Revista Inteligência Afetiva Novembro

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Inteligência Afetiva

na prática

“Vejo flores em você” Edição n°03

Novembro/2017


Neste mês... Dependência Emocional e Transtornos Psiquiátricos “Isso também vai passar” – Uma história Sufi Post do Mês – Mahatma Gandhi “É possível falar sem machucar” Para inspirar – Artista Pejac Nossa Programação Agora é com você!

Boa leitura!


Dependência Emocional e Transtornos Psiquiátricos

No

dia-a-dia,

psicoterapia

trabalhando com

continuamente

pessoas

que

em

sofrem

de Dependência Emocional (ou Codependência), noto que muitos destes pacientes chegam em

estado de sofrimento tão grave que necessitam também de cuidados psiquiátricos. A maior parte tem queixas de insônia, forte ansiedade, angústia, falta de energia, desânimo, crises de choro

frequentes, negativismo, dificuldade importante de tomar decisões, e vários em tal desespero que cultivam ideias suicidas ou já fizeram tentativas de suicídio. O que surgiu primeiro?


Dependência Emocional e Transtornos Psiquiátricos Em psiquiatria, quando um indivíduo tem dois ou mais transtornos psiquiátricos simultaneamente, chamamos

a

condição

de

Comorbidade

e

a Codependência se encaixa bem nesta categoria, porque outros

costuma distúrbios

caminhar

junto

psiquiátricos

com

sérios.

Os

envolvidos buscam entender, naturalmente, o que está acontecendo e geralmente sou questionada sobre

quem

veio

primeiro,

a

Dependência

emocional ou outros transtornos e tenho notado que ocorrem várias possibilidades. Em muitos casos, a Codependência é primária. Uma situação bem comum, que exemplifica isto, é a da pessoa que sofre deste mal e, estando envolvida num relacionamento

destrutivo,

desenvolve o

transtorno misto de depressão e ansiedade. Outro exemplo comum é o da mulher que se divorcia, não aceita a separação, começa a usar calmantes e medicamentos

para

insônia

e

adquire

a dependência de psicotrópicos ou que começa


Dependência Emocional e Transtornos Psiquiátricos a usar bebidas alcoólicas em demasia e evolui para a Dependência do Álcool. Por outro lado, há

casos

em

que

paralelamente

a com

Codependência um

caminha

transtorno

de

personalidade, como por exemplo, o Limítrofe ou

Borderline.

Nestas

situações,

é

difícil

esclarecer quem veio primeiro. Pelas observações clínicas, o mais provável é o desenvolvimento conjunto e intrincado das duas condições, ou seja, uma condição agrava a outra e vice-versa.


Dependência Emocional e Transtornos Psiquiátricos Na Codependência, além dos relatados acima, vários outros traços ou distúrbios psiquiátricos costumam ser observados, como a Dependência de outras drogas, Dependência de jogos, ou de compras, ou de internet, ou de redes sociais; a compulsão por alimentos, bulimia, outros transtornos

de

do

transtorno

pânico,

personalidade, do

transtorno

estresse

pós-

traumático, etc. Além destes, também é comum o surgimento

ou

agravamento

das

doenças

psicossomáticas, outro tópico significativo na vida destes pacientes, já tão sofridos. Quais as consequências? O que vemos claramente, na Codependência, é que,

no

decorrer

dos

anos,

a

vivência

de relacionamentos destrutivos, muitas vezes numa sequência infindável, leva à degradação da psiquê do indivíduo, através de frequentes perdas,

frustrações, culpa, vergonha, medo, raiva,


Dependência Emocional e Transtornos Psiquiátricos sentimento de impotência, de perda do controle da vida, de inadequação e de inferioridade, que podem causar prejuízos em todas as áreas da vida porque vão lesando a autoestima, a autoimagem e a autoconfiança da pessoa. Como tratar de modo eficaz?

O que agrava toda esta situação

é

que

os

diagnósticos demoram a ser feitos (quando são feitos) e a resistência que muitos destes pacientes

colocam ao tratamento psicoterápico e ainda mais ao psiquiátrico.


Dependência Emocional e Transtornos Psiquiátricos Por isto, é necessário que a pessoa que sofre da Codependência estude e busque compreender ao máximo este distúrbio, assim como os outros relacionados,

para

que

se

conscientize

da

necessidade de tratar tudo o que é necessário.

Isto dificulta muito o sucesso do tratamento pois um distúrbio alimenta o outro. Por isto, nossa sugestão é que o indivíduo busque profissionais realmente capacitados nas duas áreas e que confie nas

indicações

terapêuticas

deles,

para

que

as

mudanças necessárias ocorram e que ele possa trilhar o caminho de retorno a uma condição mais saudável e de poder sobre si mesmo.

Autora: Dra. Elizabeth Zamerul Ally, médica psiquiatra. Mestre em psiquiatria e psicologia pela UNIFESP. Especialista em Dependência

Química e Codependência


“Isso também vai passar” Uma história da tradição Sufi:

“Um rei estava fazendo um anel de brilhantes e pediu aos sábios da corte que dissessem uma frase curta para que ele guardasse

dentro do diamante e pudesse ler em um momento de desespero. Um sábio deu-lhe um pequeno papel, dizendo que havia recebido de um homem santo, mas disse ao rei

que ele só poderia abrir o papel quando estivesse em profundo desespero. O reino foi invadido, e quando tentava fugir dos inimigos, o rei perdeu seu cavalo e quando estava

encurralado, leu a frase: isso também vai passar! Imediatamente, uma paz indescritível tomou conta do rei e ele lutou para reconquistar seu reino.


“Isso também vai passar” Na entrada, foi recebido pelos súditos com uma grande festa e sentiu-se muito orgulhoso. Enquanto sua carruagem era acompanhada por músicos e pessoas de todos os lugares para saudar o rei, o sábio que dera o anel, apareceu e disse que ele deveria ler a frase. Mas, agora sou vitorioso, não estou desesperado e não preciso ler a frase, disse o rei. Leia a frase, pediu o sábio e o rei abriu o anel e leu: isso também vai passar... o rei compreendeu que assim como os momentos ruins, os momentos bons também passam...e o sábio disse: tudo passa. Apenas você permanece.”

Texto extraído do blog: Lagarta Vira Pupa (www.lagartavirapupa.com.br)

de Andréa Werner (jornalista, escritora e mãe)


Post do mês

Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o idealizador e fundador do moderno Estado Indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.

Frequentemente, Gandhi afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya) e não violência


“É possível falar sem machucar”

Fugimos de conflitos como se fossem destrutivos. Mas, e se os entendêssemos como oportunidades de

gerar

intimidade

e

autoconhecimento?

A

Comunicação Não-Violenta (CNV), desenvolvida

pelo

psicólogo

norte-americano

Marshall

Rosenberg e sua equipe ao longo de 50 anos, nos convida a olhar para situações de atrito de outra maneira, explorando possibilidades de colaboração

e compaixão em vez de reações típicas pautadas por uma lógica viciada. À base de princípios universais como paz, justiça, dignidade, segurança, liberdade e amor, a prática defende que é possível se relacionar de forma clara, mesmo perante comportamentos desafiantes.


“É possível falar sem machucar” A estratégia é levar a atenção para além das

palavras e abrir a mente e o coração para o real sentido por traz delas. Inicialmente, os exercícios de CNV foram realizados em escolas marcadas por brigas de gangues de rua nos Estados Unidos. Hoje, estão presentes em mais de 65 países. O inglês Dominic Barter, após anos de convívio com Marshall (falecido em fevereiro de 2015), preside o conselho do Centro Internacional de Comunicação Não-Violenta. Radicado no Brasil há 23 anos, dedica-se a projetos que aplicam os Círculos Restaurativos, processo de resposta comunitária ao conflito nascido nos morros do Rio de Janeiro e utilizado por instituições, grupos e sistemas como o de justiça. A comunicação como veículo de paz é o assunto das próximas páginas.


“É possível falar sem machucar” Em suma, o que é a Comunicação Não-Violenta? É uma maneira de focar a atenção naquilo que nos une. Normalmente, estamos focados em nossas diferenças e não em nossas semelhanças. Isso permite enxergar a diversidade, mas também pode gerar separação. Até mesmo nas famílias. Como pai de uma adolescente, vejo o surgimento de uma pessoa com ideias próprias. Porém, às vezes não concordo com as ações dela. Só que a punição nos custa muito enquanto pai e filha e é pouco eficaz. Prefiro, então, engajar minha filha num diálogo respeitoso e firme. “Quando vejo você tomar essa atitude, fico bastante preocupado. Me importo

muito com seu futuro e quero entender o que você está procurando quando age assim. É a liberdade que está prezando? Ou o que interessa é fazer parte do grupo?”. Os acordos que resultam disso

têm muito mais chance de serem cumpridos.


“É possível falar sem machucar” Às vezes, falamos a verdade do que estamos sentindo e geramos mais atrito. Como favorecer a compreensão de visões diferentes? A CNV coloca nossa atenção no sentido do que o outro está dizendo, que não é necessariamente expresso pelas palavras usadas. Cada expressão, mesmo aquelas mais desafiadoras de ouvir, são tentativas de demonstrar valores e princípios muitas vezes compartilhados por todos. Por trás de algumas das atitudes mais destrutivas que já tive

contato, havia o desejo frustrado de contribuir para a justiça, a verdade, o amor e a compreensão.

Ouvi milhares de pessoas que

cometeram atos dolorosos e posso dizer que nunca houve uma ocasião em que a motivação mais profunda para tanto não fosse algo

que eu também encontrava em meu coração.


“É possível falar sem machucar” Esses valores estão ocultos até que a gente escute não somente o que a pessoa fala, mas também a humanidade de quem fala.

E como podemos fazer isso? Não existe um “como” para conseguir escutar o outro. No momento em que estabelecemos o “como”, colocamos o poder de agir em algum lugar externo a nós, como se fosse estranho ouvir o outro com sua humanidade. Não tem nada de estranho nisso. O que é estranho é as pessoas não se comportarem mais assim. Vale lembrar que sentimentos de satisfação ou insatisfação não vêm de fora. Não é o outro que faz você feliz, nem irrita você.


“É possível falar sem machucar” Assumir

a

responsabilidade

por

nossos

sentimentos traz imenso alívio para as relações. Comunicação Não-Violenta e não-violência são a mesma coisa? Não-violência é uma vasta área de pesquisa e ação sobre o comportamento humano e CNV é uma maneira de fazer a grandeza da nãoviolência ser simples e acessível no dia a dia. Como?

A escuta é um ótimo exemplo. Mesmo sabendo do poder que a escuta genuína tem de facilitar o entendimento, enquanto conversamos estamos mais preocupados em responder mentalmente ao

que

surge

no

discurso

do

que

em

ouvir

sinceramente quem está falando. Poucos minutos de escuta são capazes de mudar totalmente a maneira como entendemos o comportamento de

nosso parceiro, por exemplo, criando espaço para maior entendimento e satisfação na relação.


“É possível falar sem machucar” Isso vale para os grupos sociais?

Marshall Rosenberg foi chamado para mediar um conflito entre duas tribos na Nigéria. Demorou seis meses para aceitarem uma reunião geral. E, quando isso aconteceu, o clima era de muita

tensão (100 das 500 pessoas que formavam as tribos já haviam sido mortas). No início, Marshall perguntou o que cada tribo precisava para ter suas necessidades atendidas. Ninguém sabia responder. Só sabiam acusar uns aos outros.

Depois de ouvir críticas e julgamentos de ambos os lados, ele voltou-se para um dos chefes que xingou o outro grupo de assassino e falou: “Você está querendo dizer que sente raiva porque tem necessidade de segurança e que para conseguila, preferiria que os conflitos fossem resolvidos de forma menos violenta?”.


“É possível falar sem machucar” “Sim, é claro!”, respondeu o chefe. O líder do lado rival estava revoltado e disse que o grupo adversário sempre os dominou e que não iria mais tolerar isso. Na mediação, Marshall disse: “Você está revoltado porque é essencial que haja igualdade?”. “Sim”, o outro respondeu. Marshall, então, perguntou aos dois se concordavam com o entendimento que ele tinha feito da situação. Quando os dois confirmaram, o primeiro concluiu: “Se soubéssemos nos comunicar da forma como você está nos ajudando a fazer, não precisaríamos mais nos matar!”

Por que nos comunicamos de maneira violenta? Por acreditarmos que os outros são a fonte do

nosso bem-estar ou mal-estar e por termos exaurido

nossas

tentativas

compreendidos por eles.

de

sermos


“É possível falar sem machucar” A violência acontece quando abrimos mão do outro ou nos impomos a ele, achando que não é possível que os dois ganhem ao mesmo tempo. Ninguém gosta da violência, mas a justificamos dizendo “eu ou ele”, em vez de “eu e ele”.

Recentemente, em um Círculo Restaurativo com um jovem infrator e a família que sofreu seus atos, ouvi o desabafo “ele me desrespeitou, e mereceu o que recebeu” ser transformado em “eu não

gostei da forma que ele me tratou. Queria que ele me respeitasse e só sabia dizer isso daquela forma. Mas foi mal, agora tenho que viver com isso para o resto da minha vida. Nunca mais quero me

expressar assim”. Para a família, essa diferença teve um impacto forte. Juntos foram capazes de pensar em maneiras práticas para esse jovem aprender a dizer o que pensa sem ameaçar nem machucar.


“É possível falar sem machucar” Numa boa comunicação, o que vem primeiro: a razão ou a emoção?

Elas caminham juntas. Emoção é outra forma de razão. As melhores escolhas são aquelas que sentimos e não somente pensamos. Qual o papel do conflito? Entendo conflito como um mecanismo de feedback que avisa quando algo mudou. Então, pode ser visto como uma força que nos mantém conectados

à atualidade, um motor de inovação, crescimento e desenvolvimento. Perdemos isso quando olhamos para o desacordo como algo a ser evitado. Se o escutamos verdadeiramente, temos a chance de

encontrar respostas que levam à evolução, como no caso da Nigéria.


“É possível falar sem machucar” A tensão social pode ser positiva?

Depende. O conflito em si não é violento. A questão é como respondemos a ele. De uma forma ou de outra, os conflitos pessoais e sociais em que estamos envolvidos nos pertencem. Os

conflitos não são dos outros, são nossos. Quando reconhecemos isso e começamos a escutar aquilo que mais queremos, aquilo que as pessoas às quais nos opomos mais querem e sabemos demonstrar isso a ponto de todos confirmarem que foram compreendidos, podemos começar a olhar as

questões

segurança, precisam).

em

ou

si

outros

(comida, recursos

terra, que

justiça, todos


“É possível falar sem machucar” Adotar uma prática espiritual pode ajudar nesse entendimento?

Flores nascidas no deserto do Atacama (Chile)

Para mim, esse processo de auto-observação e cuidado mútuo é em si uma prática espiritual. Até questiono a adoção de uma prática específica, como um acessório que acoplamos à vida como se a espiritualidade fosse praticada somente em momentos de meditação. Na verdade, não a vejo separada do dia a dia. Minha prática espiritual são os outros, somos nós, é a descoberta da comunhão onde parecia que ela não existia, do sim onde só havia o não. Texto: Carolina Berger http://bonsfluidos.uol.com.br


Para inspirar...

Quando começou a trabalhar com a street art, sua motivação inicial, assim como a de muitos artistas que se envolvem com a cultura e a filosofia do graffiti, foi a insatisfação com a ideia do que é arte e para quem ela é feita. Pejac não vê diferença entre a arte de rua, o muralismo e a arte clássica. São apenas maneiras distintas de pintar e se expressar. Seu interesse está em integrar e levar a arte à pessoas que nunca pisaram em um museu e quebrar preconceitos elitistas de que a arte é para apenas uma parcela da população. O trabalho de Pejac é extenso e o seu conhecimento sobre arte é enorme, o que se reflete em suas técnicas que vão do spray a tinta a óleo. Acesse sua página no face e saiba mais: https://www.facebook.com/pejac.es/?fref=ts Fonte: www.dionisioarte.com.br/


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Até a próxima !

(11) 97975-4570

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