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A Aventura do Ensino à Distância
by CeSIUM
A Aventura do Ensino à Distância
Escrito por João Teixeira
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joaopmtexeira @gmail.com
Um ano no MiEI é sempre um ano atribulado e cheio de emoções, mas, este ano, foi, sem dúvida, ainda mais especial. Para juntar à típica frustração da procura de bugs manhosos, apareceu a maior dor de cabeça de todas, a pandemia COVID-19, que fez o distanciamento e isolamento social passar de escolha a obrigação causando uma reviravolta em toda a realidade académica. Para além das óbvias alterações no ambiente social, uma das grandes mudanças foi ao nível do ensino. Numa questão de dias, todos nós tivemos de nos adaptar ao novo campus universitário, as nossas casas, e passar de uma sala de aulas para a nossa sala de estar. Quando a notícia de que o campus ia fechar chegou, veio uma sensação de alívio e o meu pensamento foi logo “porreiro, logo já não preciso de fazer a mala para ir embora”, achando eu que seria uma questão de dias e voltaria tudo ao normal. À medida que os dias passavam e o pânico se instalava um pouco por todo o lado, fuime apercebendo que estava errado, se calhar, aquilo estava para ficar. Aqueles primeiros dias do lockdown foram incrivelmente frustrantes graças ao pânico cada vez mais presente, às dúvidas de como seria o futuro e ao silêncio nada reconfortante de quem estava a tentar reerguer a universidade e a criar a realidade do que acabaria por ser todo o resto do ano letivo. Depois de semanas de especulações, informações contraditórias e cada vez mais dúvidas que respostas, lá começaram a aparecer informações certas e foi confirmado que a universidade ia manter-se fechada e que se ia passar para um regime de aulas à distância. Embora fosse uma mudança radical no estilo de vida que levava, a maior dúvida estava esclarecida e já dava para “relaxar” um pouco. Isto até começarem a aparecer novidades dos Professores sobre o novo funcionamento das UCs, métodos de avaliação e calendário foi uma questão de dias e estava tudo pronto para arrancar com o ensino de novo. E assim foi, lá recomeçaram as aulas. Houve uma grande diversidade de métodos adotados pelas equipas docentes das diferentes UCs para isto, uns com aulas por chat, formato de sessões de dúvidas, gravadas… O mais adotado acabou por ser um formato mais “tradicional” de aulas em direto, para emular um pouco o ambiente de sala de aula. Claro que nunca da mesma forma, a falta do calor humano teve um impacto enorme na dinâmica das aulas que, por muito que se tente, nunca seria possível ter com recurso aos avatares que apareciam nos nossos ecrãs. Com as aulas a funcionar a todo o gás, chegámos à crítica época de testes. Este foi um assunto que causou muita controvérsia. O medo da fraude por parte dos alunos causou um incómodo enorme às diversas equipas docentes e algumas tentaram tudo o que conseguiram para fazer com que a avaliação fosse presencial.
Eventualmente, e sem outra alternativa, lá acabaram por adaptar os testes ao novo formato à distância. Embora houvessem testes que foram o mais próximo do que seriam caso fosse presencial, outros levaram as tentativas de combate à fraude longe demais, acabando por prejudicar até quem estava a querer fazer o teste de forma honesta, sujeitando-nos a enunciados gigantes e confusos e a um tempo para os resolver que nem para piscar os olhos dava. As gralhas inerentes a um novo formato e plataforma de testes também tiveram um grande impacto nesta experiência, mas nada que não houvesse vontade de ambas as partes de ser resolvido e, no final, acho que ninguém deve ter saído muito prejudicado por estas. É claro que a vida não se resume apenas a aulas e momentos de avaliação e a parte da convivência fora das aulas foi algo que também mudou drasticamente. Aqui, a experiência de cada um deve ter sido completamente diferente, mas, no meu caso, foi uma adaptação relativamente fácil, já que era raro o dia onde o meu grupo de amigos não se encontrava no Discord para conversar, acabando por recriar as típicas conversas de corredor antes das aulas e de testes e culminando em ter um dia normal fora de casa, mas de pijama vestido à frente do computador. Depois do final deste semestre atípico e tendo em conta a velocidade com que tudo isto aconteceu, faço um balanço positivo, mas é algo que espero não repetir. Embora tudo tenha corrido pelo melhor, o cansaço e o não mudar de ares é algo que tem um efeito psicológico muito forte e acabou por me deixar completamente enjoado de estar à frente de um computador, o qual desliguei no último exame e voltei a ligar agora para escrever este artigo. Para uma pessoa que não gosta de andar a pé, acredito que, neste próximo ano letivo, o voltar da caminhada matinal até à universidade vai ser algo que vai saber muito bem!