Revista Plural - Ano 7, n.º 13, 2011/I

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Revista Experimental do Curso de Jornalismo - UNIFRA Ano 7 - Nยบ 13 - 1ยบ semestre de 2011

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ÍNDICE Hotel pra bicho nenhum botar defeito

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Educação, o princípio do adestramento

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Quem não tem cão... caça com rato, aranha, cobra...

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Os cuidados com animais de estimação

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Amigo cão, o companheiro do homem

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Maternidade animal ou apenas carência?

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Corre que ele morde: os mitos sobre animais de estimação

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Não sou vagabundo, não sou deliquente, sou um cachorro carente

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EXPEDIENTE Revista experimental produzida pelos alunos do 4º semestre - 2011/01 do curso de Comunicação Social - Jornalismo, do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) Reitoria: Irani Rupolo Pró-reitoria de Graduação: Vanilde Bisognin Coordenadora do curso: Sione Gomes Professores orientadores: Maicon Kroth (discipliona de Redação Jornalística), Iuri Lammel (disciplina de Planejamento Gráfico); e Laura Elise Fabricio (Laboratório de Fotografia e Memória) Impressão: Gráfica Editora Pallotti Tiragem: 500 exemplares

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REVISTA PLURAL - 1º SEMESTRE DE 2011

Equipe de reportagem e diagramação Ana Cristina Rauber Rodrigues, Andrez Dorneles Granez, Augusto Carvalho Silveira Guterres , Bibiana Bomachar Leães de Campos, Bruna Maria Severo de Moura , Bruno Benaduce, Emanuelli Mello, Bruno Silva Garcia, Carina de carvalho Rosa, Carolina Santana de Oliveira, Diego Borges Fantinel, Fabiano Salles Bohrer, Fernanda da Rosa Ramos, Gabriel Mathias Haag, Gisele Maciel Fernandes, Jefferson de Oliveira de Andrade, Leliane Ramos Roggia, Priscila Panciera Martini, Renato Nascimento Peixe, Roger Bolzan da Silva, Rômulo Silva D’Avila, Victor Kröning Corrêa, Vinicius Rodrigues Martins, Yuri dos Santos Weber Capa Fotografia: Rômulo D’Avila Manipulação de imagem e diagramação: Bruno Mello e Rômulo D’Avila Modelo: Carina Rosa e “Magali” Produção: Laboratório de Fotografia e Memória UNIFRA, Andrez Granez, Augusto Guterres, Bruno Mello, Carina Rosa, Jéssica Martini, Rômulo D’Avila, Vinícius Martins.


AOS NOSSOS

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FOTO

Eles podem ser parecidos com a gente. Adquirir nossa personalidade através da convivência. Ter o mesmo comportamento em algumas situações. Nos casos mais graves, as mesmas manias. Não importa como estejamos nos sentindo, eles estarão lá para nos confortar. Chegar em casa depois de um longo dia e ser recebido com toda a alegria do mundo por alguém que nos ama mais que a si mesmo. Eles são, por muitas vezes, nossos grandes companheiros. Em alguns lares, são parte integrante da família. São responsáveis por belas lembranças que durarão toda a nossa vida. Marcam seus territórios não apenas em nossos lares, mas também em nossos corações, seja com seu jeito desengonçado ou sereno. Há quem diga que somos nós que nos adaptamos ao seu estilo de vida. Podemos ser a pessoa mais simples do mundo, mas somos recebidos como uma celebridade todos os dias. E confesso que não há sensação melhor do que essa. Quando estamos pra baixo, nada precisam dizer. O simples ato de encostarem suas cabeças em nosso colo já derrete o mais duro dos corações. É como se esse ato dissesse: Está tudo bem, eu estou aqui. Eles podem ser diferentes, é claro. Há desde os mais convencionais aos mais excêntricos. Podem ter patas demais, ou de menos. Vários olhos, ou nenhum. Alguns nos acompanham por quase toda a vida, enquanto outros têm uma passagem breve e marcante, eternizada em nossas memórias. Eles são um pedaço de nossa vida, são nossos animais de estimação. Nós gostamos de animais. E nos preocupamos com sua saúde e bem estar. Queremos conhecer raças excêntricas, quem as possui. Nesta edição da Revista Plural, informaremos sobre os cuidados que se deve ter com essas criaturas que tanto admiramos. Porque assim como você, nos gostamos de animais.

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“ESTIMADOS” LEITORES

capa

Jefferson Andrade REVISTA PLURAL - 1º SEMESTRE DE 2011

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HOTEL PRA

BICHO NENHUM BOTAR DEFEITO Quando você sai de férias ou aproveita aquele feriado para fazer uma viagem, tem que pensar onde ficar, o que levar, exige uma série de planejamentos. Mas e se você tiver um bichinho: o que fazer com ele? Quando não existe a possibilidade de levá-lo ou deixá-lo com alguém de confiança, uma maneira simples de resolver esse problema e não adiar suas férias é usufruir dos serviços de hotéis e hospedagens para animais. Em Santa Maria, existe uma série de estabelecimentos reservados à hospedagem de bichos de estimação, oferecendo diversos recursos, que podem agradar até o animal mais exigente. No hotel podem ser deixados cães, gatos, pássaros de espécies raras, cavalos e até hamsters, como no caso da Veterinária do João*. Claro que existe uma série de cuidados diferentes para cada animal, começando pelo ambiente. Para gatos, o espaço é individual, isolado e em local fechado. Também caixa de areia para suas necessidades, gaiolas para evitar a fuga e uma espécie de ninho para dormir. Já os cães ficam em lugares abertos, separados por grades e um corredor extra. No caso de fuga, ele fica trancado nesse local. Cada cachorro conta com atendimento individual, com brincadeiras diárias para gastar sua energia. Aves e hamsters são mantidas em suas próprias gaiolas, para não estranhar o novo ambiente. Na Hospedaria da Ferradura, que recebe cavalos, administrada por Vladmir Cabral e seu sócio Rogério Corrêa, existem vagas para dez animais e atendimento preferencial. ‘’São poucos animais para ser exclusivo’’, exclama Cabral. Preocupada com a qualidade do espaço que oferece aos animais de estimação de seus clientes, a esteticista Virgínia Herter Fruet busca referências

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Texto e Diagramação: Renato Peixe e Vinícius Martins

em revistas especializadas. Ela faz pesquisas e reformas, regularmente. Já o Instrutor de cães, Joni Virgilio Alves Junior, planejou um ambiente inspirado em locais de competições atléticas para animais, para montar seu negócio. Ele adestra e hospeda cães usando métodos que aprendeu no Exército.


VINICIUS MARTINS

REPRODUÇÃO: HTTP://WWW.SXC.HU

Hotel “Bixo Chic” na Boca do Monte

Hamster em sua gaiola para não estranhar o ambiente

Serviço de quarto e souvenirs Nas hospedagens, os animais têm vantagens dependendo da quantidade de dias e o preço combinado. Existe a possibilidade de usar roupas, cobertas, alimentação especifica e brincadeiras individuais. Tudo para manter sempre a segurança e conforto em primeiro lugar. No Pet Shop Bixo Chic, de Virgínia Fruet, é oferecido tele-busca para facilitar o transporte dos bichos. Na veterinária do João*, o contrato feito cobre a segurança e saúde durante todo tempo de hospedagem. No centro de treinamento

Junior Adestradores e Hospedagem, o espaço amplo e a experiência em adestramento, adquirida na formação de cães de uso policial e militar, garantem a segurança do local. Para os cavalos, o tratamento varia de acordo com a época do ano. No verão, o animal passa sete horas, no turno da manhã, no campo. Logo depois, recebe um banho diário com xampu e condicionador e uma alimentação especializada. No inverno, o equino passa mais tempo em seu estábulo.

VINICIUS MARTINS

VINICIUS MARTINS

Animal em seu espaço individual no Junior Adestramento

‘‘Quarto’’ que o cavalo desfruta na hospedaria da Ferradura

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Alta temporada VINICIUS MARTINS

O período de lotação dos hotéis ocorre entre 15 de dezembro e final do mês de março. O custo da diária vai de R$ 15,00 a R$ 25,00 para cães e gatos. Para cavalos, o custo é de R$ 150,00 mensais. Porém existem promoções, dependendo de quantos serão os dias hospedados e quais serviços contratados. Os hotéis ficam abertos de segunda a segunda e 24 horas por dia. Já na Hospedaria da Ferradura, que atende cavalos, o inverno é o período em que o estabelecimento está lotado, chegando a formar lista de espera.

Cavalo na hora do descanso em seu estábulo individual

Opinião do especialista RENATO PEIXE

Para a médica veterinária, Jane Souza de Souza, proprietária da Veterinária Santa Maria, que possui 26 anos de experiência na profissão, mais do que restrições, o importante na hora de colocar seu animal em uma hospedagem é prepará-lo para essa experiência. Quando não são acostumados, devem passar uma tarde no local para conhecê-lo, também para criar intimidade com os outros hospedados e colaboradores que trabalham na clínica. Os bichos devem estar com suas vacinas em dia para serem hospedados). Diversão e brincadeiras também são essências, porque existem casos de depressão, fazendo com que o animalzinho não coma e fique doente.

Espaço para exercícios Junior Adestramento e Hospedagem

Hoteis para animais em Santa Maria Bicho Chic Estética Animal

 Rua Barão do Triunfo, 1444, Centro

 Rótula da UFSM, Camobi

 bichochicestetica@hotmail.com

 9948-4045 3219-0329

 3025-1679 3025-16-9 (tele-busca) 8422-1134 (tele-busca)

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Junior Adestramento e Hospedagem

REVISTA PLURAL - 1º SEMESTRE DE 2011

Hospedaria da Ferradura

 Bairro Itararé  9125-2392 8428 -7258

Veterinária Santa Maria

 Rua 28 de Setem bro, Patronato  3222-6129 9978-4450


Educação,

o princípio do adestramento Texto e Diagramação: Roger Bolzan e Yuri Weber

S

eu cão demonstra ter alguma habilidade especial? Tem um bom comportamento? Saiba que a educação de seu cachorro, seja básica, intermediaria ou avançada, depende integralmente do seu dono. De antemão, você deve compreendê-lo. Cada raça possui sua singularidade, que deve ser levada em conta no momento de instruí-lo. Segundo Sérgio Segalla, médico-veterinário e diretor do HVU (Hospital Veterinário Universitário da UFSM) tudo começa com a educação básica. O cão aprende a respeitar certas limitações, a se portar perante a sociedade e obedecer aos comandos do dono. Somente com uma boa educação pode-se chegar a um possível resultado avançado. É dever do dono passar de imediato ao cão uma relação de liderança. Isso tornará sua amizade com ele mais satisfatória para ambos. “Cachorro pensa, raciocina, elabora pensamento. É vingativo quando quer. É teimoso quando quer. Então adestrar é entender esse conjunto de fatores”, analisa Segalla. Continua >>

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REVISTA PLURAL - 1º SEMESTRE DEFOTOS: 2011YURI WEBER


Uma das formas de preparar os animais para o convívio sadio em ambientes sociais, sem que hajam problemas por causa de comportamento hostis, é o adestramento. Em Santa Maria, existem diversos centros de adestramento. Um dos mais conhecidos e preparados é o do BOE (Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar). Na entidade, cada policial é designado a trabalhar com o seu cão. O treinamento ocorre conforme os seguintes passos:

1º passo – O animal que chega ou nasce lá é familiarizado com o grupo de cães que lá se encontram.

2º passo – Ele é designado a um soldado, para com ele criar um vínculo de amizade e companheirismo.

3º passo – O cachorro é colocado em um local

com vários brinquedos para que escolha um. Esse adorno será utilizado como “prêmio”, para o animal, na medida em que realize essas funções.

4º passo – Ensina-se os comandos básicos para educá-lo e ter um controle sobre o cão.

5º passo – Designar o cão conforme suas caracte-

risticas, para uma função especifica: Policiamento (patrulha e ou choque) ou faro de entorpecentes.

6º passo – Dar manutenção ao treinamento das habilidades especificas.

Diferente do BOE, o qual executa um trabalho único interno, designado a complementar o serviço de policiamento e procura de entorpecentes, outros centros de adestramento oferecem seus serviços ao público geral. Os preços variam de R$ 300,00 a R$ 500,00 mensais, de acordo com o cão e com o treinamento desejado. Não existe idade mínima nem máxima para se adestrar. É possível iniciar o trabalho de educação básica ainda na época de desmama, pois é nessa fase que o cão começa a absorver conceitos de comportamento. Até mesmo os cães com idades avançadas são capazes de corrigir certos comportamentos inadequados, assim como adquirir novas funcionalidades. Roque Colognese trabalha nesse ramo há mais de 20 anos e explica a importância do dono nesse processo: “Hoje nos preocupamos mais em trabalhar os donos dos cães. Se eles não entenderem o cão que tem em casa, assim como a importância de dar continuidade ao processo de educação, não haverá um resultado satisfatório. Costumo dizer que é um trabalho integrado. Não basta apenas ensinar o animal, tenho que preparar o dono”. Existem três módulos de adestramento: Interno (o cão fica no centro de educação em período integral, enquanto durar o contrato de adestramento), semi-interno (fica durante a semana no centro e volta para casa no fim de semana ou então vai até o centro junto de seu dono apenas no período de instruções) e externo (o adestrador vai a sua casa). O modo de adestramento depende do porte do cão e de quanto o dono está disposto a pagar, porém são técnicas eficazes que só tem a melhorar o seu desenvolvimento dentro e fora de casa. O adestramento não só educa o cão como também ensina diferentes habilidades.

Dicas ■ É essencial ter consistência

em tudo o que falar ou fizer.

■ Corrija seu filhote quando ele errar elogie quando acertar.

■ Nunca faça uso de castigos físicos.

■ Como meio apropriado de correção, diga NÃO! (com a voz firme).

■ A resistência de seu cão à

coleira e à guia irá diminuir à medida que elas sejam utiliza das com mais freqüência. Treinamento de transposição com obstáculos

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Cuidado! Seu cão pode tornar-se um problema

Exemplo de obediência

Com sua recompensa: “o brinquedo”

Muitas pessoas não entendem que, após o animal ser condicionado a certas atitudes, é de extrema dificuldade o reeducar o mesmo. Lúcia Maria Cartana, médica veterinária, relata que diversos cães são colocados para adoção ou extraviados. “Os donos querem transformar cães dóceis em selvagens, na base da violência. Após ele adquirir uma índole assassina, é quase impossível reverter este quadro. A conseqüência é que os donos livram-se de seus cães”. É comum pensar que cães para guarda devem ser agressivos. Porém Lucia afirma que se você criar um cachorro, com amor e carinho, ele também poderá ser um bom guarda, sem que sua raiva seja instigada. Incitar o cão a usar sua violência prejudicará o ambiente e a periculosidade em sua presença.

Roque junto ao cão Iron, campeão gaúcho de 2010 na “Classe Aberta Selecionados”

Onde Adestrar seu cão ■ Pet Shop Casa do Bicho

■ Roque Adestramentos e Hospedagem

■ Junior Adestramento e Hospedagem

■ Adestramento de cães em sua residência

Faixa nova de Camobi – Parque Santa Lúcia (55) 32252506 trainingdog@brturbo.com.br

Faixa velha de Camobi, 5426, Km 7 (55) 99484045

Rua Pedro Santini, 4111 – Jardim Berleze (55) 99956169 roque.adestramentos@ibest.com.br

Givane Rangel (55) 91095655

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Q UEM NÃO TEM CÃO...

RÔMULO D’AVILA

Texto e Diagramação: Ana Rauber e Rômulo D’Avila Eles não mexem o rabo quando você chega. Não usam coleira e nem saem para passear. Ainda assim, garantem companhia e divertimento para seus donos. Ter uma cobra, uma aranha, um lagarto ou outro animal fora do convencional como bichinho de estimação pode parecer estranho à primeira vista, mas aqueles que se arriscam a criá-los garantem que não se arrependem da escolha. Cães, gatos e peixes vêm perdendo a hegemonia dentro dos lares. Devido às mudanças nos hábitos dos brasileiros, muitos optam por animais incomuns, seja por não exigirem cuidados constantes, ou grandes espaços e até mesmo pela excentricidade de criá-los. Em outros países também ocorre à criação de animais silvestres ou exóticos em âmbito familiar. Na Índia, por exemplo, existem artistas de rua conheci-

CAÇA COM

dos como encantadores de serpentes, que com os movimentos e vibrações emitidos por suas flautas fazem najas, uma espécie de cobra peçonhenta e extremamente perigosa, parecer um animal inofensivo. Grande parte destes artistas convivem com suas cobras há anos. A principal preocupação ao adquirir um bichinho destes deve ser a procedência do animal. Manter animais silvestres em cativeiro sem autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e dos Recursos Naturais Renováveis é crime. Além de receber uma multa e ter o animal recolhido, o dono pode ser preso. O valor do animal oriundo do tráfico pode ser atrativo, mas as precárias condições as quais é submetido pode causar grandes problemas de saúde, além de um comportamento arredio. O biólogo Leonan Guerra, de 26 anos, ressalta o risco de apropriar-se de um bicho destes. Se um animal tirado de um cativeiro for recolocado no meio ambiente, este terá menos chance de sobreviver do que um que sempre viveu livre. O instinto de caçar, a habilidade de vivenciar situações de defesa e adversidades climáticas são prejudicados nestes animais. Guerra é a favor da posição categórica do IBAMA de fiscalizar a criação das espécies. Até porque, o biólogo afirma que animais criados em cativeiro, ou seja, fora de seu ambiente natural, não existem para a biologia. Mesmo com os riscos, aqueles que de alguma forma desejam possuir uma cobra, aranha ou outro qualquer deve ter consciência da biologia deste animal, os hábitos, longevidade e necessidades de cada espécie antes de adquirir, pois será difícil o animal se readaptar em outras condições. Além disso, a pessoa deve estar atenta para as consequências que o bicho pode trazer, como doenças, alergias ao pelo, bactérias e principalmente se é ou não peçonhento.

RATO, ARANHA, COBRA 10

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Os animais domésticos mais comuns são mamíferos. Cães e gatos movimentam um lucrativo negócio que envolve moda, alimentação e produtos destinados a diversão do animal. Mas eles não são unânimes. Animas que outrora provocavam repulsa, hoje atraem até gente famosa. É o caso dos porcos, criados por Paris Hilton e George Clooney. Criar suíno como animal de estimação é tão comum nos Estados Unidos que leis específicas para esta espécie foram criadas. A indústria se especializou em determinados produtos, como xampus, rações, coleiras e brinquedos. Embora não exijam grandes preocupações para mantê-los, os suínos são animais de grande porte que necessitam de um espaço avantajado. Outro animal cuja imagem provoca asco na maioria das pessoas é o rato. Diferente do porco, este roedor ocupa pouco espaço. Mesmo que parecidos, hamsters e ratos não possuem comportamentos semelhantes. Eles são excelentes companhias, dóceis e gostam do convívio humano, interagindo muito com os donos.

Homer, um pequeno rato branco, não foge a regra. A acadêmica de administração, Thessa Guerra, de 20 anos, dona de Homer confirma: “gosto dele como companhia, está sempre do lado, não dá muito trabalho”. Thessa admite que a primeira impressão ao conhecer o roedor não é das melhores, mas pouco tempo perto do ‘bichinho’ é suficiente para trocar de opinião. A alimentação de Homer é à base de ração canina, algumas frutas e queijo tirado de sua própria geladeira, girando em torno de três reais mensais. Na infância, a estudante já teve cachorros e até tartaruga. Cães, hoje, só na casa dos pais. Thessa afirmou que a experiência de interação dos dois animais é diferente. Segundo a estudante, o rato não chega a retribuir aos carinhos, por vezes fica dengoso, mas na maior parte do tempo ele é “elétrico”. O novo companheiro, que adquiriu em 2010, é único, mas não chega a ser o preferido. “Gosto igualmente dos dois, tanto do rato quanto dos cachorros que tive”, complementa a dona de Homer.

RÔMULO D’AVILA

Queijo cheddar para Homer

Longe dos laboratórios, o elétrico Homer ganha dieta especial com frutas e queijo

RÔMULO D’AVILA

Preso na teia da aranha

Lucas com o aracnídeo da UFSM

Diferente dos personagens de histórias em quadrinhos, ser picado por um aracnídeo não lhe dará superpoderes. Pelo contrário, dependendo da espécie, pode levar à morte. Mesmo assim, ainda há pessoas que, motivadas pelo gosto por animais diferentes ou alergia aos bichinhos de estimação convencionais, adquirem aranhas. O baixo custo para criá-las também é atrativo, visto que se alimenta de insetos e outras aranhas menores. Os maiores gastos são com o terrário e a climatização necessária. Lucas dos Santos, 20 anos, estudante de Engenharia Florestal já criou sete aranhas. A última caranguejeira que teve foi em 2010 e só parou de criá-las pois a irmã começou a reclamar de sentir medo. Além dela, alguns amigos se recusavam a dormir em sua casa. Entre as histórias, Lucas contou de uma amiga

que dormiu em sua casa com a cabeça virada para o terrário, que era tapado por um lençol. Durante a noite o lençol caiu e quando a amiga acordou entrou em pânico. “Ela não queria acreditar que tinha dormido toda a noite com o terrário destapado”, contou o estudante achando graça da situação. Hoje, o contato do jovem com esses animais ficou restrito ao estágio que faz na Amostra Permanente de Biologia, no prédio 19 da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Lucas afirma que é no convívio com o bicho que se pode observar melhor o comportamento dos animais. Ao falar sobre o tema, ele demonstra todo o apego que criou com os aracnídeos. “O que eu mais gostava era saber que ela estava ali para observar antes de dormir, para analisar os hábitos do animal ou de como ela fazia troca de muda”, relata.

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ANA RAUBER

Mateus Velasquez, um vendedor de consórcios, de 19 anos, já criou iguanas e hoje possui outro réptil como animal de estimação. Amin, uma cobra jiboia de quase seis anos que divide as atenções com alguns cachorros, dois pássaros e um gato. A cobra, de seis anos, custou R$2.500,00 em uma petshop em Porto Alegre. As jiboias são serpentes de comportamento dócil e que, por não serem peçonhentas, apresentam poucos riscos aos humanos. Raramente mordem, porém possuem dentes afiados que podem causar grandes estragos dependendo do tamanho do animal. Matam suas presas por constrição, ou seja, sufocando-a. Sua alimentação baseia-se em animais menores, como pequenos mamíferos e aves. Amin, por exemplo, come um rato a cada 15 dias, dando um gasto mensal de trinta reais à Velasquez. Os cuidados com o ambiente onde o animal ficará não difere do iguana. O terráreo necessita ser grande, pois a cobre atinge em sua idade adulta dois a quatro metros de comprimento. Mesmo dócil, o comportamento difere de indivíduo para indivíduo. O convívio precoce e constante com o animal é importante, assim como não realizar movimentos bruscos que podem assustar o animal. Velasquez contou que a cobra nunca mordeu ou picou ninguém, mesmo passando por brincadeiras e situações adversas. Apesar do bom convívio, ele ressalta que “a relação é diferente de como a de um cachorro, pois a cobra é bem na dela e não fica em volta pedindo carinho”.

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Amin mora há mais de seis anos com a família e outros animais domésticos

As jiboias são serpentes de comportamento dócil e que, por não serem peçonhentas, apresentam poucos riscos aos humanos

Os Iguanas são considerados o primeiro réptil a ser criado como animal de estimação. Hoje perdeu a popularidade para as tartarugas, jabutis e cágados, mas ainda figura entre os animas silvestres mais procurados. Apesar da feição pouco amigável, os iguanas possuem um comportamento dócil em relação aos humanos, interagindo bastante com seu dono. Ainda assim, se elas se sentirem ameaçadas, podem morder ou usar o rabo para chicotear. Mesmo que sem veneno, a mordida pode ser bem dolorosa, visto que possui uma boca cheia de dentes afiados. Por isso, para que o animal se sinta bem, diversos cuidados são necessários, como o manejo adequado e contínuo do animal, para que ele se acostume com o dono. Assim como todos os répteis, os Iguanas necessitam de exposição à luz direta. Caso mantenha manter seu iguana em um terrário com vidro, certifique-se de que haja uma quantidade considerável de lâmpadas UVA e UVB própria para répteis. Estas ajudam na sintetização de cálcio e vitamina D3. A temperatura deve estar entre 28 e 29ºC e durante noite deve rondar os 22ºC, com umidade entre 70% e 80%. São animais herbívoros, sua dieta é composta por frutas e verduras. Por isso o gasto com a alimentação do animal não costuma ser muito alto. Se bem tratada, uma iguana pode viver até 20 anos em cativeiro, atingindo quase dois metros de comprimento e aproximados 10 kg.

RÔMULO D’AVILA

Amizade à sangue frio


Legalizando a bicharada O tráfico de animais tem origens antigas no Brasil. Desde o seu descobrimento, grande variedade da fauna do país foi levada para a Europa, assim como espécies européias foram introduzidas em terras tupiniquins. Hoje, o tráfico de animas é um dos maiores responsáveis pela extinção de diversos animais silvestres e figura em terceiro lugar dos maiores comércios ilegais do mundo, perdendo apenas para as drogas e armas. Pelo Brasil, encontramos muitas feiras e depósitos clandestinos especializados na venda de animais silvestres e exóticos. O maior fluxo de animais para a comercialização é da região norte para a região sudeste. Muitos destes bichos são transportados e mantidos em péssimas condições, sendo que a maioria não chegam em seu local de destino, e os que chegam, possuem inúmeras doenças e comportamento arredio devido aos maus tratos (que incluem torturas como furar os olhos, anestesias para parecerem dóceis no primeiro contato e cortes de asas e garras), o que dificultará seu convívio pacífico como animal de estimação.

IBAMA, Polícia Ambiental e demais órgãos públicos ligados ao meio ambiente são responsáveis pela fiscalização, além de apreenderem através de denúncias espécies vítimas do tráfico animal. Os animais recolhidos vão, na maioria dos casos, para um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), um órgão gerenciado por instituições ambientais. Lá os animais são tratados e reintroduzidos no meio ambiente. Aqueles que não readquirem o instinto selvagem são mandados lugares registrados pelo IBAMA, como criadouros e instituições de pesquisa. Nenhuma espécie silvestre ou exótica pode ser legalizada. Há duas formas legais de possuir um animal deste tipo. Uma é provar documentalmente que o possuía antes da Lei nº 5.197/67 de Proteção à Fauna entrar em vigor. A outra é adquiri-lo em um criadouro autorizado pelo IBAMA. A existência desses criadouros é previsto na Lei de Proteção a Fauna - Lei nº 5197/67, na Lei de Crimes Ambientais - Lei nº 9605/98 e no Decreto que regulamentou essa Lei, o Decreto nº 3179/99.

Saiba as diferenças entre os criadouros ■ Criadouros conservacionistas - Apóiam ações do IBAMA e de outros órgãos ligados ao meio ambiente, mantendo espécies silvestres em cativeiro com condições ideais para o estudo dos animais, não podem ser vendidos e nem doados, apenas intercambiados com outros criadouros para reproduzirem. São regulamentados pela Portaria nº 139/93. Em Santa Maria, há o criadouro conservacionista São Braz. O ambientalista Santos de Jesus Braz da Silva é o diretor e proprietário. Recebeu a autorização do IBAMA em 1995, tornando-se um dos primeiros criadouros implantados no Estado. ■ Criadouros comerciais - Possuem o objetivo de comércio dos animais propriamente ditos ou de seus produtos. Regulamentados pela Portaria nº 118/97. ■ Criadouros comerciais de fauna exótica - Servem para criação de animais provenientes de outros países. Regulamentados pela Portaria 102/98. ■ Criadouros científicos - São aqueles que funcionam em Universidades ou outras Instituições reconhecidas pelo Poder Público para fins de pesquisas científicas. Regulamentados pela Portaria nº 016/94. Os animais comercializados nestes criadouros já pos-

suem registro no IBAMA e devem vir acompanhados de nota fiscal, identificação individual da espécie, que pode ser uma anilha ou microchip e um guia sobre a biologia do animal, como hábitos, alimentação, doenças, condições de sobrevivência e cuidados de trato e manejo. Para quem não cumprir, a Lei de Crimes Ambientais N° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. prevê no Art. 29 que “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida” possui pena de detenção de seis meses a um ano e multa. Além do Art. 32, “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” que prevê detenção, de três meses a um ano e multa. REVISTA PLURAL - 1º SEMESTRE DE 2011

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OS CUIDADOS COM FOTOS: BRUNO GARCIA

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

Os artigos para os cães, nos quais são oferecidos, variam de acordo com a necessidade de cada animal

Texto: Bruno Garcia Diagramação: Bruno Garcia e Carolina de Oliveira Enquanto um grande número de animais sofre com os maus tratos ou abandono, outros recebem cuidados especiais quando mantidos como companhia doméstica. Com isso, muitas pessoas oferecem um verdadeiro tratamento vip aos seus cães, em casas especializadas que são chamadas de Pet Shops. Nestes estabelecimentos são oferecidos os mais diversos cuidados para um cão, desde a limpeza de pele até o acabamento final. Aliás, quem não gostaria de ver seu animal lindo e na maior mordomia? Dois Pet Shops oferecem o serviço de banho e tosa em São Sepé. Esses tipos de atendimento são os mais procurados, porque os donos vão em busca de uma melhor estética e saúde para os animais. De acordo com a veterinária Norma Rohde, a qual possui um consultório para animais, os bichinhos

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podem disponibilizar de oftalmologistas, cardiologistas, radiologistas e até dermatologistas. No caso dela, a especialização em clínica geral faz com que desempenhe ANNETTE todas as funções mencionadas anteriormente. Norma conta que o principal motivo que leva os donos de animais a procurarem seu consultório são problemas de pele. “Muitos cães chegam aqui e realizamos um trabalho de limpeza de pele. Com isso, é feita uma avaliação e, logo após, é constatada a presença ou não de fungos e qual o tipo de tratamento a que o cachorro será submetido”, explica. A veterinária salienta que a demanda em busca de serviços de saúde cresce a cada ano. O bom atendimento clínico, de prevenção e vacinas, é fator fundamental para a qualidade de vida do animal.


O seu cão merece Nos dias de hoje, os animais estão convivendo cada vez mais com as pessoas. Norma revela que médicos têm indicado aos seus pacientes a compra de um cachorro como forma de terapia para muitos casos de depressão. Para isso, são oferecidos os mais variados objetos a um cão, que vão desde um petisco até agasalhos para o inverno. As empresas importadoras destes produtos estão investindo cada vez mais em novidades e artigos. Embora o chocolate não seja recomendado para cães, as épocas da Páscoa, Natal e final de ano são as que os donos de “Pet Shops” mais lucram. Emilene Walter Pereira, trabalha em um “Pet Shop” de São Sepé. Ela explica que o preço de um cachorro pode variar de acordo com a raça. Um Poodle, por exemplo, oscila entre R$ 100,00 e R$ 150,00, dependendo do tamanho. Um York Shire, que é uma das raças mais procuradas, custa de R$ 600,00 a R$ 800,00. Aos sábados animais são disponibilizados para venda.

Acessórios para todos os tipos de cães são encontrados

As roupas estão entre os produtos mais procurados

Tratamento vip

Após ser avaliado, o cão recebe os primeiros cuidados

O dono que deseja ter o seu cão bem limpinho e cuidado pode contar com os serviços de banho e tosa. O custo para esse tipo de atendimento varia entre R$ 20,00 e R$ 30,00. Logo que chega ao consultório, o cachorro é encaminhado para análise onde recebe os primeiros cuidados. Ali, o veterinário avalia a presença de fungos e doenças. Depois, o animal é colocado em uma banheira, recebendo água morna, xampu e uma série de produtos a que o tratamento é recomendado. Em seguida, o cão é colocado em uma secadora. Na sequência, o bichinho é tosado de acordo com a orientação do dono. Todo processo dura cerca de uma hora e 30 minutos. O corte das unhas e a limpeza de glândulas finalizam o serviço. Após todo o processo, o dono recebe uma orientação para que tenha maiores cuidados com o animal em casa. Os veterinários que oferecem os serviços, procuram dar ao cão o melhor tratamento possível. O máximo de carinho e cuidado que um bixinho de estimação pode ter, faz parte da rotina dos profissionais. As ações de melhoria da estética são solicitadas para que o mesmo fique de acordo com o que o dono deseja. A prevenção de doenças, a higiene e a boa alimentação fazem com que os animais tenham vida longa.

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AMIGO CÃO,

O COMPANHEIRO DO HOMEM

FOTOS / GABRIEL HAAG

Família comprova que amor e cuidado com animais de estimação pode ultrapassar fronteiras

Cão sempre está na companhia do casal: em harmonia, ele tornou-se um membro da família e ganhou o amor de todos

Texto: Gabriel Mathias Haag Diagramação: Gabriel Mathias Haag e Priscila Martini “O meu cachorrinho gosta muito de mim, e o seu focinho é geladinho assim. Gosta de pular e de brincar de esconder, se falar em banho ele começa a correr”. A música, composta e cantada pela artista Eliana, já adianta o amor entre os cães e o ser humano. Por vezes, o amor é contagiante, capaz de promover alegrias instantâneas em todos que cercam os bichinhos. Mas o assunto em questão são os cuidados (e carinhos) que os estimáveis necessitam para que sejam o que são, verdadeiros companheiros. Quinta-feira, 21 de abril de 2011. Aparentemente, o apartamento do casal Diógenes Faccin e Neila dos Anjos está silencioso, calmo, e com uma harmonia criada por boa música, perfumes e revistas espalhadas no sofá, com capas atrativas e bonitas, convidando qualquer um para uma agradável leitura. Após um dia de trabalho cansativo, os dois descansam em boa companhia.

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É noite e a referida companhia é do cãozinho “Tóbby”, da raça Shoewawa, muito estimado pelo casal que, ao chegar em casa, tem sua rotina transformada. Segundo eles, o animal de estimação colabora com a harmonização do ambiente. Por ser tão importante – considerado como membro da família – o cachorrinho tem regalias e mordomias que muita gente não tem. Tudo visando o cuidado da saúde do pequeno. “Quando chega a hora de dormir, ele dorme em sua cama, no nosso quarto”, ressalta Neila, 45 anos, artesã. Além disso, segundo a proprietária, ele gosta de bastante mimo. Falando nisso, o cão é sempre ensinado a manter boa educação, ou seja, por meio de diálogos com o animal, o casal ensina o mesmo a manter-se comportado diante das visitas. Bem mais do que cuidado... Conforme Diógenes, 59 anos, empresário, ele é tratado com muito amor. “É como se fosse um filho, é nossa paixão”, comentou. Na rotina do Tóbby, ao acordar, está


a tarefa de descer ao andar térreo do prédio onde residem, para dar seu passeio diário, que se repete ao entardecer. Ele também gosta de viajar. E não pára por aí. “Conversamos com ele sobre tudo que acontece, e ele nos entende”, explica Neila, com o pequenino no colo, dormindo feito criança. Aliás, é a criança da casa. Para a prima do casal, Clara Moraes, 62 anos, funcionária pública, tudo é pura atenção. “Esse cachorrinho só falta falar. Ele vê outro cachorro na rua e deve se perguntar: que bicho é esse?”, brinca ela, referindo-se ao modo com o qual Tóbby é tratado. Durante o dia, é possível a vizinhança deliciar-se com o charme do cão. Com botas nas quatro patas, ele desfila pelo sol do outono, cheio de simpatia, e até mesmo com roupa de grifes animais. Com beleza, Tóbby ganhou a simpatia dos moradores do bairro. “O Tóbby foi uma bênção. Ele é compreensivo, amável, dócil. E, além de tudo, nos entende por completo – e nos completa”, disse Faccin, ao comentar a companhia na família, há três anos. Nos cuidados que ganha, Tóbby recebe bem mais que carinho. Ele tem um guarda-roupa inteiro só seu, com direito a roupas de passeio, de festa e sociais. Botas e sapatos (caninos) também integram o figurino, além de perfumes e cosméticos. Vale salientar que dentre os vários detalhes de saúde que recebe, Tobby é levado periodicamente ao médico veterinário, recebe vacinações em dia, e ganha cuidados, como uma alimentação balanceada, servida em seu próprio pratinho, pois o animalzinho tem seus objetos pessoais. “Após ele fazer suas necessidades, lavo e limpo as ‘partes dele, e sempre faço a higiene das patas após voltar de passeios na rua”, falou Neila. Diógenes, mais conhecido pelo apelido de “Dojão”, possui dois filhos: Diovani, que

é piloto de aviões comerciais, e Diógenes, que é engenheiro civil. “Os guris (filhos) adoram o Tóbby. Eles já chegam aqui em casa perguntando pelo irmão”, comentou Faccin, de forma descontraída. Quer adotar um amiguinho? Saiba como! Com direito a variedades em moda, e até mesmo massagens, o mercado dos Pet-Shops cresce. Claro, alguns itens são supérfluos, mas outros tornam-se prioridade. Vacinas, medicações e cuidados com a saúde. Prepare seu bolso. Calma, leitor. Nada disso é caro demais, mas são gastos vindos junto com qualquer animalzinho de estimação, por isso, é conveniente uma preparação financeira. No Rio Grande do Sul, caso sua vontade vá além do básico, existe a grife de roupas caninas “Astro Dog”, que fica em Caxias do Sul. A marca produz peças que seguem tendências de grandes passarelas. Mas existe um fator fundamental para que você adote ou compre seu companheiro: o amor. Além do bolso, seu coração deve preparar-se para dar e receber muito carinho. Já na adoção, em praticamente todas as cidades existem instituições que recolhem cachorros da rua e disponibilizam os mesmos para pessoas que queiram cuidá-los.

SAIBA MAIS! Seguem abaixo, dicas de cuidados com os animais: 1) O amor é contagiante Sempre cuide, faça carinhos no animal de estimação. Ele sentirá tudo isso e retribuirá sempre; 2) Vale um papo Experimente um pouco de assunto com seu animal. Além de entenderem a atmosfera em que vivem, isso ajudará você a ter boa relação com ele; 3) Crie regras Por mais travessos que os animais sejam. Desta forma, o animal sempre obedecerá você; 4) Tenha amizade Apresente o animal para toda a família. Assim, ele reconhecerá e não irá estranhar os visitantes da casa; 5) Higiene e atenção Procure manter uma rotina de higiene com o animal. Valem banhos periódicos, e se quiser, caso ele for criado exclusivamente dentro de casa, sempre limpe as patas ao retornar de um passeio na rua.

Tóbby é cuidado com muito amor

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... ou apenas

carência?

Texto: Bruna Maria de Moura e Fabiano Bohrer Diagramação: Gisele Fernandes e Bruna Maria de Moura Seu gato dorme com você? Seu cachorro tem festa de aniversário? E seu peixe foi batizado? Essas são algumas das maneiras que os apaixonados por animais de estimação encontraram para tratar seus bichinhos. Hoje, presenciar na rua, no shopping Center, nos Pet Shops, tratamentos vips a animais de estimação é muito comum. Na sociedade atual, os animais são tratados como filhos, com direito a tudo que um ser humano exige, desde os cuidados com saúde até a hora do lazer.

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Segundo pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010, 64% da população brasileira tem um animal de estimação dentro de sua casa. Em alguns casos, preferem animais de estimação a ter filhos. Para o psicólogo Rogério Lazarin, 42 anos, as pessoas devem saber separar o tratamento de um animal para uma criança. Ele acredita que ter convivência com animais seja muito bom para o ser humano. Mas distinguindo que cachorro é cachorro, gato é gato, criança é gente. O profissional acredita que não seja saudável dormir com animais, comprar lenços umedecidos para limpá-los, vesti-los e batizá-los.

FOTOS: SCX.HU / LICENÇA CREATIVE COMMONS

Maternidade animal...


As pessoas maduras têm medo de criar filhos no mundo de hoje

Liliane Bolzan

Eu me sinto como uma mãe... Moa veio para alegrar os meus dias e me fazer companhia

A maternidade não é mais um desejo de toda a mulher brasileira. Algumas preferem morar sozinha e ter um felino ou canino para lhe fazer companhia. Os vínculos com os animais de estimação são tão fortes quanto com humanos, algumas tratam melhor seus bichinhos do que o homem com quem se relacionam. Chegam a comparar morte de seus animais à morte de familiares. Independente da idade, idoso, jovens ou crianças. Para a estudante de psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Liliane Bolzan, 27 anos, os animais, de certo modo, podem ser considerados bons substitutos dos filhos, já que oferecem emoções e comportamentos semelhantes. “As pessoas maduras tem medo de criar filhos no mundo de hoje. Suprem essa necessidade com animais de estimação que, conseqüentemente, podem ter o mesmo tratamento, mas exigem menos preocupações”, ressalta. Ter um animal ao invés de um filho supriu a carência de algumas pessoas. “Ela é minha primeira filha” – disse Amanda Gomes da Rosa, 25 anos, empresaria, referindo-se a Moa, seu cãozinho filhote de Lhasa Apso. “Eu me sinto como uma mãe, Moa veio para alegrar os meus dias e me fazer companhia.” Minha rotina mudou bastante, agora nos finais de semana Moa recebe em casa seus amiguinhos, e a bagunça esta formada. Amanda não é a única que se considera como mãe, Viviane Scremim, funcionária do pet shop, Bichos e Cia, acredita que “Cães são como gente, sentem, sofrem, e achamos um absurdo quando as pessoas simplesmente largam o cachorro porque agora tem algo mais importante”. Ela diz que, por dia, chega a atender cerca de 10 cachorros. O que na semana resulta em um total de 50 cães. Já para a estudante de Designer de Produto, Juliana Andrade, 25 anos, também tem como “filha” uma cachorrinha da raça Beagle. Ela nos conta que viaja muito por causa do seu trabalho. “A Suzi é minha filha, então o dia que preciso ficar fora a deixo em um hotel para cães, sabendo que ela está bem cuidada, viajo tranquila”. Juliana diz que jamais a deixaria jogada num quintal só dando água e comida. A aposentada Dona Genésia Almeida, 70 anos, diz que para ela os seus gatos são como “filhos”, são “preciosos”. “Eu sempre falo que sou a mamãe deles e quando a minha filha chega, eu digo: “Chegou a maninha”. Tem gente que acha bobeira, mas eu dou a eles todo o carinho do mundo, por que merecem.” Ela diz também que há anos acompanha o crescimento de seus gatinhos. Uma é persa, a Ritinha com 10 anos e a Nina, uma siamês, com 13 anos. Dona Genésia diz que se alguma ficar doente, ela corre para o veterinário, da o remédio na hora certa e passa a noite acordada. São as suas companheiras diárias, já que sua filha já não mora mais com ela há alguns anos.

Animais despertam outro tipo de sentimento

Amanda Gomes da Rosa

Mas Luciana Luccas, 38 anos, protética, conta que não pensa em ter filhos, e sim gato e cachorro. Mas eles no pátio e ela dentro de casa. É preciso analisar se você tem condições de cuidar. Se há possibilidades de pagar um hotel, ou de deixar com alguém quando for tirar férias. Se você é capaz de suprir as necessidades diárias de energia dele. Tem que gostar de passear. Justina Mello, 39 anos, não tem muito tempo para se dedicar aos cuidados que um animal de porte maior requer. Mas não descartou a sua vontade de ter uma companhia. E conta que quando decidiu adotar Lili e Scape, dois peixes Beta, foi muito bem pensado. “Quando chegaram em casa até o batizado foi realizado”, conta ela. Existem imprevistos, mas as pessoas não costumam analisar nada antes de pegar aquela coisa fofa no pet shop. REVISTA PLURAL - 1º SEMESTRE DE 2011

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CORRE QUE ELE

MORDE

OS MITOS SOBRE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO Texto e Diagramação: Victor Corrêa Cão que ladra não morde. Será? Não sei. É o que dizem. Quem nunca ouviu esse ditado? Durante anos foram criados mitos sobre animais. Alguns desmistificados. Outros ainda insistem em causar discordância. O mito, em poucas palavras, é uma narrativa simbólica transmitida de geração em geração dentro de um determinado grupo. Com o passar do tempo, eles perdem força. Mas na mesma intensidade que alguns caem, outros novos surgem. Muitas dúvidas passam na cabeça de proprietários de animais e de quem pretende adquirir um. Entretanto, fontes erradas podem causar confusão para quem busca informações sobre a aquisição e manutenção de um animal de estimação. Estas situações podem gerar a criação de um novo mito. O estudante Juliano Moro, 23 anos,

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adquiriu um cachorro da raça labrador, recentemente. Em sua casa, já haviam dois gatos recém-nascidos. Ele adquiriu o animal ainda filhote, mesmo sendo avisado de que gatos e cachorros não se misturam. Juliano desmistificou o mito na prática. A dificuldade inicial logo foi superada pelo convívio dos animais ainda na fase da infância. Os mitos sobre os animais de estimação têm origem, na maioria das vezes, por causa da falta de entendimento do homem sobre a vida animal. Má interpretação de comportamentos geram diagnósticos precipitados. E errados. Mário Cavichioli, Médico Veterinário e proprietário da clínica Ao Veterimário, explica que, para entender os animais, o ser humano deve ser pontual, observar cada nuance de seu comportamento como uma mensagem codificada. Os animais possuem uma forma singular de comunicação de como ou o que está acontecendo. Paciência e determinação para entender suas intenções são fatores essenciais para estreitar os laços com o animal de estimação. “Devemos compreendê-lo e satisfazê-lo. Ele retribuirá como um parceiro em equilíbrio”, revela. Mário ainda conta que existe uma ambição mercadológica de certos pets shops que estabelecem certas “necessidades” para os animais, que muitas vezes são dispensáveis e ainda atrapalham o animal.


Mito ou verdade? Mário responde aos alguns questionamentos sobre animais de estimação: FOTOS VICTOR CORRÊA

A castração deixa o animal gordo e bobo? Mito. Ele fica sedentário. O peso se dá pela dieta imposta pelo dono. Cachorro que baba tem raiva? Mito. A baba significa calor e/ou cansaço. Gatos e cachorros podem viver juntos? Verdade. Deve-se preferencialmente educá-los nesse convívio quando filhotes para facilitar a assimilação. Gatos transmitem asma? Mito. Inúmeros outros fatores transmitem a doença. Ácaros no pelo do animal transmitem. Também presentes em cortinas. Roupas velhas. Cachorro que corre atrás do rabo está louco? Mito. Ele está se divertindo. Geralmente ocorre quando o animal ainda é jovem. Castrando os machos eles param de fazer xixi pela casa? Em parte. Castrado, com pouca idade, ele diminui a quantidade e passa a fazer em um lugar só. Machos castrados perdem interesse pelas fêmeas? Verdade. Nos animais de estimação, o sexo ocorre apenas para a procriação. Os machos estão sempre prontos para copularem. As fêmeas precisam de um determinado momento para a procriação. A este chamamos estrocio. Durante o mesmo ocorrem alterações hormonais como secreções de ferormonios, os quais atraem machos, às vezes, a quilômetros de distância. Isto causa a aglomeração dos machos em torno das fêmeas e, por isso, ferozes disputas. Esta luta pela conquista da fêmea e subjugação dos rivais, por sua vez, é mediada pelo hormônio testosterona, que é secretado pelos testículos. Nos animais castrados eles inexistem. Não havendo secreção desse hormônio, os machos se desinteressam pela procriação.

Mário orienta donos de animais de estimação sobre mitos e verdades Os animais têm ciúmes? Verdade. Em razão do convívio estreito entre animais de estimação e família, desenvolvem-se, ao longo do tempo, laços afetivos muito intensos os quais, eventualmente, derivam para comportamentos viciosos como, por exemplo, o sentimento de posse, onde ocorre uma inversão da hierarquia familiar quando o animal de estimação torna-se o dono da casa, escolhendo quem se aproxima dos seus donos ou aonde irão, demonstrando ciúmes. Um exemplo prático: o proprietário de um animal ciumento pega outro animal no colo, ou cumprimenta uma pessoa dando atenção a este, gerando, no seu, reações que vão desde tracionar a guia (coleira) querendo sair e que seu dono o acompanhe, até agredir o próprio ou o objeto que tomou sua atenção. O gato ronrona porque está contente? Em parte. Ele ronrona quando está tranquilo. Acomodado.

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NÃO SOU VAGABUNDO, SOU

CARENTE

OS: FOT

F

Texto: Fernanda Ramos e Jefferson Andrade Diagramação: Bibiana Bomachar Leães de Campos Enquanto a Gorda desfrutava dos prazeres de sua nova vida, o mesmo não se pode dizer de seus camaradas caninos que ainda continuam vivendo no centro de Santa Maria. Expostos aos mesmos perigos que sua antiga companheira, os cães que habitam o calçadão trazem na pele as marcas da realidade da vida nas ruas. No inverno, eles largam sua vida de lobos solitários e passam as noites juntos pela necessidade de se aquecer. Muitas vezes, somente um pedaço de papelão está entre seus corpos judiados e o chão. Quem costuma andar pelo calçadão Salvador Isaia é testemunha da provação diária destes animais. “A gente vê muitos pelo centro. Às vezes eles avançam nos carros e nas motos”, diz o vigilante Éder Moraes Bitencourt, 32 anos. Se por um lado algumas pessoas acompanham de perto a rotina dos bichos de rua, por outro há quem pouco repare neles. A diarista Cristiane Rodrigues de Oliveira, 20 anos, aguardava uma amiga enquanto era entrevistada e afirmou não prestar muita atenção aos cachorros que costumam perambular pelo centro, mesmo estando a poucos metros de alguns cães que se protegiam do frio do início da manhã. ”Geralmente eu ando com pressa, nem percebo muita coisa”, justifica-se. Foi unânime entre os três entrevistados a vontade de dar um lar aos habitantes caninos do calçadão, da mesma forma que também foi unânime a desculpa utilizada para não auxiliá-los: a falta de tempo. “Olha, como todos lá em casa trabalham, é difícil ter um animal. É algo que tem que ter tempo pra dedicar, não é por falta de vontade”, ressalta Bernardes. Junto à falta de tempo, já ter um animal em casa também foi mencionado como motivo. “Eu já tenho um cachorro em casa e o meu pátio é pequeno”, afirma Cristiane. Os entrevistados também admitem desconhecer entidades que trabalhem com adoção ou recolhimento de animais de rua. “Eu já doei uma ninhada que minha cadela deu, mas fiz tudo sozinho”, relata Bitencourt. Em um aspecto, todos concordam: quem realiza o trabalho de encaminhamento de animais para lares que possam abrigá-los, merece seu devido reconhecimento.

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Cães de rua já fazem parte do cenário da cidade

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O abandono não escolhe raça Raça pura e pedigree já foram garantia de conforto e bons tratos para cães e gatos. Hoje não é mais. O abandono já não escolhe raça. Vira-latas e cães de raça dividem o mesmo papelão na calçada. Várias situações podem levar as pessoas a tomar essa atitude condenável de deixar os cães na rua. Muitas pessoas pegam os animais ainda filhotes, esquecem que eles crescem e com eles os cuidados aumentam. Ao se depararem com as necessidades do dia a dia, acabam por desistir do animal. Algumas pessoas acreditam que deixando seus cães e gatos na rua, um abrigo os recolherá e lhes dará o devido tratamento. Porém, esses locais podem não ser a melhor solução para os bichos abandonados. Este comportamento leva ao estímulo dessa prática. A realidade é que os abrigos estão lotados, e os animais não recebem o devido tratamento e

o carinho que merecem. Os bichos acabam morando anos nas ruas, sobrevivem da ajuda de pessoas que trabalham ou moram por perto. Os comerciantes são os que têm o contato mais próximo aos cães. Muitos dormem em frente às lojas do calçadão. “Quando chove eles conseguem passar pela grade pra se proteger da água e do frio”, menciona o vendedor Vitor Bernardes, de 40 anos. Ao decidir ter um animal de estimação é preciso saber que se trata de um compromisso para um longo período de vida, pois ele precisa de cuidados, é dependente do dono, necessita de alimentação e água, atenção, passeios diários e consultas periódicas com o veterinário. O abandono dos bichos nas ruas ainda ocasiona riscos de acidentes no trânsito e o aparecimento de doenças, e o sofrimento dos próprios animais, que muitas vezes acabam vitimas de maus tratos.

Mais que amigo, um terapeuta Quando brincamos com eles, nosso corpo libera ocitocina, o mesmo hormônio que nos faz amar as crianças. Deve ser por esse motivo que muitos dos cachorros são considerados membros da família e alguns deles dormem na mesma cama do dono. A ciência diz que eles despertam tanto amor e carinho quanto um bebê. Qualquer filhote de mamífero parece agradar o ser humano. E os cães são os únicos animais que agem como filhotes depois de adultos. É uma estratégia evolutiva para conquistar o homem. Quem resiste ao ver aquelas bolinhas de pêlo,

balançando o rabo e correndo ao seu encontro? Eles conquistam muita gente quando mostram tanta afinidade com o ser humano. Esse é um dos motivos que fazem com que as pessoas comprem cachorros, muitos querem os de raça, porque são mais bonitos ou inteligentes. Porém a natureza faz o filhote, mas o homem forma o cachorro. Esse é o pensamento de muitos que adotam os vira-latas. Eles acreditam que qualquer animal, independente da raça, pode, sim, ser educado como qualquer outro. E creem que os vira-latas são, até, os mais espertos.

Excesso de cães de rua pode representar um perigo para pedestres e motoristas

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