Vilmar Siewert Junior

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VI PRÊMIO INFI - FEBRABAN DE ECONOMIA BANCÁRIA

Vilmar Siewert Junior

CATEGORIA C

Trabalho: Educação Financeira e finanças pessoais: um estudo com jovens do ensino médio das escolas públicas de Blumenau

São Paulo 2014


RESUMO

Com o desenvolvimento dos mercados financeiros e a inclusão bancária, cresce a importância da educação financeira, não apenas no Brasil, mas no mundo. Há uma expansão do crédito e principalmente uma facilidade para sua obtenção que, se não utilizada de forma consciente, poderá se tornar um problema.

Assim, fica evidente, muitas vezes, a falta de educação

financeira e de controle das finanças pessoais. Situação que não é exclusiva da sociedade brasileira, mas sim um problema que atinge vários países no mundo. Diante disto, os governos vêm procurando aumentar o conhecimento financeiro da população, buscando instruí-la desde a adolescência, formando assim, cidadãos comprometidos com o seu futuro, logo, com o futuro da sociedade em geral. Neste contexto, a pesquisa realizada em Blumenau, Santa Catarina, revelou estatísticas sobre os jovens trabalhadores, que são estudantes do ensino médio das escolas públicas, quanto ao seu comportamento acerca de suas finanças pessoais. Assim, a pesquisa revela a realidade dos jovens trabalhadores no uso de suas finanças, no município de Blumenau, demonstrando que a situação de endividamento tem início, quando se constitui família e se tem uma quantidade maior de obrigações a pagar, contrariando a hipótese inicial de que os jovens não teriam controle de suas finanças pessoais.

Palavras-Chave: Consumo. Finanças Pessoais. Educação Financeira. Endividamento.


ABSTRACT

With the development of financial and increased use of banking services, the importance of financial education, is growing not only in Brazil but also in the world. There is an expansion of credit and the relative easiness to obtain it create a situation in which credit, if not used consciously, can become a problem. Thus, it becomes evident, the recurrent lack of financial education and the assessment of personal finances. Situation that is not unique to Brazilian society, but an issue that affects many countries in the world. Given this, governments have sought to increase the financial literacy of the population, seeking to educate the population since adolescence, thus forming citizens committed to their future, become the future of society in general. In this context, the research conducted in Blumenau, Santa Catarina, revealed statistics about the personal finances of young worker from public schools. The research reveals the reality of young workers in the use of their finances in the city of Blumenau, showing that their indebtedness starts in the moment when they constitute family and have a greater amount of payment obligations, and does not start in their youth as suggested by our initial hypothesis.

Keywords: Consumption. Personal Finances. Financial Education. Indebtedness.


Lista de Figuras

Figura 01 – Os desafios da educação financeira.................................................................... 31 Figura 02 – Mapa das estratégias de educação financeira ..................................................... 33


LISTA DE GRÁFICOS

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Endividamento das Famílias.............................................................................. 24 Gráfico 2 – Grau de endividamento das famílias .................................................................. 24 Gráfico 3 – Tipo de dívida das famílias ................................................................................ 25 Gráfico 4 – Idade dos estudantes .......................................................................................... 34 Gráfico 5 – Sexo dos estudantes........................................................................................... 35 Gráfico 6 – Estudantes que estão no mercado de trabalho .................................................... 35 Gráfico 7 – Local onde os estudantes trabalham..................................................................... 36 Gráfico 8 – De onde provém a renda dos estudantes............................................................. 37 Gráfico 9 – Renda dos estudantes......................................................................................... 37 Gráfico 10 – Estudantes que poupam parte da renda ............................................................ 38 Gráfico 11 – Que tipo de poupança os estudantes utilizam .................................................. 39 Gráfico 12 – Quanto o estudante poupa por mês .................................................................. 39 Gráfico 13 – Por que o estudante poupa ............................................................................... 40 Gráfico 14 – Por que o estudante não poupa......................................................................... 41 Gráfico 15 – Estudantes que ajudam nas despesas domésticas.............................................. 41 Gráfico 16 – Valor com que os estudantes auxiliam nas despesas ........................................ 42 Gráfico 17 – Estudantes que possuem conta corrente ........................................................... 43 Gráfico 18 – Estudantes que possuem cartão de crédito........................................................ 43 Gráfico 19 – Estudantes que costumam comprar a prazo ...................................................... 44 Gráfico 20 – Forma de pagamento utilizada nas compras a prazo ......................................... 44 Gráfico 21 – Percentual da renda comprometida com parcelas ............................................. 45 Gráfico 22 – Qual o tipo de prestação com que o estudante está comprometido .................. 46 Gráfico 23 – Pagamento das prestações................................................................................ 47 Gráfico 24 – Inadimplência dos estudantes .......................................................................... 47 Gráfico 25 – Dificuldade no pagamento das prestações ........................................................ 48 Gráfico 26 – A que tipo de empréstimo o estudante costuma recorrer .................................. 49 Gráfico 27 – Qual tipo de dívida o estudante costuma ter ..................................................... 49 Gráfico 28 – Pressão com o tamanho da dívida .................................................................... 50 Gráfico 29 – Famílias com problema de dívidas ................................................................... 51 Gráfico 30 – Estudantes que já receberam orientação financeira........................................... 51 Gráfico 31 – De quem os estudantes receberam orientação .................................................. 52 Gráfico 32 – Controle das despesas...................................................................................... 53


Gráfico 33 – Qual forma de controle das despesas ............................................................... 53 Gráfico 34 – Renda das famílias .......................................................................................... 54 Gráfico 35 – Quantidade de pessoas na família .................................................................... 55


10 SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 11 1.1 Problema da pesquisa .................................................................................................. 11 1.2 Hipóteses....................................................................................................................... 11 1.3 Objetivos....................................................................................................................... 12 1.3.1 Geral ........................................................................................................................... 12 1.3.2 Específicos .................................................................................................................. 12 1.4 Justificativa .................................................................................................................. 12 1.5 Metodologia .................................................................................................................. 14 2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 16 2.1 Consumo ....................................................................................................................... 16 2.2 O consumidor, a sociedade e o consumismo................................................................ 17 2.3 A dívida, o endividamento e a inadimplência ............................................................. 18 2.4 O cenário brasileiro do endividamento ....................................................................... 19 2.5 As principais causas do endividamento ....................................................................... 20 2.6 Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor .................................... 22 2.7 Uma breve análise do endividamento .................................................................... ..... 23 3 O PROBLEMA ESTÁ NA EDUCAÇÃO FINANCEIRA ............................................. 27 3.1 O que é educação financeira ........................................................................................ 27 3.2 Panorama econômico e social ...................................................................................... 28 3.3 Problemática mundial .................................................................................................. 30 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS .................................................................................. 34 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 56 5.1 Perfil dos jovens ........................................................................................................... 56 5.2 Hábitos financeiros....................................................................................................... 57 5.2.1 Poupança..................................................................................................................... 57 5.2.2 Consumo ..................................................................................................................... 58 5.2.3 Endividamento e inadimplência................................................................................... 59 5.2.4 Educação Financeira ................................................................................................... 60 6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ESTUDANTES


11 1 INTRODUÇÃO

A partir da instituição do Plano Real, em 1994, a população brasileira pôde ter um controle maior sobre seus rendimentos, pois até este momento, devido à perda do valor econômico consequente das altas taxas de inflação e das trocas constantes da moeda nacional, não era possível. Dessa forma, cuidar das finanças pessoais passou a ser algo possível. Em qualquer país do mundo, é de suma importância preocupar-se com o tema finanças pessoais, principalmente pelo fato de estar diretamente ligado ao endividamento e à inadimplência da população. O crédito facilitado, a falta de informação e o comportamento do consumidor, entre outros, são possíveis fatores que influenciam essa situação. Atualmente, tem-se um sistema financeiro complexo com uma diversidade enorme de possibilidades para poupança ou consumo da renda. A partir do momento em que não se tem controle da renda, é possível que se tenha um problema com suas finanças pessoais, que pode se prolongar por um tempo indeterminado prejudicando a saúde financeira do indivíduo. Dessa forma há uma grande importância no estudo do comportamento dos jovens quanto às suas finanças pessoais, pois é nesta fase que estão gerando sua própria renda e, consequentemente, tomando decisões sobre o destino dela, poupando, consumindo, investindo etc. No Brasil, a educação financeira é algo até então esquecido e que não é ensinado nas escolas, apesar desta situação estar mudando, pois a partir de 2010 o governo criou a ENEF – Estratégia Nacional de Educação Financeira.

1.1 Problema da pesquisa

Qual é o comportamento e o conhecimento, dos estudantes de ensino médio das escolas públicas de Blumenau, quanto ao tema Finanças Pessoais?

1.2 Hipóteses

1.

Os estudantes têm pouco conhecimento do que são finanças pessoais;

2.

Os estudantes não têm controle das suas finanças pessoais;

3.

Há necessidade de ensinar educação financeira nas escolas.


12 1.3 Objetivos

Buscamos então, através das hipóteses supracitadas, atingir os objetivos a seguir.

1.3.1 Geral

Analisar o comportamento e o conhecimento dos estudantes do ensino médio das escolas públicas quanto a suas finanças pessoais.

1.3.2 Específicos

1.

Investigar o conhecimento e o comportamento dos estudantes quanto a suas finanças

pessoais; 2.

Identificar o perfil dos jovens na sua relação com as finanças pessoais;

3.

Destacar a importância da educação financeira para os jovens brasileiros.

1.4 Justificativa Atualmente, é cada vez mais presente a figura do jovem no mercado de trabalho e na economia como um todo. “Pesquisa nacional da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) mostra que 41% dos jovens de 16 a 24 anos possuem conta bancária.” (ABDALA,

2013).

Dessa forma, podemos notar um aumento do consumo, pois há uma

facilidade maior de se ter crédito. “De acordo com a Fecomércio-RJ, a inserção do jovem no mercado de consumo e de crédito é resultado do aquecimento das contratações com carteira assinada e de avanços educacionais.” (ABDALA, 2013). Nota-se hoje, que cada vez mais cedo os jovens estão lidando com sua própria renda, seja ela recebida de mesadas, de estágios ou de um trabalho de carteira assinada. “[...]A juventude brasileira é uma juventude trabalhadora e suas taxas de participação no mercado de trabalho são elevadas. Também é elevada a proporção dos que buscam conciliar estudos e trabalho[...]” (ABRAMO, 2014), tornando-se assim, consumidores também desde cedo. “De acordo com a pesquisa Kantar Worldpanel, as famílias com jovens entre 12 e 19 anos têm gastos acima de 5% dos ganhos mensais, o que demonstra que os adolescentes, além de consumir excessivamente mantêm alto poder de persuasão na decisão de compra dos pais” (BANKFACIL, 2013, grifo do autor). Dessa forma, estudando o comportamento dos


13 estudantes, poderemos entender possíveis causas do endividamento. Através de um estudo realizado pela Visa, em alguns países da América Latina e Central, pode-se verificar que 83% dos jovens, entre 13 e 18 anos, afirmaram gastar tudo o que têm num curto espaço de tempo, 76% gastam em compras por impulso e 20% usa parte do que ganha para pagar o que deve. Pode-se ainda enfatizar que este estudo retrata jovens escravos de um consumo exagerado e impulsivo e que acabam entrando em dívidas muito cedo (BANKFACIL, 2013). Em vista de uma possível relação com a falta de conhecimento das pessoas, quando jovens, quanto ao bom uso e controle das suas finanças pessoais e a atual discussão sobre o assunto, inclusive com medidas implantadas pelo governo como a ENEF, o tema finanças pessoais está em voga atualmente. A Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF, instituída pelo Decreto n. 7.397, de 22 de dezembro de 2010, tem a finalidade de promover a educação financeira e previdenciária e contribuir para o fortalecimento da cidadania, a eficiência e solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes, por parte dos consumidores (AEF-BRASIL, 2013a).

Torna-se interessante observar o comportamento dos jovens, principalmente aqueles que estão ingressando no mercado de trabalho, pois é nesta fase que podem ser evitados erros quanto à gestão dos seus recursos financeiros, mantendo-os financeiramente saudáveis, no futuro.

A educação financeira de adolescentes tem se mostrado eficaz para formar adultos poupadores, mostra a pesquisa do Banco Mundial para avaliar o programa piloto de educação financeira nas escolas de Ensino Médio no Brasil. Entre os estudantes que tiveram as aulas, ministradas entre agosto de 2010 e dezembro de 2011, 63% poupam pelo menos uma parte da renda, em comparação com 59% dos alunos que não tiveram as aulas (WILTGEN, 2012).

Por fim, observamos também uma forte importância em apontar falhas na disseminação desse conhecimento onde se observa uma atitude totalmente diferente em países desenvolvidos. “A Educação Financeira nos países desenvolvidos, tradicionalmente, cabe às famílias. Às escolas fica reservada a função de reforçar a formação que o aluno adquire em casa.” (D’AQUINO, 2014). D’Aquino (2014) ainda destaca que, no Brasil, infelizmente não é parte do universo educacional, tampouco escolar. “Em 2008, o grupo de trabalho instituído pela Deliberação Coremec n. 3/2007, com apoio da BM&FBOVESPA, promoveu pesquisa de âmbito nacional com o objetivo de mensurar o grau de educação financeira da população brasileira [...].”. (AEF-BRASIL, 2013b,


14 p.2). Por fim, vale salientar que, o nível de educação financeira do cidadão brasileiro ainda é baixo, como mostra uma pesquisa, “a conclusão principal, após a realização das entrevistas, é que o nível de educação financeira da população brasileira ainda é baixo.” (AEF-BRASIL, 2013b, p.4).

1.5 Metodologia

Nossa pesquisa, que tem por objetivo analisar o comportamento de jovens estudantes do ensino médio das escolas públicas, será uma pesquisa descritiva, pois “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.” (GIL, 1987, p. 45). A pesquisa abordará primeiramente uma análise quantitativa dos dados, que serão coletados através de pesquisa de campo. Esta “tem como base observar os fatos tal como ocorrem.” (SANTOS; PARRA, 2011, p. 87). Após essa primeira análise, iremos então, analisar de forma qualitativa os dados coletados. Dessa forma, buscamos entender qual o comportamento deste mesmo grupo e de que forma suas atitudes estão influenciando o seu atual estado financeiro.

O método quantitativo, como o próprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento destas, através de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. (RICHARDSON, 1989, p.29).

“O método qualitativo difere, em princípio, do quantitativo à medida que não emprega um instrumental estatístico como base do processo de análise de um problema. Não pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas.” (RICHARDSON, 1989, p.38).

Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos (RICHARDSON, 1989, p.39).

O questionário foi aplicado em três escolas da rede pública de Blumenau, Santa Catarina. O pesquisador entrou em diversas turmas do 1º, 2º e 3º anos do ensino médio,


15 completando uma amostra de 412 estudantes, compreendendo as três escolas. Para tanto, foi utilizada uma população de 10.576 alunos, que indica o total de alunos matriculados no ensino médio em 2013, para as escolas da rede estadual e municipal de Blumenau, segundo resultados do censo escolar 2013 (INEP, 2014). Para definir a amostra, utilizamos a metodologia destacada por Santos (2014) com erro amostral de 5% e nível de confiança de 95%, apresentando-nos uma amostra mínima de 371 estudantes. Foi utilizado o censo de 2013, pois não havia a pesquisa apurada para o período de 2014. As escolas que aplicaram o questionário foram: a Escola de Educação Básica Professor João Widemann, a Escola de Educação Básica Luiz Delfino e a Escola de Educação Básica Pedro II, todas em seu período noturno. O pesquisador, juntamente com o professor, entrou em sala e apresentou os motivos da pesquisa e as principais considerações quanto ao preenchimento do questionário. O método de abordagem utilizado foi o indutivo, ou seja, “partindo de premissas particulares, conclui por uma geral.” (SOARES, 2003, p.31).

O questionário compreende

questões abertas e fechadas, visando coletar da melhor forma possível as informações para atingir os objetivos de nossa pesquisa. Partimos de uma amostra intencional, “composta por elementos da população selecionados intencionalmente

pelo investigador,

porque este

considera que esses elementos possuem características típicas ou representativas da população.”(UNC, 2014, p.4), com apenas alunos do ensino público noturno, pois seriam estes, os alunos que estariam inseridos no mercado de trabalho, visto entender-se que a necessidade de estudar à noite, esteja diretamente ligada com a entrada do jovem no mercado de trabalho. Conforme já destacado, os dados foram coletados em escolas públicas, com período noturno, pois se considera que os estudantes do período noturno, em sua maioria, já façam parte do mercado de trabalho, sabendo-se que é nesse período que lhes sobra tempo para trabalhar em período integral (manhã e tarde) ou fazer estágio, em apenas um período.


16 2 REVISÃO DA LITERATURA

A seguir, abordaremos os principais conceitos e ideias que se fazem necessários para o entendimento desta pesquisa, buscando ampliar o entendimento dos motivos pelos quais há uma preocupação eminente quanto ao tema finanças pessoais.

2.1 Consumo

Sabe-se que o consumo, dentro do sistema capitalista, é fator fundamental para a manutenção e existência da economia. O grande problema, no entanto, é o consumo realizado de forma indevida e muitas vezes exagerada, tornando-se um problema enorme para as famílias.

Segundo Cardoso (2014) “o sistema capitalista,

caracterizado

pelo

papel

preponderante do dinheiro, difunde a cultura do consumismo exacerbado, da competição exagerada e do desperdício[...]”. Consumo, conforme Sandroni (2009, p. 182) é a “utilização, aplicação, uso ou gasto de um bem ou serviço por um indivíduo ou empresa[...]”. Neste trabalho, abordaremos o consumo dos indivíduos, visto que, os impactos gerados por estes é que são relevantes para nossos objetivos. Assim, podemos reforçar a ideia de Sandroni, a partir de Cardoso (2014), segundo o qual, “consumo é o meio comum de aquisição e uso de produtos ou serviços, sempre para atender às necessidades do cidadão [...]”. Diante disso, iremos elucidar brevemente como a palavra consumo veio a ter o significado que conhecemos hoje, para então, podermos adentrar nos seus impactos para a sociedade atual.

A palavra consumir data do século XIV. Seu significado original é pejorativo: para gastar, destruir, devorar, desperdiçar, esgotar. Consumidor, data do século XVI com conotações pejorativas semelhantes. Consumo, originalmente, referia-se a qualquer doença debilitante, antes de se tornar o termo (agora fora de moda) para tuberculose pulmonar grave (WILLIAMS, 1976, apud ALDRIEDGE, 2003, p. 2, grifo do autor, tradução livre).

Observamos, então, com o passar dos anos e a constante evolução das sociedades uma alteração de significado dos termos supracitados, passando agora a representar um termo neutro e não mais com uma conotação pejorativa. A partir de meados do século XIX, Williams aponta que, consumidor se transformou em um termo neutro na economia política burguesa. Cada vez mais era falado o consumidor, uma entidade abstrata, em oposição ao produtor, assim como consumo


17 estava em contraste com a produção. Esse uso neutro e abstrato passou para uso geral em meados do século XIX e, desde então, tornou-se dominante (WILLIAMS, 1976 apud ALDRIEDGE, 2003, p.2 grifo do autor, tradução livre).

O autor ainda conclui “[...] consumidor e consumo, argumenta ele, tornaram-se os termos dominantes, através do qual nós conceituamos nossa relação com todos os tipos de bens e serviços.” (WILLIAMS, 1976 p.3 apud ALDRIEDGE, 2003 p.2, grifo do autor, tradução livre). Podemos perceber então que, através do conceito supracitado por Aldriedge, o que conhecemos por consumo hoje, surgiu no século XIV, tendo seu significado alterado pela política econômica burguesa no século XIX. Neste trabalho, o conceito utilizado não será exatamente este, porém, resume os conceitos apresentados até o momento. Trataremos o consumo como “[...] a parcela de renda destinada à aquisição de bens e serviços para a satisfação das necessidades dos indivíduos [...]” (GREMAUD, 2004, p.141 apud SILVA, 2008 p.45). Faz-se de grande importância este entendimento, pois a relação dos indivíduos com o consumo que buscamos apresentar e entender é a de como eles estão utilizando sua renda. Pois além de ser gerador de bem-estar, o consumo, quando de forma exagerada e até mesmo inconsciente, pode acabar gerando dívidas em um nível que irá gerar grande infelicidade para o indivíduo.

2.2 O consumidor, a sociedade e o consumismo

Não só o consumo, e o que este significa na sociedade, são importantes para o entendimento da sua importância e seus efeitos na sociedade atual. Abordaremos, a seguir, alguns termos e significados que se fazem importantes nesse contexto. Quando falamos de consumo, estamos presumindo que existe um indivíduo, chamado consumidor, que de forma consciente ou inconsciente realiza o consumo. Segundo o Art. 2º do código de defesa do consumidor, “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.” (BRASIL, 2010). Através desse conceito, pode-se concluir que todos nós, em algum momento, somos consumidores, pois adquirimos bens ou serviços dentro da economia. Somos então, uma sociedade que consome, sociedade essa que segundo Camargo (2014) é “[...] o coletivo de cidadãos de um país, governados por instituições nacionais que aspiram ao bem-estar dessa coletividade [...]”. E ste ainda destaca que, segundo Karl Marx “numa sociedade capitalista, o acúmulo de bens materiais é valorizado, enquanto que o bem-estar coletivo é secundário.”


18 (CAMARGO, 2014). É o que se vê hoje nos países industrializados, conforme esclarece Sandroni (2009, p.789), uma sociedade de consumo, “[...] caracterizada pela produção e pelo consumo ilimitado de bens duráveis, sobretudo artigos supérfluos [...]”. É nessa sociedade voltada para o consumo que encaramos indivíduos chamados consumistas, ou seja, indivíduos que consomem de forma excessiva. Conforme Cardoso (2014), “[...] consumismo é o consumo compulsivo, sem regra, é comprar o que não se precisa com o dinheiro que não se tem [...]”. Indivíduos consumistas serão aqueles que terão maior probabilidade de constituir com o tempo, dívidas que não conseguirão pagar.

2.3 A dívida, o endividamento e a inadimplência

O problema do endividamento não é algo recente e já vem sendo tratado por diversas instituições, privadas e também governamentais. Há um grande número de pesquisas sobre o tema, e a cada dia vem sendo mais disseminado na mídia. Ter dívidas não é algo preponderantemente ruim, porém, o que é ruim é o tamanho dela. O que causa espanto em toda a sociedade e nos órgãos responsáveis é o tamanho da dívida que os consumidores vêm fazendo. Entenderemos como dívida o “total de débitos contraídos por uma pessoa física ou jurídica junto a outras pessoas físicas ou jurídicas.” (SANDRONI, 2009, p.257). Até então, não se destaca um grande problema; sabe-se que a sociedade capitalista, como forma de estimular a economia, por vezes, estimula o consumo e facilita a concessão de crédito, gerando a aquisição de dívidas em contrapartida ao aquecimento da economia. Evidenciada por Sandroni (2009, p.257) “[...] a dívida passou a ser uma forma de acelerar o consumo, baseando-se na expectativa de renda futura. Além disso, aumenta a velocidade da circulação de dinheiro, pois de outras formas ele ficaria estagnado em poupanças para a compra de produtos”. O grande problema das dívidas, como já citado, é o endividamento, ou seja, o acúmulo de dívidas de forma a representarem uma parcela tão grande da renda que pode impossibilitar o seu pagamento. Como endividamento, utilizaremos o conceito apresentado pelo Observatório do Endividamento dos Consumidores – OEC – que o define como o “saldo devedor de uma pessoa singular resultante de um ou de vários compromissos de crédito ou de outra origem, de natureza não profissional.” (OEC, 2014). De forma mais objetiva e direcionada ao endividamento pessoal/familiar, segundo Hennigen (2010 apud PINTO; CORONEL 2013, p.76) “[...] o endividamento pode ser entendido como o desfruto de recursos de terceiros a fim


19 de satisfazer necessidades de consumo [...]”. Segundo Pinto e Coronel (2013, p.77) um tema bastante recorrente na literatura é o superendividamento e sobre-endividamento, em que “[...] o devedor está impossibilitado de realizar o pagamento de uma ou mais dívidas.” “[...] A situação de superendividamento das pessoas físicas se caracteriza pela impossibilidade manifesta para o devedor de boa-fé de honrar o conjunto de suas dívidas não profissionais, exigíveis e vincendas.” (COSTA, 2002, p. 10, PAISANT, 2006, p.111 apud NETO, 2009, p.169). Diante disso, deparamo-nos então, com os consumidores inadimplentes. Inadimplência é a “falta de cumprimento das cláusulas contratuais, em determinado prazo. Além de permanecer em débito, a parte inadimplente fica sujeita ao pagamento de juros de mora, multa contratual ou outros encargos.” (SANDRONI, 2009, p.416). Segundo Pinto e Coronel (2013, p.78), “a inadimplência é caracterizada como um risco de crédito”. É quando o endividamento das pessoas passa de certo limite, deixando-as inadimplentes com seus compromissos. Essa é a grande preocupação; hoje no Brasil há um grande número de famílias nessa situação e isso vem a ser um fator muito preocupante.

2.4 O cenário brasileiro do endividamento

Não é de hoje que se tem ideia de que a população não tem controle sobre o seu dinheiro. Órgãos competentes alertam para o endividamento excessivo da população e a falta de controle quanto a seus gastos. Segundo a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas – CNDL –, o número de pessoas físicas inadimplentes, na base de registros do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC, aumentou 6,58% em março de 2014, em relação ao mesmo período de 2013 (G1, 2014a). Pode-se perceber que um dos grandes fatores para esse endividamento está na falta de controle sobre os gastos, ou seja, o controle das finanças pessoais. “Oito em cada dez brasileiros não têm controle de suas despesas pessoais.” (G1, 2014b), um fato alarmante, visto que, não é apenas a situação financeira que é afetada pelo endividamento. Cabe destacar que o endividamento não depende da renda mensal do indivíduo, mas sim de seus atos de consumo e costumes. Segundo Vieira (2012, p.41) “a evolução do crédito é acompanhada pela evolução do endividamento e também pela evolução da inadimplência[...]”.


20 Apesar de o cenário brasileiro não ser tão otimista assim quanto ao endividamento, com o passar dos anos pode-se perceber que diversas iniciativas, públicas e privadas, vêm sendo inseridas na sociedade para combater o endividamento. Podemos destacar, por parte do Banco Central do Brasil – BACEN – o aumento da porcentagem da parcela mínima, para pagamento, dos cartões de crédito. “Com o objetivo de diminuir o risco de superendividamento, o Conselho Monetário Nacional determinou que, a partir de 1º/6/2011, o valor mínimo da fatura de cartão de crédito a ser pago mensalmente não pode ser inferior a 15% do valor total da fatura [...]” (BACEN, 2014, p.3). Além dessa iniciativa, hoje, no Brasil, já se veem outras medidas visando à melhoria da educação financeira da população. Instruções desse tipo melhoram a compreensão da população e fazem com que haja maior controle sobre suas finanças, sobre a utilização dos mecanismos do sistema financeiro e, consequentemente, resulte em uma redução das pessoas endividadas e inadimplentes. Das iniciativas do governo, faz-se importante destacar também a Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF. Deve-se enfatizar também, que não apenas o governo brasileiro busca a realização dessas iniciativas, como também a iniciativa privada com inúmeras atividades e programas voltados para esse fim. Não podemos esquecer a infinidade de informações disponíveis na internet sobre o tema.

2.5 As principais causas do endividamento

As causas de endividamento são inúmeras; sabe-se, que a falta de educação financeira da população não pode ser descartada, porém, há outros fatores que tornam as pessoas endividadas. Segundo Pinto e Coronel (2013, p.79) “[...] há uma série de fatores psicológicos que ocasionam o endividamento e o superendividamento dos indivíduos [...]”, pensamento reforçado por Tolotti (2007 apud VIEIRA 2014, p.39):

O endividamento contém um componente psicológico e a lógica do consumo é composta por duas vertentes inseparáveis: de um lado, o aspecto financeiro, que é objetivo e consciente; e de outro, o aspecto afetivo, que é subjetivo e, geralmente inconsciente. Assim, a motivação que leva um endividado a contrair constantemente dívidas é tanto consciente quanto inconsciente; é possível pressupor que não é apenas pela falta de educação financeira que isso acontece, mas por algum impedimento psíquico.

Pinto e Coronel (2013, p.79) destacam também que “os endividados colocam a culpa em fatores exógenos como dificuldades na família e no trabalho que reduzem o nível de renda, com a finalidade de justificar a situação.” Sabe-se que situações assim podem ocorrer,


21 porém não é o principal fator pelo qual as pessoas estão endividadas. Slomp afirma que “o endividamento é um reflexo da sociedade de consumo.” (2008 apud PINTO; CORONEL, 2013, p.76). Como afirmam também Pinto e Coronel (2013, p.76) “[...] outro fator apontado como um dos responsáveis pelo nível de endividamento é a facilidade de crédito [...]” No Brasil, podemos destacar que “[...] a partir do governo Luiz Inácio Lula da Silva, as políticas de crédito popular aumentam o consumo, consequentemente aumentando os níveis de endividamento [...]”. (HENNIGEN, 2010 apud PINTO; CORONEL, 2013, p.76). Caudino, Nunes e Silva (2009, p.4 apud PINTO; CORONEL, 2013, p.76) destacam ainda as fontes de crédito que o consumidor possui hoje: “[...] cheque especial, cartão de crédito, crediário, crédito imobiliário, crédito consignado, crédito produtivo (investimentos e capital de giro), hipotecas, empréstimos com agiotas, parentes e amigos”. Diante disso, fica clara a facilidade em se obter crédito, seja via sistema financeiro, através da família e até ilegalmente, no caso dos agiotas. Apesar de extremamente relevantes, não são apenas esses fatores que compreendem o universo do endividamento das famílias, como destaca Macedo (2011, p.17) “[...] pela multiplicidade de fatores envolvidos, torna-se evidente que o problema

do sobre-

endividamento é complexo”. O Quadro 1, apresentado a seguir, elaborado por Macedo (2011, p.15) demonstra vários fatores relevantes, quando se adentra à discussão sobre endividamento. Macedo elaborou este quadro com informações coletadas de vários autores, estes que individualmente elaboraram suas conclusões. Quadro 01 – Fatores que influenciam o endividamento

Rendimentos elevados

Sexo

As pessoas com rendimentos mais elevados gastam e solicitam mais empréstimos e revelam uma maior propensão para usar cartões de crédito. Quando o agregado tem um rendimento mais elevado que o previsto e tem uma expectativa positiva sobre o seu nível de rendimento no futuro, tem tendência a aumentar o seu consumo e a pedir empréstimos que pensa vir a liquidar com esses rendimentos esperados (Van Raaij & Gianotten, 1990). Os homens têm montantes de dívidas superiores ao das mulheres (Boddington & Kemp, 1999).


22 Quadro 01 – Fatores que influenciam o endividamento (Continuação) Está passivamente relacionado com o aumento Tamanho do Agregado endividamento do agregado (Godwin, 1998). Estado civil

do

Quando se é casado, os gastos com cartão de crédito são superiores (Kinsey, 1981) e (Steidle,1994).

Número de Crianças

Quando o agregado é composto por um maior número de crianças e essas crianças são mais novas a dívida é maior (Lea & Walker, 1995).

Grau educacional

Os agregados com menor formação escolar e os agregados com uma formação de nível superior tendem a apresentar mais dívidas em relação ao rendimento (Canner & Luckett, 1991; Lea, Webley & Levine, 1993).

Idade

Está negativamente correlacionada com a quantidade de dívidas mantidas pelos agregados. O montante de dívida está relacionado com o ciclo de vida em que se encontra o agregado, já que os compromissos financeiros normalmente aumentam com a idade e os indivíduos mais velhos têm maior probabilidade de terem dívidas superiores aos indivíduos mais jovens (Cameron & Golby, 1990, 1991).

Atitudes

Os indivíduos com atitudes fortemente favoráveis face aos cartões de crédito têm maior probabilidade de possuírem múltiplos cartões, terem um nível de endividamento maior e estarem mais sujeitos à publicidade (Chen & DeVaney, 2001; Davies & Lea, 1995).

Classe Social

Quando um indivíduo pertence a um estrato social mais elevado, acredita ser mais vantajoso recorrer ao crédito para adquirir bens luxuosos do que aqueles que pertencem a classes média ou baixa (Solomon, Bamossy & Askegaard (2002)

Situação Laboral

As pessoas empregadas, tendem a apresentar um maior número de dívidas (Bird, Hagstrom & Wild, 1997).

Fonte: Macedo, (2011, p.15)

2.6 Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

Com essa preocupação iminente em torno do endividamento, o Brasil vem realizando várias pesquisas sobre o endividamento. O órgão responsável pela principal pesquisa é a Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo – CNC. “A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela CNC, a partir de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.” (CNC, 2014a, p.4).


23 A pesquisa se tornou tão relevante que começou a ser aplicada e divulgados resultados, individualmente, para o estado de Santa Catarina, em parceria com a Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina – FECOMERCIO – e também especificamente para o município de Blumenau, contando com o apoio do Sindicato do Comércio Varejista – SINDILOJAS – além das outras duas instituições já citadas. A pesquisa é divulgada em outros municípios e estados também, porém, não é de relevância para nossa análise detalhá-los. A pesquisa no município de Blumenau é realizada a partir de 2013, levantando mensalmente a evolução no percentual de famílias endividadas, inadimplentes e que não terão condições de pagar suas d ívidas, revelando assim o comportamento do endividamento familiar (FECOMERCIO, 2014, p.7). É de suma importância destacar que as metodologias das pesquisas não são as mesmas; a amostra é diferente, portanto, consideraremos apenas os resultados apresentados e não as metodologias aplicadas, pois não são relevantes para nossa análise.

2.7 Uma breve análise do endividamento

Através dos dados das pesquisas sobre o endividamento realizadas no Brasil, em Santa Catarina e no município de Blumenau, realizamos uma comparação entre os três âmbitos: nacional, estadual e regional, buscando evidenciar as estatísticas de endividamento das famílias e qual o tipo de dívida predominante. Os dados analisados são de janeiro de 2014, buscando informações atualizadas para evidenciar

a situação

atual do endividamento

principalmente, em Blumenau.

no Brasil,

em Santa

Catarina

e,


24 Gráfico 01 – Endividamento das famílias

Fonte: Adaptado de CNC, 2014a e FECOMERCIO, 2014

O gráfico 01 representa o total de famílias endividadas; o Brasil tem cerca de 63,40% das suas famílias endividadas e podemos observar também que a parcela de famílias que não terão condições de pagar é menor, 6,50%, em relação ao total, porém é uma estatística preocupante, principalmente pelo fato de 19,5% das famílias estarem com contas em atraso, o que já é um alerta, pois há um deficit nos pagamentos e, consequentemente, algum fornecedor de bens ou serviços não recebeu o que lhe é devido. Gráfico 02 – Grau de endividamento das famílias

Fonte: Adaptado de CNC 2014a, e FECOMERCIO, 2014


25 Quanto ao nível deste endividamento, podemos verificar no gráfico 02 que o nível das famílias que se consideram muito endividadas é consideravelmente alto. No Brasil, 12,20% sendo que em Santa Catarina o nível é de 18,30%, porém em Blumenau ele é baixo, 3,30%. Cabe ressalvar que o número de não respondentes em Blumenau foi alto, 30%, enquanto nas outras duas pesquisas ele é quase nulo, o que faz com que possa haver uma margem de erro considerável para esse valor, porém ainda fica evidente o problema do endividamento das famílias brasileiras.

Gráfico 03 – Tipo de dívida das famílias

Fonte: Adaptado de CNC, 2014a e FECOMERCIO, 2014

Observamos no gráfico 03 que o cartão de crédito lidera o tipo de dívida mais comum entre os pesquisados; 75,90% das famílias no Brasil possuem esse tipo de dívida. Hoje ele é um dos principais causadores do endividamento.

Praticidade, segurança e milhas. Esses atrativos fazem com que o cartão de crédito, apesar dos juros mais altos do mercado, seja o recurso preferido do brasileiro ao ir às compras. Mas ele tece armadilhas que, se ignoradas, podem levar ao descontrole financeiro (LAPORTA, 2013).


26 No município de Blumenau, pode-se destacar ainda o financiamento de carros (29,7%), o que também é muito preocupante, pois é um tipo de dívida que é feita com um prazo elevado, se comparado aos outros (FECOMERCIO, 2014). Diante do exposto, podemos acreditar que o grande problema está no descontrole das famílias em relação ao consumo, com um nível de endividamento predominantemente criado pelo uso do cartão de crédito.


27 3 O PROBLEMA ESTÁ NA EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Diante da situação atual do endividamento no Brasil, e também no mundo, podemos acreditar que os indivíduos não sabem lidar com suas finanças, a ponto de haver um descontrole nos seus gastos e no acúmulo de dívidas que, por vezes, os tornam inadimplentes e com dificuldades na sua vida financeira. Parte importante dessa situação está diretamente ligada à educação recebida pelos indivíduos de como cuidar das suas finanças, como controlar seus gastos e fazer bom uso da sua renda. Deve-se então, buscar entender qual o cenário da educação financeira, tentando desta forma, encontrar saídas para a atual situação do endividamento.

3.1 O que é educação financeira

A educação financeira sempre foi um tema importante na vida das pessoas, porém “[...] nos últimos anos, sua relevância cresce em decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros e da inclusão bancária, bem como das mudanças demográficas, econômicas e políticas.” (AEF-BRASIL, 2013c, p.8). Hoje, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, estão presentes diversas iniciativas quanto à educação financeira. Em cada região, a educação financeira pode vir a ter um significado; percebe-se uma diferença por exemplo, entre o conceito utilizado no Reino Unido, financial capability, em tradução livre, capacidade financeira (no sentido de aptidão), já na Austrália, como em outros países, a educação financeira é conhecida com financial literacy, em tradução livre, alfabetização financeira (ASIC, 2011). Podemos destacar do relatório da Australian Securities & Investments Commission – ASIC –, as palavras de Worthington (2006, p.4 apud ASIC, 2011, p.7, tradução livre):

Educação financeira significa coisas diferentes para pessoas diferentes e isso reflete inicialmente nas muitas definições usadas na literatura. Para alguns, é um conceito bastante amplo, abrangendo a compreensão econômica de como as decisões das famílias são afetadas pelas condições e circunstâncias da economia. Para outros, ele se concentra estritamente na gestão básica do dinheiro, orçamento, poupança, investimentos e garantias.

Cada nação adota uma definição, de acordo com suas necessidades e os objetivos de seu projeto; em suma, eles têm objetivos idênticos, porém com terminologias diferentes, adequadas a sua realidade. O projeto brasileiro utiliza a seguinte definição de educação


28 financeira, estabelecida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OECD:

[...] o processo pelo qual indivíduos e sociedades melhoram sua compreensão dos produtos financeiros, conceitos e riscos e, através da informação, formação e clara orientação, desenvolvem valores e habilidades necessárias para tornar-se mais conscientes dos riscos e oportunidades de fazer escolhas, de saber onde procurar ajuda, e tomar medidas eficazes para melhorar seu bem-estar financeiro, contribuindo de forma consistente para formar indivíduos responsáveis e sociedades comprometidas com o futuro (OECD, 2013, p.68, tradução livre).

Pode-se verificar claramente o ajustamento dos conceitos no caso da Austrália, onde é utilizado o termo financial literacy:

Observe que a Estratégia Nacional de Educação Financeira da Austrália reconheceu que o termo do Reino Unido, financial capability (capacidade financeira), talvez expresse melhor o conceito de agir com os conceitos adquiridos, mas financial literacy (educação financeira) é um termo bem incorporado na Austrália e mudar esta linguagem era considerado na época contraproducente (OECD,2013, p.51 grifo do autor, tradução livre).

Independente da terminologia utilizada pelo país, os esforços realizados para a implementação de ações que visam à educação financeira são muitos. E se fazem necessários devido às mudanças no panorama econômico e social.

3.2 Panorama econômico e social

As mudanças no panorama econômico mundial e, principalmente, da realidade brasileira da economia são evidentes. Vemos hoje, um desenvolvimento estruturado e bem embasado em políticas bem definidas. Presenciamos também, um deslocamento das pessoas pertencentes à classe D, para a classe C. “[...]A classe média brasileira (Classe C) correspondia a 47% da população, em 2007, antes 32%, em 2002[...]” (AEF-BRASIL, 2013c, p.5), renda essa que, segundo a Fundação Getúlio Vargas, vai de R$1.734,00 a R$7.475,00 (FGV, 2014). Porém, devemos destacar, não somente esta mudança na composição da pirâmide social brasileira, mas também “[...] ocorreu de forma simultânea à redução da pobreza extrema, assim definida como aquela situação em que o indivíduo recebe renda inferior a um dólar por dia.” (AEFBRASIL, 2013c, p.5). Houve também uma redução na desigualdade da distribuição da renda no Brasil, “[...] o índice que mede o grau de disparidade na renda foi


29 reduzido de 0,604 para 0,556, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), representando migração de riqueza entre os brasileiros.” (AEF-BRASIL, 2013c, p. 6). Há ainda características demográficas que mudaram significativamente, “[...] o Brasil assiste hoje à transição que a maioria dos países desenvolvidos já viveu: o envelhecimento da sua população, resultante da queda na fecundidade e do aumento da longevidade”. (AEFBRASIL, 2013c, p. 6). O ritmo de crescimento populacional reduziu; não se tem mais observado números como os constatados entre 1950 e 2000, quando a população triplicou. Estimasse que, em 2062, o Brasil tenha no máximo 264 milhões de habitantes. Mudança essa que não foi apenas quantitativa, houve também um aumento da expectativa de vida do brasileiro, que era de 51 anos, em 1950, e passou para quase 73 anos, em 2008, mantido o ritmo, pode chegar a 81 anos, em pouco tempo (AEF-BRASIL, 2013c, p. 6). Podemos destacar ainda o aumento do crédito evidenciado entre 2002 e 2008, que variou de 22% para 40% do PIB e, principalmente, o aumento na demanda de consumidores e investidores por produtos e serviços financeiros, uma sofisticação do sistema financeiro do país e um aumento na quantidade de produtos oferecidos e sua complexidade (AEF-BRASIL, 2013c, p. 7). A OECD (2013, p. 67, tradução livre) também destaca que, “durante os anos 70 e 80 e parte da década de 90, a inflação era muito alta no Brasil. Os preços eram ajustados regularmente com base na inflação passada. Essa memória inflacionária leva os cidadãos a consumir imediatamente na expectativa de que os preços irão subir rapidamente.” Através de todas essas evidências, pode-se constatar que há uma necessidade de a população gerir melhor a sua renda, ter melhor acesso e conhecimento dos produtos financeiros, podendo escolher melhor e não se expor a riscos não planejados. Não bastasse essas constatações claras, visto o panorama brasileiro, uma pesquisa realizada para descobrir o grau de educação financeira da população foi realizada em 2008 e constatou que ele é baixo, como destaca a OECD (2013, p. 67, tradução livre) “[...] as pessoas não planejam seus gastos a longo prazo, demoram muito para se preparar financeiramente para a aposentadoria, não estão plenamente cientes dos riscos e instrumentos para sua proteção, enfrentam dificuldades na tomada de decisões sobre empréstimos e investimentos e são vulneráveis a fraudes.” Apresentados os fatos, fica evidente que uma estratégia nacional para a educação financeira seria benéfica, porém esta não é uma particularidade brasileira e, em muitos outros países, a necessidade de educação financeira também tem total relevância nos dias atuais.


30 3.3 Problemática mundial

A Educação Financeira vem sendo reconhecida cada vez mais como fator importante para a promoção de qualidade de vida das pessoas, possibilitando tomada de decisão de caráter financeiro e econômico, impactando diretamente o bem-estar dos indivíduos e de suas famílias (BRITO et al., 2012, p. 3). Atualmente, podemos verificar em vários países desenvolvidos ao redor do mundo uma preocupação eminente sobre finanças pessoais. Uma preocupação referente à capacidade dos cidadãos lidarem com suas finanças. Nas palavras ade John Tiner, chefe executivo da Financial Services Autority – FSA–, “em um mundo em que os indivíduos estão cada vez mais obrigados a assumir a responsabilidade por seus assuntos financeiros, as pessoas precisam ser capazes de gerir bem o seu dinheiro” (FSA, 2006, p. 3, tradução livre). Cada iniciativa, em seu país de origem, tem suas imparcialidades, porém o que se vê hoje é que há um esforço mundial para esse tipo de projeto. “Uma quantidade crescente de atenção e recursos está sendo gasta em educação financeira por parte dos governos e das autoridades públicas, em nível mundial” (OECD, 2014, tradução livre). Podemos destacar iniciativas no Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, Brasil entre outros países. Apesar de suas peculiaridades, pode-se notar que, tais programas são embasados em diretrizes e pressupostos da OECD, que é o órgão mundial responsável pelas estratégias de educação financeira, dentre outras importâncias da entidade. Deve-se enfatizar que cada país tem uma abordagem diferenciada quanto ao desenvolvimento desse tipo de projeto, pois reflete muito a cultura de cada nação/região. Podemos ainda citar, que como qualquer tipo de política econômico-financeira, as diferenças culturais são cruciais para seu efetivo sucesso. Logo, quando se trata de um tema tão ímpar não seria diferente.

A educação financeira tornou-se um complemento importante para a conduta de mercado e a regulação prudencial, para melhorar o comportamento financeiro dos indivíduos é uma política de longo prazo, prioritária em muitos países. A OECD e sua Rede Internacional de Educação Financeira (INFE em inglês) realiza pesquisas e desenvolve ferramentas para apoiar os criadores de políticas e as autoridades públicas para conceber e implementar estratégias nacionais para educação financeiras (OECD, 2014, tradução livre).

“A educação financeira nas escolas é incentivada pela OCDE e faz parte do currículo escolar de mais de 60 países.” (SCIARRETA, 2010).


31 Figura 01 – Os desafios da educação financeira

Fonte: Adaptado de ASIC, 2011.

A figura 01 mostra de forma geral as barreiras encontradas – Common barriers to making good financial decisions – pela população quanto a fazer boas escolhas financeiras e alguns princípios que podem ajudar a mudar esse comportamento – Key social marketing


32 principles that can help change behavior. Apesar de se tratar da realidade australiana, podemos perceber que há grande semelhança com o que observamos no Brasil e no mundo, Como exposto no release elaborado pela BM&FBOVESPA, baseado nos dados informados pelo Banco Mundial para o 2º Workshop de Divulgação dos Resultados da ENEF (BM&FBOVESPA, 2012, p. 1):

Navegar nos mercados financeiros atuais pode ser uma tarefa difícil. Os sistemas financeiros se tornaram mais complexos e sofisticados, o que impõe novas demandas à capacidade de planejamento financeiro. Os consumidores enfrentam uma gama de decisões financeiras complexas relacionadas a crédito, poupança, seguro, aposentadoria, habitação e educação, que, em alguns casos, superam o grau de educação financeira da população.

Não só no Brasil e na Austrália, mas em vários países do mundo, já se tem projetos de educação financeira. Como cita Anton Siluanov, Ministro de Finanças da Rússia, “a maioria das pesquisas sobre educação financeira realizadas no mundo, inclusive nos países do G-20 mostra que a maioria da população não tem conhecimento suficiente para entender os produtos financeiros mais básicos e os riscos associados a eles.” (OECD, 2013, p. 3, tradução livre). Angel Gurría, no mesmo documento, ainda reforça: “melhorar a educação financeira tornou-se um meio essencial para uma maior reforma econômica, social e financeira para prevenir futuras crises.” (OECD, 2013, p. 5, tradução livre). O que vemos hoje, no mundo, é um crescente envolvimento das nações com estratégias nacionais de educação financeira. A seguir, na figura 02, verificamos como estão espalhadas essas ações pelo mundo e em que fase de planejamento/implantação se encontram. E sse mapa demonstra claramente que a educação financeira vem se tornando cada vez mais importante.


33 Figura 02 – Mapa das estratégias de educação financeira

Fonte: OECD, 2013

Na figura 02, verificamos em vermelho os países onde a Estratégia Nacional (NS – National Strategy) já está implementada; em azul (escuro), onde elas estão em um nível avançado de criação, e em azul (claro), onde elas estão sendo consideradas.


34 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Diante do exposto, procuramos entender o porquê da necessidade do ensino de educação financeira nas escolas. Para tanto, realizamos uma pesquisa de campo com uma amostra de escolas do município de Blumenau, com os alunos do ensino médio. Nessa pesquisa, de forma clara, buscamos coletar dados que demonstrem que os jovens, em idade de trabalho, já apresentam um comportamento quando usa seu próprio dinheiro, apesar de ter pouco conhecimento sistematizado sobre finanças pessoais. A pesquisa foi realizada no ensino noturno, nas escolas públicas, com o propósito de atingir o público-alvo de estudantes que já estão inseridos, ou ingressando, no mercado de trabalho. Foram ao todo 412 questionários aplicados, idênticos ao questionário do Apêndice A. A seguir, iremos apresentar graficamente as informações coletadas pela nossa pesquisa. Gráfico 04 – Idade dos estudantes

Fonte: Dados da pesquisa.

Percebemos no gráfico 04 que a maioria dos alunos, considerando-se o 1º, 2º e 3º anos do ensino médio, estão cursando com idades entre 16 e 18 anos (idade considerada dentro do padrão normal para alunos do 2º e 3º anos), todos do ensino noturno com tempo disponível para o trabalho durante o dia.


35 Gráfico 05 – Sexo dos estudantes

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 05, verificamos que há mais estudantes do sexo masculino, 53,20%, do que do sexo feminino, 46,80%. Gráfico 06 – Estudantes que estão no mercado de trabalho

Fonte: Dados da pesquisa.


36 Como se observa no gráfico 06, 71,10% dos estudantes do ensino público noturno já estão trabalhando, atendendo à expectativa dessa pesquisa, que buscava conhecer, principalmente, os hábitos financeiros de jovens, já inseridos no mercado de trabalho. Gráfico 07 – Local onde os estudantes trabalham

Fonte: Dados da pesquisa.

Dos 293 jovens que responderam à pergunta representada pelo gráfico 07, verificamos que 61,43%, trabalham em empresa de terceiros e 15,36% estão trabalhando na empresa da sua própria família. Destaca-se ainda que, apesar de pequena, a porcentagem de jovens q ue já possuem seu próprio negócio é de 3,75%.


37 Gráfico 08 – De onde provém a renda dos estudantes

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 08, verificamos que a maioria dos jovens recebe remuneração, através de salários, 73,21%. Destaca-se ainda que 11,48% recebem mesada e 10,20% algum tipo de pensão. Gráfico 09 – Renda dos estudantes

Fonte: Dados da pesquisa.


38 A renda dos 335 estudantes que responderam à questão, representada pelo gráfico 09, concentra-se em até R$1.500,00, 94,33%. Porém a maior parte dos estudantes ( 24,48%) têm renda entre R$801,00 a R$1.000,00, pouco mais de 1 salário mínimo ( R$724,00). Outra fração significativa (22,99%) têm renda que alcança apenas R$400. Gráfico 10 – Estudantes que poupam parte da renda

Fonte: Dados da pesquisa.

Das 388 respostas para a questão representada pelo gráfico 10, observamos que 71,65% dos estudantes costumam fazer algum tipo de poupança.


39 Gráfico 11 – Que tipo de poupança os estudantes utilizam

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 11, verificamos que dos estudantes que fazem algum tipo de poupança, 59,31% usam a forma bancária, porém ainda é expressivo o número de jovens ( 38,90%), que costumam guardar dinheiro em suas residências. Gráfico 12 – Quanto o estudante poupa por mês

Fonte: Dados da pesquisa.


40 O gráfico 12 apresenta a quantia que o jovem poupa; 38,24% poupam uma quantia entre R$101 e R$200 e também é expressiva a quantia dos jovens ( 29,41%) que poupam apenas um valor de até R$ 50,00. Gráfico 13 – Por que o estudante poupa

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 13, fica clara a tendência do jovem quanto ao destino do dinheiro que está sendo poupado. Percebemos que grande parte das respostas indica que o jovem guarda para comprar um bem de valor elevado ( 39,74%); as outras estatísticas relevantes indicam que 24,04% dos jovens poupam pensando em juntar renda para um curso superior e 20,19% fazem poupança para uma eventual emergência.


41 Gráfico 14 – Por que os jovens não poupam

Fonte: Dados da pesquisa.

Quanto aos jovens que não poupam, verificamos no gráfico 14 que 25,45% dos jovens não costumam poupar, pois ajudam nas despesas domésticas; outros 22,73% dizem receber um salário muito baixo e 20% acabam utilizando a sua renda toda para consumo. Gráfico 15 – Estudantes que ajudam nas despesas domésticas

Fonte: Dados da pesquisa.


42 No gráfico 15, verificamos a quantidade dos estudantes 57,96%, que ajudam sua família nas despesas domésticas. Gráfico 16 – Valor com que os estudantes auxiliam nas despesas

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 16, é apresentado o valor c o m que os jovens auxiliam nas despesas domésticas, onde destacamos que 81,15% ajudam sua família com até R$300,00.


43 Gráfico 17 – Estudantes que possuem conta corrente

Fonte: Dados da pesquisa.

A porcentagem de jovens que possuem conta corrente, verificada no gráfico 17, é de 50,74%, ou seja, pouco mais da metade dos jovens possuem conta corrente em algum banco. Gráfico 18 – Estudantes que possuem cartão de crédito

Fonte: Dados da pesquisa.


44 No gráfico 18, está representada a parcela de jovens que possuem cartão de crédito. Gráfico 19 – Estudantes que costumam comprar a prazo

Fonte: Dados da pesquisa.

O gráfico 19 representa que pouco mais de 33% dos jovens costuma comprar a prazo. Gráfico 20 – Forma de pagamento utilizada nas compras a prazo

Fonte: Dados da pesquisa.


45 Dos estudantes que já compraram a prazo, com carnê, 41,28%, e com cartão de crédito, 47,25%. Essas são as principais formas de pagamento, como pode ser verificado no gráfico 20. Gráfico 21 – Percentual da renda comprometida com parcelas

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 21, está representada a parcela da renda que o jovem compromete com parcelamentos, onde se verifica que 41,80% dos jovens comprometem até 10% da sua renda e outros 32,79%, comprometem de 10% a 30%. Sendo assim, 74,59% dos jovens comprometem sua renda em até 30% com parcelas. O percentual de jovens que comprometem mais de 30% é de 25,41%.


46 Gráfico 22 – Qual o tipo de prestação com que o estudante está comprometido

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 22, percebemos o baixo comprometimento dos jovens com dívidas de longo prazo; apenas 8,17% estão comprometidos com o financiamento de algum veículo e 4,67%, com o financiamento de imóvel. Os demais estão comprometidos com parcelas de carnês, 45,53%, e outros tipos de parcelas, 41,63%.


47 Gráfico 23 – Pagamento das prestações

Fonte: Dados da pesquisa.

A maioria dos jovens (92,22%) paga em dia as suas prestações, como podemos verificar no gráfico 23; apenas uma pequena parcela, 7,41%, efetuam os pagamentos com atraso e 0,37% com muito atraso. Gráfico 24 – Inadimplência dos estudantes

Fonte: Dados da pesquisa.


48 O percentual de jovens que já esteve inadimplente, como pode ser observado no gráfico 24, é baixo, 2,54%, ou seja, 97,46% dos jovens não estão nessa situação.

Gráfico 25 – Dificuldade no pagamento das prestações

Fonte: Dados da pesquisa.

Podemos verificar no gráfico 25 que cerca de 19,54% dos jovens já tiveram algum tipo de dificuldade para pagar as prestações que adquiriram.


49 Gráfico 26 – A que tipo de empréstimo o estudante costuma recorrer

Fonte: Dados da pesquisa.

Observamos no gráfico 26 que da grande maioria dos jovens que já teve que solicitar algum empréstimo, 71,35% recorreram à família para atender a essa necessidade. Verificamos que é baixa, (1,62%), a incidência de jovens que utilizaram o cheque especial, ou que já tiveram que recorrer a financeiras, 5,41%. Gráfico 27 – Qual tipo de dívida o estudante costuma ter

Fonte: Dados da pesquisa.


50 O gráfico 27 representa os tipos de dívidas que os jovens costumam ter: 25% delas é com a utilização do cartão de crédito, parentes, ( 19%) e amigos, ( 14,42%), também são dívidas frequentes dos estudantes. Apenas uma pequena porcentagem, ( 2,88%), tem dívidas com cheque especial e 9,62%, com financiamentos. Gráfico 28 – Pressão com o tamanho da dívida

Fonte: Dados da pesquisa.

A maioria dos jovens, 81,94%, como é representado no gráfico 28, não se sente pressionado com as dívidas que tem; apenas 18,06% se consideram pressionados com o tamanho da dívida que adquiriram.


51 Gráfico 29 – Famílias com problemas de dívidas

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 29, verificamos que uma grande parcela dos estudantes reconhece que sua família tem problemas com dívidas, 30,42%. Gráfico 30 – Estudantes que já receberam orientação financeira

Fonte: Dados da pesquisa.


52 O gráfico 30 representa a quantidade dos jovens que já teve algum tipo de orientação financeira. . Gráfico 31 – De quem o estudante recebeu orientação

Fonte: Dados da pesquisa.

A orientação financeira recebida pelos jovens vem principalmente do âmbito familiar. Como pode ser observado no gráfico 31, 67,93% dos estudantes receberam orientações da sua família; outros meios representam os 32,07% restantes.


53 Gráfico 32 – Controle das despesas

Fonte: Dados da pesquisa.

O gráfico 32 representa o percentual de jovens que faz algum tipo de controle das suas despesas. Gráfico 33 – Qual a forma de controle das despesas

Fonte: Dados da pesquisa.


54

No gráfico 33, verificamos que mais da metade dos jovens ( 52,16%) faz o controle de suas finanças pessoais, por meio de algum tipo de caderno de anotações; 12,68% utilizam planilhas diversas e os demais (35,16%) utilizam-se de outras formas para esse controle. Gráfico 34 – Renda das famílias

Fonte: Dados da pesquisa.

A renda da maioria das famílias é de até R$3.000,00 somando 59,29%, como pode ser observado no gráfico 34. P odemos verificar também uma quantidade de famílias com um nível de renda superior a R$3.000,00.


55 Gráfico 35 – Quantidade de pessoas na família

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 35, observamos que mais da metade das famílias tem entre três e cinco integrantes (53,20%), e a menor quantidade das famílias tem mais de cinco integrantes (13,05%).


56 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Buscamos agora, após apresentados os dados coletados em nossa pesquisa, analisar o perfil dos estudantes, quais são seus hábitos financeiros quanto à poupança, o consumo, o endividamento e inadimplência e a sua educação financeira.

5.1 Perfil dos jovens

Identificamos que a maioria dos jovens pesquisados ( 81,80%) tem idade entre 16 e 18 anos, sendo que, a partir dos 16 anos, o jovem já pode trabalhar com carteira assinada. Dessa forma, constatamos que da amostra dos estudantes, 71,10% já estão inseridos no mercado de trabalho, em sua maioria; 61,43% trabalham em empresas de terceiros, porém há também uma porcentagem significativa de jovens trabalhando na empresa da sua própria família (15,36%), e ainda podemos destacar uma pequena porcentagem de jovens (3,75%), que possui seu próprio negócio. A maioria da renda dos jovens ( 73,21%) provém de salários, porém podemos verificar que uma parcela significativa de jovens recebe algum tipo de mesada (11,48%) ou pensão (10,20%). Verificamos então, que dos jovens que têm renda, 94,33% atingem até R$1.500,00, sendo poucos (5,67%) os que têm renda superior a esta. Há uma parte significante de jovens que recebem até R$400,00 (22,99%); este nível de renda muitas vezes é resultado de trabalhos de meio expediente ou de estágios, ou ainda de jovens que recebem renda proveniente de pagamento de mesada ou pensão. Analisando a família dos jovens entrevistados, apuramos que, em sua maioria (53,20%), é composta de três a cinco integrantes. Apenas uma pequena parcela ( 13,05%) tem mais de cinco integrantes. Já as famílias compostas de até três integrantes representam 33,74%. Percebemos então que, em sua maioria, as famílias são enxutas. A renda de grande parte das famílias (40,71%) ultrapassa os R$3.000,00, porém, 59,29% das famílias recebem abaixo desse valor, havendo inclusive, 1,53% das famílias que recebem uma renda inferior a um salário mínimo. Como 66,25% das famílias têm três ou mais integrantes, é plausível que a renda da maioria seja acima de R$3.000,00, visto que há um número maior de integrantes que geram renda nestas famílias. Dessa forma, podemos traçar o perfil do jovem como sendo, em sua maioria, empregado em empresas de terceiros, recebendo entre um e dois salários mínimos, vivendo


57 em famílias enxutas de no máximo cinco integrantes e com uma renda familiar total acima de R$2.000,00 por mês.

5.2 Hábitos financeiros

Entender os hábitos dos jovens quanto ao uso de suas finanças pessoais, é de fundamental importância para esta pesquisa. Então, por meio de algumas perguntas, buscamos analisar quais as atitudes dos jovens, quanto à poupança, consumo e outros itens que consideramos essenciais para os objetivos deste trabalho.

5.2.1 Poupança

Como já visto anteriormente, 71,10% dos jovens já estão no mercado de trabalho, recebendo salários, e mesmo os jovens que não estão no mercado de trabalho, podem ter algum tipo de renda, pensão ou mesada, por exemplo. Como a maioria tem renda mensal, desvendar o comportamento do jovem ao fazer uso da renda é de suma importância. Verificamos então, que 71,65% dos jovens estão poupando parte da sua renda. Destes que poupam, 59,31% possuem poupança bancária e uma quantia considerável; 36,90% têm dinheiro e mantém reserva em seus lares. Quanto ao valor que o jovem destina para estes tipos de poupança, apurou-se que, 79,78% poupam até R$200,00 mensais. Quando perguntado para que fim seria essa poupança, 39,74% das respostas apontaram que a compra de um bem de maior valor seria o principal objetivo. Não fica claro, e também não foi objeto desta pesquisa, entender se a consciência de adiar o consumo é para seu próprio benefício, ou seja, não contrair dívidas, ou então por não ter algum meio de antecipá-lo. Vemos, ainda, 24,04% dos jovens poupando para, no futuro, ingressarem em algum curso superior

e 20,19% poupando para eventuais imprevistos que possam surgir. Outro fato

importante, que devemos destacar, é a pouca importância que o jovem dá para a aposentadoria, pois apenas 0,96% das respostas indicaram que a poupança seria para a aposentadoria. Em contrapartida, buscamos apurar também quais os principais motivos pelos quais o jovem não está poupando. Das respostas, 25,45% afirmaram auxiliar nas despesas domésticas, não restando assim, uma quantia para sua poupança; outros 22,73% alegaram receber baixos salários e 20% declararam gastar toda sua renda. Podemos ainda destacar 16,36% das respostas indicando preferir viver o presente, demonstrando claramente que não há uma preocupação com o futuro. Quando questionados se auxiliam nas despesas domésticas,


58 57,96% responderam afirmativamente, logo, podemos estimar que, metade desses jovens não está poupando por auxiliar nas despesas domésticas. Questionamos os estudantes qual seria o valor com o qual eles estariam auxiliando nas despesas domésticas e constatamos que 85,15%

auxiliam

com

até

R$300,00,

que

se

compararmos com a média dos salários citada, representa de 15% a 30% deles. Se analisado do ponto de vista que a totalidade, ou pelo menos a maioria absoluta, dos jovens ainda esteja residindo com seus pais, ou familiares, auxiliar com este tipo de despesa é benéfico, tanto para a família, pela ajuda, quanto para os próprios jovens, cumprindo com obrigações, desde cedo.

5.2.2 Consumo

Com o recebimento de salários, entende-se que o jovem já tenha conta corrente e possivelmente já possui cartão de crédito, e que também faz uso de carnês para realizar compras a prazo. De acordo com pesquisa da Fecomércio-RJ, em 2013, 41% dos jovens de 16 a 24 anos possuem conta bancária; em nossa pesquisa 50,74% já faz uso de contas correntes (ABDALA, 2013). Abdala (2013) ainda destaca a porcentagem de jovens, em 2013, que pagam alguma compra parcelada que é de 31% e o percentual de jovens que utiliza cartão de crédito é de 24%. Constatamos que 33,83% dos estudantes costumam comprar a prazo e 25% deles já possuem cartão de crédito.

Podemos perceber então que os

dados

coletados

vêm

se

mostrando fidedignos com as pesquisas realizadas em âmbito nacional. Esses dados, no entanto, não revelam nada de preocupante, visto que apenas evidenciam que, com o passar do tempo, o cartão de crédito vem sendo mais utilizado e que há um aumento no consumo, que pode, por exemplo, ser explicado por uma maior disponibilidade de crédito e/ou pela facilidade em adquiri-lo. Das formas de pagamento mais utilizadas em compras a prazo, fica evidente a grande utilização do cartão de crédito, pois 47,25% das respostas indicam este, como meio de pagamento quando feitas compras a prazo, porém, há também um percentual considerável de respostas indicando o uso de carnês (41,28%). Apesar da utilização de carnês e cartões para compras a prazo, na pesquisa ficou evidente que a maioria dos jovens mantém um controle das suas compras, sendo que, 41,80% não comprometem mais de 10% da renda com parcelas e 32,79% comprometem até 30%, o que é positivo, pois “de acordo com analistas, os consumidores devem comprometer no máximo 30% da renda líquida com todos os


59 pagamentos

parcelados.”(TERRA,

2012).

Apenas

25,41%

dos

jovens

estão

comprometendo uma parcela maior da renda, ou seja, acima de 30% com parcelamentos. Analisados os tipos de prestações com o qual o jovem está comprometido, podemos verificar que são principalmente dívidas de curto prazo, ou seja, carnês (45,53%) e outros tipos (41,63%) compreendem as dívidas do cartão de crédito e compras parceladas também, visto que, buscamos verificar se o jovem estaria contraindo dívidas de longo prazo, o que eventualmente, poderia dificultar a sua situação. Porém, há uma porcentagem relativamente baixa de jovens que possui esse tipo de dívida; 8,17% possuem financiamento de algum automóvel e 4,67% de algum imóvel.

5.2.3 Endividamento e inadimplência

O que vemos hoje no Brasil é um nível bastante elevado de endividamento. No mês de março deste ano, quando foi aplicada nossa pesquisa, 61% das famílias estavam endividadas, sendo que, deste percentual, 20,8% já estavam com contas ou dívidas em atraso e mais preocupante ainda é que 7,1% dessas famílias não terão condições de quitar suas dívidas (CNC, 2014b, p. 1). Se verificarmos o percentual de estudantes que já teve dificuldade com o pagamento das dívidas, 19,54% dos estudantes responderam que sim, percentual próximo à soma dos estudantes que comprometem mais de 30% da sua renda com parcelas (25,41%). O jovem não tem, em sua maioria (92,22%), dificuldades com o pagamento das prestações que adquire; constatamos que 7,41%, pagam as prestações com pouco atraso e apenas 0,37% têm dificuldades maiores, pagando com muito atraso. Um ponto importante a se destacar é que 25% fazem uso do cartão de crédito e conforme já citado têm tendência de aumento, devido à facilidade do crédito. Também podemos observar que a maioria não faz uso desse tipo de crédito, influenciando o baixo índice de endividamento do jovem trabalhador em Blumenau. Essa conclusão, demonstrada nessa pesquisa, pode ser reforçada pela PEIC – Pesquisa de Endividamento e Inadimplências do Consumidor – de março de 2014 que informa que 74,2% das dívidas são causadas pelo uso do cartão de crédito (CNC, 2014b, p. 3). Supõe-se que o problema não é o uso do cartão, mas sim, o seu mau uso e entende-se que falta informação e, principalmente, controle aos consumidores. Comparando-se o nível de inadimplência dos jovens (2,54%), com o nível de inadimplência que temos no Brasil, 6,5% das famílias endividadas não terão condições de pagar essas dívidas. Podemos verificar que o jovem trabalhador em Blumenau demonstra maior controle


60 de seus compromissos financeiros. Porém observamos que 19,54% já tiveram alguma dificuldade no pagamento das prestações que fez. Os que necessitaram de algum tipo de empréstimo, acabaram recorrendo em sua maioria (71,35%) a seus familiares; poucos deles acabaram recorrendo ao cheque especial (1,62%), ou financeiras (5,41%). Isso, devido ao fato que, em sua maioria, o jovem quando estudante do ensino médio mora com os pais, logo, em caso de necessidade, acaba recebendo auxílio deles. Provavelmente, os que necessitaram de auxílio de cheque especial ou financeiras, tiveram problemas maiores e mais custos para quitar suas dívidas. Verificamos então que o problema do endividamento é menor nos jovens do que em suas famílias, pois 19,54% dos estudantes revelaram ter problemas com o pagamento de suas contas, em algum momento, enquanto que 30,42% dos estudantes afirmaram que as suas famílias têm problemas com dívidas. O que fica evidente, através dos dados do quadro elaborado por Macedo (2011, p. 15), onde destaca que, quanto maior a idade é maior a probabilidade de haver mais dívidas, é que quando se é casado há mais gastos com cartão de crédito e também quando se tem filho, consequentemente, se tem mais dívidas, dentre outros fatores relacionados como importantes quanto ao endividamento.

5.2.4 Educação Financeira

Através da pesquisa, buscamos analisar se houve ou não algum tipo de educação financeira na vida dos estudantes, procurando, assim, enfatizar a importância desse tipo de atitude. Ficou claro que a maioria dos jovens (73,20%), mesmo que de forma não sistematizada, já recebeu algum tipo de orientação financeira. Como não era objeto de nossa pesquisa, não se sabe que tipo de orientação lhes foi passada, porém, visto que 67,93% dos estudantes receberam orientações da família, supõe-se que sejam informações básicas, ou seja, desprovida de conhecimentos mais elaborados e com base acadêmica. Verificamos também, que, apesar de pequenos (8,97%), vieram de empresas privadas, ou seja, já podemos ver empresas investindo nesse tipo de instrução para seus funcionários. Também percebemos o quanto é pequena a participação das escolas na educação financeira de seus alunos (8,7%). Além do fato de receber alguma orientação, 85,93% dos estudantes informaram que realizam algum tipo de controle de suas despesas, sendo este, através de caderno de anotações (52,16%) e de planilhas (12,68%). Percebemos então, que apesar de haver esse tipo de controle sobre as suas finanças, ele é feito de forma simples e não sistematizada.


61 6 CONCLUSÕES

Podemos concluir, através de nossa pesquisa, que a atual situação do crédito no Brasil contribuiu para o aumento no consumo, pois a facilidade na sua obtenção e a quantidade de crédito disponível, apesar de aquecerem a economia, podem vir a causar um consumo descontrolado das famílias. O cartão de crédito também é um fator a ser considerado, visto que constatamos nesta pesquisa que o cartão de crédito é o tipo de dívida mais comum entre os brasileiros; 75,90% dos entrevistados na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, em janeiro de 2014, possuem esse tipo de dívida. Porém, percebemos que o uso intensivo do cartão de crédito não é uma situação exclusiva do Brasil; nos Estados Unidos, por exemplo, existem cerca de 119 milhões de famílias endividadas com cartão de crédito (AMADEO, 2014). Uma solução para o problema do endividamento seria educar a população através da Educação Financeira. Acreditamos que grande parte desse problema está relacionado à falta de educação financeira. A educação financeira falha não é exclusividade do Brasil, porém as ações ao redor do mundo estão muito à frente das ações brasileiras. As iniciativas do governo brasileiro são insuficientes, pouco divulgadas e, ainda, principiantes. O principal foco dos países hoje, é em investir na educação financeira nas escolas, no ensino fundamental e médio. O ensino fundamental e médio são a base da sociedade e o ensino de educação financeira vem se tornando obrigatório, em um número cada vez maior de países. No Brasil, ainda está sendo realizado um projeto piloto, mas diante do cenário, é um avanço considerável. Não podemos descartar as muitas mudanças e problemas que o Brasil teve em sua economia, principalmente as mudanças de moeda e a hiperinflação, fatos que inviabilizavam, por exemplo, a realização de um orçamento das finanças pessoais. Buscando entender a relação dos jovens com suas finanças pessoais, aplicamos um questionário nas escolas públicas, nos três anos do ensino médio, no período noturno. Por meio dessa pesquisa, pudemos perceber que a consciência financeira do jovem é mais desenvolvida do que o esperado. Os jovens têm o hábito de poupar, entendem a necessidade brasileiras. Apenas 2,54% dos jovens estão endividados, enquanto, no Brasil, 19,5% das famílias estão com dívidas em atraso, sendo que 6,5% d e l a s não terão condições de pagar suas obrigações. Não percebemos um comportamento negligente dos estudantes quanto a suas de controlar suas finanças e estão abaixo do nível de endividamento finanças, como era esperado.

das famílias


62 Pelos resultados analisados, percebemos que o endividamento comprometedor não começa efetivamente na juventude. Sabemos que o jovem consome de forma, muitas vezes, exagerada, pelo fato de não ter tantos gastos, principalmente por morar com seus pais, ou seja, não paga água, luz, telefone, comida etc. Dessa forma, o jovem tem uma maior quantia da renda disponível para consumo. Apesar de o endividamento não começar efetivamente na juventude, entendemos também que a pouca preocupação com o futuro é prejudicial. Os jovens, que acabaram de entrar no mercado de trabalho, não apresentam preocupação com aposentadoria. No caso da poupança, percebemos que, em sua maioria, é destinada para a compra de algum bem de maior valor e não pensando no futuro. Notamos também que 30,42% dos jovens têm conhecimento do endividamento de sua família. Assim, também concluímos que o problema do endividamento e da inadimplência é extremamente brando se comparado com os indicadores nacionais. O jovem trabalhador por estar ainda morando com a família se beneficia com o baixo comprometimento de sua renda com despesas pessoais. Segundo estudos revelados nessa pesquisa, ao constituir família, o que acontecerá no futuro, levará a ampliação do endividamento. Portanto, a situação financeira comprometedora, nos níveis da média brasileira, em Blumenau, não inicia na juventude. Por fim, concluímos que, haveria uma grande melhoria na consciência dos jovens se houvesse educação financeira nas escolas, apesar de os jovens não estarem endividados. A educação financeira iria, além de ampliar o seu conhecimento quanto à economia, de modo geral, também formaria cidadãos conscientes e preocupados com o futuro, melhorando assim, não só a vida de cada indivíduo, mas a sociedade como um todo. Os jovens, tendo mais controle de

suas

finanças

pessoais,

poderiam

realizar

seus

sonhos

muito

antes

do que

imaginam. Não é apenas a questão financeira do indivíduo que se beneficia da educação financeira, há também um grande benefício psicológico, visto que pessoas endividadas geralmente estão preocupadas e infelizes, devido aos seus problemas financeiros. A sociedade como um todo seria beneficiada, empregadores teriam uma mão de obra mais qualificada, o próprio mercado sentiria os benefícios, pois pessoas endividadas e que não cumprem com suas obrigações acabam prejudicando os negócios no mercado. Cabe então ao governo e às autoridades competentes tomar iniciativas, pois não há motivos para questionar a educação financeira nas escolas, visto que, com os jovens melhor preparados para a utilização dos mecanismos do sistema financeiro, haverá um benefício enorme para a economia como um todo, principalmente se a taxa da poupança aumentar, onde irá gerar um aumento da capacidade de investimento do país, eliminando a forte dependência do consumo externo do Brasil.


63 Nas palavras de Eduardo Giannetti, como destaca Matos (2012), “[...]o país tem vocação do crescimento, mas não a de poupança, o que é desastroso para o desenvolvimento”.


64 REFERÊNCIAS

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68 APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ESTUDANTES

Pesquisa Estudantes que Trabalham e Estudam FURE - Curso de Economia 1. Idade?

12 . Qual o objetiYo cL'l poupanç a? O I. Co rar um bem de valor alto O 2. Glardarpara umcurso su perior

2 . S exo?

O 3. Gtardar para a a posentadoria O 4. Gt ardarpara um revisto O 5. Outro 1110 tivo

O I. Feminino O 2. Mascu lino 3. Yoc ê trabalha?

O I. Sim O 2. Não

O 6. Não Poupo

4. Onde Yocê trabalha?

O I. resa Faniliar O 2r. esa de t erceiros O 3. lns tituiç.ão do Governo O 4.resa própria O 5. 0utro

13. Se \'OC ê não c os tuma poupar, então res poneL'l o moti'u pelo qual \'OC ê não poup'.l

O I. Gasto t oda u:inha renda O 2. Ajudo em casa

Ir paro '6. Fonte Rend a' se Onde tmbalha Va lores "Não resposta ; Empresa Familiar ; Em presa de terceiros; Insn·ru iç.ào do G ovemo ; Em presa própria •

5. Outro local ele trabalho

O 3. Salário IIDito baiiD O 4. Prefiro viver o presente O 5. Não me preocupo com o futuro O 6. Outro 1110 tivo 14. Yocê ajucL'l nas des pes as ele c aa?

O I. Sim O 2. Não 6. DE' onele pt·om, s ua rencL'l?

15. Se \'OC ê res poneleu sim na ques tã o anterior, entã o informe o Yalot·que \'OC ê c os!uut.'l des tinm· para a judar nas des pesa cL'l cas a:

O I. Salário O 2. Mesada

O 3. Pensão O 4. 0utro

O

5 . Não tenho nenhum tipo de renda

Ir para '8. Qua l a renda' se Fonte Renda Va lores "Não resposta ; Sa lário ; }.lesada ; Pensão ; l\'âo renlro nenhum tipo d e re11 d a "

O 1. Ate RS50 O 2. de RS51 à R$150 O 3. de R$151 à R$300 O 4. de R$301 à 500 O 5. Mais de R$501 16. Yocê tem conta corrente?

O !. Sim O 2. ao 7. Outr o de onde pt·om , renda 17. Yocê tem car tã o ele Cl'ê eito?

O I. Sim O 2. Não 18. Yocê c os tum.'l comp·ar à pt·azo?

8. Qual s ua renda?

o O O

O I. Sim O 2. Nao

LAteRS400 2. de R$401 à RS600 3. de R$601 à RS 800

19. Quando co1Dpl·a a pt·azo utiliza que form.'l ele pag mnento?

o

I. Cart ão de credito O 3. Nunca co rei a prazo

O 4. de R$801 à R$1.000 O 5. de R$1.001 à R$1.500 O 6. de R$1.500 à R$2.000

o

2. Camê O 4. Outros

2 0. Quanto da s ua reneL'l \'OC ê co1Dpl·omete com pns tações ?

O 7. Mais que R$ 2.000

O 1. Ate 10"/o O 2. de 10"/o à 30"/o O 3. de 30"/o à 50"/o O 4. Mais de 50"/o

O 8. Não tenho nenhuma renda 9. Você c os tuma poupar uma pm·te cL'l s ua remL'l?

O I. Sim O 2. Não 10 . Se \'OC ê t·es pondeu sim na ques tão anterior, entã o infoniiE' o tipo poupança wcê tem

21. Que tipo de l>l·es tações ?

O l. Camês

O 2. Financiamento de casa

O 3. Financiamento de carro

O 4. Outros

2 2. ' ·oc ê paga as p·es tações O 2. Com pouco atraso l.Em dia O 3. Commtito atraso

o

O I. Poupança em Banco O 2. Dinheiro guardado em casa O 3. Outro tipo de poupança

23. Yocê já es te\'E' inadimplente ou c omCI'êdito negado? 11. Se

res pondeu a pergunta anterior, informe o quanto \'OC ê poupa por mês: O 2. de RS51 à R$100 LAte RS5o \ 'OCê

o

O 3. de R$100 à R$200

O 4. de R$201 à R$500

O 5 . Mais de R$500

O 6.

ao costu1110 poupar

O I. Sim

O 2. Nao

24. Yocê já tew alguma dificuleL'lde no pagamento eL'ls pt·es tações ?

O I. Sim O 2. Não


69 25.Qual forma de empt·éstimo \Ocê costttm;trecorrer? O L Nunca recorri a errpréstitros O 2. Família O 3.Amigos O 4.Clteque especial O S.Financeiras O 6.Parentes O 7.Amigos O 8.Outro 26.Que tipo de dhiiL'l \OCê costttm.'l ter? O L Não tenho dívidas O 2. Cartão de crédito O 4. Financiatn!nto O 3.Cheque especial O S.Parentes O 6. Amigos O 7.Outros

27.- Você se sente p·essionado com o tam.'luho clf s ua dhida? (Res poncL'l somente s e \Ocê tiwr dhida).

0 L Sint 0 2. Não 28.Sua fauúlia tem problem.'l com dhicL'lS? 0 L Sint 0 2. Não 29.Você recebeu alguma orientação de como cuidm· cL'lS suas finanças? 0 L Sint 0 2. Não

30.De quem? O L Nunca recebi qualquer orientaç.ão O 2. Família O 4. E cola O 3.Amigos O S. resa O 6. Outros 31. Você controla suas despesas? 0 L Sint 0 2. Não 32.De que form.'l? (Res ponda essa ques tão apenas se Yocê respondeu sim na anterior). O L Planilltas O 2. Cademo de anotações O 3.Outras fonuas 33.Qual a renda cL'lSua fauúlia? 0 LAtéR$700 0 2. de R$701 àR$1.500 O 3.de R$LSOI à R$2.000 O 4. de R$2.001 à R$3.000 O S.Acirm de R$3.000 34.Quantas pessoas tem na sua fauúlia?

O L Até 3 O 2.de 3 àS O 3. Maide 5


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