ISSN 1646-5660
breves
protocolo via hadriana recuperação, valorização e promoção do património arqueológico
Em 2009 foi celebrado, entre os Municípios de Alter do Chão, Avis, Fronteira e Monforte, o protocolo Via Hadriana, que visava estabelecer uma parceria entre as partes envolvidas no domínio da Arqueologia e, deste modo, criar uma dinâmica de estudo, preservação, valorização de divulgação do património arqueológico. Considerando a disponibilidade financeira associada ao novo quadro comunitário, encontra-se em fase de preparação o documento onde serão definidas as linhas prioritárias de intervenção destinadas à apresentação de uma candidatura conjunta.
europa nostra
agenda pedagógica
prémio união europeia para o património cultural
propostas para 2015/2016
O CAA integra a equipa municipal responsável pela
O Centro de Arqueologia irá, uma vez mais, promover
elaboração da candidatura ao prémio União Europeia para o
um conjunto de iniciativas, associadas à Agenda
Património Cultural | Europa Nostra.
Pedagógica.
Trata-se da mais prestigiada distinção, lançada em 2002
As propostas apresentadas para o ano lectivo 2015/2016
e atribuída ao nível do património, premiando os projectos
visam complementar e reforçar os conhecimentos
oriundos de toda a Europa que se distinguem pela sua
adquiridos durante as aulas, através de formas diferentes
excelência ao nível da preservação e valorização do
de abordagem dos conteúdos associados a cada sessão,
património cultural.
motivando, através de novas formas de abordagem, o gosto
Considerando as várias categorias contempladas neste galardão, o Município de Avis encontra-se a ultimar a sua participação na categoria “Conservação e valorização de edifícios”, com a apresentação das várias intervenções realizadas no conjunto monástico de São Bento de Avis e de onde se destacam o Centro de Arqueologia de Avis, o Centro Interpretativo da Ordem de Avis, o Museu do Campo Alentejano e a valorização do Antigo Hospital da Misericórdia e do Claustro Velho e espaços adjacentes. Os resultados desta fase de candidatura serão
pela Arqueologia e pelo estudo da História. Nesta aproximação ao património arqueológico pretende-se estimular a capacidade de observação, a espontaneidade e a participação dos alunos, criando novas perspectivas em relação a esta vertente patrimonial. Estas iniciativas constituem também uma importante forma de divulgar o património local e os trabalhos desenvolvidos no concelho, assim como as potencialidades da Arqueologia na vertente cultural e turística. Em 2015/2016 foram consideradas as seguintes inicativas no âmbito da Agenda Pedagógica:
conhecidos em 2016 e serão atribuídos a 30 projetos
- Descobrir a Pré-história, actividade desenvolvida em
distribuídos pelas categorias consideradas: Conservação;
dois momentos distintos, um realizado no CAA e outro no
Investigação e Digitalização; Contribuições exemplares
exterior, com uma visita a um sítio pré-histórico;
(individuais ou de organizações) e Educação, Formação e
- Leitura Arqueológica do Centro Histórico de Avis, onde
Sensibilização. Entre os projectos seleccionados, 7 de cada
se promove uma aproximação à zona antiga e às realidades
categoria receberão um Grande Prémio de 10.000€ cada.
que lhe conferem singularidade e riqueza histórica;
Um deles receberá o Prémio Escolha do Público.
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- Visita orientada ao CAA.
divulgação científica de resultados A divulgação científica do trabalho desenvolvido pelo Centro de Arqueologia de Avis tem vindo a constituir uma das prioridades. Os resultados obtidos através dos projectos e intervenções realizados ao longo dos últimos anos têm vindo a revelar-se significativos para o conhecimento e estudo do património local e para a respectiva contextualização a nível regional. Neste sentido, e considerando a importância da partilha de resultados junto da comunidade científica, promoveu-se a participação em reuniões e encontros científicos, com destaque para o VIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, realizado em Serpa e Aroche nos dias 24, 25 e 26 de Outubro de 2014. A participação neste encontro teve como objectivo principal a apresentação do mais recente projecto de Poster apresentado no VIII EASP
investigação promovido pelo Município, Território e espaços de morte na Pré-História Recente. Contributo para uma nova leitura do povoamento megalítico no concelho de Avis (TEMPH). Igualmente importante é a publicação de artigos em edições de cariz científico, dos quais se salientam os trabalhos mais recentes: RIBEIRO, Ana (2015) - “Novos dados sobre o megalitismo funerário do concelho de Avis”, II Congresso Internacional sobre Arqueologia de Transição: O Mundo Funerário. Évora, CHAIA, Universidade de Évora, p. 17-33. RIBEIRO, Ana (2015a) “O povoamento rural romano no concelho de Avis: uma primeira abordagem interpretativa dos dados reunidos no decurso da Carta Arqueológica”, in Abelterium, revista online de Arqueologia e História do Município de Alter do Chão, II, p. 8-25. Disponível em: https://www.academia.edu/12993424/ABELTERIVM_II_I. RIBEIRO, Ana (no prelo) “Território e espaços de morte na Pré-História Recente. Contributo para uma nova leitura do povoamento megalítico no concelho de Avis”, in Actas do
Revista Abelterium
VIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular.
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caderno de campo
intervenção arqueológica no mosteiro de são bento de avis campanha de 2015
Trabalhos de escavação
Aspecto geral da área de intervenção
Em 2015 foi retomada a intervenção arqueológica no Mosteiro de São Bento de Avis. A equipa constituída para esta campanha integra, para além dos elementos do CAA, dois colaboradores associados ao programa municipal Jovens em Movimento e um em regime de voluntariado. Os trabalhos, ainda a decorrer, foram desenvolvidos na sequência dos resultados obtidos em 2014, pelo que foi dada prioridade à escavação e definição das realidades postas a descoberto na campanha anterior. Nesta campanha foi dada especial atenção à zona central da sala, delimitada por duas estruturas parcialmente definidas. A intervenção irá prosseguir com o levantamento fotográfico e gráfico dos elementos já definidos e o respectivo enquadramento no edifício. As evidências já conhecidas traduzem a complexidade deste compartimento, associada ao conjunto de estruturas que começam a definir-se e que se encontram associadas a diferentes fases de construção e ocupação desta área. Ao nível da cultura material, os indícios são pouco expressivos e encontram-se maioritariamente associados a níveis de enchimento, onde predominam materiais de construção e restos de fauna. O conjunto artefactual recolhido integra, maioritariamente, cerâmica comum. Os metais e as faianças foram também registados, mas em Trabalhos de escavação
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número claramente mais reduzido.
projecto
território e espaços de morte na pré-história recente resultados da primeira campanha Em 2014 foi realizada a primeira campanha do projecto
prospecção e georreferenciação de locais de interesse
TEMPH. Os trabalhos foram realizados em articulação com a
arqueológico integráveis no período abrangido pelo
fase final da Carta Arqueológica de Avis e pretendiam dar
projecto.
continuidade à recolha de informação, centrando a
A informação reunida no decurso das saídas de campo
investigação no estudo do povoamento durante a pré-
possibilitou a actualização do inventário de património
história recente, e assim contribuir para a reconstrução do
arqueológico do concelho de Avis.
território de uma forma global, não resumida à identificação individual de sítios.
Nesta primeira campanha foram definidos os critérios descritivos e de análise aplicados às realidades em estudo,
A campanha decorreu entre 25 de Setembro e 31 de
desenvolvendo-se, simultaneamente, um esboço
Dezembro de 2015, e envolveu diversas etapas de
geomorfológico do território, fundamental para o
intervenção, das quais se destacam os trabalhos de
enquadramento dos locais de interesse arqueológico
Anta Vale da Lousa
Rocha gravada com covinhas
Anta Colos 1
Anta Pedra do Ferro 2
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Distribuição dos vestígios identificados na campanha 01 do projecto TEMPH
integráveis no projecto. Foram também iniciadas as
ocupação, 1 sítio especializado, correspondente a uma
primeiras abordagens teóricas de análise espacial dos
oficina de talhe, e 10 rochas gravadas. No concelho de
diversos locais registados.
Ponte de Sor procedeu-se à identificação de vestígios já
De acordo com a multiplicidade de contextos pré-
referenciados que poderão corresponder a um menir.
históricos, os vestígios foram classificados, nesta fase,
Os dados reunidos permitiram reafirmar a diversidade
segundo os seguintes critérios: megalitismo funerário;
registada para o megalitismo funerário em Avis, onde é cada
megalitismo não funerário; povoado; mancha de ocupação;
vez mais percetível a multiplicidade de expressões
sítio especializado; achado isolado e arte rupestre.
arquitectónicas associadas a estruturas funerárias, que,
Durante a campanha foram registadas 22 ocorrências no
neste momento, podem ser sistematizadas, de forma
concelho de Avis e uma isolada, já na freguesia de Galveias,
genérica, em monumentos de pequena dimensão, tipo
concelho de Ponte de Sor, próxima de fronteira entre os dois
cista, monumentos sem corredor e monumentos com
concelhos. O conjunto de vestígios integra 8 estruturas
corredor (curto, médio e longo).
megalíticas, 5 inéditas e 3 relocalizadas, 3 achados
Os monumentos registados apresentam não só
isolados, provavelmente associados a manchas de
diferenças morfológicas, mas também ao nível da
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dimensão, do suporte e da implantação. As variáveis
um aumento significativo de rochas relacionadas com
identificadas refletem os contextos diferenciados
contextos não funerários.
associados à construção e utilização destas estruturas.
Apesar de não estar confirmada a contemporaneidade
Os vestígios de ocupação registados correspondem a
das covinhas relativamente aos restantes contextos pré-
achados isolados, associados a utensílios líticos de pedra
históricos, existe uma clara relação territorial, a qual
polida ou elementos de mó.
poderá indiciar a contemporaneidade entre estas
A fraca representatividade arqueológica dos locais onde se efectuaram as recolhas não permite, neste momento, esclarecer se estes materiais são testemunhos efectivos da presença de um espaço habitacional. Do conjunto de locais registados, destacam-se os
realidades, pelo que foram consideradas no âmbito do projecto TEMPH. Numa primeira leitura dos dados reunidos, é evidente a complexidade da distribuição no espaço e no tempo dos monumentos e vestígios pré-históricos registados.
vestígios associados a um sítio especializado, os quais
A informação disponível é ainda insuficiente para uma
evidenciam a existência de um local destinado à produção
análise rigorosa das dinâmicas de ocupação do território e
de utensílios líticos.
para a integração regional dos dados, mas permite, desde
A coexistência de subprodutos de talhe e de utensílios indicia a existência de áreas diferenciadas, uma de
já, delinear os primeiros elementos caracterizadores do povoamento megalítico para a área em estudo.
preparação da matéria-prima e outra dedicada à produção de instrumentos. Ao nível da arte rupestre, as ocorrências registadas correspondem, na sua quase totalidade, a covinhas, tendo sido identificado um núcleo constituído por 2 rochas que ostentam linhas gravadas. Estes motivos e a respectiva cronologia carecem, no entanto de confirmação. Uma parte significativa das covinhas encontra-se associada a contextos funerários, verificando-se, contudo,
Referência bibliográfica RIBEIRO, Ana (no prelo) “Território e espaços de morte na Pré-História Recente. Contributo para uma nova leitura do povoamento megalítico no concelho de Avis”, in Actas do VIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular.
Localização do núcleo de rochas gravadas da Pedra do Ferro
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valorização
património industrial e técnico jornadas europeias do património 2015 Em 2015 assinala-se o ano Europeu do Património Industrial e Técnico, iniciativa que pretende promover o conhecimento, a salvaguarda e a valorização de um legado que se encontra vulnerável. Revelada através de diversos edifícios e estruturas que testemunham o cruzamento de conhecimentos e tecnologias, esta herança industrial e técnica integra inúmeras expressões, tais como unidades fabris, pontes, estruturas hidráulicas, linhas férreas, minas, pequenas indústrias artesanais, vilas operárias, portos, lojas, engenhos pré-industriais, arquivos, memórias fabris, mineiras, ferroviárias e rodoviárias, entre outros testemunhos de importante valor histórico, tecnológico, arquitectónico, científico e social. Muitos destes espaços foram reutilizados ou encontram-
Ponte, Aldeia Velha
se abandonados, perdendo-se em muitos casos a memória do engenho e da criatividade que caracterizaram o contexto da sua construção. Reconhecida a importância desta componente patrimonial, são cada vez mais as iniciativas que procuram divulgar diferentes locais. Porém, será necessário desenvolver um extenso e exaustivo trabalho de identificação e caracterização das diferentes expressões que integram esse legado para que possam ser definidas as estratégias que possibilitem a preservação, valorização e divulgação do património industrial e técnico. Numa escala local, Avis reúne um vasto conjunto de edifícios e estruturas enquadráveis nesta vertente patrimonial como por exemplo os moinhos, de imersão ou de vento, os lagares, os fornos de carvão, as chaminés, os sistemas hidraúlicos ou as pontes. Destacam-se ainda a Fábrica da Essenciol, a Central Elevatória, o edifício da EPAC, a Fábrica de Sabão, a Central Eléctrica de Avis e o complexo da Barragem do Maranhão. Um novo olhar sobre estas realidades contribuirá, certamente, para criar um novo rumo que promova a preservação da memória industrial e técnica no concelho Mais informações: http://www.industrialheritage2015.eu http://apaiassociacao.wix.com/apai
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Moinho de vento, Avis
Moinho de imers達o e ponte, Ervedal
Fornos de cal, Aldeia Velha
Barragem do Maranh達o
EPAC, Avis
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investigação
vestígios romanos no concelho de avis uma primeira leitura dos dados
Vestígios de estrutura romana
O período romano encontra-se documentado através de
vasta área; a implantação atípica de acordo com o padrão
um conjunto de sítios, de tipologia diversificada,
das villae do sul de Portugal; os indícios de uma pré-
estruturados numa rede de povoamento de carácter
existência, ainda a confirmar; a posição estratégica na rede
marcadamente rural.
de povoamento identificada; a ocorrência de indicadores
O número e diversidade de evidências registadas no decurso da Carta Arqueológica de Avis sugerem uma
arquitetónicos, monumentais e decorativos e a presença de epigrafia e materiais de importação.
estrutura de povoamento multifacetada e hierarquizada,
As villae, num total de 6, correspondem a propriedades
representada por diferentes formas de ocupação do
de grande dimensão, vocacionadas sobretudo para a
território.
exploração agrícola e/ou pecuária. Nestes locais
Do conjunto de sítios identificados, 53 poderão ser
encontram-se diversos indicadores materiais que refletem
integrados no período romano, dos quais 15 surgiam
a capacidade económica e a integração de valores da
referenciados em bibliografia em trabalhos anteriores,
cultura clássica.
sendo os restantes 38 inéditos. Com base nestes dados, e
Os vestígios surgem em áreas amplas, superiores a meio
tendo em consideração um conjunto de variáveis, foi
hectare, verificando-se a preferência pela implantação em
possível proceder a uma primeira proposta de classificação
meia encosta, orientada a Este/Sul, associada a solos de
dos vestígios, organizados de acordo com os seguintes
elevada aptidão agrícola e com abundantes recursos
conceitos: aglomerado urbano, villa, casal, mancha de
hídricos.
ocupação, estrutura, necrópole e epigrafia.
Os casais correspondem a locais de menor dimensão e
A classificação de aglomerado urbano de pequena
apresentam, à superfície, indicadores que remetem para
dimensão aplica-se apenas a um dos sítios registados e
espaços habitacionais de pequenas ou médias
fundamenta-se através da articulação de um conjunto de
propriedades. Foram registadas 12 locais integráveis nesta
indicadores: os achados de superfície encontram-se numa
categoria.
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Pavimento romano identificado após plantação de olival
Moeda romana. Cedência para estudo (Sr. José Luís C. Violante)
O conjunto artefactual associado é mais modesto e
A dispersão dos vestígios e a natureza, muitas vezes
integra, para além da cerâmica de construção, diversos
atípica, dos materiais identificados, dificultou a
exemplares de cerâmica comum e indicadores produtivos.
classificação de 21 dos locais registados. A ausência de
Pontualmente poderão ocorrer outros vestígios,
espólio associado a determinado tipo de sítio poderá não
nomeadamente cerâmica de importação, mas sempre em
significar a sua inexistência, pelo que, nesta fase
número reduzido.
preliminar de análise, os locais associados a áreas reduzidas
A implantação dos casais é diversificada e encontra-se
ou a evidências pouco esclarecedores, foram classificados
associada à disponibilidade de solos com aptidão agrícola e
como manchas de ocupação, até que seja possível reunir
de água, assim como à relação espacial com outros locais,
dados concretos e fiáveis que possibilitem uma
nomeadamente com as villae.
classificação mais rigorosa.
Vestígios de calçada, possivelmente de período romano
Identificação de um casal agrícola
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Para os locais onde os vestígios visíveis indiciam a presença de estruturas, optou-se por distinguir esta
selecção do local de implantação e na tipologia de ocupação aí estabelecida.
classificação. O critério integra, nesta fase de abordagem,
A capacidade agrícola dos solos, a disponibilidade de
estruturas anexas a zonas habitacionais (villae ou casais)
água, a visibilidade, a relação com outras estruturas de
perfeitamente individualizadas, infraestruturas (pontes,
povoamento e a proximidade a vias de comunicação
calçadas, vias) ou indícios de outro tipo de construção não
constituem elementos decisivos. A exploração e
determinável, correspondendo a 8 das ocorrências
aproveitamento dos recursos naturais, nomeadamente dos
identificadas.
solos com aptidão agrícola e de recursos hídricos, marcam a
A epigrafia está documentada através de 4 monumentos
distribuição dos diferentes sítios. É clara a preferência
e a existência de espaços funerários está confirmada para 1
pelos locais onde o relevo, suave e pouco acidentado, surge
dos locais registados, verificando-se, no entanto, a
associado à abundância de recursos hídricos e a solos de
ocorrência de indícios de necrópoles associada aos sítios de
elevada e boa aptidão agrícola.
maior dimensão identificados no concelho.
As estratégias de implantação dos sítios refletem
Nesta rede de povoamento que se começa a delinear o
também a organização familiar e económica,
posicionamento dos sítios deixa antever a possibilidade de
influenciando, de forma decisiva, a estrutura, a tipologia e
exploração de um amplo leque de recursos, numa ocupação
a função de cada sítio, mas que nem sempre são
hierarquizada do território, concentrada nas áreas de
perceptíveis no registo arqueológico, em particular quando
maior aptidão agrícola, as quais ocupam uma parte
associados a recolhas de superfície.
significativa da zona central do território em estudo.
A distribuição dos vestígios romanos deixa antever um
Na análise de conjunto, a função agregadora da Ladeira
povoamento disperso, regulado pelas villae que detêm um
nesta estrutura de povoamento evidencia-se. Apesar dos
papel agregador nesta estrutura de povoamento, e em
indicadores registados no sítio arqueológico serem
torno das quais se agrupam, a pouca distância entre si,
sugestivos quanto à presença de uma villa, a ampla
núcleos isolados de menor dimensão.
distribuição dos vestígios e a sua implantação, atípica para
A implantação sítios em contextos naturais
o padrão associado às villae, poderão indiciar a presença de
diversificados, nomeadamente em áreas de menor
um aglomerado urbano de pequena escala.
capacidade agrícola, poderá indiciar o aproveitamento
A distribuição espacial do povoamento resulta, de
para outras actividades, como a criação de gado e pastoreio
acordo com os dados disponíveis, da articulação de factores
ou o desenvolvimento e produções direccionadas para as
de natureza diversa que se revelam determinantes na
culturas de sequeiro. O conjunto de sítios reunidos no decurso da Carta Arqueológica de Avis é revelador do potencial arqueológico deste território e permitem, apesar de estarem longe de serem conclusivos, delinear uma primeira abordagem interpretativa da estrutura de povoamento durante o período romano.
Referência bibliográfica RIBEIRO, Ana (2015a) - “O povoamento rural romano no concelho de Avis: uma primeira abordagem interpretativa dos dados reunidos no decurso da Carta Arqueológica”, in Abelterium.Revista online de Arqueologia e História do Município de Alter do Chão, II, p. 8-25. Disponível em: https://www.academia.edu/12993424/ABELTERIVM_II_I. Vestígios de construção
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divulgação
divulgação e promoção do património arqueológico local
No âmbito das acções de divulgação e promoção do
um conjunto de visitantes ocasionais que se perdem por
património arqueológico local, o CAA tem procurado
entre os diferentes achados expostos e descobrem as várias
desenvolver um conjunto de iniciativas que tornem os
etapas do trabalho arqueológico através de um modelo de
sítios, monumentos e artefactos acessíveis à comunidade
visita dinâmico e personalizado.
em geral.
Esta articulação com a comunidade é reforçada através
O contacto com as realidades arqueológicas e com os
das exposições, realizadas na biblioteca do CAA, e das
trabalhos desenvolvidos passa pela organização de
publicações, com especial destaque para o boletim, na sua
iniciativas diversificadas que integram a edição de
edição impressa e digital.
publicações de carácter genérico e/ou turístico, como o
A participação nas comemorações do Dia Internacional
caso do boletim de arqueologia ou de folhetos informativos,
do Monumentos e Sítios e nas Jornadas Europeias do
a organização de exposições e palestras, a realização de
Património, iniciativas dinamizadas pela Direcção Geral do
visitas orientadas ao CAA ou locais de interesse
Património Cultural, constituem dois momentos de relevo
arqueológico, localizados em Avis ou noutros pontos do
no trabalho desenvolvido pelo CAA ao nível da divulgação e
concelho.
da promoção do património arqueológico local.
A concretização destas actividades é assegurada pela
Todo este trabalho é complementado pelas diversas
equipa do CAA que, paralelamente a todo o trabalho de
iniciativas associadas ao serviço educativo, as quais
investigação e gestão do património arqueológico, procura,
permitem aproximar o público mais jovem à Arqueologia.
assim, demonstrar a importância da arqueologia para a salvaguarda e valorização de uma herança comum.
Estas actividades permitem um contacto directo com o património arqueológico local e promovem novas formas de
As visitas orientadas são sem dúvida a forma mais
olhar este legado patrimonial. Do conjunto de iniciativas
directa de expor parte da riqueza arqueológica do
desenvolvidas a este nível destacam-se a participação na
concelho, assim como do trabalho promovido localmente.
Agenda Pedagógica e no programa Jovens em Movimento.
Para além das visitas organizadas o CAA recebe também
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retrospectiva
jovens em movimento 2005 | 2015 10 anos de participação em trabalhos arqueológicos
Desde 2005 que um conjunto de jovens, com idades compreendidas entre os 16 e os 26 anos, tem vindo a eleger a Arqueologia como área preferencial para ocupação dos seus tempos livres. Ao longo destes 10 anos os elementos que colaboraram com a equipa municipal de Arqueologia tiveram oportunidade de participar em diversos projectos e trabalhos arqueológicos, contribuindo de forma determinante para o esenvolvimento da Arqueologia local.
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Colaboradores 2005/2015 César Lopes Dário Correia Elsa Simões Euclides Silva Fábio Silva Filipa Portela Helena Calhau Henrique Portela Jeremy Martins João Calhau João Pinto João Saias Luís Lopes Madalena Cardona Miguel Sousa Olívio Madeira Orlando Martins Rita Madeira Rita Portela Rui Conceição Sofia Ruivo Tiago Lageira
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DA TERRA Boletim do Centro de Arqueologia de Avis Número 8, 25 de Setembro de 2015
breves protocolo via hadriana europa nostra agenda pedagógica divulgação científica de resultados caderno de campo intervenção arqueológica no mosteiro de são bento de avis campanha de 2015 projecto território e espaços de morte na pré-história recente. resultados da primeira campanha valorização património industrial e técnico. jornadas europeias do património 2015 investigação vestígios romanos no concelho de avis. uma primeira leitura dos dados divulgação divulgação e promoção do património arqueológico local retrospectiva jovens em movimento 2005 - 2015. 10 anos de participação em trabalhos arqueológicos
Edição Município de Avis Director Nuno Paulo Augusto da Silva | Presidente da Câmara Recolha e organização da informação Centro de Arqueologia de Avis Textos e concepção gráfica Ana Ribeiro Fotografia Arquivo Fotográfico Municipal _ Centro de Arqueologia de Avis EPAC _ DOUSU | João Pedro Amante Capa Aqueduto, Figueira e Barros Composição gráfica Centro de Arqueologia de Avis ISSN 1646-5660
Contactos Pátio das Cisternas 8, 7480-121 Avis Telefone/fax 242 412 219 arqueologia@cm-avis.pt