Cantamos
Pessoas
Vivas
jornal de exposição
Portugal e o Mundo: os Anos 60, 70 do Séc. XX 1971: Festival Vilar de Mouros
Vilar de Mouros Festival da
Liberdade O festival Vilar de Mou-Â
Criado em 1965 pelo mĂŠdico AntĂłnio Augusti Barge, o Festival de Vilar de Mouros foi inicialmente um evento de divulgação da mĂşsica popular do Alto Minho e Galiza, KWU W WJRMK\Q^W Ă…VIT LM \ZIV[NWZUIZ >QTIZ LM 5W]ZW[ V]U destino turistico. Em 1968, o festival reuniu a Banda da Guarda Nacional Republicana, com fado e cantores de intervenção: Zeca Afonso, Carlos Parede, Luis Goes, Adriano Correia de Oliveira, Quinteto AcadĂŠmico+2, Shegundo Galarza e alguns grupos de folclore. Mas foi em 1971 que, e apesar da ditadura, se produziu em Portugal a 1ÂŞ grande edição do Festival Vilar de Mouros, e o atĂŠ entĂŁo maior festival de sempre no paĂs. O clima de paz, amor e liberdade fez com o que o Vilar de Mouros de 71 fosse considerado, tanto para a critica nacional como para a internacional, KWUW W ?WWL[\WKS XWZ\]O]w[ 6W[ Ă…V[̉LM̉[MUIVI MV\ZM os dias 31 de Julho a 15 de Agosto de 71 cerca de 20 mil XM[[WI[ VƒUMZW[ VrW WĂ…KQIQ[ WZQ]VLI[ LM ^nZQW[ XWVtos da Europa, assistiram Ă s actuaçþes de Elton John e 5IVNZML 5IVV Y]M IK\]IZIU VW Ă…ỦLM̉[MUIVI LM M )OW[\W šLMLQKILW IW[ RW^MV[Âş W[ VIKQWVIQ[ 9]IZ\M\W 8MV\nOWVW ;QVLQSI\W +PQVKPQTI[ +WV\IK\W 7JRMKtivo, Bridge, Beartnicks, Psico, Mini-Pop, Pop Five Music 1VKWZXWZI\ML )UnTQI :WLZQO]M[ ,]W 7]ZW 6MOZW +MTW[ Banda da Guarda Nacional Republicana, Coral PolifĂłnico de Viana do Castelo e o Grupo de Bailado Verde Gaio, abarcando assim o tradicional, o fado, o rock e o pop.
anos a ser preparado. Ou seja, foi pensado antes da realização de Woods-Â
) 81,- M ]U XMTW\rW LM
tock. Os Beatles, Rolling
homens da GNR do Por-
Stones e Pink Floyd foram
festival, mas numa atitude
as primeiras escolhas in-Â
to estiveram presentes no discreta. Registou-se uma única intervenção caricata
ternacionais. Os Beatles
LI 81,- Y]M KWVN]VLQ] I [W-
(que iriam custar cerca de
uma imigrante clandestina.
1000 contos) acabariam
prano Elisette Bayam com )W KWV\ZnZQW LI[ NWZtI[ XWlicias, a Igreja posicionou-se
por se separar antes da
contra o evento e pedia aos
contratação. Os Rolling
[M][ Ă…TPW[ QZ IW NM[\Q^IT XWZ
pais que nĂŁo deixassem os
Stones, Pink Floyd e ou-Â
ser organizado por pessoas
tros como Moody Blues
acabou inclusivamente por
e Cat Stevens nĂŁo tinham datas disponĂveis.
de “lesteâ€?. A famĂlia Barge ser “excomungadaâ€?. No dia 7 de Agosto de 1971, V]U ;nJILW KPMQW LM [WT M ÂŁ Ă…ỦLM̉[MUIVI LM NM[-
Tal como o Woodstock, o Vilar de Mouros acabou tambĂŠm
tival, centenas de jovens
em grande prejuĂzo para a organização (cerca de 1000
dirigiram-se a Vilar de Mou-
KWV\W[ ;~ -T\WV 2WPV Y]M WK]XI^I W [MO]VLW T]OIZ LW
ros. Com mochilas Ă s costas
top de vendas de singles em Portugal, recebeu 600 contos,
e Ă boleia caminhavam em
um valor elevadĂssimo para a altura. O Ăşnico subsĂdio que
busca de musica “diferente�.
existiu foi dado pelo Secretariado Nacional de Informação
Como em Woodstock as es-
KWV\W[ 7[ W]\ZW[ XI\ZWKyVQW[ XZWUM\QLW[ NITPIZIU
tradas encheram-se de car-
Ao todo foram gastos cerca de 2500 contos pagos pela fa-
ros impedindo a circulação
mĂlia Barge.
e nos campos verdejantes
Cultura e juventude ao serviço de todos
2
ros de 1971 demorou trĂŞs
de Vilar de Mouros ergueu-se uma “aldeia de lona” onde campistas “tocaram viola, cantaram, dançaram e respiraram ar livre”. A ordem de entrada em palco dos grupos portugueses foi decidida aleatoriamente. Os Sindicato de Edmundo Falé, Jorge Palma e Rão Kyao iniciaram o festival, mas a sua actuação, com músicas de 10 minutos, não agradou ao público. Seguiram-se os Celos, Pop Five Incorporated, Psico e os Bridge, considerados “um LW[ UIQWZM[ M[XMK\nK]TW[ LI VWQ\Mº Seguiram-se os muito aguardados Quarteto 1111 - que cantaram em inOTw[ XIZI M^Q\IZ I KMV[]ZI ̉ W[ 8MV\n-
‘Cantamos Pessoas Vivas’, tema do Quarteto 1111
gono - que iriam actuar com Paulo de
enchente a Vilar de Mouros,
de carneiral da maioria dos
Carvalho, que desistiu de participar
mas as suas actuações fo-
espectadores
quando soube que a banda iria ga-
ram consideradas brilhan-
Em contrapartida, o bom
nhar 30 contos e ele somente 6 – e os
\M[ 8ZQVKQXITUMV\M )UnTQI
comportamento
7JRMK\Q^W 8WZ ÅU W[ U]Q\W IO]IZLI-
:WLZQO]M[ Y]M Rn VW M[XTMV-
co, tal como em Woodstock,
dos Manfred Mann, protagonistas de
dor da sua carreira, encan-
tornou-se o aspecto mais
]U KWVKMZ\W LM M[KI[[W[ UQV]\W[
tou um público mais velho,
XW[Q\Q^W LW NM[\Q^IT 0uTQW
e muito pouco entusiasmante.
sentado em cadeiras.
;W][I ,QI[ M[KZM^M] VW ¹,Q[-
O 2º dia, dedicado à Música Moderna,
A apatia do público foi a ca-
KWº" ¹W M`\ZIWZLQVnZQW JWU
ZM[XMQ\W] W[ PWZnZQW[ M o[ 0WZI[ W
racterística dominante do
comportamento de todos os
Quarteto 1111 apresentavam-se pela
festival. Os jovens não es-
jovens presentes em Vilar
2ª vez em palco, com uma actuação
tavam habituados a terem
de Mouros, é tanto mais de
mais convicta do que a da véspera.
liberdade. Nunca uma tão
louvar se pensarmos que nos
Parece essa ter sido também uma
grande massa de gente se
campos de futebol, onde se
característica do festival. As bandas
reunira para um evento cul-
juntam também 20 mil dos
portuguesas actuaram melhor no
tural. A censura e a possível
chamados adultos, se pas-
2º dia, fruto da sua inexperiência e
repreensão estavam sempre
sam acontecimentos tristes,
“falta de rodagem”. Mas o momento
eminentes. O amadorismo
comprometedores da educa-
alto da noite estaria a cargo do “show-
das bandas portuguesas e
ção e civilidade de um povo
man” Elton John. O artista mais caro
os longos intervalos entre
° 6QVO]uU [M TMUJZW]
do festival, o cabeça de cartaz. O pu-
as actuações também pro-
ainda de proibir os jogos de
JTQKW ÅKW] M`\I[QILW UI[ UM[UW I[-
vavelmente
contribuiram
N]\MJWT 8WZY]M [MZn MV\rW
sim não exteriorizou o seu entusias-
para essa “apatia”. Num tex-
que os festivais de musica
mo. O que deveria ter sido um encore,
to para o “Mundo da Canção”,
para os jovens são encarados
o ¢ [IyLI M IÅVIT VQKI LM -T\WV
Tito Lívio escreveu: “Vilar de
com tanto medo? Os jovens
2WPV \ZIV[NWZUW]̉[M MU ÅU ;MU
Mouros foi a constatação de
aqui presentes em Vilar de
perceber o que era, o público não ma-
uma incultura musical, quer
Mouros deram um exemplo
nisfestou vontade de “um regresso”.
pela escassez de apoio do es-
tremendo de como se podem
6W ÅỦLM̉[MUIVI I [MO]QZ VMU W
tado, quer pelo amadorismo
juntar milhares de pessoas
,]W 7]ZW 6MOZW VMU )UnTQI :WLZQ-
dos conjuntos portugueses,
[MU Y]M PIRI KWVÆQ\W[ VMU
gues conseguiram levar uma nova
quer ainda pela mentalida-
quezílias escusadas.”
presentes”. do
públi-
‘(...) o pessoal delirou, cantou, dançou, sussurrou (para evitar ouvidos inquisidores), excedeu-se de cabeças recolhidas (enganando olhares indiscretos), dormiu espojado para as estrelas, curou a ressaca, lavou-se no rio e esperou, sem saber, por Abril.’ António Amorim
3
Onde ĂŠ que estava em 1971? Os 35 anos do festival aca-Â bam de ser registados em
livro. Tudo começou em
1968, a partir da carolice de
daram a aldeia. Foram de roupas coloridas e
um mĂŠdico. EstĂłrias do mais
XZn\QKI[ UWKPQTI[ M [IKW[ o[ KW[\I[ 4IVtI-
lendĂĄrio festival portuguĂŞs.
̉^WV\ILM LW[ I]\WUWJQTQ[\I[¯ ZMTI\I^IU W[
ram-se para a estrada, contando com a boajornais. AtĂŠ o prĂłprio Elton John foi Ă boleia de 2ƒTQW 1[QLZW XIZI >QIVI LW +I[\MTW WVLM Ă…KW] alojado. Manfred Mann e Elton John diziam Y]M W XƒJTQKW MZI ÂŽJMỦKWUXWZ\ILWÂŻ )UuTQI Barge lembra-se de que, durante o concerto, o mĂşsico inglĂŞs lhe perguntou: ÂŤAcha que MTM[ M[\rW I OW[\IZ'ÂŻ ÂŽ-[\rWÂŻ OIZIV\Q] I WZOIVQbILWZI ÂŽ5I[ MTM[ VrW [M UIVQNM[\IU'ÂŻ Y]M[\QWVW] -T\WV 2WPV ÂŽ6rW Kn MU 8WZ\]OIT u I[[QUÂŻ IĂ…IVtW] )UuTQI *IZOM
Muitos prejuĂzos O grande problema de AntĂłnio Barge foi [MUXZM W Ă…VIVKMQZW ) ^QVLI LM -T\WV 2WPV K][\W] KWV\W[ M W[ XZWUM\QLW[ []J[ydios nĂŁo passaram de promessas. O Ăşnico dinheiro que recebeu foram 30 contos, oferecidos pelo Secretariado Nacional de Informação. ÂŤA RTP prometeu, mas‌ nĂŁo deu. E o festival redundou num prejuĂzo, descomunal, de mil contos. NĂŁo tivemos coragem de repe\QZÂŻ ZMKWZLI )UuTQI *IZOM -U ! *IZOM projectou um festival diferente no conteĂşdo – incluĂa cinema, teatro, pintura e escultura – mas as altas temperaturas polĂticas da altura Ă…bMZIU IJWZ\IZ I QLMQI .WQ XZMKQ[W M[XMZIZ 5]Q\I[ M[\~ZQI[ Ă…bMZIU I ^QLI LW XZQ-
MU \]LW [MUXZM ÂŻ - W ÂŽ[MUXZMÂŻ KWUM-
casa estava aberta, os nossos
meiro grande festival do PaĂs. Agora,
çou em 1965/67 quando Barge pro-
quartos eram para as visitas
podem ser recordadas no livro Vilar
moveu um festival de folclore inter-
e nĂłs dormĂamos a monte, no
de Mouros, 35 anos de Festivais (250
nacional. Em 1968, foi mais ousado
[~\rWÂŻ LM[Ă…I )UuTQI *IZOM
XnOQVI[ -LQt‚M[ )NZWV\IUMV\W :M-
e, do cartaz, faziam mesmo parte al-
Mas o mĂŠdico queria fazer
sulta de um trabalho de pesquisa de
guns nomes incĂłmodos: Zeca Afonso,
uma coisa em grande: alĂŠm
.MZVIVLW BIUQ\P RWZVITQ[\I M Ă…TPW
Carlos Paredes, a Banda da Guarda
de gostar de mĂşsica, preten-
da terra, que embora nĂŁo tenha as-
Nacional Republicana (cem elemen-
dia potenciar a regiĂŁo para
sistido Ă gĂŠnese do festival, nĂŁo tem
\W[ Y]M Ă…KIZIU ITWRILW[ V]U KWV^MV-
o turismo e levar o nome
perdido pitada, desde 1982. O livro
\W LM NZMQZI[ 6W LM[LWJZn^MT BMKI
de Vilar de Mouros a todo o
começou a ser delineado durante a
Afonso era descrito como ÂŤo famoso
PaĂs. Levou trĂŞs anos a pre-
edição de 2002, como o próprio con-
criador de um novo estilo de canção
parar o festival de 1971, o tal
ta: ÂŤAntĂłnio Barge, o ‘inventor do
portuguesa, inspirada na forma de
que trouxe a Portugal Elton
festival’, tinha morrido meses antes
JITILIÂŻ ;QUXTM[ XIZI M^Q\IZ QVK~UW-
2WPV VI IT\]ZI KWU IVW[
M U]Q\W[ W]\ZW[ XZW\IOWVQ[\I[ M Ă…-
dos. AmĂŠlia Barge ainda recorda os
O Woodstock tinha aconteci-
O]ZI[ \yXQKI[ LI ITLMQI Rn Kn VrW M[\I-
avisos da mulher de Zeca: ÂŤEla dizia--
do em 1969 e Barge pensou:
^IU# Y]ITY]MZ LQI XMV[I^I M] Rn VrW
-lhe: ‘NĂŁo cantes as cançþes proibidas
ÂŽ- [M [M Ă…bM[[M ]UI KWQ[I
PI^MZn VQVO]uU XIZI ZMTI\IZ IY]M-
que ainda vais preso.’ Mas o público
XIZI I R]^MV\]LM'ÂŻ ZMKWZLI I
TI[ PQ[\~ZQI[ Y]M Ă…KIZIU XWZ KWV\IZ ÂŻ
XMLQ] M MTM IKIJW] XWZ KIV\n̉TI[ ¯
mulher. AlĂŠm de Elton John,
Uma das peças-chave foi AmÊlia Barge, viúva do mÊdico e que o acompanhou na organização de todos os festivais. Cheguei a emagrecer 15 Y]QTW[¯ ZMKWZLI o >1;³7 Ž-V\ZM IZmar e desarmar barracas, colaborei
4
o mĂŠdico foi buscar o sul-
Elton Ă boleia de Isidro NĂŁo havia managers, produtoras, catering, nem sequer hotĂŠis. ÂŤOs mĂşsicos dormiam em casa de amigos e em Viana do Castelo. A porta de minha
-africano Manfred Mann, e conseguiu duas estreias de‌ obras de Joly Braga Santos e António Victorino d�Almeida. Centenas de jovens deman-
mais sete anos. Em 1982, o presidente da Câmara de Caminha, Pita Guerreiro, resolve reeditar a fes\I KWU *IZOM VI WZOIVQbItrW M LMXWQ[ LM constantes alteraçþes do programa, Vilar de Mouros recebe, durante nove dias, os U2, Johnny Copeland, Erika Pluhar, Tom Robinson, entre outros. Voltaria a dar prejuĂzo. Em 1985, os Trovante e Emilio Cao encabeçam ITQ ]U ÂŽLM[KWVKMZ\IV\MÂŻ 1 -VKWV\ZW LM 5ƒ[QKI Popular. Segue-se um intervalo de dez anos. AtĂŠ que o festival regressa, em 1996, agora IT\IUMV\M XZWĂ…[[QWVITQbILW XZWUW^QLW XMTI produtora MĂşsica no Coração, com o patrocĂnio da Super Bock. ,M MV\rW XIZI Kn u W Y]M [M [IJM" ]UI ZWUIria certa, todos os VerĂľes. E se, nos anos 70, o apoio logĂstico era quase inexistente – o pĂşblico chegou a fugir para Caminha, Ă procura de comida, e os cafĂŠs da regiĂŁo fecharam ÂŽKWU UMLW LI QV^I[rWÂŻ ¡ IOWZI VrW NIT\I nada. E, se faltar, os telemĂłveis ou as centenas de carros que se deslocam a Vilar de Mouros dĂŁo uma ajuda.
.TWZJMTI )T^M[ >Q[rW
Memórias de
Vilar de Mouros As histórias e recordações de to-
com as calças abaixadas no trazeiro um sujeito tão drogado que teve de ser levado em braços, com rigidez nos músculos relações sexuais entre 2 pares, todos debaixo do mesmo co-
dos os festivais de Vilar de Mou-
bertor na zona mais iluminada sujeitos que corriam aos gritos para todos
ros, pela primeira vez em livro
os lados bichas enormes a comprar laranjadas e esperando a vez nas re\ZM\M[ PI^QI W] XZW^Q[~ZQI[ UI[
0Q[\~ZQI[ QVuLQ\I[ UMU~-
em 1937. Para Fernando Za-
rias que quase se perderam
mith a melhor de todas a edi-
e imagens de concertos ines-
ções foi a de 1982 que, apesar
quecíveis estão reunidas no
da desorganização, conside-
livro “Vilar de Mouros, 35
ra ter sido um “verdadeiro
anos de festivais”, de Fernan-
happening”, com nove dias
do Zamith. É a primeira vez
seguidos de música, vividos
que a história de um evento
com “grande intensidade”.
de música rock é descrita e
Nos últimos anos, com o
compilada numa obra, si-
aparecimento
multaneamente documental
festivais com cartazes ape-
e de homenagem ao seu fun-
lativos, como o Sudoeste
dador, António Barge, faleci-
e o de Paredes de Coura,
do em 2002. Em declarações
Fernando Zamith acredita
à Agência Lusa, o autor e jor-
que muita gente vai a Vilar
nalista explicou que o livro é
de Mouros por ser preci-
dedicado a um homem “idea-
samente Vilar de Mouros e
TQ[\I M ^Q[QWVnZQWº [MU W Y]IT
não tanto pelo cartaz.
o “festival de Vilar de Mouros
Jornalista da Agência Lusa
não tinha existido”.
e professor na Universidade
Repartido por três grandes
do Porto, Fernando Zamith
capítulos, o livro apresenta
revelou ainda que no futuro
uma descrição cronológica de
XWLMZn [MZ KZQILW ]U U][M]
todos os festivais realizados
em Vilar de Mouros, embora o
na aldeia nortenha de Vilar
projecto esteja ainda no papel.
de Mouros, começando por
Agência Lusa
de
outros
um festival infantil realizado
Relatório
PIDE/ DGS [26-08-71]
apesar disso, houve quem se aliviasse VW ZMKQV\W LW M[XMK\nK]TW XWZKIZQI de todo o género no chão (restos de KWUQLI TIUI ]ZQVI M XM[[WI[ LMQ\Idas nas proximidades Viam-se algumas bandeiras. Uma vermelha com uma mão amarela aberta no meio (um dos símbolos usados na AmériKI XMTW[ IVIZY]Q[\I[ # W]\ZI JZIVKI com a inscrição “somos do Porto” com raios a vermelho e uma estrela preta. A população da aldeia, e de toda a região, até Viana do Castelo, a uns 30 km de distância, estava revoltada contra os “cabeludos” e alguns até gritavam de longe ao passar “vai trabalhar”. Foram vistos alguns a comer com as mãos e a limparem os dedos à cabeleira. Viam-se cenas indecentes VI ^QI X JTQKI I\Zn[ LW[ IZJ][\W[ M o beira da estrada. Em Viana do Castelo dizia-se que os “hippies” tinham comXZILW IO]TPI[ M [MZQVOI[ VI[ NIZUnKQI[ LI KQLILM 0I^QI U]Q\W[ M[\]LIVtes de Coimbra, e outros que talvez fossem de Lisboa ou do Porto. Alguns passaram a noite em Viana do Castelo em pensões, e viam-se alguns de muito mau aspecto, parece que
Assunto: Festival de música “Pop” em
aproximadamente a 2.500 contos.
Vilar de Mouros A seguir se trans-
,QbQIU Y]M \Q^MZIU LM UIVLIZ ^QZ
creve o texto de uma informação
o conjunto Manfred Mann de In-
redigida por um nosso elemento in-
glaterra, mas parece que estava no
formativo que assistiu ao “festival”
Algarve, e por isso, a despesa com
em questão, que teve lugar nos dias
eles não foi tão grande como parecia.
7 e 8 do corrente, a qual se reproduz
Um dos cantores, Elton John, causou
na íntegra, para não alterar os deta-
LM[LM W KWUMtW Un QUXZM[[rW KWU
lhes que foram alvo do seu espírito de
os seus modos soberbos e as suas
WJ[MZ^ItrW" ¹,QI[ IV\M[ LW NM[\Q^IT
exigências: carro de luxo para as
foram distribuídos, nas estradas do
deslocações, quartos de luxo para os
País e nas estradas espanholas de
acompanhantes e guarda-costas, etc.
passagem de França para Portugal,
O recinto do festival era uma clareira
XIVÆM\W[ XMLQVLW IW[ I]\WUWJQTQ[-
cercada de eucaliptos, com um tai-
tas que dessem boleias aos indivídu-
pal à volta e uma grade de arame do
os que iam ver o festival. No 1º dia,
lado do ribeiro. Na noite de 7 estavam
W M[XMK\nK]TW KWUMtW] o[ P M
muitos milhares de pessoas e muita
XZWTWVOW]̉[M I\u o[ LI UIVPr )W
gente dormiu ali mesmo, embrulha-
anoitecer, o organizador, um tal Bar-
da em cobertores e na maior promis-
ge, anunciou que tinham sido vendi-
cuidade. Entre outros havia: crianças
LW[ UQT JQTPM\M[ I KILI
de olhar parado indiferentes a tudo
Esperavam vender 50 mil bilhetes
grupos de homens, de mão na mão,
para cobrir as despesas, que seriam
a dançar de roda um rapaz deitado,
^QVLW[ LM 4Q[JWI Y]M ÅKIZIU V]UI XMV[rW 0W]^M OZQ\W[ LM )VOWTI u° Y]ITY]MZ KWQ[I L]ZIV\M I IK\]ItrW do conjunto Manfred Mann (de que faz parte um comunista declarado, KZw̉[M Y]M KPIUILW 0]OO .WZI LW recinto, junto do rio e de uma capela, havia muitas tendas montadas e gen\M I LWZUQZ MVKW[\ILI I nZ^WZM[ W] muros e embrulhada em cobertores. 0W]^M OZIVLM KWVN][rW R]V\W o[ XWZ\I[ LM MV\ZILI 0I^QI Y]I\ZW JQTPM\MQras em funcionamento permanente e muito trânsito. Toda aquela multidão de famintos, sem recursos para adquirir géneros alimenticios inLQ[XMV[n^MQ[ KWUW [M LM ]UI XZIOI de gafanhotos se tratasse, se lançou sobre as hortas próximas colhendo batatas e outros produtos hortícolas, causando assim, grandes contrarieLILM[ IW[ [M][ XZWXZQM\nZQW[ U]Q\W[ deles de débeis recursos económicos.
5
Salazar e o Estado Novo Em 1926 foi implantada em
lugar ao Estado Novo.
Ă…ZUIZIU I KTW[]ZI LW XIy[
8WZ\]OIT ]UI ,Q\IL]ZI 5QTQ-
Uma vez Ă frente do Gover-
dentro de uma redoma prĂł-
tar, quando um golpe militar
no, Salazar fez vigorar uma
pria, e controlada por Sala-
organizado derruba a 1Âş Re-
nova Constituição (assinada
zar em todas as frentes, du-
pĂşblica. Fez-se eleger o pre-
MU ! K]RI XZQVKQXIT U]-
rante trinta anos. A ideologia
sidente Ă“scar Carmona, mas
dança residia na centraliza-
KWV[MZ^ILWZI M I]\WZQ\nZQI
I Ă…O]ZI XZQVKQXIT I MUMZOQZ
ção dos poderes polĂticos.
I[[MV\M VW[ ^ITWZM[ LM ,M][
deste regime foi o Ministro
Apesar de na Constituição
LI 8n\ZQI M LI .IUyTQI# W KMV-
das
convidado:
constar isso, os direitos dos
tralismo dos poderes; a re-
AntĂłnio de Oliveira Salazar.
cidadĂŁos nĂŁo eram respeita-
pressĂŁo do pensamento con-
Este conseguiu equilibrar
dos e as eleiçþes não eram li-
traditĂłrio ao do regime, que
as contas do governo e esta-
vres, sendo manipuladas por
leva à limitação da liberda-
bilizar o escudo, eliminando
todo o tipo de ilegalidades. A
de, à censura, e à formação
UM[UW W LuĂ…KM Ă…VIVKMQZW W
Assembleia Nacional, forma-
LI XWTyKQI XWTy\QKI ̉ I 81,-#
que lhe valeu grande prestĂ-
da por deputados, tinha um
a educação “serializadaâ€? da
OQW M QVÆ]wVKQI
poder muito limitado, e, ape-
juventude, assente no culto
Eventualmente, Salazar foi
sar da hierarquia estabeleci-
do chefe e dos valores do re-
nomeado Presidente do Con-
da pela Constituição, Salazar
gime; o nacionalismo econĂł-
selho de Ministros, corria o
teve sempre um poder muito
mico e o fecho das ligaçþes
ano de 1932; e em 1933 ter-
[]XMZQWZ M QVKWV\M[\ILW IW
comerciais; o colonianismo e
UQVI WĂ…KQITUMV\M W ZMOQUM
do Presidente da RepĂşblica.
o imperialismo.
LM ,Q\IL]ZI 5QTQ\IZ XIZI LIZ
As medidas seguintes con-
Finanças
Primavera
Marcelista
6
Em Setembro de 1968, Antonio de Oli-
a base de apoio do regime, alĂŠm de ser
veira Salazar ĂŠ operado de urgĂŞncia
visto como uma porta de saĂda para o
a um hematoma cerebral, causado
pesado isolamento internacional.
XMTI KuTMJZM šY]MLI LI KILMQZIº ,ILI
Logo no discurso da tomada de pos-
a gravidade do seu estado de saĂşde, o
[M 5IZKMTW +IM\IVW LMĂ…VM I[ TQVPI[
Presidente da Republica AmĂŠrico To-
orientadoras do seu governo: conti-
Un[ ^w̉[M WJZQOILW I MVKM\IZ W[ XZW-
nuar a obra de Salazar, Ă qual presta
cedimentos institucionais para a sua
homenagem, sem por isso prescindir
substituição. A escolha recaiu sobre o
da necessaria renovação polĂtica.
professor Marcelo Caetano, um dos no-
Pretendia-se, nas palavras do novo
\n^MQ[ LW -[\ILW 6W^W Y]M VW MV\IV\W
presidente, “evoluir na continuida-
se permitira discordar, em mais do
de�, concedendo aos Portugueses a
que uma ocasiĂŁo, da polĂtica salazaris-
“liberdade possivel�.
ta. Apresentava-se, por isso, como um
Nos primeiros meses de mandato, o
politico mais liberal, capaz de alargar
VW^W /W^MZVW Ln [QVIQ[ LM IJMZ\]ZI
Guerra Colonial Aquando
de
Em tais circunstâncias, a intensi-
litar que o regime recebe o maior dos
a inexistência de uma solu-
Marcelo Caetano, as altas
da
escolha
dade da luta armada foi crescendo
golpes: o general Antônio de Spínola,
ção militar para a guerra de
patentes das Forças Arma-
e, embora controlada em Angola e
herói da guerra da Guiné, publica, em
Africa. Por outras palavras,
das puseram, como única
Moçambique, a situação militar de-
.M^MZMQZW LM ! I WJZI 8WZ\]OIT M W
que a guerra estava perdida.
condição, que o novo chefe
teriorou-se na Guiné, onde o PAIGC
Futuro. Este livro, que segundo o seu
9]IVLW Rn LM UILZ]OILI
do executivo mantivesse a
adquiriu controlo sobre uma parte
próprio relato, Marcelo Caetano leu
terminou a leitura, Marcelo
guerra em África. Caetano
[QOVQÅKI\Q^I LW \MZZQ\~ZQW
de um fôlego, ao serão, proclamava
Caetano percebeu “que o gol-
anuiu, reiterando ao país a
Externamente, cresce o isolamento
abertamente, entre fortes e precisas
XM UQTQ\IZ MZI QVM^Q\n^MTº
sua intenção de continuar a
português: em 1970, num geato alta-
críticas ao funcionamento do regime,
defender os nossos territó-
mente desprestigiante para Portugal,
rios em nome dos interesses
o papa Paulo VI recebe no Vaticano
LI XWX]TItrW JZIVKI Y]M Pn
os Iideres dos movimentos do MPLA,
muito, aí residia.
FRELIMO e PAIGC ; na ONU, recru-
Paralelamente, e dando exe-
LM[KM I T]\I LQXTWUn\QKI [WNZMVLW W
cução às suas convicções
país a maior de todas as humilhações
federalistas, o chefe do Go-
quando, em 1973, a Assembleia Geral
verno redigiu um minucioso
reconhece a independência da Guiné-
projecto de revisão do estatu-
-Bissau, à revelia do Estado portu-
to das colónias, no sentido de
O]w[ 6W UM[UW IVW I ^Q[Q\I WÅKQIT
as encaminhar para a “auto-
de Marcelo Caetano ao Reino Unido
nomia progressiva”.
decorre no meio de protestos popula-
O projecto contou, desde
res e de uma forte segurança policial,
logo, com a oposição tenaz
ao ser denunciado na imprensa um
da maioria conservadora da
massacre de civis em Moçambique.
Assembleia Nacional, e aca-
Internamente, a pressão aumenta e
bou amputado das soluções
o regime desmorona-se. Os deputa-
mais inovadoras. Angola e
dos liberais começam, em sinal de
Moçambique passaram à ca-
protesto, a abandonar a Assembleia
\MOWZQI LM ¹-[\ILW[ PWVWZyÅ-
Nacional; proliferam os grupos opo-
cos”, sendo dotados de novas
sicionistas de extrema-esquerda, e
instituições
governativas
cresce a contestação dos católicos
que, como as anteriores, con-
progressistas. As próprias Forças
tinuavam fortemente depen-
Armadas dão sinais de uma inquie-
dentes de Lisboa. No fundo,
tação crescente.
nada mudou.
É exactamente de um prestigiado mi-
que enchem o povo e a oposição de es-
TMOQ\QUn̉TI[ IW[ WTPW[ LI WXQVQrW X -
As suspeitas em torno da legitimida-
Setembro desse ano. Este aconteci-
peranças: faz regressar do exílio al-
JTQKI W /W^MZVW ITIZOW] W []NZnOQW
de dos objectivos apresentados por
mento, juntamente com a continua-
gumas personalidades, como o bispo
feminino (a todas as mulheres esco-
5IZKMTW +IM\IVW ^QMZIU I KWVÅZ-
ção da guerra colonial e a recusa da
LW 8WZ\W W] 5nZQW ;WIZM[# UWLMZI I
TIZQbILI[ XMZUQ\Q] UIQWZ TQJMZLILM
mar-se em Abril de 1969, na cerimó-
adopção de reformas mais profundas
actuação da polícia política (que pas-
de campanha à oposição, bem como
nia de inauguração do novo edifício
sugeridas pelos deputados da Ala Li-
[IZI I KPIUIZ̉[M ,QZMKtrW̉/MZIT LM
a consulta dos cadernos eleitorais e a
LI[ 5I\MUn\QKI[ LI VW^I .IK]TLILM
beral — que os levou a abandonar a
;MO]ZIVtI ̉ ,/; # WZLMVI W IJZIVLI-
Å[KITQbItrW LI[ UM[I[ LM ^W\W
de Ciências da Universidade de Coim-
)[[MUJTMQI 6IKQWVIT QVLW ^nZQW[ LM-
mento da censura; abre a União Na-
No entanto, embora se possa conside-
bra. A recusa da palavra ao presiden-
les fundar o jornal Expresso — e, mais
cional (rebaptizada, em 1970, Acção
rar o menos manipulado de todos os
te da Associação Académica de Coim-
tarde, a crise do petróleo de 1973 e a
6IKQWVIT 8WX]TIZ ̉ )68 I [MV[QJQTQ-
que ocarreram durante o Estado Novo,
bra — acto que levou o presidente da
consequente subida generalizada dos
dades políticas mais liberais.
o acto eleitoral saldou-se por uma série
República a ser vaiado e o presidente
preços, veio mostrar que as hipóteses
.WQ VM[\M KTQUI LM U]LIVtI Y]M Å-
LM I\ZWXMTW[ IW[ XZQVKyXQW[ LMUWKZn-
da Associação Académica de Coimbra
de concretização do slogan do regime
cou conhecido como Primavera Mar-
ticos e o mesmo resultado de sempre:
a ser preso —, provocou uma forte cri-
Evolução na Continuidade eram nu-
celista, que se prepararam as eleições
100% dos lugares de deputados para
se académica, resultando numa série
las, abrindo-se o caminho à Revolu-
legislativas de 1969. Procurando
a União Nacional ; 0% para a oposição.
de greves, que se prolongariam até
trW LW[ +ZI^W[ MU LM )JZQT LM !
7
Viet
‘nam
War
The Vietnam War was a Cold
engaged in a more conven-
garded as a U.S. puppet state. U.S.
?IZ UQTQ\IZa KWVÆQK\ \PI\ WK-
tional war, at times commit-
military advisors arrived beginning
curred in Vietnam, Laos, and
ting large units into battle.
in 1950. U.S. involvement escalated
Cambodia from 1 November
U.S. and South Vietnamese
in the early 1960s, with U.S. troop
1955 to the fall of Saigon on
forces relied on air superior-
levels tripling in 1961 and tripling
30 April 1975. This war fol-
Q\a IVL W^MZ_PMTUQVO ÅZM-
again in 1962.
lowed the First Indochina
power to conduct search and
U.S. combat units were deployed be-
War and was fought be-
destroy operations, involv-
ginning in 1965. Operations spanned
tween North Vietnam, sup-
ing ground forces, artillery
borders, with Laos and Cambodia
ported by its communist al-
and airstrikes.
heavily bombed. Involvement peaked
lies, and the government of
The U.S. government viewed
in 1968 at the time of the Tet Offen-
South Vietnam, supported
involvement in the war as
sive, in which Communist Vietcong
by the U.S. and other anti-
a way to prevent a commu-
forces launched major attacks on
communist nations. The Viet
nist takeover of South Viet-
several large cities in South Vietnam.
Cong, a lightly armed South
nam and part of their wider
In response to the Tet Offensive, the
Vietnamese
strategy
containment.
U.S. military claimed that the war
controlled common front,
The North Vietnamese gov-
could only be won by adding several
largely fought a guerrilla
ernment viewed the war as a
hundred thousand more soldiers to
war against anti-commu-
colonial war, fought initially
the American forces already in South
nist forces in the region.
against France, backed by
Vietnam. After this, U.S. ground forc-
The Vietnam People’s Army
the U.S., and later against
es were withdrawn as part of a policy
6WZ\P >QM\VIUM[M )ZUa
South Vietnam, which it re-
called Vietnamization.
communist-
of
Lyndon Johnson
‘The battle against communism (...) must be joined (...) with strenght and determination’ Opposition Advocates of the peace movement defended a unilateral withdrawal of U.S. forces from Vietnam. One reason given for the withdrawal is that it would contribute to a lessening of tensions in the region and thus less human bloodshed. Early opposition to U.S. involvement in Vietnam was centered around the Geneva conference WN ! )UMZQKIV []XXWZ\ WN ,QMU QV refusing elections was thought to be thwarting the very democracy that America claimed to be supporting. John Kennedy, while Senator, opposed involvement in Vietnam. 0QOP̉XZWÅTM WXXW[Q\QWV \W \PM >QM\nam War turned to street protests in an effort to turn U.S. political opinion. After explosive news reports of American military abuses, such as the 1968 My Lai Massacre, brought new attention and support to the anti-war movement, the Vietnam Moratorium attracted millions of Americans.
10
In the North-American election of 1964, and after serving the 14 re-
The Johnson Administration ,]ZQVO PQ[ \MZU 2WPV[WV PIL [MMV
larity was the Vietnam War, which
many political successes, including
he greatly escalated during his time
the passage of his sweeping Great
QV WNÅKM *a TI\M ! W^MZ
Society domestic programs (also
)UMZQKIV [WTLQMZ[ _MZM ÅOP\QVO QV
SVW_V I[ \PM ¹?IZ WV 8W^MZ\aº
Vietnam and suffering thousands
landmark civil rights legislation, and
of casualties every month. Johnson
the continued exploration of space.
was especially hurt when, despite his
At the same time, however, the coun-
repeated assurances that the war
the time, Democrat Lyn-
try endured large-scale black riots in
was being “won”, the American news
the streets of its larger cities, along
media began to show just the oppo-
don Johnson had won
with a generational revolt of young
site. The Tet Offensive of February
people and violent debates over for-
1968 led to increased criticism from
the largest popular vote
eign policy. The emergence of the hip-
antiwar activists that the war was
pie counterculture, the rise of New
unwinnable. The Johnson Admin-
landslide in US Presiden-
Left activism, and the emergence of
istration was particularly damaged
the Black Power movement exacer-
during the Tet Offensive when Viet-
bated social and cultural clashes be-
cong forces managed to penetrate
tween classes, generations and rac-
the US Embassy, Saigon, the South
es. Every summer during Johnson’s
Vietnamese capital, before being
post-election administration, known
SQTTML Ja = ; \ZWWX[ QV I ÅMZKM [\Z]O-
thereafter as the “long, hot sum-
gle captured on national television.
mers”, major U.S. cities erupted in
In the months following Tet, John-
massive race riots that left hundreds
son’s approval ratings fell below 35%,
dead or injured and destroyed hun-
and the Secret Services refused to let
dreds of millions of dollars in prop-
the President make public appear-
erty. Adding to the national tension,
ances on the campuses of American
WV )XZQT ! KQ^QT ZQOP\[ TMILMZ
colleges and universities, due to his
Rev. Martin Luther King, Jr. was as-
extreme unpopularity among college
sassinated in Memphis, Tennessee
students. The Secret Services also
sparking further mass rioting and
prevented Johnson from appear-
chaos, including Washington, where
QVO I\ \PM ! ,MUWKZI\QK 6I\QWVIT
rioting came within just a few blocks
Convention in Chicago, because of
WN \PM ?PQ\M 0W][M
their fear that his appearance might
A major factor in the precipitous de-
cause riots.
maining
months
after
President John F. Ken- nedy’s assassination, as he was Vice President at
tial election history.
cline of President Johnson’s popu-
A major factor in the precipitous decline of President Johnson’s popularity was the Vietnam War
The United States presidential election of 1968 was a wrenching national experience, conducted against a back-
The ‘68
Election
drop of revolt amongst almost every generation, class and race in the country, and widespread demonstrations against the Vietnam War across American university and college campuses; this escalated beyond believe when the presidential candidate Robert F. Kennedy was assassinated. On November 5, 1968, the Republican nominee, former Vice President Richard Nixon, _WV IV M`\ZMUMTa KTW[M MTMK\QWV W^MZ \PM ,MUWKZI\QK VWUQVMM >QKM 8ZM[QLMV\ 0]JMZ\ 0]UXPZMa Nixon ran on a campaign that promised to restore “law and order”. Some consider the election of 1968 a realigning MTMK\QWV \PI\ XMZUIVMV\Ta LQ[Z]X\ML \PM 6M_ ,MIT +WITQ\QWV that had dominated presidential politics for 36 years. It was also the last election in which two opposing candidates were vice-presidents.
11
Turn ON, Tune IN, Drop OUT Leary’s audio release offers listeners
The Andy Warhol of psychia- try, with a hip following ba- sed on a charismatic, albeit enigmatic and controver- sial image, Timothy Leary is famous as the guru of the drug culture, at a time when young people were looking for answers and meaning to an insane world in an Ameri- ca that was seriously questio-
the chance to hear what the doctor had to say on such subjects as abuse of power, intolerance, the state of American Society in the mid 1960s, and the burgeoning communes and encounter-groups, some of which ][ML LZ]O[ TQSM 4;, IVL UIZQR]IVI to reach higher plateaus of understanding. Recorded in 1966, it includes the famous sound bite: “I have
ning its values. The answers to their questions appeared in Leary’s teachings, which alarmed many parents and enraged authorities.
three things to say to young people today. Turn on, tune in, drop out.”
explains his method and his desire
4MIZa KTIQU[ XMWXTM W^MZ [PW]TL
to become one of the wisest spiritual
not listen to the recording because
guides of his time. Through the elabo-
they will be angry, and he relates
rations Leary delivers, we sense he is
encounters with the law and the in-
genuinely interested in enlighten-
tolerance of parents who fear Leary
ment and that he believed the use of
will lead children off like a pied piper.
mind-altering substances like Mari-
Leary’s words, however, are soothing
R]IVI IVL 4;, _I[ I TMOQ\QUI\M IOM̉
and poetical, as when he describes
old means to that end. What is most
the grounds of the Castalia Foun-
striking is the tone of Leary’s words,
dation, the institute he is speaking
as we get a clear idea of the kind of ide-
from, or when he describes the ad-
alism that drove the psychedelic age.
ventures of his entourage in their
The recording was made just be-
quest for enlightenment via the “psy-
fore the height of the drug-taking
chochemical revolution.”
counterculture madness, so we get
In detailed, reasoned accounts of his
a glimpse at the calm center of the
philosophy and his practice, Leary
storm, the eye of the hurricane.
“‘Turn on’ meant go within to activate your neural and genetic equipment. Become sensitive to the many and various levels of consciousness and the specific triggers that engage them. Drugs were one way to accomplish this end. ‘Tune in’ meant interact harmoniously with the world around you – externalize, materialize, express your new internal perspectives. ‘Drop out’ suggested an elective, selective, graceful process of detachment from involuntary or unconscious commitments. ‘Drop Out’ meant self- reliance, a discovery of one’s singularity, a commitment to mobility, choice, and change. Unhappily my explanations of this sequence of personal development were often misinterpreted to mean
12
‘Get stoned and abandon all constructive activity.’” Timothy Leary
The history they didn’t teach you in school On the weekend of August 15, 16 and 17, 1969, over 500,000 people from all over the U.S. traveled to Woodsto- ck, in upstate New York, for what would become the most famous music festival ever. Woodstock was a stridently antiwar spectacles, but its message was diluted by the media. Rather than focus on the political statements made, mainstream cultural commentators talked about hippies, long hair, and nudi-
Woodstock featured some of the more
was contributing to a united front
critique and alternative to the socie-
memorable acts of the Rock & Roll
against the Vietnam War. Scores of
ty in which they were raised. Where
ty. The movement, as it were,
MZI··:QKPQM 0I^MV[ 2WIV *IMb 2WPV
acts played and made antiwar spee-
\PM XWTQ\QKIT aW]\P RWQVML ;,; WZ \WWS
Sebastian, Arlo Guthrie, Santana,
ches, with Country Joe exhorting the
over campus buildings, the cultural
5W]V\IQV +IVVML 0MI\ ++: 2IVQ[
crowd that “if you want to stop this
opposition dressed differently and
Joplin, The Who, Jefferson Airplane,
fucking war, you’ll have to sing lou-
dropped acid. Often, the two move-
Joe Cocker, Grandpa Simpson’s favo-
der than that.” “Movement leaders”
ments converged. Many hippies were
rite band that day––Sha Na Na, The
and other activists took their turns
indeed political and counterculture
*IVL 8I]T *]\\MZÅMTL *T]M[ *IVL
at the mike and “some of the young
behavior was endemic in the antiwar
CSNY, and Country Joe and the Fish
men destroyed their draft cards in
movement. But often, the New Left
IVL 2QUQ 0MVLZQ` _PW WNNMZML PQ[
protest of the Vietnam War.” Yet, the
saw hippies as apolitical, and hippies
memorable version of the Star-Span-
media images and memory of Woo-
saw the political youth as bureau-
gled Banner.
dstock focus on the celebrative as-
cratic and uptight. In the end, thou-
Woodstock signalled the merger and
pects of it: the rain, the music, nudity,
gh, the challenge they both posed to
ambivalence of the counterculture
drugs, free love.
American society was resisted, or
and protest. The festival was billed
Obviously, the counterculture’s poli-
channeled into acceptable avenues,
as “three days of peace and love,” in
tical message was too dangerous and
KW̉WX\ML IVL KWUUWLQÅML [W \PI\
contrast to the war and hatred in
had to be sanitized and softened for
the images of protest and resistance
Vietnam. Festival organizers poin-
the American public. Like the New
became ways for Madison Avenue to
ted out that anyone buying a ticket
Left, the counterculture developed a
sell products.
had lost its teeth amid a co- -optive and homogenizing media culture that ignored real politics and substituted image and sensationalism.
13
Woodstock’69: music, art and
freedom The events that led up to the legendary Woodstock 1969
festival were destined to happen. The organization overca- me many barriers and many fateful occurrences lined up its fruition. Here is a brief overview of the legendary Woodstock 1969 festival and the impact it had on music, American cultu- re, and the world.
14
Woodstock was the pop cul-
Such an extravagant event
popular counterculture ar-
ture music event of the deca-
warranted the production of
chetype. The hippie culture
de and arguably to this day
an academy award winning
shook the foundation of con-
the single most profound
documentary of Woodstock
formity to its core, reports of
event in the history of mu-
1969 and a number of po-
attempts to disperse the half
sic. Acts from all around the
X]TIZ ?WWL[\WKS ÅTU IVL
a million individuals have
world met at Max Yasgur’s
album releases. The Woods-
been surfacing ever since
Farm in Bethel, NY on Au-
tock 1969 poster has come
the event. Individuals able to
gust 15-18, 1969 for a cele-
to be one of the most famous
organize in that magnitude
bration of peace and music.
images in American culture
for a common interest was
What began as a paid event
as well as a symbol of peace.
something that those in po-
drew so many viewers from
0WTTa_WWL UW^QM[ IZM [\QTT
_MZ _MZM IJ[WT]\MTa \MZZQÅML
across the world that the
being made to celebrate the
of and had every right to be.
fences were torn down and
event such as Taking Woods-
0IL ?WWL[\WKS ! !¼[ NWK][
it became a free concert
tock, the story of Elliot Tiber.
turned from music to revo-
open to the public. 500,000
The music at Woodstock in
lution, the world would be an
youthful individuals gathe-
1969 embodied extraordi-
entirely different place today.
red peacefully at Woodstock
nary popular acts from all
After Woodstock 1969, the
1969 creating the largest ga-
over the world. Legendary
name “Woodstock” became a
thering of human beings in
performances by such music
^MZa XZWÅ\IJTM JZIVL VIUM
one place in history. Woods-
QKWV[ I[ 2QUQ 0MVLZQ` 2WIV
The concert was initially de-
\WKS ! ! LMÅVML IV MV\QZM
Baez, Joe Cocker, Santana,
signed as a money making
generation and its effects on
\PM /ZI\MN]T ,MIL IVL 2IVQ[
endeavor. Woodstock Ventu-
music and American culture
Joplin are still considered
res ended up going far into
can still be felt today.
landmarks in music history.
the
Woodstock ‘69 featured one
Woodstock in 1969 was also
after the concert, but even-
WN \PM UW[\ XZWTQÅK U][QKIT
among the last performan-
tually recovered and became
lineups in history including
KM[ WN 2QUQ 0MVLZQ` IVL
the corporate enterprise that
[]KP QKWV[ I[ 2QUQ 0MVLZQ`
Janis Joplin who are seen
it is known as today. The re-
Janis Joplin, Joe Cocker,
as some of the best in their
cent installments have been
Santana, and The Who. Fans
ZM[XMK\Q^M ÅMTL[ <PM MV\QZM
seen as corporatized disas-
got a taste of a variety of mu-
psychedelic music vein be-
ters; however, the impact
sic styles which came toge-
came popularized at Woods-
of the initial event is still so
ther in perfect harmony. The
\WKS ! IVL [\QTT QVÆ]MVKM[
profound to this day that
crowd at Woodstock in 1969,
bands of all ages to this day.
anything with the Woodsto-
which reached near a half a
0QXXQM Q[ I \MZU \PI\ PI[ VW\
ck brand tacked onto it draws
million people sent a mes-
diminished in popularity or
a large amount of attention.
sage to the world that indi-
as a subculture to this day.
Woodstock 1969 has since
viduals could come together
The youth of the 1960’s all
been a household name and
peacefully to celebrate peace
came together with similar
integrated into mainstream
and music.
ideals and became the most
American living.
basement
monetarily
The greatest peaceful event in history My secretary at Capitol Records buzzed me to say â&#x20AC;&#x153;Mike Lang is here to see you.â&#x20AC;? I said, â&#x20AC;&#x153;Does he have an appointment?â&#x20AC;? She said â&#x20AC;&#x153;No, he doesnâ&#x20AC;&#x2122;t have an appointment but said to tell you heâ&#x20AC;&#x2122;s from Bensonhurst, Brooklyn.â&#x20AC;? Which is where I spent the first five years of my life, and just about every summer during my NY years. Michael was from the neighborhood, and with guys from the neighborhood, you let them in!
I was shocked when I saw him ~ this
ground. Michael started missing his
PIL R][\ Ă&#x2026;VQ[PML XTIaQVO J]UXMZ
thought we should take our mythi-
guy with curly hair sticking out.
midnight bus to Woodstock more &
pool at 2am in the morning. It star-
cal festival to Woodstock because he
Looking like a pixie, somewhere be-
more... he would crash on our sofa.
ted out as a conversation about how I
lived in Woodstock and it had become
tween Michael J Pollard and Jerome
We would stay up late, play bumper
was only seeing Capitol commercial
popular because it was an artistâ&#x20AC;&#x2122;s co-
Ragni, who was the lead in the Broa-
pool and talk, talk, talk. I began to see
related music groups and that I nee-
lony. All of a sudden people like Janis
L_Ia [UI[P U][QKIT 0)1: 5QKPIMT
his Underground point of view while
ded to go out and hear other things in
2WXTQV 8I]T *]\\MZĂ&#x2026;MTL *WJ ,aTIV
has this wonderful smile that lets you
still holding down a job as an execu-
the new music scene. So I had an ana-
<PM *IVL IVL :QKPQM 0I^MV[ _MZM
know that he knows something you
tive for a major corporation ...and he
chronism going on in my life. I wan-
living there. It had really become the
donâ&#x20AC;&#x2122;t. Call it charisma or whatever,
was learning the insides of the music
ted to get more spiritual and I wanted
â&#x20AC;&#x2DC;inâ&#x20AC;&#x2122; place. Michael wanted it to be a
but Mike Lang had it!
business. The Capitol job scene was
to learn what was really going on in
studio in Woodstock. Then we would
These were the days when the so-
becoming boring except for the acts
music. I had stopped going to shows,
Ă&#x2020;QX Ă&#x2020;WX JIKS \W I KWVKMZ\ QV ?WWL[\W-
Ě&#x2030;KITTML 0QXXQM UW^MUMV\ _I[ R][\
that I was involved in which included
but Michael was going to the Fillmore
ck. We talked endlessly about putting
starting to form. I had Bert Sommer
Linda Ronstadt, The Band, Bob Seger,
and always hanging out. My change
on this show where weâ&#x20AC;&#x2122;d have every
signed to me and I had just produced
4W] :I_T[ ,MJWZIP 0IZZa *MZ\ ;WU-
was a cominâ&#x20AC;&#x2122;. The germ was planted
act and that maybe 100,00 people
ZMTMI[ML PQ[ Ă&#x2026;Z[\ ITJ]U NWZ +IXQ\WT
mer and of course The Beatles. I was
and the story had many twists after
would show up, or at least 50,000. My
called â&#x20AC;&#x2DC;The Road to Travelâ&#x20AC;&#x2122;. Bert was
shocked when I saw him ~ this guy
that night.
wife Linda thought maybe a half a
an incredible long haired singer &
with curly hair sticking out. Looking
I guess it went down something like
million because those love-ins were
songwriter who was the second lead
like a pixie, somewhere between Mi-
this... â&#x20AC;&#x153;Wouldnâ&#x20AC;&#x2122;t it be great if we had
getting 10,000 people and if we had
QV 0)1: IVL _W]TL OW WV \W XMZNWZU
chael J Pollard and Jerome Ragni,
millions of dollars and could rent a
all those acts... I would say we dreamt
at Woodstock.
who was the lead in the Broadway
little theater on Broadway to have a
about this for months and never re-
Michael was almost the â&#x20AC;&#x2DC;King of the
[UI[P U][QKIT 0)1: 5QKPIMT PI[
party and invite maybe 100 of our
alized that this group fantasy could
=VLMZOZW]VLÂź \W UM 0M _I[ R][\ [W
this wonderful smile that lets you
NZQMVL[' ?M KW]TL OM\ 2QUQ 0MV-
become reality. Thoughts create the
knowledgeable, hip, adorable and
know that he knows something you
drix, The Rolling Stones, Creedence
Future, the Point of No Return.
we developed an incredible bond of
donâ&#x20AC;&#x2122;t. Call it charisma or whatever,
Clearwater, Sly Stone, The Beatles
friendship. Michael had a room that
but Mike Lang had it!
and every other act that we would
he had actually rented in Woodsto-
The night the idea was born of Woo-
love to see perform. We wonâ&#x20AC;&#x2122;t char-
ck, NY from Peter Goodrich who was
dstock, Michael was with my wife
ge anything and it will be one of the
also very well known in the Under-
Linda and me in our apartment. We
greatest parties of all timeâ&#x20AC;?. Michael
15