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Sorrir com o Olhar e Abraçar com o Coração

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25 Anos de CeSIUM

25 Anos de CeSIUM

Escrito por Beatriz Afonso

anabeatrizcastroafonso @gmail.com

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O ano de 2020 será sempre recordado como um ano de tragédia, o ano que apresentava potencial para ser igual a tantos outros e o mais perto que conseguiu ser ficou muito além do expectável. Pé ante pé, emergiu sobre o mundo uma nova realidade que veio desafiar o ser humano em mais aspetos do que aqueles que consigo mencionar. Ninguém estava preparado para carregar o pesar da angústia que o confinamento arrastou, estar longe de tudo aquilo que nos traz felicidade por mais perto que se pudesse efetivamente estar. O medo e a revolta são uma constante, afinal estamos perante uma luta contra o que não vemos, um combate injusto, subitamente cai um véu sobre nós e somos forçados a lutar pela nossa sobrevivência. Somos lançados para um campo de batalha, onde estamos à mercê não só das nossas próprias armas, mas também dos cuidados do próximo, somos todos um. A presente pandemia de COVID-19 instalou-se em vários setores, porém o tema deste conjunto de palavras que se seguirá será relacionado com a universidade, mais concretamente, a experiência universitária. Enquanto estudante universitária do terceiro ano, considero-me capaz de transparecer a minha perspetiva relativamente à experiência académica antes e depois do vírus. A notável demarcação temporal gerada pela COVID-19 tatuou um novo método de ensino que, pessoalmente, preferia que não perdurasse, talvez porque tive a sorte de sentir a importância da interação com docentes e colegas, bem como do envolvimento criado em contexto de sala de aula, por nós, amantes do saber.

Para além do mencionado, na minha opinião, o primeiro ano na universidade é o mais importante, é o saco para onde são canalizadas todas as nossas expectativas, a independência, um reencontro diferente com o “eu” e as responsabilidades, é perceber os nossos limites e capacidades escondidas, é a descoberta, é o conhecer pessoas que vêm de realidades diferentes, é o fascínio de saber que começa uma nova etapa, é adrenalina, é intimidante e ao mesmo tempo entusiasmante. Infelizmente, agora tem-se de reinventar uma forma de não “perder” todas estas sensações incríveis, tudo aquilo que gerações equivalentes e passadas à minha teve o privilégio de absorver diretamente.

Entrámos numa embarcação batizada de “2020”, sem conhecer a foz mas imbuídos de coragem, quando de repente, somos arrastados de um porto seguro pela corrente e avisados de que a água se encontra contaminada, ondulação acima e abaixo, muita turbulência e gente borda fora, foram e são imensas as lágrimas derramadas que acariciam docemente a face dos que ficam e o reconhecimento de que não somos impermeáveis ainda é dos mais dolorosos…. Porém, apesar da corrente não estar a nosso favor demonstramos, mais uma vez, que a pequenez intitulada por muitos como a principal característica subjacente ao ser humano, nunca nos serviu verdadeiramente de rótulo, nunca nos limitou para as maiores conquistas ditas impossíveis, para nós, as adversidades nunca foram barreiras. Por fim, termino este artigo da forma que o comecei no título, resta-nos sorrir com o olhar, já que a máscara não permite mais e abraçar com o coração, um toque distinto, mas igualmente mágico e poderoso.

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