Índice PRODUZIR E APRECIAR: É SÓ COMEÇAR
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ARTE: VER E PENSAR O MUNDO COM OUTROS OLHOS
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TATUAGEM: QUANDO A PELE É O PAPEL DO ARTISTA
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GRAFITE: NAS ESCOLAS, NAS RUAS, CAMPOS E CONSTRUÇÕES
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DAS PAREDES PARA AS PÁGINAS
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POR QUE NÃO FAZER TEATRO?
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Expediente Revista experimental produzida pelos alunos do 4° Semestre - 2012/2 do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra). Reitora: Iraní Rupolo Pró-reitora de Graduação: Vanilde Bisognin Coordenadora do Jornalismo: Sione Gomes Orientação da revista Plural: Profª. Glaíse Bohrer Palma (redação) Prof. Iuri Lammel (projeto gráfico) Profª. Laura Elise Fabrício (fotografia) Fotografia: Laboratório de Fotográfia e Memória Tratamento digital de imagens: Francesco Ferrari Finalização: Laboratório de Jornalismo Multimídia (MULTIJOR) Impressão: Gráfica Editora Pallotti Tiragem: 500 exemplares
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Reportagens e diagramação: alunos Adriély Escouto Machado, Alessandra Lovato Cichoski, Carlos Fernando dos Santos Rodrigues, Diego Fontanella Shervensquy, Fagner Rosa Millani, Joana Camargo Günther, Laura Ferrari Bacim, Laura Nummer Gross, Lucas Leivas Amorim, Naiôn Cursino da Silva, Natalia Hernandez Apoitia, Renata Marinho Medina, Robson Roatti Brilhante, Rodrigo da Silva Gonçalves, Thaís Hoerlle Projeto gráfico: alunos Diego Fontanella Shervensquy, Fagner Rosa Millani e Lucas Leivas Amorim Apoio na diagramação: Francesco Ferrari e Gustavo de Souza Carvalho (MULTIJOR)
Produzir e apreciar:
é só começar
O concreto e o abstrato de alguns artistas Em seu ateliê, entre um chimarrão e outro, a aquarelista
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Marília Chartune fala sobre sua experiência no mercado de trabalho e o envolvimento com a arte. A artista, nascida em Tocantins, cursou o primeiro ano de Engenharia Civil, mas não resistiu aos encantos das cores e optou por estudar Pintura e Restauração na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela conta que foi lá, na cidade maravilhosa, que conviveu com artistas impressionistas, fundamentais para o desenvolvimento do trabalho que Marília faz hoje. “Os artistas de rua são os melhores que existem. Expus muitos anos na feira de Ipanema e convivi com grandes nomes”, relembra. A técnica da pintura com aquarela consiste na diluição da tinta em água para então utilizá-la. As nuances leves deste estilo estão presentes no dia-a-dia da artista que adotou Santa Maria como lar, há 23 anos. Para ela, ser artista é uma profissão que depende unicamente de si. Estar sem-
ARTISTAS
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lguns produzem constantemente, outros em menor escala. Alguns têm formação superior, outros são autodidatas. Cada um tem seu estilo e métodos, mas todos cultivam uma paixão em comum: as artes plásticas. Seja na pintura, no desenho ou na escultura, os profissionais da área registram em suas obras uma visão diferenciada sobre o mundo e deixam para nós, espectadores, suas impressões sobre a realidade. No contexto atual corre-se constantemente contra o relógio e, por vezes, o simples ato de visitar um museu ou, até mesmo, conversar sobre temas similares torna-se uma atividade secundária. Ainda assim, o significado de traços feitos através de um lápis e a consistência da tinta nas cerdas de um pincel fazem diferença.
Texto: Nathália Apoitia. Diagramação: Laura Bacim e Rodrigo Gonçalves
O que artistas e a população de Santa Maria pensam sobre o estado da arte na cidade
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pre pesquisando, criando e divulgando suas obras é fundamental para a permanência no mercado. “A arte é subjetiva, possui seu valor, mas nem sempre o que me agrada agradará ao outro. Quem investe em arte é porque gosta. Respeitar a potencialidade do cliente é fundamental”, analisa. Para o peruano Juan Amoretti, radicado em Santa Maria desde 1974, a essência do profissional que atua na área é o aspecto norteador para suas obras e sua postura perante a vida. Ao abrir a porta do seu apartamento para esta entrevista, percebe-se o entrosamento que o artista tem com a profissão que optou. “Aos 17 anos fiz o primeiro desenho a carvão. Fiz uma escolha de acordo com minhas necessidades”, comenta. Com o sotaque carregado, não é só Amoretti que guarda as características do Peru, suas obras são marcadas com o uso de cores fortes, penas e traços que remetem a sua origem. Apesar de ser desenhista ele também pinta e esculpe. “Gosto muito do efeito claro e escuro. Meu trabalho reflete a minha vida, minha infância, meus pensamentos”, comenta. Ambos os artistas trabalham diariamente em seus ateliês e ministram cursos para as diversas faixas etárias. Porém, os dois cultivam o mesmo pensamento: viver de arte, atualmente, é complicado. 4
Novas cores, nova fase Vender muitas obras, conquistar renome ou simplesmente ter talento agregam valores - nem sempre fundamentados aos olhos dos demais. No campo das artes plásticas - uma das profissões mais antigas da humanidade - é possível perder, mesmo que momentaneamente, a sutileza e a simplicidade de uma criação. Afinal, a turbulência dos dias contemporâneos afeta, significativamente, o olhar do homem moderno. Exemplo disso é o Museu de Artes de Santa Maria (MASM) que ficou fechado por nove anos. Em processo de reabertura a instituição resgata e restaura, aos poucos, seu acervo de obras que foi prejudicado por ficar guardado em local inadequado – sujeito a umidade e deterioração. Ao conversar com o diretor do Museu, Márcio Flores, ele conta que Santa Maria está em um novo momento, propício para as artes visuais e necessita explorar esse aspecto. “O público que nos visita é extremamente eclético. Ao apresentarmos uma exposição sensorial, que mesclava tecnologia com arte, o número de visitantes foi muito grande. Eles ficaram encantados. Foi um momento lúdico que me marcou”, enfatiza.
Locais de Exposições MASM Segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e 14h às 18h. Av. Presidente Vargas, 1700
CESMA Segundas a sextas-feiras, das 14h às 18h50. Sábados: das 10h às 13h Rua Professor Braga, 55
Câmara de Vereadores Segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e 13h30 às 18h30. Rua Vale Machado, 1415
Sala de Exposições Angelita Stefani Segundo a sexta-feira, das 8h às 12h e 14h às 22h. Rua Silva Jardim, 1175 Conjunto III da Unifra
Monet Plaza Arte Segunda a domingo, das 10h às 22h. Av. Ferrari, 1483
O contraste entre o claro e o escuro A cidade que sedia 16 museus e possui a maior diversidade em tipologias do Estado ainda precisa cultivar o hábito e a consciência, além do incentivo, para vislumbrar atividades culturais. Para a acadêmica de Odontologia, Carolina Alves, atividades ligadas à arte são interessantes e de grande valia, mas mesmo com esse pensamento ela não frequenta tais lugares. “Sei que é importante e que um país sem cultura é nada. Mas acabo deixando para depois e nunca vou. Mas sei que é errado”, afirma. Entretanto, a acadêmica de Design Joseane Nogueira, acredita que a possibilidade de encontrar bons profissionais na cidade é enriquecedor para o trabalho que pretende desenvolver. “Muitas pessoas têm preconceito com o curso, noto quando falo sobre a faculdade que escolhi. Mas é o que gosto e a cidade me oferece conhecer ótimos profissionais e lugares”, conclui. A prática das artes, seja por hobby ou profissão, traz benefícios tanto para a coordenação motora quanto para a mente humana. Pintar e esculpir são alguns gêneros dentre os tantos que existem. Dedicar-se ao cultivo da atividade pode ser uma terapia e, o melhor, não é necessário sair de casa para refletir sobre suas impressões.
A estrutura de técnicas é uma das características do pintor
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Arte: ARTE • Texto e diagramação: Alessandra Cichoski e Renata medina
ver e pensar o mundo com outros olhos
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Saiba mais sobre as manifestações artísticas de rua da cidade
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ocê já se questionou sobre o que é arte? Como ela surgiu? O que ela abrange? Mesmo que você nunca tenha feito tais questionamentos, é interessante saber um pouco mais sobre algo que faz parte do processo histórico, evolutivo e cultural do homem. Com a arte é possível identificar a personalidade e influências do artista. Como ela ganha novos significados relativos a cada época e varia de acordo com a cultura do meio onde é exposta, fica difícil estabelecer um único conceito. Para o advogado e
colecionador de quadros artísticos, Marco Aurélio Biermann Pinto, a arte é a representação da realidade, onde o homem se coloca diante do mundo e da existência: “É pensar o mundo de outra forma, é vê-lo com outros olhos”. Arte também é inquietação, é discussão, é questionamento: “Às vezes, ela se aproxima da ciência porque também investiga. A arte talvez não dê respostas como a ciência nos dá, mas ela nos faz pensar, nos coloca de uma forma diferente diante da existência”, enfatiza Biermann.
Yabadaba... aaarte
artimanhas para defini-la “A arte é um antidestino.” FRANCESCO FERRARI
Seus primeiros registros deram-se na Antiguidade com as representações gráficas nas cavernas, quando o homem começou a desenhar figuras como os meios que eles usavam para trabalhar, os animais que os acompanhavam e até mesmo alimentos. Com o tempo, a arte se fez cada vez mais presente na vida do homem. Assim, ela começou a se dividir em conceitos como: arquitetura, cerâmica, cinema, dança, escultura, literatura, música, pintura, teatro, entre outros. Já no Brasil, de acordo com a professora de Design da Unifra, Ceres Zasso Zago, 65 anos, a arte teve o seu processo de desenvolvimento de forma espontânea, quando os franceses e holandeses ensinaram aos índios a comunicação através de desenhos. A progressão decorreu de migrações de imagens de uma cultura a outra. Após isso, surgiram as academias de belas Continua >> artes e aulas, onde este processo foi aprimorado.
Arte e
André Malraux escritor e político francês (1901 — 1976)
“Na arte só uma coisa importa: aquilo que não se pode explicar.”
Georges Braque pintor e escultor francês (1882 — 1963)
“Em arte, procurar não significa nada. O que importa é encontrar.”
GABANA
Pablo Picasso pintor, escultor e desenhista espanhol (1881 — 1973)
“Só a arte permite a realização de tudo o que na realidade a vida recusa ao homem.”
Johann Wolfgang von Goethe escritor e pensador alemão (1749 — 1832)
“Temos a arte para não morrer da verdade.”
Friedrich Nietzsche filósofo alemão (1844 — 1900)
Representações gráficas nas cavernas
“Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou senão para sair do inferno.”
Antonin Artaud poeta, ator, escritor, dramaturgo, roteirista e diretor de teatro francês (1896 — 1948)
FOTOS OBTIDAS EM SITES DE IMAGENS ROYALTY FREE. AUTORES NA ORDEM DAS FOTOS: XANDERT, ALI RAZA, FABIO PEREIRA, DARREN HESTER, MIKRASH, ALVIMANN, KEYSEEKER, MICHAEL ANTHONY LUCKYBAG-WADE, XENIA, MCANDEA, IVÁN MELENCHÓN SERRANO, IVÁN MELENCHÓN SERRANO, CARITA, JETOLLA, TALIESIN, PURA VIDA, ROBERT LINDER, KROSSEEL, XANDERT, JOCK, DGRASSO E NATE.
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“A arte situa-se no intervalo, fino como a pele, que separa a verdade da mentira.” Chikamatsu Monzaemon, dramaturgo japonês (1653 — 1724)
“A arte, um dos grandes valores da vida, deve ensinar aos homens: humildade, tolerância, sabedoria e magnanimidade.” William Somerset Maugham romancista e dramaturgo britânico (1874 — 1965)
“A crítica é fácil, a arte é difícil.” Philippe Destouches ator francês (1680 — 1754)
“Parece-me que na escala das medidas universais há um ponto em que a imaginação e o conhecimento se cruzam, um ponto em que se atinge a diminuição das coisas grandes e o aumento das coisas pequenas: é o ponto da arte.”
O lugar da
liberdade perfeita A rua é o palco de muitos artistas e você, a plateia principal. Eles são artesãos, cantores, cartunistas, dançarinos, estátuas vivas, grafiteiros, malabaristas, mímicos, músicos, palhaços e pintores. Por debaixo de suas vestes ou até mesmo de suas vozes, são pessoas como você que lutam pela valorização e reconhecimento de seus trabalhos. Sempre estão lá, prontos para roubarem um sorriso de um desconhecido: estes são os artistas de rua. O trabalho artístico que é realizado em locais públicos tem a missão de atrair a atenção de pessoas que, com a pressa do dia a dia, algumas
vezes acabam não apreciando este trabalho cultural. Em Santa Maria o tradicional ponto de encontro desses artistas é o Calçadão, localizado no centro da cidade. Lá é possível encontrar o mais variável estilo de arte, desde cantores até estátuas vivas. Se a magia, o brilho e a força de vontade que move os artistas de rua nem sempre são reconhecidos pelo público, menos ainda o status de arte. Como eles não possuem a mesma estrutura dos artistas que se apresentam em casas de show ou em grandes espetáculos, há quem não considere arte as performances realizadas no Calçadão. GUILHERME BENADUCE
Vladimir Nabokov escritor russo (1899 — 1977)
“A arte é o espelho e a crônica da sua época.” William Shakespeare poeta e dramaturgo inglês (1564 — 1616)
“Não há, na arte, nem passado nem futuro. A arte que não estiver no presente jamais será arte.” Pablo Picasso pintor, escultor e desenhista espanhol (1881 — 1973)
Capoeiristas alegram as manhãs de sábado no Calçadão 8
GUILHERME BENADUCE
O são-borjense João Pedro Molina, 60 anos, é cantor de música gaúcha há 40 anos. Segundo ele, a música vem de família. Filho de um cantor, gravou seu primeiro CD em São Borja, onde iniciou a carreira com a ajuda de um empresário local. JP Molina, nome artístico, confessa que hoje procura por recursos para lançar seu segundo trabalho, o qual já está com todas as letras prontas. Apresenta-se no Calçadão todas as quartas-feiras e sábados.
MATHEUS CARGNIER
GUILHERME BENADUCE
O mestre de capoeira Luiz Antônio Loreto, 39 anos, conhecido como Mestre Militar, trabalha há 23 anos com a capoeira. Sua escolha partiu da busca pela valorização da cultura brasileira. Em 1994 começou a ministrar aulas de capoeira gratuitamente, trabalho que segue até hoje, nas comunidades que tem carência neste esporte. Hoje, ele faz parte da Associação de Capoeira de Rua Berimbau, que joga no Calçadão todos os sábados por volta do meio dia. Um personagem que desperta a curiosidade de muita gente, a estátua viva do Calçadão, é interpretado há sete anos por Márcio da Silva, 34 anos. Ele já se vestiu de soldado, de colono, de cupido, de boêmio e até de anjo. É ele mesmo quem se veste e se arruma. Como sua roupa já está pronta, pintada de dourado, Márcio leva em média 20 minutos para se arrumar: é o tempo para passar a tinta especial no corpo. As pessoas que lhe dão dinheiro recebem um papel com uma mensagem escrita, as quais são confeccionadas pelo artista com a ajuda de sua família. Ele costuma atuar no Calçadão de segunda a sábado.
GUILHERME BENADUCE
Já dizia o famoso ditado: A voz do povo é a voz de Deus. Entre as pessoas que circulam diariamente pelo Calçadão, há quem afirme o descaso que os artistas de ruas enfrentam tanto pela população, quanto pelas autoridades da cidade. Este é o caso do estudante de História da UFSM, André Bertuzzi, 21 anos: “É a cidade cultura, teoricamente, mas ela deveria abrir um espaço específico, como um centro de cultura que juntasse todas as artes”, frisa o jovem sobre a falta de iniciativa pública e privada. A professora e diretora da escola E.M.E.F. João Maia Braga, Nivia Correia, 45 anos, possui a mesma opinião acerca do desrespeito com estes artistas: “Acho que a cidade não dá apoio necessário aos artistas”. Ela ainda conta sobre a ideia de levar artistas, como o palhaço Biscoitão, na semana da criança na escola onde trabalha. Mas, confessa que teria que pagar com o seu dinheiro, já que a verba cedida pela prefeitura não cobre os gastos.
Lizando Souto, 40 anos, conhecido como o palhaço Biscoitão, começou sua carreia há 20 anos na cidade de Bagé, RS, por necessidade financeira. Para se profissionalizar fez cursos em Porto Alegre e São Paulo, mas confessa que aprende muita a cada dia, na rua, imitando as pessoas. Geralmente está no Calçadão aos sábados pela manhã, onde costuma animar as pessoas com suas brincadeiras, buzinas, balões e piadas.
GUILHERME BENADUCE
zelem pelos artistas
Curingas do Calçadão de Santa Maria
GUILHERME BENADUCE
Respeitável público:
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Tatuagem
TATUAGEM
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Texto e diagramação: Laura Gross e Fernando Rodrigues
quando a pele é o papel do artista
Quem disse que para fazer arte é necessário apenas um pincel e um quadro? Para algumas pessoas, agulha, tinta e pele já são suficientes. Então sejam todos bem-vindos ao fascinante mundo da tatuagem. Continua >>
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A arte na pele Com o passar do tempo, apesar da vista grossa por parte dos mais conservadores, a tatuagem adquiriu status artístico. Afinal, desenhar e pintar na pele de alguém é um ato que requer uma certa destreza. Se no Renascimento, Michelangelo fez maravilhas no teto da Capela Cistina, nos tempos atuais muitos artistas fazem ilustrações nos braços e pernas das pessoas. A grande popularização da tatuagem iniciou durante a década de 70, quando a Califórnia foi o berço dos desenhos
que reproduziram imagens de Marilyn Monroe, James Dean, Jimi Hendrix e outros ícones famosos. Nessa mesma época, os surfistas lançaram a moda de braços decorados com desenhos de dragões e serpentes. Desde então, a tatuagem teve um aumento da popularidade. A tatuagem também é uma expressão da subjetividade.
Que fragilidade que nada! Isadora Melo, 38 anos, publicitária, fez sua primeira tatuagem em 2002 e o desenho escolhido foi um tanto quanto diferente das escolhas consideradas femininas: um dragão. Esta foi a imagem que Isadora quis que representasse sua força e coragem. Segundo os tatuadores entrevistados em Santa Maria, a maioria das mulheres optam por flores, borboletas e ideogramas. A publicitária afirma que possui no corpo oito tatuagens, mas algumas delas são formadas por mais de uma imagem. Ao todo, Isadora acredita que são 17 tatuagens. Continua >>
Checklist da tatuagem Veja aqui uma série de itens importantes a serem levados em conta na hora em que você for colocar aquele desenho esperto no seu corpo: - Certifique-se de que o estúdio esteriliza os materiais utilizados. - Tatuador com certificado é importante. Eles são a garantia de que o tatuador realizou cursos na área e que, depois, você não irá sentir na pele, literalmente, as consequências de uma escolha errada. - Um estúdio de qualidade possui todos os documentos necessários para funcionar. As prefeituras costumam realizar inspeções antes de conceder a licença, portanto, essa é mais uma garantia. - Um tatuador profissional jamais reutiliza tintas, pomadas e outros itens que sobraram após a realização de uma tatuagem. - Um tatuador de confiança deve ter um portfólio com os seus trabalhos anteriores. Analise com carinho o desenho, a pintura e o resultado das imagens. Afinal, ele será o profissional que irá marcar para sempre a sua pele.
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TATTOO – reflexo de uma manifestação artística
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A palavra tattoo foi usada pelo navegador britânico James Cook, durante o século XVIII, quando ele entrou em contato com os povos que habitavam o Taiti. Esse termo é uma referência ao som criado por um pequeno martelo que, ao ser batido em agulhas feitas de osso, introduziam a tinta na pele. Quando os marinheiros ingleses mostraram tal prática na sua terra natal, o goale
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rte a tatuagem é uma a
Tatuagem no século XX No século XXI, já não moramos mais em cavernas e até mesmo a tela de um computador é suporte para a criação artística, mas, ainda assim, percebemos que a pele continua sendo um ótimo local para transmitir alguma mensagem. Não é à toa que a tatuagem é algo eterno. No decorrer da história, a humanidade já usou vários suportes para expressão artística. Qualquer superfície servia para abrigar algum desenho, desde paredes das cavernas, papel, pergaminhos e, inclusive, o maior órgão do corpo humano, que é a pele. Há milênios antes de
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verno adotou essa técnica para identificar criminosos. A partir daí foi um pulo para a tatuagem ser marcada como algo pejorativo. A professora Salette Mafalda, que dá aulas para os cursos de Design e Publicidade e Propaganda da Unifra, destaca a face artística das tatuagens. “A tatuagem utiliza o corpo como suporte da arte”, ela afirma. Salette ainda ressalta que “a pele é vista como uma roupa que pode ser o reflexo de uma manifestação artística”.
Cristo, vários povos, de diferentes culturas e dos locais mais distintos do planeta, consideravam o ato de rabiscar a pele um ritual religioso ou de guerra. Alguns fatos, objetos e resquícios encontrados por arqueólogos, sugerem que a tatuagem é tão antiga quanto o surgimento do homem. Dependendo da cultura, possuir símbolos pintados no corpo designava até mesmo poder e liderança. As mais antigas tatuagens de que se tem notícia são as dos esquimós, encontrados em sepulturas na região de Pazyryk, no sul da Sibéria.
Depoimento da repórter
Laura Gross Esta matéria foi uma motivação para que eu decidisse escolher mais um desenho para uma nova tatuagem. Possuo ao total, agora, sete! Fiz a primeira aos nove anos, quando meu pai me acompanhou, e sempre tive desejo de continuar fazendo mais e mais. Até a última que fiz, no decorrer da produção da nossa reportagem, as seis tatuagens que eu possuía eram borboletas. Mas o apoio e vontade da minha mãe de querer fazer uma que marcasse e representasse o nosso amor, fez com que eu tivesse determinação para participar como cliente de um dos tatuadores entrevistados. “Love” foi a nossa escolha e eu acredito que não poderia ter sido melhor e nem em um momento mais significativo!
Tatuadores de Santa Maria Santa Maria possui os seus artistas na área da tatuagem. Duda Barcelos, do estúdio Tattoo World, é um deles. O tatuador, que também atua como baixista da banda Fúria, afirma que, como sempre gostou de desenhar, não demorou para entrar no universo da tatuagem. Segundo ele, já desenhou cerca de 7 mil tatuagens em seus 16 anos como profissional. Outro tatuador da cidade é o Juliano Ávila, mais conhecido como Nonô, que sempre teve dom para o desenho e aprendeu a fazer tatuagens sozinho. Nonô possui apenas uma tatuagem em seu corpo e, para ele, uma das grandes influências no ramo da tatuagem é Looky, que iniciou a tatuagem no Brasil. Flávio Vargas, 32 anos, possui história semelhante e começou na profissão quando fez uma tatuagem em um amigo. A partir de então adorou e nunca mais parou.
Cuidados ao fazer uma tatuagem Ao efetuar uma tatuagem, há alguns cuidados básicos para que o desenho fique conforme o desejado, evitando assim a sua descoloração, infecção e inclusive possíveis deformidades na pele. A fixação dos pigmentos no tecido epitelial ocorre por meio de um processo inflamatório local, mas sem complicações secundárias. Esse processo caracteriza-se pela vermelhidão e também por um eventual inchaço no local, variando de pessoa para pessoa, no prazo de aproximadamente 72 horas. Após a tatuagem ser efetuada, é necessário fazer um curativo no local com uma pomada que contenha o ácido dexpantenol. A função dessa substância é ajudar na reconstituição da pele. A proteção da região tatuada de infecção e lesões também deve ser feita cobrindo com um filme plástico e deve ser repetida, principalmente se a tatuagem for realizada em uma região onde possa sofrer pressões de roupas, calçados, etc. Além do curativo, a limpeza do local é muito importante e só deve ser realizada com água, sabão neutro ou sabonete. Com relação ao banho diário, não há problema algum, mas a tatuagem deve ser lavada suavemente (sem esponjas, buchas, etc..) com sabonete neutro e água morna.
Duda Barcelos
Idade: 36 anos Filmes: Ação Música: Metal, punk Quantas tatuagens tem no corpo? Muitas tatuagens interligadas. Tatua desde que ano? 1996 Técnica preferida: Qualquer uma
Flavio Santejan
Apelido: Normal Idade: 32 anos Filmes: Cães de aluguel Música: Led Zeppelin e Reggae Quantas tatuagens tem no corpo? 4 Tatua desde que ano? 1997 Técnica preferida: Sombra
Juliano Ávila
Apelido: Nonô Idade: 35 anos Filmes: TATTOO Música: Elvis Presley e Beatles Quantas tatuagens tem no corpo? 2 Tatua desde que ano? 1998 Técnica preferida: Oriental
Dica de site www.tatuagem.com.br Neste site você conhecerá uma das mais antigas lojas de tatuagem no Brasil.
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GRAFITE • Texto: Adriély Escouto. Diagramação: Adriély Escouto e Thais Hoerlle 14
Q
uando uma criança começa a dar seus primeiros passos no mundo da escrita ela sente vontade de se expressar. Onde quer que seja. Você mesmo provavelmente já levou um xingão de seus pais por ter escrito ou desenhado nas paredes da sua casa quando pequeno. O silêncio, o branco e o neutro não contentam a visão de quem enxerga o mundo de uma forma diferente... Os sprays, tintas,
pincéis e canetas são deixados de lado. Para uns arte, para outros poluição visual. E para muitos, confusão. O fato é que o grafite ainda é um tema pouco discutido pela sociedade e os praticantes ainda sofrem preconceito. O grafite existe desde o império romano, e durante muito tempo era visto apenas como assunto irrelevante. Mas tem sido incluído no âmbito das artes visuais. Exemplo disso aqui na cidade foi a obra do
artista Kobra, atrás da Biblioteca Municipal. Outro exemplo foi o convite aos grafiteiros por parte dos diretores da escola Olavo Bilac para pintar os muros da instituição. De desrespeitada a reconhecida, a prática na cidade voltou a enfrentar obstáculos. Segundo Vico Pax, grafiteiro e coordenador do CO-RAP, após o início da Operação Cidade Limpa em Santa Maria a prática diminuiu aproximadamente 90%. A operação
AFONSO LIMA
Grafite: nas escolas, nas ruas, campos e construções
da Polícia Civil tem por objetivo combater a depredação e a pichação no município. O grafite é expressão em forma de arte e não se limita apenas a desenhos e frases nas paredes da estrutura física da cidade. Envolve todo um processo de conscientização de quem o pratica e se direciona. Gabe Marques (veja a matéria a seguir), grafiteira da cidade, comenta que ela vê o grafite como um veículo que serve para conscientizar
as pessoas mais novas sobre assuntos que normalmente seriam difíceis de ser tratados, como políticas públicas. “Através de uma oficina de grafite questões antes chatas e complexas podem se tornar mais atrativas.”, comenta Gabe, que acredita que o grafite “quebra” o cinza da cidade. A Plural também entrevistou Vico Pax, grafiteiro e arte educador do Coletivo de Resistência Artística Periférica (CO-RAP). Ele começou o
grafite em 2002 na MBL (Movimento Baseado Na Luta) que usava o grafite como forma de conscientização e reflexão dos problemas da sociedade. A seguir um bate papo informal que a Plural realizou com Vico: Plural: Quais são atualmente os problemas relacionados ao grafite em Santa Maria? Vico Pax: os principais problemas em relação ao grafite na cidade são em relação a 15
desinformação da população que confunde grafite e pichação. Antes de começar um grafite o grafiteiro e o pichador são idênticos, andam com latas de tinta e spray, e quando tu começas a pintar uma parede alguém já te denuncia. Plural: Qual tua opinião sobre a Operação Cidade Limpa, da Policia Civil? Vico Pax: A operação Cidade Limpa foi o estopim para uma verdadeira caça às bruxas na cidade. Não se é mais permitido grafites em prédios abandonados, ruínas e escombros. Nesses locais que antes serviam para grafitar, se você tentar fazer um grafite sem autorização é pedir para ser detido pela polícia. Plural: Em relação a resposta anterior , de que forma isso tem influenciado a produção na cidade?
Entenda a Operação Cidade Limpa Depois de 5 meses de investigação, no dia 27 de junho, 108 agentes e 12 delegados da Polícia Civil cumpriram 36 mandados de busca contra suspeitos de pichações. Os policiais vasculharam 35 casas, 25 das quais de suspeitos menores de idade. Nas residências foram encontrados materiais que pudessem comprovar que os suspeitos praticavam o crime.
Vico Pax: Hoje não tem como se fazer um grafite complexo na cidade, somente “bombs” que são grafites mais simples, rápidos e menores, ainda assim
correndo o risco de ser denunciado. Posso afirmar que a produção de grafite na cidade diminuiu 90% em relação a antes da operação. Hoje se tem medo de ter a casa invadida por ser suspeito de vandalismo. Isso faz com que muitos grafiteiros da cidade deem um tempo. Plural: Grafite e mídia, qual a relação que tu enxerga entre ambos? Vico Pax: a mídia é a verdadeira vilã da pichação na cidade. Quanto mais noticiam atos de vandalismo e ações de repressão, mais pichadores aparecem, afinal quem não gostaria de ter o cartaz na RBS? Ver sua marca registrada na capa do jornal? A mídia tem incentivado a ocorrência de pichos e trazido confusão na sociedade que não distingue picho de grafite, logo trazendo medo e desconfiança aos grafiteiros.
Qual sua opinião sobre o grafite? Geralmente os grafiteiros encontram preconceito em relação a pessoas de idade avançada. Mas em relação à própria juventude? Para isso a Plural foi às ruas saber o que os jovens pensam sobre o grafite:
Se for grafite acho bonito, o que não é legal são os pichadores que usam da arte pra estragar as coisas.Mas eu acho muito lindo a arte do grafite. Sallyanne Jaques, 22 anos, secretária executiva Tem gente que acha que qualquer lugar é lugar de riscar. Se tivesse apoio pra essa prática o vandalismo iria diminuir. Existem os que querem esculhambar, mas tem os que só querem se expressar, e são mal compreendidos. Guilherme Rodrigues, 21 anos e estudante
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Eu acho que é uma forma de expressão importante, principalmente porque vem da periferia, onde se sabe que as políticas de inserção e cultura são quase nulas. É uma arte,e por isso, não deve ser relacionado com a pichação. Mas, resumindo, sou favorável. Guilherme Pinto, 20 anos, estudante Acho válido, porém, em lugares que precisem de um “sopro de vida”. Felippe Richardt, 22 anos, estudante
ARQUIVO PESSOAL/GABRIELA MARQUES
Mulheres no muro
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incel, tinta, spray e cores. Isso quando associado ao nome de uma menina rapidamente nos leva a pensar em maquiagem. Mas não após conhecer Gabe Marques, grafiteira de Santa Maria. Existem pessoas que acham que trabalho pesado é coisa de homem e que a mulher é um sexo frágil. Apesar de o grafite ser um ambiente predominantemente masculino, não é só de homens que vive essa arte. Gabriela Marques, 21 anos estudante de Letras da UFSM está aí para comprovar isso. É bem provável que você já tenha passado pelas ruas e se deparado com imagens coloridas, com um tom feminino estampadas nas paredes e muros de Santa Maria. E se você reparou na frase “Salve as mulheres de luta” ou um laço de fita, a probabilidade de ter sido Gabe Marques quem os fez é de 100%. Seu envolvimento com o grafite se deu há aproximadamente dois anos atrás, quando namorava um grafiteiro. Passou a fazer parte do cotidiano de Gabriela sair com ele e seus amigos para grafitar, e assim, com o grafite fazendo parte dos seus dias, surgiu o interesse de também fazer a arte. As influências e inspirações Quanto às referências Gabe não cita nenhum artista específico, e diz que muito de suas inspirações vem das viagens que faz a Porto Alegre. “Creio que é bem complicado essa questão de ser inovador no século XXI, mas sei lá, algumas coisas surgem na cabeça e refletem nas paredes, vai muito do momento que tu tá vivendo”, afirma Gabriela.
Na imagem a grafiteira Gabe Marques que conta um pouco sobre como é ser mulher no mundo do grafite.
D’george, 29 anos, disse em entrevista ao blog Conexão Mulher: “Qualquer trabalho realizado pela mulher que não seja atrás de um fogão é mal visto pela sociedade. Não acho que isso vá mudar tão cedo, porque o país tem a cabeça minúscula. Ainda mais com o grafite, que é confundido com vandalismo. Poucos se interesPreconceito sam pela arte, então fica difícil abrir a cabeça As mulheres vêm ganhando espaço em vá- dos desinformados.”. Gabe Marques até hoje rios setores e é claro que na arte não foi dife- não teve problema em relação ao preconceito. rente. Apesar de vivermos em uma sociedade “Nunca senti nada a respeito, a maioria da gaque busca ou tenta a igualdade de gêneros, os lera que grafita são meninos, mas hoje em dia trabalhos realizados por mulheres ainda são acho que não existe mais esse tipo de discrimimuito desvalorizados. Como a grafiteira Carla nação ”, afirmou. 17
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ÁGINAS P AS
Desde a pré-história o homem busca formas de se comunicar e expressar opiniões. “No inicio, os quadrinhos eram as gravuras nas paredes das cavernas, onde viveram nossos antepassados”, comenta o quadrinhista Jorge Ubiratã da Silva Lopes, conhecido como Byrata. 18
As pinturas rupestres são um exemplo do interesse em retratar a realidade vivida pelos povos. Com o passar do tempo, a arte de desenhar evoluiu e conquistou mais adeptos que buscam uma forma de expressão. Nesse contexto, surgem as histórias em quadrinhos, que englobam os cartuns, charges, caricaturas e até mesmo as populares tiras.
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Um gaudério apaixonado por desenho
O quadrinhista foi um dos primeiros artistas do gênero na cidade
sua mãe, Nyvia da Silva Lopes, era uma eximia desenhista, que foi aluna do mestre Eduardo Trevisan. “Entrei em contato com os gibis no segundo ano do primário, naquela época as histórias eram de bang-bang e dos super-heróis conhecidos só existiam o Batman e o Super-Homem. Como já gostava de desenhar e minha mãe me influenciava, desenho e faço histórias em quadrinhos (HQs) até hoje”, conta ele.
yrata é um dos alicerces dos HQs em Santa Maria. Junto com artistas que já não estão mais na cidade e com alguns nomes igualmente conhecidos, como Elias, Máucio, Orlando Fonseca, criou inúmeras revistas e grupos que valorizam a produção de quadrinhos, cartuns, desenhos, charges e outros tipos de arte em desenho. “É um orgulho muito grande ter criado tanta coisa com esse pessoal. O grupo Quadrinhos S.A., foi criado com o objetivo de reunir quem fazia e gostasse
de quadrinhos na cidade. Muitos dos nossos objetivos foram alcançados, mas a maior alegria é saber que desde 2002 o grupo nunca parou, sobrevivendo hoje nas mãos de jovens talentosos que continuam bravamente”, orgulha-se Byrata Além disso, há dois anos o quadrinhista ministra aulas de desenhos para jovens em Itaara e um outro curso chamado HQ na prática, que é realizado em parceria com a prefeitura municipal que sorteia as escolas de Santa Maria que
participarão do curso. “Muitos jovens têm grande capacidade e talento, mas não tem uma formação básica. Eles até fazem quadrinhos, mas com muita dificuldade, pois precisam de técnica e conhecimentos de produção gráfica. Vejo-me neles quando lia os quadrinhos, queria fazer, só que não sabia como. Gostaria de multiplicar esse curso para que mais pessoas aprendessem, é prazeroso ver a autoestima e a esperança deles após as publicações”, conta ele. Continua >>
1 - “Xiru Lautério contra a morte”, foi o último lançamento de Byrata; 2 - “Xiru Lautério e os Dinossauros” foi lançada em 2011; 3 - “Garganta do Diabo”, de 1997; 4 - Revista “Nativismo”, de 1983; 5 - Revista “Nativismo”, de 1984; 6 - Revista “Garganta do Diabo”, de 1983; 7 - “Quadrins Campeira”, foi a primeira do gênero no país, publicada em 1981; 8 - Revista “Quadrins”, foi a primeira revista de quadrinhos produzida em SM, em julho de 1979.
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Alguns trabalhos do Byrata
Texto e Diagramação: Naion Curcino e Robson Brilhante
o início dos quadrinhos em sm
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QUADRINHOS
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O nome pode até soar um pouco estranho, diferente. Mas, quando o assunto é quadrinhos, Jorge Ubiratã da Silva Lopes, o Byrata é um dos mais conhecidos de Santa Maria. Estamos falando de criador de diversas revistas e personagens em quadrinhos, o santa-mariense, que passou boa parte de sua infância nas estâncias da fazenda Guabijú-Tujá, herdou de sua mãe o talento para o desenho. Segundo Byrata,
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O Xiru do coração do RS O personagem de mais sucesso criado por Byrata é o Xiru Lautério. Xiru nasceu em 1975 na fazenda Guabijú-Tujá, por coincidência (ou não) o mesmo lugar em que ainda pequenino Jorge Ubiratã passou sua infância. Logo o gauchão ganhou as páginas dos jornais, entre eles o Semanário de Tupanciretã; A Razão, de Santa Maria e Diário Serrano, de Cruz Alta. A primeira vez do Xiru em revista foi em 1978. Apesar do tempo, 37 anos, Xiru segue suas campeadas com sucesso, enfrentando dinossauros, juntando-se às forças armadas e até
brigando contra a morte. “O Xiru Lautério foi criado no interior de Tupanciretã, na fazenda Guabijú-Tujá. Ele povoa minha mente desde os 15 anos de idade e é estimulado pelas histórias e causos ouvidos nas rosas de fogo”, revela Byrata. Um dos grandes amigos de Byrata, companheiro de trabalho e também cartunista, Elias, admira o trabalho de seu amigo e em especial o personagem Xiru Lautério: “Há trinta anos que conheço o Xiru. Há trinta anos observo como o Byrata encilha os seus cavalos e como, de uns tempos pra cá, desenha o seu chapéu faltando um pedaço. Há trinta anos aprecio esse misto de ingenuidade, bondade, valentia que ele leva enrolado no poncho como uma relíquia”.
Quadrinhos S.A. O grupo reúne apaixonados pela arte dos quadrinhos Reunir admiradores da arte dos quadrinhos, com esse propósito surge o núcleo de quadrinhistas de Santa Maria, o Quadrinhos S.A.. Assim, os artistas locais passavam a discutir, de forma coletiva, ações que tornassem a arte da ilustração mais reconhecida. Em 2002, ano de criação do grupo, uma das primeiras ações foi buscar uma forma de publicar os trabalhos realizados. Surge então a ideia de produzir a Quadrante X, uma revista em que os participantes do núcleo e alguns convidados poderiam expor trabalhos e expressar ideias. No início, a publicação era em forma de fanzine. Com o passar do tempo o grupo buscou inovar e uma das novidades foi a mudança no formato, que passou a ser apresentado como revista. 20
Integrantes do Quadrinhos S.A.
“Na medida em que o fanzine evoluía para revista, a mentalidade também mudava”, recorda Marcel Ibaldo, integrante do grupo. Os quadrinhistas passaram a apostar em temáticas que tivessem mais aceitação no âmbito nacional. “Realmente teve um alcance maior, nós mandamos material para o Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, sempre com ótima aceitação” ressalta Marcel Jackes, integrante do Q.S.A..
Espaço para Iniciantes A Quadrante X também é um espaço para iniciantes. Um dos destaques da publicação é a Galeria, onde novos adeptos das ilustrações podem expor seus trabalhos. “A revista é importante para mostrar aos quadrinhistas que estão começando que todo mundo pode e deve publicar”, afirma Fernan Pires, 16 anos. Pires é um des-
ses iniciantes, que encontrou espaço na revista para compartilhar sua arte. Ele conta que sempre gostou de ler quadrinhos mas, no último ano, passou a se interessar em produzi-los. O estudante participa da oficina de quadrinhos, um dos projetos do grupo, que proporciona o desenvolvimento de técnicas na arte dos desenhos.
A revista está na 12ª edição e conta com o tema fim do mundo. Além disso, essa foi a maior publicação já lançada, com 68 páginas e uma tiragem de 1000 exemplares. O trabalho tem participação de 16 pessoas, entre integrantes do núcleo e convidados, e o lançamento foi na Feira do Livro de Santa Maria 2012.
Acervo de capas da Quadrante X Veja abaixo as capas e os números das edições, desde a versão piloto de 2002
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Outras produções
Para saber mais
A revista não é a única realização do grupo, o Q.S.A. desenvolve oficinas sobre quadrinhos, produz vídeos com histórias originais e mantém um cineclube, tudo com temáticas relacionadas ao universo dos quadrinhos.
Acesse quadrinhossa.blogspot.com.br ou envie e-mail para quadrinhos.sa@ibest.com. br. A sede do Q.S.A. fica no segundo andar da Casa de Cultura de Santa Maria, na praça Saldanha Marinho. 21
Por que não fazer teatro? Através de entrevista com três grupo de teatro de Santa Maria, identificamos as dificuldades e os prazeres desta arte pouco valorizada
TEATRO
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Texto: Joana C. Günther. Diagramação: Joana C. Günther e Fracesco Ferrari
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Teatro Por Que Não? surgiu no ano de 2009, quando um grupo de estudantes de Artes Cênicas da UFSM identificaram-se através de trabalhos acadêmicos e resolveram unir forças para ampliar sua atuação levando-a para fora da universidade. Alguns destes estudantes já se formaram e outros irão se formar no fim de 2012. Depois de dois anos sem ter um local definido para ensaiar eles estão no Espaço Victório Faccim. Em meio a tranquilidade de um sábado a tarde e a tantas casas no bairro Rosário, a equipe da Plural chega ao Espaço Victório Faccim. Somos recebidos por André e Aline ao som de Legião Urbana. Mais tarde eles se apresentam, mas no momento, descontraídos, eles conversa me cantam o ídolo Renato Russo. O grupo formado por oito integrantes, Aline, André, Cauã, Deivid, Felipe, Juliet, Luiza e Rafaela, é o mesmo desde sua fundação. No começo o grupo não tinha um local definido para ensaiar, mas desde o ini-
cio do ano eles estão no Espaço Victório Faccim. Através de uma parceria com o Teatro Universitário Independente (TUI) eles ajudam a manter e a administrar o espaço, local onde ensaiam seus espetáculos e trabalham produzindo eventos e cuidando de assuntos burocráticos. “Agora a gente tem uma casa”, ressalta André Galarça, 25 anos, bacharel em Artes Cênicas. Os artistas trabalham com parcerias como, por exemplo, a Companhia Retalhos de Teatro, com a qual já realizaram dois espetáculos: Fio da Navalha e Santo Parto. Suas parcerias vão de atores, diretores, músicos a não atores, como a parceria estabelecida com o Boteco do Rosário, onde ocorre a Pausa Dramática. “É um momento de leitura dramática, que ocorre às segundas-feiras de 15 em 15 dias”, explica Aline Ribeiro, 26 anos, estudante de Artes Cênicas. O evento é aberto ao público e, a cada encontro, um grupo diferente
O grupo que ocupa o espaço Victório Faccin agora tem uma casa
é convidado para ler os textos. Eventualmente convidam-se pessoas que não são do teatro, mas tem interesse em ler textos dramáticos. A Conquista No ano de 2010, o grupo participou de festivais em cidades do interior do Rio Grande do Sul, e do 23º Festival Internacional Universitário de Teatro de Blumenau - SC, onde recebeu os prêmios de melhor diretor e melhor atriz pela peça Abajur Lilás. A Escolha “Para ser ator não precisa fazer faculdade”, afirma Aline. Existem outros caminhos como
ARTE FRANCESCO FERRARI
cebe cachê, tem horário para entrar, não tem horário para sair”, revela a atriz, ao risos. É possível viver de teatro? Para eles é complicado trabalhar e viver do teatro, mas está bem melhor do que antigamente. Galarça entende que, enquanto artistas, suas criações vão além das artísticas e é preciso cunhar possibilidade de trabalho. A falta de apoiadores e patrocinadores dificulta um possível desenvolvimento financeiro. O grupo de atores percebe que algumas empresas não valorizam o trabalho, pois não estão dispostas a pagar o cachê sugerido pelos atores. “Financeiramente é bem difícil”, confessa Galarça. Existe uma falta de entendimento do público perante a profissão, e esse é um dos fatores que não favorecem que atores e atrizes possam viver apenas do teatro em Santa Maria. Continua >>
CLÁUDIA SCHULZ
Peça Abajur Lilás, premiado no 23º Festival Internacional Universitário de Teatro de Blumenau
cursos livres e profissionalizantes, mas acima de tudo é importante buscar saber o que é a profissão de ator. Mesmo já fazendo teatro amador, Galarça decidiu fazer a faculdade de Artes Cênicas, pois sentiu necessidade de estudar mais, desenvolver-se melhor e acredita que a academia o ajudou a amadurecer profissionalmente. Os motivos que o fizeram escolher o teatro são muito particulares: “o que existe é uma vontade muito grande, além de uma pré-disposição” afirma. Ele acredita que a sociedade veja o teatro como um entretenimento dispensável, já que não existe o hábito de assistir a uma peça, mas não deixam de crer na força desta arte presente desde a Grécia Antiga, como meio de comunicação e diversão. Aline lembra que o teatro é mutável, o ator tem sempre que estar se aperfeiçoando e que é uma profissão como qualquer outra: “a gente re-
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Rabito busca seu espaço em Santa Maria
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espaço que abriga o grupo VagaMundo é uma casa verde, antiga e espaçosa localizada na Vila Belga, antigo conjunto habitacional onde moravam os ferroviários em Santa Maria. Quem recebe e conversa com a equipe da Plural é Daniel Lucas, 28 anos, palhaço. Lucas explica que o grupo foi criado a partir de uma vontade de infância. Atualmente o grupo é composto por Daniel Lucas, Gabriela Amado e Aline Carvalho. Seu início data de dezembro de 2008, quando Lucas conheceu Gabriela. Ela, que estava se formando em direção na UFSM, desejava criar um espetáculo que circulasse após a estreia. Lucas gostou da ideia, mas sua participação dependia de uma condição: tinha que ser como palhaço. A partir dos ensaios formou-se o grupo que, a partir da ideia de circular com os espetáculos, naturalmente denominou-se VagaMundo. Em 2009 eles estrearam com a peça La Perseguida, dirigido por Gabriela. O espetáculo é um monólogo no qual o palhaço Rabito (Daniel Lucas) espera por uma mulher, que nunca aparece. Enquanto ele a aguarda, interage com o público,
faz malabares “e desperta a criança que existe em todos nós”. Seria uma metáfora sobre tudo aquilo que perseguimos na vida. O outro espetáculo apresentado pelo grupo é o Banana com Canela, onde Rabito coloca tudo pelo ares. O palhaço tem a mesma intenção: envolver-se e interagir com o público. No grupo existem duas linhas de trabalho. O de Gabriela envolve a cultura afro e “se dá através de treinamento de atores e exercícios plásticos”, explica Lucas. A linha teatral de Gabriela, atualmente, não tem espetáculos e é desenvolvida na Colômbia, onde reside atualmente. Já o segmento desenvolvido por Lucas é a do palhaço, onde busca resgatar o palhaço clássico do circo tradicional. Sua principais referências são Chapplin, Buster Keaton e a dupla O Gordo e o Magro. Natural de Bagé, Lucas já fazia teatro no colégio, mas o que despertou seu interesse pela arte, especificamente pelo palhaço, foram suas visitas ao circo que passava pela cidade. “Desde os quatro anos meu pai sempre me levou no circo”, lembra. Mas não era um circo de varieda-
Desde os quatro anos, Lucas frequentava o circo de variedades
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des e sim um circo teatro, de palhaços como Bebé e Serelepe onde eram feitas peças teatrais. Ele nos conta que “se o circo ficasse um mês na cidade, ia praticamente todos os dias. Era um momento mágico”. Essa magia que o teatro lhe proporcionava rendeu bons frutos. Lucas esclarece que prefere ser reconhecido como palhaço pois acredita que o mesmo faz parte de sua personalidade, porém uma personalidade caricata e debochada que não é aceita pela sociedade. “O ator cria um personagem, e o palhaço simplesmente é”, explica. Reconhecimento O grupo já recebeu dois prêmios de difusão cultural por um projeto que envolvia apresentações e oficinas durante 20 dias na Colômbia, além de participarem do Festival Iberoamericano de Teatro de Bogotá. No ano de 2011 foram contemplados com o prêmio Funarte Artes Nas Ruas com o projeto Palhaço Rabito aterriza na sua aldeia – uma ode às diferenças. Lucas, que já se apresentou com Rabito mais de 100 vezes, levando a peça à periferias, ao interior, capitais e até para outros países, percebeu que não havia se apresentado em aldeias indígenas. “O projeto foi escrito para que ocorresse o encontro do palhaço com o índio, evidenciando
ALINE CARVALHO
O grupo apresentou o espetáculo La Perseguida em aldeias indígenas
o choque cultural inédito para muitos”, esclarece Lucas. Para serem contempladas pelo projeto foram selecionadas nove aldeias localizadas no Rio Grande do Sul. Durante 30 dias, dividido em 15 dias no mês de julho e 15 no mês de agosto, visitaram as aldeias, onde fizeram a apresentação do espetáculo La Perseguida, além de intervenções e oficinas. “Tiveram crianças dizendo que foi a primeira vez que viam um espetáculo”, relata. Com o intuito de dar continuidade à proposta o grupo inscreveu o projeto em outros dois eventos, que se aprovados irão contemplar outras aldeias do estado. Foi feito um registro audiovisual dessa inserção nas aldeias indígenas que dará origem a um docu-
mentário que tem lançamento para o fim do ano. O grupo é uma empresa na qual Lucas e Gabriela são sócios. Aline Carvalho, produtora do Teatro VagaMundo, juntou-se a equipe em 2010 para auxiliar na parte administrativa e burocrática. Apesar de Gabriela morar na Colômbia, eles mantem contato. “Ela vem para Santa Maria de duas a três vezes por ano”, diz Lucas. O trio consegue se sustentar do teatro, porém Lucas não vê espaço no município para o trabalho artístico que produz, ou seja, o sustento vem de apresentações em outras cidades. Eles possuem parcerias com o Sesc de Santa Maria e com a prefeitura da cidade, além de participarem
do projeto Palco Treze, realizado no Theatro Treze de Maio. No entanto, este último não lhe parece uma oportunidade especial, pois o projeto exige que os grupos apresentem um espetáculo novo a cada ano. “A gente não é uma máquina que tem que estar produzindo e produzindo”, entende Lucas, que prefere trabalhar em cima dos espetáculos já existentes. Ele compara o mercado de trabalho de Santa Maria com o de outras cidades do estado e de Santa Catarina e conclui: “a gente não consegue trabalhar aqui”. Mas, segundo ele, “não nos conhecem aqui, mas se você perguntar por nós em outras cidades ou para outros grupos eles sabem quem somos”. O palhaço percebe que existe um maior investimento em cultura em cidades menores do que em Santa Maria, por exemplo. “Não é que se deixa de investir em cultura, mas em cultura diferente”, lamenta. Continua >>
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RODRIGO RICORDI
Vida longa ao teatro independente! Carolina Reichert apresentando-se com o monólogo G. H.
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ormado no segundo semestre de 2010 por estudantes de Artes Cênicas da UFSM que desejavam levar seus espetáculos para além da universidade e, assim, poder desenvolvê-los e apresentá-los ao público, cria-se o grupo Candeia. Composto por Isís Peres, Anderson Martins, Eduarda Petry, Carolina Reichert, Louise Clós, Júlia Zulke, Fabricio Leão e Geison Sommer o grupo independente de teatro terá seus primeiros bacharéis em artes cênicas no ano de 2012 . O grupo já participou do Festival de Esquetes Teatrais de Gravataí, onde foram contemplados com os prêmios de: melhor maquiagem, melhor ator coadjuvante e melhor conjunto de atores pela peça As Inventariantes. Este esquete, desenvolvido na cadeira de Encenação IV foi o primeiro trabalho que os estudantes
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levaram para fora da univer- muito curto. Então eles acasidade. Em 2011 o grupo le- bam por estrear muito crus”, vou o espetáculo A Serpente afirma Júlia, além de, por vepara dois festivais gaúchos: o zes, caírem no esquecimento 6º FESTCARBO, na cidade de após a apresentação. Porém, Arroio dos Ratos e o 13º Fes- no grupo, os estudantes têm a tival Pedritense de Teatro, em liberdade de selecionar os Dom Pedrito. espetáculos, os quais Os acadêmicos acreditam que de Artes Cênimerecem ser Em cas possuem lembrados e Gravataí, o seis cadeiras aprimorados, chamadas Enentão grupo conquistou para cenação, na serem levatrês prêmios, qual a cada dos ao públisemestre um co em geral. com a peça As Seus ensaios dos integrante do grupo tem Inventariantes costumam ocorque dirigir um esrer no Teatro Caipetáculo para ser xa Preta (Espaço apresentado no final do Rosane Cardoso), localisemestre. Após a criação, os zado no campus universitário alunos avaliam se “vale a e no DCE do centro, na rua pena” que o espetáculo entre Professor Braga, 79. para o repertório do grupo, O grupo trabalha com pare se será aberto para outros cerias como com o Grupo Cacolegas. “O tempo que temos maleão na peça Rememórias para montar os espetáculos é de Tresontonte, com dois inte-
grantes do Candeia e sob a direção de Leonardo Bergonci. E este ano estão apresentando apenas peças escritas pelo próprio grupo como A Farsa da Panelada e o monólogo G.H. No bar da Casa de Cultura, a integrante do grupo, Júlia Zulke, nos conta por que escolheu fazer teatro: “nunca considerei fazer outra coisa”, revela. Já fazia teatro no colégio desde os dez anos, depois fez oficinas e, com um incentivo dos pais, na faculdade a escolha de curso não poderia ser outra: Artes Cênicas, mas acredita que o colégio foi decisivo.
A estudante, que mora há quatro anos na cidade, acredita que o cenário cultural mudou: “Santa Maria está vivendo um momento de efervescência cultural”. Rodrigo Ricordi (Kareka), produtor e assessor do grupo comenta: “Tem muitos grupos surgindo, só este ano surgiram pelo menos três grupos de teatro”. “Isso é reflexo de alguma coisa: está tendo espaço”, reflete Júlia. No município existem dois teatros em funcionamento: Theatro Treze de Maio e o Teatro Univesrsitário Independente, TUI, ambos com programação semanal, ou seja,
existe espaço e oportunidade de apresentação. Kareka acredita que “o grande problema é que não se paga”. Tanto os empresários quanto o público. Os grupos muitas vezes não têm condição de pagar o aluguel do local para a realização de apresentações. Isto ocorre porque “os empresários preferem investir em outros negócios que não culturais”, esclarece o produtor. Esta falta de investimento reflete na população que não é estimulada a ir ao teatro, deixando de criar um público que se habitue a consumir esta forma de arte.
RODRIGO RICORDI
Grupo Candeia em A Farsa da Panelada
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