da
BOLETIM DO CENTRO DE ARQUEOLOGIA DE AVIS
TERRA
14 2021
boletim do centro de arqueologia de avis número 14 \ 1 de outubro de 2021
» Projecto de investigação Território e espaços de morte na pré-história recente: Apontamentos da campanha de 2020 » Revisão da Carta Arqueológica de Avis: Actualização do inventário de sítios arqueológicos » Gestão, valorização e salvaguarda do património: o contibuto da Arqueologia. Participação no III Congresso da Associação dos Arqueológos Portugueses » Participação nas Jornadas Internacionais Amanhar a Terra. o Neolítico no concelho de Avis: Balanço e perspectivas de investigação » Centro de Arqueologia de Avis. Arqueologia e Comunidade: Balanço de uma década de actividade » Património e Educação JEP'20 » Jovens em Movimento'21 » Participação no Animasénior » Em 2021 programação assinala uma década de actividade
Edição Município de Avis Director Nuno Paulo Augusto da Silva | Presidente da Câmara Recolha e organização da informação Centro de Arqueologia de Avis Textos e concepção gráfica Ana Ribeiro Fotografia Arquivo fotográfico municipal _ Centro de Arqueologia de Avis | Anta da Cumeada (página 3) _ João Pedro Amante Capa Mosteiro de São Bento de Avis (data desconhecida) _ Arquivo fotográfico municipal | Localização actual do Centro de Arqueologia de Avis Composição gráfica e revisão Centro de Arqueologia de Avis ISSN 1646-5660
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Em 2011 o Centro de Arqueologia de Avis abria as suas portas, dando assim continuidade a um programa arqueológico implementado desde final de 2002. O modelo desenvolvido desde então constitui um dos exemplos das estratégias passíveis de implementar a nível local/regional. Durante este período de actividade, o Centro manteve uma relação estreita com a comunidade, privilegiando o contacto directo com as realidades arqueológicas e com os trabalhos que lhe estão associados. Este princípio efectiva-se através da concretização de iniciativas diversificadas e orientadas para públicos distintos, promovendo assim a compreensão, a partilha e a participação. Pela importância desta relação na preservação e valorização da memória colectiva, o Centro de Arqueologia de Avis assume-se como um espaço de diálogo da Arqueologia com a comunidade, numa dinâmica gratificante que aproxima as pessoas ao seu património. Uma década após a sua abertura importa reflectir sobre o seu contributo na promoção e valorização da Arqueologia e do património arqueológico local, assim como o seu papel na sensibilização e educação patrimoniais. Com a experiência adquirida ao longo destes anos, o Centro mantem e renova o desafio de contribuir para que o património arqueológico do concelho seja cada vez mais sentido como património colectivo.
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Projecto de investigação Território e espaços de morte na pré-história recente
Apontamentos da campanha de 2020 Em 2020 foi iniciada a segunda fase do projecto de investigação plurianual de Arqueologia “Território e espaços de morte na Pré-História Recente. Contributo para uma nova leitura do povoamento megalítico no concelho de Avis (TEMPH). A campanha decorreu em condições excepcionais devido à situação pandémica, pelo que a sua duração foi mais curta e contando apenas com a equipa do Centro de Arqueologia para a realização dos trabalhos. Mesmo assim, foi possível alcançar resultados positivos, tendo sido registados 23 sítios arqueológicos, na sua totalidade inéditos. Para esta campanha foi definida como área prioritária de intervenção a zona oeste do concelho, associada à bacia hidrográfica de Santa Margarida, em particular na freguesia de Aldeia Velha. Pretendia-se confirmar o potencial arqueológico já referenciado em campanhas anteriores e aprofundar o conhecimento sobre a distribuição de vestígios pré-históricos ao longo deste curso de água. Durante a campanha foram registadas 16 ocorrências nesta área. Os restantes locais identificados em 2020 distribuemse pelo concelho e integram-se, na sua maioria, no âmbito cronológico e cultural do projecto, verificando-se, em alguns casos, a presença de vestígios mais recentes. Outra linha prioritária de intervenção em 2020 foi a selecção e análise de conjuntos artefactuais préhistóricos, com vista à integração cronológica e cultural do espólio recolhido. Para esse efeito, foram considerados os fragamentos de cerâmica classificáveis e os utensílios líticos e subprodutos de talhe, nomeadamente materiais em pedra lascada, utensílios em pedra polida e em pedra afeiçoada. Foram ainda incluídas peças que ocorrem isoladamente ou em número reduzido, mas cujo carácter excepcional pressupõe uma abordagem mais detalhada. Para a análise das diferentes categorias de artefactos,
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foram criadas e aplicadas matrizes de registo, a partir das quais foi possível reunir elementos que possibilitaram a elaboração de uma leitura para o conjunto. O estudo de materiais realizado nestacampanha incidiu sobre o conjunto artefactual recuperado no sítio arqueológico da Ladeira, no âmbito da “Carta Arqueológica de Avis” e do projecto “Intervenção arqueológica no sítio da Ladeira, Ervedal”, constituindo o conjunto mais alargado de materiais pré-históricos recolhidos até ao momento. Por motivos de agenda, o projecto foi suspenso em 2021, retomando-se os trabalhos em 2022.
Revisão da Carta Arqueológica Actualização do inventário de sítios arqueológicos de Avis Em 2021 o Centro de Arqueologia de Avis iniciou os trabalhos de revisão da Carta Arqueológica de Avis. O plano de trabalhos arqueológicos, aprovado pela Direcção Geral do Património Cultural, foi formulado na sequência da elaboração do Relatório do Estado do Ordenamento do Território em 2019. O Centro tem assegurado o diagnóstico permanente do património arqueológico do concelho, reconhecendo o seu potencial, a natureza e grau das ameaças, assim como tem avaliado e definido as medidas que poderão contribuir para a preservação dos bens patrimoniais. Torna-se cada vez mais evidente a necessidade de conciliar, adequar e definir medidas de preservação e valorização desses valores que, por sua vez, induzem ao registo e estudo, criando-se uma base de trabalho que, para além do reforço e manutenção da identidade local, contribuem para a criação e renovação de uma oferta vocacionada para a dinamização cultural e turística, com repercussões nos planos sociais e, sobretudo, económico. No contexto actual, a revisão da Carta Arqueológica assume-se como uma prioridade, permitindo actualizar a informação referente aos sítios arqueológicos inventariados em diferentes níveis, nomedamente a introdução de sítios, a reorganização da informação, adaptação de conteúdos ao contexto actual de ocupação do território, a implementação de estratégias revistas e actualizadas e a adequação de mecanismos de gestão e ordenamento do território. Esta revisão de dados possibilitará, igulamente, definir, com maior rigor, medidas de salvaguarda em articulação com os demais recursos e factores territoriais, cujo
enquadramento e regulamentação passam pela integração no Plano Director Municipal de Avis. Nesta fase de revisão da Carta Arqueológica, o plano de trabalhos incide na relocalização dos sítios arqueológicos e na actualização de dados. Para esse efeito foram considerados os sítios arqueológicos inventariados no Inventário Geral do Património Arqueológico de Avis e que resultam, na sua maioria, de trabalhos desenvolvidos desde 2005, nomeadamente a Carta Arqueológica de Avis e o projecto de investigação TEMPH. Dos locais inventariados apenas 18% constam do PDM de Avis actualmente em vigor, sendo que 51% já se encontram inscritos na base de dados Endovélico. Para efeitos de inventário são considerados todos os sítios com indicadores de actividade humana desde a préhistória até à época contemporânea.
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Participação no III Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses
Gestão, Valorização e Salvaguarda do Património: o contibuto da Arqueologia O Centro de Arqueologia de Avis participou no III Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses, que decorreu entre os dias 19 a 22 de novembro de 2020, com o poster e artigo "Património Arqueológico e Gestão Territorial: O contributo da Arqueologia para a revisão do PDM de Avis", integrados no Bloco 2: Gestão, Valorização e Salvaguarda do Património. A existência de valores arqueológicos associados a um território implica uma responsabilidade acrescida ao nível da gestão municipal, que se efectiva na implementação de um conjunto de meios e instrumentos que promovem o estudo, a salvaguarda e a valorização desse património. Neste contexto de intervenção, os mecanismos de ordenamento do território enquanto instrumentos privilegiados no ordenamento territorial municipal, são indispensáveis na gestão do património arqueológico a nível local. O trabalho continuado desenvolvido em Avis desde 2005 permitiu definir uma nova visão do território e do património arqueológico, que assenta, não só na identificação de um número considerável de novos locais e na revisão de registos precedentes, mas também na identificação de novos factores de impacto e de
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transformação da paisagem que evidenciam a necessidade de implementação de estratégias revistas e actualizadas de protecção, gestão e valorização dos valores arqueológicos. Neste processo de consciencialização da importância do património arqueológico, assume particular relevo os sistemas de informação criados pelo Centro, instrumentos essenciais para uma gestão integrada no âmbito do planeamento e ordenamento territorial. Com base no diagnóstico actual da Arqueologia no concelho de Avis, foi apresentada, neste encontro, uma síntese do contributo do Centro de Arqueologia de Avis para o estudo e a salvaguarda do património arqueológico, com uma abordagem às opções estratégicas e aos procedimentos considerados fundamentais para uma intervenção municipal face aos novos desafios que se colocam na gestão desses valores patrimoniais e na sua afirmação nas dinâmicas locais, que passa pela inserção nas políticas e nos instrumentos de gestão e ordenamento do território e nas estratégias de desenvolvimento local. O a r t i g o j á s e e n c o n t ra d i s p o n í v e l e m : https://issuu.com/centrodearqueologiaavis.
Participação nas Jornadas Internacionais Amanhar a terra
O Neolítico no concelho de Avis: balanço e perspectivas de investigação As Jornadas Internacionais “Amanhar a terra. Arqueologia da Agricultura (do Neolítico ao período Medieval)” foram promovidas pelo Município de Palmela e pelo o Museu Municipal e decorreram, depois de adiamento em 2020, entre os dias 17 e 19 de junho de 2021. O Centro de Arqueologia de Avis participou neste evento com o poster “O Neolítico no concelho de Avis: balanço e perspectivas de investigação”. A Carta Arqueológica de Avis, iniciada em 2005, permitiu rever a informação arqueológica conhecida e definir estratégias orientadas para identificação de novos sítios, que se refletiram no aumento considerável de ocorrências e na organização e actualização do inventário do património arqueológico de Avis. Os resultados obtidos no decurso do projecto revelaram-se determinantes para o estudo da ocupação humana neste território, em particular durante a PréHistória que, até então, se encontrava associada quase exclusivamente ao megalitismo funerário. Tornou-se assim evidente a necessidade de se dar continuidade aos trabalhos, com o levantamento de todas as tipologias de sítios correlacionáveis com a ocupação pré-histórica. Nesse sentido, foi elaborado o projecto de investigação “Território e espaços de morte na Pré-História Recente. Contributo para uma nova leitura do povoamento megalítico no concelho de Avis (TEMPH)”. Implementado em 2014, o projecto pretendeu desenvolver uma abordagem integrada da génese e evolução do megalitismo, com a apreensão das restantes formas de ocupação e apropriação do território associadas às primeiras sociedades camponesas. Entre 2014 e 2018 foram realizados trabalhos de prospecção, possibilitando o registo de um número significativo de ocorrências, na sua quase totalidade inéditas. Nas Jornadas apresentou-se o balanço dos resultados obtidos através dos trabalhos realizados até 2018, os quais contribuíram para um maior conhecimento da ocupação pré-histórica no concelho de Avis numa perspectiva diacrónica.
Foram também abordadas as orientações de intervenção e as problemáticas que se encontram associadas à segunda fase do projecto TEMPH, a desenvolver entre 2020 e 2023, e que se prendem sobretudo com a caracterização das modalidades de transição para o Neolítico e a avaliação de continuidades e rupturas ao longo desse período, nomeadamente no que se refere às estratégias de povoamento, cultura material, estrutura económica e comportamento simbólico, reforçando a importância deste território enquanto plataforma de circulação regional durante a Pré-História. A publicação das actas deste encontro está prevista para 2022.
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Centro de Arqueologia de Avis: Arqueologia e Comunidade Balanço de uma década de actividade
O presente texto corresponde a uma síntese do artigo "Por entre pedras e cacos: à descoberta da Arqueologia em Avis", publicado no volume 13/2021 da Revista ANTROPE, do Centro das Arqueologias do Instituto Politécnico de Tomar e que resulta da comunicação apresentada nas Jornadas “Arqueologia, Museus e Comunidade(s) - Fazer com todos”, realizadas no Auditório do Museu do Côa nos dias 26 e 27 de abril de 2019. O artigo completo encontra-se disponível em: https://issuu.com/centrodearqueologiaavis.
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Os trabalhos realizados em Avis têm posto a descoberto parte do património arqueológico do concelho que, para além da componente científica, desempenha um papel significativo ao nível da história e identidade locais, pelo que a sua preservação e valorização dependem do envolvimento da comunidade. Pela importância desta relação, importa avaliar e compreender qual é o grau de afectividade em relação ao património arqueológico, a ligação que pode ser criada e as expectativas existentes em relação à prática da Arqueologia. Nesse sentido, o Centro de Arqueologia de Avis mantem uma relação estreita com a comunidade, privilegiando o contacto directo com as realidades arqueológicas e com os trabalhos que lhe estão associados, princípio que, estando subjacente à própria concepção do espaço, se efectiva através da concretização de iniciativas diversificadas e orientadas para públicos distintos, promovendo assim a compreensão, a partilha e a participação. E porque a produção de conhecimento implica necessariamente a transferência do mesmo para a comunidade, tornar essa informação atractiva e facilitar a sua compreensão são duas das premissas que estão na base do processo interpretativo dos dados científicos e da sua transferência para um discurso inteligível e acessível a um público mais alargado.
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Captando-se e renovando-se o interesse da comunidade, assegura-se uma boa comunicação que, por sua vez, tende a consolidar o interesse pela Arqueologia e a valorizar o papel social do arqueólogo. Este processo de aproximação estimula a partilha e novas perspectivas sobre o património arqueológico local e o território, com novos contributos para o discurso arqueológico e, simultaneamente, induz e instrui a comunidade sobre questões relacionadas com a preservação e valorização deste seu legado. Com esta relação, de natureza recíproca, o Centro tem tido oportunidade de estreitar esta proximidade e receber da comunidade a sua visão do património e do território, materializada sobre diversas formas. Nesta dinâmica gerada em torno da Arqueologia, privilegia-se a comunicação directa assegurada pelas visitas, orientadas ou ocasionais, com especial destaque para as que ocorrem em contextos práticos de exercício de Arqueologia. Através deste contacto directo, é possível dar a conhecer os contextos, os métodos e técnicas, os objectivos, assim como os avanços e as questões inerentes ao próprio processo interpretativo. Uma outra modalidade são as visitas organizadas de acordo com um programa previamente definido. Aqui a comunicação assume um carácter indirecto, uma vez que
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não decorre em contexto de trabalho e pressupõe a existência de um discurso interpretativo definido. No espaço do Centro foi constituído um modelo de visita dinâmico e devidamente adaptado, que permite o contacto com artefactos “fora da vitrine”, aceder a espaços normalmente vedados do público e descobrir diferentes etapas de trabalho. Por se encontrar de “portas abertas”, o Centro de Arqueologia de Avisrecebe também visitantes casuais, com os quais é igualmente partilhada esta experiência. A existência de sítios com significativo potencial cultural e turístico permitiu a divulgação de sítios visitáveis. O modelo de visita tem vindo a ser reestruturado, procurando, mais do que uma visita contemplativa, proporcionar a descoberta, não só dos sítios arqueológicos, mas também da envolvente e de outros valores patrimoniais, numa visita autónoma e enriquecedora. Neste sentido, e procurando contribuir para diversificar e ampliar a oferta cultural e turística local, tem-se procurado incluir os pontos de interesse arqueológico em circuitos temáticos e integrados de visita. Com a implementação do Plano de Gestão e Valorização de Sítios e Monumentos Arqueológicos permitiu foram revistas algumas das prioridades ao nível das valências do património arqueológico local e determinou-se uma nova forma de relação com a comunidade: a eficácia do plano passa obrigatoriamente pelo envolvimento e participação dos agentes locais que, por vivenciarem diariamente os territórios onde se encontram os sítios, constituem parte activa na sua salvaguarda e valorização. Integrado nas acções de divulgação previstas no PGVSMA, foi constituído o Roteiro Megalítico “Entre Pedras e Pedrinhas”. Como forma de apoio às visitas o Centro disponibiliza folhetos informativos, em diferentes formatos, dos quais se destacam a “Sítios, artefactos e memórias” ou, mais recentemente, os circuitos megalíticos.
A partilha de informação é reforçada pela elaboração de discursos expositivos, inicialmente realizados no Museu Municipal de Avis e posteriormente transferidos para a Biblioteca do Centro. Estas iniciativas, mais do que apresentarem sínteses interpretativas, renovam os motivos para novas visitas, podendo contribuir também para o envolvimento da comunidade na concretização de actividades conjuntas. O Centro de Arqueologia tem sido igualmente local para a realização de apresentações públicas, mas é também importante levar a Arqueologia até às pessoas. A presença em eventos de âmbito local e regional, a organização ou participação em palestras ou actividades educativas e o reforço das parcerias com identidades locais têm sido estratégias adoptadas para difundir e integrar a Arqueologia noutros contextos para além da divulgação científica. Com o incremento da actividade arqueológica em Avis, houve a necessidade de criar um meio de comunicação onde se estabelecesse um elo regular com a comunidade.
Em 2006 foi editado o primeiro número do boletim de Arqueologia DA TERRA e, em 2011, com a abertura do Centro, o boletim tornou-se num dos principais meios de difusão que se alargou, a partir de 2014, com a versão online. O recurso a plataformas digitais constitui uma forma rápida e económica de partilhar informação com um público mais alargado e diversificado. Para além da utilização dos canais oficiais do município, a utilização do Facebook e do ISSUU do Centro tem permitido aceder a um número mais alargado de visitantes e diversificar os canais de comunicação, assegurando uma divulgação regular, recentemente ampliada com uma página no Instagram. A organização de iniciativas de divulgação online, assim como a edição de breves notícias, suportes promocionais ou publicações em formato digital, são alguns dos exemplos das estratégias mais recentes da utilização destas plataformas. Das formas de partilha e envolvimento, a que se torna
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mais expressiva é, sem dúvida, a vertente educativa. Criar novas formas de olhar e sentir este legado patrimonial tem sido uma das prioridades. Para isso, é assegurado um programa alargado de actividades dirigidas para o público escolar, cuja origem recua a iniciativas como o Clube de Arqueologia, as Oficinas temáticas ou a participação na Agenda Pedagógica. Deste modo, promoveu-se a formação prática dos participantes e o contacto directo com o património arqueológico, pressupostos de actuação que foram ampliados e diversificados com a criação do Centro. Ao longo do tempo verificou-se um incremento das acções educativas e dinamizaram-se temáticas, assistindose, simultaneamente, a um aumento das solicitações para a realização ou colaboração em actividades. As iniciativas implicam uma adaptação de conteúdos às idades e nível e aprendizagem, estimulando, assim, uma constante actualização dos programas e conteúdos apresentados, abrangendo do pré-escolar até ao ensino secundário. Realizadas nas instalações do Centro ou no exterior, estas iniciativas procuram dinamizar as temáticas, recorrendo, para isso, a instrumentos diversos de apoio e a parcerias, enriquecendo o discurso e tornando mais atractiva a informação. Mas a participação da comunidade nos trabalhos
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arqueológicos é indispensável, em particular em faixas etárias onde se verifica uma maior apetência para a criticidade e apropriação de conhecimentos. Neste sentido, e porque o trabalho prático constitui a fase mais atractiva, permitindo experimentar a sensação da descoberta, partilhada em grupo, compreender os contextos naturais e humanos e a sua importância para a interpretação histórica de determinado local, foi criada uma rede de colaboradores que, desde 2005, elegem a Arqueologia como área preferencial para ocupação dos seus tempos livres. Integrados num programa de iniciativa municipal, Jovens em Movimento, os participantes, com idades compreendidas 16 e 26 anos, têm oportunidade de colaborar em trabalhos arqueológicos diversos. Para além das questões de consciencialização e de sensibilização, estes períodos de trabalho revestem-se também de uma importante componente formativa.
Para uma Dinâmica Local Pela proximidade à comunidade e pela vivência local, o CAA constitui um exemplo de como a Arqueologia municipal pode e deve desempenhar um papel interventivo e inclusivo. Com a implementação de um modelo de gestão da informação arqueológica, que resulta da articulação entre o conhecimento científico e as vertentes cultural, pedagógica e turística, o Centro de Arqueologia de Avis tem vindo a afirmar a relevância do património arqueológico, evidenciando os valores intrínsecos de sítios e artefactos, descodificando o seu significado. Ao tornar a informação acessível e atractiva possibilita o usufruto e a compreensão, assegurando a transição entre a pedagogia lúdica e o carácter didáctico e dinâmico, contribuindo, desta forma, para a edução patrimonial e para a dinamização cultural e turística do concelho. O balanço da actuaçãodo Centro neste domínio é claramente positivo, mas é fundamental garantir a revisão e renovação das formas de comunicação. Trata-se de um desafio permanente, mas determinante para efectivar o retorno dos trabalhos e o reconhecimento das valências sociais e económicas do património arqueológico enquanto recurso. Ao assumir-se como um espaço de diálogo, o Centro de Arqueologia de Avis recupera o valor histórico de pedras e cacos e devolve-os à comunidade enquanto testemunhos da memória colectiva e da identidade local. Neste processo, de carácter contínuo, o património passa a ser reconhecido enquanto tal, e abrem-se novas e motivadoras possibilidades de intervenção.
Património e Educação JEP’20
Jovens em Movimento ‘21
Em 2020, o Centro de Arqueologia de Avis voltou a associar-se às Jornadas Europeias do Património, um projeto europeu coordenado, a nível nacional, pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que decorreu nos dias 25, 26 e 27 de setembro, subordinado ao tema Património e Educação. Para além do lançamento de mais uma edição do boletim DA TERRA, o Centro apresentou outras propostas.
Em 2021 o Centro de Arqueologia de Avis retomou os trabalhos com a colaboração dos Jovens em Movimento, mas ainda com algumas limitações. Uma equipa mais reduzida do que habitual e um período de trabalho mais curto, mas com resultados ao nível da revisão da Carta Arqueológica de Avis. Durante este período privilegiaram-se tarefas que promovessem uma aproximação ao património arqueológico local.
Roteiro megalítico No dia 27 de setembro foi realizada uma visita orientada ao Circuito da Ribeira de Seda, numa paisagem marcada por diversos testemunhos da presença humana. A iniciativa, inscrita no tema Rotas patrimoniais/itinerários culturais, pretendia divulgar parte do circuito que integra o Roteiro Megalítico de Avis “Entre Pedras e Pedrinhas”. Para esta visita foi definido um itinerário que potencia também outros valores patrimoniais e naturais que puderam ser disfrutados ao longo do percurso.
Colaboração no Animasénior I Mostra de Fotografia do CAA Os trabalhos realizados pelos participantes na I Mostra de Fotografia do Centro de Arqueologia “Numa imagem, uma história”, estiveram em exposição na biblioteca do Centro de 25 de setembro a 27 de novembro de 2020, tendo sido também divulgados online.
No final de 2020 o Centro de Arqueologia de Avis teve oportunidade de colaborar com o Animasénoir, programa municipal que promove actividades com séniores. Considerando o contexto em que se desenvolveram as iniciativas, foram privilegiadas as apresentações em formato digital. No Mês do Idoso foi destacado o Centro de Arqueologia de Avis em “Ao encontro da Arqueologia”. Em novembro, o Centro deu a conhecer as “Pedras Que Contam Histórias”, dedicada à Anta do Penedo da Moura.
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Passados complexos Futuros diversos DIMS’21 No dia 18 de abril a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), em colaboração com o Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS Portugal), assinala o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que, em 2021, esteve subordinado ao tema Passados complexos: Futuros diversos. Apesar das contingências provocadas pela COVID-19 e as consequentes limitações decorrentes da presente situação, o Centro de Arqueologia de Avis associou-se a estas comemorações com a realização de iniciativas de divulgação online e com reabertura, com as devidas condicionantes, do espaço ao público.
Património e Desporto Avis, por trilhos do património Conhecer ou redescobrir sítios e monumentos são sempre bons motivos para desfrutar e olhar o espaço exterior. Por essa razão o Centro de Arqueologia de Avis, em parceria com a Associação Desportiva e Recreativa Amigos do Atletismo de Avis, assinalaram o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios com a primeira edição do evento “Avis, por trilhos do património”, que decorreu nos dias 17, 18 e 19 de abril de 2020. No evento, em formato virtual, os participantes foram desafiados a percorrer, em caminhada ou corrida, um percurso, nas categorias de 5 ou 10 km, à sua escolha marcado pela presença de valores patrimoniais, registados em fotografia. Os trabalhos dos participantes foram divulgados na página Facebook do Centro de Arqueologia.
Serviço Educativo Património à minha porta? Para assinalar o Dia Internacional do Monumentos e Sítios junto do público mais novo foi desenvolvida a iniciativa “Património à minha porta?”. Com esta acção, integrada no programa educativo do Centro e dirigida à comunidade escolar, procurou-se estimular a observação e a descoberta através da participação directa dos alunos no registo de valores patrimoniais no local onde residem através de fotografia ou desenho. Os trabalhos realizados pelos alunos dos 1.º e 2.º ciclos foram reunidos em apresentações divulgadas online, tendo sido posteriormente debatidos em conversa conjunta.
Exposição de Arqueologia Mosteiro de São Bento de Avis Das acções realizadas no conjunto monástico de São Bento de Avis destaca-se a intervenção arquelógica, iniciada em 2012 em contexto de obra e cujos resultados determinaram a implementação de um programa de trabalhos arqueológicos, desenvolvido pelo Centro de Arqueologia de Avis, numa das dependências do mosteiro primitivo. Com a exposição “Mosteiro de São Bento de Avis. Da intervenção preventiva ao programa de estudo e valorização”, patente na biblioteca do Centro entre 19 de abril e 31 de agosto de2021, foi apresentada uma síntese dos trabalhos já realizados, assim como as perspectivas de continuidade da escavação e de valorização da dependência em estudo. O circuito expositivo foi complementado, em junho, pela a realização de visitas guiadas ao local de intervenção.
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Em 2021 Programação assinala uma década de actividade Em 2021 o Centro de Arqueologia de Avis assinala uma década de actividade com um com um conjunto de iniciativas, desenvolvidas ao longo do ano, de promoção e divulgação do património arqueológico local. Com as diferentes propostas pretende-se reforçar a relação com a comunidade, sobretudo após um período de actividade menos intensa decorrente da situação pandémica. As iniciativas, dirigidas a públicos diversificados, são realizadas online e presencialmente, sempre que as condições o permitam, constituindo novos motivos para uma visita.
Celebrar a Arqueologia
Dez anos em retrospectiva
JEP ‘21 Património é nosso
Para assinalar uma década de actividade em 2021, o Centro de Arqueologia de Avis seleciona, todos os meses, um conjunto de imagens que retratam cada ano de trabalho. A exposição encontra-se disponível em formato digital, disponibilizada através do Facebook e Instagram, tendo sido integrada na programação na edição de 2021 das Jornadas Europeias do Património.
Entre 24 de setembro e 3 de outubro de 2021 celebraram-se as Jornadas Europeias do Património, subordinadas ao tema Património Inclusivo e Diversificado | #patrimonioenosso. Uma vez mais o Centro de Arqueologia de Avis associou-se ao evento, disponibilizando um conjunto de iniciativas de divulgação. As exposições virtuiais “Memórias Arqueológicas” e “Centro de Arqueologia em retrospectiva” foram integradas na programação das JEP. O dia 1 de outubro marca o lançamento de um novo número do boletim DA TERRA, onde se assinalam os dez anos de actividade do Centro. Numa breve retrospectiva do trabalho realizado com a comunidade apresenta-se uma reflexão sobre o contributo do Centro na promoção e valorização da Arqueologia e do património arqueológico local, assim como o seu papel na sensibilização e educação patrimoniais. O boletim encontra-se disponível em formato impresso, no Centro e no Posto de Tu r i s m , e f o r m a t o d i g i t a l , e m https://issuu.com/centrodearqueologiaavis. A fechar a programação o Centro realiza, no dia 2 de outubro, uma visita orientada ao Circuito da Ribeira de Seda. A iniciativa pretende dinamizar um dos circuitos que integra o Roteiro Megalítico “Entre Pedras e Pedrinhas”. Esta visita, integrada no ciclo de caminhadas “Por trilhos do Mestre”, conta com a colaboração do Núcleo Regional de Portalegre da QUERCUS.
Memórias Arqueológicas Ao longo de 2021 o Centro de Arqueologia de Avis revisita alguns dos sítios e monumentos arqueológicos do concelho de Avis, recordando os trabalhos realizados e os seus intervenientes que, desde o final do século XIX, contribuíram para o conhecimento do património arqueológico local. A exposição “Memórias Arqueológicas” é desenvolvida exclusivamente em formato virtual e disponibilizada através do Facebook e Instagram.
Pelo segundo ano consecutivo, o Centro de Arqueologia de Avis associou-se ao Institut National de Recherches Archéologiques Préventives e à Direcção Geral do Património Cultural na celebração de mais umas Jornadas Europeias da Arqueologia, decorridas entre 18 e 20 de junho de 2021. Durante esses dias o Centro apresentou uma programação destinada à promoção e divulgação do património arqueológico local. Destacou-se o lançamento da II Mostra de Fotografia “Avis a preto e branco”, iniciativa que, tendo por base a participação directa do público, pretende, nesta edição, explorar as potencialidades da fotografia a preto e branco para captar imagens e histórias em base fotográfica, tendo como tema central o património arqueológico de Avis. As fotografias reunidas no decurso do evento serão exibidas em exposição, patente na biblioteca do Centro, em data a anunciar brevemente. Durante o evento foram divulgados os trabalhos realizados pelos alunos do Agrupamento de Escola de Avis no âmbito da iniciativa “Património à minha porta?”, iniciando-se um ciclo de conversas sobre património, memória, território e identidade. Das propostas do Centro fizeram igualmente parte a exposição “Mosteiro de São Bento de Avis. Da intervenção preventiva ao programa de estudo e valorização” e uma visita orientada ao Circuito do Xisto, adiada devido às condições atmosféricas.
Biblioférias O Centro de Arqueologia de Avis participou no programa Biblioférias, dinamizado, entre julho e agosto de 2021, pela Biblioteca Municipal José Saramago para participantes com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos. No âmbito das actividades propostas, o Centro realizou, no dia 28 de julho, uma visita a alguns locais de interesse arqueológico, com destaque para a Anta do Penedo da Moura e a Capela de Nossa Senhora de Entre Águas. No dia 9 de agosto, os participantes voltaram à Arqueologia, para uma visita ao Centro.
Peça do mês O Centro de Arqueologia de Avis retoma, em 2021, a iniciativa “ Peça do Mês”. Nesta nova edição, partilhada com o Museu do Campo Alentejano e o Centro Interpretativo da Ordem de Avis, o Centro apresenta quatro peças do seu acervo com o objectivo de partilhar a riqueza e a diversidade do património arqueológico local. A iniciativa é disponibilizada em formato digital, através do Facebook e Instagram. A peça encontra-se em exposição no Posto de Turismo de Avis.
Raízes do Alentejo No ano em que assinala uma década de actividade, o Centro de Arqueologia de Avis foi convidado para o programa “Raízes do Alentejo” da Rádio Campanário. Esta participação permitiu dar a conhecer o trabalho e o percurso do Centro ao longo destes anos, assim como perspectivas de continuação da sua actividade. A emissão encontra-se disponível na página Facebook do Centro de Arqueologia.
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Descobrir mais em
#caa_10anos
Pátio das Cisternas 8 7480-121 Avis 242 410 090 arqueologia@cm-avis.pt