Inside Chapel #27 Português

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CHAPEL

Edição 27 - Agosto de 2023 / ISSN 2527-2160

YOUNG TROJANS

Por dentro do programa esportivo de maior sucesso da Chapel

JIU-JITSU PARA CRIANÇAS

VÍNCULOS FORTES

ENTRE PAIS E FILHOS

PERMISSIVIDADE = ABANDONO

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ

INSIDE
Ensaio de Sanda Lawisch Ex-aluno Caio Malta conta como a Chapel lhe deu bases para inovar no mundo Para Leo Fraiman, excesso de telas é tragédia anunciada na educação dos filhos Como as viagens e os propósitos comuns mantiveram a união da família Klink
Mais informações admissions@chapelschool.com www.chapelschool.com (11) 2101-7400
Engajar • Desafiar • Apoiar • Cuidar • Preparar os alunos para a vida

EM BUSCA DE CONEXÕES REAIS

Prezados leitores e prezadas leitoras da Revista Inside Chapel, estamos começando o ano letivo. É uma nova oportunidade para aprofundarmos conhecimentos e aprendizados. Isso se aplica não apenas aos alunos e às alunas da Chapel, mas também às mães, aos pais e à nossa equipe, desde as áreas técnicas até o corpo docente.

Nos últimos tempos, a afirmação “sou muito conectado” se tornou sinônimo de tempo passado na internet, nas redes sociais ou em jogos eletrônicos. Como demonstra a entrevista com o psicólogo Leo Fraiman, o excesso de telas tem afastado nossos jovens do incrível aprendizado proporcionado pelas relações humanas. Não se trata de condenar a tecnologia em si mesma, mas de constatar que nossos jovens estão se privando da conexão verdadeira, olho no olho, que exige presença e interesse real pelo outro. “Os educadores têm notado que o olhar dos alunos não está mais brilhando. E isso é muito triste”, lamenta Fraiman.

O esporte pode ser um caminho eficaz e saudável de conexão, como evidenciam a trajetória do nosso ex-aluno Caio Malta e o sucesso do programa Young Trojans, da Chapel, também temas de reportagens. No esporte, a colaboração e a capacidade de trabalhar em equipe são fomentados ao lado de outros atributos desejáveis para os nossos jovens vida afora, como respeito, comprometimento e persistência.

A reportagem de capa, sobre a família Klink, contém uma preciosa mensagem: nenhum ambiente é tão importante para fortalecer conexões quanto a família. Ao reconhecer e lidar com diferenças de personalidade e com a diversidade de interesses profissionais, o casal Amyr e Marina transmitiu às três filhas uma visão de tolerância e empatia. Neste momento em que cada uma delas percorre seu caminho pelo mundo, todos os integrantes dessa família sabem bem que o essencial é jamais perder a conexão.

A grande importância do vínculo parental é ressaltada por Sanda Lawisch, especialista em desenvolvimento infantil, no artigo que fecha esta edição tão rica em ensinamentos. Uma das provocações apresentadas no artigo é especialmente inquietante: você já se perguntou como será lembrado daqui a muitos anos, quando o seu filho ou a sua filha descreverem o vínculo com os pais?

Cada momento da nossa vida representa uma oportunidade única para aprender, mas isso depende das conexões que estabelecemos – seja com os conhecimentos acumulados pela humanidade, com as outras pessoas ou conosco mesmo. Ao abordar diferentes nuances do tema “conexão”, esta edição da Inside Chapel é uma grande fonte de inspiração para os nossos aprendizados.

Desejo aos caros leitores e às caras leitoras um ano letivo cheio de realizações – e com muitas conexões!

EDITORIAL INSIDE CHAPEL
Pe. Lindomar Felix da Silva OMI, Provincial dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada da Província do Brasil

EXPEDIENTE

INSIDE CHAPEL É UMA PUBLICAÇÃO

SEMESTRAL DA CHAPEL SCHOOL

WWW.CHAPELSCHOOL.COM

CONSELHO EDITORIAL:

Miguel Tavares Ferreira, Marcos Tavares Ferreira, Adriana Rede e Luciana Brandespim

EDITORA: Paula Veneroso MTB 23.596 (paulaveneroso@gmail.com)

ASSISTENTE EDITORIAL:

Fernanda Caires (publications@chapelschool.com)

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Adriana Calabró, Maurício Oliveira, Paula Veneroso e Sanda Lawisch

FOTOS:

Anna Quast, Arquivo Chapel, Arquivos Pessoais, Diogo Brum, Giovanna Conservanni, Lucas Gallo, Marina Klink, Paula Marina, Pedro Dimitrov, Rick Arruda e Victor Affaro

DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Vitor de Castro Fernandes (design.vitor@gmail.com)

TRADUÇÕES: Chapel School

IMPRESSÃO: Margraf

A27ª edição da Inside Chapel dá as boas-vindas ao ano letivo de 2023-2024! Estamos entusiasmados para embarcar nesta jornada de aprendizagem, de crescimento e de conexão com cada um vocês. Ao iniciar este ano letivo, gostaríamos de ressaltar a importância de promover vínculos fortes dentro e fora da nossa comunidade escolar.

No mundo acelerado de hoje, é fácil se deixar levar pela correria do dia a dia e perder de vista a importância do verdadeiro vínculo humano. Somos seres sociais e os relacionamentos que cultivamos dão forma às nossas experiências e perspectivas. Construir vínculos com significado gera a sensação de pertencimento, de apoio e de compartilhamento de experiências que enriquece nossas vidas.

Nós incentivamos as famílias a investir tempo e dedicação na construção de laços duradouros entre si. Os vínculos criados entre famílias e alunos; pais, professores e amigos dentro da comunidade são uma base preciosa de apoio. Esses relacionamentos se tornam os pilares sobre os quais construímos resiliência, empatia e um forte espírito de comunidade. Como pais, sua presença e sua atenção são imprescindíveis na vida de seus filhos. Sua participação em sua educação, seus interesses e seus desafios cria um ambiente que cultiva indivíduos bem completos. Estar juntos, longe das telas, promove a comunicação aberta e dá a oportunidade de realmente entender os pensamentos e os sentimentos uns dos outros.

A tecnologia enriquece nossas vidas de várias formas, mas temos que nos lembrar do poder das interações pessoais. Ao incentivarmos nossos alunos a trocar as telas por interações verdadeiras, abrimos caminho para vínculos mais profundos. Fazer caminhadas, jogar jogos de tabuleiro, conversar e criar memórias preciosas juntos são a base de relacionamentos sólidos e duradouros.

A vida é uma coletânea de histórias, memórias e experiências que influenciam quem somos. Dedique tempo para registrar as histórias únicas e os eventos importantes da vida de sua família. Esses momentos, quando preservados, tornam-se tesouros que podem ser transmitidos de geração em geração, ligando seu legado ao futuro.

Ao começarmos este novo ano letivo, vamos nos lembrar de que a educação não é somente livros didáticos e notas; trata-se de cultivar uma vida de propósito. Defina objetivos que te inspirem, metas que te desafiem e interesses que te conduzam à realização dos seus sonhos. Cada passo seu nesta jornada contribui para o propósito maior de atingir crescimento pessoal e coletivo.

EDITORIAL INSIDE CHAPEL
Ms. Juliana Menezes, Diretora Escolar e Diretora do Elementary School

COLABORADORES

ADRIANA CALABRÓ

[Uma vida com sentido, p. 09]

É jornalista, escritora e roteirista. Foi premiada nas áreas de comunicação (Best of Bates International, Festival de NY, Clube de Criação) e literatura (Selo Puc/Unesco Melhores livros de 2017, ProAc – bolsa de literatura, Prêmio Off-Flip – finalista, Prêmio João de Barro – 1º lugar, Prêmio Livre Opinião – finalista e Prêmio Paulo Leminski – finalista). Idealizou e atua desde 2005 como facilitadora da Oficina de Escrita Criativa Palavra Criada (palavracriada.com.br).

MAURÍCIO OLIVEIRA

[Muito além do esporte, p. 16 e Histórias em construção, p. 20]

Já escreveu para os principais veículos da imprensa brasileira, como Veja, Exame, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico e UOL. Com mestrado em História Cultural e doutorado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tem mais de 30 livros publicados, como Amores Proibidos na História do Brasil, Garibaldi, Herói dos Dois Mundos e Pelé, O Rei Visto de Perto

SANDA LAWISCH

[Vínculo parental: base para desenvolver resiliência emocional, p. 35] Sanda é formada em Desenvolvimento Infantil e mestre em Saúde Pública. É apaixonada por Neurociência e pesquisas, e passa a maior parte do tempo ajudando famílias a encontrarem o caminho do meio na disciplina dos filhos. A sua personalidade fortíssima, essência rebelde e um TDAH não diagnosticado fizeram com que ela experimentasse como criança variadas ferramentas da disciplina tradicional (castigos, punições físicas, sermões, entre outros), que deixaram marcas emocionais profundas. Por isso, ela tenta mudar a vida de outras crianças através do seu trabalho feito com os pais.

PAULA VENEROSO

[Movido a desafios, p. 30]

É editora da Inside Chapel. Jornalista e mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), atuou como revisora, redatora e repórter nas revistas Veja, Veja São Paulo e no jornal Folha de S.Paulo. Por mais de 20 anos lecionou técnicas de redação jornalística em cursos de graduação. Atualmente, trabalha como preparadora e revisora de livros, e na produção e edição de reportagens para mídias impressas e digitais.

INSIDE CHAPEL

EXCESSOS DIGITAIS 09

Psicólogo Leo Fraiman afirma que educação muito permissiva é espécie de abandono.

FOCO NO ESPORTE

Programa Young Trojans eleva atividades esportivas da Chapel a patamar de sucesso.

PORTO SEGURO

Os Klink contam como lidam com a distância e a saudade, reforçando os laços da relação familiar.

EDUCAÇÃO ESPORTIVA

Ex-aluno Caio Malta criou federação internacional que promove campeonatos de jiu-jitsu para crianças.

ENSAIO

A especialista em Desenvolvimento Infantil Sanda Lawisch dá dicas para os pais criarem momentos especiais com os filhos.

SPOTLIGHT

Volta das viagens, professores no AMISA 2023, prêmios MUN, projeto Shark Tank e Feira de Leitura. O que foi notícia na Chapel.

TALENTOS & PAIXÕES

Conheça os hobbies e as habilidades de sete alunos e dois professores do colégio.

GALLERY

Registro de eventos que reuniram a comunidade escolar no último ano letivo: Carnaval, Festival Internacional, torneios esportivos Little 8, Big 8 e Young Trojans, e formaturas do 12º ano, 6º ano e Kindergarten.

SUMÁRIO
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HÁ UMA TRAGÉDIA EM CONSTRUÇÃO NESTE EXATO MOMENTO. O

EXCESSO DE TELAS

DEIXA AS PESSOAS ANESTESIADAS EM SUAS POTÊNCIAS E

NA SUA CAPACIDADE DE INTERAGIR COM O MUNDO. O PSICÓLOGO

LEO FRAIMAN FALA

SOBRE OS RISCOS

DESSE PANORAMA,

ESPECIALMENTE ENTRE

CRIANÇAS E JOVENS, E

TRAZ OS CAMINHOS PARA

O DESPERTAR DE UMA

VIDA MAIS CONSCIENTE

UMA VIDA COM SENTIDO

Ainfância de um menino introvertido tem lá seus desafios; a fase prévestibular de um adolescente, também. E ter passado por essas questões na pele, ajudou Leo Fraiman, especialista em psicologia educacional, a ser o profissional qualificado de hoje. Em suas palavras: “Todo bom psicólogo que eu conheço entrou em contato com a sua dor. Quando aceitamos navegar por ela, transformamos dor em amor. A sensação de não me encaixar, as minhas inseguranças, as dúvidas de carreira que tive viraram causas para o meu trabalho”. O sucesso veio com a mesma intensidade da sua paixão pela profissão e, entre os seus inúmeros objetos de estudo, está o conceito de felicidade e os caminhos para chegar até ela de uma forma autêntica. “Hoje temos acesso a bens e serviços inimagináveis no passado, mas, paradoxalmente, a insatisfação também aumentou muito”, diz o psicólogo que vê no estilo de vida digital que levamos um dos motivos desse descontentamento generalizado. Com mestrado em psicologia pela USP, detentor de quatro pós-graduações na área de Educação e Desenvolvimento Humano, Leo está atento ao que acontece no Brasil e no mundo, e observa uma tragédia anunciada debaixo de nossos narizes. “Está em curso uma outra pandemia que está matando almas. Essa criança que já cresceu viciada na tela, que não olha no olho de ninguém e ainda dá tapa na mãe quando confrontada, o que pode se esperar dela como pessoa?”. Neste imbróglio em que excessos digitais e falta de limites se encontram, há como agravante o fenômeno da terceirização: “É mais fácil dar tela, dar remédio, delegar pra escola, criar um staff composto de personal, psicólogo, babá, porque os pais não têm disponibilidade real. Mas posso dizer que se educar é um problema, não educar é um problema maior ainda.” É o que se vê na realidade das crianças e adolescentes que chegam ao seu consultório: depressão, ansiedade, autolesão, obesidade, irritabilidade, má qualidade do sono, falta de empatia e o que se pode chamar de demência

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Por Adriana Calabró Fotos: Paula Marina

“O

NOSSO

FUTURO

É LAPIDADO

PELAS NOSSAS ESCOLHAS. O FUTURO NÃO ESTÁ

PRONTO E MUITO MENOS CONDENADO. ELE VAI SER O QUE FIZERMOS DELE”

digital. “É a primeira geração na história em que a geração tem o QI inferior ao dos pais. Como será daqui em diante? No mundo profissional, o jovem terá de competir com pessoas do mundo inteiro e também com a Inteligência Artificial. Que chance terá o aluno com cabeça de herdeiro? Individualista, neurótico, isolado, dependente de tela ou de álcool? Que chance ele tem de se tornar relevante? E não é sobre dinheiro, é sobre dar sentido à vida. Porque ‘Quem tem um para quê viver, sobrevive a qualquer como viver’”. A citação feita por Fraiman é de uma de suas principais referências: o psiquiatra austríaco Viktor Frankl, idealizador da logoterapia, sistema que tem como base a busca de sentido. Um fio condutor que pode conduzir à resolução desse grande dilema contemporâneo.

Uma forma de abandono Segundo o psicólogo, autor de mais de 20 livros voltados à temática da educação, o excesso de mimos direcionado às crianças e jovens passa também pela permissividade no uso do celular e da internet. Para Leo, trata-se de um desserviço e mais uma forma de abandono.

A realidade pós-pandêmica nos deu a dimensão desse buraco emocional que não consegue ser preenchido por nada. As crianças e adolescentes foram muito impactados e se encapsularam nos seus mundos particulares nas telas, evitando contato. E não foram os cuidados excessivos dos pais, os bens materiais, as carteiradas pró-filhos na diretoria do colégio que contribuíram para eliminar a sensação de falta. Para Leo, o que aconteceu, e continua acontecendo, é o contrário disso. “Na tentativa de serem legais, os pais e mães querem fazer os filhos felizes a qualquer custo e acabam sendo desleais. Desleais à escola, às leis, a si próprios, e também aos filhos”. A raiz dessas questões pode estar na história de vida dos adultos, que querem de alguma forma curar suas próprias feridas internas, mesmo que

de forma inconsciente. Seja no estilo “filho meu não vai passar o que eu passei”, seja para usar a criança ou adolescente como seu totem narcísico, fazendo posts diários sobre os filhos, exaltando as mínimas conquistas deles e, assim, provando o próprio sucesso na parentalidade. Isso sem contar a competição entre os cônjuges que usam o filho como uma forma de ganhar um aliado. A boa notícia é que, de acordo com o pensamento de Fraiman, as marcas da infância são uma influência, mas não um determinismo. O que define um ser humano são as escolhas que ele faz a partir de suas experiências, e o mapa desse caminho não se encontra nas telas, mas dentro de cada indivíduo.

Você foi promovido

Para Leo Fraiman, a nossa cultura não está preparada para lidar com as crianças e adolescentes. Isso porque, em vez de proteger e cuidar, os pais e os demais agentes sociais às vezes optam por idealizá-los e, o pior, promovê-los a adultos antes da hora, o que os deixa em um estado de ansiedade e angústia. A ciência diz que o córtex órbitofrontal, área responsável pela tomada de decisões, só se forma completamente perto dos 25 anos. Ainda assim, têm sido os filhos a decidir qual será o carro do pai, onde a família vai passar férias ou comer no fim de semana. Isso se enquadra numa superproteção forçada que rouba das crianças e jovens a chance de serem orientados, cuidados. “Nessa ideia que a pessoa pode tudo, ela não pode nada. É uma mentalidade de selva em vez de jardim”, explica ele que, mais do que ninguém, entende que dá trabalho passar pelas questões da adolescência. Como psicólogo, estudioso do comportamento humano e da educação, observa que fica mais fácil para os pais considerar que os filhos sabem exatamente o que querem. É assim que se normaliza o cigarro eletrônico, o gin na festa de 15 anos, a carteira de identidade falsa e outras questões problemáticas. Ele frisa também a questão dos eletrônicos e seu uso exacerbado. “Todos estão

viciados. No metrô, no avião, está todo mundo na tela. Aí os pais dizem: ‘Eu não consigo tirar o videogame dele’. Como assim não consegue? É preciso se colocar como o adulto na história. O sistema inteiro está doente. O vício não vem do nada, nem da noite para o dia. Precisamos estar atentos.”, conclui.

Um projeto de futuro

Entender os perigos de uma sociedade intermediada pelas telas não quer dizer que a tecnologia deve ser desprezada. Tanto que a metodologia educacional idealizada por Leo Fraiman, a OPEE (Orientação Profissional, Empregabilidade e Empreendedorismo), tem como base uma estrutura gamificada,

PERFIL –LEO FRAIMAN

sabedoria os recursos digitais e tecnológicos. Ou seja, uma forma humanizada de aprender no mundo moderno, trazendo conhecimentos mundialmente consagrados das áreas de ponta das Ciências Humanas e Sociais. No cerne desse sistema, está o projeto de vida, aquele caminho individual que deve ser construído no dia a dia de forma sólida, por seres pensantes que não se contentam em replicar o que já é dado. “O projeto de vida é uma autogestão emocional que inclui elementos diversos, incluindo a orientação de carreira. É aquele que baliza todos os outros, pois quem não tem um projeto de vida, vira refém de um projeto de morte, anulando o próprio ser”, afirma Leo. As intervenções que realiza pelo OPEE nas escolas são sistemáticas. Não é apenas uma aula, uma palestra, mas sim todo um processo que engaja os adolescentes em seus projetos de vida com resultados palpáveis. “Eu tenho vários relatos de melhoria na saúde mental, desde a recuperação póstraumática à minimização dos efeitos da pandemia. Vejo crianças mais

equilibradas, mais calmas, mais unidas, que lidam melhor com as dores”. Essa linha de pensamento está em consonância com outra referência do psicoterapeuta: a Ciência da Felicidade, matéria de sua última pós-graduação, conduzida por Tal Ben-Sharar. Entre as premissas, está o foco nas competências emocionais que oferecem às pessoas a permissão para serem verdadeiramente humanas, integrando os processos naturais da vida pelos quais todos nós, inclusive crianças e jovens, precisamos passar. Entre eles, saber esperar, ter dor e sofrer. Nesse mesmo objeto de estudo, consta a importância da construção das relações que, diga-se de passagem, muitas vezes ficam em segundo plano quando o foco de atenção são as redes sociais e seus estímulos fugazes. Vale lembrar que, em matéria de felicidade, é melhor ter apenas um melhor amigo do que quinhentos seguidores.

Por trás das telas Depois de tantos anos interagindo com as famílias, Leo Fraiman tem a certeza de que nenhum pai ou mãe erra

porque quer. Apenas não estão tendo a percepção do mal que estão fazendo ao não estabelecer limites. “As desculpas são as mais diversas quando o assunto é vício nas telas: ‘eles são nativos digitais’, ‘eles vão se defasar na tecnologia’... Mas isso não é verdade, jogar Minecraft não vai fazer de alguém um bom arquiteto.” Ele aponta ainda que os efeitos nefastos desse comportamento já estão enraizados: “Os educadores têm notado que o olhar dos alunos não está mais brilhando. E isso é muito triste. Os rituais de convivência, conversar, jantar junto, têm sido substituídos pelas telas, pelas séries e games violentos, pelo celular no restaurante, no passeio”. Em seu curso, denominado Educando filhos na área digital, Fraiman traz dicas valiosas para que esses excessos sejam equacionados. “Não é sobre controlar e punir, é sobre orientar, amar, cuidar e proteger. As crianças e jovens vão sofrer se ficarem viciados, ou se não se libertarem do vício. Os limites são bem-vindos como constituintes do eu. Não ter limite é viver na selvageria.”, observa ele.

“O MEU PROJETO DE VIDA É INSPIRAR AS OUTRAS PESSOAS A CONSTRUIR OS SEUS PROJETOS DE VIDA”

ALGUMAS BOAS PRÁTICAS COM AS TELAS

Promover ilhas de tranquilidade SEM CELULAR. Propor momentos de presença efetiva para que “o momento ordinário fique extraordinário”.

Imaginação como antídoto

Leo Fraiman comenta um postulado do pensador Yuval Harari que diz que uma das principais ameaças para o ser humano é o hackeamento cerebral. Exemplo disso é o fato de, graças aos aplicativos, ninguém se lembrar de números de telefone, ou decorar caminhos. Para tudo é necessário o celular e a atenção se torna exógena e difusa – não exige do cérebro, não dá trabalho – o que faz com que todos fiquem no estado de demência digital que presenciamos. Mas há saídas possíveis e, para isso, é preciso retornar a outro tipo de atenção: “Na leitura de um livro, é a imaginação que trabalha, usamos a atenção endógena para obter mais sabedoria e aprendizado. Por isso que eu digo que o futuro pertence àqueles que leem. Em vez de medicar as crianças, a gente precisa dar um pouco mais de recato. Uma gotinha de vergonha na cara para olhar o que estamos construindo, dar um passo atrás e corrigir esse estilo de vida que é muito perigoso”. Ele complementa trazendo mais antídotos para esse panorama nefasto: as

variadas formas de arte, a psicoterapia, o esporte, a meditação, o contato com a natureza e até mesmo o silêncio e a contemplação. Se o conhecimento já não é um diferencial no mundo da Inteligência Artificial e do Chat GPT, o que nos resta é retornarmos à sabedoria que nos torna indivíduos melhores. Não pelos apelos do mundo digital, mas pela vivência real. “O jovem precisa ter o olhar para construir, projetar, fazer. Ele tem de entender que a máxima querer é poder não é uma verdade. Querer é construir, projetar, errar, corrigir, seguir e, depois, poder.”

A Presença da virtude Quando solicitado a trazer uma mensagem para os jovens que vão ler esta matéria, Leo Fraiman fala de autonomia e autorresponsabilidade. “Meu recado é aquele que aprendi na minha adolescência: os pais são muito importantes, mas eles não são os donos da nossa vida, nem da verdade. Eles são o ponto de partida. E vai chegar uma hora em que a gente vai ter que cortar o cordão umbilical psicológico, pegar a vida nas mãos e se fazer relevante.

Numa sociedade em que todo mundo quer ser importante, vão se destacar aqueles que se importam. Eu entendi que sou eu quem cuida da minha vida, do meu corpo e desse patrimônio que é o meu cérebro.” Para completar, o psicoterapeuta traz ainda a questão do propósito como elemento construtor de sentido. “Não há arrependimento na virtude. Se não está com vontade de ir atrás do que deseja, vai sem vontade mesmo. O propósito está acima da motivação e da força de vontade; estes últimos são ambos comportamentos comuns aos animais, que dependem de estímulos vindos dos outros ou do momento. Já o propósito, só o ser humano tem. É o que faz um esportista machucado voltar a jogar, ou alguém com uma doença grave dizer ‘eu vou vencer’. Um ser humano tem escolhas e seu futuro está lapidado por elas. Se a gente acordou hoje, é porque temos o que fazer, temos algo a contribuir. Precisamos participar da roda da vida”. Sem dúvida, um bom conselho para crianças, jovens e também para os adultos que querem tomar a própria vida e dar mais sentido a ela.

Para contribuir com os pais no desafio de educar, Leo Fraiman oferece o aplicativo Escola para Pais, gratuito e aberto, com vídeos, reportagens, podcasts e outras informações úteis. Conheça aqui

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NÃO USAR TELAS nas refeições, nos passeios, antes de ir para a escola, antes de dormir. MAIS DE 12 ANOS – máximo de duas horas de uso de tela. DE 6 A 12 ANOS - uma hora o uso de tela. DE 0 A 6 ANOS - zero tela.

Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e Paço das Artes apresentam

Um dos maiores projetos do país de seleção de artistas contemporâneos.

Visite a exposição dos selecionados da 27ª edição

5 artistas contemporâneos

1 projeto de curadoria

Abertura

30.06, das 19h — 21h

Visitação até 01.10

terças a sábados

das 11h — 19h

domingos e feriados

das 12h — 18h

Ingresso gratuito

Classificação indicativa livre

PAÇO DAS ARTES

Rua Albuquerque Lins, 1345

Higienópolis – São Paulo-SP

pacodasartes.org.br

| pacodasartes

PERFIL –LEO FRAIMAN INSIDE CHAPEL 15

PROGRAMA YOUNG

TROJANS DESENVOLVE ATRIBUTOS COMO DISCIPLINA, COMPROMETIMENTO, RESPEITO, PERSISTÊNCIA, COLABORAÇÃO

E CAPACIDADE DE TRABALHAR EM EQUIPE

MUITO ALÉM DO ESPORTE

Aprática esportiva na Chapel ganhou um novo direcionamento depois da chegada do professor Bruno Pereira à diretoria da área, em 2018. Ele estruturou o programa Young Trojans, composto por uma grade ampla de atividades esportivas extracurriculares para alunos do Elementary School. Com isso, ao mesmo tempo em que os interesses dos estudantes passaram a ser contemplados de forma mais abrangente, as famílias ganharam novas alternativas de adaptação à agenda do dia a dia.

O resultado é extremamente positivo, como se constata pela ampla aderência ao programa. “Hoje, 86% dos estudantes do Ensino Fundamental 1 da Chapel fazem alguma atividade esportiva extracurricular dentro da escola. Mesmo a partir do 7º ano, quando as demandas acadêmicas e outros interesses disputam a atenção dos adolescentes, o índice de adesão continua muito alto, 81%”, orgulha-se o diretor de Esportes da Chapel.

A nova estrutura só se tornou possível graças à otimização máxima dos espaços disponíveis, o que exigiu abrir mão de algumas atividades antes

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Por Maurício Oliveira Fotos: Arquivo Chapel

oferecidas na escola, como patins in line, balé e judô. “Entendemos que há alguns perfis de atividades que serão mais bem aproveitadas se realizadas fora da escola, em locais especializados nessas atividades”, conta o professor Bruno. “A prioridade é ter muita qualidade naquilo que oferecemos.”

O foco, hoje, é a formação de equipes e a preparação para as modalidades que fazem parte das competições das equipes Junior Varsity (JV) e Varsity de High School, das quais os alunos do Elementary School participarão mais adiante. A Chapel disputa o campeonato da São Paulo High School League (SPHSL), que reúne cinco instituições e é realizado ao longo do semestre, e as competições da Association of American Schools in Brazil (AASB), que envolve catorze instituições e mais dois colégios britânicos convidados. São competições tradicionais, das quais a Chapel participa desde a década de 1970.

A maior de todas as metas, no entanto, é utilizar as atividades esportivas como meios para aprimorar os valores descritos na Missão da instituição: “Em um ambiente atencioso e academicamente desafiador, a Chapel oferece uma educação no estilo americano para um corpo estudantil internacional. Por meio dos valores cristãos, os alunos aprendem a tomar decisões informadas, a assumir responsabilidade por ações pessoais

e necessidades da comunidade e a respeitar a vida e a diversidade cultural.”

Esses objetivos são impulsionados, durante as práticas esportivas, pelo desenvolvimento de habilidades interpessoais, as chamadas soft skills, como disciplina, comprometimento, respeito, persistência, colaboração e capacidade de trabalhar em equipe. “Nossa preocupação é com a formação de cidadãos. Não esperamos que daqui surjam atletas profissionais”, diz o diretor de Esportes.

Nos dias de jogos da SPHSL, o envolvimento das mães e dos pais pode ir além da torcida na arquibancada. As mães representantes da Associação de Pais e Mestres (APM, ou PTA, na sigla em inglês para Parent-Teacher Association) participam do Booster Club, coordenando as atividades e convidando pais voluntários a trabalhar na cantina da escola. Além da aproximação com os alunos, é uma forma de intensificar o senso de comunidade, tão marcante na Chapel.

Semente plantada

A nova fase da prática esportiva na Chapel tem sido, também, de quebra de paradigmas e de transformação cultural. Um exemplo está na prática de cheerleading que, no ano passado, deixou de ter o caráter de mera exibição e ganhou o status de competição nos campeonatos das escolas internacionais.

Tradicionalmente associada a meninas, a modalidade vem atraindo meninos interessados na rica combinação entre arte e esporte que ela proporciona. Em contrapartida, no futebol há um grande interesse das meninas, que já são maioria no 5º e 6º anos.

As atividades do programa esportivo Young Trojans começam no 1° ano. Com isso, as crianças já têm a oportunidade de conviver com a prática esportiva desde os seis anos – ainda que de forma muito lúdica. “Nesse período a gente busca plantar uma sementinha que desperte o gosto pela atividade física, esporte e hábitos saudáveis”, diz o diretor.

No 1º e 2º anos, as equipes dos esportes coletivos não são divididas por gênero – meninas e meninos praticam juntos. Essa divisão só começa a existir a partir do 3º ano. As regras de cada modalidade, assim como questões técnicas e táticas, vão sendo ensinadas e absorvidas de forma orgânica, durante as atividades, à medida que os estudantes amadurecem.

Até os 12 anos não há competições oficiais, apenas festivais e jogos amistosos contra outras escolas, o que contribui para que as crianças aprendam desde cedo a interagir e a lidar adequadamente tanto com a euforia das vitórias quanto com a frustração das derrotas. Há certas ocasiões em que a escola recebe visitantes, e aquelas em que as equipes da Chapel vão jogar em outras escolas.

INSTITUCIONAL –MUITO ALÉM DO ESPORTE INSIDE CHAPEL 17

TEQBOL, UMA NOVIDADE

Sempre atenta às novidades e às demandas que chegam dos alunos, a Chapel adquiriu uma mesa de TEQbol, esporte que vem crescendo muito no Brasil e no mundo. Trata-se da fusão dos conceitos de tênis de mesa com as habilidades do futebol. “A ideia é que os alunos comecem a praticar a modalidade nos intervalos, apenas como diversão, e depois formemos equipes para participar de campeonatos oficiais, tanto individuais quanto em duplas”, projeta o professor Bruno.

Capacidade de adaptação

Na faixa entre 6 e 12 anos, a ideia é que as crianças só joguem amistosamente com outras escolas, em atividades envolvendo estudantes da mesma idade. Quando chega o Junior Varsity, dos 12 aos 15 anos, a mescla aumenta, podendo haver no mesmo time integrantes de todas essas idades. O mesmo acontece depois, no Varsity, dos 16 aos 18 anos.

Essa linha evolutiva envolve uma oscilação natural do status do estudante ao longo da trajetória na Chapel. Quem era o mais velho da turma passa a ser o mais jovem quando chega ao Junior Varsity –processo que se repete, aos 15 anos, quando os veteranos do Junior Varsity se tornam os caçulas do Varsity. “Tudo isso contribui para o amadurecimento e a capacidade de adaptação a diferentes situações”, descreve o professor Bruno.

Outra mudança a partir do Junior Varsity é que a programação, até então anual, torna-se semestral. O primeiro semestre, entre agosto e dezembro, envolve competições oficiais de futebol de campo, basquete e cheerleading. No segundo semestre, entre janeiro e junho, a temporada passa a ser de futsal, vôlei, softball (baseball) e, novamente, cheerleading.

O Varsity tem uma competição tradicional, o Big 8, disputada por oito instituições no Acampamento Nosso Recanto, conhecido como NR, na cidade de Sapucaí-Mirim, sul de Minas Gerais. Trata-se de uma estrutura que,

desde a década de 2000, recebe as escolas internacionais para torneios esportivos, proporcionando excelentes condições em monitoria, hotelaria, alimentação e segurança. O Little 8, que está mudando para Little 10 com a participação de mais duas instituições, envolve o Junior Varsity e também ocorre lá.

Essas competições são organizadas pelas próprias escolas, com base em condições estabelecidas por representantes de todas as instituições envolvidas. Há eventuais ajustes de um ano para o outro, como adaptações das regras oficiais das modalidades –um exemplo de mudança introduzida por comum acordo é a possibilidade de um jogador que foi substituído voltar a campo no futebol, algo não permitido na regra oficial.

Frustração faz parte

Nem todos os participantes do programa de esportes de High School estão presentes nos torneios oficiais, pois isso depende de uma seleção, feita sob critérios técnicos, considerando-se o número limitado de vagas a cada partida. Aqueles que não são convocados participam, no entanto, de uma equipe de desenvolvimento, que treina junto e realiza a mesma quantidade de atividades, com nível semelhante de organização, incluindo arbitragem, jogos em casa e fora. A única diferença é que são encontros amistosos, sem valer como campeonatos.

“É muito importante lidar com a frustração de não ter sido convocado e continuar treinando para uma próxima oportunidade, assim como

aqueles que foram convocados precisam continuar treinando forte para manter a vaga na equipe”, ressalta o professor. “Isso certamente faz parte do aprendizado. Não apenas dos próprios estudantes, mas também dos pais e das mães.”

A área de esportes da Chapel procura trabalhar em parceria com as famílias para fazê-las compreender que as crianças têm tempos de desenvolvimento e níveis de habilidade diferentes. Nem todas vão necessariamente se destacar esportivamente ao mesmo tempo, e isso não é o mais importante diante de todos os demais ganhos trazidos pela prática esportiva. Há outros critérios, além do técnico, para as convocações. Episódios de indisciplina, em qualquer matéria do currículo, podem afastar o estudante da participação nos campeonatos. O desempenho acadêmico também é levado em conta, já que há um patamar mínimo de nota que precisa ser alcançado para qualificar os possíveis convocados. “Cabe ao estudante criar as condições para conciliar as práticas esportivas com as demais atividades acadêmicas”, lembra o diretor de Esportes.

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ENTENDA OS TORNEIOS

LITTLE 8 / LITTLE 10

EQUIPES: JUNIOR VARSITY (SUB-15)

Onde e quando acontece:

NR 2 (Acampamento Nosso Recanto), novembro e maio

Escolas participantes:

Chapel, Graded, EAC, PACA, St Paul’s, EARJ, EAB, British (Rio de Janeiro) + Sant’Anna e ISC

Modalidades:

Semestre 1 (futebol de campo, basquete e cheerleading competitivo), Semestre 2 (futsal, voleibol, softball e cheerleading apresentação)

BIG 8

EQUIPES: VARSITY (SUB-19)

Onde e quando acontece:

NR 2 (Acampamento Nosso Recanto), outubro e abril

Escolas participantes:

Chapel, Graded, EAC, PACA, EARJ, EAB, Sant’Anna e ISC

Modalidades:

Semestre 1 (futebol de campo, basquete e cheerleading competitivo), Semestre 2 (futsal, voleibol, softball e cheerleading apresentação)

AASB FINAL 4

EQUIPES: VARSITY (SUB-19)

Onde e quando acontece:

Em uma escola sede (voluntária), dezembro e maio Escolas participantes: Equipes campeãs e vices de cada modalidade dos torneios Big 8 e as campeãs e vices dos torneios ISSL (outra metade das escolas americanas + as britânicas)

Modalidades:

Semestre 1 (futebol de campo, basquete e cheerleading competitivo), Semestre 2 (futsal e voleibol)

SPHSL

EQUIPES: VARSITY (SUB-19) E JR. VARSITY (SUB-15)

Onde e quando acontece: Varsity (turno e returno, jogando uma em casa e outra fora contra cada adversário), Junior Varsity (turno simples, dois jogos em casa e dois fora), ao longo do primeiro ou do segundo semestre

Escolas participantes:

Chapel, Graded, EAC, PACA e St Paul’s

Modalidades:

Semestre 1 (futebol de campo, basquete e cheerleading competitivo), Semestre 2 (futsal e voleibol)

MODALIDADES YOUNG TROJANS

Futebol de campo do 1° ao 6° ano

Tênis do 1° ao 5° ano

Vôlei do 5° ao 6° ano

Basquete do 1° ao 6° ano

Flag Football do 3° ao 5° ano

Ginástica artística do 1° ao 6° ano

Cheerleading do 1° ao 6° ano

Multi-Sports do 1° ao 5° ano

INSTITUCIONAL –MUITO ALÉM DO ESPORTE INSIDE CHAPEL 19
Por Maurício Oliveira Fotos: Anna Quast, Diogo Brum, Giovanna Conservanni, Lucas Gallo, Marina Klink, Pedro Dimitrov, Rick Arruda e Victor Affaro

HISTÓRIAS EM CONSTRUÇÃO

AS TRÊS FILHAS DO CASAL AMYR E MARINA KLINK

ESTÃO TRAÇANDO CAMINHOS PROFISSIONAIS

DISTINTOS, MAS COM ALGO EM COMUM: A BUSCA POR SIGNIFICADO E REALIZAÇÃO

Omundo dá voltas, e poucos sabem disso tão bem quanto Amyr Klink. Seus feitos incluem duas viagens de circunavegação polar, dezenas de expedições à Antártica e a primeira travessia do Atlântico Sul a remo, proeza realizada em 1984 e contada no livro Cem Dias Entre Céu e Mar, best seller que vendeu mais de dois milhões de exemplares e marcou aquela geração. Hoje, aos 67 anos, ele continua à frente de vários projetos e atividades, mas sem se afastar de casa por longos períodos, como antes.

Nos últimos anos, o experiente navegador tem percebido como o mundo dá voltas também no sentido figurado. A casa ficou mais vazia depois que as gêmeas Tamara e Laura, 26 anos, foram morar no exterior. “A situação se inverteu. Estou sentindo o que elas sentiam quando eu passava meses longe”, diz Amyr. Não há, no entanto, qualquer vestígio de tristeza ou de arrependimento nessa fala. Ao contrário. Ele se orgulha do caminho que as meninas estão percorrendo e nunca sofreu com a culpa por perder os aniversários das filhas ou as apresentações delas na escola.

Realizar o tanto que ele realizou só foi possível, reconhece Amyr, pelo apoio incondicional da companheira de vida, Marina Bandeira Klink. “Eu dizia às meninas que o pai delas estava longe porque tinha ido construir histórias”, lembra Marina – que não poderia ter nome mais apropriado, tanto por remeter à paixão de Amyr pelo mar quanto pelo porto seguro que representa para o marido e as três filhas. De fato, quando voltava para casa, Amyr tinha tantas histórias para contar, e tão fantásticas, que jamais precisou recorrer a qualquer ficção para entreter as filhas. “A gente só entendeu que aquilo tudo que ele contava era real quando fomos à Antártica pela primeira vez”, lembra Marina Helena, a Marininha, 23 anos, a única das três filhas que continua morando com os pais, em São Paulo.

Chamada de Nina, em casa, para se diferenciar do nome da mãe, Marininha se refere à primeira viagem que a família fez ao continente gelado, entre o final de 2005 e o início de 2006. Ela completou 6 anos, em 1º de janeiro, no Cabo Horn, extremo sul do continente americano – um lugar repleto de significados: ponto de transição entre os oceanos Atlântico e Pacífico, é o último local habitado antes da sequência da viagem até a Antártica. A menina ganhou um “parabéns a você” inesquecível, cantado pelas 14 pessoas a bordo, incluindo os nove outros tripulantes além da família Klink.

“Foram quarenta dias transformadores, em que pudemos olhar de verdade para cada uma das meninas e perceber talentos e vocações que ainda não tinham se manifestado tão claramente num cotidiano cheio de interferências”, lembra Marina, a mãe. Foi dela a ideia de levar as filhas para a inesquecível experiência. Fez a proposta ao marido, assim que ele voltou da segunda viagem de circunavegação. Amyr resistiu, a princípio, pois sempre foi extremamente cuidadoso no planejamento das viagens e considerou que três crianças a bordo representariam variáveis um tanto complexas para administrar.

ENTREVISTA DE CAPA –FAMÍLIA KLINK INSIDE CHAPEL 21

dia para cada uma delas, a ser preenchida com textos ou desenhos. “Só depois poderiam brincar, ver pinguins, pular na neve, fazer o que quisessem”, lembra Amyr.

Marina empenhou-se em estudar previamente os animais e as paisagens da região para ajudar as filhas a descrever o que viam. “Era importante chamar as espécies pelo nome correto, tanto para o aprendizado quanto para a descrição que fariam depois às outras crianças. Nada de ‘foca fofa’ ou ‘baleia grandona’”, lembra Marina. No começo, as meninas até reclamaram um pouco da tarefa extra, mas os diários ganharam um perfil mais lúdico quando as três começaram a competir para produzir o melhor registro da viagem.

INSIDE CHAPEL 22
Amyr, Marininha e Tamara (em pé), Laura e Marina (sentadas) Foto: Anna Quast e Ricky Arruda

Quando tiveram que preparar a palestra aos colegas, na volta, os diários foram fundamentais. O resultado ficou tão interessante, e despertou tanto interesse nas crianças, que as irmãs Klink passaram a fazer palestras em outras escolas, o que contribuiu bastante para a desinibição delas. “Ter um diário é um exercício tão rico que deveria ser obrigatório nas escolas”, diz Amyr, um entusiasta da prática – não apenas porque o Diário de Bordo é uma exigência legal na navegação, mas por causa de duas experiências inspiradoras que ele teve nos anos de formação.

A primeira, na adolescência, foi quando visitou a casa do tio de um colega da escola. Era o célebre pesquisador Paulo Nogueira-Neto, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), ambientalista que foi o primeiro titular da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), embrião do futuro Ministério do Meio Ambiente. Amyr viu na casa desse homem admirável um cômodo inteiramente tomado por prateleiras preenchidas por caderninhos do mesmo padrão. “São os meus diários”, explicou o professor.

Alguns anos depois, durante a primeira viagem pela Europa como “mochileiro”, Amyr estava num trem que precisou ficar dois dias parado para reparos. Havia várias turmas de uma escola a bordo, e, para ocupar de forma produtiva o tempo das 150 crianças, os professores pediram que preenchessem seus diários e trocassem impressões sobre o que estavam vendo e sentindo.

Quando se tornou navegador, Amyr se inspirou nessas experiências para criar um estilo de registro que vai além

das questões meramente técnicas ou meteorológicas. Com isso, saiu da travessia do Atlântico com o material riquíssimo que sustentaria a escrita detalhada e emocionante de Cem Dias Entre Céu e Mar. “Um diário não vale nada no dia em que é escrito, mas passa a valer muito com o passar do tempo. Meus diários são a grande herança que vou deixar”, diz ele.

Novos caminhos

Amyr é especialista em superar desafios, mas as quatro mulheres de sua vida também demonstram, cada vez mais, que têm muita coragem para enfrentar receios e construir biografias admiráveis, cada uma a seu modo. A começar por Marina, que, depois de três décadas à frente de uma empresa de eventos bemsucedida, decidiu abrir mão do negócio e passou a se dedicar profissionalmente à fotografia, paixão que foi ganhando espaço ao longo das muitas viagens que ela fez, ao lado do marido ou não.

Em 2013, como marco inicial dessa transição cuidadosamente construída, Marina lançou o livro fotográfico Antártica, A Última Fronteira. Depois vieram outras obras – Olhar Nômade, Contravento e Vamos Dar A Volta Ao Mundo. Hoje, ela vende suas fotos em galerias, tem imagens publicadas por revistas especializadas em turismo e já expôs em diferentes lugares, incluindo uma estação do metrô de São Paulo.

“Foi uma experiência fantástica. Fiquei lá observando as pessoas que paravam para ver as fotos, encantadas com cenários tão distantes, querendo saber mais nas legendas”, ela descreve.

Durante a pandemia, Marina

desenvolveu alguns novos interesses, como a genealogia. Estudou a fundo as origens dos diversos ramos dos antepassados e produziu um livro em que destrinchou suas origens portuguesas, prussianas, francesas, italianas e irlandesas. “Descobri esse outro tipo de viagem, ao passado, que permite trazer de volta à vida pessoas que estavam esquecidas.”

Ela também se lançou a desafios físicos, como subir as prateleiras das Agulhas Negras e escalar o Pão de Açúcar. Tudo isso depois dos 50 anos. Tornou-se, assim, uma voz atuante contra o etarismo, tema que vem abordando em palestras. “Minha vida está melhor do que antes. Com as filhas criadas, temos liberdade. Eu me sinto, de certa forma, como uma adolescente, só que com muito mais segurança, autoconhecimento e boas condições financeiras.”

Inspiradas pelos exemplos da mãe e do pai, as meninas também buscam significado e prazer na construção dos seus caminhos. Aos 23 anos, Marininha está no segundo período de Medicina no Einstein, depois de se formar em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A distância tão grande entre os dois cursos é resultado de um processo de amadurecimento. Quando chegou a época de fazer vestibular, ela não tinha certeza sobre a carreira que gostaria de seguir. O pai recomendou, então, que optasse por um curso que proporcionasse uma formação multidisciplinar – ele mesmo havia feito algo semelhante ao cursar Economia.

Marininha chegou a trabalhar por dois anos no mercado financeiro, com

ENTREVISTA DE CAPA –FAMÍLIA KLINK INSIDE CHAPEL 23
Laura Tamara Marininha

um bom salário, mas percebeu que seu sonho, mesmo, era tornar-se médica –caminho que precisaria desbravar por completo, já que não há precedente da profissão na família. “Eu queria fazer uma carreira em que pudesse ajudar diretamente outras pessoas. No mercado financeiro, mesmo que ganhasse muito dinheiro, imagino que não me sentiria realizada lá adiante.”

Em meio ao processo de olhar mais para si mesma, ela descobriu também que adorava corridas de rua. Tornou-se uma atleta dedicada, com excelentes tempos para meia maratona. Quando estreou na maratona completa, escolheu uma das mais tradicionais provas do país, a de Porto Alegre – e venceu em sua categoria, dos 20 aos 24 anos.

“Já tenho meus medos”

O período de pandemia também provocou grandes mudanças na vida de Laura. Designer gráfica formada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), ela trabalhava para um escritório de advocacia e passou a atuar em home office por causa da necessidade de isolamento social. Descobriu, com isso, que poderia morar em qualquer lugar e prestar serviços para clientes do mundo inteiro. Tornou-se freelancer e foi para a Califórnia, onde está experimentando a vida de nômade digital.

“Aprendi a lidar com a distância e a saudade, já que cada membro da família está sempre dedicado aos seus projetos”, conta Laura. “Apesar disso, há um esforço de todos para manter a conexão, cada um a seu modo. Meu pai contava histórias sobre tudo o que havia visto. A Tamara sempre gostou de ligar e de falar por horas. Já com a minha mãe e a Nina a gente vai trocando mais mensagens no dia a dia”, descreve Laura, que está produzindo o projeto gráfico e as ilustrações de mais um livro da mãe, Álbum do Pantanal É uma espécie de “versão brasileira” para o livro Férias na Antártica, que as irmãs Klink lançaram em 2010 e, desde então, tem sido adotado por um grande número de escolas, públicas e privadas.

Além de Laura, a outra filha que está morando longe é Tamara. Ela cursou Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) e, diante de uma oportunidade de bolsa-sanduíche, partiu no quarto ano do curso para a Escola Superior de Arquitetura, em Nantes, na França. A instituição é referência na área. Ela adorou a experiência e continuou por lá depois de formada. Emendou com a Pós em Arquitetura Naval, que se consolidou como o grande interesse de Tamara, fomentado desde cedo pelas viagens da família.

um veleiro usado, ao qual deu o nome de Sardinha, e decidiu levá-lo velejando até a França. Quando contou aos pais o que pretendia fazer, tanto Amyr quanto Marina demonstraram apreensão. Argumentaram que ela ainda não tinha experiência para enfrentar o Mar do Norte, considerado difícil pelos navegadores. “Ela respondeu que já tinha os medos dela e não precisava dos nossos”, lembra a mãe.

Para quem leu Cem Dias Entre Céu e Mar, a frase de Tamara remete diretamente a um dos trechos mais marcantes do livro, quando Amyr descreve o medo que sentiu ao deixar o solo firme da Namíbia, na África, rumo à imensidão do oceano que o separava do destino planejado – a Bahia, no Brasil:

SE ESTAVA COM MEDO? MAIS QUE A ESPUMA DAS ONDAS, ESTAVA BRANCO, COMPLETAMENTE BRANCO DE MEDO. MAS, AO ME ENCONTRAR AFINAL SÓ, SÓ E INDEPENDENTE, SENTI UMA SÚBITA CALMA. ERA PRECISO COMEÇAR A TRABALHAR RÁPIDO, DEIXAR A ÁFRICA PARA TRÁS, E ERA EXATAMENTE O QUE ESTAVA FAZENDO. ERA PRECISO VENCER O MEDO; E O GRANDE MEDO, MEU MAIOR MEDO NA VIAGEM, EU VENCI ALI, NAQUELE MESMO INSTANTE, EM MEIO À DESORDEM DOS ELEMENTOS E À BAGUNÇA DAQUELA SITUAÇÃO. ERA O MEDO DE NUNCA PARTIR. SEM DÚVIDA, ESTE FOI O MAIOR RISCO QUE CORRI: NÃO PARTIR

Currículo de proezas

Marininha apaixonou-se por corridas de rua

Foto: Diogo Brum

Assim, ela já soma seis anos fora do Brasil – sem planos de voltar, já que na Europa estão as melhores escolas de arquitetura naval e os melhores barcos do mundo. Como a própria Tamara define poeticamente: “Terei o coração em dois hemisférios. No pêndulo da minha vida, cada vez é mais difícil dizer qual trajetória me distancia ou me aproxima de casa. Eu moro no caminho.”

Numa viagem à Noruega, ela comprou

Se não tivesse superado o medo de partir, Amyr teria deixado de viver os momentos inesquecíveis narrados no livro, a exemplo dos contatos com baleias, tubarões e tartarugas. E, provavelmente, não teria se lançado aos desafios seguintes, igualmente marcantes. No dia 31 de dezembro de 1989, ele saiu de Paraty para passar mais de um ano numa viagem à Antartica, sozinho. Seu novo barco, o Paratii, que teve o projeto e a construção liderados por ele próprio, havia sido preparado para permanecer “aprisionado” no gelo durante os sete meses de frio mais rigoroso na região.

Em 1998, Amyr realizou a sua primeira viagem de circunavegação polar, sozinho. Partiu da ilha Geórgia do Sul para navegar em linha reta até chegar novamente a esse ponto, escolhido por

Amyr Klink em sua marina, Marina do Engenho, em Paraty (RJ) Foto: Marina Klink

BELAS LEMBRANÇAS

Esta é a segunda vez que a Família Klink estampa a capa da Inside Chapel. A reportagem que você está lendo na presente edição é uma atualização daquele registro – feito há sete anos, motivado pela participação dos Klink na Book Fair 2016. Foi uma das reportagens que mais repercutiram na história da publicação, evidência do interesse despertado pela trajetória e pelas mensagens que a família transmite. Esse interesse certamente se intensificou ainda mais desde então, com o amadurecimento das três meninas e a diversificação das atividades profissionais de cada componente da família.

Naquela ocasião, no auditório lotado, os Klink fizeram a palestra de encerramento da feira de livros, numa manhã de sábado. Quem esteve presente certamente se lembra com carinho daquele momento, bem no início da primavera. Marina foi a primeira a falar, contando sobre sua paixão pela fotografia e sobre o esforço para cuidar das meninas enquanto o marido realizava seus feitos

marcantes. “As mães são meio invisíveis, mas na verdade estão por trás de tudo o tempo todo”, ela afirmou, emocionada, para o aplauso e o reconhecimento de todos os presentes – especialmente Amyr.

Na sequência, as filhas assumiram o microfone. Enquanto o telão exibia imagens das viagens, Tamara, então com 19 anos, disse que uma das coisas mais importantes que aprendeu com sua experiência é que o caminho é tão importante quanto o destino, e que isso se aplicava a muitos outros aspectos da vida – inclusive a trajetória escolar. A caçula Marininha, com 16 anos, falou sobre a importância da memória proporcionada pelos registros feitos nos diários, que podem funcionar também como um grande ensinamento para a vida. Laura, gêmea de Tamara, contou que, até ver tudo com os próprios olhos, achava que as histórias contadas pelo pai eram inventadas.

Último a falar, Amyr registrou a satisfação em estar num evento como aquele, enfatizando a importância de

compartilhar experiências: “O prêmio que ganhamos atualmente, nesse mundo em que não faz mais sentido ser proprietário de nada, é a experiência de compartilhar”, ele afirmou. Na sequência, o que fez foi realmente compartilhar muitas das suas experiências – inclusive o fato de ter avistado 65 baleias jubarte naquela mesma semana, a bordo do Paratii 2, numa região de divisa entre o Espírito Santo e a Bahia.

Nos momentos de confraternização que se seguiram à palestra, Tamara, Laura e Marininha foram rodeadas por crianças que pediam autógrafos e queriam fazer fotos ao lado das três pequenas heroínas que tinham visitado lugares tão incríveis. Ao lado, Amyr confraternizava com mães e pais que haviam lido seus livros e incentivado os filhos a fazer o mesmo, enquanto Marina conversava com interessados em fotografia – ela havia lançado seu livro Olhar Nômade, em primeira mão na Book Fair, e organizado uma bela exposição na Chapel com algumas das imagens.

INSIDE CHAPEL 26

permitir que o trajeto fosse completado sem a interrupção por continentes. Com isso, ele se tornou pioneiro ao finalizar o desafio, várias vezes tentado e jamais concluído até então. No caminho, enfrentou ventos de 180 km/h, um iceberg com 400 metros de largura e 40 metros de altura e uma tempestade que o obrigou a ficar cinquenta horas acordado. A viagem, que durou 88 dias, foi contada em um novo livro, Mar Sem Fim Entre 2003 e 2004, já com o Paratii 2, ele fez nova viagem de circunavegação, desta vez acompanhado por quatro tripulantes, numa latitude superior à da viagem anterior. O maior objetivo era diminuir o tempo da viagem – meta cumprida com sucesso, em 76 dias. Fazer a volta ao mundo em menos de 80 dias foi motivo de satisfação especial para Amyr, por conta do famoso romance de aventura A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne.

Na obra, lançada em 1873, o personagem Phileas Fogg, um pacato cavalheiro inglês, decide apostar com os parceiros dos jogos de cartas que, graças aos avanços do transporte, seria possível dar a volta no planeta dentro desse prazo, utilizando uma combinação de linhas de navios e de trens. Tanto Phileas Fogg quanto Amyr Klink saíram vitoriosos dos desafios aos quais se propuseram – com a grande diferença de que Fogg é um personagem de ficção. Assim como o pai fizera tantos anos antes, ao deixar a costa africana rumo

à Bahia, Tamara não se deixou paralisar pelo medo. Em 2020, aos 23 anos, ela partiu da Noruega rumo a Dunquerque, na França. Ao chegar, sentiu algo tão forte, tão poderoso, que imediatamente começou a planejar o novo desafio: partir para o Brasil com aquele mesmo veleiro. Realizou a viagem no ano seguinte, aos 24 anos, tornando-se a pessoa mais jovem a fazer a travessia do Atlântico sozinha. Chegou ao Recife e, no início de 2022, levou o Sardinha até Paraty, no Rio de Janeiro, o quartelgeneral náutico dos Klink.

Valor das conquistas

Tamara comprou um veleiro maior, o Sardinha 2, com 35 pés, ou quase 11 metros de comprimento (o Sardinha tinha 26 pés, menos de oito metros), e está reformando-o completamente para o novo e extremamente desafiador projeto: passar um ano no Ártico, sozinha. É em Lorient, comuna francesa na região administrativa da Bretanha, que ela se dedica à missão de preparar o barco. Está atracada no píer em frente ao museu Cidade da Vela, instalado numa antiga base de submarinos da Segunda Guerra Mundial. Tornou-se mais uma atração turística do local. “É fundamental esse trabalho que ela está fazendo: cuidar de cada detalhe e conhecer a embarcação a fundo”, diz Amyr, que não disfarça a preocupação com o projeto da filha. Ao mesmo tempo, é óbvio que ele vê nela muito de si próprio.

Quando decidiu lançar-se à travessia do Atlântico a remo, Amyr estava rompido com o pai, um homem que ele define como “dono de uma personalidade complexa”, de quem precisou se afastar para se sentir livre. “Construí o barco na Baixada Fluminense, escondido dele, que só soube da minha travessia pelos jornais”, lembra Amyr.

Tamara fez algo parecido ao compartilhar apenas no último momento o plano de fazer a travessia da Noruega para a França e, depois, a viagem para o Brasil. Não estava brigada com o pai, mas um tanto ressentida pelo que ela chegou a interpretar como falta de acolhimento. Amyr sempre fez questão de conter o incentivo às aspirações da filha como navegadora – incluindo apoio financeiro –, com o propósito de poupála da sensação de receber tudo de mão beijada. “Ela está construindo sozinha o caminho dela, o que certamente aumenta muito o valor de cada conquista”, diz o pai.

No momento em que percebem o ninho ficando vazio, Amyr e Marina preocupam-se em reforçar ainda mais os laços da relação. Ambos reconhecem que um dos segredos do casamento é que nenhum deles tentou mudar o outro. “Sempre considerei extremamente positivo o fato de sermos tão diferentes”, diz Amyr. Talvez a maior oposição esteja em seu temperamento tímido e introspectivo, diante da extroversão de

ENTREVISTA DE CAPA –FAMÍLIA KLINK INSIDE CHAPEL 27
Tamara também se tornou navegadora Foto: Giovanna Conservanni Laura experimenta a vida de nômade digital Foto: Lucas Gallo

Marina, que cursou Comunicação Social e sempre teve o convívio com pessoas de diferentes áreas como parte essencial da atividade profissional.

Quando os dois se conheceram, Amyr já era o navegador que viajava pelo mundo, e estava decidido a continuar fazendo isso. Ele resistia à ideia de se casar, pois não conseguia imaginar um relacionamento que pudesse conciliar essa faceta tão vital do seu projeto de vida. Marina demonstrou ao longo dos anos que sim, seria possível. Se alguém poderia entender a paixão de Amyr pelo mar seria ela, também velejadora. Os dois se casaram em 1996, quando Amyr estava com 40 anos e Marina, com 30. “Nunca me interessei por mulheres fúteis. Gostei da Marina por ela ser totalmente autônoma, pró-ativa, comunicativa. São características que admiro muito”, diz Amyr.

Sempre Paraty

Para Marina, um dos grandes aprendizados da trajetória familiar é ter construído um sentido real para a palavra “presença” – a capacidade de

viver intensamente o momento. “Hoje a gente vê o tempo todo pessoas que estão fisicamente próximas, mas sem estarem realmente presentes”, ela observa.

Com toda a evolução tecnológica e a onipresença das telas no dia a dia das crianças, Marina lamenta que o encanto e a curiosidade pelo mundo parecem já não ter a mesma intensidade de antes. “A responsabilidade por isso é dos pais, que precisam tomar a iniciativa da conexão. Outro dia fiz uma viagem de avião e um menino sentado na janela não olhou uma vez sequer para a paisagem, pois estava com os olhos vidrados num jogo eletrônico. A mãe, ao lado, também estava hipnotizada pelo tablet dela e não fez qualquer movimento para motivar a criança a olhar para fora.”

Amyr foi arrebatado desde cedo pela imensidão e a diversidade do mundo. A paixão pelas aventuras e o interesse por geografia e idiomas (sua casa tinha livros das mais diversas origens, uma das boas influências deixadas pelo pai, o libanês Jamil, e a mãe, a sueca Asa) faziam com que o rapazinho fosse sempre convocado, na Paraty da juventude, para recepcionar os viajantes

aparecia um maluco com quem ninguém sabia conversar, iam me chamar. Eu tentava conectar tudo o que lia com o que conseguia entender do que esses viajantes falavam.”

Além das palestras, para as quais continua sendo amplamente requisitado, é na amada Paraty que Amyr está concentrando suas atividades atuais. Um dos projetos é a ampliação da Marina do Engenho, composta por píeres flutuantes, tecnologia que ele trouxe do exterior e trabalha para disseminar no Brasil. Ele também está restaurando o casarão histórico onde nasceu Júlia da Silva Bruhns (1851-1923), mãe do romancista alemão Thomas Mann, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. E se aliou a investidores para construir um condomínio com 62 residências que terão requisitos avançados de sustentabilidade. “A ideia é aplicar muitas das soluções que usamos nos barcos”, ele conta.

Enquanto a vida segue em meio a tantos projetos e realizações, os Klink aguardam a próxima ocasião em que estarão novamente reunidos – o que depende de um alinhamento de agendas que não tem sido simples. A única certeza de antemão é que todos estarão, de fato, presentes.

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Marina Klink compartilha suas experiências ao redor do mundo Foto: Victor Affaro

FAIXA PRETA EM JIUJITSU, O EX-ALUNO CAIO MALTA RECORDA

Ojiu-jitsu não foi a primeira arte marcial a entrar na vida de Caio. Antes dela, veio o caratê, pois motivos não faltavam: “Além da questão da defesa pessoal, tinha a filosofia, a disciplina, o respeito e a hierarquia, que me impressionavam demais”, relembra o atleta. Ele era pré-adolescente e estudava na Chapel, onde ingressou aos 4 anos de idade, tendo sido um dos primeiros alunos do K3, equivalente ao Pre I atual. No colégio, suas aulas favoritas eram as de Educação Física. Ele auxiliava os professores, era um aluno atencioso, que levava os esportes a sério. “Treinava futebol no after-school, participava dos torneios BIG 4 e Little 8”, conta, lembrando da vibração que sentia ao cantar o mote dos Trojans. “A entonação me vem à memória, eu simplesmente adorava os eventos esportivos, e cheguei a participar de jogos de outras modalidades, como basquete e vôlei”, explica. Quando tinha oportunidade de entrar no ginásio esportivo, lá estava o Caio entre as barras, os trampolins, o cavalo com alças, sem perceber o tempo passar. “Ficava horas no ginásio. E foi assim que parti para as artes marciais”, lembra.

O jiu-jitsu encontrou Caio em plena adolescência, e por um motivo bastante comum entre os jovens: “Eu era gordinho e fui para o jiu jitsu para perder peso e adquirir autoconfiança, tinha 16 anos”, revela. Ele e a arte marcial nunca mais se distanciaram. A vida da família Malta havia passado por mudanças que obrigaram o jovem, assim como as duas irmãs, Camila e Laura, a deixarem a Chapel. “Meu pai nos deu uma oportunidade maravilhosa, de manter três filhos na Chapel enquanto pôde. Foi uma bênção”, reconhece. Transferido para um colégio brasileiro, não se adaptou, mas continuou evoluindo nos treinos de jiu-jitsu, alcançando níveis cada vez mais altos.

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DAS
QUE O LEVARAM A CRIAR UMA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL QUE PROMOVE CAMPEONATOS DESTA ARTE MARCIAL EM VÁRIOS ESTADOS
E ATÉ NO BRASIL
EXPERIÊNCIAS INCRÍVEIS QUE VIVEU NA CHAPEL E FALA
INSPIRAÇÕES
AMERICANOS
Por Paula Veneroso Fotos: Arquivo Pessoal

Ou vai, ou vai

Acompanhando a dificuldade de Caio no colégio brasileiro, seu pai, Milton, o incentivou a fazer um intercâmbio nos Estados Unidos, onde o jovem faria um curso de pilotagem e, também, terminaria o High School. “Meu pai me chamou e disse: ‘Ou vai, ou vai, desse jeito não dá para continuar’. E lá fui eu, para o frio de Wisconsin, estudar em um colégio católico e fazer o curso”, conta.

E não é que o conselho paterno deu certo? O jovem terminou o High School e foi para Minnesota cursar faculdade. Na Universidade de St. Thomas, fez bacharelado em Finanças, com ênfase em Marketing e Contabilidade, uma perfeita combinação de habilitações que o favoreceriam em seu percurso profissional. “Antes mesmo de me formar, trabalhei no mercado financeiro, num banco de investimentos e numa corretora em Mineápolis”, recorda. Saindo da faculdade, voltou para o Brasil, onde permaneceu durante alguns anos – principalmente para ficar próximo

dos pais –, administrando o patrimônio milionário de uma família brasileira de empresários que mantinha carteira de investimentos no exterior. Trabalhou bastante e voltou aos EUA em 2012, para um período sabático na Califórnia: “Adquiri uma boa reserva financeira e queria um tempo para descobrir novos caminhos profissionais.”

Jiu-jitsu brasileiro

“Acabei decidindo abrir uma academia de esportes”, diz Caio, que a essa altura já era faixa preta e reconhecido como excelente lutador em Palmdale, onde fixou moradia. A fama do jiujitsu brasileiro entre os americanos não é novidade, e Caio era bastante requisitado por alunos. “Muitos vinham me procurar pedindo aulas particulares. Posso afirmar que o jiu-jitsu me sustentou, emocional e financeiramente, durante um bom tempo. Os alunos gostavam bastante do meu método de aula, e não demorou para sugerirem que eu abrisse uma academia”, conta.

O ano de 2012 foi memorável: “No mesmo ano abri a academia e me casei com a Christine, quem, coincidentemente, eu havia conhecido numa academia treinando jiu jitsu”, relembra. Nos oito anos seguintes, a academia se expandiu muito e rapidamente, transformando-se num negócio lucrativo, extremamente trabalhoso, mas ainda bastante recompensador. “O jiu jitsu faz bem para muitas crianças e adultos, e a minha história inspirou vários alunos. Hoje, depois de uma década como dono de academia e técnico, vejo neles as mesmas mudanças que vivenciei quando era jovem. Muitas crianças que passam por mim acabam me lembrando da minha infância, crescendo sem pais em casa, porque estavam muito ligados no trabalho”, comenta.

Mudança de rumo

A academia de Caio prosperou até a chegada do coronavírus. “Não existe jiu jitsu com esse vírus. A pandemia foi

ENTREVISTA ALUMNUS –CAIO MALTA INSIDE CHAPEL 31

como desligar um botão”, conta. Isso foi em 2020. No entanto, a experiência adquirida na academia o inspirou a começar um novo negócio, que é a organização de campeonatos de jiu jitsu nos EUA.

“Foi também uma decisão de vida, eu decidi ver o meu filho crescer”, afirma Caio. Apesar de poder contar com a família – os pais de Christine são muito presentes – , ele optou por dar suporte à esposa, que é formada em Administração Pública e trabalha na prefeitura de Lancaster (CA), onde moram, com planejamento de obras de expansão na cidade. “Quero que o Niko, hoje com oito anos de idade, cresça com o pai próximo, e não numa creche, e o campeonato me dá essa possibilidade: eu levo o Nikolaz à escola, eu o levo ao futebol, à natação; tudo o que a minha mãe fazia por mim quando eu era criança, hoje, eu faço para o meu filho. Ele é a minha prioridade”, conta, complementando: “Eu o ajudo com a lição, conversamos sobre o dia dele, jogamos bola, levamos o cachorro para passear, soltamos pipa. Ele participa de eventos sociais que organizo, oficinas e seminários. Adora. Estamos formando vínculos, criando laços afetivos entre pai e

filho. Não quero me lamentar pelo tempo que não passei com ele”. Caio se diz abençoado pela sua incrível capacidade de adaptação, e afirma que hoje está vivendo uma dinâmica que aprendeu durante toda a sua vida, na escola, principalmente. “Sou daquelas pessoas que corre atrás dos objetivos”, pontua.

Federação internacional de jiu jitsu

Em meio à pandemia, Caio Malta criou o Brave, uma entidade federativa internacional que promove campeonatos de jiu jitsu com crianças de 4 a 15 anos, e cujo objetivo é promover o desenvolvimento infantil, físico e mental, por meio da formação e da educação no esporte. Segundo ele, ainda que tenha se difundido bastante, o jiu jitsu não proporciona muitos torneios, os quais geralmente acontecem por iniciativas privadas.

O Brave veio preencher essa lacuna, e está sendo desenvolvido para ser um momento em que as crianças fazem o jiu jitsu e, depois, brincam. “É um meio lúdico de se praticar o esporte”, explica. O modelo é como um circo, a base é na Califórnia, mas os campeonatos, que duram um dia, podem ocorrer em outros estados. Num dos recorrentes,

EDUCADORES QUE SE IMPORTAM

em Las Vegas, houve a participação de trezentas crianças, separadas por faixa, peso e idade. “São cálculos e mais cálculos, momento em que agradeço por ter insistido e aprendido matemática”, diverte-se o organizador.

A dinâmica que o jiu jitsu propõe às crianças, na opinião de Caio, é muito positiva: “Previne o bullying, desenvolve o companheirismo, os mais fortes protegem os mais frágeis; os comportamentos mudam, inclusive dentro da sala de aula, pois eles aprendem a se defender e a defenderem os amigos”, comemora. Os campeonatos de jiu jitsu organizados pelo Brave proporcionam, ainda, no final de cada torneio, uma ação beneficente, a partir da instituição que sediou o evento, para entidades que lidam com populações carentes.

O Brave está indo bem, e Caio pretende expandi-lo para outros países como o Brasil, claro, por motivos óbvios: no início deste ano, passou três meses aqui para ficar próximo da família. Na ocasião, teve a oportunidade de revisitar a Chapel, no Festival Internacional. Nesse dia, as memórias voltaram com força, e Caio se viu, novamente, um menino feliz no colégio que lhe deu bases fundamentais para inovar no mundo.

Nikolaz nasceu em 2015. Ele é filho de Christine e Caio Malta e, recentemente, completou oito anos de idade. “Niko é uma bênção muito grande em nossas vidas”, diz Caio, aproveitando para traçar um paralelo entre a educação que recebeu na Chapel e aquela que está proporcionando ao filho: “Agora que sou pai, e me preocupo com os estudos do meu filho, vejo afinidades entre a educação que recebi na Chapel e a educação que meu filho recebe na escola em que estuda, na Califórnia. É também uma escola cristã, incrível como a Chapel, em que empreendem a educação com muita dedicação. Assim como a Chapel, é uma escola baseada na fé, que cultiva valores do coração, em que os educadores se importam, e isso eu vejo como uma das coisas mais importantes da minha vida. Tenho relacionamentos na Chapel que mantenho até hoje. Tive a sorte de poder ir ao Festival Internacional este ano e me encontrar com antigos colegas e com funcionários como a Cida, que ainda está no colégio. E foi maravilhoso!”

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“EU ADORAVA OS EVENTOS ESPORTIVOS DA CHAPEL, LEMBRO DA VIBRAÇÃO QUE ERA CANTAR O MOTE DOS TROJANS”
“CRIAR O BRAVE FOI TAMBÉM UMA DECISÃO DE VIDA. NÃO QUERO ME LAMENTAR PELO TEMPO QUE NÃO PASSEI COM O MEU FILHO”

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VÍNCULO PARENTAL: BASE PARA DESENVOLVER RESILIÊNCIA EMOCIONAL

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Por Sanda Lawisch Fotos: Arquivo pessoal

Sempre que abordo o tema do vínculo entre pais e filhos, gosto de trazer a seguinte oportunidade para refletir:

Você já se perguntou como será lembrado daqui a 20, 30 ou 40 anos? Quando o seu filho falar sobre o seu vínculo com os seus pais, talvez num encontro de amigos, ou numa sessão de terapia, ele falará o quê? “Meu pai foi (...) eu me lembro claramente dele (...) ;“ ou: “Minha mãe sempre fez (...) comigo; eu tenho tantas lembranças de (...)”.

O vínculo que a criança desenvolve com os pais pode, na vida adulta, se transformar num dos pilares da resiliência emocional. Memórias positivas da infância têm o poder de amparar, dar força e tranquilizar. Quais são as primeiras lembranças que vêm a sua cabeça quando você descreve a presença dos seus pais na sua infância? Como a sua infância influencia a sua parentalidade?

Sem julgamento e sem culpa, queria te convidar a refletir sobre essas perguntas. A perspectiva do longo prazo nos ajuda a ter mais clareza do que de fato é importante para você e para o seu filho. Quando você percebe o que “ficou” com você da sua própria

infância, você vai descobrir o que você “deve” fazer para fortalecer o vínculo com o seu filho.

Além dos benefícios para a vida adulta, o vínculo forte entre a criança e os pais também exerce um impacto positivo no dia a dia com a criança. Na base de muitos comportamentos irritantes, agressivos ou que chamam atenção podemos encontrar uma necessidade da criança ser vista e de se sentir importante aos olhos dos pais. Eu sempre falo para os meus pacientes que o que nós consideramos “mau comportamento” é a forma mais eficiente da criança obter a atenção do adulto. Se a criança está brincando de forma calma e organizada, fazendo as tarefas ou se comportando de forma amável com o irmão ou os amigos, raramente vamos interromper nossas atividades para dar atenção para ela naquele momento. Agora, se ela está jogando os brinquedos no chão, batendo no irmão ou ignorando os estudos, ela nos obriga a lhe oferecer atenção plena imediatamente. Frequentemente, ouço a seguinte resposta: mas a atenção que a criança recebe é diferente nos dois

cenários; quando ela se comporta mal, ela recebe atenção negativa (às vezes um sermão ou talvez um castigo). Isso é verdade, mas precisamos entender que, para a criança, qualquer tipo de atenção, mesmo a negativa, é melhor do que nada de atenção.

Com tudo isso em mente, eu gostaria de propor uma atividade diária. Colocando essa ferramenta em prática, você poderá fortalecer o vínculo com o seu filho e também diminuir os “maus comportamentos” que chamam atenção. Além de ser extremamente eficiente, é muito fácil: dedique 5-10 minutos de atenção especial para o seu filho diariamente.

“Mas Sanda, eu já fico muito mais tempo que isso com o meu filho”.

Sim, entre preparar o café da manhã, fazer as tarefas, levar ao parque, dar banho ou ajudar a escovar o dente, você com certeza passa mais de 10 minutos com o seu filho. Esses momentos são importantes, mas o tempo de atenção especial é diferente.

Primeiramente, imagine por um instante o sentimento da criança ao escutar diariamente: “Filho(a), agora é o nosso

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momento especial, só eu e você. O que você quer fazer?”. Imagine também o impacto desse ritual diário ao longo dos anos e como será o seu filho, já adulto, relatando: “Apesar da rotina corrida, meus pais sempre fizeram eu me sentir especial, sempre pude contar com a atenção plena deles por alguns instantes no dia”. A outra diferença notável desse momento especial é a criança estar no comando da atividade. Ela escolhe o que vão brincar, fazer, ler. Principalmente na primeira infância, a criança tem pouquíssimas oportunidades no dia para exercer autonomia e controle. No momento especial do dia, ela pode exercer essa necessidade de forma positiva. Além disso, criamos uma oportunidade para descobrir mais sobre os interesses, preferências, habilidades e evolução do(a) filho(a) em áreas específicas. No consultório, não é incomum atender pais que têm dificuldade de brincar com os filhos, às vezes simplesmente por não ter tido essa oportunidade enquanto crianças. O benefício de deixá-lo(a) estar no controle da brincadeira é que ele(a) vai te mostrar como brincar, o que fazer e o que falar.

Pelo tempo ser limitado e relativamente curto, 5-10 minutos, fica mais fácil de se colocar em prática.

Na minha experiência, o momento especial se torna muito benéfico até para os pais, que passam a se sentir mais confiantes no brincar com a criança e mais próximos dela. Esse momento ajuda a reduzir os sentimentos de culpa por não estar passando tempo suficiente com a criança e, às vezes, a permissividade que é gerada pelos sentimentos de culpa.

O momento especial é igualmente benéfico para pré-adolescentes e adolescentes. Um vínculo forte e uma comunicação frequente e bem estabelecida diminuem o sentimento de insegurança e medo dos pais. É muito comum nessa fase os pais me contarem: “Sinto que não sei mais quem é o meu filho, preciso olhar o celular dele para saber o que está acontecendo na vida dele, pois ele não me conta nada.” Se você está iniciando o “momento especial” com um filho mais velho, pode ser estranho no início, ele pode te questionar sobre quais são as suas intenções ou apenas

ficar indiferente. Mantenha a calma e explique que você quer passar apenas alguns instantes na sua companhia. Não faça perguntas, não demande atenção ou alguma interação. Fale algo assim: “Filho, eu gostaria de passar alguns minutos na sua companhia. Vou ficar aqui sentado em silêncio, caso você queira fazer alguma coisa juntos, estou aqui.” Com o passar dos dias, até os adolescentes mais desconfiados “amolecem”. O momento especial se torna aos poucos uma oportunidade para compartilhar pequenas coisas do dia a dia, as quais diminuem o vão que, às vezes, se cria entre pais e filhos.

Eu poderia abordar o tema do vínculo entre pais e filhos num formato receita de bolo, mas a realidade é que cada família tem uma cultura, valores e interesses diferentes. Não há nada mais poderoso do que alocar alguns minutos no dia para explorar as particularidades de cada pai e filho. Lembrem-se de que não há jeito certo de brincar, passar tempo juntos ou construir lembranças. Apenas crie o espaço, coloque a criança no comando e assista à magia do “momento especial” acontecer.

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Peça a opinião da criança antes de ir direito para a resolução de um problema.

Quando a criança te conta sobre algo que aconteceu na escola, em vez de dizer: “Nossa, que terrível, vou já entrar em contato com a professora e ver como foi isso!”, fale: “Parece que você ficou chateado(a) com isso, como posso te ajudar a solucionar isso?”

Às vezes, motivados pela vontade de proteger a criança, saímos “atropelando” e tentando resolver tudo. Não tem ninguém melhor para indicar a solução correta do que a criança que passou pela situação desconfortável. Lembrese que às vezes a criança está apenas compartilhando algo para desabafar, respeite a necessidade dela, caso ela não queira que você intervenha na situação.

oportunidades para desenvolvimento da autoconfiança.

Quando a criança tenta fazer algo difícil, em vez de dizer: “Você é muito pequeno ainda, acho que você não consegue, deixa que eu faço!”, fale: “Precisamos treinar isso, vou te mostrar como fazer e depois você pode praticar até conseguir.”

Em vez de repetir a mesma informação mais uma vez (desgastante para ambos os lados), questione a criança.

Quando a criança insiste em fazer algo diferente do combinado, em vez de dizer: “Filho, eu já cansei de te falar que se você não fizer a tarefa, não poderá usar o celular!”, fale: “O que você precisa fazer antes de usar o celular?”

Envolva a criança em algumas “conversas de adultos”.

Quando estão falando numa roda de adultos sobre assuntos que acham que a criança não entende, em vez de dizer: “Isso não é assunto de criança; você não entende ainda o que é economia, vá brincar!”, fale: “Filho, o que você acha sobre isso?”

No início as respostas da criança vão ser bem imaturas, mas com prática ela vai aprender a prestar atenção e a desenvolver respostas apropriadas. Envolva-a em assuntos do dia a dia, pedindo opinião em certos momentos, como na refeição em família, para evitar que ela fique alienada.

Quando você perde e erra, seja exemplo de responsabilidade, assuma o erro e peça desculpas.

Em vez de dizer: “Eu não queria ter gritado com você, mas você me tirou do sério!”, fale: “Eu perdi a minha paciência e gritei com você. Me desculpe. Vou procurar me controlar melhor no futuro.”

Evite culpar a criança pelo seu descontrole, por mais que o comportamento dela seja inadequado naquele momento, é você que está no controle do seu comportamento. Mantenha-se no mesmo padrão de expectativa que você demanda do seu filho. Seja exemplo, em primeiro lugar, de autocontrole e responsabilidade com os seus erros. Seja exemplo de como agir quando erramos.

INSIDE CHAPEL 38 A FORMA COM QUE VOCÊ SE COMUNICA COM O SEU FILHO TAMBÉM PODE CONTRIBUIR PARA UMA RELAÇÃO DE CONFIANÇA E RESPEITO MÚTUO
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CHAPEL RETOMA VIAGENS DE ESTUDO DO MEIO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Alinhadas às unidades de ensino e, por isso, imprescindíveis para a construção do conhecimento, as viagens de estudo do meio e de desenvolvimento sustentável voltaram com força no último ano letivo. Seguindo protocolos de segurança, coordenadores do colégio realizaram, com antecedência, visitas técnicas a todos os destinos, preparando as atividades e certificando-se de que os estudantes viveriam as melhores experiências. Desde a Educação Infantil até o High School, estudantes e professores da Chapel puderam não apenas acrescentar aprendizagens ao currículo, mas também se conectar mais e aprender juntos em jornadas inesquecíveis. Confira, a seguir, as viagens do último ano da Chapel.

Educação Infantil: aprendizado e diversão em saídas de um dia

Em março deste ano, os pequeninos do Pre I passaram uma manhã na Fazendinha Estação Natureza, um dos primeiros parques rurais pedagógicos do Brasil, localizado no bairro do Ipiranga, na capital. Lá, os alunos participaram do programa Experiência Rural, que proporciona vivências e aprendizados

enquanto visitam os animais na fazenda, conhecem as plantas, alimentam os animais, andam a cavalo e tomam café da manhã feito na fazenda. De acordo com a coordenadora do ECEC, Emanoelli do Valle, “o passeio está alinhado a duas unidades de estudo: Let’s Go Plants, em que aprendem sobre as plantas: como cuidar delas, processos de plantio, do cuidar, do crescer; e também o Discover the Farm, em que estudam sobre os animais da fazenda, conhecendo suas características, a rotina de uma fazenda e de quem cuida dela.”

Os alunos do Pre II tiveram a oportunidade de visitar, em novembro de 2022, o Museu do Inseto, no Instituto Biológico, que fica no bairro da Vila Mariana, em São Paulo. Autorizado pelo IBAMA e pela Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, o setor educativo do museu mantém uma exposição permanente – Planeta Inseto – , que promove uma visita interativa, mostrando a história, a evolução e a importância desses invertebrados. Alinhada com a unidade de estudo Bugs, Ms. Valle explica que “o objetivo é desmistificar os insetos para as crianças se aproximarem mais deles, e não terem medo. É um tour em sete salas diferentes onde os alunos podem tocar nos insetos, como besouros e bichos-pau, observar diferentes

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tipos de borboletas, conhecer a rotina de um formigueiro, aprender sobre as abelhas e até ver a produção do fio de seda pelas lagartas”.

Também em novembro de 2022, o Kindergarten teve a oportunidade de visitar a exposição “DinossaurosPatagotitan, o Maior do Mundo”, que estava em cartaz em São Paulo justamente na época em que os alunos estavam passando por esta unidade de estudo no colégio. Em vários espaços, a exposição mostrou a história desses répteis, os tipos que habitaram a Terra, os diferentes tamanhos, do que se alimentavam, entre outras curiosidades. O interessante, segundo Ms. Valle, foi que “tudo o que os alunos estudaram no colégio pôde ser visto na exposição, que contou com réplicas em tamanho natural”. A saída aconteceu na parte da manhã, e os alunos voltaram ao colégio a tempo de almoçar.

Elementary School: educação para a preservação da fauna e da flora

Os alunos do 1º ano fizeram duas saídas durante o ano letivo. No final de 2022, conheceram o Viveiro Sabor de Fazenda, na zona norte da capital, que abriga uma centena de espécies de mudas de ervas, plantas medicinais e temperos orgânicos. Além de aprender sobre o benefício das plantas, as crianças acompanharam o processo de compostagem orgânica e entenderam a importância da minhocultura. De acordo com a coordenadora Cristiana Cavalcanti, as crianças acompanharam plantações em mini hortas, aprenderam sobre compostagem, minhocas e tatus-bola, mexendo na terra e plantando. Em abril deste ano, os estudantes foram ao ZooFoz, um projeto social que trabalha a educação ambiental e

a zooterapia em crianças com necessidades especiais. O projeto de Educação Ambiental proporciona a elas o contato direto com alguns dos mais de cem animais residentes na associação, em sua maior parte advindos de criadores comerciais homologados pelo IBAMA e que não são passíveis de ressocialização na natureza. O objetivo dessa saída foi promover a aproximação dos alunos com os animais, estimulando uma relação saudável entre eles.

Os alunos do 2º ano também realizaram duas saídas no ano letivo. A primeira foi em novembro, no Viveiro Sabor de Fazenda, pois não haviam ido quando estavam no 1º ano, em razão da pandemia do covid-19. A segunda aconteceu em maio, para o Sítio do Carroção, localizado na cidade de Tatuí, interior do estado de São Paulo, para um day trip. O local oferece vários roteiros pedagógicos que garantem espaço para descobertas e diversão, um deles é o maior aquário aberto da América Latina. A proposta da Chapel é que as crianças passem um dia no Carroção quando estão no 2º ano para, no 3º, estenderem a viagem e passarem uma noite lá.

A Toca da Raposa foi o local escolhido para os alunos do 3º ano passarem um dia em novembro. O parque, que fica na cidade de Juquitiba (SP), desenvolve programas educativos voltados para a conservação e preservação da fauna e da flora. Valorizando a responsabilidade socioambiental por meio de atividades lúdicas, os alunos participaram de atividades na natureza, conheceram alguns espécimes e se conscientizaram sobre o tráfico de animais.

Em junho, foram para o Sítio do Carroção, um resort pedagógico onde passaram uma noite. Muitas aventuras os aguardavam, algumas com trilhas, e várias atrações no

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decorrer, como um avião no meio da floresta, ou uma caverna com uma piscina subterrânea.

Como a pandemia foi responsável por adiar as viagens das turmas do 4º, 5º e 6º anos nos anos anteriores, os alunos também foram contemplados com um day trip, em dezembro de 2022, no Sítio do Carroção. Esse foi um esquenta para as vivências e diversões que aconteceram em junho deste ano, no Rep Lago, resort educativo situado em Leme, interior de São Paulo, onde passaram dois dias. Em um local de natureza preservada e com uma equipe de monitores que proporciona atividades incríveis, os alunos da Chapel experimentaram bastante convivência em grupo, em atividades que privilegiaram aspectos socioemocionais. Com uma programação diversificada, em que estudantes podem escolher as atividades das quais participam, a turma da Chapel vivenciou oficinas cooperativas e workshops, e ainda teve tempo para lazer e socialização.

High School: Viagens de Educação para o Desenvolvimento Sustentável Coordenadas pela professora Luciana Brandespim, as viagens ESD dos alunos do High School da Chapel mantêm estreita conexão curricular com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável proposto pela Unesco, agência da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.

O destino dos alunos do 7º ano foi o acampamento Águias da Serra, situado no Pólo de Ecoturismo da cidade de São Paulo, na zona sul. O programa desenvolvido agregou várias áreas do conhecimento, com ênfase nas atividades coletivas. Tendo como pilares a saúde e o bem-estar tanto físico quanto mental, o professor líder, Jean Silva, coordenou três grandes atividades com a turma. A primeira aconteceu no borboletário, que mantém esses animais em todas as suas fases de desenvolvimento: “Além de conteúdos de Ciências, os alunos fizeram uma analogia entre as fases da borboleta e as fases de desenvolvimento dos pré-adolescentes. Também houve uma atividade de Português em que eles escreveram haikais tendo como tema as borboletas, ocasião em que puderam se expressar artisticamente”, explica Mr. Silva. Outra atividade foi desenvolvida num labirinto de plantas e vegetação, onde os alunos puderam experimentar uma navegação livre e outra se valendo de mapas que desenvolveram com o professor de Matemática. Para fechar a vivência, houve o “Desafio Master Chef”, em que os estudantes foram levados para a floresta onde aplicaram práticas de sobrevivência como montar um abrigo, acender uma fogueira e preparar uma refeição. “Dentro de um ambiente seguro, os alunos foram desafiados e isso contribui bastante para o desenvolvimento emocional deles. Mais do que tudo, foi uma oportunidade de criar vínculos entre eles fora do ambiente da sala de aula”, comemora o professor.

A Rota da Imigração foi o destino escolhido para a viagem do 9º ano, liderada pelo professor Érico Padilha. Em Limeira, no interior de São Paulo, o foco recaiu no estudo do ciclo do café, na imigração e nas ferrovias, cuja implantação e desenvolvimento estão intimamente ligados à produção cafeeira. Os alunos visitaram duas propriedades rurais que existem desde o Império, e puderam vivenciar uma experiência

sensorial, passando por todas as etapas de plantio e de produção. “Foram inseridos num contexto de imersão, viram como é a estrutura de uma propriedade rural, conheceram as senzalas, e o histórico dos donos daquelas terras e a sua contribuição para a economia local. Em Piracicaba, nos bairros rurais de Nova Olímpia e Santana, os alunos conheceram um pouco das tradições de uma comunidade fundada por colonos tiroleses no fim do século XIX”, afirma Mr. Padilha.

Os alunos do 10º ano viajaram para a cidade de Extrema, localizada na Serra da Mantiqueira, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo, onde passaram três dias. Sua grande quantidade de nascentes e pequenos cursos d’água é importantíssima para a segurança hídrica de toda a região metropolitana de São Paulo, uma vez que alimenta o Sistema Cantareira, maior manancial de abastecimento da capital paulista. No primeiro dia, liderados pelo professor Erick Santana, os alunos subiram a Serra do Lobo para conhecer, do topo da montanha mais alta da região, o ciclo da água, coletando amostras e medindo o PH e a oxigenação. No dia seguinte, na região rural de Extrema, visitaram o Parque “Conservador das Águas”, mantido pela Universidade de São Paulo e universidades federais em parceria com órgãos governamentais, que abriga um projeto de reflorestamento da Mata Atlântica. “Produzem-se milhares de mudas que já reflorestaram milhares de hectares, o que mantém o abastecimento dos rios”, explica Mr. Santana. Por fim, visitaram produtores de agricultura familiar localizados na região de proteção ambiental e integram o projeto de proteção das nascentes de água, cujo objetivo é preservar os mananciais. Os alunos aprenderam a plantar bananas e hortaliças e conversaram com os produtores sobre agricultura sustentável. No último dia, eles montaram uma maquete das bacias hidrográficas da região, demonstrando o que aprenderam na viagem e trazendo ao colégio o produto dessa aprendizagem.

Na cidade de Bragança Paulista, no interior do estado de São Paulo, os alunos do 11º ano passaram três dias visitando fazendas sustentáveis e uma galeria de artes. Liderado pela professora Carolina Martins, o programa teve início na Fazenda Atalaia, de produção de queijo, onde desde a criação do gado leiteiro até a produção final do queijo é feita de maneira sustentável. “A ração dos animais é produzida de maneira sustentável, e até os móveis da fazenda são fabricados na marcenaria própria”, explica Ms. Martins, complementando: “Além de conhecerem a estrutura da fazenda, os alunos participaram de oficinas de produção de pão de queijo, de queijo nozinho e de construção de taipa”. No segundo dia foram à Fazenda Serrinha, que era uma antiga estância de produção cafeeira, mas foi reflorestada pelos proprietários que atualmente praticam a agroecologia, no modelo de agrofloresta (sistema produtivo que concilia a produção de alimentos com a recuperação de áreas degradadas), transformando a fazenda em modelo de sustentabilidade. Os alunos trabalharam na horta, visitaram a represa, e participaram de atividades de produção artística utilizando elementos da natureza. No terceiro dia, os alunos participaram de oficinas de fotografia na galeria de artes Casa Lebre onde, ao fim da atividade, expuseram seus trabalhos a todos do grupo.

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AMISA 2023: PROFESSORES DA CHAPEL COMPARTILHAM EXPERIÊNCIAS BEM-SUCEDIDAS

Na última conferência AMISA – American International Schools in the Americas – , que ocorreu em março, na Guatemala, a Chapel se destacou, mais uma vez, por meio dos seus professores, que apresentaram programas bemsucedidos aos seus pares das Américas.

Nos quatro dias de conferência, cinco docentes do colégio apresentaram práticas de ensino, conquistando o público presente e compartilhando ideias de projetos que podem fazer a diferença em outras escolas.

“Co-criação de oficinas de redação conduzidas por alunos para desenvolver voz, significado e propósito”

Nessa apresentação, a professora Maxine Rendtorff compartilhou algumas práticas recomendadas para promover diferenciação no ensino quando se trata de redação no ensino médio.

Sua apresentação foi baseada em sistemas e estratégias de aprendizagem para capacitar os alunos a mapear seus próprios interesses, objetivos e habilidades no processo de escrita.

Em seu workshop, os participantes mostraram-se muito empenhados – a fazer perguntas, a esclarecer dúvidas, a querer saber se podiam contatar a professora para discutir

mais questões. O feedback, no final, foi muito emocionante: “Muitos professores vieram até mim e disseram que tentariam aplicar minhas estratégias em suas próprias salas de aula e me agradeceram por abrir o caminho nesta área, tornando os alunos os protagonistas de suas próprias jornadas de escrita”, comentou a professora.

Seu depoimento sobre a experiência é revelador: “Fazer parte desta conferência foi muito importante para mim como educadora, pois foi como uma lufada de ar fresco - em termos de aprender novas ideias, estratégias e práticas recomendadas para levar para a minha sala de aula. Também conheci muitos profissionais incríveis com os quais estou em contato a fim de criar grupos de estudos para uma maior troca de ideias e boas práticas. Me fez refletir sobre minhas próprias práticas e o que já estou fazendo bem, mas também o que preciso para ser ainda melhor”.

“Learning Innovation Beyond Maker Space - Uma implementação bem-sucedida no Ensino Fundamental” Os professores Karina Wenda e Otávio Garcia mostraram, em sua apresentação, que a educação mudou radicalmente desde

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os anos 1960 até hoje. E que a Chapel, ao implementar o programa de Inovação de Aprendizagem do Ensino Fundamental, proporcionou aos alunos uma experiência de aprendizado profunda, envolvente e duradoura. No workshop, os participantes queriam entender a história de sucesso na implantação do programa Learning Innovation do Ensino Fundamental da Chapel. Durante as atividades práticas, eles se envolveram e saíram da sessão com materiais e atividades prontos para uso, pois tiveram a chance de vivenciar a teoria na prática por meio de atividades.

Os professores ficaram orgulhosos de serem escolhidos para representar a Chapel School em uma conferência internacional com muitos workshops relevantes. “Na AMISA, fomos referência em inovação no Ensino Fundamental. Ficamos emocionados ao perceber que a Chapel está no caminho certo e acompanhando as tendências mais atualizadas em inovação de aprendizagem”, afirmou o professor Otávio Garcia.

a criatividade nos primeiros anos”

A apresentação das professoras Emanuela Santo e Marianna Zambrini consistiu em compartilhar com os pares o que tem sido feito na Chapel School para promover e estimular a criatividade das crianças na Educação Infantil. Sob o título “Fomentando a Criatividade nos Anos Iniciais”, elas apresentaram a outros educadores algumas das estratégias que têm utilizado durante esse processo de adaptação da forma de ensinar, mudando as atividades e o ambiente para maximizar o aprendizado, por meio de uma rotina que estimula a criatividade dos alunos ao longo do dia na escola.

“Apresentamos maneiras pelas quais temos dado escolhas aos alunos, fazendo com que se sintam ouvidos e colocando-os no papel principal de seu aprendizado e desenvolvimento”, explica Ms. Zambrini.

A professora Emanuela Santo conta que a apresentação recebeu cerca de quarenta participantes, principalmente professores dos anos iniciais, bastante receptivos às ideias apresentadas. “Isso me ajudou a ver que estamos no caminho certo, pois temos aberto espaço às vozes e escolhas dos alunos em relação ao seu processo de aprendizagem, o que também está alinhado com os princípios de aprendizagem do NEASC”, afirma a professora. Ela conta que participar da conferência a inspirou a continuar melhorando suas habilidades de ensino, estudando, pesquisando e fornecendo a melhor educação possível aos alunos.

Ms. Zambrini complementa, afirmando que participar do AMISA EDCON 2023 foi uma grande experiência e uma grande oportunidade de crescimento profissional, “pois um dos meus objetivos de Supervisão, Avaliação e Desenvolvimento Profissional é pesquisar, observar, experimentar, compartilhar e colaborar. Durante todo o tempo, adquiri muito conhecimento e muitos insights que levarei comigo enquanto puder, e começarei a aplicá-los na rotina da minha sala de aula e nas minhas práticas como professora”. Mais do que isso, as professoras se certificaram de que estão no caminho certo para construir um ambiente desafiador, envolvente e seguro a fim de que os alunos se sintam à vontade para aprender por meio da exploração e da brincadeira.

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CHAPEL CONQUISTA PRÊMIOS E TROFÉU DE MELHOR DELEGAÇÃO NA BRAMUN 2023

Oclube Modelo das Nações Unidas (MUN) da Chapel brilhou no último ano letivo. Sob orientação do Mr. Brian Manning, o clube de debates do colégio alcançou excelência nas conferências internas e externas das quais participou, e o ápice aconteceu na Bahia, em março, quando o colégio recebeu o Prêmio de Melhor Delegação na BRAMUN 2023. “Embora outras escolas tenham um clube maior do que o nosso, sempre nos saímos muito bem nas conferências e ganhamos vários prêmios. Acho que foi uma prova da forte liderança sênior que tivemos no ano passado”, comemora Mr. Manning, complementando: “O destaque do ano foi a viagem à Bahia para a BRAMUN. Fiquei muito orgulhoso com o profissionalismo e a criatividade demonstrados pelos alunos, e tivemos a sorte de vir com o Prêmio de Melhor Delegação. Foi a ‘cereja do bolo’ de um ano muito divertido para o clube!”

O clube MUN visa promover a conscientização sobre questões globais por meio da simulação das Nações Unidas e organizações internacionais correlatas. Na Chapel, ao longo do ano, os alunos se reuniram todas as sextas-feiras depois das aulas para praticar debates sobre questões controversas, conduzir pesquisas acerca de eventos políticos atuais e praticar diálogos e redação de teses. Em ambos os semestres, a Chapel organizou uma conferência interna, a CHAMUN, durante a qual os alunos discutiram e debateram diversos tópicos: no primeiro semestre, o tema foi o “Comércio Ilegal Global de Armas”, e, no segundo, “A Crescente Tensão entre China e Taiwan”.

O destaque do ano aconteceu na BRAMUN, onde os alunos ficaram hospedados no Resort Costa do Sauípe. Mais uma vez, alunos da Chapel receberam prêmios individuais. Toni Serres

ganhou o de Melhor Delegado, por sua atuação no comitê da Guerra contra a Inteligência Artificial; Martin Castellanos e Gabriel Lins ganharam como os Delegados Mais Destacados, por seu trabalho no Comitê de Direitos Humanos; e Lorenzo Perrotti e Gabriel Fernandes ganharam o prêmio Delegados Mais Destacados, por seu trabalho no Histórico Conselho de Segurança. “Sempre acreditei que o MUN, em sua essência, é sobre debate. Fazer pesquisas e preparar resoluções é importante, mas, no final das contas, o que faz você se destacar como delegado é sua capacidade de negociar e convencer os outros a apoiarem suas proposições”, afirma Martin Castellanos, contando como se preparou: “Eu e meu co-delegado Gabriel, com quem dividi o prêmio, passamos os três dias na BRAMUN, discutindo e fazendo alianças políticas, tudo para defender os interesses do nosso país”.

Para conquistar o Prêmio de Melhor Delegação no BRAMUN, a Chapel venceu outras quinze escolas. De acordo com Mr. Manning, os critérios levados em consideração incluíram, entre outros, a participação dos membros, os documentos de posicionamento e a oratória. O aluno Martin Castellanos, que foi presidente do clube no último ano letivo, deixa um recado importante aos novos participantes que virão: “Vi novos membros entrarem no clube e se transformarem em delegados fantásticos que não têm medo de fazer suas ideias serem ouvidas. Foram eles que tornaram este ano especial e foram eles que finalmente nos deram esse prêmio. Desempenhar um papel nisso me enche de alegria genuína. Estou confiante de que as futuras gerações do MUN não apenas corresponderão, mas também irão além do que alcançamos até agora”. Vai, Chapel!

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ALUNOS DO 6º ANO DESENVOLVEM PROJETO SHARK TANK

Orientados pelos professores Filip Stoops e Mehir Desai, os alunos do 6º ano da Chapel participaram, no semestre passado, do projeto Shark Tank. Ele faz parte do currículo do 6º ano há alguns anos e se tornou um dos pontos altos do ano letivo.

Na proposta, em grupos, os alunos são estimulados a desenvolver uma ideia lucrativa para uma apresentação alucinante, criativa e original, convencendo os professores membros do Grupo de Investimentos da Chapel a gastar 1 milhão de dólares em sua ideia. De acordo com Mr. Stoops, os estudantes se valem das habilidades adquiridas durante o ano para aplicar na tarefa. “Para tanto, eles precisam pensar fora da caixa para formular ideias que geram dinheiro, e tentar encontrar um problema para resolver, explicar por que seria um bom investimento, analisando-o sob várias perspectivas, divulgar seu produto de forma criativa e convincente, e, por fim, preparar uma apresentação e, se possível, um modelo do produto”, explica o professor.

Como atividade interdisciplinar, os alunos também demonstram domínio de habilidades matemáticas – definindo porcentagens de lucro e mostrando projeções de crescimento, por exemplo –, além de ciências, Innovation Hub e ELA (sigla em inglês para English Language Arts), para Ler (pesquisar e entender o problema subjacente que eles tentam resolver), Escrever (criar uma apresentação concisa com uma mensagem cativante que agrada), Falar (apresentar na frente de toda a turma, e de alguns professores que irão criticar suas propostas) e Ouvir (responder às críticas e se engajar em uma refutação para conquistar os que duvidam).

Os ganhos com essa atividade não param por aí. De acordo com Mr. Stoops, “ Shark Tank também dá a eles uma amostra do que alguns dos objetivos do IB no ensino médio exigirão deles: encontrar um exemplo para melhorar ou aprimorar a vida de uma parte específica da população humana”.

Entre os projetos vencedores, destacaram-se a chuteira com três solados diferentes – para society, futsal e grama –, a Cool Chair – cadeira de praia com painel solar dobrável que armazena energia para disparar um dispositivo que refresca a temperatura do corpo –, uma lousa inteligente que escreve as falas do professor, e a BloodGuard , uma pílula futurista que protege o sangue humano da picada de mosquitos nocivos.

De acordo com Mr. Desai, esse projeto constatou que os alunos são dotados de habilidades fantásticas: “Pudemos ver ali futuros empreendedores, capazes de criar projetos que causarão um bom impacto no mundo no futuro.” Para Mr. Stoops, “foi interessante verificar que as habilidades adquiridas pelos alunos puderam ser aplicadas nesse projeto, culminando com todas as estratégias aprendidas e as competências adquiridas ao longo do ano, por isso, me senti muito orgulhoso de vê-los executarem as ideias com propriedade e conhecimento”.

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EM FEIRA, 2º ANO APRESENTA ESTRATÉGIAS DE LEITURA

Oprojeto Feira de Leitura, desenvolvido nas salas do 2º ano do Elementary School, no semestre passado, apresentou aos pais o desenvolvimento dos alunos na compreensão de textos e na fluência da leitura. Desenvolvido pelas professoras de suporte de leitura Amanda Manea e Andrea Campos, o projeto teve a duração de seis semanas e começou com a apresentação de alguns livros aos alunos, selecionados a partir do que gostavam de ler e do que liam nas aulas.

A partir disso, as professoras lançaram uma pergunta: “Quais estratégias ou recursos vocês usariam para explicar um livro aos seus pais?” Os estudantes, então, foram divididos em duplas e começaram a pensar em estratégias que poderiam ser utilizadas para mostrar às famílias a história do livro que escolheram. “A ideia do projeto surgiu de uma vontade nossa de passar aos alunos o amor pela leitura; queríamos que eles se divertissem e amassem todo o processo da leitura e da compreensão, e não vissem a atividade como uma mera lição de casa”, comenta Ms. Manea. A proposta foi bem-sucedida, e os estudantes se engajaram e trabalharam de maneira independente a partir das orientações das professoras.

Durante o processo, as turmas trabalharam o tema dos seus livros, a ambientação – ou contexto da história –, o enredo, o início, o meio e o fim da narrativa, além de identificar os personagens. Para tanto, as professoras se valeram do

diagrama de Venn para mostrar, por exemplo, semelhanças e diferenças entre personagens. A ideia desse diagrama é representar graficamente conjuntos, colocando nos seus interiores seus respectivos elementos. Com essa representação gráfica, o entendimento sobre as operações com conjuntos, como intersecção e união, torna-se muito mais intuitivo. De acordo com Ms. Campos, os alunos tiveram bastante autonomia para executar esse trabalho: “Em todas as aulas, antes da apresentação desse projeto, eles se envolveram verdadeiramente e não precisávamos sequer pedir para se concentrarem, pois já estavam imersos na atividade”.

Na feira, os estudantes se posicionaram em seus estandes e se valeram de cartazes e pôsteres com recursos gráficos para apresentar as histórias às famílias. Foram disponibilizados cartões com perguntas que os visitantes faziam para os alunos. “Eles se sentiram muito orgulhosos do que produziram.

Em meados de maio, eles apresentaram os resultados para os alunos do 1º ano. E foi um momento muito especial”, afirma Ms. Manea. A colega Ms. Campos complementa, comemorando os resultados do projeto: “Ao longo desse trabalho conseguimos avaliar o quanto os alunos internalizaram o conteúdo visto ao longo do ano. Foram nove meses apresentando estratégias e eles, no final, demonstraram que se apropriaram do conhecimento”.

INSIDE CHAPEL
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TALENTOS & PAIXÕES

Nesta edição da Inside Chapel, você vai conhecer os hobbies e as vocações de sete alunos e dois professores, para além do seu desempenho em sala de aula. Clubes, esportes, música, dança, artes e teatro estão entre as atividades prediletas dessa turma mais do que dedicada.

“QUEREMOS PROPOR

AÇÕES QUE FAVOREÇAM O ENCONTRO DAS PESSOAS, AÇÕES EM QUE OS MAIS

TÍMIDOS SE SINTAM À

VONTADE PARA CONVERSAR COM OUTROS”

TALENTO E LIDERANÇA POSITIVA

Desde o 1º ano na Chapel, Lucca Karam acostumou-se rapidamente ao colégio, onde gosta de estudar, aprecia os professores, brinca com os amigos e joga futebol na hora do intervalo. Atualmente cursando o 7º ano, Lucca vem se destacando no comitê de estudantes do ABRACE - programa de prevenção e combate ao bullying, adotado pela Chapel. Aos 12 anos de idade, o jovem demonstra talento na liderança positiva de grupos e, no Dia das Crianças do ano passado, teve seu desempenho elogiado pelos professores. “Na comemoração do Dia das Crianças, nos dividimos em pequenos grupos para fazer brincadeiras com as crianças menores. Ao explicar a elas como jogar, eu me saí muito bem”, revela.

No comitê de estudantes do ABRACE, Lucca participa ativamente, junto de colegas e professores, da criação de atividades que visam melhorar o clima emocional entre os alunos. “Queremos propor ações que favoreçam o encontro das pessoas, por exemplo, ações em que os mais tímidos se sintam à vontade para conversar com outros, para ampliarem seu grupo de amigos na escola”, explica.

Adepto dos esportes, Lucca pratica vôlei no colégio duas vezes por semana e, em casa, treina com um personal. No Clube Monte Líbano, joga futebol às terças, e tênis às quintas. “Minha rotina é agitada, mas gosto assim. Antes, eu frequentava o clube de culinária, mas troquei pelo vôlei para ficar perto dos meus amigos”, conta.

“O que mais gosto na Chapel são meus amigos. Somos seis e estamos sempre juntos”, afirma o estudante que, nos momentos livres, curte jogar videogame, claro, com os amigos do colégio. Caso ninguém esteja online no game, Lucca aproveita para assistir a alguma partida de futebol, preferencialmente do São Paulo ou do Manchester City, seus times do coração.

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DANÇA, ESPORTES E PROJETO SOCIAL

Aos treze anos de idade, Luiza Zaher mantém-se ativa em várias atividades esportivas, que pratica dentro e fora do colégio. Entre as suas paixões, o balé, que faz desde os cinco anos de idade, ocupa lugar especial. No início deste ano, porém, teve que suspender as aulas no clube Sírio Libanês por causa de incompatibilidade de horário, mas pretende voltar assim que puder. Quando não está assistindo às aulas do 8º ano, a jovem frequenta o clube Monte Líbano, onde joga tênis e nada. “A natação foi o meu primeiro esporte, pratico desde muito nova; e também fiz muay thai durante alguns meses, e gostei da experiência”, conta. O tênis, por sua vez, permite que Luiza se encontre com três amigas, o que é motivo de alegria para ela.

Na Chapel desde o Pre I, se sente em casa. “É uma escola de que gosto muito, como estudo aqui desde pequenininha, sempre tive muitas amizades. Gosto muito do espaço da Chapel, das áreas verdes, dos professores e dos meus amigos. Aqui eu me sinto em casa, é o meu lar”, pontua. Foi no colégio que Luiza aprendeu outros esportes como futebol de campo e futsal, e onde agora integra a equipe de cheerleader, que se apresenta nos eventos esportivos. “O que eu mais gosto na Chapel são as amizades, algumas vêm desde o Pre I, por isso me sinto segura e confortável aqui”, aprecia.

Sempre que pode, a jovem acompanha o pai no projeto social Lar Sírio, um espaço que acolhe crianças carentes e oferece cursos variados como balé, artes, oficinas e música. “No final do ano, as crianças fazem uma apresentação musical, e eu adoro prestigiá-las, pois algumas fazem balé e se identificam comigo”, revela a estudante, que pretende manter contato com as crianças do Lar enquanto puder.

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“GOSTO MUITO DO ESPAÇO DA CHAPEL, DAS ÁREAS VERDES, DOS PROFESSORES E DOS MEUS AMIGOS. AQUI EU ME SINTO EM CASA, É O MEU LAR”

Nascida na Índia, Vibha contava poucos meses de vida quando mudou-se com a família para o Brasil, onde permaneceram alguns meses para, em seguida, irem para a Argentina, país em que residiram por cinco anos. Depois, mudaram-se para a República Dominicana e, em 2021, retornaram ao Brasil para que Vibha tivesse uma educação de excelência no High School, a fim de ingressar numa boa universidade. “Eu me considero indo-latina, pois nasci na Índia, mas cresci na América Latina”, brinca a jovem de 14 anos, que se orgulha de conhecer tantos lugares e falar, além do inglês e do espanhol, o português e o telugo, uma das 22 línguas oficiais da Índia. “Junto com minha família, já conheci nove países, somos uma família internacional e gostamos muito de viajar”, complementa a aluna do 9º ano.

Pianista especializada em música clássica, Vibha costuma dizer que foi o piano que a encontrou, e não o contrário: “Há oito anos, nos mudamos para uma casa que tinha um piano, e eu comecei a explorar o instrumento”. Desde então, faz aulas em conservatórios musicais, pratica todos os dias durante uma hora, pelo menos, e recorre à música sempre que pode. “O piano me acalma quando estou estressada. Adoro peças rápidas e com algum significado, por isso Mozart me encanta. Mas percorro todas as escolas, até o pop”, conta. Na Chapel, Vibha costuma tocar nas missas e no Casual Friday. Quando residia na República Dominicana, a jovem se apresentou por diversas vezes numa rádio nacional.

No colégio desde o 7º ano, Vibha adora os clubes: participa do Drama, do NJHS, do Stuco, do STEAM e do MUN. Por este último, foi premiada como melhor delegada numa conferência recente realizada no colégio St. Nicholas. Outro prêmio recebido recentemente foi no 5º Encontro Literário da Chapel, com uma ficção em inglês. Na área de esportes, Vibha, que treinou karatê durante quatro anos, atualmente integra a equipe JV de basquete da Chapel. “Gosto muito da sensação de fazer uma cesta, mas, principalmente, esse esporte me ajudou a trabalhar em equipe e a nunca desistir”, avalia.

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“COM MINHA FAMÍLIA, JÁ CONHECI NOVE PAÍSES, SOMOS UMA FAMÍLIA INTERNACIONAL E GOSTAMOS MUITO DE VIAJAR”

“MINHAS MELHORES

LEMBRANÇAS SÃO CHEGAR NA

ESCOLA BEM CEDO E FICAR NA

SALA DA MINHA MÃE, QUE É

PROFESSORA DO ELEMENTARY

DA CHAPEL”

SELEÇÃO BRASILEIRA DE TCHOUKBALL

Marina Moura adora o ambiente escolar. Além de manter excelente desempenho acadêmico, a aluna do 10º ano se dedica fortemente aos esportes. Na Chapel, onde estuda desde o 1º ano do Elementary, joga basquete e vôlei. “A equipe de basquete do colégio é tão legal que me motivou a me empenhar para aprimorar meu jogo. Atualmente, sou a capitã do time, e no ano passado ficamos em segundo lugar na liga paulista, e em terceiro no Little 8”, conta. No vôlei, atua como levantadora nas equipes JV e Varsity, e participou da final da liga paulista. “Meu pai, que é professor de educação física, treina comigo em casa”, explica a jovem de 15 anos, que também pratica um esporte não tão conhecido: o tchoukball

Seu pai, entusiasta e praticante de tchoukball, a levava, desde muito pequenina, aos treinos da equipe que criou, a Tekokatu. Marina tinha 7 anos de idade quando começou a treinar, e hoje integra a seleção brasileira de tchoukball M18. Com o time, participou do campeonato pan-americano em 2022. Antes disso, integrou uma equipe mista brasileira (M12), que disputou o pan-americano na Argentina em 2018. “Ficamos em segundo lugar, vencendo o último jogo de virada”, vibra.

Na Chapel, além dos esportes, Marina integra o Glee Club e o Drama Club. “No Coral só tem pessoas legais. Toda última sexta-feira do mês nos apresentamos na biblioteca do High School”, conta, complementando: “Já no teatro, participei do musical Spelling Bee, e fizemos duas apresentações na Chapel no mês de abril”.

Marina gosta muito do colégio, principalmente dos professores e dos amigos, muitos dos quais conhece desde o 1º ano: “Os professores são maravilhosos. Minhas melhores lembranças são chegar na escola bem cedo e ficar na sala da minha mãe, que é professora do Elementary da Chapel, até o horário do início da aula”, conclui.

TALENTOS & PAIXÕES INSIDE CHAPEL 53

“EU QUERIA ENCONTRAR UMA FORMA DE RETRIBUIR PARA A SOCIEDADE O QUE APRENDI, E OS CLUBES NJHS E NHS FAZEM ISSO”

Eduarda Gervazoni tem a pintura como uma atividade prazerosa, da qual se vale como passatempo. Começou ainda bem novinha, pintando com guache antes de ser presenteada pelo pai com um kit de pintura. Com o passar do tempo, foi aprimorando seus traços e descobrindo novas técnicas. Hoje, aos 16 anos recém-completados, a jovem do 11º ano gosta de pintar paisagens e animais.

Na Chapel desde o Pre I, onde, segundo ela, entrou porque a família se identificou com o ambiente, o currículo e a religiosidade, a jovem conhece todo mundo. “Gosto muito das pessoas e tenho ótima relação com professores e alunos”, conta. Como membro do NHS, clube de honra da Chapel, Eduarda participa de um projeto que está auxiliando uma escola pública a montar um acervo de música e fotografia, a fim de que os alunos tenham maior interação com as artes. Ela, que já participou do NJHS, ingressou agora no NHS, pois sempre apreciou os valores desses clubes: “Eu queria encontrar uma forma de retribuir para a sociedade o que aprendi, e esses clubes fazem isso”, explica.

Apesar de não se considerar uma esportista, a jovem gosta de correr e de frequentar a academia. Além de cuidar do físico, fora do colégio ela também faz aulas de matemática pelo método Kumon desde que era pequena. “Passei a perceber minha evolução na matemática depois disso. Vou arriscar matemática high level este ano”, anuncia. A leitura é um hábito que sempre cultivou; seus gêneros prediletos são romances e fantasias distópicas. “Leio bastante em inglês, prefiro; e tenho o hábito de ler antes de dormir”, comenta.

Preparando-se para o futuro, Eduarda, quando está de férias, costuma acompanhar a mãe no trabalho, e até se arrisca em algumas tarefas, orientada por uma funcionária. “Quero estudar business. Desde pequena estou nesse ambiente, na empresa dos meus pais”, conclui.

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HABILIDADE E RAÇA NO FUTEBOL

Atuando como meio-campista na equipe Varsity de futebol de campo, Miguel Hofke joga desde muito novo. Tanto que, há três anos, quando sua família voltou a morar no Brasil e o matriculou na Chapel, o que mais lhe chamou a atenção foi o campo de futebol. Atualmente cursando o 12º ano, o jovem de 17 anos de idade treina futebol duas vezes por semana no colégio. “O que mais aprecio nos esportes da Chapel é a emoção, jogamos com muita raça”, afirma.

Antes disso, quando morava na República Dominicana, jogava na escolinha de futebol do Barcelona e foi selecionado para participar de um campeonato na Espanha. Infelizmente, a covid-19 atrapalhou os planos e o campeonato foi cancelado. Além do futebol, que acompanha também pela TV, torcendo pelo Flamengo, Miguel já treinou boxe; ainda frequenta academia e pretende fazer jiu-jitsu

Membro do comitê de estudantes do ABRACE, programa anti bullying adotado pela Chapel, Miguel foi um dos responsáveis por retomar as atividades do TAC (Take Action Club). Ao assumir a liderança do clube, começou a trabalhar em projetos para prevenir o bullying no colégio. Um deles consistirá em atividades que os alunos do TAC realizarão com alunos mais novos durante o advisory. “Decidi ser do TAC porque achei a ideia muito boa, e quando pensei que fosse acabar, reuni alguns amigos para dar continuidade ao projeto”, explica.

No futuro, pretende cursar Administração ou Economia, segundo ele, porque o pai o inspirou. Da Chapel, guardará boas lembranças: “Gosto muito daqui, a escola é muito bacana, fui muito bem acolhido; gosto do espírito e das pessoas”, finaliza.

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“GOSTO DO ESPÍRITO DA CHAPEL E DAS PESSOAS. O QUE MAIS APRECIO NOS ESPORTES DAQUI É A EMOÇÃO; JOGAMOS COM MUITA RAÇA”

“PARTICIPAR DE UM CLUBE NOS DÁ OPORTUNIDADE DE ADQUIRIR RESPONSABILIDADES, DE ENSINAR OS MAIS NOVOS; É UMA EXPERIÊNCIA MUITO RICA, POIS NOS CONECTAMOS COM PESSOAS DE OUTRAS SÉRIES”

Acostumado a morar em outros países, Gabriel sempre estudou em escolas internacionais, o que o deixou bastante à vontade quando ingressou na Chapel, quatro anos atrás. Apesar de ter nascido nos Estados Unidos, ele se vê mais como cidadão brasileiro. “Só nasci nos EUA; sou mais brasileiro do que qualquer outra coisa”, afirma, contando em seguida os países nos quais viveu, como Inglaterra e Espanha, por exemplo, além de ter morado em várias cidades brasileiras além de São Paulo. “Quando voltamos para o Brasil, foi como voltar para casa, a adaptação não foi nada difícil”, revela.

No período em que estudou na Chapel - do 9º ano até se formar no High School, em junho deste ano -, Gabriel participou de clubes que estimulam o debate e a conexão com pessoas: MUN, NJHS, NHS e TAC foram seus escolhidos. Pelo MUN, o primeiro no qual ingressou, o jovem de 18 anos foi premiado algumas vezes. “Sempre gostei de debater, de argumentar e, desde criança, gosto de temas relacionados ao Direito”, conta, para revelar, em seguida, o que ele considera o principal aprendizado nos clubes: “Participar de um clube nos dá oportunidade de adquirir responsabilidades, de ensinar os mais novos; é uma experiência muito rica, pois nos conectamos com pessoas de outras séries”.

Da Chapel, suas melhores lembranças são os amigos que fez, além de alguns professores que marcaram a sua vida e com os quais mantém uma boa relação. “Muitos amigos que fiz na Chapel nem são do Brasil, e isso é das melhores coisas que esse colégio pode me proporcionar: uma comunidade verdadeiramente internacional”, afirma. Para o futuro, pretende ingressar num cursinho pré-vestibular para tentar uma vaga no curso de Direito, em uma universidade renomada. “Aqui no Brasil estou mais confortável, sinto que continuar meus estudos aqui será a melhor opção para mim”, conclui.

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A professora de Língua Portuguesa, Paula Castro, além de se dedicar aos alunos do 1º e 2º ano do Elementary School da Chapel, mantém na rotina outras tantas atividades, acadêmicas e físicas. Entre as práticas esportivas, as principais são o crossfit e o yoga, além da musculação, que faz parte da sua rotina. “Treinei crossfit durante quatro anos, mas parei recentemente para me dedicar a atividades mais suaves, como o yoga, que pratico há muito tempo”, conta. Recentemente também assumiu uma nova paixão e está aprendendo a dançar hip hop. “Sinto, a cada dia, que estou errando menos na coreografia”, revela, sorrindo. Sua carreira profissional é repleta de especializações acadêmicas, todas na área da educação. Formada em Pedagogia, especializou-se em Neurociências aplicadas à aprendizagem e educação, e iniciou, há pouco, uma formação em Psicanálise. Questionada sobre o que considera ser sua maior conquista até hoje, seus olhos brilham ao relatar que, ao cursar neurociência, aprofundou-se no campo da inclusão, passando a trabalhar com crianças portadoras de distúrbios do neurodesenvolvimento, o que a fez especializar-se em TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Integrante de uma equipe multidisciplinar que adapta e diferencia as atividades escolares de crianças autistas para a alfabetização, Paula comemora as conquistas dos estudantes, contando que, durante a pandemia, conseguiu alfabetizar um aluno interagindo com ele pelo Zoom, aplicativo de comunicação virtual. “A partir dos resultados que venho obtendo, tenho cada vez mais a certeza de que todos nós temos potencial de aprendizagem, somos diversos e aprendemos de forma individual. O caminho fará toda a diferença!” pontua.

TALENTOS & PAIXÕES INSIDE CHAPEL 57
“TODOS NÓS TEMOS POTENCIAL DE APRENDIZAGEM, SOMOS DIVERSOS E APRENDEMOS DE FORMA INDIVIDUAL. O CAMINHO FARÁ TODA A DIFERENÇA!”

“APOIO FORTEMENTE AS AULAS DE TEATRO NA CHAPEL. ACOMPANHEI AS AULAS DO 8º ANO NO SEMESTRE PASSADO”

No Brasil há pouco mais de um ano, o atual coordenador de Tecnologia da Chapel, Javier Rebagliati, acostumou-se rapidamente ao país e às pessoas. “A gente daqui é muito animada e receptiva, já tinha alguns amigos morando aqui, mas fiz outros no colégio”, afirma o peruano que, além de professor, é um profissional de teatro. No seu país de origem, Javier trabalhou com teatro por mais de uma década. “Atuei em diferentes peças e alguns musicais, amadores e profissionais, em algumas séries de TV nacionais e comerciais de TV”, conta o professor. Ele também já dirigiu e escreveu para teatro, e teve a oportunidade de lecionar esta disciplina numa escola em Lima, onde morava. “Apoio fortemente as aulas de teatro aqui na Chapel. Acompanhei as aulas do 8º ano no semestre passado, auxiliando os professores no planejamento das atividades”, comenta.

Certa vez, teve a oportunidade de atuar na produção peruana do musical Cabaré, de renome mundial, no Teatro Municipal de Lima. Ele conta que era assistente de direção, e, devido ao sucesso de público, o final da temporada do musical foi estendido. No entanto, alguns atores tinham compromissos assumidos, e os produtores precisavam de alguém que soubesse os passos e as falas. “Eu sabia tudo, pois havia assistido a todos os ensaios. Foi minha grande oportunidade no teatro. Além de Lima, viajamos para outras cidades do Peru, e acabei fazendo oito apresentações”, revela.

Na área de esportes, Javier costumava jogar badminton quando estudante e treinava regularmente, tendo participado da pré-seleção nacional do Peru. “Tenho ótimas lembranças dessa época. Há muito tempo não jogo mais badminton, mas quem conhece esse esporte e me vê jogando beach tênis atualmente, percebe que meus movimentos remetem ao badminton”, fala, divertindo-se.

Independentemente da experiência com o teatro, Javier Rebagliati acredita que sua maior conquista na carreira educacional está acontecendo agora: “Ter sido contratado pela Chapel e me mudar para o Brasil foi muito importante. Eu sempre me interessei muito pelo país, não pensei que fosse acontecer tão rapidamente”, afirma o professor, que está desenvolvendo um novo projeto: um curso autônomo independente de Tecnologia para Educadores.

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GALLERY

As festividades do Carnaval e do Festival Internacional; as disputas e as confraternizações nos torneios esportivos Little 8, Big 8 e Young Trojans; e as formaturas do 12º ano, 6º ano e Kindergarten foram alguns dos eventos que marcaram o último ano letivo da Chapel. Confira, nas próximas páginas, registros fotográficos desses momentos culturais e festivos que envolveram a comunidade escolar.

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Sarah Hsieh, de Branca de Neve, brincou com as serpentinas.

Sarah Hsieh, dressed as Snow White, played with serpentines.

Clarissa Wu divertiu-se no ginásio.

Clarissa Wu had fun in the gym. 03Luigi Riemma fez sucesso caracterizado de palhaço. 03Luigi Riemma was a hit dressed as a clown. 04Julia Guimarães, de Minnie, com seu irmão, Felipe Guimarães, Black Spider. 04Julia Guimarães, as Minnie, with her brother, Felipe Guimarães, as Black Spider. 05Emmelyn Trickel, Gabriela Fabios, Luna Stoops, Alice Schvartzer, e Paula Fernandez preparando o emblema de Carnaval. 05Emmelyn Trickel, Gabriela Fabios, Luna Stoops, Alice Schvartzer, and Paula Fernandez prepare the Carnaval emblem. 06Isabella Haddad e Rebecca Buffara com os estandartes da festa. 06

Isabella Haddad and Rebecca Buffara with the celebration’s banners.

07Os alunos de Ms. Graves celebrando o Carnaval (Isadora Machado, Federico Forero Borda, Carolina Agapito, Grace Hamilton, Theodoro Lichtenberger, Ricardo Pereira, Jake Chen, Rafaela Müller, Valentina Camargo, Antonia Gurgel, Rafaela Hsieh e Gibran Taha). 07Ms. Graves’ students celebrating Carnaval (Isadora Machado, Federico Forero Borda, Carolina Agapito, Grace Hamilton, Theodoro Lichtenberger, Ricardo Pereira, Jake Chen, Rafaela Müller, Valentina Camargo, Antonia Gurgel, Rafaela Hsieh, and Gibran Taha).

08A turma do 3° ano, da Ms. Melissa, exibe seus acessórios para a festa (Daniel Cavalcanti, Humberto

Gomez, Pietro Almeida, Bruna Mariano, Natalia Chung, Stella Gurgel, Luna Stoops, Paula Fernandez, Emmelyn

Trickel, Luca Riemma, Felipe Lima, Nicholas Hernandes, Ricardo Carrillo e Felipe Tossuniam).

08Ms. Melissa’s 3rd grade students show off their accessories for the party (Daniel Cavalcanti, Humberto

Gomez, Pietro Almeida, Bruna Mariano, Natalia Chung, Stella Gurgel, Luna Stoops, Paula Fernandez, Emmelyn

Trickel, Luca Riemma, Felipe Lima, Nicholas Hernandes, Ricardo Carrillo, and Felipe Tossuniam).

Os alunos do 5° ano prontos para brincar o Carnaval.

5th grade students ready to play at Carnaval.

01
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CARNAVAL
Arquivo Chapel / Chapel Archive 03 02 01 04 05
09
Foto:
06 07 09 08
01Ms. Emanoelli
Pipolo,
Carla
01Ms.
Pipolo,
Carla Vidal Fegyveres
02Uma das atrações
Club. 02One
the
presentation. 03O
Internacional. 03The
the International Festival. 04A barraca
EUA fez sucesso. 04The USA
was a hit. 05A barraca da Coreia esbanjou alegria. 05Korea’s stand exuded joy. 06A barraca da Argentina trabalhou como um time. 06Argentina’s stand worked as a team. 07A barraca
Canadá marcou presença
festival. 07Canada’s
was present at the festival. 08A tradicional
barraca do Brasil. 08The traditional feijoada was the main dish at the Brazil stand. 09A barraca da Grécia brilhou sob a proteção dos olhos gregos. 09The Greece stand shined under the protection of Greek evil eyes. 10Com equipe grandiosa, a barraca do Líbano foi um sucesso. 10With an impressive team, the Lebanon stand was a success. 11Na barraca da França não faltaram delícias. 11At the French stand, there was no shortage of delicious snacks. 12A barraca da Colômbia homenageou Gabriel García Márquez. 12The Colombia stand paid tribute to Gabriel García Márquez. INTERNATIONAL FESTIVAL Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive 02 05 06 01 04 03
do Valle, Mr. Sean Quinn, Pe. Miguel
Ms. Juliana Menezes, Ms. Ana Paula Aragon e Ms.
Vidal Fegyveres na abertura do Festival Internacional.
Emanoelli do Valle, Mr. Sean Quinn, Pe. Miguel
Ms. Juliana Menezes, Ms. Ana Paula Aragon, and Ms.
at the International Festival opening.
foi a apresentação do Choir
of
attractions was the Choir Club
Glee Club também se apresentou no Festival
Glee Club also did a presentation at
dos
stand
do
no
stand
feijoada foi o prato principal da
08 11 12 07 10 09

Na barraca da Suíça não faltou alegria.

portugueses abriram os apetites.

delicacies worked up appetites.

Delícias do mar fizeram sucesso na barraca do Chile.

Delicious seafood was a hit at the Chile stand.

barraca do Japão teve participação jovem.

The Japan stand had young participants.

13 15 14 16 13 -
13 -
14Quitutes
14Portuguese
15 -
15 -
16A
16 -
INTERNATIONAL FESTIVAL Foto:
At the Switzerland stand, there was no shortage of happiness.
Arquivo Chapel / Chapel Archive

TORNEIO LITTLE 8 / LITTLE 8 TOURNAMENT

Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

01 e 02A equipe Junior Varsity masculina de softbol da Chapel foi a grande vencedora do Torneio Little 8. 01 and 02Chapel’s Junior Varsity Boys’ softball team was the big winner of the Little 8 tournament. 03 e 04A equipe Junior Varsity feminina de futsal ficou em 3º lugar no torneio. 03 and 04The Junior Varsity Girls’ Futsal team placed third in the tournament. 05 a 08A equipe JV de cheerleading se apresentou antes das partidas do Little 8; ao final, as meninas da Chapel conquistaram o terceiro lugar do torneio. 05 to 08The JV Cheerleading team performed before the Little 8 games; in the end, Chapel’s girls won third place in the tournament.

02 05 06 01 04 03

Foto: Arquivo Chapel / Chapel

09Jogadores do JV masculino de basquete foram combativos no torneio esportivo. 09The JV Boys’ Basketball players were fighters in the sports tournament.

Sofia Leoni em partida de futebol de campo. 10Sofia Leoni in a soccer match.

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11Laura Gervazoni e a equipe JV feminina de basquete em ação no Little 8. 11Laura Gervazoni and the JV Girls’ Basketball team in action at Little 8.

12A equipe JV masculina de vôlei atuou com entrosamento no torneio.

12The JV Boys’ Volleyball team played in harmony at the tournament.

Santiago Barahona e a equipe JV masculina de futsal em ação.

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Santiago Barahona and the JV Boys’ Futsal team in action.

14Anthony El Etter jogou futebol de campo no torneio esportivo. 14Anthony El Etter played soccer in the sports tournament.

15Guilherme Fegyveres arremessando na partida de softbol. 15Guilherme Fegyveres pitching in the softball match.

Archive 07 08 09
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TORNEIO LITTLE 8
LITTLE 8 TOURNAMENT
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Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive

time Varsity masculino de softbol da Chapel conquistou o segundo lugar no torneio Big 8.

Chapel’s Varsity Boys’ Softball team won second place in the Big 8 tournament.

Lucas De Salles atuou na equipe Varsity masculina de futebol de campo.

Lucas De Salles played for the Varsity Boys’ Soccer team.

Lucia Castellanos e o time Varsity feminino de futebol de campo defendendo o colégio no torneio esportivo. 03Lucia Castellanos and the Varsity Girls’ Soccer team representing the school in the tournament. 04 a 06A equipe Varsity de Cheerleading apresentou suas coreografias antes das partidas do Big 8. 04 to 06The Varsity Cheerleading team performing their choreographies before the Big 8 games. 07Bernardo Pereira atuou na equipe de basquete do torneio esportivo. 07Bernardo Pereira playing for the basketball team in the sports tournament. 08Os jogadores da equipe Varsity masculina de futsal comemoraram o primeiro lugar com seus treinadores. 08The Varsity Boys’ Futsal players celebrating first place with their coaches. 09O time Varsity feminino de vôlei em ação no torneio Big 8. 09The Varsity Girls’ Volleyball team in action at the Big 8 tournament.

A equipe Varsity masculina de futsal foi a grande campeã do Big 8.

The Varsity Boys’ Futsal team was the big winner at the Big 8. TORNEIO

01
01
10
BIG 8 / BIG 8 TOURNAMENT
02 05 06 01 04 03
O
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03
10
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01Nathalia
Festival Young Trojans. 01Nathalia
Young
Festival. 02Bruna Mariano
02Bruna
tournament. 03Felipe
03Felipe
04Felipe Tourinho
de
04Felipe Tourinho
05Beatriz
Trojans. 05 -
Trojans
06Tony
06
Tony
07
07
Nicholas
Chapel’s
08Humberto
Festival
08Humberto
Young
Festival. 09Gabriel
Young
09Gabriel
Trojans Festival. 10Manuela
10
FESTIVAL Foto: Arquivo Chapel / Chapel Archive 02 05 06 01 04 03
Chung brilhou no futebol de campo no
Chung shined on the soccer field in the
Trojans
integrou a equipe de futebol de campo do torneio.
Mariano was in the soccer team in the
Lima atuando em partida de futebol de campo.
Lima playing on the soccer field.
em ação durante jogo de futebol
campo.
in action during the soccer match.
Louro jogou basquete no Festival Young
Beatriz Louro played basketball at the Young
Festival.
Choo domina a bola em partida de basquete.
-
Choo has control of the ball at a basketball game.
Nicholas Ribeiro e Noah Maingué integraram o time de basquete da Chapel.
-
Ribeiro and Noah Maingué played on
basketball team.
Gomez comemora com seu pai no
Young Trojans.
Gomez celebrates with his father at the
Trojans
Andrade em ação durante o Festival
Trojans.
Andrade in action during the Young
Salgado atuou no time de vôlei do torneio esportivo.
Manuela Salgado played on the volleyball team at the sports tournament. YOUNG TROJANS
09 08 07 10

colação de grau dos alunos do 12º ano aconteceu

de maio de 2023.

The 12th grade graduation took place on May 27th, 2023.

total, 51 alunos se formaram.

total, 51 students graduated.

Mr. Colin Weaver foi o mestre de cerimônia.

Mr. Colin Weaver was the master of ceremonies.

Mr. Erick Santana foi o palestrante escolhido pelos formandos. 04Mr. Erick Santana was the speaker chosen by the graduates. 05Mathias Reimer discursou como Class Valedictorian. 05

Mathias Reimer gave a speech as Class Valedictorian. 06

Gabriel Garcia Lins e Martin Enrique Castellanos Garcia discursaram como Class Salutatorians. 06

Ana Clara Bigio Martins e Cezario Marques

Gabriel Garcia Lins and Martin Enrique Castellanos Garcia gave a speech as Class Salutatorians. 07 e 08

Ribeiro Caram Filho também discursaram como Class Salutatorians. 07 nd 08

Ana Clara Bigio Martins and Cezario

Marques Ribeiro Caram Filho also gave speeches as Class Salutatorians. 09Ms. Cory Blasingame foi a professora de honra

escolhida pelos formandos. 09

01
A
01
02
No
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03
03
-
em 27
-
In
-
04
Ms.
by
10Juliette
Menezes,
10Juliette
Menezes,
11Isabela
11 -
12João
12 -
FORMATURA DO 12º ANO / 12TH GRADE GRADUATION Foto: LES Fotografias 02 05 06 01 04 03
Cory Blasingame was the teacher of honor chosen
the graduates.
Sofie Yves Dubaere recebeu o diploma da School Director e Elementary School Principal, Ms. Juliana
e do High School Principal, Mr. Sean Quinn.
Sofie Yves Dubaere received the diploma from the School Director and Elementary School Principal, Ms. Juliana
and the High School Principal, Mr. Sean Quinn.
El Dib Maesano foi a oradora da turma.
Isabela El Dib Maesano was the class speaker.
Arantes, entre Ms. Menezes e Mr. Quinn.
João Arantes, in between Ms. Menezes and Mr. Quinn.
07 08 09 10 11 12

FORMATURA DO 6º ANO / 6TH GRADE PROMOTION CEREMONY

Foto: LES Fotografias

01A cerimônia de formatura dos alunos do 6º ano aconteceu dia 1º de junho de 2023. 01The 6th grade graduation ceremony took place on June 1st, 2023. 02 e 03No total, 46 alunos se formaram. 02 and 03Altogether, 46 students graduated. 04Laís Ribeiro e Matheus Coelho falaram aos colegas. 04Laís Ribeiro e Matheus Coelho falaram aos colegas. 05 e 06Rafaela Braga e Olívia Kameyama foram as oradoras. 05 and 06Rafaela Braga and Olívia Kameyama were the speakers. 07Lucca Karam e Sofia Garzon. 07Lucca Karam and Sofia Garzon. 08Eduardo Vasconcellos recebeu o diploma das mãos de Ms. Juliana Menezes. 08Eduardo Vasconcellos was handed the diploma by Ms. Juliana Menezes. 09A assistente de sala do 6º ano, Ms. Sofia Xavier, entre os professores Mr. Filip Stoops e Mr. Mehir Desai. 09The 6th grade classroom aide, Ms. Sofia Xavier, with Mr. Filip Stoops and Mr. Mehir Desai.

02 01 03
05 06 04 08 07 09

de formatura dos alunos do Kindergarten aconteceu dia 7 de junho de 2023.

The Kindergarten graduation ceremony took place

crianças cantaram a canção “Father We Adore You”.

children sang “Father We Adore You”.

Na celebração, rezaram “Ave Maria”.

the celebration, they prayed the “Hail Mary”.

Os alunos foram convidados a compartilhar os aprendizados que tiveram durante o Kindergarten.

The students were invited to share what they learned in Kindergarten.

Laura Weaver com Ms. Daniela Sperling. 05Laura Weaver com Ms. Daniela Sperling.

Gabriel Nasreddine com Ms. Elizabeth NoelMorgan. 06Gabriel Nasreddine com Ms. Elizabeth NoelMorgan. 07

Alunos do Kindergarten B entre Ms. Elizabeth Noel-Morgan e Ms. Laryssa Sousa. 07Kindergarten B students with Ms. Elizabeth NoelMorgan and Ms. Laryssa Sousa.

Turma do Kindergarten A entre Ms. Daniela Sperling e Ms. Julia Bassoli. 08The Kindergarten A class with Ms. Daniela Sperling and Ms. Julia Bassoli.

João Paulo Aquino com Ms. Bruna Evangelista.

João Paulo Aquino with Ms. Bruna Evangelista.

Maria Thereza Muzzi e Maria Valentina Pacheco na cerimônia.

Maria Thereza Muzzi and Maria Valentina Pacheco at the ceremony.

Alunos do Kindergarten C entre Ms. Bruna Evangelista e Ms. Stephanie Omori.

Students of Kindergarten C with Ms. Bruna Evangelista and Ms. Stephanie Omori.

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02As
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KINDERGARTEN END OF YEAR PRAYER SERVICE Foto:
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cerimônia
-
June 7th, 2023.
At
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LES Fotografias
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