O Cidadão RIO DE
O Jornal do Bairro Maré JANEIRO - OUTUBRO/NOVEMBRO/2004 - ANO
VI
-
NO 37
O peso da questão racial na Maré
5
CRECHES SOFREM COM MUDANÇAS
10
RUAS DA MARÉ: ARY LEÃO
22
ATLETAS SUPERAM BARREIRAS
24
MEMÓRIA: VARGAS E A MARÉ
EDITORIAL
P
ensar na questão do negro no Brasil e na Maré não é fácil. São 500 anos de exclusão e de silêncio. A sociedade, após a “libertação” dos escravos, fingiu não reconhecer nenhum outro problema. No entanto, este povo que durante anos sofreu com a escravidão se viu “liberto” num país que não tinha estrutura, nem intenção de acomodar o negro na sua sociedade. Na Maré não é diferente. Nesta matéria podemos perceber que o negro, mesmo sendo maioria na comuCartilha DIEESE INSPIR nidade, convive diariamente com essas questões, ainda que muitas vezes não perceba, entenda ou reflita sobre elas. O dia-a-dia do bairro nos mostra que muita coisa ainda precisa ser mudada, mas aponta também ações de esperança que nos fazem acreditar na transformação. Mas o jornal vai falar também do problema das creches da Maré, do descaso públivo em relação ao lixo retirado dos valões, da Rua Ary Leao... Boa leitura!
O Cidadão é uma publicação do CEASM Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré Sede Timbau: Praça dos Caetés, 7 - Morro do Timbau Telefones: 2561-3946/ 2561-4604 Sede Nova Holanda: Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 - Nova Holanda Telefone: 2561-4965 Conselho
Gestor
Alexandre Dias Marielle Franco Rodrigo Siqueira Soraia Denise Vinicius Azevedo Editor : André Esteves Viviane Couto Coordenador de Reportagem: Hélio Euclides Secretários de Redação: Ligia Palmeira
Lúcio Mello
Reportagem : Elizabeth Cardoso Rosilene Matos Leonardo Marques Jornalista
Responsável:
Marlúcio Luna (Reg. 15774 Mtb)
ELES TAMBÉM LÊEM O CIDADÃO
Ilustrações: Tcharles Gerente de Márquetim: Paulo José
Renata Souza
Hélio Euclides
Publicidade: Cristiane Ferreira Diagramação: José Carlos Bezerra Foto de Capa: J. Ripper Repórter Fotográfico: Renata Souza Distribuição: Elisiane Alcântara (coordenadora) Arthur de Almeida Sheila Oliveira Givanildo Nascimento Michele Nunes Elizângela Felix Charles Alves Rosiane Baptista
À esquerda: Alessandro Manfre, músico da Vila do Pinheiro Acima: Aurelino, faixa-preta de Karatê.
Fotolitos / Impressão: EDIOURO Tiragem: 20 mil exemplares Correio eletrônico: Página virtual:
Programa de Criança
BR PETROBRAS
jornalmares@bol.com.br www.ceasm.org.br
Uma conquista dos moradores da Maré
A impressão deste Jornal foi possível graças ao apoio da
O Programa de Criança Petrobras atende a diversas escolas públicas da Maré.
EDIOURO
Promove oficinas e atividades que se tornam extensão da sala de aula.
Rua Nova Jerusalém, 345 Bonsucesso Tel: 3882-8200 Fax: 2280-2432
PERFIL Renata Souza
Miro
O Cantador de Histórias Nome: Eduardo Duque Idade: 29 anos Comunidade: Vila do João
E
duardo Duque morou na Nova Holanda até 1982, quando sua mãe conseguiu uma casa na Vila do João. Miro - que se chamaria Waldomiro numa homenagem ao avô, mas que não vingou por causa de um desentendimento de seus pais - tem um longo histórico de participação em diversos projetos e movimentos sociais no bairro. A conquista da vaga na universidade pública teve a ajuda de sua família, que sempre deu muita importância à educação. “Se tirasse nota vermelha, não poderia fazer as coisas que gostava e teria que ir para a explicadora. Diminuía o tempo de brincar”, lembra ele. O investimento fez com que Miro prosseguisse os estudos, concluindo o segundo grau técnico em Mecânica, na Escola Ferreira Viana. O passo seguinte foi ingressar na faculdade de Licenciatura em Educação Artística na UFRJ. Nosso personagem hoje é professor de música do Estado e do Município... e trabalha na Rede Memória, no CEASM. A história de Miro no mundo da música começou com o aprendizado de violão para animar as missas. O desenvolvimento da técnica musical veio quando ele começou a freqüentar oficinas de música na UFRJ, onde aperfeiçoou o violão e o cavaquinho. Incentivado pelos professores, prestou vestibular para música e passou. Durante a faculdade participou de um grupo de choro: o Avenida Brasil. Também integrou o Universamba, que depois virou Samba Total. O grupo, formado por ele e alguns colegas da faculdade, tocava à noite e o dinheiro arrecadado ajudava a pagar as despesas da faculdade. Miro teve ainda experiências com outras bandas: Mais que Samba e Sarrafusca. Agora, pretende fazer uma tese de mestrado sobre o Gato de Bonsucesso, falando das relações de uma Escola de Samba dentro da favela. Hoje, ele tem o privilégio de dar aula numa escola onde estudou: Josué de Castro. Miro acredita que o papel de educar cabe principalmente à família e não pode ficar apenas nas costas do professor. Ele brinca e diz que na função pedagógica é necessário
ir de Piaget a Pinochet. “A Secretaria de Educação não investe. Temos que dar aula de música sem instrumento e com uma quantidade de alunos absurda. Tentamos dar liberdade para eles criarem, orientando de vez em quando. Os alunos fizeram uma avaliação dos professores e eu fiquei em penúltimo.(risos) Mas os professores que mais pegaram firme comigo foram os que mais me ensinaram”, lembra ele. Outra participação importante de Miro na vida da comunidade foi a sua atuação na Pastoral da Juventude da Paróquia São José Operário, um grupo da Igreja Católica que incentiva o engajamento social dos jovens. Chegou a ser coordenador do grupo, mas não participa mais por falta de tempo. Mas ainda considera-se um militante em outra esfera. “A participação na Pastoral ampliou muito a minha visão sobre o meu papel na sociedade e na universidade”, afirma. A professora Jaqueline Luzia da Silva, 26 anos, moradora da Vila do Pinheiro, amiga de Miro da época da Pastoral descreve algumas características do amigo: “O que admiro nele é a dedicação com que participa de todas as atividades”. Mas, você deve estar se perguntando: Por que o título O Cantador de Histórias da Maré? É que Miro também participa do grupo de contadores de histórias da Rede de Memória do CEASM, que trabalha na formação de moradores para recuperar a tradição de histórias, causos e lendas no bairro. Por isso não se espante se você encontrar Miro por aí contando histórias como O Casamento da Palafita, A Mulher Loira, O Porco com Cara de Gente e o Ensopado de Cobra...
Como vovó já dizia Formigas Se quiser manter alimentos a salvo de formigas, faça em torno deles uma barreira com talco ou cascas de pepino; Pó de café usado é ótimo para botar dentro dos armários onde há formigas; Um pouco de tabaco picado (que pode ser obtido com cigarro desfeito) impede que as formigas doceiras avancem sobre sua sobremesa.
Evitando insetos Moscas Um pé de arruda ou mesmo um galho seco desta planta é tiro e queda para espantar as moscas. Mosquitos Ponha alfazemas na cabeceira da sua cama em um sachê ou respingue gotas de essência nos lençóis e fronhas. Suma com mosquitinhos colocando sobre a mesa um prato com leite ou vinagre com pimenta.
" O Cidadão
Decisões do poder público afetam creches Renata Souza
m espaços populares como a Maré, as creches são instituições com múltiplas funções na vida dos moradores. Uma delas é permitir aos pais trabalhar sem a preocupação de como estão os filhos deixados em casa. Uma das muitas beneficiadas é Maria Aparecida Duarte, 49 anos, moradora do Morro do Timbau: “Minha filha Yasmin precisava de uma creche, que eu não tinha condições de pagar. É muito importante ter alguém que cuide dos nossos filhos. A creche para a mãe que trabalha é tudo”, conta Mas as creches da prefeitura estão passando por reformulações administrativas. Antes, elas eram pensadas como o lugar onde se cuidava das crianças. Agora, uma lei federal inclui a idéia de creche como centro de educação infantil no Sistema Municipal de Educação. Para cumprir a lei, desde o início de 2003, a Prefeitura está transferindo a coordenação das creches da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) para a Secretaria Municipal de Educação (SME) . A transferência em curso atinge quase todas as creches. Só que muitas tiveram
E
Coordenadora da creche diz que está com medo de ficar sem alimentação.
dificuldade para atender às exigências da SME, o que gerou atrasos nos pagamentos e no processo de transferência. Houve casos de unidades que chegaram a ter o convênio com o município interrompido. “Estamos
tentando fazer o convênio com a Secretaria Municipal de Educação, mas o problema é a documentação. Hoje sobrevivemos da ajuda de uma ONG e de doações de moradores”, informa o funcionário de uma creche na Maré.
Mudanças atingem mães e crianças Quando a burocracia dá as cartas, quem sofre é a comunidade. Uma creche com capacidade para 75 crianças atende hoje a apenas 24. A instituição já tem uma lista de crianças pré-matriculadas e espera o convênio sair. Foi a solução encontrada pelo gru-po de gestão autô-noma, for-mado por nove morado-res voluntários para manter as atividades. Outras creches não ficaram satisfeitas com o novo acordo. “Agora tudo vai ficar mais apertado. Antes recebia R$ 3.200 para a alimentação, o dinheiro dos funcionários e mais uma verba para pagar as contas. Agora só vou receber R$ 3.150”, diz a presidente de uma creche, que também preferiu não se iden-tificar. Já Maria Matilde, da SME, explica que foi feito um cálculo
de 105 reais por criança. “As creches conveniadas já têm uma entidade que as mantém por ser filantrópica. Seria uma questão delas mostrarem planilha de gastos e argumentarem na SME”, explica. No entanto, bastou um passeio pela comunidade para mostrar que nem todas as creches conveniadas têm ajuda. “Estou buscando parcerias, mas é difícil. Quero ver quando tiver que pagar férias, décimo-terceiro salário, dissídios. Não tenho esperança porque nas reuniões mostramos as notas fiscais e todo mundo reclama que não dá. A SME sabe que o dinheiro não é suficiente. Eles dizem que não podem fazer nada, que temos que arranjar parcerias, como se fosse fácil. Eles sempre atrasam o pagamento por burocracia e dizem que a culpa é nossa”, desabafa a presidente de uma creche. Além disso, algumas creches não têm espaços adequados, obrigando seus administradores a fazer malaba-rismos para continuar funcionando.
O Cidadão # Renata Souza
Políticas públicas seriam solução Para a estudante de pedagogia e colaboradora da creche Nova Holanda Regina Celi Cardoso, 40 anos, uma alternativa seria a implementação de políticas públicas: “Existe uma lei que obriga o pagamento de auxílio-creche. Os órgãos competentes deveriam fiscalizar esta lei. Ou então, determinar que todas as empresas tenham uma creche para seus funcionários. Implantar mais creches públicas e cursos de formação específicos para profissionais, e sua valorização, também são boas iniciativas”, opina. Existem dois tipos de creches na Maré: as municipais, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação; e as
conveniadas, que são filantrópicas e recebem apenas apoio nutricional da prefeitura do Rio. Algumas conveniadas continuam sendo atendidas pela Secretaria Munici- Creche do Parque Maré pal de Desenvolvimento Social por meio dos Núcleos de Atendimento à Criança (NAC). É o caso da Creche Tia Mimi, que atende a 80 crianças. “A creche está em um período de transição. Estamos cumprindo
exigências. Espero que até o ano que vem passe para a Secretaria de Educação”, conta Severina Jenuária, 44 anos, moradora do Parque Proletário Rubens Vaz e que trabalha na creche.
Tia Dulce: Antiga creche atende jovens Renata Souza
A creche Tia Dulce fica na Vila do João e foi construída em 1983 pelo presidente João Figueiredo. Seu nome é uma homenagem a sua esposa, Dulce Figueiredo. A creche já atendeu a milhares de crianças e foi até fechada por falta de recursos. Atualmente, o espaço abriga o projeto Jovem Pela Paz , que trabalha com atividades artísticas ou esportivas . Agora estão abrindo inscrições para aula de alfabetização para pessoas a partir de 15 anos. Grupo da Associação de Moradores da Vila do João (AMOVIJO) que ajudou a reformar a Creche Tia Dulce
Humor Cidadão DESTINO POLÍTICO Numa noite escura, um ônibus voltava de uma carreata por diversas favelas cariocas trazendo um punhado de vereadores assistencialistas, daqueles que montam tendinha para cortar cabelo de morador, dar peixe, dentadura, roupa velha, etc. Bem do ladinho da Linha Vermelha, o ônibus lotado de políticos sai da pista, capota duas vezes e cai num terreno baldio e deserto na Maré. Um morador acorda assustado. Ao se deparar com aquela terrível visão, rapidamente começa a cavar um buraco, onde enterra os corpos. Alguns dias depois, um investigador bate a sua porta para fazer várias perguntas sobre o acidente. - E onde estão os políticos? - Eu enterrei eles naquela cova ali! - Mas estavam todos mortos? - espanta-se o policial. - Bem... alguns diziam que não... mas o senhor sabe como os políticos são mentirosos!
$ O Cidadão
Canais da discórdia na Maré Lixo retirado dos valões de três comunidades gera briga entre Estado e Prefeitura Arquivo Pessoal Os canais fluviais da Maré são pequenos e cortam as diferentes comunidades da Maré, servindo para escoar a água da chuva e o esgoto de grande parte da região da Leopoldina. Mas com um olhar mais atento, dá para perceber que não é só esgoto que chega pelos canais na Baía de Guanabara. “Encontramos de lixo doméstico à chassi de moto e de carro. Fico impressionado porque é muito lixo para galerias tão pequenas”, diz Luis Cezar da Silva, encarregado de obras da Serplex, empresa contratada pela Secretaria Estadual de Rios e Lagoas (Serla) para limpar os canais, depois de 11 anos. Apenas quatro canais foram Moradores catam lixo nos resíduos retirados dos canais e que foram jogados na Vila Olímpíca. contemplados pelas obras: dois na Nova Holanda, um na Baixa do Sapateiro e outro Comlurb, mas não deixaram porque era área na entrada da Vila do Pinheiro. O serviço da Prefeitura”, diz Silva, da Serla. A Comlurb rebate dizendo que o lixo começou em junho e foi feito por 20 pessoas, durando cerca de 40 dias. A era contaminado e deveria ser jogado em Durante alguns dias, o lixo foi limpeza duraria metade do tempo se fosse lixões apropriados. colocado na Vila Olímpica e no Salsa e “Como representante da limpeza feita periodicamente. Foram retirados cerca Merengue. A explicação da Serplex é a urbana, tentei evitar que façam da Maré uma de cinco mil metros cúbicos de lixo. seguinte: “Colocamos na Vila Olímpica Aobra não teve grandes problemas lixeira. Todo serviço que é contratado tem porque não podíamos colocar aquele lixo até a hora de conseguir um lugar para o lixo um planejamento, um destino final. Tirar de molhado no caminhão, porque ia escorrer e molhar as ruas. Esperamos secar e retirado. A questão desembocou no eterno um lugar na Maré e pôr em outro lugar da retiramos tudo” – explica Luís. Maré não adianta”, diz Agnaldo da Silva conflito entre Estado e Prefeitura. Uma parte foi para o Salsa e “Tentamos usar um terreno da Moraes, gerente de divisão da Comlurb.
Sujeira circula pela comunidade
Arquivo Pessoal
Faltam trabalhos pedagógicos Canais são limpos na Maré.
Fazer a limpeza dos canais é muito importante. O problema é que esses projetos pecam na falta de maior diálogo com os moradores. Existem propostas como a da Cedae, de fazer um trabalho de conscientização ambiental, mostrando a todas as comunidades o trabalho que dá para a água chegar até a casa do consumidor e como
conservar os canais. A questão é saber quando esses projetos sairão do papel e começarão a fazer parte da vida do morador. “Fiquei sabendo que, em dias de chuva, crianças tomam banho nos valões. Ponham o lixo na Comlurb, que é tão pertinho, não tem gasto e evita problemas”, sugere Agnaldo Moraes, da Comlurb.
Merengue para fazer um aterro, a pedido da associação de moradores. De acordo com a Serplex, o material crítico foi levado para o lixão de Caxias e de Catiri. O lixo que ficou na comunidade não apresenta perigo porque a população não terá como entrar em contato com ele.”- afirma. O presidente da associação de moradores da Vila do Pinheiro diz que o lixo serviu para tapar os buracos do CEAC, uma escola que fica atrás do Salsa e Merengue porque estava dando rato. A ADL disse não ter responsabilidade sobre o destino do lixo. Arquivo Pessoal
Lixo foi jogado atrás do Salsa e Merengue.
O Cidadão %
SILVA PINTO BAZAR
SANTOS TURISMO
PASSAGENS RODOVIÁRIAS SÃO GERALDO ILHEUS ITABUNA JOÃO PESSOA MACEIÓ NATAL NOVA CRUZ PORTO SEGURO RECIFE SAMPAIO
Tintas - Pisos Louças - Metais Materiais Elétricos e Hidráulicos
Telefones: 3885-0869 2573-5769
APARECIDA JACAREÍ TAUBATÉ
6x sem juros Aceitamos Cartões de Crédito Financiamos em até 12 x Cheque ou Carnê
Rua Teixeira Ribeiro, 690 - Bonsucesso/RJ
GONTIJO IPÚ PETROLINA CRATEUS SOBRAL EXÚ SALGUEIRO GUARACIABA F. SANTANA NACIONAL PRADO LINHARES MOSSORÓ
ITAPEMIRIM ARACAJÚ BELÉM BRASÍLIA C. GRANDE FORTALEZA GUARABIRA ITABAIANA SÃO PAULO ÚTIL JUIZ DE FORA B. HORIZONTE BARBACENA
www.santosturismo.hpg.com.br
Aceitamos todos os cartões de crédito. Parcelamos em até 3x sem juros
COMPRE SUA PASSAGEM EM ATÉ 12 VEZES AÉREA: VARIG - VASP - TAM - GOL R. TEIXEIRA RIBEIRO, 650 R. DOIS, 301 - V. DO JOÃO
Tel.: 2560-7576 / 3868-4173
Tel.: 3869-7858
O CIDADÃO O Jornal mais lido da Maré. São 20 mil exemplares distribuídos de forma gratuita por todo o bairro. LIGUE E ANUNCIE - 2561- 4604 / 2561- 3946 - De 2ª à 6ª das 15 às 18 hs.
PET SHOP CANARINHO DOS ANIMAIS
PLANTÃO O Cidadão
ENTREGAMOS EM DOMICÍLIO PRODUTOSVETERINÁRIOS * RAÇÕES EM GERAL NACIONAIS E IMPORTADAS * PRODUTOS DE JARDINAGEM
Apareça e dê sua sugestão de matérias, colabore com críticas, poesias ou qualquer outra contribuição.
ARTIGOS PARA PESCA * PEIXES ORNAMENTAIS ACEITAMOS TODOS OS CARTÕES DE CRÉDITO Agora com banho e tosa (marcar horário)
BAZAR SENENSE
BRINQUEDOS • PAPELARIA • UTILIDADES EM GERAL
Promoção em toda linha:
Aceitamos todos os cartões de crédito e parcelamos em até 3 x sem juros* Av. Via A1 nº 83 Vila do Pinheiro Tel. 2230-6967 - Em frente ao mercado Q. nece e Clínica do Som
*Mínimo por parcela: R$ 30,00.
Tudo direto de fábrica com os melhores preços.
Sob Direção: Jacy Souza Rua: Praia de Inhaúma nº 95 - Timbau Bonsucesso - Tels.: 3869-8249 / 9963-6325
& O Cidadão
CRÉDI
ALDES MÓVEIS MÓVEIS ESTOFADOS COLCHÕES
Entrega rápida e garantida
ALDES
6X
Telefax: 2260-6642
Mensagens de: Aniversários - Romanticas - Paquera Reconciliação - Ficante * Local ______________ * Celular ____________ * Interior do Estado ___ * Outros Estados ______ * Internacional _______
R$ R$ R$ R$ R$
4,00 5,00 6,50 8,00 15,00
Tel.: 3105-0153 / 3881-6521 Cristina / Zezé Via C4 - nº 31 - Pinheiro
Venha conferir os nossos preços. Em breve açougue e horti-fruti. Entrega à domicílio
(1+5)
Toda linha de móveis em sem juros ou em até 12 vezes VENHA E COMPROVE RUA TEIXEIRA RIBEIRO, 710 - BONSUCESSO
T elemensagem e Cestas de Café da Manhã
Mercado Q. Nice
Em frente ao Bazar Senense
s s todos o o m a it e c A e t ic k e t cartões refeição
Via A1, 84 - Pinheiro - Tel: 3881-7908
LIGUE E ANUNCIE 2561-4604 2561-3946
REGIDAL MADEIRAS TUDO EM MADEIRAS PARA SUA OBRA
TELS.: (21) 2290-9286 / 2270-2142 A CEITAMOS TODOS OS CARTÕES DE CRÉDITO , INCLUSIVE C ONSTRUCARD ÓTIMO PREÇO EM TÁBUA DE PINUS
Rua Praia de Inhaúma, 318 - Loja Bonsucesso RJ (Próximo ao SESI)
MAREMOTO INTERCOM MAREMOTO INTERCOM INTERNET COMUNITÁRIA Telecentros e o Plano de Inclusão Digital
¿ Video Conferência ¿ Acesso Laptop ¿ Gravações de CD ¿ Cartão de Visita ¿ Fax ¿ Currículos ¿ Consertos e Manutenção de Computadores ¿ Peças
O combate à exclusão digital, a desigualdade tecnológica e o acesso à informação, aumentam o abismo entre ricos e pobres, sendo a mais nova face da exclusão social. Diante deste quadro, a Ass.Com. e Escola de Radio Progresso (A.C.E.R.P.) elaborou o Plano de Inclusão Digital, que consiste em implantar Telecentros nas áreas mais carentes da cidade, além de ações de aprendizagem da informática, cidadania e bom uso das ferramentas da rede mundial de computadores.
Objetivos 1 - Diminuir os índices de exclusão digital e social; 2 - Capacitação profissional; 3 - Requalificação do espaço do entorno da unidade, através do aumento do fluxo de pessoas nas ruas da região; 4 - Disseminação de Softwares Livres; 5 – Jornalismo e Radio Comunitária, através de paginas criadas nos próprios Telecentro.
Como funcionam os Telecentros Telecentros são espaços com computadores conectados à Internet banda larga. Cada unidade possui entre 10 e 20 micros. O uso livre dos equipamentos, cursos de informática básica e oficinas especiais são as principais atividades oferecidas à população.
Uso Livre O uso livre dos equipamentos é a única forma do cidadão aprender a utilizar tecnologia, suprindo suas necessidades. O único conteúdo estritamente proibido é a pornografia. De resto, as pessoas podem navegar livremente pela web, Efetuar pagamento de contas de Luz Água, telefone ou IPVA, fazer pesquisas, ler notícias, participar de salas de bate-papo, Vídeo Conferencia, jogar on-line, digitar documentos e currículos, enviar e-mails e aproveitar todos os outros recursos da Rede Mundial de Computadores.
O Cidadão '
NAS REDES DO CEASM
INCLUSÃO RIMA COM EDUCAÇÃO Alunos de CIEP utilizam a informática como complemento pedagógico Hélio Euclides
o CIEP Ministro Gustavo Capanema, alunos das turmas do ciclo e progressão utilizam o computador para auxiliar no desenvolvimento pedagógico. Cerca de 160 crianças, com idade de 8 a 14 anos, participam de segunda a quinta, manhã e tarde, de aulas de informática. Esse trabalho é possível graças a uma parceria da Prefeitura do Rio, do CIEP, do Programa de Criança Petrobrás e da Informática do Ceasm. São cinco educadores que mostram o mundo digital ao aluno: “Os programas utilizados são os oferecidos pela Prefeitura, atualmente o Kid Pix Delux 3, no que é possível estabelecer a criação com base nas discussões temáticas sobre a realidade social vivenciada. Com as crianças crescemos e buscamos informações que contribuem para a orientação do nosso trabalho” – explica a coordenadora e educadora de informática, Soraia Denise de Brito, 26 anos. “Adoro criança e gosto de computador, pois com ele passo conhecimento. Esse trabalho é gratificante. ” – diz a educadora Luciana da Silva Abreu, 20 anos. As aulas têm um tema central, onde os alunos conversam, discutem e depois vão aos computadores, seja para desenhar ou escrever. Desde o início do ano, o CEASM participa com instrutores e toda a metodologia: “É uma plantação. As aulas promovem a aprendizagem da criança, melhorando o processo de letramento, a leitura, a escrita, o lado lúdico e a habilidade” – comenta o educador George dos Santos Bezerra, de 31 anos.
N
Projeto faz rodízio para atingir toda a escola. O laboratório tem capacidade para 20 micros, mas só recebeu a metade. O problema se agrava quando se pensa que as classes são formadas por 30 alunos. Com isso, a turma é dividida em dois grupos. Uma parte fica com o professor regente na sala e os outros vão para o laboratório de informática. Cada aluno freqüenta as oficinas durante um semestre: “O computador chega no momento de construção, com desafio de unir o novo
Crianças aprendem informática na escola.
com o velho, construindo a aprendizagem. As aulas trazem mais uma linguagem posta na sociedade. É uma forma de inclusão” – relata a diretora do CIEP, Eliane Ferreira Silva. Os educadores participam dos centros de estudos, onde têm uma visão do trabalho do colégio: “O planejamento das oficinas na escola é articulado. Tem um
enfoque para a valorização da vida e cultura da Maré” – coloca a coordenadora de escola do Programa de Criança Petrobras, Laís do Nascimento, de 34 anos. As crianças gostam muito da informática, que é um estímulo na alfabetização: “Sei milhares de coisas, essa é uma chance de aprender mais” – fala a aluna Lucilana Santos Moraes, de 9 anos.
DO XT AO DELUXE O trabalho iniciou-se no Projeto Minerva em 1994, com um grupo de estudantes de Engenharia da UFRJ que eram instrutores de informática no CIEP. Na época existiam limitações como o computador utilizado: XT. Em 1996 os alunos iam até a Universidade e em 1999 o laboratório do CIEP foi retomado. Já em 2000 a escola entrou no projeto da prefeitura, entre 200 escolas que receberiam um novo laboratório. Então o espaço passou por uma obra e voltou a funcionar esse ano: “Hoje é outro projeto de informatização, com base na inclusão digital. São computadores de ultima geração. Esse trabalho com a tecnologia não é um apêndice, mas está no projeto pedagógico” – conclui a diretora do CIEP, Eliane Ferreira Silva.
O Cidadão
Rua de Ary e de leão rua Ary Leão disputa com a Roberto da Silveira o posto de via mais importante do Parque União. Ela abriga a associação dos moradores e é palco da tão esperada festa junina, que reúne moradores das comunidades vizinhas e é a maior curtição. É também aquela que tem a rádio de caixinha e a kombi que vai direto para Bonsucesso. Juntando tanta badalação social com o comércio variado, ficam claros os motivos de a Ary Leão ser uma das mais importantes vias do Parque União. Numa viagem ao passado, descobrimos que o primeiro presidente da associação foi um sargento reformado do exército. Seu nome é Antônio Maria de Azevedo, popularmente conhecido como Azevedo: “Quando cheguei aqui, a ocupação estava sendo feita pelos moradores e eu coloquei ordem. Vim acompanhado da polícia e expulsamos os maus elementos”, recorda Azevedo, que é dono do famoso forró do Bola Branca, hoje desativado.
Fotos de Renata Souza
A
A rua Ary Leão, no Parque União, foi aterrada com restos de concreto da Ponte Rio-Niterói
HISTÓRIAS DE UMA RUA A rua Ary Leão foi aterrada com restos de concretos, que eram jogados na Maré, da obra da Ponte Rio-Niterói. “Os moradores estruturaram a rua e a prefeitura só fez asfalto”, afirma Eraldo Santos, que mora há vinte e cinco anos na Ary Leão e ajudou a fundar a associação de moradores. Na rua existiam as marcações, mas ainda não havia casas de alvenaria. “As casas que tinham eram de madeiras. Então tiramos as de madeiras e fizemos de tijolos. O poder público não fez nada”, finaliza Azevedo. Agora você deve estar se perguntando de onde surgiu este nome. Segundo moradores, Ary Leão era um delegado. Alguns dizem que ele fez algo pela comunidade e outros dizem que ele não fez nada. Se você sabe os feitos desse delegado entre em contato com o CIDADÃO e tire essa dúvida. Afinal de contas, é bom saber quem é essa pessoa de quem tanto falamos. Azevedo presidiu a 1° associação de moradores
BOCA NO TROMBONE
+
Na rua João Magalhães, perto da Igreja Assembléia de Deus, tem 2 buracos enormes que podem causar danos à população. O asfalto cedeu há 3 meses e até agora ninguém tomou uma providência. Além disso, os garis comunitários chegam a capinar e a varrer a rua, mas só até em frente a Igreja. Na parte de baixo da rua, o mato está crescendo e a lixarada também. Outro problema é a iluminação. Perto do nº16, a rua está mal iluminada há um tempão. Ligo para a Rioluz e eles dizem que o problema é da associação de moradores. Ligo para a associação e eles dizem que é problema da Rioluz. Gostaria de saber como resolver essas questões. Vera Marta Alves, 40 anos, moradora do Morro do Timbau
O Cidadão Marcos
A Maré em Foco Curso forma fotógrafos populares A grande mídia, na sua maioria, apenas valoriza os pontos negativos das comunidades populares. Textos, imagens de TV e fotografias difundem ainda mais o preconceito e marginalizam esses espaços sociais. Com o objetivo de mudar a visão da sociedade sobre a favela é que surgiu o projeto Escola de Fotógrafos Populares, sediada na Casa de Cultura da Maré. O curso teve carga horária de 20 horas semanais e duração de 4 meses. A Escola teve como professores dois renomados fotógrafos brasileiros: João Roberto Ripper e Ricardo Funari. Esse projeto é uma realização do Observatório de Favelas, com a parceria do CEASM e financiamento de Furnas. O mais interessante do curso é a composição da turma, formada por 22 alunos de diversas favelas do Rio, visando assim a integração entre as comunidades e a formação de uma equipe intercomunitária de fotógrafos populares na cidade.
Francisco Valdean
Cristiane Barbalho
Cristiane Barbalho
Ripper
Fotos dos alunos e cedidas pelo Observatório de Favelas.De cima parra baixo: 1- Vista do Morro do Timbau feita da Ilha do Fundão. 2- A Nova Maré fotografada da torre da Vila Olímpica. 3- Dona Maria de Loudes posa com seu cachorro de estimação. 4- Morador de Rua no sofá embaixo do viaduto da Linha Amarela. Ao lado: estudantes do curso de fotografia.
O Cidadão
Maré de discrimin
Apesar de serem 65% da população do bairro, moradores negros sofre Cristiane Barbalho
N
ada menos que 65% dos 132 mil habitantes da Maré se declaram pretos ou pardos. É um número bem acima da média brasileira, onde 46% da população dizem ser negra. Mesmo assim, é fácil encontrar pessoas que sentem na pele a carga de pre-conceito acumulado no dia-a-dia da vida na cidade. Maria das Dores, hoje com 80 anos, foi uma das primeiras moradoras de Nova Holanda. Vinda de remoções de outros morros do Rio de Janeiro, logo viveu situações de preconceito. “Eu morava na antiga Favela do Esqueleto, onde fica hoje a UERJ. Quando chegamos aqui, não fomos bem recebidos. Meus filhos estudavam no Sesi e eram apedrejados. Minha filha foi jogada dentro do valão”, lembra. Na ocasião, ela achou que o motivo era unicamente o fato de vir de outra área da cidade. Pensou que era falta de hospitalidade o problema que, mais tarde, vários moradores identificaram como discriminação racial. “As primeiras comunidades da Maré foram se formando através de uma população basicamente nordestina. Eu acompanhei a criação da Nova Holanda e a
Maria da Conceição presenciou o processo de formação da Nova Holanda
transferência das pessoas que vinham dos morros para cá. Só vinham negros. Chegou a ser mais ou menos 80%... E nós que já morávamos aqui ficamos com medo, fechamos as portas e procuramos não ter contato nenhum com eles. As mães não
deixavam os filhos passarem para aquele lado de jeito nenhum. Era algo negativo”, diz Maria da Conceição Rodrigues, 43 anos, moradora do Parque Maré, estudante do 5º período do curso de Serviço Social na UFRJ. Cartilha DIEESE INSPIR
O Cidadão ! Cristiane Barbalho
nação
frem com o preconceito Racismo no cotidiano mareense No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que declarou extinta a escravidão no país. Mas a lei não acabou definitivamente com a escravidão. Os negros, agora “livres”, foram abandonados à própria sorte, sem trabalho, moradia ou quaisquer condições de vida. O Estado não assumiu nenhuma responsabilidade com eles. A realidade está à mostra por toda a parte. Na Maré, são poucos os comerciantes negros. Eles vivem em áreas diferentes dos nordestinos e não estão nas famílias com melhores condições financeiras. Não aprendem sobre a História da África e têm dificuldades para assumir sua raça, ter consciência de seu passado, suas lutas e enfrentar os desafios para mudar sua situação. As dificuldades que os negros enfrentam diariamente na Maré são parecidas com a de qualquer outro bairro do Rio ou região do Brasil. É difícil imaginar, mas em pleno século XXI, alguns pais ainda proíbem seus filhos de namorar pessoas negras. O assunto é tão complicado que foi fácil encontrar pessoas com histórias de preconceito para contar, mas elas preferiram se calar por medo de serem identificadas. Maria da Conceição foi uma das poucas que deu seu relato: “A minha família tinha uma resistência muito grande para se misturar com os negros e os nordestinos. Minha irmã namorou um negro e a família proibiu. Hoje, namora um cearense e a família já está aceitando, mais ou menos”. Fora da comunidade, a situação é ainda pior, como conta João Carlos da Silva, 48 anos, morador do Morro do Timbau: “Já passei por várias situações de preconceito. Uma vez, quando recebi o dinheiro de um emprego, fui até um banco para tentar abrir uma conta. Minha esposa e eu chegamos no caixa. que nem olhou pra ela. Apenas disse que para abrir uma conta necessitava de cem reais e chamou o próximo sem nem escutar a resposta. Ela tentou argumentar, mas a moça nem olhava pra ela e já estava atendendo outra pessoa. Foi quando chamei o gerente e mostrei o dinheiro. Aí tudo mudou. Isso só aconteceu porque minha esposa é baixa, forte e escura.
Maria das Dores e seus filhos sofreram preconceito ao chegarem na Maré
O branco sempre se sente o maioral”. Fatores como este contribuem para que haja uma estreita relação entre os negros e a dificuldade de ascender socialmente. Para um bom número de moradores da Maré, as áreas que são ocupadas na sua maioria por negros são as que mais enfrentam dificuldade para melhorar. “Quando fizeram a Nova Holanda a maior concentração de negros ficou no Duplex. E até hoje vemos que a pobreza lá é maior. Tem até barraco”, conta Maria da Conceição. Outro bom exemplo é a rua Alabama, no Morro do Timbau. O nome já remete a um dos estados americanos que ficou conhecido pelo forte preconceito contra os
negros. Há quem não sinta a discriminação racial na Maré: “Aqui é meio a meio, não tem essa de ter mais negros do que em outros lugares do morro. Aqui todo mundo é igual”, diz João Carlos. Mas outros moradores provam que não é bem assim: “Eles não sabem, mas por debaixo dos panos as pessoas chamam os espaços ocupados pelos negros de favelinha. É claro que há uma convivência, mas na hipocrisia. Quando somos oprimidos, tentamos oprimir os outros para nos sentirmos menos piores. Temos que acabar com esse sentimento de inferioridade, seja do negro ou do nordestino”, diz um morador da Maré que preferiu não se identificar. Adriana Medeiros
Estatísticas comprovam que crianças negras ingressam mais cedo no mercado de trabalho.
" O Cidadão
Mercado de trabalho ainda é restrito mercado de trabalho é outro fator que expõe a discriminação racial. Os entrevistados foram unânimes: é difícil para um negro arrumar emprego. E quando consegue, sobra sempre o trabalho pesado. “Modéstia a parte, eu era muito boa no que fazia. Inventava instrumentos para agilizar o serviço, orientava as colegas e tinha coisas que só eu sabia fazer, mas fiquei 22 anos na fábrica e saí de lá com o mesmo cargo. Nunca fui promovida”, conta Maria da Conceição. Os dados do Censo 2002, do IBGE, mostram que a renda per capita do branco é 2,5 vezes maior que a do negro. Ou seja, em média, enquanto a população branca tem uma renda mensal de R$ 407, a negra chega apenas a R$ 163. Sem falar que crianças e jovens negros começam a trabalhar mais cedo comparativamente aos brancos. Dia 18 de outubro comemorou-se o Dia do Comerciário. Até nessa área, é visível a diferença entre negros e brancos. segundo o fotógrafo Ubirajara de Carvalho, conhecido como Bira, morador da Nova Holanda: “Loja de roupa que é bem conceituada não contrata negros, homossexuais, idosos e gordinhos. São todos marginalizados. O preconceito é sutil e cruel”. Algumas pessoas discordam dessa distância financeira entre brancos e negros no comércio:
Deise Lane
O
Dificuldade de arrumar emprego leva o negro para o trabalho informal.
“Nunca reparei isso. Pode ser falta de iniciativa ou não ter vontade de ter comércio. Quem quer mete as caras, erra, mas tenta”, comenta a gerente de um armarinho, Luciana Santos, de 29 anos, da Vila do Pinheiro. A promotora de venda de um banco, que prefere ser chamada de Carla, conta que disputou a vaga com uma moça negra. A concorrente que perdeu o posto saiu falando que foi pela cor. “A verdade é que eu era mais preparada.
O racismo está na cabeça do próprio negro”, diz Carla, de 22 anos, moradora da Baixa do Sapateiro. Outros comerciantes admitem haver racismo: “Há preconceito, mas por minha parte não, contratamos por qualificação necessária. Nessa rede há muitos profissionais negros de altíssimo gabarito”, diz o auxiliar de escritório do Mercado Torre de Bonsucesso Leandro Rodrigues, de 25 anos, da Baixa do Sapateiro.
Identidade, auto-estima e mídia Hoje já se vê mais negros na mídia, a imagem da raça é explorada em campanhas publicitárias. Mas não está claro que isso represente uma mudança na visão da sociedade. Pode ser também mero interesse comercial, já que muitas empresas comercializam produtos para o público negro, principalmente as indústrias de cosméticos. “Hoje o negro não é excluído, acho que ele é mal incluído. As revistas voltadas para o público negro, por exemplo, vêem a inserção pelo consumo. E a cidadania?”, questiona Fabiana Santos de Almeida, 23 anos, estudante de Geografia, moradora da Marcílio Dias. Nas novelas e filmes, a participação de atores negros ainda é muito pequena e poucas vezes eles atuam em papéis de pessoas bem sucedidas. “Quem nós somos? Dos negros na novela hoje 10% são atores principais, 70%
são atores representando escravos ou empregados e 20% em papéis de marginais. A gente tem que saber quem nós somos. Na maioria dos filmes o negro é identificado como ladrão”, observa Alexsandro Manuel Gonçalves, 18 anos, estudante, morador da Baixa do Sapateiro há 7 meses. João Carlos da Silva, do Morro do Timbau, completa: “Acham que todo preto é ladrão e flamenguista. É só olhar o Planalto, tem tão pouco preto e flamenguista, mas ladrão...” Há quem critique a padronização dos negros que estão na mídia: ou alisam o cabelo ou pintam de louro: “Se for negro e tiver o cabelo grande enrolado está errado. Por que isso?”, protesta Grace Kelly, 21 anos, moradora da Nova Holanda. Grace toca no fato de os próprios negros negarem sua identidade. Na própria Maré existem pessoas que não assumem a sua
negritude. No Censo feito na comunidade, por exemplo, só 9,3% disseram ser pretos. enquanto 53,4% se classificaram como pardos ou morenos. Outra questão importante é a miscigenação. “As pessoas não param para pensar nessa miscigenação. Somos fruto de uma mistura. Eu me coloco como negra, porque não há outra definição, mas sou fruto de uma miscigenação e temos que discutir esse assunto. Os negros nos olham de lado porque não temos os mesmos traços que eles. O próprio mestiço, às vezes, se acha melhor que o negro. Só que nós também somos discriminados pelos brancos. Eu às vezes me pego rebatendo alguém que discrimina, mas em certas situações eu deixo escapar algum preconceito. São 500 anos de miscigenação. Eu estou fazendo um trabalho comigo mesma para desconstruir um processo consolidado há séculos”, desabafa Maria da Conceição.
O Cidadão #
Não ao racismo
As leis existem, mas...
Renata Souza
A
Maré não é só discriminação. Hoje a comunidade tem um movimento para pensar a questão do negro. A solução não é fácil, mas não é impossível e algumas iniciativas já apontam o início da mudança. Há cerca de sete meses surgiu o Núcleo de Apoio aos Angolanos e Amigos do Complexo da Maré (NAACM). A associação busca incluir no mercado de trabalho a comunidade angolana e brasileira. Eles formaram um centro de formação profissional, com cursos de informática, cultura e reflorestamento. A sede do grupo é na Associação de Moradores do Conjunto Pinheiro. Um dos motivos da criação do núcleo foi lutar contra a discriminação. “Relacionavam angolanos com traficantes, mas nunca houve provas, nem prisões. Somos do bem e estamos cumprindo as regras do país. Há uma ausência do consulado, que não entra aqui, por isso estamos assim abandonados”, relata o diretor Nísio Bernardo, de 29 anos. Outro trabalho importante é o do Programa de Criança Petrobras. Trata-se de um projeto do CEASM, que procura ampliar o campo de possibilidades educacionais, culturais e existenciais de crianças, adolescentes e jovens de escolas públicas da Maré, assim como de suas famílias. “Procuramos trabalhar essa questão mostrando a criança que ela é bonita enquanto negra ou mestiça, que não deve ter vergonha, pois ela não é pior, ou melhor, que ninguém. E mostrar aos que se consideram brancos isso também. É um trabalho de formiguinha. Trabalhamos a questão do negro mostrando a sua história por meio de filmes, oficinas, desenhos, auto-retratos e exposições. Observamos que a escola já começa a entender esta lógica. Também fizemos um trabalho com o grupo de pais para acabar com essa história de que a cultura negra tem a ver com religião. Muitos pais não deixavam os filhos fazer as atividades por causa disso e hoje, estão mudando”, explica Conceição.
Aline e Iraci não denunciaram vizinho.
Iraci e Aline Gregório, mãe e filha já sofreram preconceito. “Um vizinho chamou minha filha de negra suja. Falei que ia denunciar, mas fiquei com pena”, afirma Iraci. Os casos de racismo são comuns no dia-a-dia, mas não há denúncias e, muito menos, punições. Várias pessoas têm medo de denunciar ou preferem esquecer o preconceito que sofrem para não terem mais trabalho. Mas é importante impor seus direitos para evitar que essas situações continuem a acontecer. O racismo é crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão. O crime de injúria prevê pena de um a três anos de prisão, além de multa que depende
de representação da vítima. Os atos de racismo têm punição mais severas, variando de um a cinco anos de prisão e multa. O crime é inafiançável e imprescritível. O racismo no ambiente de trabalho tem sido visto como causa da extinção do vínculo empregatício. Nesses casos, o empregado tem direito de pedir as indenizações referentes ao contrato de trabalho e aquelas relacionadas à ofensa racial. É bom lembrar que existem delegacias especializadas em crimes raciais prontas para reprimir essas condutas e, onde elas não estiverem instaladas, as próprias delegacias comuns assumirão o papel.
Reprodução
A Rede Jovem também não deixa o mês da consciência passar em branco. “O objetivo deste evento é discutir todos os tipos de discriminação, cotas, raça e todos os tipos de opressões” - explica Alexandre Dias, 29 anos, integrante da Rede Jovem.
$ O Cidadão
Mar de antenas na Maré Aconteceu recentemente: uma onda de boatos e algumas notícias na imprensa alarmaram moradores de São Paulo, vizinhos de torres de transmissão de celulares. O temor era de que as torres das antenas poderiam trazer possíveis riscos à saúde, como o câncer para quem morasse nas proximidades. Muitos casos foram parar na Justiça. Na Maré, existem sete torres de antenas de celular. A empresa Claro é a que tem mais: são três (Conjunto Esperança, Vila do Pinheiro e Praia de Ramos). A Oi e a Tim possuem uma cada, na Vila do Pinheiro. A Nextel mantém mais uma na Baixa do Sapateiro. E a Vivo instalou a sua na Roquete Pinto. Algumas pessoas acreditam no perigo. “Elas causam problemas de saúde e atraem raios. Houve um grande debate em São Paulo sobre isso. É uma novidade, pois as
empresas querem que o assunto fique esquecido. Essa matéria vai conscientizar o povo”, declarou um morador da Vila do Pinheiro que preferiu não se identificar. Outros mareenses são mais descrentes: “Não prejudica em nada, a minha TV pega bem, o que falam é mentira”, disse Sônia Maria, da Baixa do Sapateiro. Os donos dos terrenos alugados para as companhias não estão nem aí. O mareense Carlos Alberto, de 45 anos, é um deles. “Morei nas palafitas. Sou nascido e criado aqui, e há quatro anos arrendei o terreno dentro do galpão para a Claro. Nunca ouvi reclamações. Eu vi uma vez que lá bateu um raio, mas isso é uma proteção para os moradores”, defendeu. Na Associação de Moradores do Conjunto Esperança estava sendo acomodado um espaço para uma base de telefonia celular. Mas depois de discordâncias, a parafernália foi para outro local: “Sei que cientificamente não traz doenças. Porém sou contra ficar próximo a residências”, explica o presidente da Nova Amace, Hildebrando Gonçalves, o Del.
Brechó da solidariedade Renata Souza
A Associação Remar do Brasil é uma organização nãogovernamental vinculada à Igreja Corpo de Cristo. A Instituição apóia pessoas com dependência química, alcoólatras, idosos e portadores de HIV. A Associação funciona em diversas cidades do Brasil. No Rio, a entidade oferece camas limpas, comidas, atividades terapêuticas e oficinas de artesanato. Contam também com uma psicóloga. Mas e na Maré?! O responsável pela ong no bairro é Antônio Carlos dos Santos, um português que há seis anos trabalha como voluntário na organização que não tem nenhuma espécie de patrocínio. Para driblar a falta de financiamento, a Remar abriu bazares que vendem utensílios domésticos, sapatos, roupas, livros, impressoras, vinis
O brechó pode colaborar com estudantes da Maré que precisam de livros.
entre outros objetos. Todos os objetos são doados. Um desses bazares encontra-se na rua Joana Nascimento, 157, no Timbau. “Viemos para cá para alcançar os jovens com esses problemas, temos muitos trabalhos em favelas”, afirma Antônio Carlos, que encontra muitas dificuldades em manter a instituição. Quem estiver disposto a colaborar deve ligar para (21) 2560-2686.
O Cidadão %
Economia Solidária
Uma equipe da Secretaria Nacional de Economia Solidária, que faz parte do Ministério do Trabalho e Emprego, visitará a sede da ACB/ RJ na Vila do João, Complexo da Maré, nos dias 13 e 14 de setembro. Roziney Melo, coordenadora geral de empreendedorismo juvenil do Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude; Dioni Moneti e Jorge Nascimento, respectivamente diretor e coordenador de fomento da Secretaria, vêm com o objetivo de conhecer as oficinas de qualificação profissional da ACB/RJ e avaliar a viabilidade da implementação do
programa de economia solidária na instituição. A visita é desdobramento da participação de Carlos Alberto Trajano, educador da oficina de serigrafia da Ação Comunitária, no I Encontro Nacional de Economia Solidária, ocorrido há cerca de um mês em Brasília. “Foi um espaço de discussão sobre as dificuldades que as pessoas têm para divulgar e vender os produtos que produzem. Foram apresentadas várias propostas no sentido de formar associações cooperativas para que esses problemas sejam minimizados”, disse Carlos.
Grupo Diamante Negro em Macaé O grupo Diamante Negro, formado por angolanos e afrodescendentes residentes na Maré, fará uma apresentação na Secretaria Estadual de Cultura em Macaé, no dia 16 de setembro às 15 horas. No repertório, dança e música inspiradas na cultura africana, que visam resgatar e valorizar a origem dos participantes. O Diamante Negro, composto por 12 integrantes, mostrará para os espectadores alguns destaques como a dança Oky Odoyá (fertilização, reprodução) e a música Kakuly (a procura). Segundo Francisco Cruz, pesquisador do grupo, esse evento é “uma forma de mostrar o folclore inédito e também um resgate da cultura Bantu (povos).”
AÇÃO COMUNITÁRIA DO BRASIL
Rua 11, na quadra 5 – Vila do João. Tel: 3868-7056
www.acao-comunitaria.org.br RIO DE JANEIRO
Sede: Rua da Candelária, 4, Centro – Tel/fax: 2253-6443
& O Cidadão
CASA DE D CES E BAZAR HJ
ENCOMENDE SEUS
DOCES PARA ALEGRAR O SEU NATAL E ANO NOVO VENHA CONFERIR! DIREÇÃO: EUCLIDES VIA B1 Nº 191 E 193 VILA DO PINHEIRO
PEÇAS PARA AUTOMÓVEIS NACIONAIS 3976-8431
LIGUE E ANUNCIE
AV. CANAL, 41 – LOJA B VILA PINHEIRO
PLACAS FAIXAS CAVALETES BANNERS CORTE ELETRÔNICO FRONT LIGHT BACK LIGHT
2561-4604/2561-3946 COMUNICAÇÃO VISUAL Josenildo 8809-5221
Telefax 3884-8765 agata.cvisual@ig.com.br
RUA PRAIA DE INAHÚMA, 82 - BONSUCESSO
CRÉDI
KICHORT MÓVEIS E ELETROS
MÓVEIS
ELETROS ESTOFADOS COLCHÕES
Entrega rápida e garantida.
ALDES
6X
(1+5)
Toda linha de móveis em sem juros ou em até 12 vezes VENHA E COMPROVE RUA QUATORZE, 468 - MANGUINHOS - VILA DO JOÃO
Telefax: 2590-6845
Já pensou em falar com muitas pessoas ao mesmo tempo? Anunciando no jornal O Cidadão você atinge um grande número de pessoas. São 20.000 exemplares distribuídos gratuitamente por toda a Maré.
LIGUE E ANUNCIE: 2561-4604 / 2561-3946
O Cidadão '
Cidadão zine
Tatuagem: uma decisão à flor da pele Adornar o corpo com pinturas é uma prática utilizada há milhares de anos. A tatuagem primitiva servia para indicar status ou grupo social. Hoje, são vários os motivos que levam as pessoas a se tatuar: amor, religiosidade, tribo, vaidade. Jorge Alexandre Coutinho, 29 anos, morador da Baixa do Sapateiro, tem nove tatuagens: o desenho preferido, seu signo no horóscopo chinês, o nome das filhas e outras. “Pretendo fazer mais 5 ou 6 tatuagens. Mas não quero cobrir o corpo todo, acho feio”, diz. Nem sempre a escolha da tatuagem está ligada a uma simbologia. “Conhecia um rapaz que fazia tatuagem em todo mundo e pedi que fizesse em mim Foto da Internet
A vaidade faz com que mareenses cubram o corpo com pinturas.
também. E só de onda, tatuei um unicórnio nas costas, porque achava bonito. Foi há 10 anos. Penso em fazer uma tribal.” explica Ivan da Nóbrega, 27 anos, morador da Vila do Pinheiro. A fascinação pela maneira como é feita a tatuagem levou o jovem Roberto da Silva a se tornar tatuador. “Quando fui fazer minha primeira tatuagem, fiquei admirado, não sabia como era feita. Achava que a tinta se espalhava na pele por ser líquida. Resolvi então estudar sobre o assunto. Foi amor à primeira vista”, conta Beto, 29 anos, morador do Conjunto Pinheiro. No início, tatuar era um hobby. Depois foi aperfeiçoando sua técnica. Trabalhou em alguns estúdios e atualmente tem o seu, em Bonsucesso.
Renata Souza
Alexandre Coutinho pretende fazer mais 5 ou 6 tatuagens.
Tatuagem não é brincadeira Apesar de ser tatuador, Beto não aconselha ninguém a se tatuar. “Converso e peço à pessoa para pensar, não induzo ninguém a fazer. Ficaria chateado se alguém chegasse dizendo que fez uma tatuagem comigo e se arrependeu”, diz o tatuador. Jorge Alexandre confirma. “A idade ideal é a partir dos 20 anos, porque a pessoa já sabe o que quer. Já me arrependi de ter me tatuado porque perdi vários empregos e ainda há muita discriminação. Mas no meu atual trabalho não tem problema. Tatuagem é uma coisa para a vida toda. Quando a pessoa resolve tirar fica uma marca horrível e a aplicação de laser é muito cara”, adverte Jorge, que é professor de artes marciais e lutador de vale-tudo. É preciso tomar alguns cuidados na
hora de fazer uma tatuagem. Muitas doenças, como Aids, hepatite, herpes e sífilis , podem ser contraídas com o uso de materiais impróprios. Quem tiver certeza de que vale a pena fazer uma tatuagem definitiva, deve tomar alguns cuidados para não pôr sua saúde em risco. Procure um bom profissional e confira a qualidade de suas tatuagens. Veja se o estúdio tem uma aparência limpa. E se o tatuador segue as normas de higiene: usar esterilizador autoclave ou estufa, luvas, bicos e agulhas descartáveis. Exija que ele abra embalagens novas na sua frente. “Na Maré, tem pessoas brincando de tatuar. Não se preocupam com a saúde das pessoas, só com o dinheiro. Teve uma pessoa que foi parar no hospital com uma complicação.” – alerta Beto.
A marca do arrependimento Para remover uma tatuagem são utilizadas, em alguns casos, a cirurgia ou a dermoabrasão. Métodos que apresentam limitações de acordo com o tamanho e a localização da tatuagem, e como em toda cirurgia, ficam as cicatrizes. Atualmente, o método mais utilizado é a aplicação de laser. O número de sessões do tratamento depende do tamanho, da profundidade do pigmento na pele e das cores utilizadas na tatuagem. As sessões não são totalmente indolores e o método não é milagroso. Nem sempre é possível remover todo o desenho. Pode ocorrer também de a pele tratada ficar mais clara ou mais escura que a pele ao redor.
O Cidadão
Rede Fácil: ajudando a pagar contas uer uma dica para facilitar o pagamento de contas na comunidade? Então conheça a Rede Fácil, cujos trabalhos se iniciaram em abril, na Associação de Moradores do Conjunto Pinheiro (AMACOVIPI). O posto IDASE recebe contas de luz, telefone, cartão de crédito, boletos bancários dentre outros com valor máximo da fatura de 600 reais. A iniciativa de trazer o projeto para a Maré foi da Light, com o intuito de instalar Agências Arrecadadoras no bairro facilitando o pagamento de conta pelos moradores e com isso atraindo mais clientes. E o número de contas pagas vem crescendo, em abril foram autenticadas 176 contas, em maio 276, em junho 434, e em julho 526, um aumento gradativo. O morador próximo ao quiosque não precisa se locomover para Bonsucesso para efetuar o pagamento de suas contas: –“Acho interessante à idéia, pois valoriza o local. Eu não pago as contas na casa lotérica, pois a fila é quilométrica. Já meu pai por não gostar muito do papelzinho grampeado. Mas a comunidade do tamanho que, é necessita ter um banco.” – desabafa a educadora Adriana Pinheiro, de 26 anos. O fato da ausência de banco é comentado pelo presidente da AMACOVIPI, Alderley Júlio dos Santos:
Q
SABOR DE M
ARÉ
Foto: Ligia Palmeira
“Seria interes-sante aqui ter um banco. Falta também um posto de reclamação da Light no Conjunto Pinheiro, ajudando o morador e aumen-tando o
atendimento de pagamento” – comenta Alderley. Apesar de útil aos moradores, o projeto pecou na divulgação, que foi feita apenas na inauguração. Muitos moradores nem conhecem o quiosque. É o caso da mareense Luiza Maria da Silva, 44 anos. – “Não conheço... e olha que moro na Vila do Pinheiro. Quero saber onde fica” – comenta. A Light espera que com a facilidade de pagamento a inadimplência caia. E com isso está instalando um novo Posto na Nova Holan-da, que fará todo o aten-dimento comercial e recebimento de contas.
Torta de banana da Edna Ingredientes:
Modo de preparo:
-
Misture os ingredientes e bata bem. A massa estará pronta quando desgrudar do recipiente. Deixe descansar por 10 minutos. Coloque a massa em uma forma (não precisa untar). Por cima, ponha as bananas cortadas em tiras e polvilhe canela. Leve ao forno médio por aproximadamente 30 minutos.
3 copos de farinha de trigo 1 copo e ½ de açúcar 2 ovos 3 colheres (sopa) de manteiga 1 colher de fermento em pó 7 bananas cortadas em tiras Um pouco de canela
O Cidadão
Aconteceu na Maré... Hélio Euclides
concreto. Esse ano a data foi 16 de outubro, no anfiteatro do Parque Ecológico: “Trouxemos os moradores da Maré para fazer algo que exerça cidadania” – diz a responsável pelo evento, Flávia Cândido, de 23 anos. A festa contou com o apoio da ong Maré Cheira, da Associação de Moradores do Parque Ecológico e da Ação Comunitária do Brasil (ACB). Essa última ofereceu corte de cabelos, capoeira maculelê, rap (Maré Black), Rip Rop (Nação Maré), contação de história e Nas comemorações, alunos fizeram maquete do CIEP. palestra sobre cidadania (Bruno PERNETTA E SUAS BODAS DE Lima). E ainda aplicação de flúor com o grupo ESTANHO Sorriso Novo, do Parque União. A comemoração dos 10 anos do Ciep Professor César Pernetta foi realizada na A MARÉ NA SALA DE AULA manhã do dia 02 de outubro. A abertura contou A Escola Municipal Carlos Chagas com o Coral e Banda da Igreja Batista e desenvolveu o projeto Preservação da Cultura solenidade da execução do Hino Nacional. Popular, que tinha o tema Maré: origem e cultura. Depois os alunos exibiram maquetes, teatro Os professores passaram 1 mês trabalhando contado a história da escola, capoeira, dança, vários aspectos do Bairro Maré, que culminaram folclore, concurso de miss e mister. Além de em atividades realizadas na última semana de trabalhos com quadros pintados na hora e setembro. “A escola queria fazer um resgate da apresentação do grupo Oxú Maré da ong história da Maré. A maioria dos alunos (80%) Devas. são de lá. O objetivo do trabalho é mostrar o O diretor geral, João Lanzellotti Neto, outro lado da Maré e trabalhar o tema sem parabenizou alunos e professores pelo preconceito.” – conta a diretora Ana Neves. sucesso da festa: “A união de pequenos Nesse dia foram apresentadas exposições projetos somados decorreram nesse evento. de maquetes retratando a Maré; painéis com a Espero que no futuro todos prestigiem e história do bairro, utilizando fotos da Rede de venham incentivar esse tipo de espaço, que Memória (CEASM), contribuições dos alunos, está aberto” – concluiu Lanzellotti, de 42 anos. além de recortes do jornal O Cidadão; II UM DIA PARA A CIDADANIA Todo ano a Pastoral da Juventude da Paróquia São José Operário, da Vila do Pinheiro, realiza a Semana da Cidadania em abril. Já na 2ª metade do ano, acontece o dia
}
NATUREZA CIDADÃ
XAROPE CASEIRO Material: Meio quilo de açúcar cristal, meio copo de água e um punhado das seguintes ervas: hortelã-pimenta, alfavaca, pitanga, poejo e guaco (folha).
dos 42 anos de vida, dedicou 33 primaveras e 10 meses ao trabalho de estacionar veículos na porta do Bob’s, localizado na Avenida Brasil sentido centro. Dia 06 de outubro, foi o último expediente da loja, não por falência, mas vendido para dar lugar a um Restaurante Popular. Jorge Bob’s, como ficou conhecido, foi conquistando a confiança de todos, até conseguindo um salário do restaurante: “Jorginho fez parte da história da empresa, nasceu junto com essa loja” – comentou uma funcionária que se identificou como Andréa. Jorge revela saudades: “Só tenho agradecer ao Bob’s, foi daqui que construí a casa de minha mãe e ajudei meus irmãos” – diz ele, hoje aposentado, que contina sendo compositor do Tigre de Bonsucesso, sonha em voltar a estudar e formar um espaço cultural voluntário. Deiselane
apresentações de dança, música e teatro. BOB S FECHA AS PORTAS Poderia ser mais um restaurante fechado, se não tivesse um envolvimento de um personagem da Maré. Jorge Geraldo de Souza,
Modo de fazer: Fazer uma calda com o açúcar. Depois bater todas as ervas no liquidificador, coar e misturar na calda. Levar ao fogo brando até ferver por uns 15 minutos. Tirar do fogo, deixar esfriar e guardar em vidro esterilizado. Adulto: 1 colher de sopa, 3 vezes ao dia. Criança: 1 colher de chá, 3 vezes ao dia. Boa sorte e até breve.
Jorge dá adeus ao Bob´s
O Cidadão
RTES
ESP
Atletas que superam os obstáculos A
Renata Souza
s olimpíadas acabaram, mas lá na Grécia a disputa por medalhas continuou. Era a vez dos atletas que são portadores de necessidades especiais que disputavam os jogos Paraolímpicos, a olimpíada voltada para os deficientes físicos. Enquanto eles lutavam por medalhas na Europa, os portadores de necessidades da Maré, mesmo não estando na delegação brasileira de esportes, são campeões na superação de seus limites e na vida. A rotina deles é uma maratona. A maior dificuldade é o preconceito. Em segundo lugar as barreiras arquitetônicas, e por último, as pessoas que não respeitam os direitos dos deficientes e idosos, não colocando assim rampas em comércios e em ruas. Mas assim como os atletas, eles superam os obstáculos e os limites. Dois deses exemplos são o esportista Carlos Alberto da silva, conhecido como Ney, e o fotógrafo Ubirajara de Carvalho, 33 anos, chamado de Bira. Ney mora na Vila do João e já praticava esportes quando sofreu um acidente em 1975. Já praticou 11 modalidades entre elas natação, basquete, tiro ao alvo, atletismo, lançamento de disco, peso e etc. Bira mora na Nova Holanda e também sofreu um acidente que o deixou em uma cadeira de rodas. Só depois disso que ele descobriu o esporte. Hoje faz tudo sozinho, como andar de ônibus a subir escadas e ladeiras.
Ney com seus troféis
Atletas ganham medalhas para a Maré Ney já competiu em 35 países como México, Canadá, França, Inglaterra, Alemanha, Venezuela, e outros. Ele ganhou várias medalhas de governantes como o príncipe Charles da Inglaterra e o presidente Figueiredo. “Quando fui receber a medalha do presidente, entreguei um bilhete a ele pedindo uma casa. Hoje a casa onde moro foi ele quem me deu.” – afirma Ney. O atleta já ganhou 115 medalhas. Eentre elas, prata, ouro e bronze. Durante vinte anos no sul-americano, ele nunca perdeu em sua categoria: supino básico. Já Bira não joga como profissional. Ele não faz idéia de quantos títulos já ganhou, pois ele dá as suas medalhas para pessoas que ele considera campeãs na vida. “Vejo mães
carregando seu filho deficiente, levando para escola e médico e penso que essas são verdadeiras campeãs.” – afirma Bira. Hoje, Ney se dedica mais ao levantamento de peso e já levantou 202kg na categoria de 67kg.... Esse ano ele não irá participar das paraolimpíadas por causa da distensão que teve há pouco tempo. Atualmente, ele ganha uma ajuda de custo por ser atleta e vive de renda de imóveis. “Mantenho a coragem, nossa determinação é a esperança, nosso corpo pode ser quebrado... não o espírito” – conclui Ney. Ele ainda faz um desafio : quem conseguir levantar dentro das regras 160K, possuindo até 73k ele dará um prêmio.
Direitos x Discriminação Infelizmente existe muita discriminação. Alguns acham que o deficiente não tem capacidade de fazer nada. Alguns deficientes acabam por pensar assim. Mas nem todos: “ser deficiente é ser diferente, eu faço faculdade, trabalho e dou aulas para alguns jovens que se interessam por esporte” – fala Ney, que é atleta do IBDD – Instituto Brasileiro de Direito do Deficiente Físico. Existem vários direitos que o deficiente possui. Mas poucos deles sabem que têm o direito a um salário que o governo dá para os deficientes carentes e ainda financiamento para conseguir cadeiras de rodas e moletas. Quem quiser entrar em contato com Ney para tirar alguma dúvida em relação a seus direito é só ligar para 3884-7500.
O Cidadão !
Página de
rascunho
do Cidadão
Espaço para a livre expressão do morador. Não representa, necessariamente, a opinião do Jornal.
“Chorei, chorei” Estive triste e chorei e chorei... Na alma veio a morte que me roubou a paz e gritei. Saí sem rumo certo, atrás da paz que não encontrei, nas ruas descalça caminhei, para onde seguir, não sei. Cansei novamente voltei, então me perdi no silêncio do meu próprio eu. Rosário F. Frazão
A importância de manter a limpeza urbana O lixo deve ser colocado em lugares apropriados. Quando jogado em locais impróprios, como terrenos baldios e valões, favorece a proliferação de vetores de doenças, como baratas, moscas e ratos. Para uma correta coleta de lixo, é importante a colaboração do usuário através do acondicionamento do lixo. Veja como você pode colaborar: 1- Coloque os objetos cortantes (louças, vidros, etc) em recipientes seguros que evitem acidentes. Caso não possua tais recipientes, embrulhe-os em jornal e coloque-os em bolsas (dessas de supermercados).
“Tire proveito de seus erros e colha experiências de suas dores e então um dia você dirá...Eu ousei experimentar outra vez...”
Pesquisa: Arialdo Felix de Paiva ( Chefe do Setor de Serviços Gerais da FUNARTE / Minc) – morador do Morro do Timbau e leitor do jornal.
Amigos do jornal O Cidadão. Sou Rosário F. Frazão, moro em Ramos, na rua Cruzeiro do Sul nº 32. Agradeço e findo, com um forte abraço em todos vocês.
&
2-Acondi-cione o lixo em recipientes com capacidade de até 50 litros. 3- Feche e amarre bem os sacos de lixo. Caso contenha alimentos, use dois sacos ou bolsas (um dentro da outro), para que não rasgue. 4- Coloque os sacos de lixo em local visível e de fácil acesso aos coletores. 5- Observe os dias e horários do caminhão de coleta e deposite seu lixo, devidamente embalado, no cesto ou na calçada. 6- Não dê gratificações ou brindes pela prestação de serviços de coleta de lixo. 7- Quanto à coleta de entulhos, procure as Associações de Moradores para saber informações de quando pode ser efetuada a retirada dos mesmos ou, nessa visita fazer a solicitação. Se você deseja mais informações de como tratar bem o seu lixo e a sua cidade, não perca a próxima edição do jornal O Cidadão.
CARTAS Quem quiser enviar cartas ou sugestões para o jornal, deve fazê-lo endereçando para o Centro de Ações Solidárias da Maré Jornal O Cidadão – Praça dos Caetés, 7 – Morro do Timbau – Rio de Janeiro/RJ – CEP: 21042-050
Prezados Senhores, Na edição do jornal O Cidadão, de março de 2004, de número 34, foi publicada uma matéria sobre o Mercado Popular da Maré, intitulada “Oportunidade ou Repressão”. Na reportagem consta uma informação mentirosa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, afirmando que a Serla e a Feema desconhecem a paralisação nas obras. Temos o documento da Serla determinado a paralisação da obra e uma ação da Prefeitura, na Justiça, através da Riourbe, demandando o prosseguimento das obras. De forma a restabelecer a verdade dos fatos, enviamos reprodução dos documentos mencionados para o Jornal O Cidadão, para que o morador possa consultar. Cordialmente, Marcus Miranda - Assessor de Comunicação da Secretaria Municipal de Obras (SMO)
Airan Cerqueira Dayube, moradora da comunidade de Nova Holanda, por favor, entrar em contato com o jornal O Cidadão. Uma antiga amiga está a sua procura. Entrar em contato pelo telefone do jornal. Oi, equipe do jornal O Cidadão. Sou Amanda e tenho 19 anos. É com muita satisfação que venho por meio desta carta pedir orientação a vocês. Época de vestibular, nervos a flor da pele, e é aquela angústia. Mas o que acontece se pinta aquela dúvida: “Que carreira vou seguir?” Poucas pessoas já se decidiram, e aquelas que ainda tem essa preocupação, o que devem fazer? Teste vocacional é o caminho, ou é necessário conhecer novos ramos de trabalho que ainda são pouco concorridos no mercado? Eu, pelo menos, estou com dois planos. O primeiro é prestar
prova para Marinha (intendência). Caso não passe, farei faculdade. Aí é que o bicho pega, pois gosto de Educação Física, mas estuda anatomia; gosto de turismo, mas tem que estudar línguas. É aquilo, quando não é uma coisa, é outra. Sei que o que vale mesmo é fazer o que se gosta e dá prazer, mas ultimamente a minha mente está que nem a Guerra do Iraque: pegando fogo! Pois bem. Gostaria que vocês me informassem novas profissões, aquelas que são pouco faladas, gostaria de analizá-las, para ter uma base legal. É isso. Obrigada!
MEMÓRIA DA MARÉ
Domínio Público
VARGAS E A MARÉ
o dia 24 de agosto de 2004, completaram-se 50 anos da morte de Getúlio Vargas. Várias homenagens foram prestadas a trajetória política dessa figura bastante polêmica. Nessa edição de setembro, O CIDADÃO relembra Getúlio Vargas e mostra como seus governos influenciaram as comunidades da Maré. Até hoje não se tem uma clareza do papel de Getúlio Vargas. Seu primeiro governo, chamdo Estado Novo (19371945) foi marcado pelo autoritarismo. Por outro lado, Vargas implantou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLTs) e investiu em infraestrutura, através da CSN e da Vale do Rio Doce. Em seu segundo governo (1951-1954), Vargas foi eleito pelo voto. Realizou um governo nacionalista, e imprimiu políticas assistencialistas. Sofreu forte oposição, até o seu suicídio em 24 de agosto de 1954
N
A influência da Era Vargas na história da Maré Durante o primeiro governo de Vargas, chegaram os primeiros moradores da Maré. A maioria vinha do nordeste, para trabalhar em grandes obras governamentais como a Cidade Universitária e a Avenida Brasil, que acabaram estimulando a ocupação da Maré. A ação social do segundo governo Vargas permitiu o surgimento de várias favelas, cujos terrenos foram doados por D. Darcy Vargas, esposa do presidente, não oficialmente. A migração das áreas rurais e a necessidade de mão de obra para a industrialização permitiu que autoridades fossem complacentes com as soluções dos mais pobres para atender suas necessidades de moradia e emprego. É nesta época que se consolidam as comunidades mais antigas e surgem novas comunidades na Maré. Em 1947, o 1º Regimento de Carros de Combate foi transferido para a Avenida Brasil . Os militares logo passaram a dominar a região e e pleitear os terrenos do Morro do Timbau, cercando os acessos ao morro e espalhando placas com os dizeres Área Militar . De forma arbitrária cobravam taxas de ocupação. Quem se negava a contribuir sofria represálias desde a expulsão até a derrubada dos barracos.Dentre os militares estava o Sargento Adauto, que se apresentava como um interventor local. Domínio Público
Presidente Getúlio Vargas, que se intitulava “pai dos pobres”.
O encontro com Dona Orosina Foi então que uma das primeiras moradoras do lugar, achando que os militares estavam abusando, apelou para o presidente Vargas. Mulher negra e viúva, Dona Orozina, escreveu uma carta denunciando a situação por que passavam os moradores. Em resposta, o presidente mandou um emissário entregar à D. Orozina um convite para comparecer ao Palácio do Catete. Ela falou pessoalmente com o presidente: - Eu vim pedir desculpas. Eu ocupei um terreno no seu governo, mas paguei e estou pagando... - disse Orozina - Pois não vai pagar mais nada! - respondeu o presidente. Quando forem lhe cobrar a senhora diz: eu não vou pagar mais nada! Ratificando a sua promessa, Vargas mandou à D. Orozina um telegrama reconhecendo seus direitos de posse e isentando de pagar pelo terreno que ocupava. Com o telegrama na mão, na primeira oportunidade, D. Orozina despacha o Sargento Adauto com uma frase decisiva: - Eu não tenho mais medo do senhor; quem tem poder disse que eu não precisava mais pagar - desabafou D. Orozina, abrindo caminho para que outros moradores enfrentassem a exploração. O período Vargas foi ainda marcado pelo surgimento das comunidades do Parque Maré (1951) e Rubens Vaz (1952). O nome Rubens Vaz foi dado pelos moradores como homenagem ao major da Aeronáutica, assassinado no atentado contra Carlos Lacerda, ocorrido em 05/08/ 1954, em Copacabana, fato que resultou alguns dias depois no suicídio de Getúlio Vargas.
Esta sessão de O Cidadão é uma iniciativa da Rede Memória da Maré. Se você conhece um fato interessante sobre a história do nosso bairro e quer que ele seja contado aqui, escreva pra gente. É só enviar sua carta para o jornal ou para o e-mail: contato@ceasm.org.br Getúlio Vargas realizou grandes transformações no país