Revista Forró - 3ª Edição

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REVISTA

F ORRÓ RN

JUNHO 2014 // ANO 1 // Nº 3 distribuição gratuita

SANDRO BECKER Cantor conta sua trajetória de 35 anos na música

FORRÓ DO ARROXA O autêntico forró na fazenda

BRILHANTES DO FORRÓ Banda comemora sucesso em Natal

BRIOLA SALES: Só volto para o Ferro na Boneca no dia que puder ser dono da banda ORQUESTRA SANFÔNICA grupo é destaque no São João de Assu e região

ZÉ HILTON E DEDÉ DO FORRÓ Amigos e parceiros nas músicas




ÍNDICE

26 Zé Hilton e Dedé lançam projeto Forró pra Valer

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Mestrinho do Acordeon vem da escola de Dominguinhos

Briola Sales: Só volto para o Ferro na Boneca no dia que puder ser dono da banda

MAIS DESTAQUES

5 Banda Roberto Vaneirão & Arroxe o Nó começa a ganhar o Nordeste

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Brilhantes do Forró comemora sucesso em Natal

Cantor Sandro Becker conta seus 35 anos de carreia

29 Forró do Arroxa: o autêntico forró na fazenda

30 15 Orquestra Sanfônica é destaque na cidade de Assu

FORRÓ NA EUROPA

Geraldinho Lins em turnê por Portugal, França, Alemanha, Bélgica e Inglaterra

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MAIS FORRÓ

Taty Girl deixa o Solteirões e lança carreira solo

33 Mês de junho será de muito forró no Rastapé

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ÍNDICE

38 FALANDO DE FORRÓ Quando o mês de junho chegar...

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EXPANSÃO

Banda Roberto Vaneirão & Arroxe o Nó começa a ganhar o Nordeste A

banda Roberto Vaneirão & Arroxe o Nó tem menos de dois anos de atividades, mas já é consolidada no estado da Paraíba e agora começa a conquistar outras regiões do Nordeste, inclusive, o Rio Grande do Norte. O grupo pertence ao empresário Silvano Oliveira, que é natural de Caicó. Ele conta que era amigo de Roberto Vaneirão e que o músico tocava em outro projeto, tendo carreira de aproximadamente 15 anos, mas que vinha insatisfeito. “Um dia, nós dois conversando, tivemos a ideia de criar uma banda. Foi então que nasceu o Roberto Vaneirão & Arroxe o Nó, em dezembro de 2012”, comenta Silvano.

Roberto é natural de Paulista, na própria Paraíba, mas mora em São Bento, assim como Silvano. Por isso, a base da banda é São Bento. Apesar disso, hoje, o grupo tem uma agenda de shows intensa e vive viajando

pela própria Paraíba, mas também por estados como Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará. No RN, Roberto Vaneirão já é figura bastante conhecida na região Seridó. A banda é formada hoje por 22 pessoas e tem em seu repertório, de acordo com o empresário Silvano Oliveira, um estilo de forró dançante, bem na pegada do vaneirão mesmo. Ainda segundo Silvano, no dia 1º de fevereiro deste ano, a banda gravou seu primeiro DVD, na praça pública de São Bento, na Paraíba. “Agora, estamos divulgando esse trabalho nas redes sociais e, claro, nos shows que fazemos por todo o Nordeste. Somente neste mês de junho, temos mais de 20 apresentações marcadas”, completa o empresário.

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BANDA ROBERTO VANEIRÃO & ARROXE O NÓ

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EDITORIAL NOSSAS INFORMAÇÕES É tempo de forró... A terceira edição da Revista Forró chega, neste mês de junho, em clima de São João e de Copa. A publicação traz na capa o cantor Briola Sales, referência no mercado forrozeiro do Rio Grande do Norte, por sua voz marcante e seu estilo dançante. O cantor concedeu uma entrevista especial e contou detalhes da sua vida, bem como da carreira, chegando a revelar os motivos de suas idas e vindas da banda Ferro na Boneca. A Revista Forró deste mês de junho tem ainda a história de um dos expoentes do forró no Brasil, na década de 80, o cantor Sandro Becker, ganhador de discos de Ouro, Platina e Diamante. Hoje, ele vive em Natal, mas mantém uma agenda de shows em todo o Nordeste. Outro destaque desta edição é a parceria entre os músicos Zé Hilton do Acordeon e Dedé do Forró. Os dois se juntaram no projeto Forró pra Valer e apresentam seus trabalhos aos nossos leitores. Quem também está presente em nossas páginas é o paraibano quase potiguar Luciano Brilhante, que comanda a banda Brilhantes do Forró.

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O sanfoneiro afirma que foi acolhido no Rio Grande do Norte e é muito mais valorizado aqui do que em seu estado. Também da Paraíba, mais precisamente de São Bento, trazemos matérias com Roberto Vaneirão & Forró Arroxa o Nó e ainda a contração de Wandy Soares para a banda Pisada Federal, que também reformulou sua estrutura de palco. Esta Revista Forró tem como novidade a coluna de Rogerinho do Acordeon, que mora na Europa e ficará escrevendo sobre o forró no Velho Mundo. Apresentamos ainda o projeto cultural Forró do Arroxa, do radialista Rô Medeiros, que funciona na cidade de Monte Alegre. Mostrando a força que nossa revista está ganhando fora do Rio Grande do Norte, destacamos uma matéria com o sanfoneiro Mestrinho, que durante muito tempo acompanhou Dominguinhos e artistas como Elba Ramalho e Gilberto Gil, com que ainda toca nos dias atuais. Pois bem, nossa terceira edição está recheada de bom conteúdo e com certeza vai lhe proporcionar uma ótima leitura sobre o mercado forrozeiro. É Copa, é São João, mas, acima de tudo, sempre é tempo de forró.

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EDITORIAL

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QUEM FAZ RUTEMBERG ROCHA DIRETOR COMERCIAL

THYAGO MACEDO DIRETOR DE REDAÇÃO

CÉSAR AUGUSTO DIRETOR DE ARTE

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CURTINHAS

Batista Lima deixa Limão com Mel Após longos anos e uma história constituída com a banda Limão com Mel, o cantor Batista Lima vai deixar o grupo e seguir carreira solo. O empresário da Limão com Mel, Ailton Souza, publicou uma nota oficial confirmando a informação. O novo projeto de Batista começa no mês de julho. “Ao longo de mais de 20 anos, dei plena confiança para este grande artista liderar a equipe e a produção musical da minha banda. A admiração, o apoio e a confiança continuará neste novo trabalho. Até porque Batista Lima estará saindo da Limão com Mel, mas fidelizará um novo projeto solo ao meu lado como seu empresário na Talismã Produções. Eu continuarei com ele e ele comigo em total sintonia de credibilidade”, escreveu Ailton.

Filho de Amazan ganha destaque nacional O jovem forrozeiro Luan, filho do famoso Amazan, ganhou destaque nacional neste mês de maio. O rapaz, que tem o projeto Luan e Forró Estilizado, encarou o desafio de participar do programa SuperStar, da Rede Globo. A banda começou de maneira discreta, passou da primeira fase e, até o fechamento desta edição da Revista Forró, havia passado da terceira fase do programa. A exposição nacional, sem dúvida, vai ajudar e muito na consolidação do Luan e Forró Estilizado no Nordeste. De quebra, o pai Amazan tem feito propaganda gratuita dos acordeons Leticce, produzido em sua fábrica na Paraíba.

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CURTINHAS

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Mara Pavanelly deixa Furacão do Forró É caros leitores, a dança das cadeiras no mundo forrozeiro continua a todo o vapor. Depois de Taty Girl, Romim Mata, Dany Cavaleiros, Batista Lima, entre outros, deixarem suas bandas, agora chegou a vez de mais uma mudança no forró. A cantora Mara Pavanelly não é mais do Furacão do Forró. Ela noticiou sua saída através da internet em uma nota oficial. Mara vai cantar em uma nova banda liderada por ela mesma. Na internet, até já está disponível uma nova música para que os fãs possam sentir um pouco do que vem por aí.

Escola de música A turma da Usina de Hits, de onde sai as principais composições atuais do mercado forrozeiro, iniciou um novo projeto em Natal. Eles abriram uma escola de música, com aulas de acordeon, violão, guitarra, contra-baixo, teclado, piano, flauta e outros instrumentos. O time de professores é de alto nível, tendo alguns dos melhores músicos do Rio Grande do Norte, como Zé Hilton, Raniere Mazille, Jubileu Filho (foto), Diego Rocha, Nyarkus Lyra, Ozi Cavalcante, Sérgio Preto e Jaílson Silva. As matrículas são feitas na avenida Alexandrino de Alencar, n° 1235, bairro Tirol, entre a Hermes da Fonseca e a Romualdo Galvão. Mais informações: (84) 8703-3906 e 9109-3304.

Amigos ou marketing? Não é de hoje que o público forrozeiro se divide entre a preferência pela banda Aviões do Forró ou Garota Safada e, ao longo dos últimos anos, por várias vezes, os cantores dos dois grupos trocaram indiretas em seus shows. Mas, ao que parece, a rivalidade fica só no campo do mercado e dos palcos. Recentemente, um encontro casual no aeroporto de Recife uniu os cantores Xand Avião, Solange Almeida e Wesley Safadão. O trio fez questão de registrar o momento com fotos e postou nas redes sociais. Ao que parece, os artistas se respeitam. Resta saber se são amigos ou se as poses foram apenas marketing.

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CURTINHAS

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PARAIBANO POTIGUAR

Brilhantes do Forró comemora sucesso em Natal Passado todo esse tempo, Luciano conseguiu consolidar o projeto do Brilhantes do Forró em Natal, tendo uma equipe de nove pessoas em sua banda e uma estrutura razoável, com micro-ônibus e equipamentos de som. O músico é um dos mais procurados da capital, tendo agenda cheia quase todos os dias da semana. Agora, ele busca expandir seu mercado para outros estados e afirma que, já neste mês de junho, terá vários shows fora do Rio Grande do Norte. “Queremos levar o Brilhantes do Forró para Paraíba, Pernambuco, Ceará, Bahia e futuramente para São Paulo. Assim como conquistamos Natal e o RN, vamos explorar novos mercados”, destaca.

O

paraibano Luciano Brilhante encontrou no Rio Grande do Norte a sua base para o projeto pessoal de fazer forró. Sanfoneiro desde criança, ele começou a tocar profissionalmente ainda adolescente, fazendo apresentações em feiras. Aos 13 anos, recebeu patrocínio e passou a sair da sua região, até que, aos 14 anos, foi morar em Mossoró. “Em 2005, vim morar em Natal e comecei a desbravar esse mercado. Logo de cara, tivemos muita dificuldade, tocando de graça em alguns barzinhos para mostrar nosso trabalho, bem como em Ponta Negra. Até que conseguimos fechar alguns contratos”, lembra o sanfoneiro, que é da cidade de Belém de Brejo do Cruz.

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BRILHANTES DO FORRÓ

Brilhantes do Forró tem oito CDs gravados, sempre seguindo a linha de forró autêntico, tendo como exemplo o estilo de ícones como Flávio José, Alcymar Monteiro e Jorge de Altinho. “Esse tipo de forró nunca morre e é isso que buscamos”, declara. Uma das músicas de trabalho do Brilhantes do Forró, na atualidade, é “Ela foi momento”. Luciano afirma que tem um grande carinho por Natal, por ter sido acolhido pela cidade. “Eu venho de um lugarzinho muito pequeno, mas que não me deu valor musicalmente falando. Aqui eu encontrei meu espaço e fiz muitos amigos, então, só tenho a agradecer ao povo natelense”.

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FOTOS: THYAGO MACEDO // REVISTA FORRÓ



IRREVERÊNCIA E SUCESSO

Cantor Sandro Becker conta seus 35 anos de carreira U

m dos forrozeiros mais conhecidos nas décadas de 80 e 90 no Brasil foi o alagoano Sandro Becker. Sempre irreverente e até mesmo a frente do seu tempo, ele vendeu milhares de discos, como canções como Julieta, e ganhou discos de Ouro, Platina e Diamante. Há sete anos, veio morar em Natal e, atualmente, além de continuar cantando em todo o Nordeste, administrada a Casa do Matuto, um espalho cultural e restaurante que funciona na Praia do Meio. Sandro Becker, que tem nome de batismo Emanuel do Vale, nasceu em União dos Palmares, Alagoas, e começou cantar ainda aos sete anos, em igreja evangélica, já que o pai é pastor. Mas, logo que foi crescendo, enveredou para outros caminhos. Como muitos da sua geração, foi cantar em bandas de baile, ainda menor de idade, mas também começou a trabalhar em rádio. A primeira delas foi a Rádio Palmares, em Maceió, ainda em 1972. Nessa época, Emanuel criou o nome artístico Sandro Becker e também criou uma personagem caricata para o rádio, chamado Coroné Zé Lotero. “Era um senhor divertido, mas que também reclamava das coisas erradas da cidade e, por isso, logo fez sucesso. Em paralelo, eu continuava cantando”, comenta.

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SANDRO BECKER

No início de 1975, Sandro lembra que Chacrinha estava em Recife realizando o projeto Calouro Exportação como parte do programa dele. “O concurso era apenas para quem era de Recife. Eu cheguei lá, já não tinha mais vagas, mas conheci um dos organizadores e consegui entrar, até porque eu ia cantar a música Farofafá, que era o

grande sucesso daquele momento e nenhum outro dos concorrentes tinha escolhido cantá-la. Ao saber disso, Chacrinha me colocou para abrir o show e eu acabei ganhando o concurso”. Sandro Becker afirma que tinha conhecido Luiz Gonzaga e, de volta à Maceió, decidiu ir para o Rio de

FOTOS: THYAGO MACEDO // REVISTA FORRÓ


Janeiro, após uma indicação do próprio Luiz Gonzaga, conseguiu espaço para algumas apresentações e também foi contratado para a Rádio Nacional. À época, Sandro passou a integrar caravanas de artistas que se apresentavam pelo Rio, tendo destaque por ser um cantor que dançava e fazia palhaçadas nos palcos. Com isso, em 1979 foi procurado por uma gravadora e gravou seu primeiro disco, que tinha nuances do

de 80, fazendo muitos shows e me apresentando nos principais programas de TV das grandes emissoras. “Alguns trabalhos, como o disco que tem a música Julieta, que vendeu um milhão de cópias, me renderam discos de Ouro, de Platina e Diamante, bem como me fizeram ir cinco vezes em turnê para a Europa e me trouxeram grandes amizades, uma delas com o grande mestre Luiz Gonzaga, com quem passei a conviver bem de perto”, lembra Sandro Becker. O cantor tem suas músicas regravadas em vários países, nos mais variados idiomas. “Acho que uma das coisas que me fizeram alcançar o sucesso é que sempre busquei inovar e também porque a maioria das minhas músicas tinha esse tom de comédia ou até mesmo duplo sentido, mas sem nada pejorativo”, explica.

rock e se chamava de Bethoven à Soriano. O músico lembra que, apesar de bom, o disco não emplacou como se esperava e, por isso, em 1980, ele decidiu de vez migrar do rock rural, como ele chama, para o forró. Sandro gravou o segundo disco, cuja capa era ele segurando um pinico Por esse trabalho, ele chegou a ser censurado. Mesmo assim, começou a fazer sucesso e emplacar um disco por ano, somando 35 discos até hoje. Passei a rodar o Brasil na década

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Há sete anos, Sandro Becker, que já tinha trabalhado como animador de programa de auditório, recebeu convite para trabalhar em uma TV de Natal. Ele então se mudou para a capital potiguar e, paralelo ao seu projeto na TV, montou o espaço Casa de Reboco. Há três anos e meio, o projeto passou a se chamar Casa do Matuto. O restaurante de comida regional, localizado na Praia do Meio, também funciona como espaço cultural, no qual Sandro se apresenta e recebe forrozeiros que valorizam nossa cultura. Além disso, o cantor ressalta que tem agenda de shows fora do Rio Grande do Norte, principalmente na Bahia, onde sempre se apresenta no mês de junho. Neste ano, ele pretende gravar um DVD, no dia 24 de junho, na cidade de Irecê.

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FORRÓ NA EUROPA POR ROGERINHO DO ACORDEON

Geraldinho Lins em turnê por Portugal, França, Alemanha, Bélgica e Inglaterra

N

o último mês de Março a Europa recebeu a visita do cantor e compositor pernambucano Geraldinho Lins, um dos maiores nomes da música nordestina da atualidade, conhecido pelo seu forrozinho gostoso de dançar e seu carisma inigualável. Geraldinho já tem um trabalho consolidado no Brasil com 14 Cds gravados e 3 DVDs de sucesso. Um novo passo na sua carreira foi dado no início desse ano quando a Luan Produções juntamente com alguns produtores do Forró na Europa decidiram que 2014 era o ano para realização da Turnê de Geraldinho Lins no “velho continente”. Sua passagem por Portugal foi fantástica e muito valiosa para divulgação do nosso forró em terras Lusitanas. Eu tive o prazer de estar com ele durante três dias em Lisboa, onde o artista teve agenda cheia com entrevistas para a Record FM, Rádio Popular FM e SIC TV Internacional. Como se não fosse bastante, pra fechar com chave de ouro, ele fez um show no Centro Cultural Sagrada Família, realizado pelo músico e produtor cultural Enrique Matos (Projeto Baião Lisboa), que contou com presença marcante de vários portugueses e de brasileiros que foram prestigiar o artista e matar a saudade do bom Forró pé de

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Serra. Para esse show, Geraldinho trouxe na aba do seu chapéu um repertório com grandes clássicos dos seus conterrâneos Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jorge de Altinho, Petrúcio Amorim, além das suas belas composições. Despois de sua pasagem por Portugal, Geraldinho seguiu em uma turnê de nove shows pela Europa, organizada pelo músico pernambucano residente em Paris, Bernardo Luíz, que o acompanhou em suas aprentações na França, Alemanha, Bélgica e Inglaterra. A Europa se dobrou ao seu talento! “Minha turnê na Europa 2014 foi muito importante. Foi um divisor de águas em minha caminhada.

Foi realmente muito proveitoso. Agradeço muito a oportunidade e espero voltar sempre. O forró não pode parar”, disse Geraldinho Lins. Por enquanto vou ficando por aqui, mas volto nas próximas edições com mais novidades sobre o movimento do forró pela Europa.

FORRÓ NA EUROPA // ROGERINHO DO ACORDEON 15




ENTREVISTA

Briola Sales: Só volto para o Ferro na Boneca no dia que puder ser dono da banda

O cantor Briola Sales nasceu no Ceará, mas, hoje, é praticamente um potiguar. Com 28 anos de trajetória na música, ele tem uma das vozes mais conhecidas pelos forrozeiros e tem público cativo em casas de shows por todo o Rio Grande do Norte. Briola concedeu entrevista à Revista Forró e fala da sua vida pessoal, do início como cantor, das dificuldades que enfrentou e das suas idas e vindas na banda Ferro na Boneca, na qual se consagrou. Nessa entrevista, o cantor afirma que decidiu sair de vez da Ferro por problemas pessoais com a atual gestão do grupo, mas ainda alimenta o sonho de retornar para a banda um dia, desde que consiga comprá-la.

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BRIOLA SALES

FOTOS: RUTEMBERG ROCHA E THYAGO MACEDO // REVISTA FORRÓ


são 28 anos de carreira e vamos continuar na luta.

Revista Forró - Quando começou a história de Briola com a música. Ainda na infância? Briola Sales – Começou na infância sim. Meu pai, seu Francisco Sales, foi um grande violonista. Então, acho que vendo aquilo dentro de casa, eu despertei esse interesse. Aos 16 anos, comecei a frequentar uma casa de show na minha cidade, por trás da rua onde morava, até que um dia o proprietário de uma banda, na verdade o Grupo Arco-íris, lá da região estava pedindo pra o cantor tirar uma música em um tom alto e ele não conseguia. Foi aí que um amigo meu que era da banda disse que eu sabia cantar aquela determinada música.

Revista Forró – E quanto tempo ficou tocando nessa banda em Varjota? Briola Sales – Acho que fiquei aproximadamente uns quatro anos, mas só nos apresentávamos lá na cidade mesmo e às vezes na região. Era uma coisa bem simples. Revista Forró – Mas depois desse período, qual foi o passo seguinte? Briola Sales – Lá na cidade existiam três bandas, a que eu cantava era a menorzinha. Eu recebi um convite para trabalhar na banda Os Brilhantes, que era um pouco maior e tocava em outras cidades. Eu passei três anos nesse grupo e recebi outro convite para a banda principal da cidade, que tinha estrutura grande e tocava fora. Depois disso, quando eu tinha uns 28 anos, fui cantar na banda Capim Canela, que era de Fortaleza.

Revista Forró – Mas nesse período você já cantava profissionalmente? Briola Sales – Nada. Eu nunca tinha subido em um palco e nem pegado em um microfone. O proprietário da banda olhou pra mim e disse que eu ia cantar e, na hora, me lembro bem, comecei a me tremer. Mesmo assim, eu cantei e disseram que eu cantei legal. Isso foi no ensaio. À noite, durante a apresentação, me chamaram para fazer uma canja e acabei cantando três músicas. A partir daí, fui convidado para fazer parte da banda.

banda só se encontrava para ensaiar no sábado e se apresentava apenas no clube da cidade, o Cabanas. Após uns três meses, eu passei a ser o cantor principal, porque o proprietário não conseguia pagar os dois e como eu sabia ler e escrever fui mantido. Daí começou minha história.

Revista Forró – Foi logo fazer shows? Briola Sales – Naquela época as coisas eram muito difíceis. A cidade onde me criei, Varjota, no Ceará, era muito pequena e a maioria da população vivia da agricultura e da pesca, inclusive eu e minha família. A

Revista Forró – Dessa primeira vez que subiu ao palco, você sentiu que era isso que queria pra sua vida? Briola Sales – Olha, acho que já nasci pra isso. Lembro que subi ao palco e cantei naturalmente, até de maneira bem extrovertida, o que chamou atenção das pessoas. Graças a Deus,

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Revista Forró – Foi nessa banda que você começou a pegar públicos maiores? Briola Sales – Exato. Lembro que nessa época o sucesso do momento era o vaneirão, tendo como destaque os Brasas do Forró. Como eu tinha voz rouca, também comecei a me destacar nesse estilo. Fortaleza era muito diferente da minha cidadezinha e, naturalmente, meu trabalho foi se expandindo, até que fui para a Brasas do Sertão, quando teve até processo porque deu problema com o Brasas do Forró, por causa do nome. Nesse período, criei uma amizade com Ezo Feitosa, que foi o primeiro dono do Ferro da Boneca. Um dia conversando, ele me chamou para montar uma banda para tomarmos cachaça. Eu brinquei e disse que não poderia ser para tomar cachaça porque ele já era rico e eu precisava trabalhar.

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recebi convite para voltar para o Ferro na Boneca, até que decidi sair novamente e, agora, estou com um projeto meu mesmo.

Revista Forró – Mesmo assim, o Ferro na Boneca nasceu? Briola Sales – É, inclusive, o nome foi ideia do próprio Ezo Feitosa. Nós começamos esse trabalho e, graças a Deus, fiz meu nome e a banda fez o nome dela, principalmente, com apoio do público do Rio Grande do Norte, a quem somos muito gratos. Percorremos o Brasil todinho com a banda, mas posso dizer que o público que abraçou mesmo o Ferro na Boneca foi o RN.

“Não digo que não volto para o Ferrro na Boneca. Eu volto, mas no dia que tiver condições de comprar a banda” Revista Forró – E foram quantos anos na Ferro na Boneca? Briola Sales – Foram 14 anos. Na primeira gestão passei 11 anos. Depois, a banda pertenceu ao grupo GSR, que é da Saia Rodada. Passei um tempo com eles até que fui para o Cavalo de Aço, de Erociano Promoções, onde fiquei dois anos e sete meses. Há um ano,

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Revista Forró – A sua primeira saída do Ferro na Boneca, qual foi a motivação? Briola Sales – Eu saí com medo igual um cego em tiroteio, mas recebi uma boa proposta e decidi aceitar. Eu ganhava R$ 20 mil na Ferro na Boneca e a nova proposta era tão alta que eu não tive como recusar. Fui direto para o cartório assinar. Mas, depois não era o que eu pensava. As três pessoas que eram proprietárias do Cavalo de Aço são amigos meus, mas profissionalmente não deu certo. Foi aí que recebi outro convite para voltar ao Ferro na Boneca, mas também não foi o que pensava.

uma pessoa boa, e vimos que não era nada disso. Além disso, tivemos outros problemas relacionados à minha companheira, Jeniffer Sales, e isso tornou o convívio muito difícil, até que decidi sair. Mas sai numa boa.

Revista Forró – Por quê? Briola Sales – Dessa última vez, eu comecei a ter problemas com a administração da banda. Houveram tentativas de interferência na minha vida pessoal e chegou um momento que não deu mais para aguentar. Contrataram o Assum Preto e quando ele chegou ao grupo descobri que já estavam tentando nos colocar um contra o outro. Mas conversei com ele, que é um profissional sério e

Revista Forró – Apesar de tudo isso, sua história está diretamente ligada a de Ferro na Boneca, pois pode se dizer que foi um dos fundadores. Um dia poderá voltar? Briola Sales – Querendo ou não, eu fui fundador. Tudo começou em uma mesa de bar e tomou uma grande proporção. Não digo que não volto para o Ferro na Boneca. Eu volto, mas no dia que tiver condições de comprar a banda.

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Briola ao lado da mulher Jeniffer Sales, que acompanhou a entrevista.

muito que o Dança Mulé dará certo. Revista Forró – O seu nome é um grande atrativo para consolidar esse projeto? Briola Sales – Eu acredito que sim. Vejo muito a imensidão de amigos e fãs que consegui construir no Rio Grande do Norte. Agora, estamos apostando em levar o Briola e o Dança Mulé para outros estados, expandir o mercado. Não me acho tão velho e com certeza vamos iniciar uma nova trajetória. Estou muito empolgado e com fé em Deus que dará certo.

Revista Forró – E esse seu novo projeto, o Dança Mulé, quando veio a ideia? Briola Sales – Às vezes, você tem uma certa idade, mas ainda não tomou conhecimento das proporções das coisas do mundo. Até que conhece alguém que abre seus olhos e lhe ajuda nesse sentido. Minha mulher, Jeniffer Sales, tem conversado muito comigo e me orientado. Ela mostrou que eu já dei tanto dinheiro para donos de bandas que sou capaz de conduzir um projeto meu mesmo. Então, vamos fazer um trabalho bacana, respeitando o mercado e o público forrozeiro. Foi aí que me associei com Erociano e estou acreditando

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Revista Forró – Nesses 28 anos de carreira, você sempre viveu da música? Briola Sales – No início, quando me mudei para Fortaleza, eu passei por algumas dificuldades. Teve uma época que me senti muito desamparado por empresários e outros artistas. Então, para não mexer no que era alheio, eu fui trabalhar na Ceasa do Ceará descarregando caminhão, bem como também trabalhei cavando alicerce. Mas, graças a Deus, sempre busquei viver honestamente e tudo deu certo. Revista Forró – Tenha alguma coisa que você se arrependa? Briola Sales – Tem uma coisa que eu

me arrependo muito. Quando meus pais morreram, eu estava cantando e não fui para o velório deles. Isso é uma coisa que guardo comigo e me arrependo muito. Acho que foi infantilidade minha, até mesmo ignorância. Nunca tinha nem dito isso para ninguém, mas já passou, vamos para frente. Revista Forró – Como o Briola ver o mercado do forró na atualidade? Briola Sales – Está muito defasado. Têm muitas letras que não são voltadas para o forró. Cada um tem o direito de escolher seu repertório, mas eu não gosto desses forrós que estão fazendo por aí. Até tenho vergonha. Além disso, o mercado está muito poluído, com muita concorrência e músicos não preparados. Revista Forró – Isso faz com que o forró perca valor? Briola Sales – Já está perdendo valor. Hoje, você manda um projeto com a maior dificuldade, coloca músicos bons e pede um cachê de R$ 10 mil. Ai vem uma banda qualquer e pede R$ 2 mil, o que acaba desvalorizando a categoria e tirando mercado dos pais de família que dependem disso para viver.

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MAIS FORRÓ POR JEFERSON DIEGO

Taty Girl deixa o Solteirões e lança carreira solo Taty Girl deixou o Solteirões do Forró mais uma vez. Através de uma nota nas redes sociais, a cantora esclareceu que sua saída se deu por motivos de saúde. Taty está grávida e a gestação requer cuidados redobrados. “Infelizmente eu até tentei, mas não consigo mais passar horas dentro de um ônibus e como vocês sabem, solteirões é um lindo e grande projeto”, disse ela. Com a saída de Taty do Solteirões, que por sinal não agradou muito os fãs da banda cearense, a loira resolveu montar seu próprio projeto musical, que traz seu nome e, está seguindo carreira solo. Para o Solteirões, foi contratada Eveline Feitosa, que está dividindo os palcos com Zé Cantor.

Aline Reis está grávida A cantora da banda Saia Rodada, Aline Reis, está grávida. A notícia foi compartilhada pela própria em seu perfil oficial no Instagram (@Alinesaiarodada). O bebê é fruto do relacionamento com o apresentador e cantor Mossoroense Dayvid Almeida. “Mais uma vida que está sendo preparada para vir ao mundo, quero que saibam que estou muito feliz em saber que terei um filho,” postou Aline. Esta coluna deseja felicidades e parabeniza o casal.

Malla 100 Alça é a próxima atração da WA Casa Show Dia 9 de agosto. Essa é a data do próximo evento na WA Casa Show, em Nova Esperança, Assú. Considerada a casa de shows mais top do vale, o espaço é conhecido pelos eventos de sucesso e por trazer sempre grandes atrações. Já no dia 09 de agosto, um sábado, quem se apresentará na casa é a banda Malla 100 Alça. Segundo o empresário Wagner Alexandre, proprietário da WA, outras atrações ainda serão confirmadas para o evento.

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Aviões 12 anos com data marcada Atenção aviãozeiros (as) de plantão. Um dos eventos mais esperados do ano na capital cearense já está marcado. O aniversário da banda Aviões do Forró, que tem reserva garantida na agenda dos forrozeiros, acontecerá no próximo mês de outubro, mais precisamente no dia 11. A informação é da assessoria de imprensa do grupo. O local e os convidados da festa, que são artistas de renome nacional, ainda não foram divulgados, pelos menos até o fechamento desta coluna.

Mais Forró Continue conferindo as melhores notícias forrozeiras acessando o Portal Mais Forró. Além de ficar por dentro de tudo, você ainda pode fazer downloads de shows, músicas e conferir as novidades da sua banda preferida. Acesse: http://portalmaisforro.com/

MAIS FORRÓ // JEFERSON DIEGO 23


SANFONEIRO DE BERÇO

Mestrinho do Acordeon vem da escola de Dominguinhos C

om apenas 25 anos de idade, Mestrinho do Acordeon tem em sua bagagem musical experiência de fazer inveja a muita gente. Erivaldo Oliveira, nome de batismo, é natural de Sergipe e começou a tocar sanfona ainda criança, por incentivo da mãe. Em sua trajetória, acompanhou ninguém menos que Dominguinhos, bem como tocou com Elba Ramalho e, atualmente, faz shows com Gilberto Gil e cuida da carreira solo. Mestrinho esteve em Natal recentemente e conversou com a Revista Forró. “Eu costumo dizer que minha história na música começou ainda na barriga da minha mãe, porque nesse período ela já dizia que eu seria sanfoneiro. Minha mãe sempre foi apaixonada por sanfona e meu pai já tocava. Um dia eles brigaram e ela com raiva disse ao meu pai que teria um filho e ele tocaria mais que ele”, lembra. O apelido de Mestrinho, aliás, Erivaldo ganhou também da mãe. Aos seis anos, ele teve sua primeira sanfona e daí não parou mais. Mestrinho conta que aprendeu observando o pai e o irmão, que também toca. Aos 11 anos, passou a tocar em bandas, chegando a fazer viagens para shows. Já adolescente, Mestrinho foi para São Paulo, onde conheceu

24 MESTRINHO DO ACORDEON

Dominguinhos. Mas, nesse período, também montou o Trio Juriti, que se tornou famoso em festivais no Sudeste. O grupo existiu até 2010, no entanto, Mestrinho sempre teve contato com Dominguinhos, participando de shows. “Desse contato surgiu uma grande amizade e eu passei a viajar com ele e conviver de perto. Foi uma grande experiência e o meu maior aprendizado. Até quando ele ficou bem doente, todos os dias eu ia ao hospital tocar para ele. Ainda hoje, me pego pensando em Dominguinhos e sinto uma grande saudade”, afirma. Mestrinho, assim como Dominguinhos, tem suas raízes no forró, embora use e abuse da universalidade do acordeon, passando por vários gêneros. Em seu projeto solo, que está lançando atualmente, o sanfoneiro preparou um CD com composições próprias, como Opinião, que inclusive é o título do disco. O material ainda tem duas músicas instrumentais. Mestrinho pretende intensificar, a partir dos próximos meses, a divulgação do seu trabalho solo, procurando viajar pelo Brasil mostrando seu forró. “Em breve, espero voltar a Natal, que é uma terra onde já estive tantas vezes e sempre fui bem recebido”, comenta.

FOTO: THYAGO MACEDO // REVISTA FORRÓ



PARCERIA

Zé Hilton e Dedé lançam projeto Forró pra Valer

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sanfoneiro Zé Hilton, um dos mais conceituados do Rio Grande do Norte, uniu-se a um amigo de juventude, o cantor Dedé do Forró, para lançar o projeto Forró pra Valer. Os dois têm experiência de sobra no mercado forrozeiro e prometem levar música de qualidade para o mercado. Zé Hilton, além de acordeonista, é compositor de vários sucessos, como Tentativas em Vão. A maioria das músicas feita em parceria com compositores como Cabeção do Forró e Ranieri Mazille. Agora, ele decidiu subir aos palcos com mais frequência e pretende ganhar o Nordeste junto com o parceiro Dedé do Forró. Os dois se conhecem desde novos, pois são de Pedro Velho. “Eu lembro que era menor de idade e Dedé já tinha a banda Amor com Café, que ensaiava na frente da minha casa. Eu ficava sempre por ali e, apesar de já tocar sanfona, comecei a me interessar de verdade pela música, até que comecei a tocar com Dedé, na época, teclado. Mas, depois montamos um trio, chamado Jovens do Forró”, lembra Zé Hilton.

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Para isso, Zé conta que trabalhava na agricultura com o pai e não tinha condições de comprar uma sanfona, então, teve que pegar a do irmão. “Certo dia, Messias Paraguai estava

procurando um sanfoneiro e soube de mim. Ele foi até a minha casa, mas como eu era menor de idade, a condição para ir tocar com ele era se Dedé também fosse”, comenta.

FOTOS: THYAGO MACEDO // REVISTA FORRÓ


A partir daí, começou a trajetória musical dos dois fora da região onde moravam. Dedé passou um período acompanhando Messias, mas depois passou por várias bandas, chegando a tocar no Rio e também a acompanhar o grande Elino Julião. Mais recentemente, Dedé do Forró integrou a banda Deixe de Brincadeira, na qual ficou durante cinco anos. Em 2013, lançou o projeto Dedé e Forró de Verdade.

REVISTA FORRÓ

Já Zé Hilton, especializou-se no acordeon e passou a ser conhecido com um grande instrumentista, sendo procurado por alguns dos melhores músicos do Nordeste e até mesmo do Brasil, para gravar seus acordes e arranjos. Alguns desses artistas são Raimundo Fagner e Alcymar Monteiro. Apesar disso, também tocou em banda, fazendo parte do grupo de Walkyria Santos durante um ano. Mas foi compondo que ele obteve mais sucesso, tendo suas melodias emplacadas nas principais bandas de forró da atualidade, como Aviões do Forró e Garota Safada e até mesmo por duplas sertanejas, como Bruno e Marrone.

Agora, a amizade entre Zé Hilton e Dedé do Forró faz nascer um novo projeto. O Forró pra Valer foi lançado neste mês de maio, com CD seguindo a linha de composições de Zé. “Queremos valorizar o forró e a música de qualidade. Esperamos que o público goste, pois estamos fazendo um trabalho com muito carinho e respeito”, completa Dedé do Forró.

ZÉ HILTON E DEDÉ DO FORRÓ 27



RESGATE CULTURAL

Forró do Arroxa: o autêntico forró na fazenda O

público da Grande Natal apaixonado por forró ganhou mais uma opção para arrastar os chinelos. No dia 11 de maio, o projeto cultural Forró do Arroxa teve sua primeira edição realizada na Fazenda Timbaúba, na cidade de Monte Alegre. A ideia é do produtor cultural e radialista Rô Medeiros, que pretende resgatar a cultura e valorizar artistas locais. De acordo com ele, “o projeto envolve um conjunto de ações ligadas à música e ao turismo, com shows bandas de forró, com destaque para o autêntico Pé de Serra cantado por artistas potiguares e nacionais. O Forró do Arroxa vem preencher uma lacuna da falta de opção de entretenimento para os moradores da Grande Natal, principalmente nos finais de semana na região Agreste”. Rô Medeiros fala ainda que a Fazenda Timbaúba, onde é montado o Forró do Arroxa, tem toda uma estrutura de decoração temática, palco, serviço completo de bar, tendas com artesanato e iguarias, segurança e ainda permite que sejam incluídos no projeto grupos de danças folclóricas e quadrilheiros.

REVISTA FORRÓ // FOTOS: CEDIDAS

A ideia é que o público interaja com um ambiente cultural e não apenas com uma festa de forró. “Queremos atrair um dos 16 anos até os forrozeiros da terceira idade, seja moradores da Grande Natal, região Agreste, turistas ou estudantes universitários”, completa Rô Medeiros, que tem como parceiros empresas como RC Shows e Entretenimentos, Bar do Thomas, Solto na Cidade, 95FM, Telepesquisa e TV União. Para facilitar o acesso à Fazenda Timbaúba, que fica localizada na RN 160, após a Lagoa do Quirambú, sentido Monte Alegre/Lagoa Salgada,

a 36 quilômetros de distância de Natal, a produção prepara também a “Van do Forró”, oferecendo translado gratuito do centro de Monte Alegre até o local do evento.

SERVIÇO Forró do Arroxa Fone: (84) 9993-0285

FORRÓ DO ARROXA 29


PUXA O FOLE

Orquestra Sanfônica é destaque na cidade de Assu

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á dois anos, um grupo de sanfoneiros da cidade de Assu decidiu se unir para tocar juntos, em praça pública. O resultado disso foi o surgimento de uma orquestra sanfônica, que hoje conta com 23 músicos. Gilmar Carlos Lopes, o Gilmar do Acordeon, coordena o grupo e comenta que a orquestra tem se destacado na região do Vale do Açu e está começando a ser conhecida em outras cidades RN. “Tudo começou no dia 24 de outubro de 2012, quando eu convidei alguns amigos sanfoneiros para que nos

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juntássemos para tocar na praça. Era uma quarta-feira e, naquele dia, foram quatro sanfoneiros. Na quartafeira seguinte, outros já se juntaram a gente e, a partir daí, os encontros foram ficando mais sérios”, explica Gilmar do Acordeon. Rapidamente, os sanfoneiros tiveram a ideia de montar a orquestra. O grupo contava ainda com um zabumbeiro e um triangulista. Atualmente, a Orquestra Sanfônica de Assu é composta por 15 sanfoneiros e tem mais oito músicos na percussão.

FOTOS: DIVULGAÇÃO // REVISTA FORRÓ


Gilmar do Acordeon coordena o grupo

“Temos jovens, senhores e até mesmo mulheres. Uma delas está com a gente desde o início e tem apenas 13 anos. Trata-se da menina Vanessa Muriele, que está se tornando uma grande sanfoneira e já está se profissionalizando aqui na região, fazendo suas próprias apresentações”, informa Gilmar. A Orquestra Sanfônica de Assu continua se reunindo às quartas-feiras para apresentações na cidade, mas também tem recebido convites para municípios daquela região. O grupo não tem recursos fixos, mas, de acordo com Gilmar do Acordeon, está fundando uma Associação dos Sanfoneiros, o que deverá facilitar a cooptação de recursos. “Apesar de termos apenas dois anos, conseguimos respeito do povo da nossa cidade e fomos representar nossa região até mesmo em Exu, no Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga, e onde fizemos uma homenagem a ele. Além disso, também nos apresentamos em Campina Grande”, lembra o coordenador da Orquestra Sanfônica de Assu. De acordo com Gilmar, ele mesmo e os demais sanfoneiros montam o repertório da orquestra, valorizando músicas de ícones do forró, como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, bem como de artistas consagrados da música brasileira, como Roberto Carlos.

Sanfoneiros se reúnem todas as quartas-feiras

REVISTA FORRÓ

Orquestra Sanfônica de Assu Contato – (84) 9949-2810

ORQUESTRA SANFÔNICA 31



FORRÓ PARA O MUNDO

Mês de junho será de muito forró no Rastapé

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Rastapé Casa de Forró é, hoje, um dos ambientes mais procurados por turistas em Natal e, neste mês de junho terá programação especial. A casa vai funcionar praticamente todas as noites. Primeiro, porque trata-se do período junino e, segundo, porque a capital potiguar receberá uma grande demanda em virtude dos jogos do mundial de futebol. De acordo com Bárbara Rolim, gerente do Rastapé Casa de Forró, as noites de shows serão de 4 a 7 e de 10 até o dia 28 de junho. Em todas essas noites os natalenses e os turistas poderão dançar aquele bom e velho forrozinho já característico do espaço. O Rastapé, ainda de acordo com Bárbara, oferece aos seus clientes uma estrutura com três ambientes temáticos e tem ainda cinco bares espalhados pela casa. Nesse período de festas, serão três bandas de forró por noite. Agora em 2014, o Rastapé vai completar oito anos de funcionamento, sendo referência na noite natalense e ponto de encontro dos amantes do forró. Tradicionalmente, o estabelecimento abre às quartas-feiras, sextas-feiras e sábados. O espaço comporta tranquilamente em torno de 1.500 pessoas.

REVISTA FORRÓ // FOTOS: JOSÉ ALDENIR

Além da ambientação rústica e dos vários ambientes climatizados, o Rastapé proporciona ainda uma estrutura de segurança, com várias saídas de emergência e profissionais treinados atuando durante os eventos. A casa tem ainda uma área cultural que conta com apresentações de artistas locais. Rastapé Casa de Forró Rua Aristides Porpino, 2198 Ponta Negra – Natal/RN Fone: (84) 3219-0181

RASTAPÉ CASA DE FORRÓ 33




NOVA FORMAÇÃO

Wandy Soares agora é Federal D

ono de uma voz forrozeira potente e muito conhecido no mundo forrozeiro, WANDY SOARES, ex-vocalistado Forró Mulher Chorona, agora faz parte do Cast do Forró Pisada Federal. Ele ficou conhecido ao emplacar hits de sucesso durante sua passagem no forró Mulher Chorona. Alguns dos sucessos foram: “Tá legal, tá legal, ê ô ê ô, é só alto astral, ê ô ê ô...”, “Ô Juliana, desce uma caixa de cerveja que eu bebo, que eu bebo...”, bem como “Exageradamenta apaixonado por você, eu me entreguei demais, e agora estou sofrendo assim”. Sua marca que ficou conhecida no meio forrozeiro foi o grito “Hahai nêga”. Além da banda Mulher Chorona, Wandy montou seu próprio projeto, em parceria com alguns amigos, lançando o “Forrozão Hahai Nega”. O cantor também teve passagem pela banda Forrozão Kaça Farra, do RN. Agora, em contato com os empresários Railson Diniz e Pepy Legal, Wandy Soares passa a integrar o Forró Pisada Federal, ao lado dos Vocalistas Girlan Federal e Natália Silva. Uma mega estrutura de iluminação foi adquirida para o novo projeto, unindose aos instrumentos e músicos de alta qualidade. A banda completa, em 2014, um ano de estrada e iniciou sua nova formação e estrutura no último dia 31 de maio. O sucesso está tão badalado que no meio artístico os empresários já têm o Forró Pisada Federal como a nova aposta paraibana do forró.

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SERVIÇO A banda vem com uma pegada diferente, unindo um estilo bem forrozeiro e ao mesmo tempo swingado, fazendo a massa forrozeira balançar por onde passa.

Fones: (83) 9977 4678 / 9921 3163 / 8180 4000 / 8680 7576 / 3444 2360 Instagram: @pisadafederal Facebook: /PisadaFedera Twitter: @PisadaFederalBR PalcoMP3: palcomp3.com.br/ PisadaFederalAoVivo

FOTOS: DIVULGAÇÃO // REVISTA FORRÓ



FALANDO DE FORRÓ POR THYAGO MACEDO

Quando o mês de junho chegar...

O mês de junho chegou, mas o clima junino não é mais o mesmo. Lembro-me quando era criança e os preparativos para as festividades do São João tomavam conta das escolas, ruas, casas e vários estabelecimentos. Hoje, salvo em algumas cidades de interior, as bandeirinhas, balões e fogueiras não são mais vistas com frequência. O período junino passa quase que despercebido. E quando falamos de forró, ai sim é que as tradições dos festejos juninos estão ainda mais escassas. Que o forró não é mais o mesmo e, aliás, está sempre passando por transformações, o que é normal, todo mundo sabe. Agora, não se respeita mais nem a cultura nordestina. Não vejo na maioria das bandas músicas de São João em seus repertórios nem nessa época do ano.

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Como de costume, todo mês de junho pego um CD antigo dos Canários do Reino e coloco para rodar no som do carro. Isso porque nas festas que vou, repito, nem mesmo neste mês de junho, ouço os arrasta-pés que entoa as danças de quadrilhas. Nem mesmo as rádios lembram de incluir um forrozinho junino em suas programações. O resultado disso é que cada vez mais estamos perdendo nossa identidade cultural. Fico triste de verdade, porque sempre gostei do clima de São João e queria que as gerações futuras sentissem a mesma alegria que senti ao dançar na quadrilha da escola ou ao ascender uma bombinha dentro de uma lata, por exemplo. Além da falta de interesse do mercado forrozeiro em resgatar a cultura junina, neste ano de 2014, o Brasil está voltado para o mundial de futebol e, por isso, o São João foi colocado para escanteio. Agora, só nos resta esperar o mês de junho do próximo ano, com a esperança de que veremos bandeirinhas, balões e fogueiras.

REVISTA FORRÓ




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