamental. Se as árvores forem retiradas, espero que sejam plantadas em outro local. Temos exemplos na cidade de projetos pensados estrategicamente”, fundamenta.
Moradores e comerciantes vão conviver com a obra
FOTOS: MAUREN FREITAS
Valnei Beltrame, empresário
Paola Dias, empresária
Maria Weber, dona de casa
Vitor Hugo, empresário
Na questão ambiental, existe um fator que é a preocupação com as gerações futuras. O desenvolvimento da rodovia deve estar lado a lado com a preservação do meio ambiente. “Nós já estamos respondendo por atitudes desse tipo do passado. Entendo assim, o verde ele não só deve ser preservado, como aumentado. Mesmo que haja um replantio, já está estabelecido um prejuízo”, explica Moreira. A moradora Maria Weber, residente próximo ao semáforo do trecho da duplicação, ratifica as ideias do proprietário: “Se é para melhorar, tirem, mas plantem outra em outro lugar. Tenho 55 anos, mas meus netos ainda vão sofrer as consequências do que estamos fazendo com a natureza hoje”, ressalta a doméstica. A maior dúvida é o que será feito das timbaúvas e outras árvores da rodovia. Tratam-se de espécies que devem ser preservadas e fica a curiosidade sobre o destino das mesmas. “Tem muita timbaúva. Elas não devem ser retiradas, mas, se for o caso, que as troquem por outro tipo de árvore nativa”, enfatiza o professor de Geografia, Marcio de Andrade. Já a proprietária de uma loja de tintas, Paola Dias Lippert, 20 anos, questiona a preocupação do poder público com a retirada dessas árvores. “Eles falam e defendem tanto esse conceito de sustentabilidade, mas na prática as ações não correspondem. São bem diferentes”, ressalta. Ainda nesse aspecto, Moreira acredita que os órgãos competentes deveriam responder por esses danos ao meio ambiente nessa obra, em especial. “Reformular o projeto com o objetivo de preservá-las ou criar outro para o replantio do mesmo tipo de árvores, afinal, estamos falando de mata nativa e antiga. Seu potencial de transformação do ar é imenso e as consequências dessa derrubada também”, conclui o proprietário.
Camille Wegner Ingrid Bravo Mauren Freitas
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ENQUETE
Junho de 2012
Com a palavra, especialistas na área ambiental Prováveis consequências, impactos ecológicos e implicações da obra na rodovia estadual
A
duplicação da ERS-509 prevista para o final deste ano poderá trazer riscos ao ecossistema da região. Ao executar uma obra rodoviária, o local de abrangência pode sofrer implicações, como deslocar ou extrair a vegetação do entorno da via. Prejuízos aos moradores da região e também a toda a população que circula rotineiramente pela via tendem a surgir em consequência dessa ação. A falta de árvores e arbustos pode provocar desequilíbrios ambientais como poluição do ar, deficiência na absorção da água das chuvas, além do aumento na temperatura.
Vegetação é relevante
Por estar localizada em uma área baixa, Santa Maria é uma cidade com temperaturas intensas. No município, o corte de árvores tem se tornado uma tendência e, como consequência, tem elevado a temperatura. A área urbana está em crescimento e constata-se uma redução da sua vegetação. Alagamentos e verões de calor intenso são consequências desta ação e a melhor alternativa para amenizar esses efeitos é a arborização. O coordenador do curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano, professor Valdemar Valente, explica que a impermeabilização do terreno dificulta a capacidade de filtragem da água, aumentando a probabilidade de alagamentos, além do aquecimento local. Se imposta a troca da vegetação por uma larga camada
ALINE ZUSE
Venice quer envolvimento
de asfalto, a ampliação da ERS509 pode prejudicar o solo. “Ao retirar as árvores se reduzir a infiltração de água vai sobrar mais água para escoar e sobrando mais água é lógico que vai ocorrer uma erosão maior e tem a possibilidade de afetar e contribuir para os alagamentos”, ressalta Valente. O professor argumenta que a presença de vegetação suaviza a temperatura. A possível derrubada de árvores ao longo da rodovia gera questionamentos de Valdemar Valente: “E vão ser replantadas? Essa é a minha pergunta: aonde? entre as faixas e a habitação?”.
Ações de sustentabilidade ambiental
Uma obra de rodovia traz diversas ações decorrentes, como corte de árvores, movimentação de solo, deslocamento de pessoas e criação de uma infra-estrutura secundária. Ao realizar um projeto de engenharia é preciso estabelecer um diagnóstico de impactos ambientais e para isso são realizados estudos sobre solo, água, clima, fauna, flora, economia, impacto nas pessoas e segurança. Pesquisadores da área desenvolvem estudos de análise dos impactos ambientais decorrentes de obras. De acordo com o consultor em engenhaMudanças devem ser ria, meio ambiente e segurandiscutidas com população ça do trabalho, Monte Alverne As alterações no meio am- Sampaio, apesar da existênbiente provocam danos signi- cia de algumas normas e leis ficativos, como relativas ao problemas de meio amsaúde. “O formabiente, não E vão ser to da cidade em há uma mereplantadas? termos geográdida padrão ficos favorece, para se repaAonde? Entre por exemplo, as rar os danos as faixas e a doenças respiraambientais. tórias”, diz a coProjetar rehabitação? ordenadora do cursos que Programa de Exi n te rc e d a m tensão em Educação Socioam- a favor do equilíbrio do meio biental da Universidade Fede- ambiente visa amenizar os daral de Santa Maria, professora nos. O consultor explica que Venice Grings. “para cada impacto deve ter A coordenadora questiona pelo menos uma ação, para a existência de um estudo de assim poder compensar os imlicenciamento que apresente pactos provocados; as media repercussão da obra. Venice das mitigadoras não irão sanar afirma que “ao conhecer o traje- tudo, mas elas vão remediar”. to, nós verificamos que tem veAo tratar de uma hipótegetação, que tem um clima de- se especifica como o corte de terminado, que já temos algum árvores, Sampaio explica que problema razoável de poluição quando o projeto implicar no nesse local”. As modificações e corte de um grande número de suas medidas são informações árvores, será efetuada medida que devem ser levadas à comu- de compensação. Neste caso, nidade para que haja oportuni- o executor de uma obra deve dade de a população colaborar apresentar um projeto que com questionamentos e suges- amenize as ações prejudiciais tões, alega a professora. Segun- ao meio ambiente. Segundo o do ela, as iniciativas do governo engenheiro, uma forma de prode planejamento participativo ceder é através de um projeto deveriam ter seguimento, o que de investimento na recuperanão ocorre. Reuniões como dos ção de uma área degradada. Conselhos Regionais de DesenExecutar uma grande obra volvimento são um exemplo de tem seu preço, porém ela deve espaço para se decidir sobre as trazer benefícios à maioria, obras comunitárias e suas prio- atendendo aos novos conceiridades, entre outros aspectos. tos de desenvolvimento sus-
tentável. Sampaio justifica o conceito dizendo que uma obra deve “ser economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa”.
Licenciamento e fiscalização
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e a Secretaria de Proteção Ambiental de Santa Maria são os órgãos oficiais de fiscalização para obras que atingem o meio ambiente. O promotor de Justiça do Ministério Público, Ricardo Lozza, explica que para o projeto de duplicação da ERS-509 ser autorizado, a obra deve passar por uma ação de licenciamento. De acordo com o promotor, a lei prevê restrições legais, condicionantes, e compensações. Se houver descumprimento de algum termo ou limite, caracteriza-se uma infração ambiental que pode ser de natureza administrativa, civil e penal. “A responsabilidade da Fepam de licenciar deve ter concomitante a responsabilidade de fiscalizar para que não aconteçam infrações no decor-
rer da obra”, diz o promotor. Na sede regional da Fepam em Santa Maria não há informações sobre o encaminhamento dos documentos para a licitação do projeto, pois o processo de licença prévia tramita na sede estadual, em Porto Alegre. O secretário de Proteção Ambiental de Santa Maria, Luiz Alberto Carvalho Júnior, afirma que a construção de uma rodovia estadual deve ter licenciamento da Fepam. “Apesar de as nossas condições terem sido ampliadas este ano, a responsabilidade continua sendo da Fepam, contudo por se tratar de uma obra construída no município de Santa Maria, naturalmente que a Secretaria estará monitorando, acompanhado e trocando informações”, afirma o secretário. Ele ratifica que devido ao impacto ser local, a Secretaria de Proteção Ambiental vai se envolver em aspectos de fiscalização.
Ricardo Lozza diz que lei prevê fiscalização para a obra
Aline Lopez Aline Zuse Jéssica Menezes ALINE ZUSE
Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra
14ª edição - Junho de 2012
A construção sustentável como lei “O planejamento racional constitui um instrumento indispensável para conciliar as diferenças que possam surgir entre as exigências do desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente.”
(Princípio 14 da Declaração de Estocolmo, 1972).
A
YURI WEBER
duplicação da faixa velha de Camobi tem como prioridade melhorar a sobrecarga do modal rodoviário e concretizar uma promessa esperada há anos pela população local. Esclarecer sobre a importância dessa obra é tarefa fácil quando pensada no fluxo de veículos que congestionam o local em horários específicos de pico. Mas pontuar as perdas ambientais também deve constar como fundamental nesse processo, uma vez que as condições do planeta são discutidas e reavaliadas todos os dias e a cada dia mais. A lei cumpre seu papel e nem sempre está de acordo com o desenvolvimento a qualquer custo.
Áreas naturais que correm o risco de não serem preservadas no entorno da via
Pensar em outras possibilidades para melhorar os problemas do aumento e circulação de veículos pode diminuir os gastos públicos e poupar as áreas verdes do planeta. O diretor de Gestão e Projetos do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Luis Carlos Karnikowski de Oliveira, expõe uma forma de amenizar situações como essa. “Particularmente defendo que o transporte de carga deveria ser estimulado a usar o modal ferroviário e hidroviário”. Manter cargas diferentes em modais diferentes diminuiria o fluxo das rodovias e asseguraria a melhor qualidade das
estradas, bem como a preservação das áreas naturais no entorno dessas vias. Um dos principais defensores do projeto de duplicação, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (Cacism), Luis Pacheco, afirma ser favorável ao desenvolvimento e ao progresso, mesmo que para isso haja perdas ambientais, sociais, ou econômicas. “Isso é inerente ao progresso, então não uso o termo corte e, sim, compensação. Se tiver que cortar os pés de plátanos para a duplicação, corto amanhã”, comenta. Pacheco diz que usa como argumento o bom sen-
O que pensam poder público e empreendedores?
Veja o que diz a Constituição:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Art. 225 da Constituição Federal
so. “As pessoas que defendem o meio ambiente estão muito radicais”, afirma. Para ele, as prioridades estão um pouco confusas. “Qual a prioridade número um? Uma árvore, uma vida, ou um bairro?”, reflete. “Toda obra que é licitada, principalmente as obras públicas, fazem parte desse processo de estudo ambiental, onde com certeza vai ser exigida uma compensação de árvores, o que eu acho que é o correto”, afirma Pacheco.
Desenvolvimento sustentável é um direito
A preocupação com o meio ambiente segue rumos cada vez mais enérgicos na atualidade. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972 pela ONU em Estocolmo, deu origem à chamada “Declaração de Estocolmo”. Esse clamor mundial a respeito de uma tutela efetiva sobre o meio ambiente levou à edição da Lei 6.938 de 1981, que
instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Ela revela uma mudança qualitativa no sistema legal de proteção ambiental. Anos depois, na Constituição Federal de 1988, o artigo 225 garantiu o direito ao meio ambiente equilibrado. Nesse contexto, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/ RIMA) constitui um dos instrumentos da PNMA. Para iniciar qualquer obra que interfira no curso natural do meio cumprem-se exigências que se
fundamentam nesse estudo. O EIA/RIMA é constituído de dois documentos que servem como instrumento de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), parte integrante do processo de licenciamento ambiental. No EIA é apresentado o detalhamento de todos os levantamentos técnicos e no RIMA é apresentada a conclusão do estudo. O projeto de duplicação da ERS-509 já obteve licenciamento prévio (LP), de acordo com o engenheiro florestal da Divisão de Infraestrutura e Saneamento Ambiental (Disa/ Fepam), Jordano Francisco Zagonel. A partir da licença ambiental serão previstas as medidas mitigatórias ou de compensação necessárias, explica Luis Carlos Karnikowski de Oliveira, do Daer. Com isso, a LP confere a viabilidade ambiental para a duplicação da Faixa Velha. Algumas condições e restrições já foram avaliadas e pontuadas para que a duplicação da faixa velha saia do papel para a prática, em equilíbrio com o meio ambiente. E, como as obras estão previstas para iniciar até o final do ano, ainda está em tempo para atender esse último requisito.
Eduardo Clavé Franciele Kettermann Mariane Dallasta
Manter cargas diferentes em modais diferentes diminui fluxo
CARLOS COLETTO