Revista Forró - 1ª Edição

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REVISTA

F ORRÓ

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RN

JANEIRO 2014 // ANO 1 // Nº 1

VIRGULINO Casa festeja quatro anos na zona norte de Natal

RAÍ SOARES De carregador de caixas a cantor de sucesso

Arleno Farias apresenta o seu Forró Alternativo

ROGERINHO DO ACORDEON

RASTAPÉ CASA DE FORRÓ

Forró potiguar na Europa

Espaço completa 7 anos




ÍNDICE

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FORRÓ DO VIRGULINO CASA COMPLETA 4 ANOS

ARLENO FARIAS

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RAÍ SOARES De carregador de caixas a cantor de sucesso

E SEU FORRÓ ALTERNATIVO

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FORRÓ SELADO BANDA INICIA EXPANSÃO PARA OUTROS ESTADOS

17 24 28 RANIERI MAZILLE “Compositor recebe a música como uma entidade”

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MAIS FORRÓ FORRÓ VIVE MOMENTO DE EXTREMA PREOCUPAÇÃO

ROGERINHO DO ACORDEON SANFONEIRO POTIGUAR DESBRAVA O CONTINENTE EUROPEU

RASTAPÉ 7 ANOS ANIVERSÁRIO DA CASA

32 34 CASA DO MATUTO Espaço cultural e gastronômico tem muito forró

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ÍNDICE

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CASA DO GONZAGA CHEGA COM GRANDE ESTRUTURA PARA FESTAS

RICARDO CÉSAR SANFONEIRO RELATA DIFICULDADES DE QUEM AINDA ESTÁ COMEÇANDO

FALANDO DE FORRÓ O FORRÓ E O SERTANEJO NUNCA ESTIVERAM TÃO JUNTOS

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O mercado do forró é, notoriamente, um dos mais movimentados do Nordeste, devido à grande quantidade de bandas, produtoras, casas de eventos e, claro, devido ao gosto do povo nordestino por esse ritmo. No Rio Grande do Norte, o forró vem em processo de expansão e, atualmente, o Estado não é apenas um consumidor. Nos últimos anos, músicos, compositores e empresários do RN estão fornecendo matéria-prima para todo o Brasil e até mesmo pautando o cenário musical. Boa parte dos nomes com mais evidência no forró é potiguar. Outro tanto trabalha diuturnamente para trilhar o caminho do sucesso. Pensando nisso, a Revista Forró, com origem no Rio Grande do Norte, chega como uma ferramenta para contribuir na divulgação de produtos, produtores e o mercado consumidor do forró. Estamos iniciando um projeto não inovador, mas um projeto criativo que preza pela qualidade de conteúdo. Oferecemos aos leitores e clientes um design gráfico moderno, notícias, reportagens e entrevistas que respeitam regras jornalísticas, bem como diversidade de estilos e ambientes forrozeiros. Queremos contar de maneira natural a história dos artistas, o dia a dia e projetos de bandas, mostrar estruturas de produtoras e casas de eventos e também apresentar aqueles que vivem nos bastidores do forró, como compositores e empresários. A Revista Forró ainda conta com colunistas, dando liberdade de opinião e críticas que possam contribuir com o segmento. Para nós, é um prazer lançar essa primeira edição. Nela, temos um bate-papo com cantor Raí Soares, natural de Umarizal-RN e líder da banda Saia Rodada. Ainda contamos detalhes do projeto Forró Alternativo, de Arleno Farias, bem como mostramos a história do compositor Ranieri Mazille e também falamos do projeto da banda Forró Selado, da Casa do Matuto, do Virgulino, da inauguração da Casa do Gonzaga e sobre o aniversário do Rastapé. Outro destaque desta edição é o sanfoneiro Rogerinho, que difunde o forró na Europa. Esperamos que essa seja a primeira de muitas edições e que vocês gostem da nossa proposta. Boa leitura!

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EDITORIAL

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CURTINHAS

“É preciso se preocupar com música boa” Em conversa com a Revista Forró, durante uma apresentação da Saia Rodada em Natal, a vocalista Aline Reis falou da importância de boas canções no meio forrozeiro. “O forró deveria trabalhar mais músicas românticas, que ficassem pra vida da gente. Não deveriam pensar somente no sucesso de momento. Não é desmerecendo nenhuma música, até porque eu também canto essas nos nossos shows, mas sonho um dia encontrar alguém que diga ter me escutado cantando uma música e que aquela é a música da vida dela. Eu sei que um dia isso vai acontecer”. Aline, hoje com 23 anos, canta desde os 13 anos e há dois está na banda Saia Rodada. Além de forró, ela revela que gosta de ouvir MPB e músicas internacionais.

Zé Sanfoneiro e Zé Filho emplacam música na 98FM Zé Sanfoneiro e Zé Filho do Acordeon, pai e filho que residem em Angicos, mas têm levado o forró autêntico para vários pontos do Estado, estão com músicas emplacadas nas rádios de Natal. Joia Rara e Amor Proibido têm tocado constantemente na programação da 98 FM e conquistado os ouvintes da rádio. Zé Sanfoneiro, que é de Santana do Matos, tem mais de 30 anos de palco e, nos últimos dois anos, vive um momento de reorganização da sua carreira, contando agora com o filho acordeonista e outros membros da família na banda, como o outro filho Neto, que toca zabumba. Além deles, compõe grupo os músicos Everaldo Alexandre, Manoel Batista, Cantarelly, Chagas, Igor e Rogério.

Uma produção do tamanho do poeta O poeta e sanfoneiro Dorgival Dantas há tempos merecia uma superprodução para gravação de um DVD. O trabalho significa muito mais do que um projeto comercial. Trata-se de um registro audiovisual histórico de canções que, sem dúvida, marcaram uma geração no Brasil inteiro. Não por acaso, o DVD conta com artistas como Flávio José, Cesar Menotti e Fabiano, Jorge e Mateus, Bell Marques, Xand e Solange, do Aviões.

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CURTINHAS

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Circuito Musical volta às origens do sucesso A banda Circuito Musical tem uma legião de fãs construída, principalmente, no final da década de 90 e início dos anos 2000. Em 2013, esses fãs comemoraram o retorno de uma formação musical que conta com o trio maravilha, Tetê Pessoa, Darrijane Lopes e Marquinhos Carrera. No final de dezembro, a banda lançou o novo DVD, batizado de A história não acabou. O trabalho tem como música principal “Em você tudo é lindo”.

Brilhantes do Forró O sanfoneiro e cantor Luciano Brilhante está feliz da vida com o crescimento do seu projeto Brilhantes do Forró. Recentemente, a banda, que agora tem parceria com a Arruda Produções e a loja Mimos, adquiriu uma van para fazer o transporte dos músicos para eventos maiores e mais distantes. Brilhantes do Forró ainda conta com um caminhão baú pequeno para levar os equipamentos aos bares e casas de shows de Natal.

Vicente Nery: Fãs aguardam retorno do cantor Os fãs do cantor Vicente Nery ainda não sabem ao certo o que acontece ou aconteceu com ele nos últimos meses de 2013. Circula na internet que ele estaria em tratamento contra a dependência química e chegou a se internar, afastando-se dos palcos e cancelando shows. No entanto, não há nenhum tipo de comunicado oficial do próprio Vicente sobre sua saúde ou sobre sua volta aos palcos.

Cavaleiros do Forró A banda potiguar Cavaleiros do Forró começa 2014 com muitas novidades para os fãs. No final de 2013, o grupo da Padang Promoções, além de gravar um DVD em comemoração ao aniversário de 12 anos, também produziu o clipe da música Vai morrer de me ligar, tendo como personagem principal o cantor Peruano.

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CURTINHAS

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FORRÓ DO

VIRGULINO COMPLETA 4 ANOS

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Virgulino, conhecido por ser especializado em forró e atrair cada vez mais público para a zona Norte de Natal, completou quatro anos de funcionamento. A data especial foi celebrada em 21 de dezembro e é motivo de orgulho para o casal João Weber de Oliveira Bezerra e Kelly Leite. O empresário conta que sempre foi apaixonado por forró e costumava frequentar casas na zona Sul de Natal. “Sempre que ia encontrava muita gente da zona Norte. Então, observei que o público dessa área gostava, mas não tinha nenhuma opção na própria região. Foi ai que me veio a ideia de abrir o Virgulino”, explica João.

aproximadamente mil pessoas e atrai não apenas os moradores da zona Norte. “Começamos focando nesse público, porém, podemos dizer que, hoje, já recebemos clientes da zona Sul de Natal e também de cidades da região metropolitana”. João Weber lembra que o Virgulino abre todas as quartas-feiras, sextasfeiras e sábados. Além disso, a casa funciona em vésperas de feriados. “Nós recebemos aqui atrações locais, tanto da capital como de cidades do interior e, claro, trazemos artistas de renome nacional. Já passaram aqui, por exemplo, Cavalo de Pau, Rita de Cássia e Eliane. Para este ano de 2014 teremos muito mais novidades”.

A casa começou pequena, mas, rapidamente, foi conquistando público e crescendo. Atualmente, o Virgulino tem capacidade para

SERVIÇO Av. Maranguape, 805 Panatis II – Zona Norte (Natal-RN) Fone: (84) 8808-8300 Facebook: Virgulino Forró

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FORRÓ DO VIRGULINO

FOTOS: CÉSAR AUGUSTO // REVISTA FORRÓ



ARLENO

FARIAS FORRÓ E SEU

ALTERNATIVO

O

s mais de 15 anos de carreira e a herança cultural de Arleno Farias o credenciam para apresentar um estilo particular, intitulado por ele mesmo como Forró Alternativo. O artista potiguar, nascido em uma família de forrozeiros, comandada pelo pai, Arnaldo Farias, tem paixão pelo rock, reggae e, claro, pelo forró. Da mistura de tudo isso nasceu o projeto Planeta Forró. “Lá em casa todo mundo é sanfoneiro, mas eu segui pelo violão. Meu primeiro interesse na música foi o rock, quando ainda morava em São Rafael, mas já ouvia Luiz Gonzaga e Jacson do Pandeiro, por influência do meu pai. Quando vim morar em Natal, com 13 anos, passei a tocar percussão na banda dele, tendo ainda mais contato com o forró. Então, eu fiquei meio que em choque, porque eu era roqueiro e não entendia como conseguia gostar das duas coisas. Hoje, eu entendo que nada mais rock and roll que o baião, porque rock é atitude”, comenta. Com o passar dos anos, Arleno conta que começou a mesclar o que sabia de forró com estilos internacionais, principalmente o rock e o reggae. O artista se especializou em violão e também aproveitou a experiência que teve tocando percussão com o pai para estudar a técnica do violão percussivo, usando as cordas e o corpo do instrumento para entoar a melodia e o ritmo das músicas.

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ARLENO FARIAS

FOTOS: CÉSAR AUGUSTO // REVISTA FORRÓ


Hoje, eu entendo que nada mais rock Rock and Roll que o Baião, por que Rock and Roll é atitude.

Arleno Farias passou 12 anos morando fora do Rio Grande do Norte, principalmente em São Paulo, onde também se especializou em MPB, atraindo mais elementos para sua música. Ele cita como referências músicos como Zé Ramalho e Alceu Valença. Nesse período fora, chegou a fazer turnê por estados do Sul e Sudeste brasileiro, bem como esteve na Europa, apresentando-se na Alemanha, Holanda e Portugal, já com a turnê Mandacaru Rock. “Esse projeto Mandacaru Rock foi criado a partir da minha experiência com a MPB e com o forró universitário do Sudeste. Dele, nasceu a música Lua Cheia, que, dentro desse cenário, é uma das canções consideradas clássicas e que me abriu muitas portas”, afirma Arleno Farias. Em 2013, o músico decidiu voltar para o Rio Grande do Norte e lançar o disco Planeta Forró I, dentro do projeto Forró Alternativo.

“Debrucei-me sobre os trabalhos das principais bandas do Nordeste que estão na mídia, como Aviões do Forró, Dorgival Dantas e os Nonatos, e fiz uma seleção de repertório levando em conta a poesia das canções e adaptando às minhas criações, fazendo uma espécie de colagem de trechos desses artistas com músicas de minha autoria”. Agora, com um repertório pronto, Arleno Farias tem apresentado seu trabalho em várias casas de show do Rio Grande do Norte e outros estados do Nordeste. A ideia dele é criar uma série de discos nessa linha, dando sequência ao Planeta Forró. Aliado a isso, o músico também criou um ambiente que mistura bar, música e espaço cultural. Arleno tem uma casa chamada Maddame Blavatsky, em Ponta Negra, contando sempre com apresentações dele e de outros artistas ou até mesmo rodas de debates culturais.

SERVIÇO Contatos Telefone: (84) 9608-1408 Email: escritorioonlinearlenofarias@gmail.com Facebook: Arleno Farias

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ARLENO FARIAS 13





FORRÓ

SELADO

INICIA EXPANSÃO PARA OUTROS ESTADOS

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este ano de 2014, a banda potiguar Forró Selado completa cinco anos de existência. Já consolidada no mercado natalense, sendo atração constante em eventos e festas das principais casas, como Rastapé Casa de Forró, a banda agora começa a divulgar seu trabalho em outros estados do Nordeste. Forró Selado foi fundado em Natal, no dia 20 de maio de 2009, tendo como foco o forró moderno, mas mantendo elementos da cultura nordestina e do forró tradicional. Atualmente, a banda tem uma equipe de 12 músicos diretamente no palco, sendo três nos vocais, três nos metais, baterista, percussionista, sanfoneiro, tecladista, baixista e guitarrista. Além disso, Forró Selado dispõe de uma equipe de bastidores e produção, oferecendo uma estrutura completa para se apresentar em

REVISTA FORRÓ // FOTOS: CÉSAR AUGUSTO

qualquer ambiente. Em sua história, a banda cumpriu agenda de shows em Natal e cidades vizinhas, bem como se apresentou em várias cidades do interior. Para facilitar ainda mais a expansão, a banda adquiriu um ônibus, permitindo o acesso rápido e seguro às cidades mais distantes ou até mesmo a outros estados do Nordeste, como Paraíba e Pernambuco.

Forró Selado. Eles contam ainda com participações do cantor Max Fernandes, que recentemente passou a dividir o palco com os dois.

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A banda tem na linha de frente a vocalista Aline Ferreira, dona de uma potente voz e um carisma contagiante. Ela está no grupo há três anos e meio. Há um ano e meio, o cantor Marcos Silva, o “Marquinhos”, também foi contrato e assumiu a voz masculina do

FORRÓ SELADO

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ENTREVISTA

RAÍ SOARES DE CARREGADOR DE CAIXAS A CANTOR DE SUCESSO

D

e origem humilde, filho de agricultores do interior do Rio Grande do Norte, mais precisamente da cidade de Umarizal, distante 345 km da capital Natal, Raí Soares de Lima é um daqueles casos de sucesso conquistado com dedicação e amor ao que faz. Hoje, cantor conhecido e respeitado como um dos principais forrozeiros em atividade, ele fala da vida com a consciência do que representa, mas, muito mais do que isso, sabendo de onde veio. Raí Soares começou a cantar no ano de 1998, ainda em Umarizal, em uma banda chamada Raios do Sol. Antes disso, porém, ele teve que trabalhar como arrumador e carregador de caixas de som, coisa que não se envergonha de falar. No currículo, consta ainda trabalho como locutor de rádio e até mesmo o trabalho na agricultura, ajudando aos pais. O potiguar está há mais de 10 anos comandando a banda Saia Rodada, que também é do Rio Grande do Norte, tendo sido fundada na cidade de Caraúbas. Atualmente, ele divide os palcos com a cantora Aline Reis e arrasta multidões por onde passa, bem como se apresentando nos principais programas nacionais na TV Globo, SBT, Record, Band e outras emissoras. Em entrevista à Revista Forró, o cantor Raí Soares fala sobre passado, presente e futuro.

REVISTA FORRÓ // FOTOS: CÉSAR AUGUSTO

RAÍ SOARES // SAIA RODADA 19


Revista Forró - Você hoje é um profissional de sucesso e respeitado no que faz. Pra chegar até aqui, foi muito difícil? Raí Soares - Olha, foi muito difícil. Eu só tenho a agradecer a Deus, porque não esperava o sucesso que conquistei. Primeiro, porque eu era um cara do interior, de família humilde, então, sempre tive que me virar e trabalhar bastante pra conquistar alguma coisa. Tanto é que meu começo na música foi como arrumador e carregador de caixas, na banda Raios de Sol, do meu amigo Chico de Quinval, que já não está mais entre nós, mas que foi um grande amigo e faz parte da minha história. Então, depois de um tempo como arrumador de caixas eu passei a cantar nessa mesma banda e foi como comecei minha carreira de cantor. Revista Forró – E como foi que surgiu a banda Saia Rodada na vida de Raí? Raí Soares – Como eu disse, fiz muita coisa nessa vida e uma delas foi ser locutor de rádio, lá mesmo na minha cidade Umarizal. Então, quando eu trabalhava na rádio, Saia Rodada já existia, só que era uma banda de baile. Inclusive, ela era composta por seis cantores. Foi aí que eu recebi o convite para integrar o grupo e, como eu já cantava forró, fui para Saia Rodada cantar forró. Acabei me tornando um diferencial na banda e, em pouco tempo, ela passou a ser efetivamente uma banda de forró. Revista Forró – Então você foi bem aceito? Raí Soares - Fui bem aceito não só pelo grupo como também pelo público. Foi tudo muito rápido. Eu

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não esperava que logo fizéssemos sucesso. Mas já cheguei e meti minha voz no primeiro CD, que foi “Problema Meu”. Foi essa música, aliás, que me levou a ser conhecido no Brasil todo. Revista Forró – Passados todos esses anos, como em qualquer área profissional, existem momentos de desgastes. Como é o dia a dia no Saia Rodada? Raí Soares – Não é fácil. Estamos desde o começo, atingimos o sucesso e, com certeza, o desgaste aparece em alguns momentos. Para

isso, a gente precisa sempre ter muita paciência e muita calma. Nós somos uma família e, como em todas as famílias, tem hora que rola uma briga ou uma confusão. Ou seja, faz parte. Sou muito feliz aqui e procuro agir com tranquilidade todos os dias, brincando e conversando com todo o grupo. Revista Forró – Você falou que foi bem aceito pelo público e rapidamente conseguiu fazer sucesso. Como tem sido sua relação com os fãs? Raí Soares - Até hoje nunca ouvi nenhum fã reclamar. Claro que, infelizmente, acontece algum estresse ou outro, mas faz parte da rotina de um artista. No geral, só tenho a agradecer ao carinho da minha galera, que sempre me entende e me respeita muito, assim como eu faço de tudo pra recebêlos e tratá-los bem. Estou sempre brincando com todos e, talvez por isso, temos hoje o maior fã clube do Brasil, que são os Raizeiros. Aproveito para mandar um grande beijo para eles.

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Raí ao lado da cantora Aline Reis, com quem divide os palcos na Saia Rodada.

Revista Forró – A gente sabe que a rotina de um artista é bastante puxada, principalmente de uma banda com agenda cheia, como Saia Rodada. Tem sobrado tempo pra família? Raí Soares – Quando a gente conquista certo patamar, felizmente, pode ter a possibilidade de selecionar mais a agenda, vim tocar mais próximo de casa, e conseguir adaptar o tempo. Eu costumo dizer que, antes, meus dois primeiros filhos estavam crescendo, minha mãe estava ficando velha, e eu não conseguia ficar perto deles. Agora, estou procurando viver melhor com minha família. Inclusive, tive meu terceiro filho, estou morando junto com a mãe dele e, desta vez, tenho o prazer de poder acompanhar o crescimento desse. Revista Forró – Sua família ainda mora no interior? Raí Soares – Mora sim, em Umarizal. Aquele é um interiorzinho que eu não consigo abandonar nunca e muito menos eles. Agora, futuramente, eu penso em morar em Natal e com certeza terei todos mais perto de mim, se Deus quiser, vou trazer minha velha para morar comigo. Revista Forró – Falando profissionalmente, você acha que já conquistou tudo que sonhava um dia conquistar?

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Raí Soares – Sempre pedi a Deus para eu cantar, mas costumo dizer que Ele me deu até mais do que eu merecia. Então, eu curto bastante a minha história, porque estou sempre olhando para o meu passado e vendo que sou um vitorioso. Isso é o que me faz seguir em frente.

Eu sempre fui muito matuto mesmo, de dentro dos matos. Revista Forró – Olhar para o passado é sempre bom pra sabermos quem somos. Agora você já parou para pensar no futuro? Já imaginou como vai ser sua vida alguns anos mais velho? Raí Soares – Olha, na verdade, eu tenho pensado sim. Só que eu comecei a pensar nisso até um pouco tarde. Quando eu comecei a cantar e a fazer sucesso eu só pensava em curtir as festas, o

momento, e não ligava muito para dinheiro. Quando fiz o meu primeiro filho aí fui acordando, fui dando mais valor ao que conquistava. Fui um pouco atrasado em relação a isso, mas, graças a Deus, ainda tenho muito chão pela frente. Inclusive, eu pretendendo ser cantor enquanto eu puder, até velho mesmo. A música é um vicio. Já tenho minha banda e pretendendo ser empresário de bandas quando tiver mais velho também. Revista Forró – Agora para o ano de 2014, você e Saia Rodada já têm projetos definidos? Raí Soares – Vamos sentar agora no início do ano e planejar o novo DVD que vamos gravar. Nosso trabalho vem dando certo e tem público cativo. Acho que o legal de tudo isso é que fazemos o show do mesmo jeito, seja para 10, 15 ou 20 mil pessoas. Então, as coisas têm acontecido de maneira natural e sempre estamos motivados para apresentar novidades. Revista Forró – Uma das suas marcas registradas é o boné que usa e, logo que a gente olha pra você, vê um cordão de ouro e um pingente grande com a letra R do seu nome. Raí é um cara vaidoso? Raí Soares – Olha, eu acho que não! Eu sempre fui muito matuto, de dentro dos matos mesmo. Então, quando eu vim conhecer alguma vaidade já estava adulto e sempre procuro ser um cara normal, controlar essa questão. Eu uso esses acessórios, como o boné, o cordão com minha marca ou a até mesmo a pulseira, porque me sinto bem. Não faço pra ganhar ibope e nem nada disso, é porque eu realmente fico a vontade assim, é o meu estilo.

10 21 RAÍ SOARES RAÍ // SAIA SOARES RODADA // SAIA RODADA




MAIS FORRÓ POR JEFERSON DIEGO

Forró vive momento de extrema preocupação

Forró como patrimônio cultural brasileiro O Forró está mais perto de se tornar patrimônio cultural brasileiro. Recentemente, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concedeu parecer favorável à solicitação de Registro das Matrizes do Forró. O pedido havia sido feito ainda em 2011, pela Associação Cultural Balaio Nordeste. O processo de registro será realizado em parceria com a Superintendência do Iphan na Paraíba, podendo os demais estados do Nordeste aderir ao processo. O secretário estadual da Cultura na PB, o cantor Chico César, é um dos entusiastas do projeto.

Aviões do Forró na Europa

O

poeta, cantor e sanfoneiro Dorgival Dantas fez, recentemente, um desabafo sobre o momento atual que vive o “Forró”. Ele citou vários pontos, como “músicas sem nexo bombando” e “excesso de CDs” no mercado. “O forró vive um momento de estrema preocupação. Começou pelos ouvidos, aos poucos o bicho pegando. Música sem nexo bombando, as boas quase sumindo. Quem não está no meio nem sente, pensa que está tudo certo.

Como eu vejo mais de perto deixo aqui meu parecer. Que o excesso de CDs contribuiu no aspecto. Mais de mil toda semana, até as máquinas se cansam. Eu acho que é preciso um bom senso dos produtos. Não pensar tanto bruto, baixar um pouco o cachê, ajudar quem quer fazer festa sem fazer com medo. Pra mim esse é o segredo um trabalho em harmonia. Não sou dono da razão nem profeta do forró, mal sei o que é um DÓ, só acho que música boa nunca passa, nem enjoa e nem prejudica o Forró”.

Muito em breve entrará no ar o Portal Mais Forró. Abordando as principais notícias do mundo do forró com seriedade, o espaço contará com entrevistas, web rádio 24 horas, bastidores, eventos e tudo sobre os artistas do segmento. O novo canal de notícias forrozeiras na internet estará disponível para visitas dentro de alguns dias, no endereço www.portalmaisforro.com. O Portal Mais Forró será administrado por esse colunista, que também é radialista da 104 FM de Assu/RN.

24 MAIS FORRÓ // JEFERSON DIEGO

A banda Aviões do Forró está com tudo e vai mais uma vez para a Europa. Quatro shows já estão agendados entre 6 e 9 de fevereiro de 2014, em quatro países diferentes. O primeiro deles é em Portugal, na cidade de Lisboa, no dia 6. Depois, a banda segue para Amsterdam, na Holanda, onde se apresenta no dia 7. Na sequência, vem Zurique, na Suíça, no dia 8, e Bruxellas, na Bélgica, no dia 9 de fevereiro. Solange Almeida, Xand Avião e toda equipe do Aviões do Forró estão com grande expectativa para a turnê. É o forró se destacando pelo mundo.

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CASA DO

MATUTO TEM FORRÓ TODA SEMANA

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ocalizado em uma das principais praias de Natal, a Casa do Matuto tem como um dos seus principais atrativos o forró. O bar e restaurante abre diariamente para almoço e jantar, prezando pelo melhor da culinária regional nordestina, mas também sempre oferece aos clientes o bom e velho forró pé de serra. Todas as quintas-feiras, sextas e sábados, a Casa do Matuto tem atração forrozeira, sempre comandada por Sandro Becker, artista conhecido no cenário do forró nacional, sendo autor de músicas como “A velha debaixo da cama”, “O gato Tico” e “Julieta”, tendo vendido um milhão de cópias na década de 80, bem como de músicas que fizeram sucesso no chamado forró universitário, como Xote dos Milagres.

A Casa do Matuto tem três anos de funcionamento, próximo ao Centro de Artesanato da badalada Praia dos Artistas. Os eventos na casa são ainda regados com drinks como caipirinha, caipifrutas com frutas tropicais, caipirosca, mojito, pina colada e matuto sex, bem como cerveja gelada.

Sandro Becker sempre leva convidados para a Casa do Matuto, garantindo noites inesquecíveis para quem frequenta o estabelecimento. Além do forró, nas quintas-feiras, o restaurante conta com Show de Humor, recebendo humoristas de todo o Brasil. Aliado a tudo isso, a Casa do Matuto tem cozinha famosa em Natal. O restaurante tem como especialidade a carne de sol ou ainda a carne de sol na nata, peixes, camarão, baião de dois com tucunaré, mariscada e o tradicional mistão a moda, feito com carne de sol, filé de peito de frango, picanha, filé mignon, paçoca e camarão.

SERVIÇO Casa do Matuto Av. Presidente Café Filho, 700 Praia dos Artistas – Natal/RN Fone: (84) 3202-4107

26 CASA DO MATUTO // FOTOS: THYAGO MACEDO

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sanfoneiro

POTIGUAR

DESBRAVA O CONTINENTE EUROPEU

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ovem, mas destemido, o natalense Rogerinho do Acordeon decidiu deixar o Rio Grande do Norte em 2004 e desbravar o mercado musical da Europa. Hoje, ele é um dos principais forrozeiros em atividade em países europeus, principalmente em Portugal, onde mora. Mesmo assim, Rogerinho ainda alimenta o sonho de fazer sucesso no Brasil. “Vim para a Europa em busca de novas experiências e de tentar encontrar uma forma de ter qualidade de vida melhor. Mas, com certeza, fazer sucesso em casa é o sonho de qualquer artista. Ainda tenho alguns objetivos aqui na Europa antes de voltar para Natal, o que acredito que deverá acontecer muito em breve”, revela. Rogerinho começou a tocar ainda com 14 anos. Aos 15, já se apresentava acompanhando outros artistas e bandas de forró do RN. O sanfoneiro tem 16 anos de carreira e experiência de sobra na bagagem. Além de Portugal, onde mora atualmente, na Cidade do Porto, ele já morou em Londres, na Inglaterra, logo que se mudou para a Europa.

De 2004 para cá, Rogerinho do Acordeon apresentou e continua apresentando seu trabalho solo em países como Suíça, França, Alemanha, Rússia e Espanha, bem como a própria Inglaterra e Portugal. Na entrevista concedida à Revista Forró, por exemplo, o sanfoneiro estava em Zurique, na Suíça, para participar de em uma festa trimestral de forró, considerada um dos maiores eventos de música brasileira na Europa.

Questionado sobre o estilo do forró que pratica para os europeus, Rogerinho do Acordeon respondeu: “tenho na minha raiz o forró puro, mas aceito muito bem todas as variações que esse estilo ganhou com passar dos anos. Eu sou um dos que defendem que a música está sempre em transformação e que nós artistas brasileiros temos esse talento de misturar bem os ritmos e inovar. Busco fazer isso, sem esquecer que sou sanfoneiro, nordestino e tenho compromisso com minha origem forrozeira”. Tal origem, aliás, faz com que o músico cante a maior parte dos shows em português, embora faça, em inglês, algumas canções conhecidas internacionalmente, para agradar todos os públicos e colocando os europeus para dançar. “No geral, eles não sabem dançar, mas são muito disciplinados e aprendem rápido, até porque, aqui, em cada lugar que tem forró, tem sempre aulas com ótimos professores”. Agora no Verão 2014, quando é inverno na Europa, Rogerinho do Acordeon estará em solo brasileiro, fazendo shows no RN e outros estados.

SERVIÇO E-mail: rogerinhomusico@hotmail.com Facebook: Rogerinho do Acordeon

28 ROGERINHO DO ACORDEON

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ESPAÇO DO COMPOSITOR

RANIERI MAZILLE “Compositor recebe a música como uma entidade”

O

processo de criação de uma música muitas vezes representa o sucesso que ela fará. Melodias, letras, arranjos e outras nuances musicais garantem a qualidade ou o fracasso de uma composição. Não por acaso, o compositor natalense Ranieri Mazille afirma que fazer música é como receber uma entidade. “A música baixa na gente, sem ter dia, hora ou lugar definido”, explica. Ranieri Mazille, de 43 anos, é músico e compositor profissional, integrante da Usina de Hits, e coleciona sucessos no mercado forrozeiro e até mesmo do sertanejo, como Tentativas em Vão, Meu Amanhecer e Escravo do Amor. Mas, para alcançar o respeito e emplacar suas canções em grandes bandas, ele percorreu um longo e árduo caminho, chegando, inclusive, a pensar em desistir desse segmento.

que era moda no Brasil e no mundo as bandas de baile tocavam. Então, considero que tive uma grande escola”, comenta. Naquela época, Ranieri nem imaginava que poderia ser compositor. Ele conta que considerava coisa de outro mundo, fazer música. “Ainda hoje acho que é coisa de extraterrestre”, afirma. Com o passar do tempo, ele foi ganhando experiência e adquirindo cada vez mais percepções musicais. A partir daí, nasceu o compositor.

mas não com forró. Um dos meus sonhos era ser produtor e fui batalhar por isso, porém, não tive muitas oportunidades. Somente em 2000, fui produtor e compositor de uma banda chamada Expresso do Forró. Depois disso, quando Aviões do Forró estava começando, consegui que eles gravassem uma música minha, chamada Adão e Eva, já em 2003”, lembra.

Ranieri chegou a fazer 30 músicas, na década de 90. Nenhuma delas, de acordo com ele mesmo, prestavam. “Fui para o Ceará em 1993 e fiquei até 2000, trabalhando com música,

“Iniciei minha trajetória na música aos 16 anos, tocando bateria em bandas baile de Natal. Após um período como baterista, comecei a me interessar por harmonia e fui aprender violão, estudando através de revistas e fita cassete. Pouco tempo depois, fui para a guitarra. Em 1988, já era guitarrista profissional, tocando quase todos os estilos. O

30 ESPAÇO DO COMPOSITOR // RANIERI MAZILLE

FOTOS: THYAGO MACEDO // REVISTA FORRÓ


Nesse mesmo período, Ranieri conheceu o também compositor Cabeção do Forró. “No primeiro encontro, já fiz o arranjo daquela canção que diz: vamos sair, pra algum lugar. O que tem de ser será. Depois fizemos Cerveja pra lavar, que foi outro sucesso. Cabeção já tinha parceria com Zé Hilton do Acordeon, mas Zé foi passar dois anos no Rio, então, Cabeção e eu passamos esse período bem próximos e batalhando por espaço para o nosso trabalho”. Os dois viajaram para o Ceará para apresentar as composições aos produtores e donos de bandas, mas sem sucesso. “Acho que, naquela época, eles ainda não entendiam bem o nosso estilo de música e não acreditavam que pudesse dar retorno. Então, em 2009, eu já estava pensando em desistir dessa área de composições e resolvi viajar para tocar em um cruzeiro de Santos para a Argentina, durante quatro meses”. Antes de viajar, Ranieri Mazille, Cabeção do Forró e Zé Hilton tinham feito algumas músicas, entre elas Tentativas em Vão. “Certo dia, eu estava tocando no cruzeiro, quando Cabeção me ligou dizendo que essa música tinha sido comprada pela banda Garota Safada e que já tinha R$ 15 mil na minha conta. Na hora, pensei em abandonar o navio, literalmente e voltar pra Natal”, brinca. Tentativas em Vão abriu as portas para esses compositores do Rio Grande do Norte e fez com que eles se tornassem referência nesse meio. Ranieri Mazille cita com orgulho ter

REVISTA FORRÓ

músicas suas tocando diariamente nas rádios e gravadas por artistas como Bruno e Marrone, Maria Cecília e Rodolfo, Luan Santana, Gabriel Diniz ou bandas como Aviões do Forró, Garota Safada, Cavaleiros do Forró, Saia Rodada, Ferro na Boneca e tantas outras. Além de Tentativas em Vão, Meu Amanhecer, Escravo do Amor, Cerveja pra lavar e O que tem de ser será, Ranieri é dono de sucessos como Disco Voador, Água pro vinho, Quando chega a noite, Vai correndo atrás e Vou me jogar nos braços. DIREITOS AUTORAIS Apesar da história de sucesso e do reconhecimento, Ranieri ressalta que o compositor precisa acompanhar de perto suas músicas. Ele critica, por exemplo, o repasse dos direitos autorais que tem sido feito pelo ECAD em Natal. “Nos últimos tempos, a gente tem observado que o que está vindo não é equivalente ao que tem sido executado. Não sei o que está acontecendo, mas constantemente temos ido às casas de festas e vemos dezenas de músicas nossas tocando, mas a arrecadação que está vindo de Natal é quase nada”, frisa. Ranieri afirma que a arrecadação de direitos autorais em outros estados tem sido repassada normalmente e que a diferença tem acontecido somente em Natal. “Estamos com essa dificuldade no rateio aqui, mas estamos em cima, acompanhando os relatórios do ECAD pra identificar qual o problema”.

ESPAÇO DO COMPOSITOR // RANIERI MAZILLE 31


ANIVERSÁRIO DO

7 ANOS

RASTAPÉ CASA DE FORRÓ

O

Rastapé Casa de Forró completou sete anos de funcionamento, no mês de novembro passado. A casa é uma das principais de Natal-RN e tem conquistado cada vez mais público, seja potiguar ou turista. Um dos diferenciais, além da periodicidade e das grandes atrações, é a segurança do espaço, que comporta mais de 1.500 pessoas tranquilamente. A estrutura é equipada com várias saídas de emergência, área de fumante, bares, espaço cultural e, claro, sempre atrai muita gente bonita.

SERVIÇO Rua Aristides Porpino, 2198 Ponta Negra - Natal/RN Fone: (84) 3219-0181 Funcionamento: Quarta, sexta e sábado (22h às 4h)

32 RASTAPÉ 7 ANOS

FOTOS: JOSÉ ALDENIR // REVISTA FORRÓ



CASA DO

GONZAGA

CHEGA COM GRANDES ESTRUTURA PARA FESTAS

A

Casa do Gonzaga foi inaugurada com a proposta de unir o forró ao ambiente de bar. Com experiência de sete anos no segmento, a empresária Riane Martins Galvão está apostando na música nordestina e, principalmente, do Rio Grande do Norte, para atrair o público para a grande estrutura montada em Cidade Verde.

ainda um salão com mesas e espaço para que as pessoas circulem e possam dançar.

A ambientação ao forró começa no nome do estabelecimento. “Como nosso projeto é totalmente voltado para o forró, quisemos homenagear aquele que foi o maior forrozeiro de todos, Luiz Gonzaga”, lembra a empresária. A Casa do Gonzaga fica localizada ao lado da Toca do Caranguejo e foi inaugurada em novembro passado. O projeto é de um bar e petiscaria, no entanto, uma grande estrutura para festa foi montada, dando à Casa do Gonzaga capacidade para comportar até 1.800 pessoas. A área de eventos dispõe de um palco e

De acordo com Riane Martins, o primeiro salão da Casa do Gonzaga é voltado para aquelas pessoas que querem apenas aproveitar o bar e petiscaria. “As pessoas podem chegar a partir das 20h e, às 22h, nós iniciamos a música ao vivo no espaço de festas, que fica em outro ambiente na área interna. Existe uma porta de vidro que faz a divisão dos dois ambientes”, ressalta. A Casa do Gonzaga funciona de quarta-feira a sábado, sempre com atrações do forró ou projetos dentro desse perfil. Geralmente, são duas atrações por noite, porém, em alguns dias o número de artistas se apresentando pode ser maior, com participações especiais, até mesmo de cantores ou bandas de renome nacional.

SERVIÇO Casa do Gonzaga Rua Alfredo Dias de Figueiredo, s/n Cidade Verde, Natal-RN Telefone: (84) 8887-8001 Facebook: Casa do Gonzaga Bar e Petiscaria

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CASA DO GONZAGA

FOTOS: CÉSAR AUGUSTO // REVISTA FORRÓ



SANFONEIRO RELATA DIFICULDADES DE QUEM AINDA ESTÁ COMEÇANDO

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onquistar o sucesso profissional é o desejo da maioria das pessoas e, na música, não é diferente. Para alcançar a fama e se tornar um artista conhecido é preciso ter paciência e, principalmente, força de vontade. A Revista Forró entrevistou um sanfoneiro em início de carreira para saber dele quais os maiores desafios impostos pelo mercado. De cara, o natalense Ricardo César afirma que muitas portas são fechadas para quem ainda não é conhecido no cenário forrozeiro. “Às vezes, a gente fica triste e pensa em sair desse meio. Só que em qualquer segmento profissional, as coisas são mais difíceis para quem está começando. Então, acredito que com persistência, podemos conquistar espaço e respeito”, explica. Ricardo César é sanfoneiro e cantor, entretanto, não se nega a fazer outros serviços para garantir a realização das suas apresentações. “Em início de carreira, a gente tem que montar equipamento de som, fazer o transporte de outros músicos, negociar com os contratantes e ainda divulgar o trabalho. De certa forma, encaro isso até como uma coisa boa, porque

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RICARDO CÉSAR

tudo é um aprendizado. Se penso em alcançar o sucesso, entender e participar de todo o processo me trará mais força”, comenta. Apesar de ainda ser considerado um dos “desconhecidos” do mercado forrozeiro, Ricardo César ressalta que já tem uma agenda regular, tocando em bares de médio porte, bem como fazendo apresentações para festas particulares, como aniversários e confraternizações. O resultado disso é que, aos poucos, ele consegue montar uma estrutura de equipamentos que lhe permite cada vez mais buscar ambientes maiores para se apresentar. A banda dele, chamada Cafundó do Xote, conta com baterista, baixista, guitarrista, zambubeiro e trianglista.

“Muitos músicos consagrados começaram de baixo e foram vistos com olhares atravessados muitas vezes. Quem faz trabalho sério e busca sempre aprender mais e mais, também pode trilhar o caminho não da fama, mas da realização profissional”, completa Ricardo César, que também faz doutorado em Física.

REVISTA FORRÓ



FALANDO DE FORRÓ POR THYAGO MACEDO

O forró e o sertanejo nunca estiveram tão juntos ois dos estilos musicais tipicamente brasileiros, o forró e o sertanejo, nasceram em regiões diferentes do Brasil, mas tendo como origem o homem do campo ou da roça. Inúmeros são os pontos que ligam a história desses dois ritmos, muito embora, a essência da musicalidade seja bem diferente. O forró foi criado a partir da sanfona. O sertanejo, a partir da viola.

D

O tempo passou e os dois estilos trilharam caminhos semelhantes na cultura brasileira. O sertanejo consagrou nomes e duplas, como Tonico e Tinoco ou Chitãozinho e Xororó. O forró consagrou aquele que está entre os maiores artistas de todos os tempos no Brasil, Luiz Gonzaga. O problema é que depois de Luiz Gonzaga, o forró nunca mais conseguiu alcançar a mesma expressão nacional que ele conquistou. Já o sertanejo, por ter sua base no Centro-Oeste e no Sudeste, onde está a força econômica do país, cresceu e continuou dando fama nacional a centenas de artistas. Se a diferença de mercado foi desigual, o caminho musical dos dois ritmos foi praticamente o mesmo. O sertanejo e o forró saíram do rural e ganharam

elementos urbanos. Ambos passaram ram pelo universo o “universitário”, apesar de cada um manter peculiaridades, e, mais recente, assumiram características “pop”. Nesse ponto, as histórias do forró e do sertanejo se cruzaram de vez. Nunca os dois estilos estiveram tão juntos como agora. Letras e arranjos passaram a ser comuns aos dois. Duplas sertanejas cada vez buscam sucessos de bandas de forró e regravam como novidade para o público do Centro-Oeste e Sudeste. E, claro, os forrozeiros não perdem tempo e enchem os repertórios com músicas sertanejas estouradas nacionalmente. Infelizmente, o forró continua sem ter a mesma força que o sertanejo tem no cenário musical. Por mais que bandas como Aviões do Forró ou Garota Safada tenham garimpado espaço na grande mídia, elas não chegam ao patamar de sucesso de Luan Santana, Michel Teló e companhia. O forró e o sertanejo estão juntos e misturados na história e, agora, na musicalidade. Mesmo assim, mercadologicamente, é cada um por si.




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