Inteligência Afetiva na prática
Edição n°02 Outubro/2017
Flores de Pessegueiro
Nesta Edição:
Ciúme doentio e a Uma das causas bastante comuns do ciúme Emocional doentioDependência ou patológico é a Codependência É um tema polêmico, mas aqui vale discutir o ciúme quando causa sofrimento tal que envenena quem o sente e contamina a relação, levando a discussões, agressões verbais, desgaste, decepção amorosa e muitas vezes, finais infelizes. Neste processo, provoca muita dor, angústia, desconfiança, medo e raiva em todos os envolvidos. Este é o ciúme doentio. Quais as origens do ciúme doentio? Uma das causas bastante comuns do ciúme doentio ou patológico é a Codependência ou Dependência Emocional. Na cultura brasileira é muito comum o ciúme ser valorizado de tal modo que muitos acreditam que ele seja uma prova de amor. É um tema polêmico, mas aqui vale discutir o ciúme quando causa sofrimento tal que envenena quem o sente e contamina a relação, levando a discussões, agressões verbais, desgaste, decepção amorosa e muitas vezes, finais infelizes. Neste processo, provoca muita dor, angústia, desconfiança, medo e raiva em todos os envolvidos. Este é o ciúme doentio. Quais as origens do ciúme doentio?
Entendido como um estado e não como um sentimento, as causas do ciúme podem ser várias, desde um sintoma de alguns transtornos psiquiátricos até uma questão psicológica baseada, em geral, no medo da perda do outro, independentemente de haver fatos que comprovem este risco. No caso da Dependência Emocional, ocorre especialmente se o dependente veio de uma família disfuncional, onde não se sentia aceito, aprovado e amado.
Quando cresce, este indivíduo tem suas chances muito aumentadas de sofrer de Dependência Emocional do parceiro afetivo, com sua autoestima, autoimagem e autoconfiança prejudicadas, desenvolvendo um medo imenso de ficar só e se fixa neste outro ser como sendo a sua tábua de salvação. Necessidade de controlar? Por isto, desenvolve um jeito de ser disfuncional, na tentativa de obter o controle da situação e até da sua própria vida, começa a tentar controlar o outro, seus passos, seus olhares, o que faz, quem lhe envia mensagens no celular, quem se torna amiga dele nas redes sociais e outros comportamentos de perseguição. Assim, o tormento se instala em cada um e na relação, levando os dois à exaustão, pois, obviamente, nenhum controle é real e nenhuma segurança é alcançada com este processo que, ao contrário, tende a afastar o parceiro e, com isto, aumentar o sentimento de insegurança daquele que sofre do ciúme. E o parceiro não ciumento, como fica? Em muitos casos, o parceiro que se submete a este estado de Ciúme patológico também acaba enredado, pois começa acreditando que pode lidar com a situação e convencer o outro e enfim, tranquilizá-lo..
Para isto, tenta esclarecer as situações, os seus motivos, dá explicações ou satisfações, oferece provas das suas boas intenções e tudo isto não costuma convencer e, se funcionar, será por pouco tempo. Em seguida, quando percebe que isto não resolve a insegurança do outro, decide que é melhor protegê-lo ou defender-se e começa a não contar decisões que toma, como, por exemplo, sair com amigos. Se o parceiro ciumento descobre a situação não revelada, acusa o outro de “traição” ou más intenções e questiona duramente por que ele estaria “escondendo” aquele fato De nada adianta dizer que não contou pra não dar oportunidade de confusão e discussões. Ou seja, o companheiro não ciumento caiu na armadilha do ciúme doentio e não consegue sair. Qualquer coisa que fizer se volta contra ele. O que ele não percebe é que não está nas suas mãos resolver o problema do outro. Vale esclarecer que, se este parceiro se submete à tortura desta perseguição por um tempo prolongado, possivelmente também sofre de Dependência Emocional. Por isto ele continua na relação.
O ciúme tem tratamento? Enfim, o Ciúme Doentio demanda tratamento de psicoterapia (e, muitas vezes, o parceiro que se submete a isto também). O objetivo é libertar-se da necessidade angustiante de controlar o que é incontrolável, adquirir autoconfiança e curar feridas psicológicas. Tomar consciência disto pode ser algo desconfortável, mas, o que é pior? Perceber o fato e se encorajar para cuidar de si mesmo ou continuar sendo controlado por esta tortura psicológica, sem esperança de solução?
Autora: Dra. Elizabeth Zamerul Ally, médica, Mestre em Psiquiatria e Psicoterapia, especialista em Dependência Química e Codependência.
Indicamos a
leitura “Avaliação do Impacto da Violência entre Parceiros Íntimos na Saúde Mental da População Brasileira”
É o capítulo escrito pela Dra. Elizabeth Zamerul neste livro em formato de e-book, lançado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Neste capítulo, pode-se ter uma boa visão das inúmeras consequências na saúde mental dos envolvidos num relacionamento afetivo destrutivo.
“Avaliação do Impacto da Violência entre Parceiros Íntimos na Saúde Mental da População Brasileira”
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Tema sugerido pelo leitor
Em defesa da família tentacular
O presente texto de Maria Rita Kehl traz uma reflexão a respeito da idealização de um modelo de família, que se percebe através da escuta clínica. A autora refere, inicialmente, que uma das queixas muito frequente no consultório está relacionada ao lamento por não se ter uma família dita “normal”, ou ainda, neste sentido, por não se ter uma verdadeira família.
A verdade é que no contexto contemporâneo a família que se forma está orientada em uma lógica diferenciada daquela dos padrões éticos e estéticos vivenciados pela
sociedade burguesa do início do século XIX a meados do século XX no Ocidente, e apresenta, portanto, uma outra configuração. O que se percebe é que prevalece um discurso institucional aberto estimulado e veiculado por entidades consagradas socialmente como a imprensa, a
escola, e os profissionais da área da educação, e até mesmo da área psi, que condiciona os atuais problemas sociais à “desestruturação” da família.
Mas de que família se fala quando se fala em família normal, estruturada, verdadeira, tradicional? Pai, mãe e filho (s)? Casamento monogâmico e documentado? Hierarquia e patriarcalismo? Não seria este modelo justamente o que permitiu a Freud, em sua época, realizar uma leitura da neurose? A que custo (psíquico, sexual, emocional) este modelo se sustentou na modernidade? Não seria este modelo um ideal de amparo do pai? Mas de quê amparo se fala, então? De um amparo à
continência do desejo, já que este modelo traz também uma
certa
impossibilidade
de
escolha?
Neste último século, não se pode negar o deslocamento do lado das mulheres – inserção no mercado
de
trabalho,
descoberta
e
o
uso
do
anticoncepcional – e as consequências das múltiplas possibilidades de escolha que isto traz. Deste modo, um modelo em que o pátrio poder rege e centraliza a ordem das coisas não faz mais sentido, embora ainda seja idealizado. Porém, ainda assim, se paga um preço por esta liberdade de escolha: a desinstitucionalização da família como laços sólidos e duradouros e a dívida por não estabelecermos os laços da mesma forma que as gerações passadas estabeleceram.O que rege as relações
nos tempos atuais são as leis dos afetos e impulsos sexuais, padrões não tão confiáveis e duradouros. Bemestar, prazer, satisfação imediata são as leis de mercado que perpassam o dia-a-dia do sujeito contemporâneo.
Maria Rita Kehl denomina FAMÍLIA TENTACULAR a um novo tipo de família, que não é mais extensa, como a prémoderna e que aos poucos vai perdendo a característica nuclear da família patriarcal e burguesa. Família que tem como característica a inversão da dominação masculina e que exige uma nova conceitualização pois são ditas como co-parentais, recompostas, biparentais, homoparentais, etc.
Família
tentacular:
irmãos
não
co-sangüíneos
convivem com padrastos, madrastas das novas uniões de
seus pais e estabelecem vínculos profundos com pessoas que não fazem parte do “(...) núcleo original de suas vidas” (KEHL, 2003: 169). São árvores genealógicas hiperramificadas. A base erótica e, portanto, instável, de
sustentação dos casais já não mais é escondida. Os filhos não são mais o objetivo único da união conjugal e quando o casal rompe os laços, eles se tornam
a prova viva das apostas no amor que um dia os pais idealizaram. Surge, então, a função fraterna, na qual os
irmãos parecem ser os laços mais duradouros, os vínculos mais confiáveis em relação ao que se poderia esperar dos adultos. Função esta complementar a função
paterna
na
constituição
do
sujeito.
A família e a crise ética contemporânea: Seriam os novos arranjos familiares os responsáveis pela
crise
ética
que
ocorre
na
sociedade
contemporânea? Percebe-se que há uma contradição, quando justamente, os grupos responsáveis pela
contestação à família dos anos 60, hoje são justamente aqueles que reivindicam um retorno a esta família nuclear: pares homossexuais, por exemplo, lutam pela institucionalização de sua união, pela adoção de filhos.
Para Maria Rita, a família nuclear, hoje, está sendo mais valorizada do que nunca, pois traz para os sujeitos a possibilidade de abrigo ao desamparo que assola os sujeitos contemporâneos.
Como proposta de solução para a questão anteriormente exposta, Maria Rita coloca que, independentemente do arranjo familiar (pai, mãe, madrasta, padrasto, dois pais,
duas, mães, etc.), o sujeito irá se subjetivar edipicamente, desde que alguém se encarregue da função paterna e dos cuidados inerentes a função materna.
De
modo
geral, são estas as condições que configuram as
possibilidades de uma criação baseada na lei do incesto, e que permite ao sujeito se tornar parte da comunidade humana, um ser de linguagem, de desejo e barrado.
Neste sentido, do privado para o público, a a
função do papel de pai ou mãe, não depende de quem o exerce (se são pais separados, mães solteiras, pais homossexuais, madrastas ou padrastos), mas, sim, de que a pessoa que o exerce esteja implicada e responsabilizada
em
sua
função.
Para
tanto,
o
fundamento se baseia no desejo de maternidade ou no desejo de paternidade. O abandono que as crianças sofrem é, acima de tudo, um abandono moral, decorrente de um adulto ou mesmo adolescente, que não banca sua
diferença de geração diante delas.
Resenha do texto: KEHL, Maria Rita. Em defesa da família tentacular. Por: Débora Cristina Rocha da Costa Psicóloga – CRP 07/13640
Post escolhido:
Emoção positiva
“A crença de que existem maneiras rápidas de alcançar a felicidade, alegria, entusiasmo , conforto e
encantamento,
em
vez
de
conquistar
esses
sentimentos pelo exercício de forças e virtudes pessoais, cria legiões de pessoas que, em meio a grande riqueza, definham espiritualmente.
Emoção positiva desligada do exercício de caráter leva ao vazio, a inverdade, a depressão e, a medida que envelhecemos, a corrosão de toda a realização que buscamos até o último dia de vida. O sentimento
positivo que vem do exercício de forças e virtudes, e não de soluções rápidas, é autentico.” Livro: A Verdadeira Felicidade Autor: Martin Seligman
Nossa Programação Encontro – Papeando com a Dra. Beth:
“Comunicação Não-Violenta nas Relações Afetivas” Você terá a oportunidade de conversar e tirar suas dúvidas pessoalmente com a Dra. Elizabeth. Esperamos por você! Dia: 29/10 (domingo) às 16:45h Inscrição: R$ 25,00 Ingressos antecipados - Vagas limitadas ! Envie e-mail para: secretaria@dependenciaecodependencia.com.br ou (11) 97975-4570 whatsapp
Cine Debate - Relacionamentos Afetivos:
“Cinquenta Tons de Cinza” Dia: 26/11 (domingo) às 16:45h Inscrição: R$ 25,00 Ingressos antecipados – Vagas limitadas! secretaria@dependenciaecodependencia.com.br ou (11) 97975-4570 whatsapp
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