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Filme: “Joker

Escrito por Nelson Estevão

nelson @estevao.org

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Joker é o filme de Todd Phillips que conta a história de Arthur Fleck, protagonizado por Joaquin Phoenix. Arthur trabalha numa agência que subcontrata palhaços, strippers e mágicos chamada “Haha’s”. Vive num velho apartamento danificado com a sua mãe muito doente. A vida dele não tem sido fácil, ganhando mal, sendo humilhado e espancado com frequência. O filme tem a extraordinária capacidade de nos colocar desconfortáveis durante o tempo todo. No entanto, não conseguimos tirar os olhos do ecrã.

Os fãs das bandas desenhadas da DC que estão à espera de um personagem a cair num caldeirão e a ficar branco, podem esquecer. Esse não é o filme que vão ver. O filme é uma versão demasiado realista da origem do Joker e, por isso, tão assustadora. Não é dito em que momento é que o filme se passa, apenas sabemos que é no passado. De certa forma, passa-se num universo paralelo ao que já vimos em todos os outros filmes da DC em que entra este personagem.

O lugar em que o filme se passa é Gotham City. A cidade que o realizador tentou recriar foi New York City de 1981, eliminando apenas todos os elementos característicos da mesma. Um lugar arrasado, sujo e imundo. Todos os serviços públicos estiveram em greve em algum momento e os que não estiveram eram corruptos. A arquitetura e o fluxo do espaço acabam por se aproximar da cidade das bandas desenhadas, ilhas interligadas por pontes e caminhos de ferro.

Arthur sofre de uma doença mental que se vai agravando com todos os acontecimentos na sua vida, incluindo a perda do seu apoio social que lhe fornecia medicação. Joaquin Phoenix foi capaz de introduzir uma nova e muito própria gargalhada (muitas vezes, nas piores situações) no personagem Joker. A sua incontrolável gargalhada enche os seus olhos de dor e sofrimento enquanto outro ataque de risos o domina por completo. Tudo o que vemos é pela perspetiva de Arthur, que, no fundo, nos está a contar a sua própria história. Todos os desabafos de desespero que Arthur faz são completamente ignorados pelo sistema em que está envolvido. A pouco e pouco é-nos contada a sua transformação naquilo que é o icónico vilão. O filme não é totalmente fiel às bandas desenhadas, tal não seria possível e, por isso, é que vale tanto a pena ver. A origem do Joker é algo que foi pouco explorado, apesar de existirem pequenas tentativas. O próprio nome do personagem foi escolhido pelo Todd Phillips e esta é apenas uma alternativa para a história da origem do Joker, na qual o seu nome era Arthur. No fundo, este filme podia ter-se chamado Arthur Fleck, ou só Arthur.

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