Tcc a igreja como comunidade terapeutica carlos

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FACULDADE KURIOS-FAK INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO-ISE VALIDAÇÃO DE CREDITOS EM TEOLOGIA

CARLOS ALBERTO DA PAIXÃO SILVA

TCC

A Igreja Como Comunidade Terapêutica.

MARANGUAPE – CE 2014


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CARLOS ALBERTO DA PAIXÃO SILVA

TCC

A Igreja Como Comunidade Terapêutica.

TCC apresentado em cumprimento às exigências parciais do curso de Graduação em Teologia; Da Faculdade Kurios-FAK. Para a obtenção do grau de bacharel em teologia.

MARANGUAPE – CE 2014


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DEDICATÓRIA

Ao meu Refúgio, minha Fortaleza, meu Socorro bem presente na hora da angústia, a Ele, O meu Deus, por ter me resgatado e sustentado até aqui, tanto nas horas de alegria como de angústia, Ele foi e sempre será O meu Rochedo. Obrigado meu Deus por ter me dado à vitória. A minha querida esposa, que em todo este tempo esteve me apoiando tanto moral, como espiritualmente. Obrigado pela grande esposa que tem sido para mim. À minha querida mãe, que me ensinou os primeiros passos de minha vida. Em Fim A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram na realização desta obra. Os meus sinceros agradecimentos.

MARANGUAPE – CE 2014


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AGRADECIMENTOS

Ao meu Refúgio, minha Fortaleza, meu Socorro bem presente na hora da angústia, a Ele, O meu Deus, por ter me resgatado e sustentado até aqui, tanto nas horas de alegria como de angústia, Ele foi e sempre será O meu Rochedo. Obrigado meu Deus por ter me dado à vitória.

MARANGUAPE – CE 2014


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FOLHA DE APROVAÇÃO DO TCC

Banca Examinadora: _______________________________________________

Prof. Orientador: Alexsandro Alves. _____________________________________ Prof. Dr. : Augusto Ferreira da Silva Neto.

___________________________________ Prof. Dr. : Luiz Eduardo Torres Bedoya.

___________________________________ Prof. Dr. : Marlon Leandro Schock.

____________________________________ Prof. Ms. : Ladghelson Amaro dos Santos.

______________________________________ Graduando: CARLOS ALBERTO DA PAIXÃO SILVA

Este TCC Foi aprovado em:

________de________________de________

MARANGUAPE – CE


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2014 RESUMO

Diante da realidade alarmante do consumo álcool e vidas destruídas em proporções cada vez maiores e em todos os âmbitos, este trabalho verifica qual é o papel da igreja. Todos os teóricos citados abordam o alcoolismo como doença, que é progressiva e atinge o alcoólatra e a sua família. Traz uma visão holística sobre o alcoolismo: Onde o mesmo começa; as suas causas; a resistência do alcoólatra em admitir que seja dependente; os sintomas mais comuns do alcoólatra; as consequências do alcoolismo em todas as áreas; a realidade da família do alcoólatra; e as dez etapas que o alcoólatra passa desde o início da dependência até o estágio final. Analisa a realidade atual da IECB em relação ao alcoolismo, constatando que ela oferece a bebida alcoólica por ter sido fundada sem princípios cristãos e no seu desenvolvimento a falta de correção e ignorância sobre a missão da igreja. Enfoca a igreja como comunidade terapêutica no tratamento do alcoolismo, tendo como modelo a igreja primitiva de Atos dos Apóstolos que tinha princípios cristãos, entre os quais se deve destacar: amar, compartilhar, e ter comunhão. Objetiva: resgatar a missão da Igreja de evangelizar e edificar vidas; e atuar na prevenção oferecendo oportunidades para todos desenvolverem seus dons e criarem vínculos na igreja; oportunizar troca de experiências sobre a luta contra a dependência do álcool através de grupos no processo de cura e restauração; e atuar como conselheiro tendo como modelo o Senhor Jesus, que deixa evidente no seu viver características essenciais a serem seguidas.


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ABSTRACT

Given the alarming reality of alcohol consumption and lives destroyed in increasing proportions and in all areas, this study verifies what is the role of the church. All cited theoretical approach alcoholism as a disease that is progressive and reaches the alcoholic and his family. Brings a holistic view of alcoholism: Where it begins; its causes; the alcoholic strength to admit that is dependent; the most common symptoms of an alcoholic; Alcoholism consequences them in all areas; the alcoholic family reality; and ten steps that the alcoholic passes from the start until the end of the dependency stage. Analyzes the current reality of ICCEC in relation to alcoholism, noting that it offers the alcoholic beverage to have been founded without Christian principles and its development the lack of correction and ignorance of the church's mission. Focuses on the church as a therapeutic community in the treatment of alcoholism, modeled on the early church in Acts that had Christian principles, among which should highlight: loving, sharing, and fellowship. Objective: to rescue the Church's mission to evangelize and build lives; and act to prevent providing opportunities for everyone to develop their gifts and create links in the church; create opportunities exchange of experiences on the fight against alcohol addiction through groups in the healing process and restore; and serve as an advisor modeled the Lord Jesus, that makes clear in his live essential characteristics to be followed.


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SUMÁRIO I - INTRODUÇÃO .................................................................................................................10 II - CONCEITO DE ALCOOLISMO E ALCOÓLATRA..................................................12 2.1 Alcoolismo.................................................................................................................12 2.2 Alcoólatra..................................................................................................................13 III -Uma visão holística sobre o alcoolismo....................................................... 14 3.1 – Causas do alcoolismo........................................................................................ ...14 3.2 – Onde começa o alcoolismo....................................................................................14 3.3 - A Resistência em admitir......................................................................................15 3.4 Porque é tão difícil admitir a dependência alcoólica............................................15 3.5 – Argumentos do alcoólatra para não parar de beber.........................................15 3.6 – Alcoolismo uma doença........................................................................................16 3.7 – Os sintomas mais comuns do alcoolismo.............................................................16 3.8 – As consequências do alcoolismo...........................................................................19 3.9 – Estatísticas.............................................................................................................19 3.10 – As 10 etapas que o alcoólatra passa..................................................................20 IV - O ALCOOL E O ALCOOLISMO NA IECB..............................................22 4.1 Por que a IECB permitiu a bebida alcoólica dentro da igreja?..........................24 4.2 A realidade atual da IECB .....................................................................................24 4.3 A Resistência em admitir........................................................................................26 4.4 Porque é tão difícil admitir a dependência alcoólica..........................................26 4.5 Os sintomas mais comuns do alcoólatra................................................................29 4.6 As consequências do alcoolismo ...........................................................................29 4.7 Estatísticas...............................................................................................................29


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4.8 A realidade da família do alcoólatra .....................................................................30 4.9 - As 10 etapas que o alcoólatra passa..................................................................30 V - A IGREJA COMO COMUNIDADE TERAPÊUTICA ...........................................33 5.1 O conceito de Comunidade Terapêutica.............................................................33 5.2 História da comunidade terapêutica...................................................................36 5.3 Características da Comunidade terapêutica......................................................36 5.3.1 Princípios............................................................................................................39 5.3.2 Prática terapêutica na igreja ............................................................................. 39 5.4 – Igreja na perspectiva bíblica............................................................................43 5.5 - A Comunidade de Jerusalém............................................................................43 5.6 - Conceito do NT sobre a Igreja.........................................................................47 5.8 - Características Comuns.....................................................................................47 VII – CONCLUSÃO........................................................................................................... 53 VIII – BIBLIOGRAFIAIA................................................................................................. 54


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INTRODUÇÃO

O alcoolismo está tomando proporções maiores a cada nova estatística. Ocasionando mortes violentas, acidentes causados por motoristas embriagados, brigas, separações, famílias doentias, e doenças físicas, sendo porta de entrada para as demais drogas ilícitas, enfim, gerando conseqüências severas e destruidoras no meio familiar, social e espiritual. Especialistas das áreas de: Psicologia, psiquiatria, serviço social, medicina, religião, e até instituições organizadas como ONG buscam amenizar as seqüelas deixadas pelo consumo do álcool. Diante deste quadro preocupante o governo está projetando leis para inibir o consumo de álcool. A chamada lei seca – Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008, altera o Código de Trânsito Brasileiro e diz no seu art. 1º que tem por finalidade estabelecer alcoolemia zero e impor penalidades mais severas para o condutor que dirigir sob a influência do álcool. São raras as leis brasileiras que, como esta, foi executada com rigor e imediatamente atingiram o seu objetivo com tamanha precisão. Mas o que a igreja está realizando, e de que forma pode cooperar na prevenção do alcoolismo, ou, no que a igreja tem falhado diante desta realidade? O desejo de fazer este trabalho de Conclusão de curso nasceu pela necessidade de ajudar as famílias da igreja, envolvidas no consumo exagerado de álcool e da comercialização nas promoções realizadas pela própria igreja. O alcoolismo começa com o pecado de beber excessivamente, mas se transforma em uma enfermidade crônica. A Bíblia é clara sobre a conseqüência da bebida e adverte: “Não se embriaguem, pois a bebida levará vocês a desgraça” Ef 5:18.


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A igreja primitiva cumpriu sua missão de santidade, tanto em seu nível individual como comunitário. Atualmente, a igreja independentemente de sua denominação deve manifestar e representar a missão transformadora de Cristo Jesus. A Igreja Evangélica Congregacional está sendo omissa e conivente, pois em várias igrejas locais a bebida alcoólica ainda está sendo comercializada. Como a Igreja Congregacional poderá tratar o alcoolismo e oferecer e auxílio às pessoas atingidas pelo álcool? Diante desta realidade esta pesquisa apresentará a igreja como comunidade terapêutica no tratamento do alcoolismo, atuando na área de prevenção e tratamento a alcoólatras.


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II - O CONCEITO DE ALCOOLISMO E ALCOÓLATRA

Para melhor compreensão o alcoolismo e o alcoólatra serão conceituados de forma precisa, baseado em teóricos, entre eles médicos, psicólogos e psiquiatras. Mas como os teóricos definem o alcoolismo? É fácil identificar quando uma pessoa se torna alcoólatra?

2.1 Alcoolismo Vários teóricos definem o alcoolismo como doença. “O médico sueco Magnos Huss utilizou o termo alcoolismo pela primeira vez na história, no ano de 1849 para descrever os efeitos nocivos do álcool, classificando-o como uma enfermidade crônica que afetava o sistema nervoso central e outros órgãos.” (Nobrega, 1996: p. 106 apud Mariano. 1999, p. 27.)

Segundo Hoff (1996, p.212): “O alcoolismo pertence à categoria das

enfermidades psiquiátricas, mas é mais comum e devastadora que estas. O alcoolismo crônico está física e psicologicamente ligado à droga chamada álcool”. Pode-se entender que o alcoolismo é considerado uma doença psiquiátrica, porém mais destrutiva que a mesma, pois na abstinência do álcool o alcoólatra tem: tremores, alucinações e medo irracional. Portanto ele sente a necessidade de beber para evitar tais sintomas. Souza (2002, p.8) afirma o mesmo: “ O alcoolismo é uma doença, já está comprovado”... “Porque organismo do alcoólatra reage de forma alterada diante do álcool”. Kaathleen Ross (2002, p. 10.)

acrescenta que: “O alcoolismo é uma doença

progressiva que se torna cada vez menos dentro dos padrões de quem bebe socialmente e cada vez mais uma obsessão particular”. Segundo a autora está doença é também de controle, onde os alcoólatras tentam controlar a bebida, porém são controlados por ela, e por fim tentam controlar todos que estão a sua volta. Finalmente, é uma doença de negação,


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na qual os consumidores se recusam em admitir que a bebida esteja destruindo as suas vidas. Infelizmente o álcool vai tomando espaço e gerando seqüelas para o alcoólatra. Todos os autores citados definem o alcoolismo como uma doença, e salientam as Consequências que a mesma gera fisicamente para o consumidor, psico e emocionalmente para o mesmo e para os seus familiares.

2.2 Alcoólatra Definir o alcoólatra não é fácil, pois quem bebe excessivamente algumas vezes ou nos fins de semana pode não ser considerado um alcoólatra, quando este ainda é capaz de escolher a hora, o lugar ou a ocasião em que beberá. E alcoólatra para Paul Hoff (1996, p. 212): “é aquele que não pode deixar de beber todos os dias, ou que quando começa a beber, é incapaz de parar.” O mesmo não sabe os seus próprios limites, o quanto pode beber, ou quando deve parar de ingerir. Beber torna-se a atividade mais importante do viciado, levando a se privar de ir a lugares ou ocasiões na qual a bebida não será servida. Os sintomas do alcoólatra na abstinência são: irritação, nervosismo, insônia e emocional deprimido. A medicina considera o alcoolismo uma doença progressiva que sempre provoca morte prematura. A enfermidade é muito complexa, pois afeta não somente o organismo, mas também a mente da pessoa alcoolista – quer dizer, toda a sua personalidade. Quando o indivíduo se torna alcoólatra ele se sente incapaz de abandonar o vício; e se o alcoólatra não receber ajuda será quase impossível deixar de consumir álcool.


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III - Uma visão holística sobre o alcoolismo Esse capítulo visa enriquecer a compreensão sobre o alcoolismo, suas causas, se é genético ou um fator ambiental, como o alcoólatra enfrenta a realidade, e como a família reage diante desta dificuldade. Quais são os sintomas e quais as conseqüências que o álcool causa. 3.1 Causas do alcoolismo. As características psicológicas de um indivíduo podem ser adquiridas por sua constituição genética e do ambiente no qual está inserido. Teorias psicológicas acerca do comportamento de beber foram formuladas, entre as quais se podem identificar três temas principais: 1º Há teorias psicodinâmicas: que vêem no beber o resultado de experiências e relacionamentos precoces; 2º as teorias cognitivas e comportamentais explicam o alcoolismo como um comportamento aprendido; Segundo Collins (1992, p. 315): “O ambiente familiar e a sociedade em que o indivíduo é criado também aumentam ou diminuem a possibilidade dele tornar-se um viciado”. E 3º Outras correntes que postulam que certas personalidades são particularmente vulneráveis, com tendência ao uso do álcool para lidar com estresse, ansiedade, depressão, ou outros problemas. De acordo com a Organização Mundial de saúde o alcoolismo é considerado doença de natureza complexa, na qual o álcool atua como fator determinante.

3.2 Onde começa o alcoolismo O alcoolismo surge quando o indivíduo ingere o primeiro gole? Por outro lado, quem consome álcool é potencialmente alcoólatra? Um indivíduo está mais

propenso se

envolver no álcool quando tem alguém próximo: pais, amigos, colegas de trabalho, que encorajam a tomar bebida alcoólica?


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Ao lado do fator social e ambiental, tem a importância a constituição psicológica do consumidor do álcool. Problemas de qualquer natureza: Solidão, decepções, nervosismo diante de tarefas difíceis, incapacidade de comunicar-se, inibição sexual e depressão podem ser o ponto de partida para um consumo mais generalizado de álcool que leva a dependência.

3.3 A Resistência em admitir Praticamente, todo consumidor de álcool está convicto que não é um alcoólatra. Por ser uma doença que se instala sem o conhecimento do bebedor. Podemos ver que a doença mais mal interpretada e compreendida é o alcoolismo. É a única doença da qual, homens e mulheres sofrem e cuja natureza é tal que convence essas mesmas pessoas de que não estão doentes. É exatamente por isso que tem causado mais problemas, mais sofrimento, e mais miséria do que qualquer outra doença da qual a humanidade já tem sofrido. Nenhuma só pessoa em todo mundo quis ser alcoólatra, porém o mundo esta cheio deles. Não é possível afirmar quantos alcoólatras existem exatamente, pois a maioria deles não admite que seja doente. A idéia de ser alcoólatra é tão repugnante para eles que se recusam até mesmo a ouvir falar sobre o problema, ou pelo menos, a ouvir falar que os alcoólatras são doentes. Mais ainda, alguns alcoólatras farão tudo para que ninguém suspeite de seu alcoolismo.

3.4 Porque é tão difícil admitir a dependência alcoólica O alcoólatra vive na ilusão de que a bebida é um meio de facilitar as coisas, que ajuda a esquecer, é um bom remédio, enfim é uma ilusão agradável. Qualquer motivo ou problema serve para justificar o consumo de álcool. Vendo no álcool mais um amigo que se deve abraçar do que a do inimigo que deve ser combatido.


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“O outro motivo reside no conceito que existe em relação às pessoas ébrias que pulam fora do comportamento e das regras que a sociedade estabeleceu. A bebida alcoólica é promovida elogiada, e consumida com todo o prazer. Mas ai daquela pessoa que se torna vítima do álcool”. (Gierus, 1988, p. 24). Pois, se ela se tornar alcoólatra será desprezado e discriminado como se fosse um delinqüente. A maioria na sociedade considera como uma decadência moral, um mau hábito. E revela que o caráter do dependente é frágil. Por isso o alcoólatra não admite ser dependente (revela fraqueza). Este é um dos motivos para o mesmo sempre tentar beber moderadamente.

3.5 Os sintomas mais comuns do alcoólatra. O excesso de consumo de álcool provoca falta de apetite, dor de estomago, mal estar generalizado, dor de cabeça, dores no corpo, tonturas, muita sede, por o álcool ter efeito desidratante. Um dos órgãos mais castigados num alcoólatra é o fígado, responsável pela digestão do álcool. O fígado sob ataque de volumes excessivos de álcool pára de funcionar bem. Instala-se a cirrose, uma doença com efeitos fatais. Na mesma hora transfere seu serviço a outros órgãos responsáveis pelo metabolismo, como, por exemplo, o pâncreas. O corpo somente tem perdas desconcertantes no hábito de beber.

3.6 As conseqüências do alcoolismo As conseqüências ou complicações sociais do alcoolismo atingem o bebedor, sua família, seus amigos, seu trabalho, e seu meio em que vive. Nadvorny-Nadvorny ( in: Acta Médica, 1998) observam que as complicações sociais do alcoolismo manifestam-se na conduta do paciente e surgem praticamente em todas as áreas da sua atividade: trabalho, família, lazer, segurança, relacionamento e vida sexual.


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a) No cuidado pessoal. O consumo exagerado de álcool normalmente exerce profundo efeito sobre a saúde e higiene pessoal. Ficando indiferentes, despreocupados com alimentação, higiene, e vestimenta. b) Na sociedade. Toda nossa sociedade esta ameaçada pelos malefícios que o álcool causa na vida das pessoas. O álcool tem em longo prazo, o mesmo efeito que as drogas. Enquanto o tráfico e o uso das drogas é perseguido com todo rigor da lei, a bebida alcoólica a droga lenta, é promovida através de propagandas sofisticadas e sugestivas na TV, no rádio, em jornais e revistas; e está

presente nas festas sociais e familiares. Nos

supermercados e bares há uma oferta vasta ao alcance de todos, sem falar das centenas de hotéis, restaurantes, lanchonetes, onde a bebida é uma das principais mercadorias comercializadas e consumidas. Para a sociedade a bebida alcoólica acompanha e ajuda animar as festas, é bem vindo para marcar horas importantes na vida particular na ocasião de aniversários, casamentos, na ocasião de bons negócios, conferências, convenções etc. O álcool recebe uma função social importante, é consumido para animar, alegrar ou integrar as pessoas, saciar a sede, ajuda esquecer os problemas, a compensar insatisfações e acalmar. Para milhares de pessoas este é o conceito que elas têm sobre a bebida alcoólica, e este conceito promove o consumo e gera vitimas cada vez mais cedo. c) No trabalho. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, entre 3 a 5% da população de trabalhadores mundiais são dependentes do álcool. Conforme dados do 37º Simpósio Internacional sobre prevenção e o tratamento do alcoolismo, cerca de 25% dos acidentes de trabalho, no Brasil estão ligados ao consumo de álcool. O alcoolismo é a oitava causa de auxílio doença na previdência social e a terceira causa de absenteísmo no trabalho. O alcoólatra expõe a sua vida e dos outros a riscos.


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O alcoólatra também diminui a produção na qualidade e quantidade por que o interesse, as forças físicas e mentais diminuem, gerando despesas para todos. d) No lazer. Nada tem maior prazer para o dependente que estar perto de locais ou pessoas que também bebem. E assim vai estreitando o seu círculo de amizades e lugares que possa levar sua família para se divertir. Ele somente participa de festas nas qual a bebida é servida. e) Na moral: O alcoólatra começa a ter atitudes que vão abalando e denegrindo a sua vida moral. Quando fica embriagado a sua dignidade perante a família e sociedade vai sendo afetada. Segundo Mariano (1999, p 33.) “Surge a tendência em freqüentar locais de padrão socioeconômicos e cultural cada vez mais baixos”. As conseqüências do álcool trazem malefícios, prejuízos, separações, discórdias; e degenerando em todas as áreas da vida do alcoólatra. f) Na vida espiritual:

Collins (1996, p.322)

salienta: “É impossível crescer

espiritualmente quando a pessoa depende ou dominada pelo álcool. Muitos viciados sabem disso, mas parecem impotentes para mudar; acabando por afastar-se ainda mais de Deus.”. O alcoólatra se sente culpado, e ao invés de buscar a Deus, afasta-se dele, pois está ciente que está vivendo em pecado. Deus diz para não satisfazer a concupiscência da carne, entre elas cita as bebedices, a

qual afasta o homem de Deus. E que tem por conseqüência a

condenação eterna. Gl 5:16- 21.

3.7 Estatísticas O alcoolismo, segundo Pena Alfaro, é um dos grandes problemas mundiais em saúde pública e uma das maiores causas de morte clínica em muitos países. Portanto, um dos maiores desafios diante dos números de casos degradantes é enfrentar o alcoolismo como um problema enorme e desafiador. Na África, na Ásia, nos países ocidentais há um


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descontrole na forma de beber. Segundo dados da OMS – Organização Mundial de Saúde entre 1% e 10% da população dos países ocidentais devem ser considerados alcoólatras ou “grandes bebedouros”. Os veículos de comunicação popular, jornais e revistas, têm registrado os diversos problemas e a preocupação de empresas, instituições e profissionais da área sobre a questão do consumo exagerado de álcool. Um dos problemas recentes relacionados ao consumo abusivo de álcool é de natureza econômica. De acordo com um estudo conduzido por um grupo de entidades de prevenção nas empresas, usando como base para o programa Nacional de Alcoolismo do ministério da Saúde de US$ 3,3 bilhões são tirados anualmente dos cofres públicos e privados para cobrir prejuízos causados pelo consumo excessivo de álcool. Estima-se que os custos diretos e indiretos do consumo de álcool equivalem a 5,4% do PIB do país, enquanto a produção e comercialização de bebidas alcoólicas apenas com 2,4% do mesmo PIB. O Brasil está colocado entre os primeiros da lista dos países com maior número de acidentes de trânsito no mundo (Revista Veja, 1995) O uso indevido de álcool quando se está no volante é um dos maiores causadores de acidentes fatais no trânsito.

3.8 A realidade da família do alcoólatra Os problemas relacionados ao consumo de álcool normalmente exercem profundo efeito sobre a família do alcoólatra. De modo que se cria uma espécie de ressonância comportamental. O alcoólatra se torna gradativamente o centro das preocupações familiares. Para Ross, (2002, p 13) “Na medida em que os membros da família tentam, em vão, implicar, enganar ou forçar a parar de beber. As esposas se tornam obsessivas em conferir o conteúdo de cada uma das garrafas do armário de bebidas”.


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As conseqüências para os filhos são significativas: “Se os pais forem alcoólatras ou beberem uns tragos a mais e aí forem educar seus filhos, não tenham dúvidas que os excessos praticados também deixarão marcas de revoltas nos filhos”. (Ferrarini, p. 36). Os filhos serão muito mais afetados pela convivência com pais alcoólatras, eles experimentarão negação, culpa, pressões para não aborrecer seus pais, que procurará qualquer desculpa para ingerir álcool. Se por outro lado os pais não derem carinho, amor e atenção para os filhos, ou forem violentos, os filhos também podem começar a consumir álcool. Para Collins: “ A permissividade e rejeição por parte dos pais estimulam o uso e abuso de tóxicos. Quando os pais não se importam se os filhos bebem ou não, não existe preocupação quando aos perigos das drogas ou álcool e o abuso logo se segue. Se os pais negligenciam os filhos ou os castigam demasiadamente, estes se rebelam. A delinqüência, uso excessivo de tóxicos e alcoolismo são comuns nesses casos”. (Collins, 1992, p.315). O alcoolismo reivindica mais vítimas. A auto-imagem e a imagem da família se tornam deturpadas devido ao comportamento tanto do dependente, quanto do co-dependente. Vendo esta realidade os filhos dizem “isso nunca acontecerá comigo”, ou que não irá se casar com um alcoólatra. Mas segundo Black “Entre cinqüenta e sessenta por cento dos alcoólatras tiveram pai ou mãe alcoólatra, e um número surpreendente de filhos de alcoólatras casam-se com alcoólatras”. (Black apud ROSS p. 19). O alcoolismo é uma doença da família. Isso não significa que os cônjuges e os filhos gerem a doença, qualquer um, mais do que os membros da família, podem ser culpados por causar doenças físicas. O que significa que a família de um alcoólatra é mais vítima e torna os componentes da mesma, pouco saudáveis e parte de uma família de função defeituosa ou doente. Certamente, vários alcoólatras tentam culpar as pessoas da família pelo próprio alcoolismo. Infelizmente as marcas de viver com um alcoólatra ficam mesmo depois de divorciar-se ou do filho sair de casa. As seqüelas deixadas na auto-imagem e para


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paz da mente cicatrizam lentamente. Isso se for tratada com assistência de terapeutas ou especialistas. Além disso, logo que o indivíduo começa a ser alcoólatra a família torna-se viciada nos papéis que eles desempenham na família. Tornando-se desta maneira co-dependentes e ou co-alcoólatras dando seqüência às reações não saudáveis, das quais não conseguem libertar-se.

Portanto é necessário focar a análise não só no alcoólatra, mas em todos os

envolvidos. A falta de praticidade da palavra de Deus tem aumentado o consumo de álcool nas famílias. Entre 500 jovens pesquisados, todos viciados com idade entre 14 e 25 anos, verificou-se que em nenhuma casa havia ensinamento da palavra de Deus. (Griffith, 2008, p. 24). Estudiosos afirmam que a célula mãe esta sendo encurralada diante do álcool por falta de viverem e ensinarem aos seus filhos os valores Sagrados. No passado os pais tinham a obrigação de encaminhar seus filhos aos estudos e viverem a prática cristã. E estas orientações formavam entre os jovens e os vícios uma barreira quase que intransponível. Porém atualmente o mesmo não ocorre mais em muitas famílias da igreja.

3.9 - As 10 etapas que o alcoólatra passa A maneira pela qual a pessoa torna-se alcoólatra é previsível, embora existam casos em que algumas pessoas passam até quarenta anos bebendo antes de se tornarem alcoólatras, e outros se tornam dependentes pouco tempo depois de terem começado a beber socialmente. Cada organismo é diferente, assim cada um vai reagir de forma diferente em relação ao álcool. 1- Fase pré-alcoolatra ou oculta. O individuo não percebe que é a bebida que lhe dá a sensação de alívio e não o ambiente alegre que freqüente.


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2 – Esquecimento alcoólico. Recorda que esteve em determinados lugares, de pessoas que lá estiveram, porém não lembra sobre que conversou ou voltou para casa. 3 – Preocupação pelo álcool. O individuo se preocupa se haverá ou não bebida suficiente, antes de sair toma uns goles. Este comportamento é um sinal que para ele o álcool é realmente uma necessidade. 4- Consumo ávido (Ânsia). Ingerindo com gosto os primeiros copos que lhe chegam às mãos, e um sentimento de culpa por seu comportamento de bebedor começa se instalar, e evita numa conversa toda referencia sobre o álcool. 5 – Perda de controle. Somente deseja ingerir um cálice, mas continua ingerindo mesmo tendo compromissos inadiáveis. Nesta fase é um sintoma crucial do alcoolismo. 6 – Desejo constante após o 1º gole. Perde toda resistência e continua ingerindo bebidas alcoólicas até chegar uma intoxicação 7 – Ciúme dos alcoólatras. Vem à perda de interesse de sua própria pessoa, e a preocupação com sua relação interpessoal e cria um sentimento de piedade consigo mesmo. 8 – Necessidade do trago matinal. Precisa do trago para começar bem o seu dia, e se torna rotineiro. 9 – Tremor matinal. Nesta fase aparecem tremores que até então ocorriam raramente, julga-se vencido, admite o fracasso, fica sem esperança diante do vício. 10 – Tremores e delírios. É a fase final que necessita de medicamento com urgência Há alucinações visuais, auditivas, olfativa, insônia, temores generalizados, podem levar a crises convulsivas e aumento de transpirações.


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IV - O ALCOOL E O ALCOOLISMO NA I.E.C.B. Porque a igreja Evangélica Congregacional permitiu que a bebida alcoólica fosse comercializada na fundação da IECB no Brasil, e por que ainda oferece bebida alcoólica em suas promoções?

4.1 Por que a IECB permitiu a bebida alcoólica dentro da igreja? A Igreja Evangélica Congregacional do Brasil esta oficialmente no Sul do Brasil desde o ano de 1942, vindo da Argentina, onde havia ligação de laços familiares e fraternos, pois estavam radicados muitos alemães evangélicos de linha pietísta em congregação que se reuniam livremente, dentro de estrutura própria e independente, e não tinham o propósito de se filiarem a nenhuma denominação ou organização porque não se enquadravam a mesma linha teológica. Sendo que apenas no dia 11 de janeiro de 1942 os seguidores, aderiram aos trabalhos congregacionais na cidade de Paraíso do Sul. Porém, a igreja não conseguiu pregar do púlpito uma vida puritana e desde então para conseguir manter os trabalhos pastorais a igreja realiza promoções com bebidas alcoólicas. As famílias de origem alemãs têm justificado tal ação por fazer parte da sua cultura, e tradição não tendo como tirar a bebida alcoólica das promoções. E por que também as outras igrejas históricas do município utilizam à mesma, em suas promoções.


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4.2 A realidade atual da IECB A transformação deste conceito e o trabalho espiritual têm sido difíceis para os pastores, pois os membros têm a igreja como uma prestadora de serviços, e lugar de festas regadas com bebidas alcoólicas, ao invés de cumprir a sua missão. Nos dias atuais a palavra missão, já não está restrita apenas ao ambiente cristão ou religioso. Empresas, indústrias, escolas, hospitais, bancos, etc. Adaptam-se aos novos tempos, deixando claro para todos a sua missão para funcionários e clientes. A IECB não tinha uma visão objetiva da sua missão transformadora, e identidade por não ser estabelecido um estatuto desde o seu princípio devido a sua fusão com uma comunidade livre, quando se situou no Brasil. Somente nos concílios dos anos de 1981 e 1998 foi estatuído que a igreja evangélica Congregacional não aprovasse promoções que não contribuíssem com um ambiente cristão, como vendas de bebidas alcoólicas e músicas mundanas. Os membros não foram evangelizados e discipulados o que os leva a participar das programações da igreja por tradição, sem freqüência assídua o que gera ignorância da vontade de Deus para as suas vidas. Atualmente o pastor encontra dificuldades na transformação do conceito do papel que a igreja deve desempenhar, pelos seguintes motivos: a) ter se concebido um paradigma de igreja distorcida; b) por ser constituída de muitas famílias; c) ter falta de tempo e recursos; Não conseguindo, dessa forma, cumprir com a missão da igreja.


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V - A IGREJA COMO COMUNIDADE TERAPÊUTICA Entende-se que a missão da Igreja é de contribuir no processo de cura. Jesus quando disse: “Os são não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores”. Deixa evidente o seu objetivo de libertar, e sarar os doentes. No qual a igreja deve tomar parte. Mas o que faz uma igreja ser terapêutica?

5.1 O conceito de Comunidade Terapêutica. A igreja como comunidade terapêutica deve continuar o ministério de Cristo de cuidar e curar as pessoas. Atos, capítulo 3 demonstra isso quando a igreja dá atenção aos doentes de alma valoriza as pessoas mais que a religiosidade, e quando é distribuidora de bênçãos espirituais. Larry Crabb, conselheiro Cristão habituado a tratar das lutas das pessoas diz que é preciso um lugar seguro para peregrinos exaustos. O autor fala dos relacionamentos confusos, dos fracassos que são constantes, das tensões, das falhas que cada coração carrega dentro de si. A igreja deve ser o local de edificação e refrigério, um local de pessoas que se refugiam em Deus e encorajam umas as outras a jamais fugirem em busca de outro “socorro”. Henri Nouwem diz que: “ Se a igreja tem um futuro, é um futuro com os pobres, sejam do tipo que forem”.O lugar onde a comunidade de crentes pode ter um lugar seguro para cura de sua alma, lutas e emoções.

5.2 História da comunidade terapêutica. Em 1860 foi fundada uma organização religiosa chamada Oxford. Esta organização era uma crítica à Igreja da Inglaterra e seu objetivo era o renascimento espiritual da humanidade. Originalmente chamada Associação Cristã do I Século, acabou mudando de nome em 1900 para Moral Rearmement. Este grupo, conhecido como Grupo de Oxford,


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buscava um estilo de vida mais fiel aos ideais cristãos: se encontravam várias vezes por semana para ler e comentar a Bíblia e se comprometiam reciprocamente a serem honestos. Entre 10 e 15 anos depois, constataram que 25% dos seus participantes eram alcoólatras em recuperação. Nos Estados Unidos, participantes desse grupo se reuniam para partilhar o empenho e o esforço que faziam para permanecer sóbrios; desta maneira nasceu o primeiro grupo de Alcoólicos Anônimos (AA - fundado em Akron - Ohio, pelo cirurgião Bob e o Corretor de New York Bill, em 1935) que com o passar dos anos se tornou o maior grupo de Auto-Ajuda do mundo. Os AA além do afeto e acolhimento demonstram, a cada momento, muita disponibilidade em relação aos membros do grupo, em casos de necessidades. No dia 18 de setembro de 1958, Chuck Dederich e um pequeno grupo de alcoólatras em recuperação decidiram viver juntos para, além de ficarem em abstinência, buscarem um estilo alternativo de vida. Eles fundaram em Santa Mônica, na Califórnia, a primeira Comunidade Terapêutica (CT) que se chamou Synanon. Adotando um sistema de relacionamento direcionado em uma atmosfera quase carismática, o que para o grupo foi muito terapêutico. A aplicação do conceito de ajuda às pessoas em dificuldades, feita pelos próprios pares, é a base das relações vividas na Synanon, posteriormente em Daytop, onde cada pessoa se interessa e se sente responsável pelas outras. Desde o início acolheram alguns jovens que estavam tentando ficar em abstinência de outras drogas e em decorrência disto a Comunidade Terapêutica que teve seu início com uma CT para alcoólatras.


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5.3 Características da Comunidade terapêutica O ex-psicanalista americano, Hobart O. Mowrer, impressionado positivamente pela capacidade de recuperação através da abordagem das CT, começou a estudar o fenômeno, sua história, os conteúdos, descobriu, através de diferentes experiências, pontos em comum que confirmaram algumas de suas hipóteses. 5.3.1 Princípios: A saber: 1- Compartilhar: é um dos valores fundamentais e comuns. A referência não é somente em relação aos bens, mas de compartilhar com os membros do grupo o que cada um possui do ponto de vista humano. 2 - Honestidade: é um outro ponto forte que emerge do fenômeno das CT: "Participe do grupo e fale coisas de você, não de política, trabalho ou de outras coisas. Fale do que provoca medo e dor dentro de você"(Synanon). É uma referência clara à necessidade do ser humano de comunicar-se, sem máscaras, em relações humanas autênticas. Essa honestidade diante do grupo é um valor muito antigo; apareceu nas primeiras comunidades cristãs e era chamada confissão aberta ou auto-revelação. 3 – Responsabilidade: Cada indivíduo é responsável pelo seu próprio crescimento e pede a ajuda necessária aos outros para se ajudar. Sendo assim, cada um é "terapeuta" para si mesmo e para os outros componentes do grupo, da comunidade. A hierarquia é, unicamente, funcional e não interfere nas relações entre as pessoas. A vida comunitária não poderá ser terapêutica se não desaparecer a dualidade equipe-residente. Isto significa que, enquanto existir dentro da mesma estrutura o grupo que "faz" o tratamento e o grupo que o "recebe" está muito longe da verdadeira terapia de grupo na CT.


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4 - Espiritualidade: todos esses grupos são capazes de resgatar e mobilizar a energia espiritual de seus componentes para que os mesmos encontrem a coragem necessária para enfrentar e buscar os objetivos propostos. A energia espiritual pode reintegrar a pessoa com ela mesma, com o grupo, com a comunidade, com a sociedade, com Deus. 5.3.2 Prática terapêutica na igreja. Num sentido de ser um grupo unido com propósitos comuns de cuidar das pessoas e aliviar suas dores, é essencial a igreja ser uma comunidade terapêutica. A cura do coxo de Atos 3 é um relato que mostra que a principal face da igreja é de bênção. A vida esta acima da religiosidade, dos ritos, de qualquer aspecto material. Conforme o autor do livro de Atos dos apóstolos, capitulo 3, mostra que: 1 – A igreja deve estar atenta aos doentes do caminho. Pessoas em pecado ( para os Judeus, doenças desta natureza eram conseqüência do pecado) estão à porta da igreja ou em nosso caminho aguardando para serem abençoadas. O Senhor Jesus nos dá o exemplo no caso do cego de Jericó; o aleijado do poço de Betesda. Também Paulo mostra o mesmo com o aleijado da cidade de Listra. Atos 14:8. 2 – A igreja deve dar mais valor às pessoas que a ritos e costumes. Os apóstolos estavam indos para sua hora de oração. E detendo-se com o coxo, mostraram que a auxiliar vidas é inerente à devoção. Dar esmolas e orar era uma religiosidade meritória que exaltava o praticante, no entanto Pedro e João preferiram ser instrumentos para dar o que poderia ser a solução real e que exaltaria a Deus – a cura. 3 – A igreja é rica quando distribui bênçãos espirituais. O detalhe do “portão formoso” tem é significativo, pois era uma porta que separava o templo do pátio dos gentios. Recebia este nome pela sua beleza, era uma entrada com portões duplos, feito de bronze. O historiador Josefo dizia que ela “superava as cobertas com ouro e prata”.


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Além disso, ficava no lugar menos favorecido do templo, onde entravam os gentios e as mulheres. Mas muito próximo a tal beleza, havia uma descriminação ligada a esta entrada e em contraste a sua riqueza havia uma figura feia e pobre que merecia atenção dos apóstolos, cristãos e líderes da igreja. Vemos que a igreja deve ser rica em bênção espiritual antes de ser um poder material. A maior bênção é a proclamação das boas novas, exaltar a Cristo como Senhor e Salvador. 5.4 – Igreja na perspectiva bíblica: A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo (chamo ou convosco). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no NT a palavra tem sentido mais específico. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo. A igreja tem finalidade de comunhão entre os irmãos. Todos estão no mesmo nível, porque Deus ama a todos igualmente como indivíduos.

5.5 - A Comunidade de Jerusalém Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em Jerusalém após o dia de Pentecoste eles esperavam que Cristo voltasse muito em breve. Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais (At. 2.44-45). Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual distribuía esses recursos entre o grupo (At. 4.34-35). Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar (At. 2.46), mas começaram a partilhar a Ceia do Senhor em seus próprios lares (At. 2.42-46). Esta refeição simbólica


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trazia-lhes à mente sua nova aliança com Deus, a qual Jesus havia feito sacrificando seu próprio corpo e sangue. Deus operava milagres de cura por intermédio desses primeiros cristãos. Pessoas enfermas reuniam-se no templo de sorte que os apóstolos pudessem tocá-las em seu caminho para a oração (At. 5.12-16). Esses milagres convenceram muitos de que os cristãos estavam verdadeiramente servindo a Deus. As autoridades do templo, num esforço por suprimir o interesse das pessoas na nova religião, prenderam os apóstolos. Mas Deus enviou um anjo para libertá-los (At. 5.17-20), o que provocou mais excitação. A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tiveram de nomear sete homens para distribuir víveres às viúvas necessitadas. O dirigente desses homens era Estevão, "homem cheio de fé e do Espírito Santo" (At. 6.5). Sendo neste momento o início do governo eclesiástico. Os apóstolos tiveram de delegar alguns de seus deveres a outros dirigentes. À medida que o tempo passava, os ofícios da igreja foram dispostos numa estrutura mais complexa.

5.6 - Conceito do NT sobre a Igreja É interessante pesquisar vários conceitos de igreja no NT. A Bíblia refere-se aos primeiros cristãos como família, templo de Deus, rebanho e noiva de Cristo, sal, fermento, pescadores, e baluarte sustentador da verdade de Deus, enfim, de muitas outras maneiras. Pensava-se na igreja como uma comunidade mundial única de crentes, da qual cada congregação local era exemplo de possibilidade potencial de crescimento. Os escritores cristãos primitivos muitas vezes se referiam à igreja como o "corpo de Cristo" e o "novo Israel". Esses dois conceitos revelam muito da compreensão que os cristãos tinham da sua missão no mundo.


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5.7 - Características Comuns: Algumas qualidades comuns emergem das muitas imagens da igreja que encontramos no NT. Todas elas mostram que a igreja existe porque Deus trouxe à existência. Cristo comissionou seus seguidores a levar avante a sua obra, e essa é a razão da existência da igreja. As várias imagens que o NT apresenta da igreja acentuam que o Espírito Santo a dota de poder e determina a sua direção. Os membros da igreja participam de uma tarefa comum e de um destino comum sob a orientação do Espírito. A igreja é uma entidade viva e ativa. Ela participa dos negócios deste mundo; demonstra o modo de vida que Deus tenciona para todas as pessoas, e proclama a Palavra de Deus para a era presente. A unidade e a pureza espirituais da igreja estão em nítido contraste com a inimizade e a corrupção do mundo. É responsabilidade da igreja em todas as congregações mediante as quais ela se torna visível, praticar a unidade, o amor e cuidado de um modo que mostre Cristo vivo verdadeiramente naqueles que são membros do seu corpo, de sorte que a vida deles é a vida de Cristo neles. VI - O PAPEL DO TERAPEUTA Em muitas igrejas a compreensão do alcoolismo é tida unicamente como uma possessão. A qual é expelida por meio de oração. Sem realizar um acompanhamento ao alcoólatra posteriormente. Hamilton (apud Hoff, 1996, p. 12) “observa que alguns pastores argumentam que “se o aconselhado tiver uma experiência adequada, o conselheiro não será necessário...” Esses pastores pensam que os problemas de seus membros podem ser solucionados se eles tão somente orarem”. Esquivando-se da responsabilidade que o próprio Deus estabeleceu ao pastor – o papel de conselheiro: “ Como um pastor apascentará o seu


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rebanho: nos seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele guiará mansamente. (Isaías 40:11) O Senhor emprega o verbo “bosko” “ apascentar” que não significa apenas alimentar, mas também cuidar, guiar, governar, defender, etc., o que dá a entender que alimentar não é o suficiente, ou seja, pregar do púlpito, mas cuidar, guiar e defender, o seu rebanho em todas as áreas. “A perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a quebrada ligarei e a enferma fortalecerei” (Ezequiel 34:16) Na analogia, assim como uma ovelha que precisa de um pastor, o alcoólatra que está perdido no álcool, desgarrado da sua família e de Deus precisa de um conselheiro. Deus deixa evidente nos verbos citados no versículo: Buscar, tornar a trazer, ligar e fortalecer que o aconselhando precisa de um restaurador, de um conselheiro. Outros segundo Ross (2002, p 22) argumentam: “O alcoólatra também pode sofrer nas mãos de ministros religiosos e conselheiros mal informados”. Muitos profissionais mal preparados, que não buscam qualificar-se ou aprofundar-se na área do aconselhamento, ao invés de ajudar o alcoólatra, deixam traumas ou seqüelas piores do que anteriormente. É necessário que o terapeuta tenha um conhecimento profundo sobre o problema que o aconselhado enfrenta.

6.1 Qualificações do terapeuta O que faz na verdade alguém ser um bom terapeuta? Segundo Collins (1992, p. 20.)

“ num estudo de quatro anos conduzido com pacientes hospitalizados e vários

conselheiros, foi descoberto que os pacientes melhoravam quando os seus terapeutas mostravam um nível elevado de cordialidade, sinceridade e compreensão. Quando faltavam essas qualidades ao conselheiro, os pacientes pioravam.” Segundo o autor cordialidade significa: cuidado, preocupação sincera, tratando o aconselhado com valor; Sinceridade é quando o conselheiro é real, aberto, honesto e franco, significa que o terapeuta é ele mesmo,


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não sendo aquele que diz o oposto do que pensa; Ter empatia é quando o conselheiro mostra-se sensível às dificuldades do aconselhando, é capaz de entendê-las, e comunicar eficazmente essa compreensão. Esses atributos dos conselheiros são os mais frequentemente citados, mas evidentemente existem outras características importantes, como por exemplo, ele é capaz de viver eficientemente, com poucos desânimos, inseguranças, conflitos imobilizadores ou problemas pessoais. Podem-se resumir todas essas características em uma só: ter amor. Já o autor Paul Hoff (1996, p. 26, 27) traz abordagem com outras características do pastor como um bom conselheiro: Já percebemos porque umas pessoas recorrem a alguns pastores e não a outros em busca de assistência pastoral. a. O pastor-conselheiro deve ser tratável, social e acessível. As pessoas recorrem a alguém que as conheça, e a quem elas por sua vez conheçam e apreciem. De outro modo não se sentiriam a vontade relatando seus problemas e expondo-lhes seu coração. É necessário que o pastor se mostre amigo e interessado sinceramente pelos problemas das pessoas. O Ministro do Evangelho pode conversar com os membros de sua igreja e conhecê-los em visitas pastorais e em ocasiões sociais. b. Ele deve reunir certos traços pessoais. É importante compreender os demais, ou seja, ser sensível as sua necessidades e entender os seus desejos, problemas e frustrações. O bom conselheiro escuta atentamente o que o aconselhado lhe diz e tenta ver as coisas segundo a perspectiva deste. Respeita o aconselhado e tem interesse nele como “uma pessoa” e não como se ele fosse um “caso” a ser solucionado. Ele tem uma vida exemplar, digna de respeito, destaca-se por sua sobriedade, descrição e otimismo. Relaciona-se bem com sua esposa e com outras pessoas. c. Deve entender os motivos da natureza humana e os de sua conduta. Aprende observando as pessoas, lendo livros e pela experiência. d. Deve entender-se a si mesmo e reconhecer suas imperfeições e sua condição de ser humano. Se não entender bem a si mesmo, não poderá compreender os outros. e. Deve dominar seus próprios desejos, seus sentimentos de culpa, sua ansiedade, seus ressentimentos, sua sexualidade e suas frustrações. De outro modo seria como um cego que guia outro cego. f. Ele deve conhecer as técnicas do aconselhamento pastoral. g. Deve estar disposto a dedicar tempo ao ministério do aconselhamento. O processo de aconselhamento requer tempo, isto jamais deve ser esquecido. h. Ele deve saber guardar segredos. É fundamental que o pastor conselheiro nunca conte segredos, a nenhuma outra pessoas, nem que seja sua esposa.


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Estas são algumas características que o pastor segundo Hoff deve ter para realizar o aconselhamento com êxito. ( Apud Collins, 1992, p.21). “ Allport sugeriu que o conselheiro secular muitas vezes não pode suprir o amor necessário ao aconselhado e é incapaz de receber o amor que este quer lhe dar. Será possível sugeriu ele, que o cristianismo ofereça uma abordagem para a vida baseada inteiramente no amor e , portanto possa ajudar onde o aconselhamento secular e

fracassa?”. A reflexão sobre a atuação na área do aconselhamento se faz

necessária _ Como terapeuta tem cordialidade, sinceridade e compreensão e principalmente amor pelos aconselhados? E qual característica deve desenvolver, que atitude deve deixar de praticar para ser um terapeuta preparado? Todas as características necessárias a um terapeuta podem ser vistas em Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Pois Ele foi o único que em todos os momentos amou, e também compreendeu todas as fraquezas existentes.

VII - ESTRATÉGIAS DA IGREJA COMO COMUNIDADE TERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DO ALCOOLISMO: Diante da realidade do consumo excessivo de álcool, de famílias desestruturadas, falta de participação nos programas espirituais, e imposição da liderança para oferecer bebidas alcoólicas nas promoções da igreja. Quais estratégias a igreja deve ter como comunidade terapêutica? Neste momento é imprescindível que os membros conheçam a missão da igreja: ser agente de Deus para transformar as pessoas a imagem e semelhança do Senhor Jesus. O pastor Luiz Longuini Neto (2002. p. 68) apresenta em seu livro o novo rosto da missão, o líder dos irmãos morávios, Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf: “Que cada cristão deve entregar-se totalmente a Cristo para trabalhar em qualquer lugar do mundo e com total amor


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a família humana. Cada cristão é um missionário e deve compartilhar sua fé onde está. E cada missionário é um trabalhador e sustenta a si próprio e sua família.” Entende-se que Igreja Evangélica Congregacional deve ser uma igreja evangelista e desenvolver estratégias para converter, ensinar e aconselhar pessoas com todos os problemas inclusive com dependência alcoólica.

7.1 Oração: impulso fundamental do homem com Deus Através da oração o homem leva a Deus todas as suas dificuldades e lutas, e Deus em troca lhe dá alívio e forças para lutar. Portanto a oração é uma maneira fundamental na recuperação do indivíduo. A oração é imprescindível para o era humano. Friedrich apud (Kilpp, 2008, p.8.) chegou a afirmar que “onde as orações silenciam a religião morre”. A oração aprofunda a relação com Deus, pois é uma experiência da presença amorosa de Deus. O povo de Israel se dirigia a Deus através de seus lamentos ou súplicas, pode-se perceber esta atitude na maioria dos salmos. É na aflição e no sofrimento que as pessoas mais buscam o contato com seu Deus. E quando a igreja ou a religião não religa o homem a Deus, ele vai em busca de outros meios para aliviarem sua angústia. É de suma importância expressar diante de Deus tudo o que aflige, pois Ele não passará ao largo de pessoas que sofrem. “Confessai, pois os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados” Tiago 5:16. Através da de oração e intercessão os alcoólatras serão curados. Eles precisam orar e saber que há irmãos que estão sempre orando pelas suas dificuldades e problemas. O que os animará e os afastará das presas do inimigo. Por meio da oração todo o processo de cura é entregue nas mãos de Deus.


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7.2 – O líder espiritual como conselheiro A priori é necessário diferenciar O “aconselhamento” do “dar conselhos”. Dar conselhos é algo superficial em que são apresentadas sugestões originárias do pensar de um individuo e não de uma interação. Como uma via de mão única. No aconselhamento trabalha-se em um nível mais profundo, onde os resultados obtidos são frutos do trabalho conjunto de duas personalidades sob empatia. É uma via de mão dupla. Marcela Danon (2003, p. 25) define o aconselhamento, como: “Um processo de integração entre duas pessoas, cujo objetivo é habilitar o aconselhando a tomar uma decisão em relação à escolha de caráter pessoal, um conjunto de habilidades, atitudes e técnicas para ajudar a pessoa a ajudar-se”. O conselheiro tem o papel ajudar o aconselhando a aprender estratégias para ajudar-se. E não a solucionar os problemas por ele. Segundo Fred McKinney (Apud Mckinney, FRIESEN, 2004, p. 19) : “Aconselhamento é um relacionamento interpessoal em que o conselheiro assiste ao individuo em sua totalidade no processo de ajustar-se melhor consigo mesmo e com o seu ambiente. O conselheiro deve dispensar tempo com o aconselhando, pois é um processo que não acaba”. O autor enfatiza que o aconselhamento exige tempo e não um trabalho a ser concluído, o mesmo ocorre com o alcoólatra, mesmo após a abstinência do álcool, precisa de assistência. Não há outro, ó amado, semelhante a Deus, que cavalga sobre os céus para a tua ajuda e com a sua alteza sobre as nuvens (Dt 33.26).

Em nossa vida sempre é mais fácil aprender as coisas com a ajuda de um professor. Sem o auxílio de alguém experiente, como tocar bem um instrumento musical, dirigir um veículo, desenvolver um programa no computador etc?


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A maioria dos alpinistas experientes, frente a uma montanha difícil e alta, amarrase um ao outro para a escalada. O líder é um alpinista experiente e, se alguém cai, há um sistema de segurança: a ligação entre eles.

Mas alguns resolvem partir sozinhos. Exploram a vegetação, verificando cuidadosamente cada dificuldade da montanha através de guias impressos, mapas, bússola e muita tentativa e erro. Esses alpinistas também chegam ao topo, mas os acidentes e mortes são muito mais frequentes entre eles.

Em nossa vida também precisamos de um conselheiro espiritual. Alguém que nos ajude na caminhada da fé. Precisamos de conselheiros e amigos que estejam conosco nos momentos mais difíceis, nas tempestades e subidas da vida.

Pode parecer fácil andar sozinho por algum tempo, mas à medida que caminhamos, se buscarmos ajuda de algum conselheiro, muito mais facilmente poderemos tomar algumas decisões. Muitos estão passando por grande dificuldade e colhendo frutos de decisões erradas, por não pedirem ajuda antes de agir em determinadas situações.

Até mesmo os conselheiros e pastores precisam de ajuda. Existe um ditado entre os médicos que diz: "Um médico que cuida de si mesmo é atendido por um tolo." Se até pastores precisam de pastores nós precisamos pensar bem em buscar ajuda no lugar de vivermos isolados tentando resolver tudo sozinhos.


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Claro que em primeiro lugar temos Deus como o nosso conselheiro fiel, aquele que nos ajuda em todo tipo de circunstâncias. Mas Deus também levanta e capacita pessoas para nos ajudar. Ele nos ajuda enviando conselheiros que tendo uma visão externa do nosso problema muitas vezes estão mais capacitados a enxergar a melhor solução.

Peça a Deus que coloque em sua vida alguém de confiança que seja capacitado e esteja disposto a ajudar. 7.3 Grupos de abstêmios Uma das organizações de abstêmios, Alcoólatra Anônimos, afirma que de 65 a 75% dos alcoólatras recebem sua terapia, recuperam-se e voltam à vida normal. O tratamento implica em não voltar a provar uma gota de álcool sequer, pois é um problema espiritual, emocional e físico, e é preciso tratá-lo em três níveis simultaneamente. Estes dados comprovam que as terapias têm resultados motivadores. E por isso devem ser levados a sério. SER ABSTÊMIO É POUCO. Os Alcoólicos Anônimos (A.A.) e os Narcóticos Anônimos (N.A.) veem uma profunda diferença entre uma pessoa que simplesmente deixou de beber ou de usar drogas e uma outra que tenha ido mais fundo e conquistado um grau superior de moderação. Uma coisa é simplesmente se abster, outra é alcançar a sobriedade. Ser abstêmio é uma coisa. Ser sóbrio, outra. O abstêmio é aquele que atingiu um nível inferior de convivência com sua compulsão. Ele conseguiu parar com o álcool ou as drogas, é verdade, mas não pacificou suas emoções. Aqui cabe um esclarecimento sobre as compulsões ao álcool e às drogas, do pontode-vista dos grupos anônimos.


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De acordo com eles, as causas dessas compulsões seriam desconhecidas. É como se existisse em certas pessoas uma voracidade específica ou, como já se disse aqui, um tubarão alcoólico ou drogado navegando em seus mares interiores. A simples presença do álcool ou das drogas o deixaria enlouquecido de desejo e, então, não haveria força de vontade humana capaz de contê-lo. Para conviver com ele, é decisivo não incitá-lo. Com o passar do tempo ele se aquieta, permanece adormecido e nem faz notar sua existência. O abstêmio chegou até aí. Contudo ele não trabalhou sua personalidade ou suas emoções. Isso não quer dizer que fatores psicológicos possam gerar alcoolismo ou toxicomania. Já vimos que não. Essas compulsões são causadas por fatores desconhecidos e não por esse ou aquele tipo de personalidade ou emoção. Entretanto, todos nós sabemos que certas emoções, certos modos de reação aos acontecimentos fazem determinadas personalidades ficarem completamente fora de si. Por exemplo, as emoções agressivas, as reações coléricas embriagam mais que o álcool, excitam mais que as drogas. Ou as oscilações descontroladas do humor, ora para cima, ora para baixo. Elas sacodem a pessoa por tudo quanto é lado. Num momento ela se sente eufórica, noutro, um trapo. Num dia a vida é bela e tudo vai dar certo; noutro a vida não vale a pena ser vivida. Pequenos motivos geram enormes reações. Tudo exagerado, desmedido, desenfreado. Imaginem um abstêmio, naquele delicado equilíbrio, naquele fio de navalha que o separa de um recaída, em estados de tamanha turbulência! Claro, se ele não fosse tomado pela compulsão química, essa turbulência não geraria senão mais turbulência. Ele apenas iria se atolando na neurose, não no álcool ou nas drogas. Todavia, se ele tem a compulsão, essa turbulência lhe poderá ser fatal.


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É como se o seu tubarão, ao invés de incitado por “sangue” alcoolizado ou encharcado de drogas, fosse chacoalhado por águas abruptas e revoltas. Ele, que estava adormecido, provavelmente despertará. E tome recaída. Emoções e personalidades turbulentas não causam dependência química. Mas favorecem recaídas. Por isso há necessidade de ultrapassar a simples abstinência e atingir graus mais elevados de sobriedade. Tubarões não incitados, em águas serenas ou de movimentos harmônicos, aquietam-se mais permanentemente… O CONCEITO DE SOBREIDADE. Um abstêmio às vezes passa anos sem beber ou consumir drogas. Mas acaba recaindo. Nos grupos anônimos seu comportamento frequentemente beira o fanatismo. Parece até que trocou sua compulsão. Investe agora contra o alcoolismo ou as toxicomanias com a mesma voracidade que investia sobre a bebida ou as drogas. Tornou-se uma espécie de alcoólatra ou drogado de cabeça para baixo. Não é sóbrio sequer na sua maneira de enfrentar suas compulsões. A sobriedade representa um grau mais profundo de pacificação mais profunda das emoções. Significa a assimilação mais radical da moderação. É uma superação dos apetites pantagruélicos e das fissuras. Requer, portanto, um trabalho mais abrangente do que aquele dirigido para a simples interrupção do consumo das drogas e do álcool. A pessoa como um todo terá de realizar uma ampla reformulação de seu jeito de ser e reagir. A grande meta dos grupos anônimos é alcançar a sobriedade. Em todos os sentidos do termo. É preciso superar estados de fissuras para atingir os estados psíquicos alinhavados pelos fios da moderação.


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Para alcançá-los, os grupos anônimos recomendam a seus membros os Doze Passos, que representam um programa, um caminho para chegar à sobriedade. Ninguém, contudo, é obrigado a seguí-los. Não são mandamentos, são sugestões.

SOBRIEDADE NÃO É ANTÔNIMO DE FOLIA E FESTA Esse conceito de sobriedade pode dar margem a interpretações equivocadas. Não se trata de amainar sentimentos, mediocrizar idéias, moderar audácias ou amornar impulsos e reações. Sobriedade não é manter-se de corda frouxa. É, sim, esticá-la até seus limites, sem exaurir, contudo, sua resistência e levá-la a pontos de ruptura. Sobriedade é avaliar, com precisão, o fino jogo dos limites. Esses limites variam de pessoa para pessoa e, dentro da mesma pessoa, de momento para momento. Não há aqui receitas infalíveis ou regras gerais. Cada qual terá de desenvolver seu autoconhecimento para, através de uma sensibilidade trabalhada, poder reconhecer a cada momento onde se encontra o seu limite. Os grupos anônimos não pretendem retirar da vida seus acordes mais vibrantes. Sobriedade nada tem a ver com perda do vigor do desejo. Ela não exclui todo tipo de intensidade. Não exclui sequer excessos, desde que estes não façam explodir estruturas ou limites. Os grupos anônimos não pretendem tornar ninguém um santo. Pretendem apenas tornar possível a convivência com o “diabo” sem que se seja possuído por ele. 7.4 Terapias de Grupos familiares Formar grupos familiares que se identificam reunindo-se em suas casas para estudo da Palavra, oração, louvor e momento de trocas de experiências, falando sobre os problemas que enfrentam. Gary Collins (1992, p. 317) enfatizou o seguinte: “A causa mais


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importante do uso e abuso do álcool é a existência de um vazio espiritual, religioso existencial.”. Todo ser humano já sentiu um vazio existencial, principalmente na fase da adolescência e juventude eles estão mais propensos a este vazio existencial e consequentemente ao consumo do álcool, pois querem se identificar e serem aceitos pelo grupo. Quando não os encontram, são dominados por uma sensação crescente de frustração, falta de propósito e significado. O álcool então é uma porta aberta para levar as atividades de prazer e preenchimento do vazio humano. Cabe então a Igreja oferecer um ambiente saudável, e atividades para os jovens sendo elas: evangelizações, diaconias, encontros especiais, esportes, grupos de teatros e coreografias, ações sociais: visitas a casas de recuperações, hospitais especializados em recuperação de viciados. Dando oportunidade para receberem a Jesus como Salvador, desenvolverem seus talentos, preenchendo o seu vazio, e levando-os a se sentirem amados e valorizados pelo Senhor. Neste contexto surgiu as principais Terapias para o Tratamento do Alcoolismo. Entre elas, a forma de tratamento dos Alcoólicos Anônimos, a Terapia Breve, a Terapia Motivacional e a Terapia Cognitivo-Comportamental.

O surgimento dos Alcoólicos Anônimos

Os Alcoólicos Anônimos (AA) foram fundados por dois alcoólicos em 1935, nos Estados Unidos, na cidade de Akron, Ohio, durante uma conversa entre um corretor da Bolsa de Nova Iorque e uma medico de Akron. Ambos se tornaram fundadores da organização baseando-se na teoria de que somente um alcoólico poderia ajudar outro alcoólico a atingir a recuperação ao evitar o primeiro gole, de acordo com os 12 passos (Pena-Alfaro, 1993).


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Desde aquele ano, estima-se que quase 2 milhões de pessoas já se recuperaram através deste método, que está estabelecido em mais de 136 países. O AA se define como uma irmandade mundial de homens e mulheres alcoólicos, unidos a fim de resolver seus problemas comuns e ajudar seus irmãos sofredores, na recuperação daquela velha e desconcertante enfermidade do alcoolismo (Pena-Alfaro, 1993).

A idéia de que o alcoolismo é uma doença está fundamentada no tratamento do AA. Segundo esta instituição esta ênfase no conceito de doença permite com que a aceitação seja atingida mais facilmente, diminuindo o estigma social e o preconceito de que este problema era de ordem moral ou um vício (Pena-Alfaro, 1993).

Por outro lado, os Alcoólicos Anônimos não se interessam em buscar a etiologia de tal doença, apenas alegam que se trata de um fator orgânico predominantemente, pois quem toma o primeiro gole não consegue parar de beber até perder o controle (Pena-Alfaro, 1993).

Em virtude disso, a proposta deste tratamento consiste em evitar este primeiro gole, assim como reconhecer a dependência e renunciar ao seu uso. Para tanto, o sujeito deve renunciar à bebida por um período de 24 horas, sendo este o objetivo máximo a fim de manter a sobriedade (Pena-Alfaro, 1993).

Porém, mesmo após longos anos de abstinência os indivíduos se reconhecem como alcoólicos, já que o alcoolismo não tem cura, e a única saída é abster-se de beber (PenaAlfaro, 1993).


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Este programa insiste que antes do primeiro gole o alcoólico ainda tem controle da situação, que é perdido após o primeiro.

O alcoólico é definido como aquele que tem problemas de bebida, ou seja, em quem os resultados do beber ocasionam problemas: problemas econômicos, conflitos conjugais e familiares, transtornos de conduta, violência, ciúme, acidentes de transito. Se frequentemente ocorre qualquer desses casos ou ainda outros, certamente que as conseqüências da bebida não são boas e estão arruinando a vida do sujeito. (Pena-Alfaro, 1993).

Para atingir a meta de não beber, foram elaborados os doze passos, que são descritos a seguir (AAWS apud Resende, 2003):

1) Admitimos que éramos impotentes perante o álcool, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

2) Viemos a acreditar que um poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos a sanidade.

3) Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que o concebíamos.

4) Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.


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5) Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano a natureza exata das nossas faltas.

6) Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

7) Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

8- Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9) Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudica-las ou a outrem.

10) Continuamos fazendo o inventário pessoal e quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

11) Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade.

12) Tanto experimentado um despertar espiritual graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as atividades.


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As doze tradições sucintamente consistem em: colocar o bem-estar do grupo em primeiro lugar; os lideres são servidores de confiança, autonomia e auto-suficiência dos grupos; não sancionar, financiar ou emprestar o nome de A.A; não profissionalismo, relações com o público baseando-se na atração em vez da promoção, anonimato e colocar os princípios acima das personalidades.

Existem outros dois grupos que se relacionam com o A.A. Estes são o AL-ANON E AL-TEEN, o primeiro para familiares de alcoolistas e o segundo para os filhos destes.

Terapia Breve

De modo geral, as intervenções breves podem ser classificadas em dois grandes grupos: simples aconselhamentos e tratamentos breves (Ramos, 1997).

O simples aconselhamento envolve a prescrição da abstinência ou redução do consumo, sem a instrução de regras ou diretrizes para alcançar estes objetivos. O aconselhamento parece ser mais comumente empregado naquelas situações em que as pessoas não gravemente dependentes são identificadas através de exames médicos periódicos ou por outras razões que não o uso de álcool ou droga.

Já os tratamentos breves envolvem procedimentos de ensino de métodos de autocontrole para atingir objetivos de abstinência ou moderação. Eles são mais indicados nos casos em que existe uma expectativa ou uma avaliação por parte do paciente sobre a necessidade de alguma ajuda externa maior.


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Métodos de auto-controle em geral envolvem procedimentos bem delineados como estabelecimento de metas, automortificação do consumo, identificação de situações de risco e desenvolvimento de estratégias para lidar com essas situações (Sanchez-Craig apud Ramos, 1997).

A introdução do conceito de graus de dependência defendida em 1976 por Edward, juntamente com Gross, possibilitou uma nova visão na área de dependência. A partir dessa visão, o alcoolismo não é mais visto como uma condição cujo diagnostico está finalizado simplesmente pela conclusão de sua presença ou ausência, mas que existe sutileza nos indicativos de sua presença e que, quando ela é detectada claramente, pode ser encontrada em diferentes graus (Ramos, 1997). Essa forma de pensar gerou uma tendência para deslocar esforços do tratamento para além da preocupação estreita com dependência, objetivando assim agir sobre um numero maior de casos, em estágios menos avançados do problema, contribuindo para o delineamento de formas de tratamento com forte ênfase em prevenção (Sanchez-Craig apud Ramos, 1997). Existem vários modelos de terapias breves concebidos especificamente para a abordagem dos problemas relacionados ao uso de álcool e drogas. A grande maioria dos modelos possui características básicas semelhantes: são intervenções limitadas no tempo, têm como foco a redução do consumo e dos problemas associados e são dirigidas primariamente a não-dependentes, ou os assim chamados “bebedores-problema”. Seus procedimentos clínicos incluem sempre avaliação inicial e feedback direto, estabelecimento e contratação de metas, técnicas de modificação comportamental e o uso de material escrito como forma de monitorizar o comportamento e melhorar o processo cognitivo de auto-observação e mudança (Sanchez-Craig apud Ramos, 1997).


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Vários modelos de intervenção breve foram analisados, de modo que seis elementos comuns parecem ser os elementos responsáveis pela efetividade desta intervenção: feedback, responsabilidade, estabelecimento de metas, estabelecimento de estratégias, auto-eficácia e empatia (Miller e Sanchez apud Ramos, 1997). O feedback consiste numa avaliação inicial, abrangente e estruturada, através da qual o paciente é colocado a par de seu estado atual, nos níveis físico, psicológico e social. A responsabilidade é constantemente trazida à tona nesta intervenção, ou seja, o terapeuta indica que uma mudança efetiva somente pode ocorrer a partir da decisão do próprio paciente. O estabelecimento de metas diz respeito à colocação de pontos objetivos a serem atingidos pelo paciente, de modo que o terapeuta indica recomendações para que ele realize alguma mudança em seu padrão de comportamento prejudicial de consumo. A meta é, então, um meio para se alcançar a solução dos problemas relacionados ao consumo e não um fim em si mesmo. Auto-eficácia pode ser definida como otimismo ou esperança. É um conceito que foi inicialmente definido por Bandura (Bandura apud Ramos, 1977) e que significa a crença que cada um de nós tem na própria capacidade de executar com sucesso uma determinada tarefa. Empatia consiste nas habilidades interpessoais do terapeuta, de modo que este possua determinadas características que são determinantes no sucesso da intervenção, causando menores níveis de resistência e negação e um padrão de mudanças no comportamento mais estável no tempo e, portanto, mais duradouro. As técnicas de terapia breve apresentam um grande potencial de resposta a questões atuais, apontadas como sede das mudanças que vêm ocorrendo no terreno dos tratamentos. Sumarizando, pode-se dizer que alguns fatores explicam esta afirmativa. Já que elas partem


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de uma conceituação teórica, geralmente de orientação cognitivo-comportamental, que gera abordagens práticas de resultados mais rápidos e evidentes. Por outro lado, se propõe a atuar em nível secundário de prevenção, oferecendo programas de tratamento que são atraentes para pessoas que já apresentaram problemas, mas que não estão comprometidas a ponto de aceitarem ou mesmo terem indicação de hospitalização. E ainda, elas trabalham com procedimentos técnicos bem delineados, o que permite estudos mais precisos de sua efetividade, dessa maneira tem sido demonstrado persistentemente que os resultados não são inferiores aos obtidos com tratamentos mais intensivos e custos, como as internações prolongadas. De forma que apresentam uma relação custo e benefício muito favorável, fator de extrema importância em vista da escassez de recursos materiais dos sistemas de saúde (Ramos, 1997). Terapia Motivacional: A terapia motivacional se baseia em uma forma de aconselhamento que procura ser direto e se centra no sujeito. Tem por objetivo mudar o comportamento mal adaptativo, procurando fazer com que o paciente possa superar sua ambivalência com relação ao álcool (Miller; Rollnick, apud Resende, 2003). Esta terapia possui técnicas de outras abordagens, como por exemplo, terapia centrada no cliente, terapia sistêmica, terapia cognitiva, psicologia social de persuasão, além da psicoterapia breve. Tais semelhanças e apropriações não a faz semelhante a estas, mas esta terapia possui características peculiares e enfoque que a diferencia das demais. Além disso, o papel do terapeuta consiste em possibilitar ao paciente encontrar de forma critica um espaço natural para que eles possam mudar de comportamento (Jungerman; Laranjeira apud Resende, 2003).


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A terapia motivacional possui dois conceitos fundamentais. Um é o de ambivalência, que em se tratando de dependência de drogas seria o conflito psicológico que o paciente vive entre continuar se drogando e parar de se drogar. A ambivalência também é nomeada como motivação flutuante (Resende, 2003). O outro conceito é intitulado prontidão de mudança, tendo por base o modelo de “Estágios de Mudança”: Pré-comtemplação, Contemplação, Preparação, Ação, Manutenção e Recaída (Resende, 2003). Além disso, existem cinco estratégias básicas na técnica da terapia motivacional que são: expressar empatia (escuta técnica reflexiva), desenvolver discrepância (evidenciar a distancia entre onde o cliente está e onde ele gostaria de estar), evitar discussões (elas suscitam defesas e resistências), fluir com a resistência (saber reconhecer o momento do cliente) e estimular a auto-eficácia (crença da própria pessoa na sua habilidade de executar uma tarefa) (Resende, 2003). 7.5 Palestras Através de palestras, sobre o assunto do alcoolismo, com a promotora pública da comarca do município vizinho e com pessoas especializadas conscientizar a liderança da igreja; que será transformadora na sua família e comunidade. Mostrar os efeitos físicos, psicológicos, sociais, na família, e na igreja. Trazer participantes do AA que se recuperaram para testemunhar sobre a realidade em que viviam. Informar os membros sobre o álcool, seus efeitos e malefícios, trazendo fatos e interpretações atualizadas. Apresentar a realidade específica de alguns alcoólatras, sensibilizando de tal maneira para que as pessoas possam ter uma noção ampla sobre os danos que o alcoolismo deixa. O pastor e escritor Jorge Linhares (2004, p. 32.) ao visitar a Penitenciária Dutra Ladeira pregou sobre os malefícios causados pela bebida e conseqüências danosas para a


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vida das pessoas. Quando terminou, um detento o procurou e disse “Se eu soubesse que o álcool destruiria a minha vida desse jeito, eu não teria começado”. “Minha família, meu casamento, tudo o que eu tinha de bom acabou-se. Perdi até a liberdade por causa dela. Prega isso lá fora, pastor, diga para as pessoas que nós estamos abandonados, estamos aqui atrás das grades, por que ninguém nos preveniu”. Um trabalho intensivo de prevenção deve ser realizado pela igreja. Impedindo que vidas sejam destruídas pelo álcool. 7.6 Colocar os dons a serviço Na parábola dos talentos Jesus sugere para os discípulos e para todo povo de Deus, como utilizar seus dons. Trabalhando com o que o Senhor outorgou a cada cristão. A igreja do Senhor não deve ficar passiva e inerte, mas investir o que recebeu. O apostolo Paulo usa o termo: Carisma. Onde cada membro da comunidade recebeu a manifestação ou porção da graça divina, e deve ser usada em favor de toda comunidade. O mesmo deve continuar na igreja hoje, formando departamentos e oferecendo oportunidades para os membros participarem de forma ativa do Reino de Deus, pode ser ela uma atividade simples como ajuda na limpeza e manutenção da igreja ou no louvor e discipulado. O conselheiro deve conhecer a sua igreja para delegar as atividades conforme o dom de cada membro e ter visão sobre as necessidades e áreas carentes da igreja e até mesmo da comunidade na qual está inserida. Para que a vida possa fluir e evoluir harmoniosamente.

7.7 – Compartilhar a vida Numa época de individualismo e egocentrismo perdeu-se a dimensão comunitária, até mesmo dentro da igreja. Porém todos têm a necessidade de ter alguém para ouvir e entendê-los. Grupos como AA e AE formam grupos de pessoas que passam pelas mesmas dificuldades e mostram a importância de compartilhar suas lutas e problemas. A vida


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comunitária é um constante compartilhar. A igreja deve oportunizar para aqueles que precisam de ajuda este momento de compartilhar. E também oferecer o espaço físico da igreja para todos que quiserem voluntariamente, se tratar do alcoolismo semanalmente. Compartilhar é um complemento importante para a cura emocional e na vida espiritual entregar-se incondicionalmente a Deus para ser liberto. Deixar claro que a igreja tem interesse em ajudar os alcoólatras, e que pessoas da comunidade podem recorrer a ela. Pois o verdadeiro apoio está na família de Deus.


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VIII - CONCLUSÃO A Igreja tem necessidade de resgatar a missão transformadora outorgada por Deus. Transformando a visão do paradigma de igreja aprendido empiricamente. Conscientizar através de um processo longo e objetivo sobre os malefícios que a bebida gera físico, psico e espiritualmente para o alcoólatra, e para sociedade.

Acima de tudo, a igreja deve

proporcionar a todas as pessoas evangelizações para converter e discipulado para crescer no Senhor. Precisam aprender que a graça de Deus é o bastante, e que o poder divino se aperfeiçoa na fraqueza. Quando é fraco em si mesmo, então é forte no Senhor. 2Co 12:9-10. O alcoólatra necessita reconhecer a sua fraqueza, que precisa de ajuda.

Através do

aconselhamento, subsidiar aos aconselhados meios que o auxilie na compreensão de si próprio e desenvolva táticas para lutar contra o vício. Aplicar as estratégias apresentadas levando o alcoólatra a sentir-se amado, oportunizando momentos em que irá participar na igreja ativamente. E grupos de terapia, onde compartilhem as suas lutas, derrotas, fraquezas, e vitórias, e nessa troca mútua: vejam os outros, se identifiquem, e se reconheçam como humanos e carentes de Deus. O pastor como terapeuta deve se aprofundar no conhecimento de Deus e dos problemas que o alcoólatra enfrenta, sendo um pesquisador constante, para atuar da maneira mais eficaz possível na prevenção e tratamento do álcool através do aconselhamento e grupos de terapia. Segundo Caldeira Pinto (2007, p. 37): “Para ser um método adequado ele precisa entrar em contato com as pessoas, propor mudanças e tomadas de atitudes, conscientizar acerca de valores morais e éticos, adentrar as dimensões do conhecimento de Deus, perscrutar as Escrituras Sagradas, avaliar seus líderes quanto à capacidade e disposição em servir e, finalmente alegrar”. A igreja como comunidade terapêutica deve ser instituição que cuida do ser em sua totalidade e para isso deve oferecer todos os meios possíveis para transmitir a vida abundante que Jesus veio trazer.


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