Revista Experimental do Curso de Jornalismo - UNIFRA Ano 8 - Nº 15 - 1º semestre de 2012
UM MUNDO DE ALTERNATIVAS
Nas multidões, há os que decidem trilhar seus próprios caminhos. E você, já fez suas escolhas?
Expediente Revista experimental produzida pelos alunos do 4º semestre - 2012/01 do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) Reitora: Irani Rupolo Pró-Reitora de Graduação: Vanilde Bisognin Coordenadora do curso: Sione Gomes Professores orientadores: Glaíse Bohrer Palma (disciplina de Redação Jornalística), Iuri Lammel (disciplina de Planejamento Gráfico); Laura Elise Fabricio (Lab. de Fotografia e Memória) Equipe de reportagem e diagramação: Alexandre de Grandi, Aline Schefelbanis, Augusto Guterres, Camila Joras, Carla Tavares, Daiane Tonato Spiazzi, Déverson Martelli, Fabiano Oliveira, Gustavo de Souza Carvalho, João David Martins, João Pedro Lamas, Luiza Dias de Oliveira, Luyany Beck, Maiquel Machado da Silva, Marinna Sellmer, Nayara Lunkes, Rodrigo Marques de Bem, Taís Lima, Tiéle Almeida Abreu, Yuri Nascimento. Arte da capa: Gustavo de Souza Carvalho Impressão: Gráfica Editora Pallotti Tiragem: 500 exemplares
Escolha o seu caminho: 4
Música
Insetos operários do rock
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Esportes
Pernas pra que te quero Sustentabilidade
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Planejamento sustentável
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Gastronomia
Alternativas gastronômicas Meio-ambiente
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Aprendendo com a natureza
Educação
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Conheça a rede Universidade Nômade
Moda
A cidade cultura também faz moda
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Diversão
Baladas para todos os gostos
Revista Plural - 2012/I
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Revista Plural
MÚSICA 2012
Insetos operários do rock A Inseto Social se destaca na cena alternativa de Santa Maria
oucos trabalharam tanto pelo rock santa-mariense como essa galera. Coincidência ou não, o 1º de maio, dia do trabalhador, foi de ensaio para a Inseto Social. Reunidos no final de uma tarde gelada, sentados em frente ao estúdio K3, a banda falou sobre rock, viagens, e as tantas história vividas nos quase quinze anos de estrada. Foi ali, tomando chimarrão e comendo os chocolates que foram presenteados pelo “Seu” Edgar, proprietário do local, que a banda mostrou uma humildade ímpar. Com muita naturalidade as lembranças começaram a aparecer, e foi sem respeitar ordem cronológica que Flamarion, Rogério e Vitor soltaram o verbo em todas as suas formas e variações. É bem verdade que os cabelos já não são aqueles pintados com tinta laranja de 98, época em que a banda começou; em seu lugar, cabelos bem aparados e muita experiência acumulada. Este é Flamarion Ferraz, 34 anos, vocalista e guitarrista da Inseto. Foi ele que recebeu as ligações de nossa reportagem e abriu o portão para dois estudantes de jornalismo en-
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FOTOS: DIVULGAÇÃO INSETOSOCIALSM.BLOGSPOT.COM.BR
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A Inseto Social faz o show de abertura da banda Dead Fish em 2010
tenderem um pouco mais da história de um gênero musical que ajuda a contar algumas histórias de uma cidade universitária. Pode parecer estranho num primeiro momento, e é certo que pouca gente sabe, mas essa galera já foi bem longe, não apenas quando o papo são os quilômetros percorridos, mas também quando o assunto é o que fez, com quem tocou... Logo lá no início, quando eles
não sabiam se iriam emplacar, já era vez de dividir o palco com Barão Vermelho e Charlie Brown Jr.; foi no festival Skol Rock, em Florianópolis. O baterista Rogério Fenalti, 31 anos, conta que era inusitado ver de perto os caras que até então estavam apenas dentro da TV, em capas de disco ou no FM do radinho. “Eles cruzavam na nossa frente!” diz o ex-cabeludo, agora gerente de uma loja de discos.
Flamarion, Rogério e Vitor soltaram o verbo em todas as suas variações
Logo depois, um outro festival estaria no caminho da banda. E olha que o caminho foi longo, suado e bem demorado. A frase “mas é longe Uruguaiana” poderia ser facilmente mudada para “mas é longe o Planeta Atlântida”. Em 2001 a galera da Inseto resolveu que iria a pé para o maior festival de música jovem do sul do Brasil. Foi então que a banda, ainda em sua primeira formação, colocou o pé na estrada e foi andando, feito formiguinha, de Santa Maria até Capão da Canoa. Já que a jornada seria feita, os músicos resolveram dar visibilidade a aquela que todos diziam ser uma loucura. Procuraram a rádio Atlântida, que gostou da ideia e começou a colocar os andarilhos “no ar” dia sim, dia não. Foi assim que eles contaram como era dormir num canto frio, acordar com a buzina de um caminhão, e foi dessa forma também, que a banda garantiu presença no palco paralelo do Planeta, e tiveram que recuperar as carinhas, pois foram convidados para dar entrevista na TV COM. Ao lado de Pato Fú, Ultraje a Rigor, Comunidade Nin Jitsu, Nenhum de Nós, Cidadão Quem e tantas outras bandas, a Inseto levantou o volume das guitarras, e cantou bem alto o som daquela que foi a primeira banda de Santa Maria a tocar no Planeta Atlântida. Vitor Vareiro, 27 anos, ficou sabendo de tudo isso sentado no sofá de casa. Ele conhecia a Inseto, mas ainda não sabia que um dia seria o dono dos
Da esq. para a dir.: Flamarion Ferraz (voz e violão), Vitor Vareiro (baixo, violão e voz) e RogérioFenalti (bateria)
graves da banda. Foi em 2004 que o caçula do grupo vestiu o baixo. De lá pra cá ele não saiu mais dali. A cozinha da banda tinha um novo ingrediente. Vitor entrou a tempo de testar seu portunhol, em 2007, na cidade de Posadas, cidade argentina que tem um dos mais tradicionais festivais de rock alternativo da América Latina. Ao longo de todos os quase quinze anos de música a Inseto lançou três CDs, fez shows em uma porção de cidades e possui um público fiel, que acompanha o trabalho desde o princípio. Sentar em frente a galera de uma banda que tem história pra contar pode arregalar os olhos e provocar boas risadas. Esse é o sentimento que se tem ao ouvir as histórias contadas pelo trio que se orgulha do som que faz e tem o maior respeito pela galera que curte ouvi-los. Texto: Déverson Martélli e Fabiano Oliveira.
Inseto na rede Entre em contato com a Inseto Social através dos seguintes endereços: Facebook
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twitter.com/ insetosocial
Blog
insetosocialsm. blogspot.com
Capa do primeiro CD da banda
Diagramação: Déverson Martélli. Revista Plural - 2012/I
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Pernas pra que te quero
Revista Plural
ESPORTES 2012
Muito mais do que uma caminhada, o trekking é um exercício para o corpo e a mente
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ocê procura algo novo que desafie seus limites? Que tal conhecer uma atividade diferente, que faz um mix entre esporte e lazer? Que tal conhecer o trekking e encontrar a alternativa certa para você? Para quem pratica o trekking ele é muito mais do que um esporte, mais do que uma atividade física. O trekking é uma forma de lazer, de entrar em contato com a natureza e, ao mesmo tempo, com o coletivo. Como as caminhadas são realizadas em grupo, cada participante aprende a conviver com o tempo de cada um, com a resistência de cada integrante. O respeito com o meio ambiente e as pessoas que estão inseridas nele são características fortes da atividade, facilmente assimiladas ao longo do trajeto. Todos os participantes trabalham em conjunto para o cumprimento da jornada, ajudando uns aos outros nos locais de maior dificuldade na travessia. Após o término da caminhada a sensação é de pura adrenalina e liberdade, pois ao ver todo o percurso que foi feito a pé e, principalmente, para quem nunca reali-
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zou a atividade e se julgava incapaz de percorrer tantos quilômetros com suas próprias pernas, o cansaço perde espaço para a combinação de euforia e satisfação. Da África para o mundo! A palavra trek tem origem na língua africâner. O verbo trekkin significa migrar. A expressão também foi absorvida pela língua inglesa, e passou a designar longas caminhadas exploratórias realizadas em direção ao interior de continentes. Atualmente, a palavra também é utilizada em português e significa TAIS LIMA
fazer caminhadas em trilhas naturais em busca de lugares interessantes para conhecer. Em Santa Maria existe um clube de Trekking há cinco anos. O fundador é o empresário Tiago Korb, que pratica esta atividade há 11 anos. Em janeiro deste ano Tiago foi para mais uma de suas viagens exploratórias, ele embarcou para o Chile e percorreu 266 km apenas com uma mochila nas costas. No clube são realizados em média dois encontros por semana, geralmente nos sábados e domingos. Em 2011 foram feitas 104 caminhadas exploratórias em 52 finais de semana. Em média é um instrutor para cada 20 pessoas, para garantir a segurança do grupo. Como as caminhadas são longas e cheias de desafios, como subir montanhas e atravessar o meio da mata, é necessário ter uma atenção redobrada com os participantes, tanto na questão de segurança (olhar atento para ninguém se perder) e saúde (cada instrutor carrega um kit de primeiros socorros).
Trekking Trilheiros a caminho do Morro do Platô
TAIS LIMA
Trekking
A faixa etária do grupo é bem pretende continuar fazendo as cavariada. Tiago revela que o gruminhadas pelo menos duas vezes Forma de lazer, contato po de trekking é composto por por mês. com a natureza e trabaho 60% de mulheres e 40% de hoO trekking permite que quem em grupo. Isso é Trekking mens, “apesar dos homens tenão tem tempo para fazer atividarem mais força física, as mulhedes físicas diárias possa, no final de res tem mais resistência e ânimo para realizar o semana, extravasar o estresse do cotidiano e, ao percurso”, afirma Tiago. mesmo tempo, cuidar da saúde. Luana Grivot, estagiária há dois meses no CluTiago revela que, em média, em uma caminhabe de Trekking como acadêmica de Turismo, con- da de 16 km é gasto de 1200 a 1500 calorias, “a ta que fazia tempo que sentia a necessidade de perda de calorias depende do metabolismo de fazer uma atividade física, “eu queria fazer uma cada um, mas a média é de 1200 para mulheres e atividade, mas não me imagino trancada dentro 1500 para homens”, completa Tiago. de uma academia, e fazer trekking me permite ter contato com a natureza além de estar sempre coDepoimento da repórter Tais Lima: nhecendo novas pessoas”, descreveu Luana. Para realizar esta reportagem estive presente em O farmacêutico da Brigada Militar, Ariberto uma trilha de 16 km, saindo do calçadão de Santa Sendtko, pratica a atividade há dois anos, e diz Maria e indo em direção ao Morro do Platô. Não “eu chego em casa cansado, podre, mas com a tenho dúvidas de que realmente esta é uma expecabeça zerada”, e ainda completa, “essa atividariência incrível e, assim como muitos que particide cria uma endorfina, que parece que o final de pam do clube de trekking, quero repetir a experisemana que você não faz, falta alguma coisa”. ência. Além dos novos amigos de percurso, ainda Para os iniciantes, a trilha é uma surpresa e pude desfrutar das belas imagens de nossa cidade. muitos chegam a acreditar que não vão aguentar Em um momento, o instrutor, Tiago, disse que “as o trajeto. Principalmente quem não é acostumapessoas não imaginam quantos cenários maravido a realizar nenhum tipo de exercício. “Minha lhosos temos em Santa Maria”, e eu confirmo. Não expectativa era que não aguentaria, mas graças à precisamos ir longe em busca de belas imagens e de parceria dos colegas que também eram marinheinovas sensações, às vezes só precisamos nos avenros de primeira viagem, como eu, conseguimos turar mais e provar de outras alternativas. completar todo o percurso, contemplando uma linda paisagem e nos divertindo muito”, relatou a acadêmica de Física Médica, Julia Grasel, que Continua >> Revista Plural - 2012/I
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TAIS LIMA
Trekking Clube realiza trilhas há cinco anos em Santa Maria
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Revista Plural - 2012/I
E as trilhas de jeep? Sim, tornaram-se opções também. A galera apaixonada por Jeeps, sujeira e lama uniu-se em 1997 para concretizar este amor e resolveu criar o Jeep Clube Pé na Lama de São Luiz Gonzaga, cidade que fica a 285 km de Santa Maria. Um de seus participantes, Paulo Domingues, nos contou de onde e como surgiu a idéia de iniciar esse esporte. “Tínhamos uma rural de herança do meu sogro e em uma tarde, depois de um dia chuvoso, chamamos um amigo que tinha um jeep, saímos entre cinco ou seis numa estrada de chão e fizemos um trajeto. Daí surgiu a ideia de fazer um grupo para passear no barro”, afirmou. A partir dai, com o passar do tempo, o grupo foi aumentando o número de participantes não só da cidade, mas de outras espalhadas pelo Rio Grande do Sul. “Surgiram outros interessados com outros jeeps, outras cidades também tinham jeepeiros e fomos nos falando e promovendo trilhas e eventos. Quando convidávamos, eles participavam, depois nos comprometíamos de ir na cidade deles e assim fomos aumentando o número de interessados no esporte. Hoje são várias cidades com grupos de fanáticos pelas trilhas de 4x4.”, conta Paulo. O Pé na Lama organiza dois eventos: a trilha da Meia Noite e a trilha do Batom. A trilha da Meia Noite, como o próprio nome indica, inicia ao soar das 12 badaladas do relógio, normalmente no final de janeiro e termina no amanhecer do dia seguinte. Eles já conseguiram juntar 151 jeepeiros de várias cidades do estado.
FOTO - INEMA.COM.BR
Jeep Clube Jeep de Paulo Domingues em ação FOTO - INEMA.COM.BR
E não pense que as mulheres ficam fora dessas aventuras. A trilha do Batom é outro evento, organizado por eles, na qual as mulheres pilotam as máquinas e os homens apenas auxiliavam na hora de tirar os jeeps da lama. Izaura Domingues, uma das participantes, explicou a emoção de quem tem oportunidade de participar, “Nos divertimos muito participando dessa aventura toda, damos muitas risadas, compartilhamos de outras experiências com as outras jeepeiras e é ótimo termos essa chance de pilotar os jeeps, é uma emoção muito grande, ainda mais pra quem é apaixonada por isso, como eu”. E aí, gostaria de participar? Paulo explica como é o processo, “Quando mais alguém quer entrar no grupo acontece uma janta, o interessado manda um pedido de adesão por escrito e é votado por todos se aceitam ou não. Sendo aceito, na primeira trilha acontece o batizado e o novo jeepeiro toma um banho no barro, empurrado pelos colegas de ‘jeepiada’.” Outras informações no site: http://inema.com.br Texto: Tais Lima e Yuri Nascimento Diagramação: Yuri Nascimento
Jeep Clube Galera fanática por jeeps e adrenalina Revista Plural - 2012/I
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Revista Plural SUSTENTABILIDADE
2012
Planejamento sustentável GUILHERME BENADUCE
Alternativas planejadas para uma casa sustentável
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ma ideia alternativa e criativa. É assim que Afrânio Almir Righes se apropriou de energias renováveis e reaproveitamento da água para ajudar a natureza. O professor da Unifra e Chefe do Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais usa essas opções para estar de bem com o planeta. Diante da busca por preservar o meio ambiente, pode-se perceber que temos formas de tornar nossa casa mais sustentável. Algumas dessas maneiras são através da utilização de tijolos ecológicos, ecotelhados, coletores de
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Painel Solar Painel solar que capta a energia solar e aquece a água da casa
água e painéis solares. Ideias fáceis, econômicas, que ajudam o meio ambiente e ainda economizam dinheiro. Captação de água para reutilização Essas alternativas são bem vindas à casa de Almir Rigues há cerca de 20 anos. O professor já pensava na época em ser cuidadoso com o meio ambiente. Foi então que
construiu na sua propriedade um sistema com canalizações embaixo da terra para captar água da chuva e levá-la até um açude construído para esse fim. Todo entorno da casa possui coletores de água, para que quando chova, o líquido que não infiltrou no solo e o que escorre pela calha possa cair nos captadores e assim, manter cheio o açude onde cria peixes de três espécies. Energia renovável A construção também possui painéis solares com oito placas que convertem a luz
GUILHERME BENADUCE
solar em energia, usada na casa para aquecer uma das caixas de água potável de uso doméstico. As placas solares são utilizadas para armazenar energia sustentável, gerando assim uma economia na conta de luz no fim do mês. Righes trabalha com o meio acadêmico e ambiental desde 1969 e, por isso, resolveu adotar esses meios sustentáveis. Ele ressalta a facilidade de instalar nas casas estruturas que ajudem o meio ambiente. Mas, para que isso seja possível, é necessário planejamento antes da construção. Desde o começo da obra, uma das preocupações dele foi em reaproveitar, recolhendo a água que ia para a rua e causava problemas para a cidade. “Recolhendo essa água eu ajudo a não provocar enchentes ou alagamentos.”, conclui o professor. A mensagem que fica é da importância de fazer algo pelo meio ambiente, o que não é de hoje. Assim como o exemplo dado nessa reportagem, outras alternativas são possíveis. Pense, pesquise e encontre a sua maneira de colaborar.
Texto e diagramação: Nayara Lunkes
Coletores Coletores de água da chuva canalizados até o açude da casa.
Saiba mais sobre materiais que ajudam o meio ambiente Painéis solares: os painéis solares fotovoltaicos são dispositivos que servem para converter energia solar em energia elétrica. Tijolos ecológicos: tijolo de solo, cimento, BTC (bloco de terra comprimida). Em sua fabricação não é usado qualquer tipo de material que degrade o meio ambiente. Ecotelhados: são jardins suspensos conhecidos também como telhado verde. Podem ser feitos com grama ou plantas. Traz conforto térmico, acústico e estético. Coletores de água: são tubulações interligadas que captam a água em um reservatório para converter energia solar em energia elétrica. Revista Plural - 2012/I 11
Revista Plural
GASTRONOMIA 2012
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o momento em que bate a fome as alternativas são inúmeras. Ir a um restaurante ou optar por um lanche. Preparar em casa ou pedir uma tele-entrega. Quais são as opções a disposição em Santa Maria? Quais são algumas das alternativas gastronômicas que a cidade dispõe aos diferentes públicos, gostos e interesses? Lanches, almoços e jantares: faça sua opção de hoje O empresário Roberto de Albuquerque afirma que o município possui opções variadas, mas que peca em alguns aspectos: “Santa Maria possui locais onde se pode comer comida chinesa, japonesa e até indiana, se você procurar bem. O problema é que são poucos os locais. Se eu for comer um tipo de comida, eu me restrinjo a um só local, por que não há outro. A cidade é virada em xis, pastel e pizza. Não que seja ruim, mas se eu quero comer uma boa massa, para onde é que eu vou?“. Albuquerque pode encontrar na Casa Di Cassia Restaurante ou na Bella Trento Restaurante e Pizzaria os pratos para saciar sua fome. São oferecidas massas com diferentes molhos, como o de tomate ou pesto. Além disso, há várias opções de pizzas. Se a preferência é por lanches, Albuquerque já confirma que em Santa Maria isso é o que não falta. Além dos diversos trailers espalhados pela cidade, há opções de refeições completas e lanches rápidos.
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Vegetariana Agrada aqueles que gostam do verde
Alternativas gastronômicas Da italiana à japonesa, Santa Maria tem opções
Santa Maria tem opções de massas
Para algo rápido, com certa variedade, o McDonald’s pode ser sua escolha. Se a ideia é comer algo natural, o Subway oferece diversos sanduíches. Agora, se fast food não é a preferência, e o interesse é em algo mais próximo daqui, o Pancho Villa oferece cachorros-quentes (os “panchos”) com diversos molhos e condimentos. Que tal experimentar comida oriental? Além de hambúrgueres, sanduíches e cachorros-quentes, no que diz respeito a lanches rápidos, existe a opção de comida chinesa, que é oferecida pelo Beijing Chinese Fast Food, buffet de culinária chinesa com diversos petiscos. Santa Maria conta também com restaurantes profissionais que oferecem comida japonesa. Por exemplo, o Sushi By San é encabeçado por uma SushiWoman que inova na culinária japonesa local. São várias culturas a disposição de Santa Maria através da culinária.
quando ouve falar em comida vegetariana. Acredita que não tem gosto e não satisfaz. Mas há diferentes saladas, molhos, refogados e maneiras de preparar os alimentos que os tornam deliciosos. “Apesar de ter alguns restaurantes vegetarianos, e outros terem opções vegetarianas, ainda são muito poucos. Há a alternativa sim, mas não são tantas quanto poderiam“, relata Volnei Kanopf, músico e vegetariano. As opções são limitadas, porém há um restaurante dedicado à culinária vegetariana, e seu nome é Astro Verde. Aqueles que buscam uma alimentação saudável e balanceada podem encontrar nele o que procuram, e isso é estimulado pelos nutricionistas. “É importante que as pessoas tenham um interesse maior na alimentação. É um cuidado que temos com o nosso corpo. Se comermos demais ou de menos, o debilitamos. Dessa forma, é adequado, por exemplo, comer de três em três horas e não exagerar no sal ou no açúcar. Vale lembrar que existe uma pirâmide alimentar e nela é mostrada qual seria o consumo ideal”, afirma Nádia Fernandes, nutricionista. Para quem quiser se aventurar na cozinha, o Feirão Colonial em Santa Maria, que ocorre todas as semanas no Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, oferece alimentos produzidos por agricultores da região (frutas, legumes e queijos, por exemplo). Lá são comercializados pratos prontos, e também tem barracas gastronômicas, com opções de lanches e doces.
“Há altertiva sim, mas ainda não são tantas quanto poderiam”
O verde e o equilibrado com endereços certos Tem gente que torce o nariz
Continua >>
Para quem quer sair do usual, comida japonesa é uma opção
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Pratos verdes Saudáveis e gostosos
Alternativas para um prato barato, saudável e sem desperdícios Se você busca essa opção, saiba que a sua alternativa gastronômica é a gastronomia alternativa. O nome é dado em um cenário de contradição. De acordo com a pesquisa realizada pelo IBGE em 2010, aproximadamente 11,2 milhões de brasileiros passam fome. Por outro lado, a estatística da Fundação Getúlio Vargas de 2011 revela que cerca de 26,3 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo todo ano. E segundo uma pesquisa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) do mesmo ano, 14 milhões são frutas, hortaliças e grãos. Desperdício este que poderia diminuir a fome no país. A gastronomia alternativa é a principal opção em projetos que visam a reeducação alimentar, o aproveitamento integral de frutas e legumes, a redução de gastos e inclusive o acesso da população de baixa renda a uma refeição com todos os nutrientes necessários. O Restaurante Popular de Santa Maria é um exemplo de reaproveitamento integral dos alimentos. Nada é desperdiçado. Da laranja se faz o suco. Sua casca e a polpa dão sabor à sobremesa. Vanessa Medina, a nutricionista responsável, conta que inclusive a folha e o pedúnculo (ligação entre a folha e o caule) do brócolis é consumido. Os legumes são bem higienizados e in14 Revista Plural - 2012/I
geridos com casca. Muitas vezes os talos, as folhas e outras partes não despertam o apetite, mas neles estão escondidas grandes quantidades de fibras, minerais e vitaminas. Sem perder o sabor, o prato é montado de acordo com as necessidades de nosso organismo. E o melhor de tudo é o custo, quem quiser almoçar no restaurante paga só R$ 1,25. O comerciante Anderson Roes, Izair Garcia, aposentada, e o estudante Leandro Zimmer, que almoçavam no Restaurante Popular garantem que a comida, além de nutritiva, é muito gostosa. “Não faço comida em casa, então venho aqui. A comida é saudável, melhora a qualidade de vida”, relata Izair. Zimmer confirma: “A comida é muito boa, bem nutritiva e sadia”. Roes não discorda: “A comida é boa, balanceada, e conta com o trabalho de uma nutricionista”. Comida de qualidade, saudável e acessível, além, é claro, da garantia da própria clientela do local. Vale a pena conferir. E então? Vai comer o que hoje? Texto: Camila Joras e João Pedro Lamas Diagramação: João Pedro Lamas
Aprendendo com a natureza
Revista Plural
MEIO-AMBIENTE 2012
Uma viagem de férias na mata que se transformou em filosofia de vida ristina Cavasotto, que levava uma vida “normal”, como muitos de nós, com seus afazeres diários e sempre correndo atrás dos objetivos, em certo momento de sua vida parou e se perguntou: “qual a finalidade de tudo isso?”. Formada em Educação Física pela UFRGS em 1991, Cristina foi responsável por padronizar o sistema de atendimento de musculação na Associação Cristã de Moços (ACM) em Porto Alegre até 1999. Em sua trajetória como Coordenadora Técnica da ACM, fez mais de 9000 avaliações físicas e orientou mais de 600 pessoas. A ex-atleta, personal trainer e especialista em Gestão de Negócios, hoje dedica-se ao ensino dos benefícios e prazeres da atividade física. Cristina começou a desenvolver um programa de educação corporal há mais de 10 anos, após perceber que os resultados são mais eficientes quando a pessoa compreende o funcionamento do próprio corpo. A personal criou um método simples, baseado no entendimento do ser humano, adaptando os programas de exercícios a realidade de cada um, de maneira que mesmo não podendo ir à academia,
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
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Maquiné Município considerado o lugar mais verde do Rio Grande do Sul. É uma cidade litorânea, porém fora da orla marítima, do outro lado da BR-101, distante 135 km da capital Porto Alegre
ou ter acesso a um profissional, ela saiba o que e como fazer para manter-se saudável. Como consultora em marketing digital, desenvolve projetos transmedia (que é o transporte da informação para as múltiplas plataformas de comunicação) junto a veículos de comunicação online e mantém um blog que fala sobre saúde e estilo de vida. Dentre seus trabalhos, publicou artigos e textos pela Natura Ekos, nas revistas Centauro Sports Magazine e National Geographic.
Cris, como prefere ser chamada, nos recebeu em seu apartamento para contar um pouco sobre seu estilo de vida e algumas experiências. Durante a infância foi uma criança ativa e estimulada pela mãe a praticar exercícios. Sempre gostou de viajar e conheceu de perto a vida em uma aldeia Pataxó, durante uma viagem de férias a Porto Seguro, na Bahia, despertando uma filosofia de vida que segue até hoje. Depois desta viagem, que mudou sua forma de pensar, comprou um Continua >>
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indígena e aproveitei o período de férias em novembro de 1996. Fui até a aldeia Pataxó, uma reserva indígena, ao lado da cidade de Caraíva (Bahia), e gostei do estilo de vida daquela comunidade. Depois desta viagem fiquei impactada e aprendi a ver as coisas de uma maneira circular e não estanque. Após esta experiência, de Plural - Você passou um tem- voltar da Aldeia Pataxó a pé po vivendo na Mata Atlântica, até Trancoso, e ter pernoitado em Maquiné. Como e por que na casa de um pescador, volsurgiu a idéia de viver lá? tei decidida a tomar novos Em 1995 acumulei duas fun- rumos em minha vida. Enções, além de professora da contrei uma casa, em meio à ACM, aulas e avaliações seMata Atlântica, na cidade manais, coordenava a de Maquiné, onde vivi “Minha área da saúde que enpor dois anos. Neste globava o centro de alimentação período aprendi a musculação, artes fazer muitas coisas consiste em marciais, alongae viver um estilo de sementes, mento e o departavida mais simples, mento de avaliação legumes, frutas pleno e saudável. funcional. Sob miAprendi principale grãos” nha responsabilidade mente que nós somos direta estava a gerência privilegiados e não temos sobre orçamentos das ativida- a dimensão da riqueza que a des, sobre as pessoas, planeja- natureza nos proporciona. É mento e execução de projetos incrível como perdemos nossa e eventos. Tinha como 1° foco criatividade e nos tornamos o trabalho, comia em 15 minu- dependentes de dinheiro para tos, estava sedentária e quando fazer quase tudo. Na mata, me dei conta, estava em ritmo perdi parte dos meus medos, frenético assim como os outros desenvolvi minhas capacidades colegas. Via meus alunos de 35 e agucei os sentidos observando anos enfartando, pessoas jovens os animais. Descobri o quanto estressadas e acometidas pelo podemos, deixando os medos câncer muito cedo. Então parei de lado. e refleti: estou com 27 anos, teAprendi que cada ser tem nho carro, apartamento, dinhei- uma função e nós somos inro para fazer o que quiser, todos terdependentes. Humano não os planos dando certo, mas... sobrevive se não tiver árvore. qual a finalidade de tudo isso? Exemplificando, veja a imporQueria conhecer uma aldeia tância que a abelha possui no
Vida em harmonia com a natureza A preservação do meio ambiente, a preferência por uma alimentação saudável e o cuidado com os animais fazem parte da rotina de Cristina Cavasoto. 16 Revista Plural - 2012/I
CARLA TA VARES
sítio em Maquiné, considerado o lugar mais verde do RS. A personal afirma que não são necessárias muitas coisas para ser feliz, diz que o ser humano está no mundo para desfrutar de tudo de bom que a natureza nos proporciona, libertando-se um pouco do materialismo e buscando viver com qualidade.
meio ambiente, pois se ela não churrasco, mas evito comer executasse a sua função de poli- proteína animal. Bebo água, nizadora, não teríamos a rique- chimarrão e quando saio e não za de nossa flora e conseqüen- tem suco natural, bebo cocatemente a produção de -cola com limão e gelo. alimentos seria comprometida. Observei Plural – Quais “Sejam mais que a vida funciona exercícios físicos ativos e usem em polaridades, que pratica? positivo e negaPratico dança de mais seu corpo tivo, masculino e duas a três vezes durante todo feminino. Energia por semana, duda tormenta e enerrante trinta minutos. o dia” gia da calmaria, essas Quando danço entro energias que movem as em profunda conexão coisas. A sabedoria da vida é com meu eu interior. Faço exerfruto da profunda compreen- cícios localizados para fortalecer são e harmonia entre essas po- joelhos, panturrilhas, abdomilaridades/forças dentro de nós. nais, paravertebrais e etc.. Aos Aprendi a ver a vida sem o fil- finais de semana, adoro camitro do “ego” e me mover con- nhar, principalmente na mata, forme o universo. jogo frescobol na UFSM quando encontro parcerias e, eventualPlural – Como é a sua ali- mente, brinco de basquete com mentação? o pessoal do parque Itaimbé. Minha alimentação consiste em sementes, legumes, fruPlural - Em seu blog encontas e grãos. Aprecio um bom tramos muitas dicas de saúde.
Você poderia dar ao leitor uma dica geral para se manter saudável e em forma? Sejam mais ativos e usem mais seu corpo durante todo o dia. Que as pessoas não façam distinção entre o trabalho braçal e o intelectual. Várias pesquisas demonstram que o exercício estimula áreas cerebrais vizinhas às ativadas pelo exercício, inclusive há nascimento de novos neurônios – uma verdadeira musculação cerebral. Os exercícios físicos oxigenam as células, equilibram a produção hormonal e mantém os tecidos lubrificados e saudáveis. A dica perfeita é “comer o que passarinho come”- frutas, cereais e grãos. Quanto menos ingerirmos alimentos sintéticos, industrializados, maior é a garantia de consumir produtos de maior valor nutritivo. Texto: Carla Tavares e Luyany Beck Diagramação: Maiquel Machado
“Na mata, perdi parte dos meus medos, desenvolvi minhas capacidades e agucei os sentidos observando os animais.” Cristina Cavasoto
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Revista Plural
MODA 2012
A cidade cultura também faz moda
Santa Maria é a cidade do comércio. São diversas lojas que comercializam roupas e acessórios para todos os gostos e bolsos. Mas a cidade também produz moda? E moda alternativa?
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rtesanato, brechó, feiras de troca, grifes alternativas, blogs. O que tudo isso tem em comum? Estas são formas de fazer moda. Afinal, fora dos grandes centros, das semanas
É feito de pano e com carinho A estudante do 7° semestre de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra) Bruna Pozzobon assina a marca “É de Pano!” desde 2008, quando achou acessórios – chinelos, pulseiras e presilhas – na internet e resolveu criar coisas com o seu estilo. “Acabei criando, produzindo e vendendo para amigas, colegas e abrindo uma lojinha online, onde a produção sempre foi aumentando. Hoje, além de acessórios confecciono algumas peças de roupas”, relata.
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de Milão, Paris e São Paulo e das grifes super famosas também se faz moda de qualidade. A moda está em todos os lugares e acontece todo o tempo.
Bruna ainda conta que se atualiza nas tendências para produzir, através da internet, cinema e música. “Procuro enquadrar a marca na atualidade e crio algumas peças, baseadas numa mistura de estilos, retrô, romântico... E vou atrás de tecidos para a execução dos produtos”, explica ela, que também diz que aposta em roupas com identidade, peças customizadas, buscando mesclar estilos do passado e atuais. Ela ressalta a importância da internet como principal ferramenta de divulgação do seu trabalho. “Tenho loja online, twitter, flickr, blog e página no facebook da marca. Procuro sempre atualizar quando compro novos materiais, dou início às novidades ou lanço novas peças. A repercussão é sempre muito boa”. Os produtos da Bruna podem ser encontrados no site da marca www.ehdepano.com.br ou pelo e-mail contato@ehdepano.com.br
Confecção Bruna confecciona suas peças na máquina de costura, em seu ateliê
Loja Virtual Bruna divulga seu trabalho através de uma loja online e das redes sociais
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Feira de Múltiplas Artes O evento é um encontro entre artesanato, artes visuais e moda. Na feira podemos encontrar produtos feitos por artesãos, com lã, linha, tecido e também muitos objetos para decoração. O encontro reúne artesãos, que produzem acessórios com tecido, lãs e patchwork. Também possui brechó com diversas opções de roupas, sapatos e acessórios. Além disso, o espaço proporciona música ao vivo para “embalar” as compras. Onde: na Gare da Viação Férrea, no final da Av. Rio Branco. Quando: domingos, das 13h às 18h Quer saber mais sobre o evento? Entre em contato com o gabinete do prefeito, através do fone 3921-7051.
Onde: no pátio do Museu de Artes de Santa Maria (MASM). Quando: nos primeiros sábados de cada mês. Mais informações sobre o evento com a Secretaria de Cultura do município através do fone: 3217-2395 Revista Plural - 2012/I 19
O luxo da roupa usada Outra opção para quem procura a moda alternativa na cidade são os brechós. No poema de Machado de Assis “Ideias de Canário”, o personagem diz que “No princípio do mês passado, — disse ele, — indo por uma rua, sucedeu que um tílburi à disparada, quase me atirou ao chão. Escapei saltando para dentro de uma loja de belchior. A loja era escura, atulhada das cousas velhas, tortas, rotas, enxovalhadas, enferrujadas que de ordinário se acham em tais casas, tudo naquela meia desordem própria do negócio”. Belchior era o nome que se dava para esse tipo de estabelecimento comercial, que vendia coisas “velhas e usadas”. Mas a realidade dos brechós hoje em dia é bem diferente. Há produtos de qualidade, seminovos ou novos, acessórios, bolsas e sapatos. A ideia em um brechó é garimpar. A Garagem Mix Brechó é este tipo de comércio que vende roupas usadas, mas com luxo, em um espaço que nada lembra o belchior de Machado de Assis.
Espaço
A Garagem Mix Brechó é um espaço luxuoso
Confecção Há muitas roupas seminovas com descontos de até 80% do preço de mercado
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A gerente Sabrina Dutra explica que o espaço funciona com um sistema fixo de fornecedoras e que só recebe peças de boa qualidade. “Temos calças de marca, por exemplo, com desconto de 80% do preço de mercado”, lembra ela. Sabrina ainda diz que a loja é muito procurada para compra e venda de roupas e que muitas pessoas se surpreendem ao ver produtos de boa qualidade e modernos com preço tão baixo. A esteticista Camila Portela frequenta a Garagem Mix há dois anos e conta que sempre que sai do trabalho passa no local para conferir as novidades. “A loja tem roupas novas, muito mais baratas e super modernas. Hoje mesmo comprei um vestido de festa e uma bota por menos de R$ 100”, relata.
Moda na web Moda, beleza, maquiagem e literatura. Que mulher não gosta de tudo isso? A blogueira santa-mariense Paula Pfeifer aborda esses assunto no seu blog, o Sweetest Person. Ele existe desde 2007 e é sucesso na rede. Ela conta que o blog foi crescendo aos poucos, o que permitiu conhecer muitas pessoas cujo trabalho ela admirava e também trabalhar com essas pessoas. “A maior lição de todas foi aprender que as pessoas mais incríveis e bem sucedidas são as mais simples e acessíveis”, conta. Ela ainda relata que com a explosão da blogosfera o ego acabou subindo à cabeça de alguns. Mas, para ela, a melhor coisa a respeito do Sweetest Person foi que através da popularidade dele tomou coragem para criar o Crônicas da Surdez – outro blog assinado pela santa-mariense. Para Paula a moda em Santa Maria ainda está presa ao passado. “Isso me choca, afinal, somos uma cidade universitária cheia de jovens criativos. Acho que falta ousadia da parte de quem está envolvido com criação de moda aqui - as pessoas estão completamente entediadas do ‘mais do mesmo’.”, lamenta. Ela ressalta que talvez as próprias universidades pudessem dar esse incentivo, realizando eventos diferentes, trazendo para cá mentes pensantes que estão em evidência, dando oportunidade a quem tem talento e quebrando essa ‘hegemonia’ do vamos-continuar-exatamente-assim que impera por aqui. “O consumidor mudou, as cabeças mudaram”, diz ela. Sobre a internet como meio de difundir informações, Paula acha que é muito democrático, mas é também terra-de-ninguém. “Ela deu voz a pessoas que, sem esse meio, talvez nunca fossem ouvidas. Acho que o mundo hoje é digital, embora algumas pessoas e meios de comunicação ainda relutem em aceitar o fato”, fala.
A blogueira acredita que tudo acontece online e numa rapidez assustadora, e que chega a ser até complicado assimilar tanta informação. “Talvez as pessoas não absorvam muito do que leem, mas o que importa é que o mundo hoje está a um clique do mouse e só não tem informação quem não quer”. A blogueira escreve sobre moda, beleza e posta textos que ela escreve sobre diversos assuntos. Ela conta que a política do blog é simples. “aquilo que não gosto, não entra no Sweetest”, finaliza. Para quem procura moda alternativa de forma barata e acessível, uma boa opção é participar das feiras fixas que acontecem em Santa Maria. Confira na página 19 e programa-se. Texto: Marinna Sellmer Diagramação: Daiane Tonato Spiazzi
Blog da Paula Confira o blog no endereço: www.sweetestpersonblog.com
Revista Plural - 2012/I 21
Revista Plural
EDUCAÇÃO 2012
Conheça a rede Universidade Nômade Autores e pesquisadores de todo mundo compartilhando conhecimento
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m tempos de mundo sem fronteiras, compartilhamento de informações e relações virtuais, surge um novo conceito em produção e difusão do conhecimento: a rede Universidade Nômade. A palavra universidade tem origem do latim ‘universitate’ e significa universalidade, totalidade, conjunto, corporação, comunidade. Nômade nos remete àquilo que transita constantemente, que não tem um lugar fixo. A Universidade Nômade é uma rede de movimentos que pode ser conceituada como
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uma comunidade composta de núcleos de professores, pensadores, escritores e grupos de pesquisas que promovem e difundem conhecimento, discussões e debates sobre os mais diferentes temas da sociedade moderna. A ideia é pensar e formar uma Universidade que produz um conhecimento nômade, ou seja, sem um local fixo de origem, mas sim, composto por vários núcleos, em vários países, que movimentam por todo o mundo as discussões e a produção de conhecimento. A rede busca
diminuir a distância que separa a produção intelectual e o trabalho acadêmico do trabalhador comum. Sabe-se o quanto demora ou é difícil o conhecimento cientifico, produzido na academia, chegar ao alcance do povo. A Universidade Nômade coloca a produção do conhecimento em ligação direta com o trabalho de resistência, dos movimentos sociais múltiplos, promovendo discussões e questionamentos sobre os aparelhos estatais e corporativos, da desigualdade social e racial.
O início da Universidade Nômade No fim da década de 90 surge o movimento. Um grupo de pensadores e autores começam a traduzir seus textos para diversas línguas e passam a trocar material, socializando sua produção intelectual com outras pessoas, de outras nacionalidades. Por isso, o conceito “nômade”. Todas essas pessoas tinham em comum uma percepção do momento, de potencializar a exuberância e a proliferação da vida. Logo depois do surgimento, começam as publicações de materiais. Artigos, revistas e livros são publicados por várias mãos. O carro chefe da rede Universidade Nômade é a publicação de revistas. É através delas que o movimento difunde sua produção. No Brasil são duas edições: Lugar Comum e Global Brasil. Na França são pelo menos quatro publicações. Na Espanha outras quatro, na Itália seis e assim, tudo aquilo que eles pensam são difundidos e socializados com todo mundo. No Brasil, a revista Lugar Comum é produzida em parceria com o curso de comunicação social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), já a revista Global Brasil é subsidiada pelo Ministério da Cultura. O material produzido, tanto em forma de artigos, revistas ou livros, é difundido através do site da Universidade Nômade – www. uninomade.net – e, principalmente, trocado entre os integrantes da rede, dos mais diferentes lugares do mundo. Este na verdade é o fundamento básico da rede.
“A rede procura difundir um pensamento inovador, contra o derrotismo dos pensadores atuais, com a iniciativa de desarmar o poder e afirmar alternativas”
Principais autores da U-Nômade Antonio Negri, também conhecido como Toni Negri, é um filósofo político marxista italiano. Tradutor dos escritos de Filosofia do Direito de Hegel, tornou-se conhecido no meio universitário sobretudo por seu trabalho sobre Espinosa, mas sua atividade acadêmica sempre foi intimamente ligada à atividade política. Maurizio Lazzarato é um sociólogo e filósofo italiano residente em Paris, onde desenvolve pesquisas sobre a ontologia do trabalho, biopolítica, trabalho imaterial e capitalismo cognitivo. Giuseppe Mario Cocco, pesquisador italiano, é professor titular da ESS – UFRJ, Doutor em História Social pela Université de Paris I - Sorbonne Paolo Virno é um filósofo e semiólogo italiano de orientação marxista. Envolvido nos movimentos sociais dos anos 1960 e 1970, foi preso em 1979, acusado de pertencer às Brigadas Vermelhas. Passou vários anos na prisão antes de ser finalmente absolvido e começou a escrever para dar expressão às idéias políticas desenvolvidas no período que passou encarcerado. Atualmente, é professor na Universidade de Cosenza.
Leonardo Retamoso Palma Revista Plural - 2012/I 23
Santa Maria como precursora da U-Nômade A cidade de Santa Maria é considerada um dos berços da Rede Universidade Nômade no Brasil. Ao mesmo tempo em que surge o movimento na Itália, o santa-mariense Leonardo Retamoso Palma forma uma rede de distribuição de materiais, a qual ele batizou de U-nômadeSM. A U-nômadeSM era composta por pessoas ligadas e interessadas nas mesmas ideologias que recebiam e trocavam materiais, traduzindo-os para diferentes línguas, assim difundindo e socializando seus conhecimentos. Não demorou muito para Palma conhecer alguns membros europeus e após isso, incorporar a U-nômade de Santa Maria à Rede Universidade Nômade Mundial. Leonardo integrou o grupos de pensadores e pesquisadores do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e formou o braço brasileiro da rede. Texto: Alexandre de Grandi e Augusto Gutierres O santa-mariense Leonardo Palma, um dos Diagramação: Alexandre de Grandi fundadores da Universidade Nômade no Brasil
Entrevista com Leonardo Retamoso Palma PLURAL: Quando começou o trabalho da Universidade Nômade no Brasil? Leonardo: De 1999 a 2002 ele começou a se estruturar; a Rede Universidade Nômade no Brasil, na América Latina, na Itália, na Espanha. Hoje a Universidade Nômade está se espalhando pelo mundo, através do trabalho de vários filósofos, artistas e pensadores contemporâneos. Como se estruturou a Universidade Nômade? A ideia de Universidade Nômade nasceu a partir de um cadastro que eu tinha de diversas pessoas, 24 Revista Plural - 2012/I
para que pudéssemos trocar informações, como publicações de campanhas sobre temas sociais, tradução de livros e pesquisas. Nessa época eu chamava de U-Nômade, e esse cadastro funcionou como precursor da universidade, pois várias pessoas que constavam nele hoje fazem parte da rede nômade. Como você se liga na Universidade Nômade? A partir do próprio trabalho de tradução de textos, e dos encontros onde as pessoas acabam se conhecendo em torno de temas, de acontecimentos políticos. Em um encontro,
conheci as pessoas que formaram a Universidade Nômade na Itália e na França e já moravam há anos no Brasil. Onde a produção da Rede Nômade se torna acessível ao grande público? O nosso carro chefe é a publicação de revistas, tudo aquilo que a gente pensa, todo o trabalho de pesquisas, todos os seminários são expostos nessas publicações. No Brasil temos duas revistas, a Global Brasil e a Lugar Comum publicada junto com o curso de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Baladas para todos os gostos
Revista Plural
DIVERSÃO 2012
Conheça alternativas da noite santa-mariense anta Maria, “cidade coração do Rio Grande” tem uma característica muito interessante quando o assunto é lazer. Pode ser considerado um lugar cosmopolita, pela diversidade de pessoas que aqui habitam. Por concentrar a Universidade Federal (UFSM), instituições de ensino superior privado, vários quartéis que formam um pólo militar e também um comércio muito forte que funciona como centro de compras para toda a região central do estado, é vista como uma cidade que comporta um vasto repertório de entretenimento. Alguns empresários resolveram investir em bares e boates com o intuito de atingir o público jovem. Existem bares para todo o tipo de público e bolso. Muitos destes locais também funcionam como restaurantes e oferecem uma variedade muito grande na área da alimentação. Em resumo, estes lugares têm como objetivo “ganhar” o cliente, oferecendo dois tipos de produtos: diversão e boa gastronomia.
FOTOS: RODRIGO DE BEM E JOÃO DAVID
S
Acima: camisa da Seleção Brasileira faz parte da decoração do bar Zeppelin. Ao lado: quadro dos Beatles também compõe a decoração
belecido em 2006, o bar manteve a idéia de conciliar música de qualidade, que passa pelo rock, jazz, blues e, o mais importante, bom atendimento. O nome do bar é inspirado na banda de rock britânica Led Zeppelin, que fez grande sucesso na década de 70. O outro motivo pela escolha do nome é o tipo de som predominante tocado no ambiente. Rock ‘N’ Roll O lugar é inspirado nos Neste “mapa das baladas” pub’s ingleses com música alguns bares se destacam por ao vivo, conforme afirmam motivos diversos. os proprietários Marcelo da Um deles é o Zeppelin, esta- Cunha e Mila Rios. O local
também oferece diversas marcas de cervejas e saborosos petiscos. Ao entrar no estabelecimento, o cliente logo encontra um mobiliário com cores sóbrias, mesas e cadeiras em tom escuro e uma iluminação que deixa o espaço na penumbra. Ao fundo do salão encontra-se um balcão arredondado com uma máquina de chopp, de onde são servidas tulipas com o líquido de cor dourada e um colarinho branco, dando um charme à bebida. A decoração é composta por quadros de bandas famosas, como os Continua >>
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Beatles, além de quadros pintados à mão. Um dos objetos que chama a atenção é uma camisa da seleção brasileira de futebol de 2002, autografada por todos os jogadores. Há um ano, os proprietários entraram com uma proposta inovadora. Toda a terça-feira acontece a “Noite do Toca Disco”, uma tremenda sacada que agradou a clientela. Como o próprio nome diz, é uma oportunidade dos freqüentadores curtirem a música que vem do saudoso LP. No bar há um acervo com diversos discos de rock, blues e jazz para o público es-
colher o que vai tocar na vitrola, mas se algum cliente quiser levar o seu LP, não tem problema nenhum, uma vez que se enquadre na mesma linha musical que toca no estabelecimento. Segundo Cunha, o diferencial do pub é a sua grande variedade de cervejas e o ambiente bacana que não superlota: “Temos de 40 a 50 marcas de cerveja, entre nacionais e importadas. Trabalhamos também com cervejas artesanais que é um mercado que está em crescimento. Somado a isso, o cliente vai encontrar um ambiente agradável, climatizado, escutar uma boa música
e sentir-se à vontade para transitar no ambiente.” O empresário Orlando Jardim, 50 anos, ao ser perguntado sobre qual motivo o leva a frequentar o bar, disparou: “Desde sua inauguração, em 2006, venho aqui. Este bar tem um ambiente aconchegante, uma decoração excelente, atendimento de primeira, som classe A, além de muita gente bonita. Sem contar a qualidade inigualável dos drinks”. O bar é uma ótima opção para você que gosta de um bom e velho rock’n’roll e curte experimentar drinks diferentes.
O caminho para as baladas
O Zeppelin é inspirado nos pub’s ingleses com música ao vivo. Está localizado na esquina entre as ruas Venâncio Aires e Visconde de Pelotas.
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A MPB faz o maior sucesso entre a clientela do Ponto de Cinema, que se localizado na esquina entre as ruas Riachuelo e Ângelo Uglione.
Astros Hollywoodianos Seguindo a mesma linha de entretenimento em Santa Maria, encontramos um bar localizado no centro da cidade, de tamanho mediano, com aproximadamente 20 mesas e que foi fundado em 1991. O ambiente é dividido em dois andares, em que no inferior está localizado o palco e o superior é composto por mesinhas e decorado com retratos de atores e atrizes do cinema, como Marilyn Monroe, James Dean e Nicolas Cage. Este é o Ponto de Cinema, frequentado de domingo a sexta por um público variado, a sua maioria universitários e profissionais liberais. O bar possui 10 funcionários, e é dirigido pelos proprietários Miguel e Lourdes. Uma curiosidade é que o Ponto de Cinema é o único bar da cidade que não funciona aos sábados, o que levou a segunda-feira a ser o dia de maior movimento. Outro motivo muito importante do sucesso do lugar é o atendimento feito pelos funcionários e principalmente pela “Lurdinha”, como é conhecida sua proprietária, que tem em cada cliente um amigo. O estabelecimento também trabalha com música ao vivo todos os dias e, diferente do Zeppelin, opta pela MPB, que faz o maior sucesso entre a clientela. A estudante de engenharia da UFSM Carmem Lúcia Andrade, 23 anos, conta que há cinco anos seguidos comemora seu aniversário no Ponto de Cinema, isto porque gosta do atendi-
Quadros que decoram o Ponto de Cinema
mento e, principalmente, porque a cerveja está sempre gelada, sem contar com a boa música que a casa oferece. Então se você procura um ambiente agradável para sair da rotina do dia-a-dia, mas não quer lugares lotados, e ainda deseja ouvir uma boa música combinada com um cardápio de dar água na boca, estes dois estabelecimentos são ótimas alternativas. Texto: João David de Martins Rodrigo Marques de Bem Diagramação: Gustavo de Souza Carvalho
Frequentadores do Ponto curtem música ao vivo Revista Plural - 2012/I 27
Comunicação Social
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