Revista is

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DEZEmBRO DE 2015

Liberal

FIrST eDITION


Editorial É difícil não olhar para traz, mesmo que rapidamente, e ver tudo que conseguimos alcançar durante a produção dessa revista, até agora é por causa de vocês que conseguimos. É difícil não aproveitar essa data para mandar nossos agradecimentos a nosso público, mandar a todos um feliz natal e um prospero ano novo, a coisa mais importante é agradecer a fidelidade de vocês Afinal, para que nós escrevemos se não é para vocês lerem, comentarem e sim até isso1, nos xingaremos? vocês são a pilha que nos da energia para continuar. Na verdade é a energia que nos, ao longo de duros tempos de trabalho, precisamos para revitalizar a revista completamente, essa edição é a primeira mas não se preocupem nós voltamos, e voltamos mais constantes e mais intenso com novidades O que o futuro nos reserva? bem. Nós temos planos, muitos planos. Mais colunas, mais seções, mais colaboradores, queremos continuar crescendo e tiramos nossos chapéus virtuais em agradecimento a vocês leitores, desejamos a todos boas festas e um maravilhoso 2016 recheado de boas notícias e boas energias


editora e diretora responsável: Teddy Boy redação: Charbel Tchogninou Diretora de arte: Andreia assistente de arte: Andriely revisão: Sofia Diretor financeiro: dejair Assistente financeira: Talita Gusmão Gerente de assinaturas: Ana Lúcia Publicidade em São Paulo: 11 3385 3385 – Bibiana Gil (comercial@revistacult.com. br)

Representante em Brasília:

61 3321 9100 – Pedro Abelha (pedroabelha@terra.com. br) Impressão: Bangraf

Distribuidora Nacional de Publicações REVISTA LIBERAL

é uma publicação mensal da Editora TEddY BOY Praça Santo Agostinho, 70 – 10º andar – Paraíso – São Paulo – SP – CEP 01533-070 Tel.: (11) 3385-3385 – Fax: (11) 3385 3386


Ă­ndice


6

ARTE

9 13

Estilo

Lettering

19 23 28

Litteratura

Cinema

31 37

Tecnologia

Filosofia

Cultura


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AR T E

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arte Eduardo Recife é um artista e ilustrador nascido em 1980 em Belo Horizonte, MG . Em meados dos anos 90, começou a trabalhar na área e desde criança já sabia que tinha talento . Ele conta que costumava ter mais desenhos e rabiscos nos cadernos do que anotações e fazia tatuagens nos amigos com canetinha preta. Em entrevistas ele também já explicou que sempre foi apaixonado pela estética “retrô”, até mesmo roupas usadas, decoração e principalmente os elementos gráficos, tanto que essa é sua marca hoje em dia.

blacklovesdesign ele diz que se afastou do design gráfico e que ultimamente trabalha muito mais como ilustrador. Imagens antigas de revista é uma das grandes paixões de Eduardo Recife e ele se utiliza delas para realizar grande parte do seu trabalho com as colagens. Além desta influência, suas criações tem como referência o surrealismo e o estilo grunge dos anos 90. As colagens são feitas a mão de forma artesanal, o computador é usado apenas como ferramenta de apoio. Recife é autor de várias fontes tipográficas que também são usadas em suas colagens. Grande parte destas fontes estão disponiblizadas de graça em seu site, onde também esta seu portifólio com seus trabalhos.

Recife trabalha na área como free lancer e já fez trabalhos para Absolut, Adobe, Apple, Bravo!, CNT, Editora Abril, HBO, Paramount Pictures, Raygun, Super Interessante, Taschen, The Guardian, The New York Times, Velvet, Volkswaggen e Warner Bros, en- A criatividade e a busca por tre vários outros. uma linguagem própria é para este artista mais imporRecife mistura arte e design tante do que o mercado, e a criando uma linha tênue en- experimentação é a estratétre as duas profissões . Em gia para se chegar ao resultaentrevista no site thenewdo esperado.

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Eduardo Recife

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ESTILOS

BARBA INFOGRÁFICO MOSTRA AS ÚLTIMAS TENDÊNCIAS Revita Liberal - First Edition #009


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estilo

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Lette Revita Liberal - First Edition #013


ring Revita Liberal - First Edition #014


lettering

Matheus

da Costa É assim que me vejo, dentro de um Diagrama de Venn, onde conceitos orbitam entre um misto de percepções e de possibilidades. Com espontaneidade, firmeza e ao mesmo tempo sutileza, procuro integrar as artes e as formas de comunicar, usando recursos das artes plásticas, da fotografia e do design. Muitas vezes a idéia é criar e recriar, literalmente, em cima do tido como pronto, buscando assim novos significados, indicando possibilidades para cada olhar reconstruir e ressignificar o que vê. Acima de tudo, trabalho com a IMAGEM. Assim, a intercomunicação das diferentes linguagens visuais compõe o meu dia a dia. Isso porque a carreira artística está impregnada da publicidade, assim como o inverso, num universo em que a fotografia permeia os dois campos em busca do melhor ângulo. Sou indivíduo não dividido, mas multifacetado na percepção, criação e produção de elementos visuais. Nasci em 1983, em São Paulo-Capital, sou formado em Ar-

tes Plásticas pela UNESP-SP e licenciado em Artes Visuais pela Universidade Metropolitana de Santos. Atualmente estudo Design Digital e Novas Mídias, projeto de Pós-Graduação do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Iniciei meus estudos com o curso de Design Gráfico, na Etec José Rocha Mendes, e 7 anos depois ingressei ao grupo de professores da escola, ministrando aulas de desenho, fotografia, Photoshop, entre outras. Trabalhar 6 anos dentro de uma agência de publicidade ampliou minha visão sobre a necessidade dos clientes e a importância da comunicação estratégica. Aprimorei-me numa das mais respeitadas escolas de Produção e Tecnologia Gráfica, a Pancrom. Entre alguns cursos desta-- See more at: http:// co: Web Designm a t h e u s d a c o s t a . e Developer, eart.br/biografia#stMarketing emhash.6Kd3tlOx.dpuf Mídias Sociais, ambos desenvolvidos pela rede SENAC. Alguns professores/ fotógrafos, como Marcelo Zocchio (em 2005) e Emídio Luisi (em 2006), foram grandes fontes de aprendizagem.

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ratura REVITA LIBERAL - FIRST EdITION #020


literatura

Desasossego Revita Liberal - First Edition #021


Nunca durmo: vivo e sonho, do parque que se passou a ou antes, sonho em vida e a tragédia de que resultou a vida. dormir, que também é vida. Eram dois e belos e desejavam swer outra coisa; o maor tardaNão há interrupção em minha va-lhes no tédio do futuro. consciência: sinto o que me cerca e não durmo ainda, ou Não sei o que é o tempo. Não se não durmo bem; entro logo sei qual a verdadeira medida a sonhar desde que deveras que ele tem, se tem alguma. durmo. Assim, o que sou é um perpétuo desenrolamento de A do relógio sei que é falsa: diimagens, conexas ou descon- vide o tempo especialmente, exas, fingindo sempre de ex- por fora. A das emoções sei que teriores, umas postas entre os também é falsa: divide, não o homens e a luz, se estou des- tempo, mas a sensação dele. A perto, outras postas entre os dos sonhos é errada; nele roçafantasmas e a sem luz que se vê, mos o tempo, uma vez prolonse estou dormindo. Verdadeira- gadamente, outra vez depressa, mente, não sei como distinguir e o que vivemos é apressado ou uma coisa da outra, nem ouso lento conforme algo da natureafirmar se não durmo quando za que ignoro. estou desperto, se não estou a despertar quando durmo. Julgo, às vezes, que tudo é falso, e que o tempo não é mais A vida é um novelo que alguém do que uma moldura para enemaranhou. Há um sentido quadrar o que lhe é estranho. nela, se estiver desenrolada e Na recordação que tenho de posta ao comprido, ou enrolada minha vida, os tempos estão bem. Mas, tal como está, se es- dispostos em níveis e planos tiver enrolada é um problema absurdos. sem novelo próprio, um embrulhar-se sem onde. Chegam-me então, pensamenSinto isso, e depois tos absurdos, que não consigo todavia repelir. Penso se um escreverei, pois que já vou son- homem medita devagar denhando as frases a dizer, quan- tro de um carro que segue dedo, através da noite de meio- pressa. Penso se realmente não dormir, sinto, junto com as são sincrônicos os movimentos, paisagens de sonhos vagos, o que ocupam o mesmo tempo, ruído da chuva lá fora, a tornar- entre os quais fumo, escrevo e mos mais vagos ainda. penso obscuramente. Era sem dúvida, nas alamedas

Fernando

Pessoa

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CINE REVITA LIBERAL - FIRST EdITION #023


EMA REVITA LIBERAL - FIRST EdITION #024


COMO Fa

Federico

Fellini

Cinema

Acho que quando crianças todos temos um relacionamento embaçado, sonhado com a realidade; para uma criança tudo é fantástico porque é desconhecido, jamais visto, nunca experimentado, o mundo apresenta-se diante de seus olhos totalmente desprovido de intenções, de significados, vazio de síntese conceitual, de elaborações simbólicas, é só um gigantesco espetáculo, gratuito e maravilhoso, confusos num único fluxo incontrolável, visionário e inconsciente, fascinante e aterrorizante, do qual

ainda não emergiu o vértice, a fronteira da consciência. Até o segundo grau nunca havia me perguntado o que faria da vida; não conseguia me projetar no futuro. Pensava na profissão como algo que não se pode evitar, como a missa de domingo. Nunca disse: “Quando crescer serei...” Não tinha a impressão de que um dia cresceria e, no fundo, não estava errado. Do dia em que nasci até a primeira vez que entrei na Cinecittà, parece que minha vida foi vivida por outra pessoa, alguém que

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só de vez em quando e quando menos se espera decide me fazer participar de alguns fragmentos de sua memória. Então devo admitir que os filmes de minha memória falam de lembranças completamente inventadas. E para dizer a verdade, que diferença isso faz? Como dizer de que maneira nasce a idéia de um filme? Quando e de onde vem, os itinerários tantas vezes desconexos ou dissimulados que percorre? Passaram-se 25 anos desde que


azer um

filmei A Doce Vida e é difícil lembrar. Parece que quando um filme acaba ele sai para sempre de mim, levando embora tudo, inclusive as lembranças. Se eu disser, por exemplo, que um filme pode nascer de um detalhe insignificante, como a impressão de uma cor, a recordação de um olhar ou de uma música que volta à memória, obsessiva e atormentadora, por dias inteiros; ou então, como você bem me fez lembrar, que vi A Doce Vida quando apareceu uma mulher que caminhava pela via Veneto

numa manhã ensolarada enfiada num vestido que a fazia parecer uma verdura, não tenho certeza de estar sendo de todo sincero, e quando um amigo jornalista se lembra disso, me sinto ridículo. Por que desenho os personagens de meus filmes? Por que tomo notas gráficas dos rostos, dos narizes, dos bigodes, das gravatas, das bolsas, da maneira como cruzam as pernas, das pessoas que vêm me encontrar no escritório? Talvez já tenha dito que é uma

forma de começar a olhar a cara do filme, para ver de que tipo é, a tentativa de fixar alguma coisa, ainda que minúscula, no limite da insignificância, mas que, de qualquer forma, me parece ter algo a ver com o filme e me fala dele de modo velado; não sei, talvez seja até um pretexto para dar início a um relacionamento, um expediente para segurar o filme, ou melhor, para retardá-lo. Por que faço aquele filme, aquele em vez de outro? Não quero saber. Os motivos são obscuros, confusos.

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CUL TURA

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CULTURA

Ninguém terá d servar que freqüentem de tal maneira que uma part o plano do chão, e logo a parte se plano, para dar passagem a uma per repete em espiral ou em linha quebrad Abaixando-se e pondo a mão esquerda n horizontal correspondente, fica-se na poss Cada um desses degraus, formados, como se mais acima e mais adiante do anterior, princípio ra combinação produziria formas talvez mais bon as pessoas do térreo As escadas se sobem particularmente incô em pé, os braços dep não tanto que os olh ores ao que se está p escada começa-se po à direta, quase semp mas ex Colocando no prim chamaremos pé, rec do (também chamad já mencionado), e levando-a à altura do pé faz degrau, com o que neste descansará o pé, e degraus são os mais difíceis, até se adquirir a nomes entre o pé e o pé torna difícil a exp em não levantar ao mes Chegando dessa maneira ao segund ternadamente os movimentos até sair dela com facilidade, com que fixa em seu lugar, do momento d

Instruções

para subir

uma

escada

Julio Co

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deixado de obmente o chão se dobra te sobe em ângulo reto com eguinte se coloca paralela a esse rpendicular, comportamento que se da até alturas extremamente variáveis. numa das partes verticais, e a direita na se momentânea de um degrau ou escalão. e vê, por dois elementos, situa-se um pouco o que dá sentido à escada, já que qualquer outnitas ou pitorescas, mas incapazes de transportar o ao primeiro andar. m de frente, pois de costas ou de lado tornam-se ômodas. A atitude natural consiste em manter-se pendurados sem esforço, a cabeça erguida, embora hos deixem de ver os degraus imediatamente superipisando, a respiração lenta e regular. Para subir uma or levantar aquela parte do corpo situada em baixo pre envolvida em couro ou camurça e que salvo alguxceções cabe exatamente no degrau. meiro degrau essa parte, que para simplificar colhe-se a parte correspondente do lado esquerda pé, mas que não se deve confundir com o pé z-se que ela continue até colocá-la no segundo e no primeiro descansará o pé. (Os primeiros a coordenação necessária. A coincidência de plicação. deve-se ter um cuidado especial smo tempo o pé e o pé.) do degrau, será suficiente repetir alchegar ao fim da escada. Pode-se um ligeiro golpe de calcanhar qual não se moverá até o da descida.

ortázar

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N C

L O

E T REVITA LIBERAL - FIRST EdITION #031


A I G

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Tecnologia

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O

VIRTUAL Jean Baudrillard Em sua acepção mais usual, o virtual se opõe ao real, mas sua súbita emergência, pelo viés das novas tecnologias, dá a impressão de que, a partir de então, ele marca a eliminação, o fim des¬se real. Do meu ponto de vista, como já disse, fazer acontecer um mundo real é já produzi-lo, e o real jamais foi outra coisa senão uma forma de simulação. Podemos, certamente, pretender que exista um efeito de real, um efeito de verdade, um efeito de objetividade, mas o real, em si, não exis¬te. O virtual não é, então, mais que uma hipérbo¬le dessa tendência a passar do simbólico para o real - que é o seu grau zero. Neste sentido, o vir¬tual coincide com a noção de hiper-realidade. Á realidade virtual, a que seria perfeitamente homogeneizada, colocada em números, “operacionalizada”, substitui a outra porque ela é perfeita, con¬trolável e não-contraditória. Por conseguinte, como ela é mais “acabada”, ela é mais real do que o que construímos como simulacro.

| Senhas

Não estamos mais na boa e velha acepção filosó¬fica em que o virtual era o que estava destinado a tornar-se ato, e em que se instaurava uma dialética entre as duas noções. Agora, o virtual é o que está no lugar do real, é mesmo sua solução final na medida em que efetiva o mundo em sua reali¬dade definitiva e, ao mesmo tempo, assinala sua dissolução. Chegando a esse ponto, é o virtual que nos pensa: não há mais necessidade de um sujeito do pensamento, de um sujeito da ação, tudo se passa pelo viés de mediações tecnológicas. Mas será que o virtual é o que põe fim, definitivamente, a um mundo do real e do jogo, ou ele faz parte de uma experimentação com a qual estamos jogando? Será que não estamos representando a comédia do virtual, com um toque de ironia, como na comé¬dia do poder? Essa imensa instalação da virtuali¬dade, essa performance no sentido artístico, não é ela, no fundo, uma nova cena, em que operadores substi-

tuíram os atores? Ela não deveria, então, ser mais digna de crença que qualquer outra organiza¬ção ideológica. Hipótese que não deixa de ser tranqüilizante: no final das contas tudo isso não seria muito sério, e a exterminação da realidade não seria, em absoluto, algo incontestável. Mas, no momento em que nosso mundo efetivamente inventa para si mesmo seu duplo vir¬tual, é preciso ver que isto é a realização de uma tendência que se iniciou há bastante tempo. A realidade, como sabemos, não existiu desde sem-pre. No virtual, não se trata mais de valor; trata-se, pura e simplesmente, de gerar informação, de efetuar cálculos, de uma computação generaliza¬da em que os efeitos de real desaparecem. Mas podemos igualmente pen¬sar que tudo isso não passa de um caminho mais curto para uma jogada que não podemos ainda discernir qual seja.

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Tecnologia

Ano

ny o m

us

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Anonymous (palavra de origem inglesa, que em português significa anônimo) é uma legião que se originou em 2003. Representa o conceito de muitos usuários de comunidades online existindo simultaneamente como um cérebro global. O termo Anonymous também é comum entre os membros de certas subculturas da Internet como sendo uma forma de se referir às ações de pessoas em um ambiente onde suas verdadeiras identidades são desconhecidas. Na sua forma inicial, o conceito tem sido adotado por uma comunidade online descentralizada, atuando de forma anônima, de maneira coordenada, geralmente em torno de um objetivo livremente combinado entre si e voltado principalmente a favor dos direitos do povo perante seus governantes. A partir de 2008, o coletivo Anonymous ficou cada vez mais associado ao hacktivismo, colaborativo e internacional, realizando protestos e outras ações, muitas vezes com o objetivo de promover —Trent Peacock. Searcha liberdade na Internet Engine: The face of Anon-e a liberdade de exymous, 7 de Fevereiro depressão. Ações creditadas ao Anonymous 2008.[6] são realizadas por indivíduos não identificados que atribuem o rótulo de “anônimos” a si mesmos. O nome Anonymous foi inspirado no anonimato sob o qual os usuári-

os postam imagens e comentários na Internet. O uso do termo Anonymous no sentido de uma identidade iniciou-se nos imageboards. Uma etiqueta de “anônimo” é dada aos visitantes que deixam comentários sem identificar quem originou o conteúdo. Usuários de imageboards algumas vezes brincavam de fingir como se Anonymous fosse uma pessoa real. Enquanto a popularidade dos imageboards crescia, a ideia de Anonymous como um grupo de indivíduos sem nome se tornou um meme da internet. Anonymous representa amplamente o conceito de qualquer e todas as pessoas como um grupo sem nome. Como um nome de uso múltiplo, indivíduos que compartilham o apelido Anonymous também adotam uma identidade online compartilhada, caracterizada como hedonista e desinibida. Isso é uma adoção intencional, satírica e consciente do efeito de desinibição online. “Nós [Anonymous] somos apenas um grupo de pessoas na internet que precisa — de um tipo de saída para fazermos o que quisermos, que não seríamos capazes de fazer numa sociedade normal. ...Essa é mais ou menos a ideia. Faça como quiser. ... Há uma frase comum: ‘faremos pelo lulz.’ ”

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FILOSOFIA Ando em crise, numa boa, nada de grave. Mas, ando em crise com o tempo. Que estranho “presente” é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a própria vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido. As utopias liberais do século XX diziam que teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia. Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir sossego, mas para incrementar competição e produtividade, não só das empresas, mas a produtividade dos humanos, dos corpos. Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica

produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo. Funcionar é preciso; viver não é preciso. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? Antes, tínhamos passado e futuro; agora tudo é um “enorme presente”, na expressão de Norman Mailer. E esse “enorme presente” nos faz boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que “não pára de chegar”. Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, de começo e fim, ficamos também sem presente. Estamos cada vez mais em trânsito, como carros,

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somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada. O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato. Eu vi os índios descobrindo o tempo. Eles se viam crianças, viam seus mortos, ainda vivos e dançando. Seus rostos viam um milagre. A partir desse momento, eles passaram a ter passado e futuro. Foram incluídos num decorrer, num “devir” que não havia. Hoje, esses índios estão em trânsito entre algo que foram e algo que nunca serão. O tempo foi uma doença que passamos para eles, como a gripe. E pior: as imagens de 50 anos é que pareciam mostrar o “presente” verdadeiro de-


Arnaldo Jabor les. Eram mais naturais, mais selvagens, mais puros naquela época. Agora, de calção e sandália, pareciam estar numa espécie de “passado” daquele presente. Algo decaiu, piorou, algo involuiu neles. Vendo filmes americanos dos anos 40, não sentimos falta de nada. Com suas geladeiras brancas e telefones pretos, tudo já funcionava como hoje. O “hoje” deles é apenas uma decorrência contínua daqueles anos. Mudaram as formas, o corte das roupas, mas eles, no passado, estavam à altura de sua época. A depressão econômica tinha passado, como um grande trauma, e não aparecia como o nosso subdesenvolvimento endêmico. Para os americanos, o passado estava de acordo com sua épo-

ca. Em 42, éramos carentes de alguma coisa que não percebíamos. Olhando nosso passado é que vemos como somos atrasados no presente. Nos filmes brasileiros antigos, parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias. E nós, hoje, nesta infernal transição entre o atraso e uma modernização que não chega nunca? Quando o Brasil vai crescer e chegar a seu “presente”? Chego a ter inveja das multidões pobres do Islã: aboliram o tempo e vivem na eternidade de seu atraso. Temos a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas ser subdesenvolvido não é “não ter futuro”; é nunca estar no presente.

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Filosofia

O

s mestres Zen eram educadores estranhos. Não pretendiam ensinar coisa alguma. O que desejavam era “desensinar”. Avaliações de aprendizagem? Nem pensar. Mas estavam constantemente avaliando a desaprendizagem dos seus discípulos. E quando percebiam que a desaprendizagem acontecera, eles riam de felicidade... Loucos? Há uma razão na loucura. “Desensinavam” para que os discípulos pudessem ver como nunca tinham visto. Nietzsche dizia que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. Ver é coisa complicada, não é função natural. Precisa ser aprendida. Os olhos são órgãos anatômicos que funcionam segundo as leis da física ótica. Mas a visão não obedece às leis da física ótica. Bernardo Soares: “O que vemos não é o que vemos, senão o que

somos”. É preciso ser diferente para ver diferente. Mas, e o “Ser”? Ele é feito de quê? “Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”, dizia Wittgenstein. O “Ser” é feito de palavras. Prisioneiros da

das teorias só aumenta a clareza da mesmice. A pedagogia dos mestres Zen tinha por objetivo desarticular a linguagem, quebrar o seu “feitiço”. Com o que concordaria Wittengstein, que definia a filosofia como uma

linguagem, só vemos aquilo que a linguagem permite e ordena ver. A visão é um processo pelo qual construímos nossas impressões óticas segundo o modelo que a linguagem impõe.

luta com o feitiço da linguagem. Quebrado o feitiço, os olhos são libertados dos “saberes” e ganham a condição de olhos de criança: vêem como nunca haviam visto. Está lá em Alberto Caeiro, que fazia poesia para que os seus leitores ganhassem olhos de criança... A psicanálise é uma versão

KOAN Então, para se ver diferente, é inútil refinar a linguagem, refinar as teorias. O refinamento

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Rubem Alves moderna da pedagogia Zen. Freud sugeriu que os neuróticos são pessoas “possuídas” pela memória, memória que as obriga a viver vendo um mundo da forma como o viram num dia passado. A memória nos torna

N

prisioneiros do passado, não nos deixa perceber a “eterna novidade do Mundo”. Os neuróticos são prisioneiros da sua mesmice. Por isso, são confiáveis: serão hoje e amanhã o que foram ontem. A psicanálise é uma pedagogia da desaprendizagem. É preciso esquecer o que se sabe a fim de ver o que não se via. Se

a terapia for bem-sucedida, se o paciente conseguir desaprender suas memórias, então ele estará livre para ver o mundo que nunca havia imaginado. Roland Barthes teve uma iluminação Zen na sua velhice. Na sua famosa “Aula”, ele diz, como “últimas palavras”: Empreendo, pois, o deixar-me levar pela força de toda vida viva: o esquecimento. Há uma idade em que se ensina o que se sabe; vem, em seguida outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra experiência, a de desaprender. E ele concluiu: “Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada de sua etimologia: Sapientia...” Os mestres Zen nada ensinavam. O seu objetivo era

levar os seus discípulos a “desaprender” o que sabiam, a ficar livres de qualquer filosofia. Para isso eles se valiam de um artifício pedagógico a que davam nome de koan. Koans são “rasteiras” que os mestres aplicam na linguagem dos discípulos: é preciso que eles caiam nas rachaduras de seus próprios saberes. A psicanálise repete a mesma coisa: a verdade aparece inesperadamente quando acontece o lapsus, a queda, uma fratura do discurso lógico. Aí, nesse momento, a iluminação acontece. Abre-se um terceiro olho que estava fechado. Acontece o satori: o discípulo fica iluminado... Isso que estou dizendo os poetas sempre souberam. Poemas são koans, violências à lógica da linguagem para que o leitor veja um mundo nunca visto. É por isso que a experiência poética é sempre um evento místico e de euforia.

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