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Déjà vu

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25 Anos de CeSIUM

25 Anos de CeSIUM

Escrito por Beatriz Rocha

beatrizfr.rocha @yahoo.com

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Espera, eu já estive aqui antes? Já estivemos neste mesmo sítio enquanto tu me dizias essas exatas palavras em algum momento do passado? Eu não vi este cão passar neste preciso corredor antes? Por vezes, conforme conhecemos um novo sítio ou praticamos uma nova atividade, experienciamos um sentimento estranho de que não é a primeira vez. A essa sensação chamamos déjà vu, uma frase de origem francesa que significa “já visto”. Mas o que é um déjà vu e será que a ciência pode explicar porque é que acontece?

Há quem pense que um déjà vu é um sinal de que nos estamos a relembrar de uma experiência de uma vida passada, o que pode ser bastante assustador. Normalmente associamos este fenómeno a algo misterioso e até mesmo paranormal, uma vez que se trata de um sentimento fugaz e inesperado. As mesmas questões que nos dão que pensar são as mesmas que tornam este acontecimento difícil de estudar. Ainda assim, existem vários cientistas que já recorreram a técnicas como hipnose e realidade virtual para conseguir chegar a algumas conclusões. Em 2006, um conjunto de cientistas tentou recriar um déjà vu em laboratório. Mas como é que isso é possível? No fundo, começaram por criar uma memória para pacientes sob hipnose. Essa memória tratava-se de algo simples, tal como jogar com uma determinada bola ou atar os cordões de uns sapatos específicos. De seguida, os pacientes eram incentivados a lembrar-se ou esquecer-se daquela memória, dependendo do grupo de estudo em que se encontravam, o que mais tarde poderia desencadear a sensação de déjà vu, quando lhes fosse dada aquela bola ou aqueles sapatos.

Já outra equipa de cientistas tentou provocar este episódio usando realidade virtual. Neste estudo, os participantes afirmaram ter vivenciado um déjà vu enquanto se moviam no videojogo Sims, quando uma cena foi criada propositadamente para mapear espacialmente outra (neste caso, todos os arbustos de um jardim haviam sido substituídos por sacos de lixo para criar o mesmo layout). Estes ensaios levaram os cientistas a suspeitar que esta ocorrência se trata de um fenómeno de memória, ou seja, nós encontramos uma situação semelhante a uma lembrança real, mas não nos conseguimos recordar totalmente da mesma, o que faz com que o nosso cérebro reconheça as parecenças entre a nossa experiência atual e a do passado. Ficamos, então, com um sentimento de familiaridade que não conseguimos identificar. Independentemente de ser bom ou mau para nós, todos nos deveríamos sentir agradecidos por ser tão efémero. No Reino Unido, um grupo de cientistas tem vindo a estudar um jovem na casa dos 20 anos que sofre daquilo a que eles chamam “déjà vu crónico”. Este indivíduo sente que está a reviver a mesma ocasião várias vezes ao dia durante alguns minutos, comparando-se a estar preso no filme “Donnie Darko”. Yikes!

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