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Livro: “Deep Work

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A Mudança

A Mudança

Escrito por Miguel Brandão

mickael.a.brandao @gmail.com

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Deep Work é um livro de Cal Newport, autor best-seller e professor de Ciências da Computação na Georgetown University, EUA. O livro aborda o conceito de Deep Work, termo cunhado pelo autor. Nas suas palavras, Deep Work consiste em atividades profissionais realizadas num estado de concentração livre de distrações, que impulsione as capacidades cognitivas ao limite. São esforços que criam valor, aperfeiçoam capacidades e são difíceis de replicar. A obra é direcionada aos knowledge workers (trabalhadores do conhecimento). Um knowledge worker é qualquer trabalhador cujo trabalho envolve o desenvolvimento de novos produtos ou a resolução de problemas complexos, entre outros. Em essência, é qualquer trabalhador cujas tarefas envolvem pensamento ativo.

Segundo o autor, a qualidade do trabalho destes trabalhadores está a ser negativamente afetada devido à popularização de ferramentas de comunicação, como redes sociais, email e serviços de mensagens instantâneas. A atenção destes trabalhadores, ao invés de ser direcionada para a produção de trabalho valioso, está a ser desviada para o chamado shallow work: tarefas não cognitivamente exigentes feitas, muitas vezes, de uma forma distraída. São tarefas que não criam grande valor e são fáceis de replicar, como enviar e responder a emails e mensagens, organizar dados ou resolver notificações no GitHub.

Cal Newport argumenta que, numa sociedade em que o trabalho cognitivo é cada vez mais necessário e os trabalhadores que o desempenham estão cada vez mais distraídos, a capacidade de trabalhar de uma forma concentrada é uma capacidade cada vez mais rara e valiosa, sendo que os que a dominam têm uma grande vantagem sobre os demais. Estes trabalhadores são capazes de, ao cortar e compartimentalizar as distrações, produzir melhor em menos tempo. Por sua vez, o trabalho produzido, por ser de qualidade e de valor, é mais gratificante para o trabalhador. Ao requerer concentração absoluta no trabalho a elaborar, seja a aprender ou a criar, o trabalhador fá-lo em menos tempo com a mesma ou melhor qualidade, pois deixa o seu pensamento fluir sem as interrupções das redes sociais ou do shallow work. Não é possível, neste pequeno artigo, fazer jus à obra de Cal Newport. É impossível, neste formato, conseguir transmitir todas as ideias e exemplos que ajudam a sedimentar a necessidade, a importância e o valor do deep work na era moderna, muito menos todas as soluções que o autor propõe para se atingir um estado de deep work. Contudo, não posso deixar de destacar uma das soluções que considero mais interessante, de forma resumida: para alcançar um estado de concentração profunda, em que o melhor trabalho é produzido, o autor propõe a alocação de tempo específico. Tal alocação deve ser consistente em termos de horário e esse espaço de tempo deve ser utilizado única e exclusivamente para o trabalho cognitivamente intensivo, devendo ser livre de qualquer tipo de distração, como telemóveis, redes sociais e emails. No entanto, as alocações devem ser curtas e espaçadas, de modo a não causar burnout. Resta-me recomendar a leitura do livro. Toda a gente tem um método de trabalho diferente, mas, no mínimo, tenho a certeza que a leitura desta obra fará qualquer pessoa repensar a sua forma de trabalhar.

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