WHAT NEW MEDIA IS NOT
DOWNLOAD Faculdade de Belas Artes. Universidade de Lisboa Design de Comunicação. 3º ano 2011
cadeira de Audiovisuais e Multimédia II leccionada por Sofia Gonçalves
booklet por Sérgio Neves. número 4795
WHAT NEW MEDIA IS NOT NOT texto 25. Lev Manovich de The Language of New Media (2001). Cambridge, MIT Press
objecto de pesquisa de Ana Catarina Rodrigues, Gustavo Martins, InĂŞs Francisco e Matilde Pinto whatnewmediaisnot.pt.vu
lev manovich The Language of New Media (2001). Cambridge, MIT Press
1. New media is analog media converted to a digital representation. In contrast to analog media which is continuos, digitally encoded media is discrete. 2. All digital media (text, still images, visual or audio time data, shapes, 3D spaces) share the same the same digital code. This allows diffirent media types to be displayed using one machine, i.e., a computer, which acts as a multimedia display device. 3. New media allows for random access. In contrast to film or videotape which store data sequentially, computer storage devices make possible to access any data element equally fast. 4. Digitization involves inevitable loss of information. In contrast to an analog representation, a digitally encoded representation contains a fixed amount of information. 5. In contrast to analog media where each successive copy loses quality, digitally encoded media can be copied endlessly without degradation. 6. New media is interactive. In contrast to traditional media where the order of presentation was fixed, the user can now interact with a media object. In the process of interaction the user can choose which elements to display or which paths to follow, thus generating a unique work. Thus the user becomes the co-author of the work.
Os pontos referidos ao lado são noções comuns e popularizadas sobre os novos media em relação aos velhos media, que Lev Manovich se pretende discutir no capítulo em questão. Ao escrutinar estas questões, Manovich estabelece os inevitáveis paralelismos entre os media antigos, apontando ao longo do texto vários exemplos, mas acolhendo o cinema como seu maior representante, e os novos media, tendo o computador e o digital como “alvo”. Defino aqui o digital como “alvo”, pois nas relações que estabelece, Manovich toma quase sempre o partido das gerações antigas de comunicação — tendo-as como superiores em qualidade, em uso, em qualidade de uso, durabilidade, etc. — concluindo finalmente que os novo media são afinal uma reprodução destas, de modo estandardizado e impessoal, privilegiando a comunicação em massa em prejuízo da apreciação pessoal; a transmissão “bonita e limpa” da essência pré-definida; a estandardização, afinal, de modos de ver e de pensar o que nos é transmitido e, eventualmente, o que nos rodeia e mesmo quem somos, fazendo-nos crer que a perspectiva que nos mostram é na verdade a nossa.
O que falha na análise de Manovich, não lhe retirando razão de nenhuma forma, é a “perseguição” a que já nos habituámos assistir, por parte de autores de outras gerações, em relação a inovações do género. Os ataques ao “inútil”, ao cego desespero pelo novo e infrutífero, são sempre ilustrados com o que já foi feito, com o velho e usufruível, sem ter em conta que estão a assumir o outro extremo de uma balança que apenas há de encontrar o equilíbrio quando ambas as partes souberem co-existir. Não quero com isto dizer que a análise de Manovich está de alguma forma errada; pelo contrário, o autor assume um enredo interessante para chegar às suas conclusões certas, e sabe ilustrá-las com as referências certas. Mas o avanço da tecnologia é e sempre foi um marco de evolução, e a era digital representa isto mesmo. Uma evolução de meios, de métodos e processos, correspondentes às necessidades globais actuais. Não significa a substituição definitiva do velho, pois o cinema, por exemplo, implica uma indústria sólida; há sempre a possibilidade de compatibilidade, nem que seja apenas temporal (ao mesmo tempo, sem implicar que “trabalhem” juntos). A estandardização e serialização são, como apontado, os aspectos mais negativos de uma evolução que, como qualquer outra, tem os seus defeitos. Como tinham os seus predecessores. Mas em relação a estes, em concreto, e apesar da inevitabilidade de um processo como este, existem, como sempre existiram e sempre existirão, múltiplas subculturas para além do mainstream, que garantem a distribuição de acordo com os múltiplos gostos do público.
catarina, gustavo, inês, matilde whatnewmediaisnot.pt.vu
Presente em “The Language of New Media” de Lev Manovich, WHAT NEW MEDIA IS NOT é um capítulo crucial na desmistificação daquelas que são as características dos novos media perante os já existentes. Tendo em conta uma perspectiva mais histórica, é provado que os princípios dos novos media não são exclusivos destes e podem ser encontrados em outras tecnologias analógicas. Deste modo, tomado o exemplo do Cinema como media analógico, este assume um papel preponderante na compreensão da teoria através do seu escrutínio tecnológico face à “novidade” inerente aos media digitais. O objectivo desta aula expositiva é contrapor estas duas realidades e provar o Cinema como o grande precursor dos novos media. Para o efeito, recria-se uma experiência visual e sonora que convida o observador a fazer parte e viver o acontecimento. O espaço expositivo, cuja estrutura arquitectónica evidencia uma divisão simétrica da área espacial, proporcionou a criação de duas zonas distintas que, entram em conflito e, ao mesmo tempo, se complementam. Numa interpretação quase literal do texto sob análise, este conflito não é nada mais, nada menos do que a disputa de protagonismo de duas situações expositivas semelhantes mas, transmitidas por meios diferentes.
Deste modo, a área mais próxima à zona de entrada consiste na simulação da experiência do Cinema através da projecção de um filme sobre tela branca e O filme em questão é o Homem da Câmara de Filmar, dos lugares sentados que acentuam a colectividade do acto. A área que se de Dziga Vertov, que é constantemente citado na obra sucede compõe-se por cinco televisores, dispostos lado a lado que, de forma de Manovich e evidenciado como o guia do próprio livro. aleatória decompõem filmes nas suas próprias cenas. O intuito desta decomComposto por excertos do diário de um operador de posição encontra-se directamente relacionado com o carácter descontínuo e câmara, este filme é uma experiência inovadora na copossibilidade do acesso aleatório dos novos media. Devido à digitalização da municação, por via do cinema, de eventos reais. Sem a informação, os novos media abandonam a representação linear e colocam o ajuda de legendas e narrativa, este trabalho experimentempo sob o controlo humano, permitindo a gestão, análise e manipulação tal visa a criação de uma linguagem verdadeiramente do mesmo. internacional do cinema, baseada na absoluta separação das linguagens cinemática e literária.
O cinema, por excelência o modo de representação do mundo durante todo Mas tudo isto não era já possível para o cinema no sé-o século XX, está destinado a ser substituído pelos media digitais: culo XIX? Segundo Lev Manovich, tal mapeamento doo numérico, o computável, o simulado. tempo era já possível com dispositivos como o Taquistoscópio ou o Zootrópio.
Este foi o seu papel: preparar-nos para viver confortavelmente num mundo bidimensional de simulações em movimento. E, posto isto, o cinema sai de palco. Entra o computador.
O grupo de colegas que abordou o texto de Lev Manovich fez claramente uma leitura similar à minha. Depreende-se, dos conteúdos que reuniram e pela forma como os organizaram, tanto pela apresentação em si como pelos textos que escreveram, que estudaram o texto e compreenderam a sua essência, mas talvez não quisessem arriscar demasiado. O que me parece que tentaram foi estabelecer, como o autor fez, um paralelo entre os novos e os velhos media, desta feita de forma muito literal, desenhando um meridiano numa sala escolhida a dedo, dividindo-a em dois espaços simétricos — sendo a simetria uma assinatura de todo o projecto, e conhecendo os autores, uma marca pessoal. Esta simetria funciona, não como real separador, mas como reflector de duas realidades que se tocam. Os chamados velhos media, que nunca serão velhos por insulto, apenas por comparação, representados aqui pelo cinema, arte centenária e o marco utilizado no texto de Manovich; contraposto com os novos media, representados pela televisão, que na verdade não se trata de um novo media, na verdadeira essência do termo, mas cuja utilização é compreensível, por força das possibilidades, e como transmissor das montagens e da descontinuidade que haviam preparado... em meios digitais. A escolha dos vídeos não parece ter um papel fundamental, pois não representam esse confronto temporal, estabelecendo apenas relação com as referências e conteúdo do texto.
O grupo em questão percebe o factor evolução na relação entre velhos e novos media, referindo que estes últimos vêm contemplar o que já havia sido conseguido pelos primeiros, complementandoos com as vantagens do digital, que melhor correspondem às necessidades actuais. A apresentação tem uma dose crítica forte ao trabalho de Lev Manovich. O autor defende os velhos media, e o cinema enquanto seu representante maior; e denuncia a corrente substituição deste valor seguro por valores menos fiáveis, segundo o que defende, em favor da massificação, do conforto, e das “modas”. Penso que o grupo assume essa defesa, confrontando o cinema com os novos media, e demonstrando que o primeiro estará a ser “engolido” pelos segundos, revelando por um lado que a teoria de Manovich estará correcta, mas também, e de forma provocadora, que isto não é necessariamente um cenário negro, que é inevitável o “fascínio”, e o caminho da evolução, e que oferecerá as suas próprias possibilidades. Isto acontece porque, por mais que o espectador queira assistir à projecção cinematográfica, a sua atenção é puxada pelo impacto visual e sonoro dos cinco televisores. Discordo apenas com uma interpretação de que o cinema estará a morrer; porque os novos e os velhos media são sempre compatíveis no tempo. No fundo é uma apresentação bem conseguida, seguindo a narrativa de Lev Manovich para pegar nas suas conclusões e discordar delas, defendendo a evolução, afinal natural, da tecnologia.
The term “new media” came into prominence in the mid 1990’s, usurping the place of “multimedia” in the fields of business and art. The term was not acommodating: it portrayed other media as old or dead; it converged, rather than multiplied. The singular plurality of the term stemmed from its negative definition: it was not mass media, specifically television. It was fluid, individualized connectivity, a medium to distribute control, and freedom. New media was not only “digital media”: that is, it was not digitized forms of other media, but rather an interactive medium or form of distribution as independent as the information itrelayed.
Wendy Hui Kyong Chun New media, old media: a history and theory reader (2006), Routledge