Monografia murilo estjp

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FACULDADE KURIOS-FAK INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO-ISE VALIDAÇÃO DE CREDITOS EM TEOLOGIA

MURILO DA SILVEIRA NETO

TCC ACONSELHAMENTO CRISTÃO.

MARANGUAPE – CE 2014


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TCC ACONSELHAMENTO CRISTÃO.

TCC apresentado em cumprimento às exigências parciais do curso de Graduação em Teologia; Da Faculdade Kurios-FAK. Para a obtenção do grau de bacharel em teologia.

MARANGUAPE – CE 2014


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DEDICATÓRIA

Ao meu Refúgio, minha Fortaleza, meu Socorro bem presente na hora da angústia, a Ele, O meu Deus, por ter me resgatado e sustentado até aqui, tanto nas horas de alegria como de angústia, Ele foi e sempre será O meu Rochedo. Obrigado meu Deus por ter me dado à vitória. A minha querida esposa, que em todo este tempo

esteve

me

apoiando

tanto

moral,

como

espiritualmente. Obrigado pela grande esposa que tem sido para mim. À minha querida mãe, que me ensinou os primeiros passos de minha vida. Em Fim A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram na realização desta obra. Os meus sinceros agradecimentos.

MARANGUAPE – CE 2014


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AGRADECIMENTOS

Ao meu Refúgio, minha Fortaleza, meu Socorro bem presente na hora da angústia, a Ele, O meu Deus, por ter me resgatado e sustentado até aqui, tanto nas horas de alegria como de angústia, Ele foi e sempre será O meu Rochedo. Obrigado meu Deus por ter me dado à vitória.

MARANGUAPE – CE 2014


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FOLHA DE APROVAÇÃO DO TCC

Banca Examinadora: _______________________________________________

Prof. Orientador: Alexsandro Alves. _____________________________________ Prof. Dr. : Augusto Ferreira da Silva Neto.

___________________________________ Prof. Dr. : Luiz Eduardo Torres Bedoya.

___________________________________ Prof. Dr. : Marlon Leandro Schock.

____________________________________ Prof. Ms. : Ladghelson Amaro dos Santos.

____________________________________ Graduando: MURILO DA SILVEIRA NETO

Este TCC Foi aprovado em:

________de________________de________


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RESUMO

Verifica e constata a realidade do relacionamento entre pais e filhos no contexto da família. Discute as características, as causas e as conseqüências dos relacionamentos conflituosos dentro do lar olhando para as principais dificuldades e problemas e como podem afetar de forma negativa o futuro dos novos relacionamentos e a vida dos filhos. Analisa como a palavra de Deus apresenta o relacionamento em família e especialmente entre pais e filhos, como eram tratados problemas de desobediência e desrespeito para com os pais no Antigo Testamento, como Jesus desenvolveu o seu ministério em meio a famílias e o que ele fez para ajudá-las em seus problemas diversos. Ao mesmo tempo em como a bíblia fornece orientações claras e concisas para a educação e a criação de filhos e o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis. Também busca fornecer orientações de como o aconselhamento cristão e pastoral pode ser útil para ajudar a resolver conflitos no lar. Conclui apresentando como a igreja pode ser uma peça chave para que através de orientação e cuidado possam ser desenvolvidos trabalhos de prevenção e de restauração para o fortalecimento de relacionamentos saudáveis no seio da família. Destaca como é necessário um retorno aos princípios bíblicos que regem a família cristã para que pais saibam qual o papel que Deus espera de cada um em relação aos filhos, e estes para com seus pais. Objetivando-se que o relacionamento no lar seja melhor, e a família, a igreja e a sociedade venham a ter cidadãos mais maduros, responsáveis e saudáveis emocionalmente.


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ABSTRACT

Verifies and confirms the reality of the relationship between parents and children in the family context. Discusses the characteristics, causes and consequences of conflicting relationships within the home looking for the main difficulties and problems and how they can negatively affect the future of new relationships and the lives of their children. Analyzes how the word of God presents the relationship in family and especially between parents and children, were treated as problems of disobedience and disrespect towards parents in the Old Testament, as Jesus developed his ministry amid families and what he did for help them with their various problems. At the same time as the Bible provides clear and concise guidance to education and parenting and the development of healthy relationships. Also seeks to provide guidance on how Christian counseling and pastoral care can be useful to help resolve conflicts at home. Concludes with how the church can be a key piece to that through guidance and careful work of prevention and restoration for strengthening healthy relationships within the family can be developed. Highlights how a return to biblical principles for Christian families so that parents know what role God expects of each in relation to children is necessary, and these to their parents. Aiming to the relationship at home is better, and the family, the church and society will have citizens more mature, responsible and emotionally healthy.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8 I. A REALIDADE DO RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS! ..................... 10 1.1. A família como base do relacionamento. ................................................................... 10 1.1.1. Relacionamento e família. .................................................................................. 10 1.1.2. O Relacionamento entre pais e filhos na família. .............................................. 12 1.2. A Realidade dos relacionamentos na família. ............................................................ 15 1.2.1. Pais e filhos um relacionamento de conflitos. .................................................... 15 1.2.2. Características ................................................................................................... 16 1.3 O problema de Relacionamento entre pais e filhos: Algumas Causas e conseqüências. ..................................................................................................................... 18 1.3.1. Causas ................................................................................................................. 18 1.3.2. Conseqüências ................................................................................................... 27 II. O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS NA BÍBLIA. .............................. 30 2.1. Relacionamentos na Bíblia......................................................................................... 30 2.2. Pais e Filhos na bíblia ................................................................................................. 31 2.2.1. No Antigo Testamento ........................................................................................ 31 2.2.2. No Novo Testamento........................................................................................... 34 III – FORTALECENDO O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS ATRAVÉS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO. .......................................................... 36 3.1. O Aconselhamento cristão no Relacionamento pais e filhos.................................... 36 3.1.1. Origem do Aconselhamento Pastoral. ................................................................ 36 3.1.2. Aconselhamento na familia. ............................................................................... 39 3.1.3. Desafios do Aconselhamento com pais e filhos. ................................................. 40 3.2. Propostas para o fortalecimento do relacionamento entre pais e filhos através do aconselhamento. .................................................................................................................. 43 3.2.1. A Igreja como Instrumento de Aconselhamento ................................................. 43 3.2.1.1. Aconselhamento na Igreja. .............................................................................. 43 3.2.1.2. Alternativas: Aconselhamento Leigo, parcerias com profissionais da área. ... 45 3.3. A importância dos aspectos espirituais na educação dos filhos. Uma volta aos princípios bíblicos que regem a família. ........................................................................... 46 3.3.1. Princípios bíblicos da educação de filhos em Dt. 6. e Ef.6.1-4.......................... 46 3.3.1.1. Princípios bíblicos passados de pai para filho. ............................................. 46 3.3.1.2. Mandamentos para pais e para filhos. ........................................................... 49 3.3.1.2.1. Para os filhos: Obediência e Honra. ........................................................... 49 3.3.1.2.2. Para os pais: Não provocar e criar no Senhor. ......................................... 50 CONCLUSÃO......................................................................................................................... 52 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 53


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INTRODUÇÃO

Esse trabalho limita-se a tratar de algumas questões envolvendo o relacionamento entre pais e filhos, e de que forma o aconselhamento cristão pode ajudar a resolver problemas e conflitos nesta área. Não serão abordadas neste TCC questões referentes à faixa etária, ou idade de pais e filhos, mas de uma forma geral analisar alguns problemas que tem trazido sofrimento para dentro dos lares de muitas famílias cristãs. Essa reflexão será feita levando-se em conta a realidade atual e as dificuldades que pais enfrentam na criação de filhos, a opinião de diversos autores sobre o assunto e principalmente a luz do que a Palavra de Deus ensina sobre o relacionamento familiar e a educação de filhos. O objetivo desse trabalho será triplo: Primeiro, analisar a situação atual do relacionamento entre pais e filhos. Olhando para a família como o lugar onde as pessoas aprendem a se relacionar conforme os modelos ali oferecidos e como isso pode influenciar na vida e no futuro dos relacionamentos da criança. Bem como destacar algumas características dessa relação que tem deixado muitos pais e filhos frustrados e perdidos e suas funções dentro da família. Também chamar a atenção para algumas causas e conseqüências que estão ocorrendo no contexto dessa relação familiar. O segundo objetivo é fazer uma análise bíblica e teológica da família cristã levandose em conta as implicações contidas na bíblia e que tratam do assunto envolvendo o relacionamento entre pais e filhos. E por ultimo, tem como objetivo principal fornecer algumas orientações em como o Aconselhamento cristão pode ser útil para resolver problemas e conflitos nessa relação. Destacando como a igreja pode ser um instrumento para auxiliar a família a melhorar seus relacionamentos e como prevenir alguns desses problemas e conflitos.


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Também chamando especial atenção para a analise e implantação de alguns princípios bíblicos que regem o relacionamento entre pais e filhos e que estão sendo negligenciados em muitas famílias em geral, e inclusive por famílias cristãs, mas que serão úteis e essenciais para os que desejam ter um relacionamento familiar mais harmonioso e saudável. Como se deseja neste trabalho fornecer ferramentas para ajudar em especial famílias cristãs, a metodologia utilizada será da teologia bíblica. Sendo que se buscou em uma vasta bibliografia, em especial de autores cristãos, que atuam na área do aconselhamento familiar e da psicologia apoio e opiniões que visam contribuir e enriquecer o conteúdo. Contudo o maior interesse está em buscar nas Sagradas Escrituras, e através delas apresentar orientações, em forma de aconselhamento cristão, que venham auxiliar e fortalecer o relacionamento entre pais e filhos.


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I. A REALIDADE DO RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS! Esse capítulo visa analisar como está o relacionamento entre pais e filhos nos dias atuais. Com certeza todas as pessoas sonham com um relacionamento familiar feliz, bem como em todas as áreas da vida. Onde não apenas pai e mãe vivam em harmonia e amor, mas onde pais e filhos possam viver relacionamentos de amizade, carinho, respeito e união. Entretanto esse sonho não tem sido a realidade da maioria dos lares. Dificilmente ouve-se falar de um lar, onde não haja problemas de relacionamentos entre pais e filhos.

1.1. A família como base do relacionamento. Deus criou cada ser humano com a capacidade e ao mesmo tempo à necessidade de se relacionar. A base ou fundamento de toda e qualquer relação começa na família. É dentro dela que o ser humano aprende a conversar, compreender, amar, respeitar, obedecer, etc. Enfim a relacionar-se com e como pessoa. Porém é na família que surgem os primeiros problemas de relacionamentos. O enfoque desse trabalho se dá no relacionamento entre pais e filhos, entretanto é na família, no convívio do lar, onde se cria ou acontece esse relacionamento.

1.1.1. Relacionamento e família. O desenvolvimento da vida do ser humano se dá através de seus relacionamentos. O ser humano não pode viver isolado. Para Poujol (2005, p. 29): “Pela família, escola, casamento, profissão, desde o nascimento e até a morte, sua vida desenrola-se num campo social em coexistência com os outros” e a isso chamamos de relacionamento. Paul Lewis falando nesse sentido afirma que: “Dentre as habilidades essenciais da vida, poucas são mais importantes do que saber criar e manter boas amizades. Tanto com Deus quanto com aqueles que convivem conosco, os relacionamentos são a matéria-prima


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para esculpirmos a auto-estima e uma vida feliz. Eles afetam grandemente nosso desenvolvimento pessoal e mantêm firmes os laços familiares”

(Lewis, 2006, p.

29). .

Lewis ainda afirma que tanto estudos sociológicos quanto o bom senso dizem que o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis por parte dos filhos, depende em grande parte do modelo que os pais exibem para eles: como se tratam como marido e mulher, como resolvem conflitos e expressam alegrias, ou seja, dependerá em grande parte do exemplo e do que os pais transmitem aos filhos através das experiências da vida. Schneider-Harpprecht afirma que: “O ser humano é o ser falante que vive a partir da relação com os outros buscando satisfazer suas necessidades de auto-sustentação física, psíquica e social (...) isso move o ser humano a desenvolver sistemas sociais como a família, o Estado, a escola e a Igreja, cuja estrutura e cujas regras o protegem contra a irrupção do caos social, da anomia.” (1998, p.309-310)

Sathler-Rosa (2004, p. 124) chama a atenção para o fato de que “a ênfase é dada aos relacionamentos porque tanto a antropologia bíblica como diversas correntes psicoterápicas contemporâneas reconhecem a importância dos relacionamentos para a formação de personalidades equilibradas”. Entende-se, portanto, que sendo o relacionamento importante e vital na vida e no desenvolvimento da pessoa, cabe destacar que as primeiras formas ou modelos de relacionamento acontecem no seio da família, entre pais e filhos. Toda a vivência do ser humano está relacionada com a família. Para Ramos (1997, p. 39) “A família aparece como o lugar originário e básico da vida humana de cada indivíduo. É nela que ele vem ao mundo, cresce, desenvolve-se, torna-se pessoa adulta, vive, realiza, trabalha, se relaciona, se perpetua e, normalmente morre”. Ramos ainda descreve a família como: “Um grupo de interação mútua, formado pelos diversos membros, cada um em seu lugar e com suas funções características, insubstituíveis e intransferíveis. Todos colaboram com o grupo a partir de si mesmos e nos diversos planos: físico, afetivo, econômico, social, educativo... todos dão e todos recebem. É a família que oferece a ajuda necessária a cada um. Ajuda mútua, com certeza.” (p. 40,41).


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Um sinônimo de família é lar. Pode-se dizer que lar é o lugar de convivência e relacionamento da família. Corrêa (1970, p. 154,5) explica que “lar é um termo de origem latina, que inicialmente designava o lugar na cozinha, onde se acendia o fogo para cozer ou preparar o alimento. Por extensão veio a significar a casa, o domicílio, a família.” Segue ainda destacando que a lareira é um termo derivado de lar usado para designar o lugar onde se acende o fogo para aquecer o ambiente da família, no inverno rigoroso. Os termos lar e lareira dão à idéia de fogo, de lume, de calor e aquecimento, deduzindo então que “o lar deve ser um ambiente de calor humano e divino, de claridade, de amor, de paz, de bem estar e de felicidade!” Lugar onde os integrantes da família se sentem bem e seguros em estar, onde suas carências e necessidades são supridas. Já Paes (2003, p.14) afirma que o “lar é o lugar que Deus planejou para que, ali, as pessoas tenham supridas suas carências emocionais, seja no relacionamento entre homem e mulher ou entre pais e filhos”. O lar é apresentado como um lugar de alegria, de cuidado, de amor e de desenvolvimento físico, emocional e espiritual, onde as pessoas deveriam desenvolver relacionamentos bonitos e saudáveis.

1.1.2. O Relacionamento entre pais e filhos na família. Ramos (p. 39-41) afirma que: “o campo de relações que a família é e cria é fundamental para cada um de seus membros”. Também enfatiza que para as crianças, tanto quanto para os adultos e idosos, a família oferece o quadro elementar e imprescindível de relações para as respectivas realizações humanas. Poujol (2005, p.30) destaca que: “Entrar em contato com nossos semelhantes, ouvilos e conversar com eles é uma necessidade” e que isto já está presente na vida do ser humano desde criança, pois ele afirma: “A criança para poder se desenvolver deve se ligar aos outros”


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chegando a afirmar que “A sobrevivência da criança, e mesmo do adulto depende de seus relacionamentos. Uma criança sem contato humano definha, afunda na psicose e morre.” O primeiro relacionamento da criança começa na família, com seu pai, mãe e irmãos. É dentro da família que aos poucos vai se formando uma estrutura de relacionamentos, que vai servir de base e modelo para toda a sua vida. Conforme é a relação que a criança tem com seus pais é que vai estabelecer o tipo de relação no decorrer da sua vida. Dresher (2005, p. 20-21) chama atenção para o fato de que; “estima-se que, em média, a criança faz quinhentas mil perguntas até os quinze anos. Que privilegio para os pais – meio milhão de oportunidades para comentar alguma coisa sobre o significado da vida.” Ele lembra ainda que os primeiros anos da vida de uma criança devem ser dedicados ao ensino. E que até os quinze anos os pais vão participar da maior parte do aprendizado dos filhos. Até essa idade os filhos já estarão cientes do que seus pais acreditam e quais são os seus valores e caráter. E segundo o autor ainda nesse momento os pais precisam estar disponíveis quando filho os procurar para buscar conselhos e ajuda. Para Osório (1996, p. 21), há uma influência recíproca na relação entre pais e filhos, na qual os pais influenciam o comportamento dos filhos e o comportamento destes também modifica a atitude dos pais. Desde pequena a criança aprende com o modelo que é oferecido a ela. A criança, e o adolescente, tal como os adultos, aprendem “bons” e “maus” comportamentos, observando como outras pessoas agem e o que acontece a elas. Desse modo, por exemplo, pais que freqüentemente se agridem frente a algum problema, mostram aos filhos que a forma de resolver situações de conflito é através da intolerância e agressividade. Se por outro lado, o casal conversa, fala e ouve um ao outro com atenção, se procuram entender as razões pelas quais cada um agiu da forma como agiu, mostrariam aos filhos que para resolver dificuldades pessoais pode-se lançar mão da conversa em lugar de agressão. A forma como, os pais, agem


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quando tem problemas de relacionamentos entre si, irá servir de modelo para que os filhos também venham a agir assim nos seus relacionamentos. Augusto Cury ao falar sobre a importância do exemplo no relacionamento entre pais e filhos destaca para os pais que: “Eles arquivam diariamente os seus comportamentos, sejam eles inteligentes ou estúpidos. Você não percebe, mas eles o estão fotografando a cada instante. O que gera os vínculos inconscientes não é só o que se diz, mas também o que eles vêem. Muitos pais falam coisas maravilhosas para suas crianças, mas tem péssimas reações na frente delas: são intolerantes, agressivos, parciais, dissimulados. Com o tempo cria-se um abismo emocional entre pais e filhos. Pouco afeto, mas muitos atritos e críticas.” (Cury, 2003, p. 23)

Com isso os filhos acabam construindo uma imagem de seus pais que se torna difícil de ser apagada de suas mentes. Mas acima de tudo, essa imagem passada pelos pais, acaba influenciando de tal forma a vida dos filhos que eles aprendem, consciente ou inconscientemente, que essa é a forma para se relacionar com as pessoas de modo geral. Moura, destaca que existem diversos estudos que mostram como o fator ambiente torna-se determinante para o desenvolvimento e adaptação social de uma pessoa. “Hereditariedade e ambiente têm um papel interativo tanto no desenvolvimento saudável da criança, quanto na evolução de problemas emocionais e comportamentais. Entretanto, é o ambiente e, em particular, as interações familiares, que exercem papel fundamental no desenvolvimento e aprendizagem da criança” (Moura 2006, p. 248).

A citada autora afirma que o convívio com os pais que vai determinar as características comportamentais e a forma que a criança vai interagir com outras pessoas. Por isso a forma de agir e se comportar de uma criança sempre tem como base aquilo que ela aprendeu ou viu em alguém, em especial nos seus pais. Sendo que estes, direta ou indiretamente sempre estão influenciando a criança através de suas atitudes, palavras e exemplos.


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1.2. A Realidade dos relacionamentos na família. Dificilmente encontra-se um lar ou uma família que não passa por problemas de relacionamentos envolvendo pais e filhos. A cada ano vários livros sobre o assunto são escritos para tentar auxiliar a melhorar esse relacionamento. Tem aumentado em muito o número de pais que tem procurado psicólogos e conselheiros em busca de uma solução para o problema que enfrentam com os filhos. Para tanto há a necessidade de se entender melhor como anda esse relacionamento dentro do lar.

1.2.1. Pais e filhos um relacionamento de conflitos. Conflitos sempre fizeram parte do relacionamento familiar, entretanto parece que nos dias atuais essa tensão tem aumentado. A família em geral, hoje esta vivendo uma crise de relacionamentos saudáveis, e isto não só entre marido e mulher, mas também e de uma forma intensa, entre pais e filhos. Dentro do contexto da família o relacionamento entre pais e filhos tem sido cada vez mais conturbado e difícil. Não são apenas os pais que se lamentam dos seus filhos. Constantemente os filhos também se queixam dos seus pais, e não raro esse relacionamento conflituoso tem levado para dentro dos lares muita preocupação, dores e sofrimento. Paes chama a atenção para o fato de que há certas áreas em que o ser humano parece regredir. Ele destaca que: “A qualidade da vida emocional das pessoas está piorando a cada dia. Nos relacionamentos interpessoais falta carinho e sobra agressividade, falta compromisso e sobeja infidelidade” (p. 12). Chegando assim a triste constatação de que o caráter das pessoas está enfraquecido, e isso tem-se refletido em todos os seus relacionamentos, e infelizmente, de uma forma cada vez maior entre pais e filhos. O pastor e pedagogo Domingos Mendes Alves, em um artigo na revista lar Cristão, chama atenção para o fato de que o relacionamento entre pais e filhos tem enfrentado crises


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de afetividade e autoridade. Segundo ele: “A crise de afetividade refere-se à ausência de um relacionamento mais intimo, onde o diálogo, a compreensão, o toque, o companheirismo, fazem parte do simples, do natural e do cotidiano da vida” . Já a crise de autoridade tem a ver com a ausência da autoridade dos pais e o estabelecimento de limites para os filhos. “Muitos não conseguem conquistar autoridade paterna, gerando um ambiente de permissividade e desestrutura” (Alves 2003, p. 20). Percebe-se claramente que a grande dificuldade para os pais tem sido o fato de, por um lado, não saber como se aproximar e se tornar mais íntimos, mais amigos dos filhos, e por outro lado até que pontos devem exercer a sua autoridade sobre os filhos sem que isso se transformar em autoritarismo. Paes ainda destaca que: “o relacionamento entre pais e filhos nem sempre é muito amigável. De um lado, muitas vezes estão pais intolerantes, exigentes demais, agressivos e que não dialogam com os filhos; de outro, filhos que não aprenderam o significado do respeito e da obediência.” (p. 119).

1.2.2. Características A família é a base dos relacionamentos, pode-se dizer também a base para o futuro dos filhos. Entretanto a família enfrenta problemas complexos e diversos, que têm afetado a sua estrutura. Uma geração de filhos rebeldes, desobedientes e sem respeito para com os pais e demais pessoas tem-se levantado nos últimos anos. Lares influenciados pela mídia e por uma sociedade que somente valoriza o ter e a busca por poder, fama e dinheiro, parece estar se formando nos dias atuais. Enquanto no outro lado, parece estar uma geração de pais que tem obedecido aos seus filhos ao invés de ter autoridade sobre eles. Paes (p. 107) afirma que “muitos pais estão completamente desorientados quanto à educação de seus filhos. A maioria se vê perdida diante de uma filosofia liberal, que propões uma educação mais aberta sem repressões”.


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Se por um lado vê-se a família como essencial e fundamental para o ser humano desenvolver seus relacionamentos, também é na família que surgem os conflitos, desentendimentos, os primeiros problemas de relacionamento. É na família que os filhos descobrem que há regras, limites, tradições... Que precisam ser respeitadas. Quando isso não acontece, surgem os conflitos no relacionamento entre pais e filhos. Collins (2004, p. 185) afirma que “Criar filhos pode ser uma experiência frustrante, e apesar dos erros e fracassos dos pais, devemos presumir que a maioria realmente quer ser e ter sucesso nessa tarefa.” O citado autor destaca que todas as pessoas foram criadas dentro de uma família, entretanto: “Não se ensinou a pensar na família como um instrumento através do qual as pessoas cooperam, aprendem umas com a outras, se fortalecem mutuamente, e às vezes, erram coletivamente.” Bem pelo contrário o que se vê hoje são famílias, “caracterizadas por conflitos, agressões verbais e físicas, incesto, infidelidade, crises, individualismo egoísta, insensibilidade e instabilidade” (p. 513).

Dobson (2006 p. 49) afirma que: “algumas mães e alguns pais vão para a cama à noite com a cabeça latejando de dor perguntando-se como a experiência de educar filhos se tornou tão exaustivo e enervante”. Muitos pais têm perdido o respeito e a autoridade diante de seus filhos. Enquanto os filhos desorientados e muitas vezes sem saber o que fazer, não obedecem, não honram seus pais e já não os vêem mais como modelos ou exemplos para sua vida. Conforme afirma Paes: “pais e mães estão pedindo socorro porque não tem idéia de como lidar com os filhos. Não sabem se colocam limites ou se dão total liberdade aos filhos” (p. 120). Já Collins chama a atenção para o fato de que: “a criação de filhos faz com que muitos pais se sintam inseguros, sobrecarregados, envolvidos numa disputa, com ciúme, com medo de perder o filho ou com a necessidade de exercer controle autoritário sobre a família. Quando essas necessidade são intensas, ou não são satisfeitas, surgem tensões” (p. 186).

O Dr. James Dobson (p. 53) apresenta uma pesquisa feita por ele mesmo, com 35 mil pais, que mostra que existem três vezes mais crianças geniosas (difíceis de lidar, rebeldes,


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etc.), do que crianças dóceis (compreensivas, respeitosas, etc.); e que: 92 % dos pais sabem que terão um filho difícil de lidar antes que ele complete seu terceiro ano de vida; ressalta ainda que: 74% destas crianças vão se rebelar significativamente na adolescência. Revelando assim que há uma grande chance de que na maioria dos lares haja problemas de relacionamentos entre pais e filhos. Quando se lê na bíblia que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão (Sl 127.4), vê-se que essa parece não ser a realidade de hoje. Para a grande maioria dos pais isso não tem repercutido na prática. Alguns chegam a considerar que antes de ser uma bênção, filho é castigo, pois educá-los tem se tornado algo exaustivo e até estressante. Há pais que depois de observar o comportamento de filhos de amigos acabam chegando à conclusão que o melhor é não ter filhos para não ter problemas ou incomodo. O último Censo do IBGE revelou que, entre 1995 e 2005, na região Sudeste, o percentual de famílias formadas por casais com filhos caiu de 56,6% para 48,5%. Seria uma possível indicação de que hoje no Brasil mais da metade dos casais está optando em não ter filhos? Sendo que muitos desses por acreditarem que tem se tornado muito difícil educar ou filhos, ou eles podem acabar atrapalhando a vida profissional e emocional do casal. Alguns chegam a afirmar que preferem ter um bichinho de estimação ou uma planta ao invés de ter filhos, porque o trabalho é menor e este não se estressam nem incomodam.

1.3 O problema de Relacionamento entre pais e filhos: Algumas Causas e conseqüências.

1.3.1. Causas Quais os motivos que tem levado à tão grande problema de relacionamentos entre pais e filhos? Poderia se afirmar que tais problemas ou desajustes familiares ocorrem por motivos mais diversos tais como: o desrespeito de cada uma das pessoas em relação à outra, a


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ausência de diálogo; a frieza da vida conjugal e a falta de amor, compreensão, afeto, e tudo isso tem contribuído, para a dissolução da estrutura familiar, afetando diretamente os relacionamentos. Muitos pais têm em mente que basta suprir as necessidades físicas dos filhos: alimento, vestes, dinheiro, presentes, etc. enfim dar-lhes uma vida confortável que serão felizes. Mas e quanto às demais necessidades: espirituais, emocionais e morais? E quanto aos princípios, valores, limites e modelos que os filhos precisam para ter um desenvolvimento saudável, e assim buscar por relacionamentos saudáveis com os pais e demais pessoas? Poderia se ainda colocar a culpa na genética, e afirmar que as causas dos problemas de relacionamentos entre pais e filhos são hereditárias. Mas esse trabalho não pretende analisar essa questão, antes visa chamar a atenção para algumas questões práticas do relacionamento do dia a dia de pais e filhos. Seria fácil colocar toda a carga da culpa sobre os filhos e dizer que eles é que tem se tornado desobedientes, desrespeitosos e ingratos para com os pais. Como afirma Paes: “É muito difícil ver os pais refletindo sobre a parcela de culpa que eles mesmos têm no comportamento do filho. Nunca perguntam por que meu filho é tão agressivo? Por que tem uma linguagem tão obscena? Por que é tão desobediente?” (p. 108). Para Moura (p. 253) “Na família, o comportamento de um membro está relacionado com o comportamento de outros membros e assim, se uma criança é considerada desviante, uma explicação do seu desvio se encontra na inter-relação comportamental existente entre os membros da família”. A autora ainda destaca que se uma criança está apresentando problemas, geralmente é porque ela não sabe como enfrentar esse problema e nem como expressar seus sentimentos. Dessa forma ela começa a apresentar um comportamento através do qual busca se adaptar, ou mesmo tentar resolver da melhor forma possível a situação que enfrenta. Sem saber o que fazer, ela tenta afastar as pessoas, por vezes agredindo ou se


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isolando, porque não quer sofrer mais ainda com a situação. Conforme afirma: “As crianças dão sinais comportamentais claros de que alguma coisa está errada com elas ou que algo está incomodando: comem demais, são sensíveis, retraem-se, vão mal na escola, tem explosões e acessos de raiva, agridem irmãos e coleguinhas, tem freqüentes dores de cabeça, de barriga, etc.” (p. 253). Mack (2001, p. 90) lembra que muitos problemas de comportamento e de atitude dos filhos podem ser apenas reflexos de três fatores: problemas pessoais dos próprios pais, problemas conjugais ou descaso quanto às orientações bíblicas para os pais. Moura (p. 149) chama a atenção para o fato de que toda criança segue dois princípios básicos de aprendizagem que são: 1) “aprendizagem por observação de um modelo se comportando”; sendo que esse modelo se dá pela imitação, onde a criança observa e imita um modelo, que podem ser pais, professores e colegas. 2) “aprendizagem pelas conseqüências que o comportamento produz no ambiente ou no comportamento de outras pessoas”. Podendo ser reforçado ou enfraquecido pelos pais, e pelas conseqüências que traz para a criança. Se a conseqüência é física ou algo desagradável, com certeza o comportamento será enfraquecido, mas se produz risos ou satisfação para a criança, ele pode ser fortalecido. Moura também lembra que quando os pais percebem que o filho está tendo problemas de comportamento, na maioria das vezes, “ou os pais estão dando modelo do comportamento inadequado e não estão percebendo, e/ou eles estão valorizando, também sem perceber, o comportamento que querem que o filho deixe de apresentar” (p. 251). O que muito acontece é que os pais por vezes não fornecem o modelo de comportamento que estão exigindo dos filhos, e devido a isso nenhuma correção ou repreensão fará efeito, por que o exemplo fala mais alto do que suas palavras. Para citada autora, “os pais são os principais agentes promotores tanto das dificuldades quanto do bem-estar emocional e comportamental de seus filhos pequenos,


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devido a grande influência que exercem sobre eles neste período de vida” (p. 257). Ao refletir sobre essa questão pretende-se analisar algumas das principais causas que tem contribuído para o surgimento de problemas entre pais e filhos.

1.3.1.1. Pais ausentes Segundo Paes (p. 108), enquanto estudiosos do desenvolvimento e comportamento humano chamam a atenção para o fato de que os pais precisam dedicar mais atenção para seus filhos, muitos pais não vêem isso como essencial. O autor lembra o fato de que hoje os pais estão terceirizando a educação de seus filhos, acha-se que a babá ou a escola, ou ainda a igreja é que deve educá-los. Esquece-se que nos primeiros anos de vida são formados o caráter e a personalidade dos filhos, e que temperamentos precisam ser moldados, bem como limites e respeito precisa ser ensinado. O autor lembra que “pais que não acompanham de perto o desenvolvimento de seus filhos não tem controle sobre as influências a que estão sendo submetidos.” destaca ainda que muitos casais têm tempo para assistir programa prediletos na TV, mas não conseguem dedicar meia hora para brincar e realizar atividades com os filhos. A vida em família não tem sido priorizada, ao passo que nada deveria subtrair dos pais o tempo que devem dar a família. O corre-corre diário que a vida impõe a muitos pais e mães têm levado a família a ter um relacionamento superficial, baseado em poucas palavras porque quase não há mais tempo para sentar e conversar. A falta de comunicação tem afetado toda a relação entre pais e filhos, e com isso todos sofrem. Por outro lado, quando há comunicação, ela se baseia em conflitos, onde os filhos faltam com respeito para com seus pais, e estes por sua vez sentem-se impotentes sobre o que fazer. Para Paes (p. 23) “Casais e filhos muito atarefados vão se tornando cada vez mais ausentes da vida familiar”. Bevere (2002, p.48) chama a atenção para o fato de que “muitos


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lideres de nosso lar, empresa e igreja, estão mais preocupados com seus alvos do que com seus filhos”. Keefauver (2005, p. 34) destaca o fato de que há hoje muitos filhos que por vários motivos cresceram sem a presença, carinho e cuidado dos pais. Segundo ele há “pais que simplesmente não sabem educar seus filhos e jogam essa responsabilidade sobre a igreja, escola, avós, babás e até sobre a televisão”. Jaime Kemp escreve sobre “O incrível poder de um pai”, ressaltando a importância que o pai tem na vida de um filho. Para ele, “no que diz respeito ao impacto e à profunda influência na vida de um filho, sem dúvida, „pai‟ é uma palavra muito poderosa. Seu alcance e sua importância transcendem a infância e se estendem por gerações.” Ele ainda cita que se pode reconhecer esse poder por meio de duas maneiras: 1) “pela observação prática e funcional”. 2) “Pela avaliação do impacto da sua ausência”. No mesmo artigo o citado autor afirma ter chegado à conclusão de que quando um pai é espiritualmente ativo e consagrado a Deus, a chance de que seu filho também venha a ser um homem espiritual é de aproximadamente 70%. Por outro lado se apenas a mãe for cristã, essa porcentagem, segundo ele cai para 15% ou 20% no máximo. Chama ainda atenção o fato da importância do pai no convívio com a família, o autor chega a afirmar que ele crê que “a sobrevivência de qualquer sociedade está intimamente ligada a presença de uma liderança masculina‟. E o fato de que a ausência do pai, talvez seja o desencadeador das mudanças mais radicais na estrutura da família”. O autor ainda cita que: “O Jornal The London Daily Telegraph, em uma matéria sobre a problemática da ausência paterna no lar adverte: „vizinhanças inteiras provavelmente serão dominadas por gangues de jovens delinqüentes nas próximas décadas. Os índices de criminalidade, violência e dependência de drogas poderão assumir proporções epidêmicas. Com a falta dos pais em suas casas, a comunidade de jovens torna-se selvagem‟ ” (Kemp 2002, p. 11).

O fato é que as crianças hoje em dia estão entregues a si mesmas. E os pais ausentes estão ou ainda colherão as conseqüências.


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1.3.1.2. Falta de espiritualidade no lar

Paes chama a atenção para o fato de que na Bíblia, em especial no Antigo Testamento, uma das principais tarefas dadas por Deus aos pais era a de educar e ensinar aos filhos a palavra de Deus (conforme Dt 6:4-9). Entretanto isso está sendo deixado de lado pelos pais. Paes afirma que “a falta de espiritualidade nos lares está desintegrando a família. Não há lugar e nem tempo para a leitura da Bíblia, meditação e oração” (p.109). Collins (p. 179,181), também cita que uma das causas dos problemas enfrentados por pais na criação dos filhos seria “minimizar ou exagerar a importância dos aspectos espirituais”, destacando que mesmo que livros de psicologia quase nunca reconheçam a importância das bases bíblicas para o desenvolvimento das crianças, os escritores bíblicos destacam tal importância. Ele chama atenção para o Salmo 78.1, onde cita que “os filhos devem receber instrução espiritual para aprender a depositar sua fé em Deus, lembrar de sua fidelidade e não se tornarem desobedientes, teimosos ou rebeldes”. Se por um lado a ausência de instrução bíblica é nociva, igualmente nociva será uma doutrinação rígida. Keefauver falando sobre o fato de que pais têm deixado os princípios bíblicos para segundo plano, destaca que em muitas famílias: “O casamento e a educação dos filhos de acordo com os princípios bíblicos perderam seu lugar de importância. Maridos e esposas envolveram-se tanto com seu próprio trabalho, que relegaram um ao outro e os próprios filhos a um segundo plano. Com isso os valores bíblicos não são transmitidos aos filhos, que crescem sem referencial e sem esteio e acabam tomando para si os valores culturais transmitidos pela mídia” (Keefauver 2005, p. 33).

Sobre o assunto a professora Dulce Consuelo Purim, em um artigo no site click Família escreve um artigo sobre o Valor do Culto Doméstico, onde relata: “Essa é a realidade do resultado da enquête feita pelo Ministério OIKOS em seu site (clickfamilia.org.br) sobre: „Na sua família há o hábito de realizar o culto doméstico?‟ Eis os resultados em percentuais: Todos os dias: 12,6% ; uma vez por semana: 9,7%; uma vez por mês: 2,3%; raramente: 34,2%; nunca: 41,3%.É disparado o percentual dos lares que o realizam raramente ou nunca” (Purim,

2008).


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Com certeza tal relato não é apenas a situação daqueles que visitam o site, mas tem sido a grande realidade na maioria dos lares, e também dos que se dizem cristãos, o fato de que Deus e os princípios bíblicos estão ficando em segundo, quando não em ultimo plano na vida familiar. 1.3.1.3. Falta de disciplina e de limites “Filhos precisam ter limites em seu comportamento. Crianças sem limites serão adultos problemáticos” (Paes 2005, p. 110). Entretanto muitos pais não aprenderam, ou não conseguem dizer não aos filhos. Tornam-se permissivos demais, o que leva a criança a achar que todas as suas vontades devem ser feitas, que o choro e a birra são suas armar para conseguir o que desejam, e que os adultos estão ali a serviço dela. Dessa forma irão crescer sem limites e achando que podem fazer tudo o que desejam. Nesse sentido Collins lembra que: “algumas famílias quase não tem regras; isso pode causar confusão, principalmente na cabeça das crianças. Outras têm regras tão rígidas que sufocam o crescimento individual de seus membros” (Collins 2004, p. 516). Ainda segundo o autor o excesso de regras é comum nas famílias cristãs, que por vezes tem regras tão rígidas que impedem a flexibilidade e até o desenvolvimento saudável da pessoa. Nos dias que esse trabalho está sendo realizado, um fato choca o país, quando um jovem faz refém sua ex-namorada e uma amiga, por mais de cem horas, e o caso termina em tragédia com o rapaz matando uma das jovens e ferindo a outra. Algo muito importante foi escrito sobre o caso por uma professora de psicologia, Doutora Maria Isabel Alves, onde numa apresentação elaborada pelo Professor Jorge Pétrus denominado: “O não de Eloá”, a citada autora chama atenção para o fato de que o mundo está carente de pessoas que sabem dizer não, no artigo é descrito assim: Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças (...) Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos (....) Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes não crescem sem saber que o mundo


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não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá (e a vida dá muitos) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias.” (Alves 2008).

1.3.1.4. Necessidades não satisfeitas Necessidades não satisfeitas são outra causa apontada por Collins (2004, p. 180). Segundo ele não há um acordo entre psicólogos referente a lista de necessidades humanas básicas. Mas segurança, aceitação, disciplina, estimulo, são necessárias para o desenvolvimento. Entretanto a maior necessidade seria o amor. Se uma criança é privada do amor, ou outra necessidade não é atendida, seu amadurecimento fica comprometido, e problemas vão surgir. Sentir-se rejeitado é um dos mais terríveis sentimentos de um ser humano. Entretanto há crianças que se sentem rejeitadas pelos pais. Para Paes muitos filhos “não recebem carinho, atenção, demonstração de amor” por parte dos pais, que por sua vez nem imaginam como isso trás conseqüências na personalidade e no caráter de uma criança. “a delinqüência de muitos jovens e adultos se explica no péssimo relacionamento que tiveram com os pais nos primeiros anos de vida”(Paes 2005, p. 110).

1.3.1.5. Influências Paes (2005, p. 110) lembra algumas coisas que influênciam diretamente a vida dos filhos, por exemplo: em muitas famílias a TV tem se tornado uma “babá eletrônica”, filhos passam horas diante dela assistindo a diversos tipos de programas, é isso é um perigo para a educação infantil. Muito dessa programação está trazendo para dentro do lar padrões, conceitos e ideais que não são compatíveis com a vida familiar e com os ensinos bíblicos. Além de influenciar na linguagem e nos costumes, e por induzir a violência, desrespeito, e comportamentos imorais e pecaminosos.


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Collins lembra que geralmente os problemas familiares vem de fora, destacando que por exemplo, “a televisão praticamente acabou com a comunicação em muitos lares, tomou o lugar da convivência familiar e apresenta programas, que quase sempre, mostram uma visão muito negativa da família” (p.518). Paes (p. 111) também fala da “Influencia perigosa dos videogames, da música e da literatura”. Poucos pais param para observar o que seus filhos estão jogando, ouvindo ou até mesmo lendo. Há muito conteúdo satanista, e de ocultismo, outros que incitam a violência e até uso de drogas, que criam fantasias na mente das crianças levando a comportamentos agressivos e errados. Há ainda as influências físicas, como doenças graves ou prolongadas, hospitalizações, cirurgias, etc. que geram sentimentos como ansiedade, retraimento, ressentimento em relação aos pais, medo e outras reações psicológicas. Se “enfrentar uma doença é difícil para qualquer um, mas é particularmente difícil para uma criança.” (Collins 2004, p. 180).

1.3.1.6. Traumas psicológicos Collins também destaca como outra causa os maus tratos psicológicos. Há pais que talvez nunca machuquem fisicamente os filhos, mas abusam deles psicologicamente. Em muitos lares filhos, tem sido rejeitados, criticados em excesso, humilhados, ameaçados, nunca recebendo amor, o que os leva a terem problemas pessoais ou ainda comportamentos que irritam seus pais. Segundo ele “especialistas em desenvolvimento infantil tem alertado para efeitos nocivos da superproteção, da permissividade excessiva, do rigor exagerado e excesso de preocupação com detalhes mínimos” (Collins 2004, p. 180) gerando assim ansiedade e insegurança nas crianças.


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Ele lembra ainda que talvez os pais não façam isso intencionalmente, mas por sentirem-se confusos ou oprimidos pelo comportamento dos filhos, não percebem as necessidades dos filhos e não sabem como agir. Dobson (2006. p. 89) lembra que “A tentativa de controlar as crianças usando demonstração de raiva e explosões verbais é a abordagem menos eficaz á educação, além de não funcionar, ela ainda piora as coisas... infelizmente, a maioria dos adultos quando frustrados adota justamente essa abordagem para educar filhos.” Instabilidades no lar também provocam problemas no relacionamento pais e filhos. Toda criança precisa de um lar onde haja respeito, carinho, afeto, harmonia, e modelos sadios para seguir, para ter um desenvolvimento sadio. Segundo Collins (p. 180) quando os pais não sabem lidar com os problemas, seja no trabalho e na relação matrimonial, faz com que os filhos se sintam ansiosos, culpados e irritados. Por vezes ainda sentem-se esquecidos, vivem com medo de serem abandonados, física ou psicologicamente, ou precisam tomar partido do pai ou da mãe. Isso leva os filhos a terem um mau comportamento, mais como um grito de socorro, que indica problemas no lar, do que realmente ser uma criança desobediente ou rebelde.

1.3.2. Conseqüências Para Collins (p. 182) “quando ocorrem problemas entre pais e filhos, isso pode influenciar os dois lados e às vezes gerar patologias infantis”. Conforme o autor citado, tais problemas trazem efeitos nocivos tanto sobre os pais bem como sobre as crianças. Ele cita que os pais geralmente acreditam que os problemas com os filhos são devido a sua incompetência na missão de pais, gerando assim frustrações, briga entre o casal, raiva para com a criança, além de sentimento de culpa, medo do futuro e até tentativas frenéticas de mostrar autoridade com o desejo de reassumir o controle. Lembra ainda que muitos pais simplesmente sentem-se incapazes de fazer algo e se limitam a assistir a rebeldia dos filhos.


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Entretanto quando a isso, Dobson lembra que “A criança cujos pais nunca tomam rédeas com firmeza está sendo privada da compreensão correta da autoridade de sua mãe ou de seu pai. Isso também impede que ela compreenda outras formas de autoridade com as quais terá contato quando sair da segurança de seu casulo permissivo” (p.48). Em relação às crianças, conforme destaca Collins (p. 182,183), as conseqüências são muito mais sérias e prejudiciais. Ele lembra que “se a relação entre pais e filhos é problemática, os filhos ás vezes agem de modo semelhante aos pais, e podem ocorrer raiva, hostilidade em relação aos pais ou outros membros da família, culpa e medo.” Enquanto os pais têm a capacidade de se expressar verbalmente, a criança tem outras formas de expressões, como “acessos de raiva, rebeldia, baixo desempenho na escola, delinqüência, brigas, tolices, choro excessivo e outros comportamentos” que são usados com o objetivo de chamar a atenção, como uma forma de dizer: “Preste atenção em mim. Também estou sofrendo!” O citado autor também lembra que por vezes a criança tem medo de dizer o que sente, e procura negar a realidade, mas no intimo sente que é um fracasso total. Isso pode se transforma em semente da inferioridade e da baixa auto-estima, que podem surgir mais tarde na vida. Collins também chama a atenção para o fato de que os problemas de relacionamentos entre pais e filhos também podem ter como conseqüências

“efeitos patológicos”. Que

segundo ele são: 1) transtornos psicofisiológicos, como asma, úlceras, enurese noturna e dores de cabeça. Que podem ter causas físicas, mas também ser uma reação psicológica ao “alto nível de estresse, disciplina severa, desapontamentos, perda de membros da família ou uma relação mãe-filho sufocante”. 2) transtornos de desenvolvimento. Pressões familiares podem retardar o desenvolvimento oral, motor, social, cognitivo e outras habilidades da criança. 3) Transtornos psiconeuróticos, como ansiedade, medos irracionais, reações de culpa exageradas, distúrbios do sono, distúrbios alimentares e comportamentos compulsivos,


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segundo Collins, podem ser pistas de que alguma coisa está perturbando a criança, gerando nela conflitos internos. 4) transtornos de personalidade. Por vezes a criança nem apresente nenhum conflito ou ansiedade, “mas desenvolve uma personalidade hipersensível, excessivamente retraída, isolada, independente demais ou desconfiada” como reflexo de uma tensão interior. 5) Sociopatias e delinqüência. Quando a criança e frustrada no ambiente em que vive, pode reagir com acessos de raiva, delinqüência, e comportamento agressivo ou sexualmente impulsivo. Ela reage a frustração atacando os outros. 6) Depressão infantil. Collins cita que a depressão infantil tem sido mais perceptível nos últimos anos. E que “crianças deprimidas geralmente se retraem, perdem o apetite, são apáticas, queixam-se de problemas físicos, chegando a fugir de casa, ou mostram-se mal-humoradas, agressivas ou paradas” (p. 183). 7) Dificuldades de aprendizagem, também são lembradas por Collins, por vezes não como resultados de pouca inteligência, mas por vezes por serem muitos criticas ou pressionadas pelos pais, prejudicando assim sua auto-imagem e dificuldades de aprendizado.


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II. O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS NA BÍBLIA. Neste capítulo pretende-se apresentar algumas bases bíblicas e teológicas do relacionamento entre pais e filhos.

2.1. Relacionamentos na Bíblia Solonca (2005, p.23) afirma que “Deus é um ser que sempre priorizou relacionamentos”, tanto que como Deus, Ele não é apenas uma pessoa, mas se apresenta como Deus Trino: Pai, Filho e Espírito Santo (Gn 1:26). Ao criar o homem ele viu a necessidade de que este tivesse uma auxiliadora (Gn 2:18-20). Após a formação do casal, cada dia o Senhor Deus passeava pelo jardim e conversava como o homem e a mulher (Gn 3:8-10). Ao proferir a primeira bênção sobre eles disse: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitaia...” Gn 1:28, formando ou dando início ali a família e com ela o relacionamento familiar. Mas ao mesmo tempo esse Deus, deseja que o ser humano, a quem ele criou a sua imagem e semelhança aprenda a viver intensamente e plenamente em seus relacionamentos. Como o ser humano foi criado por um Deus que sempre deu prioridade aos relacionamentos, se entende que Deus criou a família para ser a base dos relacionamentos tanto para o homem e a mulher bem como para os pais e os filhos. Segundo Paes (p.14) “Não há ser humano que consiga viver bem sem cultivar boas relações afetivas. E o lar é o lugar que Deus planejou para que ali as pessoas tenham supridas suas carências emocionais, seja no relacionamento entre homens e mulheres e entre pais e filhos”. Deus, ao criar a família, mostrou desde o início que há regras (mandamentos) que precisam ser respeitadas: “E lhes deu esta ordem: de toda a arvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás” (Gn 2:16-17a), bem como mostrou as conseqüências da quebra destas regras: “porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:17b). Foi a desobediência a regra dada por Deus que


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trouxe conseqüências desastrosas, uma quebra no relacionamento entre o homem e sua mulher entre o ser humano com Deus, entre o ser humano consigo mesmo, e com a natureza, e como conseqüência afetou também o futuro relacionamento entre pais e filhos. Poujol (2005, p.25) destaca que: “As Escrituras descrevem o ser humano como um feixe de relações, de um lado com Deus e, de outro, com os outros homens, „seus semelhantes‟” e que com a queda do ser humano no pecado, tanto a relação com Deus foi corrompida, como a relação com os outros seres humanos foi deteriorada.

2.2. Pais e Filhos na bíblia “E Deus os abençoou e disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a ...” Gn 1.28. A Bíblia por diversas vezes nos apresenta Deus como Pai, que sempre desejou ter um relacionamento belo e maravilhoso com seus filhos, os seres humanos. Ao criar a família desejou que seus membros vivessem relacionamentos plenos, de satisfação, amor, compreensão e carinho, respeito e dedicação de um para com o outro. Mas ao mesmo tempo sabia que tal relacionamento não seria fácil. O próprio ser humano se tornou rebelde e desobediente em seu relacionamento com o Pai Celestial. E nesta quebra de relacionamento entre os seres humanos para com Deus, trouxe conseqüências nos relacionamentos do ser humano com seus filhos, fatos este que permeiam por toda a Bíblia.

2.2.1. No Antigo Testamento Quando se refere à família no Antigo Testamento, o escritor Federico Pastor Ramos, afirma que nos tempos patriarcais a família tinha uma estrutura que incluía três gerações: pais/patriarcas, filhos e netos, com suas esposas, e outros parentes como sobrinhos e sobrinhas sem família própria, além de servos e escravos, vivendo quase como se fosse um clã. Ele


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destaca que todas essas pessoas viviam juntas, trabalhando, ajudando e defendendo-se mutuamente. Nela predominava os laços da autoridade, onde o pai, ou patriarca era o chefe sobre todos, respeitado e temido. O citado autor destaca que: “A família, especialmente naqueles tempos antigos, era uma unidade de trabalho. Aparecem os filhos e parentes cuidando dos bens familiares, sobretudo rebanhos, que o pai administra e aumenta. Caso típico é o de Jacó em Gn 30:25s” (Ramos 1997, p. 14). Nessa família lembra o autor, “os pais tem uma importância total, especialmente o pai... trata-se do domínio quase absoluto do pai sobre seus filhos e demais membros da família... a família se conhece como casa de... (Abraão, Saul, Davi, etc. ) ela é quase sua propriedade privada” (p. 24). Naquela época a paternidade era vista como cuidado domínio, atenção, responsabilidade, onde o pai cumpria diversas tarefas, desde, protegê-la dos inimigos, como cuidar e organizar o casamento dos filhos (Gn 14 e 24). “O pai é o protagonista principal da família... já a mãe é aquela que dá a vida... ser mãe é o melhor que pode ser uma mulher no Antigo Testamento” (p. 25). A mãe ainda, segundo Ramos, é aquela que demonstra amor e dedicação pelos filhos. Por fim ele ainda lembra que “os pais são fonte de segurança e proteção para os filhos. Ser órfão é uma das maiores desgraças que podem acontecer a um ser humano e uma das ameaças ou castigos que aparecem (Ex 22.23; Sl 109:9, Is 9:16; Jo 14:18)” (, p. 26). Segundo o citado autor, os filhos são abundantes na família bíblica, quanto mais filhos, mais forte e rica será a família, com mais membros para trabalhar e defender. Eles são como sinal e garantia do futuro e sinal de proteção e bênçãos divinas. São vistos como: “Herança do Senhor, sua recompensa” (Sl 127.3), “rebentos de oliveira” (Sl 128.3) “plantas florescentes e colunas bem talhadas” (Sl 144.12); ou ainda, como sinal e realização do favor de Deus (Dt 28.11). Ter muitos filhos era algo bom. Basta ver a alegria com que os pais recebiam cada filho – sobretudo se fosse varão (Gn 21:6-8). Já a preocupação e tristeza por


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não ter filhos, como o caso de Abraão (Gn 15:2-3) traz muito sofrimento, visto como castigo de Deus pelos judeus. A esterilidade é vista como uma maldição. Entretanto a Bíblia também destaca que os filhos trazem preocupações e cuidados (Pv 10:1; 23:24; 27:11). Nos Salmos a Palavra de Deus ensina que: “Herança do Senhor são os filhos; o fruto de ventre o seu galardão. Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava” Salmo 127.3-5. Dando a idéia de que filho é uma herança, um galardão, e que ter muitos filhos, é ter felicidade dentro do lar. Collins chama a atenção para o fato de que depois de criar homem e mulher Deus deu a ordem a Adão e Eva que fossem frutíferos e tivessem muitos filhos. “Ao contrário da maioria das ordenanças divinas, esta foi obedecida e o mundo logo se encheu de pessoas. Nos tempos do antigo testamento ter uma família numerosa era considerado, uma bênção especial de Deus, e não ter filhos era uma vergonha” ( p. 177). Para Ramos a relação entre pais e filhos é uma coisa natural e instintiva, principalmente porque um pai podia ter várias mulheres e numerosos filhos. Por isso “A atenção e contatos eram mais gerais, centrados na alimentação e proteção, e muito menos na afetividade e ternura, o que não quer dizer que elas não existam” (Ramos 1997, p. 28). Ali o pai era visto como o senhor dos filhos, “ele manda e eles têm que obedecer”. Por isso a relação de autoridade é bastante clara. Já em relação aos filhos “insiste-se muito nas obrigações dos filhos para com os pais, resumidas no „honra teu pai e tua mãe‟ de Ex 20:12; Lv 19:3; Dt 5:16. obrigações que também aparecem em outros livros como Pv 1:8; 6:20; Ef 6:1-3: Cl 3:20-21” (Ramos p. 28). Onde conforme o autor, o que deve predominar é a obediência para com os pais, e a falta de respeito para com estes é censurada e condenada energicamente (Ex. 21:15-17; Pv 30:11) sendo que a lei previa nada menos do que a morte para o filho que viesse a amaldiçoar seu pai ou mãe (Lv 20:9), sendo a mesma punição dada para o filho rebelde (Dt 21:18-21). Segundo


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Ramos os filhos respondiam com obediência e respeito a seus pais , pois isso era algo básico na sociedade hierárquica que viviam. “A obediência: é o tema mais usado partindo da bíblia. O Honrar pai e mãe se concretizam, sobretudo em cuidar deles” (p. 147). Lembrando ainda que, a honra e obediência devida aos pais, criavam relações boas e harmoniosas para todos. Em Relação à educação dos filhos Ramos destaca que prevalece a dureza e a severidade, lembra que muitos textos bíblicos aconselham o uso de castigos físicos, e que a vara para corrigir o filho não é mera metáfora na bíblia, sendo que textos como Pv 13.24; 23.13-14; 29.15-17; dão exemplos disso. Segundo a autora na visão dos pais do Antigo Testamento “educar é poder orgulhar-se do filho, e evitar que seja um objeto de futura vergonha para o pai” (p.30). Foram diversos os pais que tiveram problemas de relacionamento com os filhos: Noé proferiu bênçãos, mas também maldições sobre um dos seus filhos (Gn 9.20-27). Eli, sacerdote, não soube educar os filhos no caminho do Senhor, tornaram rebeldes e desobedientes ao pai e também em relação a Deus, e isto lhes custou à vida (1 Sm 22). Davi teve problemas com seus filhos Amnom e com Absalão em especial, por ser um pai ausente, e sofreu terríveis conseqüências por isso, inclusive a morte de ambos os filhos (2 Sm 13; 15).

2.2.2. No Novo Testamento Em relação ao Novo Testamento os evangelhos estão cheios de traços familiares e de relacionamentos envolvendo toda a família e por diversas vezes pais e filhos. Por diversas vezes encontra-se texto de pais que estão preocupados com a enfermidade dos filhos, como é o caso de um pai que traz seu filho possesso de demônio (Mc 9.14-29); Jairo que clama para que Jesus vá até sua casa para curar sua filha (Mc 5.22s); a mulher cananéia que suplica incansavelmente atrás de Jesus pela sua filha (Mt 15.21-28); a viúva de Naim que chora pela morte do filho a quem Jesus ressuscita (Lc 7.11-15) e diversos outros.


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Ramos (p. 71) lembra que Jesus em seus ensinamentos utilizava histórias envolvendo famílias, inclusive problemas de relacionamentos entre pais e filhos, para transmitir sua mensagem e lições para o povo, como é o caso da parábola do filho Pródigo que resolve sair da casa do pai, por achar que a vida longe dali deveria ser melhor, mas que um dia descobre que no lar do pai ele tinha tudo o que precisava (Lc 15.11-32); a parábola dos dois filhos, onde os filhos reagem de forma diferente da ordem recebida do pai (Mt 21. 28-31); ou ainda a história dos descaso dos filhos em relação ao cuidado para com seus pais, que afirmavam que estavam ofertando a Deus e por isso não podiam auxiliar os pais (Mc 7.10-13). No Novo testamento é dada uma importância maior aos deveres dos filhos, pois com certeza aquela educação mais rígida do tempo dos patriarcas bíblicos, deu lugar a uma educação mais suave, mais baseada no amor, na conversa e na orientação. Mas ao mesmo tempo isso não quer dizer que os pais tenham menos obrigações ou deveres. Segundo Ramos (p.142) “é precisamente nas relações pais-filhos que aparecem mais claramente temas como a obediência, educação, cuidado, responsabilidade, etc”. O mandamento dado aos filhos no Antigo Testamento, “Honra a teu pai e tua mãe” (ex 20.12), no Novo Testamento não apenas é repetido por diversas vezes (Mt 15.4; 19.19; Ef 6.2), mas ao mesmo tempo ampliado conforme Ef 6.1-3. Ao mesmo tempo também é acrescentado deveres aos pais conforme Ef 6.4. Keener (2004, p. 573) destaca que muitos dos escritores judeus acreditavam que honrar os pais era o mandamento mais importante. Ele ainda lembra que os filhos eram frequentemente ensinados através de surras, que seguiam um padrão na criação e educação dos filhos. Os pais eram considerados responsáveis pela educação dos filhos. Quanto a isso na visão do comentarista, o Apóstolo Paulo fazia parte de uma minoria de escritores antigos que desaprovava uma disciplina excessiva, referindo-se a Efésios 6.4.


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III – FORTALECENDO O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS ATRAVÉS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO. Esse capítulo visa trabalhar como o Aconselhamento cristão, sua utilidade e aplicação no relacionamento entre pais e filhos afim de que a família possa viver num contexto de harmonia, respeito, amor e compreensão, para que possam desenvolver relacionamentos saudáveis e funcionais.

3.1. O Aconselhamento cristão no Relacionamento pais e filhos. O Objetivo deste capítulo será trabalhar um projeto de Aconselhamento que visa fortalecer e estreitar os laços do relacionamento entre pais e filhos. Muitas pessoas, ainda têm certas reservas quanto à busca de aconselhamento para o seu problema familiar. Será necessário abordar o aconselhamento cristão, olhando um pouco para sua origem, bem como porque e como pode ser útil no relacionamento entre pais e filhos.

3.1.1. Origem do Aconselhamento Pastoral. Segundo Schneider-Harpprecht, Aconselhamento Pastoral vem do inglês „pastoral counseling‟, e tal termo para muitos restringe a idéia de que o aconselhamento seria apenas uma atividade do pastor. Por isso o autor junta a este termo a palavra „poimênica‟ (do grego poimen) a qual o autor define como “o ministério de ajuda da comunidade cristã para os seus membros e para outras pessoas que a procuram na área da saúde através da convivência diária no contexto da igreja” enquanto que aconselhamento pastoral é definido como “uma dimensão da poimênica que procura ajudar através da conversação e outras formas de comunicação metodologicamente refletidas” (Schneider-Harpprecht p. 291-2). Para o autor, esse aconselhamento acontece sempre quando as pessoas convivem, participam e comunicamse sobre as dificuldades no grupo familiar, no trabalho, na igreja, ou seja, nas diferentes


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relações sociais. A sua base social é a convivência no contexto da igreja e é uma dimensão da Koinonia, ou comunhão. Para o citado autor o objetivo do aconselhamento pastoral é “descobrir com as pessoas em diferentes situações da sua vida e especialmente em conflitos e crises, o significado concreto da liberdade cristã dos pecadores cujo direito de viver e cuja autoaceitação vêm da graça de Deus.” Mas também tem como objetivo ajudar as pessoas a viver de maneira consciente e adulta a sua relação com Deus, consigo mesmas e com o próximo. Ele ainda lembra que “o aconselhamento pastoral lida com processos de mudança de identidade, de posturas, pensamentos, sentimentos, relações interpessoais que se refletem no comportamento das pessoas” (p. 293). No Antigo Testamento (AT) o aconselhamento estava mais centrado na luta do ser humano em resgatar o seu relacionamento com Deus. Como a antropologia do AT não separava mente, alma e corpo, mas entendia o ser humano de maneira integral e relacional acreditavam que as perturbações em relação a Deus afetavam o ser humano todo. No AT o aconselhamento era feito por sacerdotes, anciãos, juizes, profetas, mas em primeiro lugar por homens sábios do povo, que como pais transmitiam conselhos de sabedoria para os seus filhos (Pv 4). No Novo Testamento (NT) o autor lembra que se segue uma prática que integra cura espiritual e física, aconselhamento, culto, interpretação das leis divinas e da sabedoria popular. Jesus se apresentou para os pobres e pecadores como aquele que veio para ser o reconciliador entre Deus e os seres humanos, oferecendo-lhes amor, perdão e valorização. E estas passaram a entenderem-se como pessoas que vivem desse amor e perdão de Deus por meio de Jesus. Isto continua sendo um ponto central do aconselhamento cristão até os dias de hoje (p. 296).


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A palavra paraclesis (admoestação, consolação) tornou-se o conceito chave para o aconselhamento no NT e seu fundamento é a misericórdia de Deus que justifica o pecador (Rm 12.1). “A paraclesis desafia os crentes a realizar uma identificação com Jesus Cristo que os fortalece, lhes dá paciência e esperança (2 Co 1.6s.). Ela serve para a edificação do corpo de Cristo” (p. 297). O apóstolo Paulo a usa para significar a oferta da salvação através da relação com Cristo que a pregação do evangelho leva até as pessoas. No NT todos os cristãos são os agentes do aconselhamento, e a cura depende da qualidade espiritual da pessoa. Segundo ainda Schneider-Harpprecht, o Pietismo foi quem desenvolveu a forma de aconselhamento onde pela primeira vez, surgiu a conversação livre, a pessoa podia falar de seus problemas independente da situação de penitencia. Sendo caracterizado pela fé pessoal, nas experiências de conversão e na santificação. Surgiram capelães hospitalares que visitavam e acompanhavam doentes, mas visando apenas a conversão, sem levar em conta a sua situação física, familiar e social. Somente com o racionalismo, é que o aconselhamento “rompeu essa tradição, entendendo a conversação pastoral como diálogo entre amigos em que o pastor tinha a tarefa de animar pessoas, procurar melhorá-las moralmente, consolá-las e fornecer ajuda concreta através de conhecimentos de medicina e psicologia” (p.301). A partir dos anos de 1920 e 1930, surgiu nos Estados Unidos, através de uma cooperação de pastores e médicos, o “movimento da Clinica pastoral”, que visava aconselhamento terapêutico e uma formação clinica de teólogos. Já nos anos de 1960 na Europa houve uma união desse movimento com a psicologia pastoral que segundo o autor “promoveu a recepção de conhecimentos psicológicos e psicoterápicos no aconselhamento” e hoje encontra-se em diversos paises um sistema de formação clinica e teórica para obreiros da igreja em aconselhamento pastoral o qual “começa a deixar marcas na formação teológica em algumas igrejas evangélicas da América latina” (p. 302)


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O citado autor também chama a atenção para o fato de que muitos autores evangelicais tem tido uma tendência de usar a psicologia para realizar um aconselhamento mais efetivo. Citando Gary Collins, que desta que o “„alvo ulterior e abrangente‟ do aconselhamento é „a evangelização e o discipulado‟, que os indivíduos tenham „vida em abundância‟ na terra e „a vida eterna prometida aos crentes. Que procura integrar a psicologia moderna e o cristianismo bíblico” (p. 304,5). Segundo o autor tal aconselhamento visa autocompreensão, comunicação, aprendizado, e modificação de comportamento, autorealização e apoio. Sendo que para os não crentes serve como uma pré-evangelização, para os que sofrem, uma ajuda para reconhecer atitudes prejudiciais inconcientes, e aprender recursos para enfrentar as crises. Sendo que este modelo de aconselhamento pastoral integra-se a uma visão de uma comunidade terapêutica de obreiros e leigos engajados, com o objetivo de “oferecer apoio aos membros, cura aos indivíduos perturbados e orientação quando as pessoas tomam decisões e seguem em direção a maturidade” (p. 305).

3.1.2. Aconselhamento na família. Segundo Collins, Deus em sua infinita sabedoria, decidiu confiar vidas indefesas aos cuidados de adultos, que tem pouca ou por vezes nenhuma experiência em como educar crianças ou enfrentar os desafios que a educação delas exige. O Aconselhamento cristão pode ser muito útil nessa área oferecendo orientações e ajudando a encontrar possíveis soluções. Para Collins “O aconselhamento familiar existe para melhorar o funcionamento de famílias problemáticas, ensinando-as a lidar com as fontes de estresse e a construir relacionamentos familiares saudáveis” (p. 514). Esse trabalho de aconselhamento até pode ser realizado com as crianças. Mas segundo afirma o citado autor, é mais comum que os pais procurem ajuda, e a criança venha mais tarde, com ou sem eles. Também é mais comum que as orientações e auxilio se dê


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através dos pais. “Esta tarefa envolve dar encorajamento, fornecer informações, conselhos, prestar esclarecimentos, apoio ou outro tipo de parecer que possa ajudar a criança de uma forma indireta através dos pais” (p. 176). Usa-se a orientação aos pais por se reconhecer que estes têm maior capacidade de influenciar profundamente a criança, o que talvez nenhum conselheiro consiga diretamente com elas. Entende-se também que haverá uma colaboração entre pais e conselheiros, pois todos têm o mesmo objetivo que é ajudar no bem estar e amadurecimento da criança. É importante também conhecer bem os pais, porque muitas vezes, os problemas podem estar neles, como foi visto em capitulo anterior, entretanto não se deve criticá-los, mas precisa-se ajudar toda a família a funcionar melhor, para que assim a criança também seja ajudada. Ainda segundo Collins, alguém afirmou certa vez que “um bom pai é o melhor conselheiro que uma criança pode ter” por isso ensinar aos pais a ajudar seus filhos, pode ser uma das melhores formas de mudar ou moldar o comportamento da criança (p. 186).

3.1.3. Desafios do Aconselhamento com pais e filhos. Todo o trabalho envolvendo pessoas passa por desafios, que precisam ser vencidos. No relacionamento entre pais e filhos com certeza também há alguns desafios que podem interferir para que o projeto de aconselhamento possa dar certo. Aqui se pretende apresentar pelo menos três desafios, ou mitos, que se tem percebido, principalmente dentro do contexto da igreja.

3.1.3.1. Lembrar que não é o conselheiro que resolve o problema Talvez um dos maiores desafios do aconselhamento seja o fato de que se espera que o conselheiro seja aquele, que cura, que salva, que resolve o problema, que ele é quem vai suprir as necessidade de todo o mundo. Por vezes o próprio conselheiro se sente nessa


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situação de achar que ele resolve, e na maioria das vezes as pessoas que chegam com o problema também esperam que ele tenha um conselho ou formula mágica que resolverá de cara o problema. Pais e mães costumam chegar ao conselheiro e pedir: “O que eu devo fazer porque meu filho faz isso ou aquilo?” Ou ainda: “Será que o senhor poderia resolver o meu problema?” Por isso é importante lembrar que mesmo que a palavra possa sugerir, mas na verdade o conselheiro não dá conselhos, como faça isso ou aquilo, mas seu objetivo e fazer a pessoa pensar e descobrir por si mesma a solução para o seu problema.

3.1.3.2. Mito de que cristão não pode ter problemas na família Em muitas famílias e igrejas se instalou um mito de que o cristão, não pode passar por problemas, muito menos ter uma família problemática, pois isso demonstraria falta de fé e consagração para com Deus ou então sinal de pecado. Entretanto a realidade é que milhares de famílias cristãs têm enfrentando graves e difíceis problemas diversos, principalmente em seus relacionamentos, mas isso tem sido abafado ou escondido devido ao mito que se criou. Quando se olha para a palavra de Deus percebe-se que até as famílias mais consagradas enfrentavam problemas, tinham crises, cometiam erros, tinham problemas em relação aos filhos, e em diversas áreas da vida familiar. Entretanto ainda assim, é um desafio em muitas igrejas, e para muitos cristãos, expor suas lutas, crises e problemas conjugais e em relação aos filhos, ou ainda buscar aconselhamento para o seu problema.

3.1.3.3. Família não apresenta seus reais problemas Muitas famílias geralmente não gostam de demonstrar que estão enfrentando problemas de relacionamentos. Procura-se esconder dos amigos, vizinhos, do pastor, da igreja


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porque temem ser confrontadas ou que seus problemas se tornam públicos. Por vezes esses problemas são tão bem escondidos das demais pessoas, entretanto as pressões e crises se evidenciam na privacidade do lar. Isso geralmente gera uma crise que atinge a todos os integrantes da família. Entretanto chega um momento que a crise se torna tão insuportável que ela acaba estourando em ou outro ponto. Collins lembra a teoria de Platão, de que as crianças recém nascidas se comunicam através de gritos e choro, e lembra que dá mesma forma crianças mais velha e até adultos também podem se comunicar através de comportamentos estranhos ou anti-sociais. O autor cita que problemas de alcoolismo, agressividade por parte dos pais, filhos fugindo de casa, ou rebeldes e incontroláveis podem ser sinais de instabilidades no lar (p. 518). Por isso torna-se um desafio para o conselheiro saber se o problema que a família diz ter é realmente o problema pelo qual está passando, e se o problema realmente reside na pessoa a que ele é imputado. Por isso é necessário analisar todo o problema dentro de um contexto, e em vez de trabalhar com uma pessoa apenas por vezes é necessário trabalhar com toda a família, e ao invés de lidar com um problema apenas, pode-se estar lidando com vários. Faz-se também necessário que o conselheiro parta do princípio que o problema de um individuo nunca ocorre isoladamente. Muitos por medo, ou por vergonha de estarem enfrentando um problema com os filhos, acabam por não buscar ajuda. Às vezes também são ameaças, controle e manipulação de um dos membros da família, que impedem que os envolvidos falem a respeito de seus problemas, e pode acontecer de famílias conviverem a vida toda com um problema, sem que esse venha a se revelado, ou então procurar ajuda. E por vezes a única forma de chegar a esse problema pode ser falando sobre isso na igreja.


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3.2. Propostas para o fortalecimento do relacionamento entre pais e filhos através do aconselhamento.

3.2.1. A Igreja como Instrumento de Aconselhamento Segundo afirma Sathler-Rosa “há algumas formas de atuação pastoral que podem ajudar as famílias a desenvolverem melhores relacionamentos” (p.124). Para ele melhores relacionamentos devem promover “auto-respeito, respeito mútuo, a capacidade para enfrentar situações de crises, a responsabilidade social e o testemunho da fé cristã”. E é nesse ponto que a igreja, através de seus ministérios, tem grandes oportunidade de influenciar de forma positiva e duradoura os membros das famílias que participam das atividades da comunidade. A igreja, ou pessoas envolvidas nela, precisam oferecer também a sua cooperação.

3.2.1.1. Aconselhamento na Igreja. Segundo a bíblia, foi o próprio Jesus que pela primeira vez mencionou a palavra Igreja. E conforme afirma Collins, foi a Igreja que deu continuidade ao ministério de Jesus, de ensino, evangelização, ministração e aconselhamento. Sendo que tais tarefas eram realizadas por cristãos comuns que compartilhavam e cuidavam um dos outros. O livro de Atos bem como as Epistolas ensinam que um dos ministérios da igreja era também ser uma comunidade terapêutica. “Comunidades terapêuticas são grupos de pessoas que se caracterizam por um profundo compromisso entre seus membros e por um interesse comum na cura de males psicológicos, comportamentais ou espirituais” (Collins p. 21). É função da igreja, dar apoio aos abatidos, curar doentes, e orientar pessoas nas difíceis decisões da vida. Segundo ainda o citado autor, os cristãos que se reúnem como igreja, devem projetar sua atenção em três direções: 1) para o alto: adoração a Deus; 2) para fora: evangelização; e 3) para dentro: através do ensino , comunhão e assistência mútua (p.


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22). Talvez esse último, tenha sido o mais negligenciado pela igreja atual, onde se dá tanto valor a adoração, fala-se tanto em evangelização (essenciais sim), mas por vezes se esquece da outra importante tarefa que Jesus deixou para a igreja: levar as cargas uns dos outros, ou seja, o auxilio, o ensino, a comunhão e o aconselhamento para ajudar as pessoas a enfrentar suas crises e problemas que mais afligem os cristãos, e impedem que possam adorar, evangelizar, e viver plenamente. Collins ainda afirma que a função da igreja é “cuidar dos necessitados, receber os recém-chegados, fazer o bem a todos, curar os feridos de alma, perdoar os arrependidos, consolar os que choram, dar apoio aos fracos e levar a todos as boas novas de Jesus” (p. 60). È através da igreja que se tem acesso a família, pois geralmente esta é composta de famílias. Muitas famílias dentro da igreja estão enfrentando problemas diversos, mas é do consenso de vários autores que um dos problemas que mais tem afetado as famílias é em relação à criação e educação de filhos, que cada dia parece estar se tornando mais difícil e complicado. Também é para pessoas da igreja que geralmente famílias se abrem e contam seus problemas, crises e conflitos, e queira ou não os conflitos enfrentados pela família acabam por afetar toda a igreja. Através da igreja pretende-se trabalhar através de palestras, curso e mesmo do púlpito, com pais e filhos as bases para os relacionamentos familiares, como questões espirituais, emocionais, e morais, que levam à relacionamentos saudáveis e como aplicá-las. A igreja deve estar atenta a temas que fazem parte do cotidiano da vida das famílias e tratar de assuntos essenciais para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis. Temas como: relacionamento na família; atitudes da família em relação ao consumismo financeiro, ou aos programas da TV, as drogas, ao sexo livre, etc; a comunicação em família, a importância do culto doméstico, do exemplo, do respeito dentro do lar; a prática do amor e do perdão nos relacionamentos; etc.


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Para Collins uma das formas de se ajudar e evitar problemas na família são criar atividades e iniciativas que edifiquem a família, tais como: promover seminários e conferências sobre a vida familiar; ensinar sobre família nas classes de escola dominical e nos sermões; promover treinamentos de casais visando aperfeiçoamento conjugal e ao sucesso na criação de filhos; promover retiros para as famílias; formar grupos de famílias que se reúnem para incentivo mútuo e falar de problemas e preocupações (p. 525). Levando-se isto em contam propõe-se trabalhar todo o material desse trabalho através de um curso com as famílias da igreja, onde cada ponto do mesmo serve como base para um módulo, que analisa a real situação do relacionamento familiar, procurando integrar a família para ser participativa e falar sobre as dificuldades em seus relacionamentos.

3.2.1.2. Alternativas: Aconselhamento Leigo, parcerias com profissionais da área. A Igreja através de seu pastor deve oferecer o aconselhamento cristão na pratica, aonde a pessoa ou a família com problema de relacionamento entre pais e filhos, vem até o conselheiro em busca de ajuda. Podem-se utilizar as formas de Aconselhamento em grupo e Individual. É importante que a Igreja tenha pessoas preparadas e dispostas a ajudar outras pessoas, quando alguém não se abre com o pastor, podem falar de seus problemas a leigos que com preparo podem oferecer conselhos valiosos. Os grupos são valiosos porque compartilham experiências que deram certo e auxiliam os que enfrentam o mesmo problema. Cabe lembrar também que haverá casos em que por melhor que a igreja faça o seu trabalho, haverá a necessidade de encaminhar pessoas a profissionais especiliazados, como psicólogos, psiquiatras ou mesmo médicos, por isso é importante à igreja desenvolver parcerias com pessoas especiliazadas e cristãs que podem oferecer um auxilio mais completo nesta área.


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3.3. A importância dos aspectos espirituais na educação dos filhos. Uma volta aos princípios bíblicos que regem a família. O grande propósito da família é viver todos os relacionamentos para a glória de Deus (1 Co 10:31). Para o escritor Gary Smalley o relacionamento mais importante de uma pessoa é com Deus, o autor de toda a vida. Para ele toda a pessoa tem um relacionamento com Deus, quer queria quer não, pois Deus nos criou com a necessidade de nos relacionarmos com Ele. E “todos os outros relacionamentos saem do prumo se você ignorar seu relacionamento com Deus” (Smalley 2007, p. 44).

3.3.1. Princípios bíblicos da educação de filhos em Dt. 6. e Ef.6.1-4 A partir de dois textos bíblicos (Deuteronômio 6. e Efésios 6) pretende-se incutir o ensino bíblico de que é dever dos filhos, e mandamento do Senhor Deus aos mesmos a obediência e a honra devida aos pais (Ef. 6.1-2). Mas por outro lado a Palavra de Deus também instruiu aos pais a viver e ensinar os filhos os mandamentos, regras e leis do Senhor (Dt. 6.4-9), bem como a não provocar a ira dos filhos, mas criá-los na disciplina e admoestação do Senhor (Ef. 6.4).

3.3.1.1. Princípios bíblicos passados de pai para filho. “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração, tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.” Dt 6.4-9.


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Collins (p.177) lembra que no Antigo Testamento, existe uma seção que reúne todos os princípios e resume os ensinamentos bíblicos sobre criação de filhos. O autor se refere ao texto acima de Deuteronômio 6, que nada mais é do que a ordem de Deus para que os pais passassem para seus filhos os princípios, ensinamentos ou mandamentos de Deus. Para o autor os preceitos bíblicos para a criação de filhos envolvem quatro elementos simples, mas básicos: ouvir, obedecer, amar e ensinar. Tais preceitos serão aqui analisando devido a sua importância e pelo fato de que muitos pais, inclusive cristão estão ignorando-os. a) ouvir. Por ouvir o autor ressalta a importância de que o bom pai ouve, compreende e guarda no coração os mandamentos de Deus, de tal forma que estes se tornam parte do seu ser. Ele somente consegue isso através do estudo regular da Palavra de Deus. b) Obedecer. Não basta apenas conhecer, depois de ouvir os pais precisam também estar determinados a seguir e cumprir esses mandamentos de Deus. Salientando o fato de que: “quando os pais não demonstram desejo de obedecer a Deus, os filhos podem mostrar-se menos inclinados a obedecer aos pais” (p.178). c) Amar. Os pais devem amar ao Senhor Deus, entregando-se inteiramente a ele, de todo coração, alma e com todas as forças. Lembra o autor que os pais existem, em primeiro lugar, como indivíduos que amam e servem a Deus. Criar filhos faz parte do propósito de sua vida, mas não é o único propósito. d) ensinar. Aqui entra a questão em relação aos filhos. Observa-se que os três primeiros elementos destacam a relação dos pais para com Deus e seus mandamentos, e agora envolve a relação pessoal com os filhos através do ensinamento daquilo que aprendeu e vive em relação a Deus. Para o citado autor esse ensino era feito através de quatro maneiras: 1) Diligentemente: Embora criar filhos não seja a tarefa mais importante da vida de um pai, ela é uma responsabilidade grandiosa, e por isso não pode ser feito de qualquer forma, mas com zelo e empenho; 2) Repetidamente: Esse ensino não era feito apenas uma vez, segundo o texto


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bíblico, mas os pais envolviam-se nessa atividade de dia e de noite, cada instante era aproveitado para passar o ensino bíblico; 3) Naturalmente: Sentado, andando, deitado, e levantando, todos esses momentos deveriam ser usados como oportunidade para ensinar. “Os devocionais diários são valiosos, mas os pais devem ensinar sempre que surgir uma oportunidade”; 4) Pessoalmente: ações e exemplos influenciam muito mais do que palavras, os pais devem ser o exemplo e demonstrar através do viver que seguem os ensinos que passam para os filhos. Collins lembra que: “quando os pais ouvem, obedecem e amam, estão servindo de modelo para os filhos e reforçando o que é dito em casa”. O Citado autor ainda chama a atenção para as palavras “Em casa”, destacando que tanto professores como colegas, e pode-se incluir aqui a igreja e a escola dominical, são importantes para o ensino e educação da criança, “mas o ensino e a educação mais importante vem de casa” (p. 179). Para Sathler-Rosa: “Comunicamos nossa fé em Cristo e a transmitimos às novas gerações muito mais pelas atitudes, modos de comunicação interpessoal, respeito no trato com os membros da família, atenção as necessidade de cada faixa etária dos familiares do que através de „lições de moral‟, „sermõezinhos‟ ou rigidiz doutrinária (...) Passamos a fé, ou não, através do ambiente que somos capazes de criar no dia-a-dia entre nós, como casais, e entre nossos filhos e filhas e todos aqueles que circulam no ambiente da família” (p.124,5).

É responsabilidade dos pais ensinarem aos filhos, não é responsabilidade do governo, ou das escolas, nem das igrejas. Deve-se ensiná-los no dia a dia da rotina como família. Ensiná-los continuamente, tanto com palavras como com exemplo de vida enquanto os filhos estão sendo criados. Princípio semelhante está sendo usado pela mídia na propaganda. De tanto mostrar e repetir um comercial desde que se acorda até que se vai dormir, chega um momento que a pessoa passa o dia com aquilo na cabeça, e realmente acredita que sem tal produto não consegui viver e acaba adquirindo. Muito antes disso Deus deu esse princípio para que fosse aplicado pelos pais no ensino e transmissão dos ensinamentos bíblicos para os filhos.


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3.3.1.2. Mandamentos para pais e para filhos. “Filhos obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. E vós pais não provoqueis vossos filhos a ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor” Ef 6.1-4. No texto citado o Apóstolo Paulo enfatiza o que a Palavra de Deus ou o próprio Deus espera do relacionamento entre pais e filhos, onde ambas as partes tem seus deveres e direitos.

3.3.1.2.1. Para os filhos: Obediência e Honra. Para os filhos destacam-se no texto as palavras: Obedecer e honrar, sendo que Paulo enfatiza que isso é justo, ou é o esperado dos filhos. Lembrando que este mandamento não apenas foi dado a centenas de anos antes, como um dos dez do Decálogo, mas que ele vem acompanhado de uma promessa, que tem a ver com todo o futuro e o sucesso da vida dos filhos: “para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra”. Chama-se especial atenção que Deus garante que filhos obedientes e que honram seus pais, viverão mais e melhor e terão um futuro brilhante pela frente. A promessa de Deus é completa: Vida longa e próspera. Honrar significa estimar, respeitar, acatar; valorizar... Honrar aos pais acima de tudo é obedecer a Deus. Honrar os pais é um mandamento do Senhor. O filho que não cumprir esse mandamento está desobedecendo não apenas seus pais, mas em especial a Deus. Deus requer dos filhos obediência e honra em relação aos pais. A desobediência aos pais traz prejuízos, traz tristezas e até morte! Segundo a Palavra de Deus, quando se desobedece a Deus, não há bênçãos; elas não vêm, ao contrário, é a maldição que vem sobre o ser humano. Dt 28.15-19. Collins afirma que: “Na bíblia, às crianças são vistas como dádivas de Deus que podem trazer tanto alegria, quanto tristeza. As crianças devem ser amadas, honradas e respeitadas como pessoas; elas são importantes no reino de Deus e não devem sofrer nenhum


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mal.” Por outro lado ele ainda destaca que a Bíblia apresenta também que as crianças possuem responsabilidades como: honrar e respeitar os pais, cuidar deles, ouvi-los e ser obedientes (Conforme Ef. 6:1-3). Lembra ainda que o Apóstolo Paulo critica a desobediência infantil, mas enfatiza que é pouco provável que se espere que as crianças obedeçam sempre. Chamando inclusive a atenção para o fato de que “se os pais exigem que a criança faça algo que não está de acordo com a Bíblia, devemos lembrar que as leis de Deus sempre estão acima das ordens humanas” (Collins 2004, p. 177). Lopes (2008) ao escrever sobre a obediência dos filhos aos pais lembra que o que a Palavra de Deus destaca é que “os filhos precisam obedecer „em tudo‟ e não apenas naquilo que lhes dá prazer. A autoridade dos pais foi delegada por Deus, por isso, rejeitar a autoridade dos pais é rejeitar a autoridade de Deus. Para ele a rebeldia ou desobediência aos pais é um grave pecado e traz conseqüências muito graves aos infratores. “Os filhos que não aprendem a obedecer aos pais não vão obedecer quaisquer outras autoridades.” E com certeza terão conseqüências terríveis no futuro quanto a isso, talvez ai esteja à motivação de que a obediência aos pais traz vida longa e feliz aos filhos. Por outro lado o autor lembra que a obediência é agradável diante de Deus, visto que ele mesmo já estabeleceu uma recompensa para essa obediência: vida longa e próspera sobre a terra (Ex 20:12; Dt 5:16; Ef 6:1-3)!

3.3.1.2.2. Para os pais: Não provocar e criar no Senhor. Quando se refere aos pais Collins enfatiza que “Mães e pais tem a responsabilidade de servir de modelo para um comportamento cristão maduro. Além disso, eles devem amar seus filhos, suprir suas necessidades, ensinar os jovens, e disciplinar com justiça” (p.178). Mack (2001, p. 89), destaca que para não provocar os filhos à ira, a responsabilidade primária pertence aos pais, eles devem estar presentes e envolvidos na educação o no dia a dia dos filhos. Por vezes os pais têm negligenciado a doutrina bíblica e a importância de educar


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os filhos com amor, respeito, compreensão e consideração. Isso não significa que os pais nunca devem se opor aos filhos, ou fazer qualquer coisa que possa precipitar a ira ou frustrar a criança. Mas sim no sentido que os pais podem negligenciar ou ignorar suas necessidades, ou abusar física ou psicologicamente, não lhes dar atenção, ou sempre considerá-los faltosos, ou ainda sendo muito permissivos ou repressivos, não lhes dando oportunidades para expressarem-se ou impondo padrões difíceis ou impossíveis de serem alcançados. Quando se refere a “criar os filhos na disciplina e admoestação do Senhor”, Mack (p. 99) destaca que a origem das palavras disciplina e admoestação são: “Paideia” e “Nouthesia” respectivamente. Paideia teria dois significados na bíblia: instrução, ensino (At 7.22, 2 Tm 3.16) e também: disciplina, treinamento (Hb 12.8,11) destacando que a instrução, ou ensino que os pais passam para os filhos se referem aos padrões, princípios e valores bíblicos sobre de Deus e sua Palavra em contraste com o mundo. Esse ensino se da pelo viver dos pais da Palavra de Deus através de exemplos e palavras. Já Paidéia como disciplina e treinamento, refere-se a disciplina que Deus usa com seus filhos, e que Ele prescreve em sua palavra. Seria como um treinamento para que sejam vencedores assim como se treina um prepara um campeão “Ensina (treina) a criança no caminho em que deve andar e ainda quando for velha não se desviará dele” Pv 6:20. Já Nouthesia, refere-se a conselho, admoestação, advertência, e se aplicam quando precisa ser identificado e tratado de um problema em relação aos filhos, e implica em tentar corrigir com um espírito de genuíno interesse e autêntica compaixão. Cabe ainda destacar que tanto a disciplina como a admoestação é feita no Senhor, para que os filhos não sejam levados a ficar irados contra os pais. No Senhor, quer dizer que como o Senhor cuida, educa e corrige seus filhos em amor, assim cabe ao pai e a mãe educar e ensinar seus filhos com amor paternal que provém de Deus.


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CONCLUSÃO O fortalecimento do relacionamento entre pais e filhos é o alvo desse trabalho, portanto além de se apresentar a realidade desse relacionamento através de características, causas e conseqüências do problema, e feito uma analise bíblica e teológica, também foram trabalhadas formas e alternativas que visam corrigir os relacionamentos defeituosos, mudar a maneira de pensar e de agir tanto dos pais como dos filhos através do aconselhamento, e despertar em cada um deles o desejo de dar o melhor de si para que o relacionamento seja de paz, amor, respeito e compreensão. Com certeza a aplicação desse trabalho na prática é de grande proveito, pois além de trazer auxilio para famílias que enfrentam problemas no relacionamento, também foi de grande aprendizado próprio no conhecimento do assunto, e na prática do Aconselhamento com pais e filhos, alem de ser útil para toda a igreja que será incluída nesse projeto. A preocupação com a família sempre foi uma das bases da igreja cristã. Costuma-se dizer que se a família vai bem, a igreja também irá bem e, por conseguinte a sociedade também irá bem. Portanto espera-se também que o fruto desse trabalho possa vir a contribuir e trazer soluções não apenas para as famílias da igreja, mas para demais famílias que estejam enfrentando o problema e que anseiam por mudanças e ajuda. Bem como para toda a sociedade, que com certeza tornar-se-á, melhor, mais forte e unida. Se houver mudanças nos relacionamentos dentro dos lares, isso acarretará automaticamente em mudanças no relacionamento com o próximo, amigos, colegas, pessoas em geral, bem como em relação a autoridades e lideranças que Deus constituiu entre os seres humanos.

"A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família." Léon Tolstoi


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BIBLIOGRAFIA

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