SHORT COMMUNICATION
Algarve Médico, 2019; 9 (3): 24 - 25
Síndrome de imunodeficiência adquirida nos internamentos de doentes com infeção pelo vírus da imunodeficiência humana - Qual o motivo na era da terapêutica antirretroviral? Mourão Carvalho1,2,3, Ana Isabel Rodrigues1, Ana Pimenta de Castro1 Serviço de Medicina – Unidade de Faro, Centro Hospitalar Universitário do Algarve Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve 3 Algarve Biomedical Center (ABC) 1 2
nfcarvalho@ualg.pt
Introdução
Material e Métodos
Nas últimas duas décadas assistiu-se à
Uma base de estatística descritiva
hegemonia da terapêutica antirretroviral
caracterizou cada subgrupo, acrescida de
(TARV) que alterou radicalmente o
uma técnica de classificação de indivíduos
3): Pneumocistose em 10 doentes (27%).
paradigma da infeção, nomeadamente
pela metodologia de clusters hierárquicos
O sistema nervoso central contabilizou
o rumo das décadas de 80 e 90 em que
(método Ward, distância euclidiana ao
9 doentes (24,3%), 6 com Toxoplasmose
evoluía inexoravelmente para o estadio
quadrado). Uma configuração gráfica
cerebral, 1 com Encefalomielite, e 2 com
SIDA e desfecho fatal.
dendogrâmica viabilizou a constituição
Leucoencefalopatia multifocal progressiva.
Com este estudo pretendeu-se
de clusters com base no peso dos dias
5 doentes foram internados por infeção
de internamento relativos a cada doente.
por Mycobacterium tuberculosis, dos
Em contexto bivariado calcularam-se
quais, 2 por tuberculose pulmonar, 2
coeficientes de correlação com as
por tuberculose miliar, 1 por tuberculose
variáveis de interesse.
vertebral. Ainda, 6 (16,2%) doentes com
caracterizar a prevalência atual das doenças definidoras de SIDA que motivaram internamentos.
feminino, com idade média de 45 e 40 anos, respetivamente (figura 2). Os diagnósticos, distribuíram-se por (figura
neoplasias relacionadas com o VIH,
Resultados e Discussão Ao longo do período compreendido entre 1 de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2018, registaram-se 330 internamentos com diagnóstico de infeção por VIH, correspondentes a 235 doentes. Destes, 37 doentes (15,7%) foram internados com o diagnóstico principal de doença definidora de SIDA. Na divisão por género 22 doentes eram do sexo masculino e 15 do género
nomeadamente: 2 linfoma de células B difusas, 1 linfoma de grandes células B, 1 leucemia linfóide, 1 com neoplasia invasiva do cervix e 1 sarcoma cutâneo de kaposi. Finalmente 2 doentes com pneumonia bacteriana recorrente, 2 com citomegalovírus e 3 doentes com Candidíase (pulmonar 1 e esofágica 2). A demora média dos internamentos com SIDA foi de 37 dias face aos 16 relativos ao grupo sem este diagnóstico principal, assim como a mortalidade de 42% face a 18%. Dos 198 internados por outros motivos, 78 (39.4%) possuíam já o diagnóstico de SIDA, sem que esse fosse o motivo de internamento.
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