Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/UNIFRA
16ª edição - Junho de 2013
Água - o presente garante o seu futuro?
FABRÍCIO VARGAS
No Ano Internacional de Cooperação pela Água, uma constatação: água existe, mas não chega a todos. Proteger os mananciais para garantir captação adequada, tratamento, distribuição eficiente e abastecimento a longo prazo, além de qualificar serviços de esgoto e limpeza urbana são desafios que a cidade de Santa Maria precisa enfrentar. A pergunta “o presente garante o seu futuro?” remete a um duplo e importante sentido. O futuro da água e nosso futuro dependem do gerenciamento deste bem no presente. Págs. centrais, 8, 9 e contracapa
ONU declara 2013 o Ano Internacional de Cooperação pela Água REPRODUÇÃO
Cisternas ajudam a reservar a água da chuva AFRÂNIO RIGHES, ARQUIVO PESSOAL
Conscientizar a sociedade sobre a importância da água no cenário mundial é o principal objetivo da Campanha organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2013. A educação ambiental e a gestão das águas são aspectos em evidência nesta campanha.
Páginas 2 e 3
A captação da água é uma das maiores necessidades hoje, quando tanto se fala em sustentabilidade. Projetos de gestão eficiente da água extrapolam os serviços públicos e podem ser adotados pelo cidadão comum, como mostram pesquisas realizadas em Santa Maria.
Páginas 4 e 5
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Editorial A vida na Terra está associada à água. Entretanto, o maior volume da água do planeta é salgado e está nos oceanos. Apenas 2,5% da água da Terra é doce e se concentra nas regiões polares, em forma de gelo. A água doce disponível para a humanidade está no subsolo e representa apenas 0,7% do total. Armazenada no subsolo, tem a sua utilização dificultada, o que exige altos investimentos para captação, tratamento e distribuição. A água doce disponível nos rios e lagos superficiais é a menor em quantidade. Chamada de “o ouro azul do planeta”, a água é um bem tão precioso quanto o ar que respiramos. E no entanto, não está disponível para todos, não é gratuita quando distribuída já tratada e constitui-se alvo de grandes disputas econômicas e de poder. Há quem garanta que a busca pela água ainda vai travar guerras em nosso planeta. Outras guerras, mais sutis, pela sua exploração, já são conhecidas e já renderam livros e documentários. Fazer a água chegar com qualidade até a torneira do consumidor tem sido um desafio para os gestores públicos. Mas a devolução das águas residuais ao meio ambiente também deve prever o seu tratamento antes de serem transportadas por tubulações e chegarem novamente aos cursos d’água, o que gera outra necesidade de altos investimentos de saneamento. Você já parou para pensar nisso tudo? O JornalEco preparou uma edição inteira sobre a importância da água neste estágio da civilização em que ela ainda não é um bem comum a todos, o que motivou uma campanha mundial da ONU. Você vai conferir a qualidade da água e seus processos de análises na cidade de Santa Maria; como a cidade está se preparando para gerenciar o futuro da água distribuída à população; os principais problemas encontrados nos manaciais que abastecem a cidade; e ainda como a construção civil – um dos setores da economia que mais consome água - lida atualmente com esta questão em Santa Maria. O título da nossa edição – Água: o presente garante o seu futuro? – remete a um duplo e importante sentido. Será que o tratamento atual que dispensamos a este bem tão imprescindível está dando condições de mantê-lo abundante e potável? E será que garante a disponibilidade deste bem para o nosso futuro e o das próximas gerações? O futuro da água e nosso futuro – com água ou sem água – vai depender do gerenciamento deste bem no presente. Boa leitura!
Expediente JornalEco - 16ª edição Jornal experimental produzido na disciplina de Jornalismo Especializado I do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano Reitora: profª Irani Rupolo Coordenação do Curso de Jornalismo: profª Sione Gomes Profª orientadora/editora: Aurea Evelise Fonseca - Mtb 5048 Diagramação: Multijor - Laboratório de Jornalismo Multimídia Revisão/finalização: Prof. Iuri Lammel - Mtb 12734 Reportagens e textos: Adriély Machado, Aline Rodrigues, Ariéli Ziegler, Bibiana Fantinel, Daniel Dallasta, Fabrício Vargas, Franciele Marques, Gustavo Pedroso, Joana Günther, Laura Gross, Naiôn Curcino, Renata Medina, Robson Brilhante, Rodrigo Gonçalves, Tamires Rosa, Thaís Hoerlle e Tiéle Abreu. Fotos: Aline Mendonça, Antônio Maia (arquivo pessoal), Ariéli Ziegler, Bibiana Fantinel, Daniel Dallasta, Fabrício Vargas, Gustavo Pedroso, Joana Günther, Karoline Flores, Laura Gross, Raylton Alves (ANA), Robson Brilhante, Tamires Rosa, Tiéle Abreu, Natalia Sosa. Impressão: Gráfica Gazeta do Sul Tiragem: 1000 exemplares – Distribuição gratuita Junho de 2013 Fale conosco: Redação JORNALECO Sala 716 , 7º andar do prédio 14 do Conj. III da Unifra Rua Silva Jardim, nº 1175 – Santa Maria – RS Fone: (55) 3025-9040 Você também pode acessar o JORNALECO na internet: www.centralsul.org
CAMPANHA MUNDIAL
Junho de 2013
2013 - o ano de mobilização pela água do Planeta Água é vital para a manutenção da vida e para o desenvolvimento, mas as fontes do planeta são limitadas
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m dezembro de 2010, a Assembleia Geral da ONU declarou 2013 como o Ano Internacional das Nações Unidas de Cooperação pela Água. Com isto, o Dia Mundial da Água 2013, comemorado em 22 de março, também foi dedicado ao tema. Dados da ONU indicam que apenas 3% da água terrestre é adequada para consumo humano. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), publicado em seu site oficial, 2013 foi considerado o Ano Internacional sobre Cooperação pela Água, em especial devido à abordagem única da Organização multidisciplinar que combina as ciências naturais e sociais, educação, cultura e comunicação. “Dada a natureza intrínseca da água como um elemento transversal e universal, o Ano Internacional de Cooperação pela Água naturalmente iria abraçar e tocar em todos esses aspectos”, consta no site oficial da UNESCO. Segundo o coordenador do grupo de pesquisa Gestão de Recursos Hídricos (GEHRI) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), prof. Geraldo Lopes da Silveira, todos os anos são e deveriam ser importantes para a cooperação pela água. “A água leva em torno de 100 anos para recuperar sua qualidade, para se tornar utilizável pelo ser humano, portanto é preciso uma conscientização diária para com a utilização da água”, afirma o professor. O objetivo deste Ano Internacional é aumentar a conscientização para uma maior cooperação e também alertar as pessoas sobre os desafios relacionados à água em decorrência do aumento da demanda por acesso, distribuição e serviços. O Ano destaca a história de iniciativas de sucesso de cooperação pela água, identificando problemas referentes à educação, à diplomacia e à gestão das
FOTO REPRODUÇÃO
Filtro pessoal de água utilizado pelo projeto Water Is Life proporciona água potável para moradores de regiões escassas de recursos hídricos
águas. Neste ano também estão sendo aproveitadas as dinâmicas criadas na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), e formulados novos objetivos que contribuam para o desenvolvimento dos recursos hídricos que são verdadeiramente sustentáveis. “A cooperação pela água é um incentivo para os povos trocarem experiências e tecnologias que permitam, de forma viável, o acesso à água, em quantidade e boa qualidade”, diz a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), prof. Jussara Cabral Cruz.
O acesso à água está longe de ser igual para todos
Os Estados Unidos são os campeões mundiais de consumo de água: quase 15 trilhões de litros são gastos por mês no país. Em média, um americano consome 675 litros de água em um único dia. Em contraste, uma família africana vive com menos de 20 litros diários. É 35 vezes a menos que o consumo individual de um americano. E os dados não param por aí. A Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, até 2050, sete em cada dez pessoas viverão em zonas urbanas, que já consomem 60% da água disponível no mundo. A professora Jussara afirma que
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CAMPANHA MUNDIAL
Junho de 2013
“o Ano Internacional de Cooperação pela Água é um incentivo aos países detentores de maior tecnologia a dividirem e oferecerem essas tecnologias aos países mais pobres. É um incentivo à ciência do desenvolvimento, com criatividade, de tecnologias limpas e de baixo custo, para viabilizar a universalização da água”.
Água é VIDA
Water is Life (ou Água é Vida em português), é um site criado por Ken Surrite, que surgiu a partir de um projeto que tem a missão de levar água potável, saneamento e programas para escolas e vilas de países em desenvolvimento, a curto e longo prazo, para salvar vidas e comunidades em transformação. A Water is Life é conhecida como “a palha que salva vidas”. O objeto se trata de um filtro portátil, que fornece água potável quando imerso em uma fonte de água. Este filtro salva vidas, pois filtra doenças transmitidas pela água. A palha limpa um mínimo de 800 litros de água. Este dado se baseia num consumo aproximado de 2 a 3 litros de água por dia. Em média, o filtro dura um ano. Este filtro é eficaz contra doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifoide, cólera, disenteria, verme da Guiné e diarreia. Cada palha custa apenas 10 dólares (em torno de R$ 20,00). O próximo passo do projeto é oferecer uma solução sustentável e que funcione a longo prazo. No Water is Life é abordada a crise da água em uma aldeia LAURA GROSS
Professora Jussara Cabral Cruz LAURA GROSS
Professor Geraldo da Silveira
de cada vez, através de filtros de água pessoais, de educação e higiene, soluções a longo prazo para a água potável e sistemas de monitoramento de sustentabilidade. Com a crise mundial da água, 6.500 pessoas morrem diariamente de doenças transmitidas por essa via. Cinco mil delas são crianças, sendo que uma criança morre a cada 15 segundos por causa de doenças relacionadas com a água.
A realidade em Santa Maria
A cidade de Santa Maria é abastecida principalmente pelo sistema da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Segundo o gerente de Santa Maria Jean Carlo Bordin, a população que utiliza o serviço da Corsan está 98,5% abastecida de água potável. “Santa Maria tem uma vida útil, em períodos sem chuvas, muito maior que o de outras cidades do estado. Passamos por um momento de estiagem muito grande, cerca de nove meses e em nenhum momento foi cogitado o racionamento de água, apesar de o nível ter baixado”, acrescenta Bordin referindo-se à seca no ano de 2011. De acordo com informações fornecidas pela Secretaria Extraordinária de Ação Comunitária e Cidadania, atualmente cerca de 120 famílias ainda sofrem com a falta de água nos distritos e são abastecidas pela Defesa Civil do município com caminhões pipa. As localidades mais afetadas são: Santa Flora, Colônia Pinheiro, Colônia Pena, São Valentin, Passo do Verde, Palma, Pedro Stock, Canabarro e Assentamento Boca do Monte. De acordo com noticia publicada no site da Secretária de Ação Comunitária, para mudar este quadro a Prefeitura de Santa Maria, através das secretarias de Desenvolvimento Rural e de Ação Comunitária, reuniu-se com a Superintendência Regional da Corsan, para tratar da perfuração de novos poços artesianos na zona rural do Município com a finalidade de melhorar a qualidade de vida das comunidades distritais que há anos sofrem com a falta d’água no interior. Na reunião, o superintendente regional da Corsan, Julio Espírito Santo, garantiu a parceria da estatal com a Prefeitura para amenizar a escassez de água potável nas regiões de situação mais crítica. Em 2012, 66 famílias receberam caixas d’água para viabilizar o armazenamento.
Laura Gross Thais Hoerlle
Entrevista Diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, fala ao JornalEco
- O que é preciso ser feito com urgência e como primeira necessidade para que não cheguemos em 2050 brigando por água?
A gestão de recursos hídricos é essencial para garantir água em quantidade e qualidade adequadas para as atuais e as futuras gerações. Esta gestão deve considerar o prin“As declarações das Nações Unidas socípio dos usos múltiplos, previsto na Política bre temas específicos têm como principal Nacional de Recursos Hídricos, que é uma objetivo focar a atenção, tanto do Sistema forma de harmonização das dicomo da sociedade, e cons- RAYLTON ALVES - BANCO DE DADOS ANA versas atividades que utilizam a cientizar para sua importância água para que todas elas contino cenário mundial”. nuem existindo nas bacias hidroA escolha do tema de coográficas. Além disso, é preciso peração em água reflete o reconscientizar a sociedade sobre conhecimento da importância a importância de utilizar a água e a absoluta necessidade das racionalmente, pois o recurso parcerias e outros instrumené necessário para praticamente tos de cooperação para a imtodas as atividades econômicas plementação da gestão intee cotidianas que as pessoas degrada dos recursos hídricos, senvolvem. em todos os níveis - governos, usuários e - A mídia ajuda a transformar a vida das sociedade em geral.” pessoas quanto à utilização da água? E quan- O senhor acredita que a população está to ao Ano Internacional da Água? conscientizada com relação à água? A mídia tem ampliado nos últimos anos o Principalmente as gerações mais jovens espaço destinado à cobertura de temas revêm crescendo com uma consciência am- lacionados ao meio ambiente, o que inclui a biental significativa, o que se reflete no uso temática da água. As abordagens dadas pela racional da água em atividades cotidianas, imprensa se concentram principalmente em como escovar os dentes e tomar banho com consequências de desastres naturais, como menos água. Por outro lado, ainda existe no enchentes e secas. No entanto, o espaço Brasil uma cultura de que nossas grandes re- destinado às causas de tais problemas preservas de água nos isentam de tratar este re- cisa ser ampliado, pois essas informações curso de forma sustentável. Este pensamento têm o potencial de formar cidadãos ambiené equivocado, pois onde há mais água no Bra- talmente conscientes. sil, que é na Amazônia, há proporcionalmenVicente Andreu Guillo é estatístico e foi secrete uma população pequena e onde há muita tário Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente gente, o Sudeste e o Sul, há pouca água. Urbano do Ministério do Meio Ambiente. - Qual a importância da ONU ter decidido 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água?
#ProblemasDePrimeiroMundo Com o auxílio da tecnologia e das mídias, a DDB de Nova York (programa de marketing baseado em uma visão da natureza humana, visando o consumidor) criou um anúncio para a campanha pró Haiti, “Água é Vida”, que humilha lamentadores no Twitter que usam a “#” (hashtag) “#Firstworldproblems” (problemas de primeiro mundo) para reclamar sobre os desafios triviais da vida.
A campanha é um vídeo em que haitianos, em pé entre barracas de lata, ônibus escolares quebrados ou edifícios destruídos, leem os tweets feitos por pessoas que se queixam, por exemplo, de cabos telefônicos que não alcançam suas camas e assentos de couro que não estão aquecidos. O efeito irônico comove pois o vídeo reforça que problemas de primeiro mundo não são problemas reais.
REPRODUÇÃO
O vídeo da campanha Problemas de Primeiro Mundo Não São Problemas Reais pode ser acessada no site YouTube pelo endereço: http://bit.ly/QR2Xzu
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PROBLEMAS URBANOS
Junho de 2013
A grande vilã das enchentes A impermeabilização dos solos é apontada por especialistas como a maior causa das enchentes
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decréscimo na taxa de infiltração da água no solo é um tema pertinente. A partir desta problemática, diversas questões ambientais podem ser esclarecidas. A utilização indiscriminada dos solos altera, entre outros aspectos, a capacidade que ele tem de transportar a água para os lençóis freáticos. A impermeabilização dos solos tem relação direta com as enchentes e as secas, uma vez que a água deixa de penetrar e acaba alagando regiões mais baixas. Para o professor Afrânio Righes, doutor em Água e Solo, a urbanização e a utilização pela agricultura diminuem consideravelmente esta taxa de infiltração. No caso da agricultura, o pesquisador explica que, ao lavrar o solo, a terra mais abaixo é compactada e isso aumenta a sua densidade. O processo diminui a porosidade, alterando a Taxa de Infiltração Básica (TIB). Um exemplo disso é apresentado pelo pesquisador: “na região do Planalto do Estado, a taxa básica de infiltração de água no solo que era de 180mm por hectare em condições de floresta nativa, passou para 8mm por hectare em solos cultivados durante 50 anos, com a sucessão das culturas trigo-soja no sistema de cultivo convencional”. Afrânio Righes ressalta que, nas regiões urbanas, as construções são responsáveis pela impermeabilização. E afirma que as quadras têm, em média, 10.000m². Nesse caso, uma chuva de 50mm em uma quadra resultaria em um volume de 500 mil litros de água. “Essa água toda vai para rua e depois para um coletor, que vai levar para a parte mais baixa da cidade e lá provocará alagamentos”, explica o professor. Um exemplo é a Av. Liberdade, em Santa Maria, que mesmo após as melhorias na pavimentação, continua com o problema dos alagamentos.
Enchentes são rotina na Avenida Liberdade
“Faz 23 anos que moro aqui e todo mundo busca soluções, toda hora vão na prefeitura. Nós (moradores) cansamos
ANTÔNIO MAIA, ARQUIVO PESSOAL
Alagamentos viraram rotina na Avenida Liberdade ROBSON BRILHANTE
ROBSON BRILHANTE
Antônio Maia produziu o vídeo que pede soluções para alagamentos
de tirar fotos e fazer imagens de outras ruas para brincar e não adiantar”. O lamento é na água. Deu acaso que esde Antônio Maia, cinegrafista tava o cachorro surfando, e da TV Pampa e morador da eu estava indo para o serviAvenida Liberço e começou dade. O jovem a tocar a múde 23 anos foi sica Solitário Se cada casa quem produSurfista (Gafizesse coleta ziu o vídeo Sobriel O Penlitário Surfista sador). Pencom cisternas Av Liberdade, sei na hora: é poderia ter que possui essa a música atualmente que vou usar”, água de graça mais de dez afirma Maia. mil visualizaDiferente ções no Youtube. do que as brincadeiras das O vídeo mostra crianças crianças possam indicar, as se divertindo na avenida enchentes atrapalham a vida alagada, cenário comum em dos moradores das mais didias chuvosos. O que chama versas formas. Casos de rea atenção é a presença de sidências e carros invadidos um animal de estimação em pelas águas são recorrentes, cima de uma prancha. “Quem além de bueiros entupidos e brinca mesmo é a gurizada, trânsito caótico. “Cansaram os piás. Tem gente que vem de bater o carro aqui por cau-
Crianças e adolescente que participaram do vídeo
sa da chuva. Não deixaram abertura para retorno, fecharam tudo.” Atravessar a rua também se torna uma atividade de risco, de acordo com o cinegrafista. “Nesse mesmo dia (da filmagem) uma guriazinha foi atravessar a rua e a água a pegou por baixo, derrubando-a. Quem a salvou de
se afogar foi um rapaz aqui do bairro”. De acordo com o engenheiro da Prefeitura Municipal, José Antonio de Azevedo Gomes, responsável pela fiscalização da última obra no local, outro projeto está em andamento, inclusive já tendo sido apresentado para o
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PROBLEMAS URBANOS
Junho de 2013 GUSTAVO PEDROSO
ALINE MENDONÇA
“Sim. Pra lavar a louça a gente não deixa a torneira escorrendo. O carro também, nem é lavado com a mangueira e sim com água atirada mesmo. E banho bem rápido. É importante economizar a água porque daqui a alguns anos pode nem ter”.
“Acredito que sim. O carro eu não lavo em casa, banho ligeiro, sempre economizando. Todo mundo tem que estar consciente, senão o que vai sobrar para as futuras gerações?”. Lenon Soares Garcia
ALINE MENDONÇA
Patricia Rodrigues da Silva
“Ainda não, pois não possuo uma forma de reutilizar a água da chuva. Eu moro em apartamento. Mas é importante economizar, porque do jeito que anda, pode ter uma grande seca”.
“A gente economiza o que dá, não coloca a água fora, não lava o carro muito seguido, o banho é rápido. Tem que cuidar porque tem pouca água, se não vai acabar”. Alfonso Waltmann
ALINE MENDONÇA
Estevão de Oliveira
“Lógico, a gente economiza o máximo. Quando vai se escovar não deixa a torneira aberta e todo o serviço é feito da melhor maneira. Acho importante que continue sempre economizando água”.
“Sim, na hora de escovar os dentes, na hora do banho a gente tenta economizar também. Quando a gente lava o carro economiza pegando água da chuva e também não deixa a manga ligada desperdiçando água. Acho muito importante, que pena que praticamente ninguém faz.” Alexandre Peixoto
TAMIRES ROSA
Ozelinda Vargas
Especialista aponta soluções
TAMIRES ROSA
“Acredito que sim, na minha casa a gente tem o hábito de acumular água da chuva para lavar carro, pátio, área. A preocupação maior é com o futuro de nossos filhos, por que a gente sabe que a água é uma coisa que um dia vai acabar.”
“Sim utilizo a água do tanque para lavar a moto. Acho importante consumir a água de maneira sustentável, porque acredito que daqui uns anos pode não haver mais água potável no planeta.”
Afrânio Righes foi chefe do Centro Regional Sul do INPE
Felipe Rodrigues
Robson Brilhante Naiôn Curcino Gustavo Pedroso
TAMIRES ROSA
Fábio Souza
TAMIRES ROSA
Para o professor Righes, a solução do problema é, ao mesmo tempo, fácil e complicada. Segundo ele, a melhor maneira de evitar que toda essa água acumule na rua é que cada casa da quadra possuísse uma cisterna, que é uma espécie de caixa subterrânea que armazena a água que desce dos telhados pelas calhas. O custo para construir um reservatório como esse
ALINE MENDONÇA
Santa Romilda da Silva
“Sim, procuro escovar os dentes e lavar a louça com a torneira desligada. Reutilizo a água da máquina de lavar para lavar a calçada. É importante economizar de todos os lados, para que não falte água no futuro.” Marlene Silva Santos
“Não consigo diminuir meu consumo de água. Mas tenho consciência que um dia ela pode acabar e meus descendentes podem ficar sem água.” Açucena Ottiz da Luz
TAMIRES ROSA
ROBSON BRILHANTE
“Sim. A gente economiza o que pode, na hora de lavar louça passa o sabão e já enxagua e lavo roupa só no final de semana. Acho muito importante economizar água”.
ALINE MENDONÇA
Governo Federal no dia 5 de abril. “É uma proposta que engloba varias outras ruas, porque não é um problema isolado. Nós trabalhamos com vários módulos, entre eles a macrodrenagem, a microdrenagem e a rede de água. Também estamos destinando mais recursos para a sinalização da Avenida Liberdade”, afirma o engenheiro. Infelizmente, não há perspectiva de algo mais imediato. Gomes diz não assinar mais nada para tratar dos inconvenientes das enchentes, pois prefere concentrar os esforços em resolver o problema definitivamente. Também não há nenhum indicador de prazo. De acordo com ele, “depois que é aprovado, se tem uma faixa de dois meses para apresentar o projeto. Depois que é apresentado e analisado como viável financeiramente, entra o processo licitatório. Eu não posso garantir que dentro de um ano será feito”.
Enquete: Você utiliza água de forma responsável?
ALINE MENDONÇA
Engenheiro não quer discutir prazos para obras
não é dos mais caros, mas seria preciso que houvesse alguma regulamentação e até incentivo por parte dos governos. “O efeito maior seria se cada casa fizesse sua coleta individual, com cisternas. Dá mais resultado e é mais barato. Você não precisaria pagar pra lavar carro, calçada, pra irrigar flores, poderia ter essa água toda de graça”, ressalta o doutor. Outra alternativa para esses alagamentos nas ruas é um sistema criado por Righes e alunos do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário Franciscano (Unifra), chamado Vertical Mulching. Essa hipótese seria a construção de grandes tanques coletores nas esquinas das quadras. Porém, são coletores diferentes das tradicionais “bocas de lobo”, como conhecemos. Para dar total vazão a toda água que é escoada até esses locais, o solo teria uma perfuração de aproximadamente 80 cm. Com isso a água infiltraria na terra, dissipando-se pela camada terrestre. O problema das “bocas de lobo” é que estas não suportam toda a água que desce e muitas vezes estão entupidas. Outro problema é que, no ponto final, essa água acumula e também resulta em enchentes.
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GESTÃO DAS ÁGUAS
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Das reservas às torneiras, o futu Estudos preveem proteção dos mananciais na esperança de água pura a longo prazo
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á imaginou como será a água que vamos beber daqui a dez anos? Especialistas planejam possibilidades para o abastecimento de água com propostas de grande porte para que, futuramente, Santa Maria, além de ter uma reserva sustentável para a água potável, tenha também projetos que possam viabilizar o tratamento dos mananciais. As propostas abrangem a preservação das reservas naturais, expansão do abastecimento, tratamento da água e redes de esgoto. Em Santa Maria, a Corsan é a responsável pela gestão da água. Entre as diversas necessidades da comunidade, algumas delas foram expostas no caderno intitulado “A Santa Maria que queremos”, idealizado pela Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (Adesm). De julho de 2011 até julho de 2012, a agência realizou oitenta e cinco encontros com especialistas e entidades relacionadas ao cotidiano político e social do município, com a visão de que, até 2020, Santa Maria esteja entre os três melhores municípios do Rio Grande do Sul, com mais de 100 mil habitantes, em indicadores de saneamento. Para o diretor da Adesm, engenheiro eletricista Vilson Serro, a expectativa é grande para o cumprimento das propostas, pois os investimentos previstos para o saneamento na cidade, em curto prazo, são grandes: “C om os investimentos que estão vindo para cá, de 48% vai passar para 80% da cidade com tratamento de esgoto. Então já vai melhorar bastante”, enfatiza Serro. NATALIA SOSA
FABRÍCIO VARGAS
É comum encontrar lixo espalhado pelas margens da barragem do Vacacaí-Mirim
A agência pretende fazer o acompanhamento das propostas encaminhadas aos órgãos responsáveis - como Prefeitura e Corsan, por exemplo - através de um software que monitora a execução de cada objetivo incluído no documento. “Hoje nós não temos as informações atualizadas. A partir do mês que vem a gente já vai discutir este assunto que é bastante amplo”, destaca o diretor da Adesm.
Projetos contra o desperdício
Dentro desta perspectiva, o professor do Departamento LAURA GROSS
É imprescindível assegurar o abastecimento com as obras necessárias de Hidráulica e Saneamento do Centro Tecnologia (CT) da UFSM, João Batista Dias de Paiva, defende que a cidade tenha um plano de preservação das encostas das principais barragens (Vacacaí Mirim/DNOS e Val TIÉLE ABREU
de Serra) e ainda contemple a comunidade com a execução de projetos previstos no Plano Diretor para que o abastecimento seja sustentável em longo prazo. “É imprescindível assegurar o abastecimento com as obras necessárias, pois não temos mananciais próximos, além das duas barragens. Hoje, a barragem Vacacaí-Mirim é responsável por 40% do abastecimento da cidade”. Paiva defende ainda que, para assegurar este ‘abastecimento sustentável’, sejam substituídas as tubulações antigas para evitar o desperdício: “Não adianta ter grandes reLAURA GROSS
servatórios se a gente não tiver adutoras que deem vazão, pois as perdas hoje devem beirar os 40% da água distribuída”.
Mananciais em risco
Ao mesmo tempo em que o poder público se preocupa com
A preocupação com a água e com a Bacia Hidrográfica do R incentivou a Fundação MO’Ã a jeto Saúde da Água.
A proposta do projeto é d quisas ambientais na Bacia Rio Vacacaí-Mirim, incluindo qualidade ambiental e a ges hídricos. A água é um indicad ambiental.
Principais propostas de Educação Ambiental:
► Proposta de delimitação da Ambiental (APA) da sub-bacia Vilson Serro
Jean Carlo Bordin
Ronaldo Fontoura
João Batista Paiva
de
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GESTÃO DAS ÁGUAS
2013
uro da água
Itens da proposta no caderno “a Santa Maria que queremos” Qualificar os serviços de abastecimento de água potável
► Universalizar o suprimento de água potável; ► Garantir a qualidade da água potável; ► Manter regularidade no abastecimento de água;
a preservação dos principais hoje se aproximam de 150 famímananciais, um problema se lias”, revela o geólogo. “Aquela alastra na encosta da barragem barragem é vital para a cidade. Vacacaí Mirim. Cercada pelo A gente está montando um esmorro Cechella, o principal re- quema em que todos se benefiservatório da cidade está amea- ciem”, argumenta Fontoura. çado pela ocupação desordenada de moradores clandestinos Corsan garante abastecique constroem casas ao redor mento por 30 anos da barragem, despejando detriA Corsan, assim como o município, está com as atenções tos na água. A Secretaria de Proteção voltadas à busca de alternativas Ambiental garante que está fo- para que as ocupações irregulacando a atenção para impedir res não se estendam no entorno que as ocupações se alastrem, das barragens. O gerente Jean tornando impossível a retirada Carlo Bordin revela que este problema é enconposterior das trado nas duas famílias. “Todas barragens resas nossas atenGeólogo diz ponsáveis pelo ções estão voltaque barragem abastecimento. das para aquela “O Departamenregião, onde há é vital para to jurídico está acúmulo de água a cidade de tratando sobre a para abasteciquestão da ocumento, que futuSanta Maria pação do DNOS ramente, se não e também em for feito nada agora vai haver um problema Val de Serra, que tem uma refuturo impossível de resolver”, serva ambiental. Tem gente que diz o geólogo da pasta, Ronaldo mora dentro da reserva. É bem Machado da Fontoura. Entre- complicado.” Hoje, a Companhia prioritanto, a falta de profissionais na Prefeitura deixa o trabalho pre- za projetos que devem evitar judicado, enfatiza. “Já que nós o desperdício da água potável somos poucos, fazemos parce- e se mostra preocupada com o rias com a Patrulha Ambiental, índice de 40% da água potável Fepam, Ibama e Secretaria de disponível que vai fora. Um projeto de duplicação da estação de Educação, uma força tarefa”. Apesar de já haver uma ocu- tratamento prevê o aumento da pação desordenada, ainda as- liberação de água, pela duplisim a Prefeitura pretende fazer cação das válvulas de abastecium empreendimento no local. mento. “Vai passar de 900 litros “Estamos procurando um em- por segundo para 1500 litros preendedor que faça na área por segundo. Isso vai garantir o uma construção sustentável, abastecimento e tratamento da com usina de tratamento de es- água por mais 30 anos.” goto, pois é uma área valorizaFabrício Vargas da. Este empreendedor terá que Tiéle Abreu retirar aquelas pessoas, que
► Medir a satisfação dos usuários; Qualificar os serviços de esgotamento sanitário
► Ampliar o sistema de coleta de esgotos; ► Aumentar o número de economias ligadas à rede de esgotos existente; ► Aumentar a quantidade de esgoto tratado; ► Recuperar a qualidade da água dos arroios;
Qualificar os serviços de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos Domésticos Urbanos (RSDU)
► Disponibilizar para a comunidade um serviço de informações sobre destinação dos diferentes tipos de resíduos; ► Possuir as informações da análise quantitativa e qualitativa dos RSDU; ► Elaborar um sistema de coleta de RSDU que valorize a dignidade humana; ► Tratar 100% dos resíduos dos serviços de tratamento de água e esgoto; ► Ampliar a coleta seletiva; ► Prever a ampliação ou construção de um novo aterro sanitário; ► Diminuir a sujeira nas vias públicas da cidade;
Qualificar os serviços de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas
► Ampliar a rede coletora de águas pluviais; ► Incentivar a construção de edificações autossustentáveis; ► Construir calçadas e praças públicas com pavimentos que absorvam a água das chuvas;
Criar grupo de discussão sobre renovação do Contrato de Concessão do Município com a Corsan
► Iniciar uma discussão sobre o tema;
Elaborar convênio com entidade de fiscalização e/ou regulação do setor de Saneamento
► Possuir convênio com uma entidade reguladora;
Analisar a criação de uma autarquia para gerenciar o sistema de saneamento do município
► Criar grupo de trabalho para analisar a viabilidade de criação de uma autarquia municipal para gerenciar o sistema de Saneamento de Santa Maria.
► Criar o Fundo de Gestão Compartilhada;
Programa Saúde da Água
e especificamente Rio Vacacaí-Mirim a implantar o pro-
desenvolver pesa Hidrográfica do o a melhoria da stão dos recursos dor de qualidade
Conservação e
a Área de Proteção do Rio Vacacaí.
► Avaliação do impacto ambiental do descarte inadequado do óleo de cozinha usado. ► Caracterização física da Bacia Hidrográfica do Arroio Alves/Itaara. ► Diagnóstico da Percepção Ambiental da população dos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim; e nas Escolas Municipais de Itaara. ► Programa Municipal de Formação de Educadores Ambientais – Rede Municipal de Educadores Ambientais- PROMFEA/REMEA. ► Produção de mudas florestais nativas de qualidade como forma para atender as ações de recuperação de nascentes degradadas e de educação ambiental.
Participam: ► Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Vacacaí-Vacacaí Mirim ► Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Santa Maria e Itaara (Condema) ► Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (Adesm) ► Grupo de estudos de Áreas Protegidas do Município de Santa Maria
Parceiros: ► Grupo de Análise e Investigação Ambiental (GAIA) ► Grupo de Pesquisa Gestão de Recursos Hídricos da Universidade Federal de Santa Maria (GERHI)
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TRATAMENTO DA ÁGUA
Junho de 2013
Os caminhos percorridos pela água que você consome Quando você ingere água pensa apenas em matar sua sede ou pensa também na qualidade?
Á
DANIEL DALLASTA
gua potável é a água que pode ser consumida por pessoas e animais e que não possui substâncias tóxicas. Ela pode ser consumida pela população em geral, preferencialmente, após tratamento. O tratamento de água visa reduzir a concentração de poluentes até o ponto em que não apresente riscos para a saúde pública. “A água potável deve ser livre de substâncias tóxicas ou microrganismos nocivos à saúde e isenta de cheiro, cor ou sabor. É muito raro encontrar na natureza água nessas condições. Ela deve ser tratada, pois só assim evita doenças como diarreia, hepatite e tantas outras”, explica a técnica em tratamento de água da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), unidade de Santa Maria, Carla Griebeler. Em muitas localidades, a Corsan, utiliza poços artesianos para o abastecimento da população. A captação de água subterrânea segue rigorosas normas de execução e fiscalização, para que a retirada feita em profundidades, entre 100 e 200 metros, não Primeira aplicação de cloro, para não criar limo no tanques. contamine a reserva subterrânea, no caso de Santa finida conforme a isenção de gicos e químicos, entre eles a Maria, o Aquífero Guarani. bactérias e excessos de pro- clarificação, filtração e fluoCarla explica que a Corsan dutos químicos. Ou seja, não retação. O tratamento inicia é a primeira empresa de sa- temos como saber se tem com a captação. “A água é capneamento no estado do Rio qualidade ou não apenas ob- tada dos rios Vacacaí Mirim e Grande do Sul a obter o cer- servando-a. “A qualidade da Ibicuí Mirim, em barragens, tificado do Instituto Nacional água distribuída pela Corsan e é levada por meio de adude Metrologia, é de primei- toras até a estação”, explica Qualidade e ríssima quali- a técnica Carla Griebeler. DeTe c n o l o g i a dade”, afirma pois a água é misturada a um Qualidade da (Inmetro), o chefe do de- coagulante com a função de água é definida que recomenp a r t a m e n t o retirar as impurezas. Ocorre, da o credende Saúde da então a aglutinação dos flopela isenção ciamento das C o m u n i d a d e cos ou impurezas que na etade bactérias companhias e responsável pa seguinte sedimentam-se de saneapelo controle no fundo de um tanque. Na e químicos mento a um da qualidade filtração, estes flocos são reórgão que reda água, da tidos e é feita a clarificação, gulamenta a qualidade de Universidade Federal de San- processo que elimina os miprodutos e serviços. “Todo ta Maria (UFSM), prof. Julio crorganismos ainda preseno processo de análise é nor- Tschoepke de Medeiros. tes. A última etapa é a de flumatizado, desde a coleta da oretação, quando se adiciona água até o arquivo das infor- Como é feito o flúor com o intuito de premações, passando por uma tratamento da venir cáries dentárias. Após série de rotinas que eviden- água em Santa Maria este processo, a água tratada ciam que todo o trabalho A Estação de Tratamento é bombeada aos reservatóriestá sob o controle exigido”, de Água (ETA) utiliza o trata- so e às redes de distribuição comenta Carla. mento convencional, no qual e chega ao consumidor isenta A qualidade da água é de- a água sofre processos bioló- de microrganismos e sólidos.
DANIEL DALLASTA
Tanques de decantação local ondea sujeira estabiliza-se no fundo. DANIEL DALLASTA
Reservatório, com capacidade de 5 mil m³, abastece a região leste.
Também são feitos tra- tão trabalhando com uma tamentos complementares, demanda de ‘2x’, porque a como a correção do pH. “Às população cresceu e eles têm vezes utilizam pó de eletróli- que atender esta população tos e carvão ativado”, afirma que se inseriu”, explica Maa professora do curso de En- riana. genharia Ambiental e SanitáA ETA de Santa Maria posria da Unifra, sui seis decanMariana Ribeitadores, mais ro. Esses traseis fluoculaA água deve tamentos de dores, porém ser tratada,pois água compleestão parados mentares são por questões só assim evita utilizados para burocrátidoenças como suprir a decas, comenta manda acima diarreia e hepatite a professora da capacidade de Engenhade atendimenria Ambiental to da ETA. “Para continuar com e Sanitária. Ela diz que será a qualidade de água potável, possível trabalhar com uma eles têm que complementar”, demanda compatível à estaexplica Mariana. ção de tratamento de água Apesar das promessas de a partir da ampliação do melhorias até 2015, a pro- espaço e liberação do equifessora diz que a estação pamento. Segundo Mariana, da Corsan trabalha em um esses produtos são caros e momento crítico. “Eles es- para solucionar o problema tavam preparados para uma foi aberto um processo licitademanda ‘x’ e hoje eles es- tório para ampliar a estação,
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TRATAMENTO DA ÁGUA JOANA GÜNTHER
o que vai proporcionar uma redução de gastos com determinados produtos. O Laboratório Central da Corsan realiza 260 mil análises por mês da água distribuída nos 343 municípios atendidos no RS.
Uso de poço artesiano
Santa Maria está localizada em cima do Aquífero Guarani. Isso confere à água da cidade uma qualidade maior se comparada ao restante do Rio Grande do Sul. A professora Mariana afirma que temos uma boa qualidade de água subterrânea. “Por estarmos nessa região há uma grande quantidade de poços instalados”, completa. Porém, existe o risco de contaminação da água que a comunidade consome e, por se tratar de poços privados não é possível fazer uma fiscalização. Contudo, pessoas que consomem água de poço artesiano podem recolher uma amostra do líquido e levá-la no Departamento da Saúde da Comunidade, localizado no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A amostra de água será encaminhada a um laboratório, onde o professor Julio Tschoepke de Medeiros e seus bolsistas vão analisá-la a partir do método de tubos múltiplos. Esta análise vai revelar um número aproximado de coli-
ainda, poluir rios e fontes, afetando os recursos hídricos e a vida vegetal e animal. Para evitar esses problemas, as autoridades sanitárias instituíram padrões de qualidade de efluentes, informa a Corsan. O planejamento de um sistema de esgoto tem dois objetivos fundamentais: a saúde pública e a preservação ambiental. Através da rede coletora pública, o esgoto sai das residências e chega à estação de tratamento. O processo é longo, pois o esgoto é recolhido por ramais prediais e levado para longe, o que exige a realização de grandes obras subterrâneas ao longo das ruas. Uma vez instalada a rede coletora e implantado o sistema de tratamento, é a vez da população fazer a sua parte. Cada morador deve ligar a sua residência à rede Professor Julio Medeiros faz análise da água através do método de tubos múltiplos. coletora para contribuir com a saúde pública e a recuperação ambiental. A professora Avalie a qualidade da sua água Mariana Ribeiro explica que há alternativas para o desComo: recolha um pouco de água e armazene em um recipiente. carte do esgoto, como a fossa Onde: leve o recipiente ao Departamento de Saúde da Comunidade, no prédio 26A, 2° séptica e o sumidouro, que andar, sala 1241, no campus da Universidade Federal de Santa Maria (atrás do HUSM). são sistemas simplificados de tratamento de esgoto. “É uma infiltração que poderia formes por 100 ml de água. dade é “isenta de bactérias, Descarte da água diminuir a carga poluente Qualquer pessoa pode levar principalmente os coliformes A água é utilizada de diver- para o solo”, completa. sua amostra de água para ser fecais (termorresistentes) e sas maneiras no dia a dia: para “Existem fossas sépticas analisada. O professor explica de excessos de produtos quí- tomar banho, na descarga do construídas e instaladas por que uma água de boa quali- micos de qualquer origem”. vaso sanitário, para lavar a lou- engenheiros”, explica Mariaça, entre outras utilidades. De- na. Mas também é possível pois de eliminada, ela passa a encontrá-las à venda no merser chamada de cado, e então esgoto. A oricabe ao usuágem do esgoto rio instalá-la. Há alternativas pode ser, além Esta aplicação de doméstica, ajuda a dimipara o descarte pluvial (água nuir grande do esgoto, como das chuvas) parte da care industrial. ga poluidora fossa séptica e Se não passar emitida pela sumidouro por processos comunidade adequados de que não trata tratamento, o seu esgoto. O esgoto pode causar enormes sumidouro é muitas vezes prejuízos à saúde pública por usado em conjunto com a meio de transmissão de do- fossa. “Para aumentar a efienças. Estes resíduos podem, ciência do tratamento do esDANIEL DALLASTA goto”, completa a professora. Porém é preciso ter atenção aos cuidados com ambos. Mariana ressalta que é preciso fazer a limpeza no máximo de cinco em cinco anos. Para realizar essa limpeza são chamados os “limpa-fossas”, nome popular para os serviços que transportam o esgoto sugado da fossa para a estação de tratamento da Corsan. Lá é feito um tratamento biológico mais completo e mais complexo que a fossa séptica.
Conheça o processo percorrido pela água desde a captação até chegar às residências.
Mariana Ribeiro acredita que tratamento convencional da Corsan é mais indicado para Santa Maria
Adriély Escouto, Daniel Dallasta, Joana Günther
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ÁGUA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Junho de 2013
A construção civil em busca de um futuro sustentável ONU diz que consumo da água destinada à produção energética crescerá 11,2% até 2050
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FOTOS: ARIÉLI ZIEGLER
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ma sociedade sustentável é aquela que consegue persistir ao longo das gerações, aquela que consegue enxergar longe o suficiente, que é flexível o bastante e sábia o bastante para não enfraquecer o sistema físico e nem o sistema social que a suporta” (Meadows, 1992). A afirmação, feita pela cientista ambiental Donella Meadows, é uma das inúmeras definições para o termo sustentabilidade. Utilizado pela primeira vez em 1987, no Brundtland Report – Our Common Future, relatório que trouxe um novo olhar sobre o desenvolvimento sustentável e o define como um processo que atende às necessidades do presente, sem comprometer o atendimento às necessidades das gerações futuras, esses conceitos se mostram mais atuais do que nunca. As chamadas ‘construções sustentáveis’, cada vez mais populares na construção civil, apresentam-se como uma das soluções para amenizar os impactos causados pelo homem no meio ambiente, que tem os recursos hídricos como uns dos mais afetados pela ação humana. De acordo com dados fornecidos pela Organização Não Governamental Green Building Council (GBC), que se dedica à engenharia sustentável, a construção civil é responsável pelo consumo de 21% de toda a água tratada do planeta.
Nova realidade aplicada em Santa Maria
Pensando em questões como essas, empresas como a Construtora Zacon Zanini realizam projetos e construções que visam à sustentabilidade. Exemplo desse tipo de empreendimento é o Green Tower Residence, localizado na rua Benjamin Constant, em Santa Maria. De acordo com o engenheiro civil e sócio proprietário da construtora, Rogélio Zanini, o projeto do prédio residencial foi concebido com base nas tendências mercadológicas e na busca por clientes preocupados com as questões ambientais.
Piscina na Unifra economiza com aquecimento por placas e geradores
Green Tower possui sistema de placas solares para aquecimento da água
Entre os recursos sustentáveis oferecidos pelo Green Tower, estão o armazenamento da água da chuva, com o uso de cisternas, além de aquecimento solar da água tanto para banho quanto para outras dependências, como cozinha e área de serviço. “O prédio possui uma cisterna, na parte inferior, onde a água da chuva é captada e armazenada. Em seguida, é bombeada para uma caixa superior e distribuída através da tubulação para ser reutilizada nos jardins e vasos
sanitários”, explica Zanini. O engenheiro afirma que a economia de água é significativa, pois além da captação, o prédio é o único da cidade que utiliza a descarga seletiva de dejetos, equipamento que controla o fluxo e volume de água a ser utilizada conforme a necessidade determinada pelo usuário. Para Zanini, o futuro da construção civil é um investimento cada vez maior em sustentabilidade, como os telhados verdes, e áreas atrativas dentro de um único espa-
Você sabe o que é?
ço. “Acredito que com essas alternativas todo mundo ganhe: a natureza, a construtora que tem um diferencial de mercado e o cliente, que tem certeza de que o investimento terá um retorno”. Morador do Green Tower, o representante comercial Douglas Rodrigues, conta que a escolha do apartamento não foi por acaso. Por influência da mãe, que trabalha na Corsan e auxilia comunidades carentes a fazerem uso racional do recurso, desenvolveu desde cedo uma consciência ecológica. Ele afirma que, sem levar em conta o valor investido, busca qualidade de vida e conforto. “Não me apeguei tanto à questão econômica, no quanto eu iria economizar, mas sim na proposta sustentável”, esclarece Rodrigues.
Outras possibilidades adotadas na Unifra
Na Unifra, melhorias e adaptações estão sendo feitas para contribuir com as questões ambientais. Um exemplo é a piscina utilizada pelos alunos do curso de Fisioterapia, que possui placas coleto-
ras de energia solar, gerador e filtro de água com luz ultravioleta. O diretor administrativo do patrimônio da Unifra, Carlos Robalo, explica que as ações são voltadas para economia no uso da água, pois, para a construção ser totalmente sustentável é preciso pensar nessas questões desde o início do projeto. Com o pensamento voltado para economia da água aliado ao benefício financeiro, muitas pessoas aderem a construções ou alternativas sustentáveis. O professor de Engenharia Ambiental da Unifra, Galileo Buriol, também é um defensor das cisternas. Ele afirma que a economia proporcionada pelo uso de cisternas pode ser constatada em torno de dois ou três anos após sua implantação, mas pode variar conforme o tamanho da obra e analisa que “a conscientização é um processo lento, de difícil implantação e seria necessária uma legislação própria para viabilizar políticas sustentáveis”.
Ariéli Ziegler Franciele Marques
Construção sustentável: conjunto de práticas em construção com finalidade de não agredir o meio ambiente, aproveitando recursos naturais e controlando o uso dos materiais. Telhado verde ou ecotelhado: tipo de revestimento vegetal instalado em cobertura de prédios e telhados. Principais vantagens: facilitar drenagem da água, fornecer isolamento acústico e térmico e compensar parcialmente a área impermeável que foi ocupada pela edificação.
Carlos Robalo
Douglas Rodrigues
Galileo Buriol
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ÁGUA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Uso da água: da construção aos hábitos diários Alternativas que surgem para otimizar o consumo de água nas construções e no dia a dia
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FOTOS: KAROLINE FLORES
ltos prédios construídos, grandes máquinas que mobilizam o cenário de obras e engenheiros trabalhando para conclusão de novos projetos todos os dias. A situação é igual no Brasil inteiro. Mas e por trás disso, quantos recursos naturais são utilizados? Você já parou para pensar na quantidade de água usada para a construção de um prédio? Há preocupação com os recursos hídricos na construção civil? Em que as transformações A Supermix conquistou três vezes o Prêmio Ouro Azul pelas ações na reutecnológicas contribuem para tilização de água e na reciclagem de materiais que compõem o concreto. o uso consciente do bem mais precioso do planeta? manter parcerias e investir em Toda a estrutura do local é penA Agência Nacional de Águas infraestrutura no país. A de- sada para que a os recursos na(ANA), responsável pela gestão manda de projetos para grandes turais não sejam desperdiçados. de recursos hídricos e acesso à construções cresceu considera- Desde o pátio projetado para o água divulgou, em 2010, dados velmente e exigiu dos profissio- direcionamento da água da chubaseados em pesquisa da So- nais a visão atualizada quanto à va até a prova de resistência do ciedade Americana dos Enge- economia dos recursos naturais concreto é pensado de forma nheiros Civis (Asce) que apon- utilizados. Nos dias de hoje é sustentável, garante a funcionátaram o setor imprescindível, ria Viviane Reuter, que explica o de construção por exemplo, o processo de limpeza para aproEngenheiro civil como resuso consciente veitamento da água da chuva: ponsável por da água. Neste diz que não se 16% do conaspecto, fezpensa em fazer sumo de água -se uso de nopotável de todo vas tecnologias concreto sem o país, incluincomo os poços, usar água. do o período as argamassas de construção, colantes para edificação e o assentamento empreendimento depois de ha- de pisos e os revestimentos cerâbitado. Um edifício residencial micos, que além de consumirem tem grandes consumidores que menor quantidade de água são somam aproximadamente 70% mais vantajosas no valor. de toda a água utilizada em um condomínio, principalmente Empresas se adaptam nos sanitários. para reutilizar água O aumento das construções Em Santa Maria, a Supermix civis no Brasil deu-se pelo in- Concretos S.A. reutiliza a água Eng. Juliano Wallau pensa que reucentivo do Governo Federal ao em seu processo de trabalho. tilizar água é questão cultural
“para tudo se utiliza a água aqui”. Viviane comenta que a empresa possui duas caixas com água limpa, usadas em casos extremos, como por exemplo, quando a queima de uma das bombas impossibilita puxar a água. Além do procedimento já existente de reutilização da água, a Supermix tem projetos para a criação de telhado que retenha a água da chuva através de calhas. “É uma preocupação da empresa esse consumo consciente, pois usamos bastante água, e todas as filiais têm como meta reutilizar 100% da água”, completa a funcionária. O engenheiro civil Juliano Wallau afirma que o ramo do concreto é o que mais utiliza água dentro da construção civil. “Não se pensa em fazer concreto sem usar água”. Contudo, ele comenta que a visão dos profissionais sobre a redução do consumo de água é de nível mundial.
Arquiteto Fabiano Salbego defende projetos sustentáveis de interiores
No ramo da engenharia da edificação, o profissional diz que a preocupação é grande com a captação de água. As construtoras já fazem uso de cisternas para captar água da chuva. O desafio é o armazenamento, pois, segundo ele, o projeto de custo se torna pesado pela necessidade de investimento nas barras das cisternas. “Mas o retorno a médio e longo prazo é notável”, completa.
Projetos de edificação e interiores buscam sustentabilidade
Em Santa Maria, a Traço Ateliê de Arquitetura está envolvida em projetos de ideal sustentável. Além do consumo de materiais locais, há também a preocupação do descarte do que não é utilizado. Para o arquiteto, o destino dos materiais que são dispensados em uma obra também deve ser preocupação dentro de um projeto, pois é uma medida sustentável. Fabiano diz que a reutilização da água é o princípio básico quando a ideia é sustentabilidade. “Não podemos usar água potável para sanitário, para lavar a louça, a calçada ou irrigar o jardim”, afirma. Para que isso não ocorra, a alternativa pode ser tanque de retenção de água, consciência na hora do consumo nas diferentes atividades e a busca por alternativas mais sustentáveis em atitudes diárias.
Aline Mendonça Rodrigo Gonçalves Tamires Rosa
Fotos: Karoline Flores
Processo de reutilização da água - Supermix
Tanque 1: A água da chuva é utilizada para lavagem dos caminhões e direcionada pelo pátio desnivelado e valetas. para o primeiro tanque de decantação.
Tanque 2: No tanque 1, a água “descansa”. A bomba é ligada e manda a água, agora com menos resíduos, para o tanque 2.
Tanque 3: A água vai passando de decantador em decantador, realizando o processo de purificação e separação dos resíduos.
Tanque 4: No final, a água chega no tanque 4 sem nenhum resíduo. A partir dai, a água é reutilizada para a limpeza dos caminhões e fabricação do concreto.
Jornal Laboratório Especializado em Meio Ambiente - Jornalismo/Unifra
16ª edição - Junho de 2013
Má utilização dos recursos hídricos causa problemas sanitários Esgotos clandestinos e falha na educação ambiental são os principais determinantes
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FABRÍCIO VARGAS
formato curioso de recuperar estas águas, mas Santa Maria é um dos enquanto houver esgoto, a privilégios ambientais matéria orgânica faz com que da população. Conhecida por a água tenha menos oxigênio. estar localizada em um “buraConforme o secretário de co”, isto é, cercada de morros, Proteção Ambiental da Prefeia cidade consegue manter as tura Municipal de Santa Maria, grandes reservas de água. Si- Luiz Alberto Carvalho Junior, a tuada na depressão do esta- maioria dos afluentes e nascendo, recebe o excesso de água tes, estão canalizados. Canalidos planaltos. zações são cursos de água que Este acúmulo resulta em re- passam por tubulações subtercursos hídricos, que são as râneas ou em canais de conáguas superficiais ou subter- creto. Mas, ao contrário do que râneas disponíse imagina, o veis para qualfato de estaquer tipo de uso rem canalizaGeógrafo diz de uma região. dos os torna que Santa Maria Também podem mais contaser chamados de minados, pois sempre possuiu lagos, riachos, há muitos foum subsolo rico entre outras decos de esgoto nominações, que clandestino. em água variam de acordo Desta forma, com a região. quando houO geógrafo Fernando Flores- ver um bom saneamento básita realizou uma pesquisa que co, teremos os arroios limpos, permite a constatação de que, conclui o secretário. do ponto de vista histórico, Para Jorge Luiz Ennes, que Santa Maria sempre possuiu trabalha há 24 anos com chaum subsolo rico em água, com peamento e pintura, localizamais de cem recursos e nascen- da nos arredores do Arroio tes que estão por toda a cidade. Cadena próximo à rua Sete de Entretanto, estes recursos não Setembro, a questão do lixo é são utilizados. Hoje, o municí- o que mais preocupa: “Agora pio é abastecido pela barragem acalmou, antes largavam muito Rodolfo da Costa e Silva, o rio lixo. Mas agora pararam, o pesIbicuí-Mirim e a barragem do soal se conscientizou mais.” DNOS (Departamento Nacional de Obras de Saneamento). Proteção dos recursos: Mesmo não abastecendo a cidade, alguns cursos d’água estão em situações que interferem na saúde pública e, se recuperados, poderiam ser utilizados para uso. Floresta explica a importância de recuperar: “O problema de Santa Maria é a questão de recuperação dos recursos hídricos, não para uso, mas este recurso, em algum momento, está abastecendo nosso subsolo. É uma questão de estética, de saúde e sanitária”. Segundo ele, para ter um clima mais adequado e uma melhor qualidade de vida é preciso
Confira os principais recursos hídricos da cidade: ARROIO CADENA O Arroio Cadena tem a sua primeira nascente situada no quartel do 1º Regimento de Polícia Montada da Brigada Militar e tem sua foz no Arroio Arenal - afluente da margem esquerda do Rio Verde ou Vacacaí Grande. Possui uma extensão de aproximadamente 15 km.
ARROIO ITAIMBÉ
uma questão de saneamento e educação
“Não adianta apenas tirar o lixo que atiraram nos arroios, o mais importante é sanear a cidade, eliminar a destinação do esgoto cloacal, porque aí sim iremos recuperá-los”, ressalta o secretário de Proteção Ambiental. Ele ainda enfatiza que assim, essas águas voltarão a ter sua devida função natural no meio ambiente, sendo possível vermos peixes e uma flora característica: “Isso é o principal, é a base, o resto se faz com educação ambiental, conscientizando a população”, ressalta.
Bibiana Fantinel Renata Medina
O Arroio Itaimbé, principal afluente da margem esquerda do Cadena, nasce junto ao edifício Portal do Parque, na Av. Itaimbé. Naquele local encontra-se o Parque Itaimbé. Antigamente, os habitantes utilizavam aquelas águas para beber, banhar-se e para pesca. Porém, quando elaborado o Projeto da Avenida Itaimbé, obra que ligou as zonas Norte e Sul de Santa Maria, o arroio foi canalizado.
ARROIO CANCELA FOTOS BIBIANA FANTINEL
A situação dos recursos hídricos
Lixo encontrado nos mananciais hídricos são problemas de educação ambiental
O Arroio Cancela localiza-se dentro do perímetro urbano da cidade. A sua nascente principal está na porção final da rua Padre Kentenich, com a Rodovia BR-158, em seu eixo no sentido sudoeste. O arroio passa por quatro importantes bairros: Nonoai, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora Medianeira e Urlândia.
Proteja nossas águas, denuncie o descaso ambiental Denúncias podem ser feitas na Prefeitura Municipal de seg. a sex., das 7h30min às 13h30min, na rua Venâncio Aires 4º andar, 2277, centro, ou através da Linha Verde : (55) 3921-7151.