O Cidadão RIO DE
O Jornal do Bairro Maré JANEIRO - DEZEMBRO/2004 - ANO VI -
NO 38
Governo Lula faz dois anos. E aí?
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ARBORIZAÇÃO PREOCUPA MORADORES
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PERFIL: JANETE TRAJANO
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RUA 14: VILA DO JOÃO
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CUIDADOS COM A HIPERTENSÃO
O Cidadão
EDITORIAL
T
odos os anos, milhares de crianças em todo o Brasil escrevem cartinhas para Papai Noel. São pedidos simples – uma ceia de Natal – ou mais sofisticados – o videogame da moda–, feitos por crianças carentes de quase tudo, menos de esperança. Das quase mil cartas que chegaram aos correios do Rio de Janeiro este ano, apenas uma foi escrita por uma moradora da Maré. É a carta de uma jovem de 17 anos, que pedia o seu primeiro presente de Natal. Parece que as crianças da Maré não acreditam mais em Papai Noel. Perderam a inocência ou perderam a esperança? Quando nosso presidente foi eleito, disse que a esperança venceu o medo. Tenho medo que a esperança se perca no meio de outras prioridades. Mas eu sei que nem tudo está perdido. A economia vai bem. “O PIB registrou a maior alta desde 95”. Pena que a desigualdade também ande em alta por aqui. Papai Noel, Presidente, tem alguém me ouvindo aí? O meu pedido de Natal não é um presente caro. Quero justiça social, trabalho, escola, comida. Nada de dádivas do céu, apenas meu direito adquirido. Para os cidadãos da Maré, da cidade, Natal nem sempre é dia de festa. Mas se for uma noite tranqüila, com comida à mesa e paz, será sempre uma noite feliz. Boa leitura
ELES TAMBÉM LÊEM O CIDADÃO Fotos: Cristiane Barbalho
Acima: Artur, distribuidor do jornal O Cidadão, morador de Bonsucesso. À esquerda: Carlos Alberto, agente patrimonial, morador de Belford Roxo.
Programa de Criança
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Uma conquista dos moradores da Maré O Programa de Criança Petrobras atende a diversas escolas públicas da Maré. Promove oficinas e atividades que se tornam extensão da sala de aula.
O Cidadão é uma publicação do CEASM Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré Sede Timbau: Praça dos Caetés, 7 - Morro do Timbau Telefones: 2561-3946/ 2561-4604 Sede Nova Holanda: Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 - Nova Holanda Telefone: 2561-4965 Conselho Institucional Antonio Carlos Vieira Cláudia Rose Ribeiro Edson Diniz Eliana S. Silva Jailson de Souza Léa Sousa da Silva Lourenço Cezar Maristela Klem Conselho Gestor Alexandre Dias Marielle Franco Rodrigo Siqueira Soraia Denise Vinicius Azevedo Coordenadora: Rosilene Matos Editora: Viviane Couto Coordenadores de Edição: Flávia Oliveira Aydano André Motta Coordenadora de Reportagem: Carla Baiense Administrador: Hélio Euclides Secretário de Redação: Leonardo Marques Colaboraram nesta edição: Renata Souza Ligia Palmeira Cristiane Barbalho Hélio Euclides Rosilene Matos Leonardo Marques Andréa Rodrigues Anna Karla Alexandre Gabeira Ratão Diniz Jornalista Responsável: Marlúcio Luna (Reg. 15774 Mtb) Ilustrações: Tcharles Publicidade: Elisiane Alcantara Diagramação: José Carlos Bezerra Foto de Capa: Ubirajara de Carvalho Repórter Fotográfico: Cristiane Barbalho Rosinaldo Lourenço Rondineli Barbosa Distribuição: Elisiane Alcantara (coordenadora) Arthur de Almeida Sheila Oliveira Givanildo Nascimento Michele Nunes Elizângela Felix Charles Alves Raimunda Canuto Fotolitos / Impressão: Ediouro Tiragem: 20 mil exemplares Correio eletrônico: jornalmares@bol.com.br Página virtual: www.ceasm.org.br
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O Cidadão ! Viviane Couto
Então é Natal A história do Natal começa antes do nascimento de Jesus. Na Europa, o mês de dezembro era marcado por celebrações pela chegada da luz e dos dias longos que precediam o fim do inverno. Tratava-se de uma comemoração pagã do “Retorno do Sol”. No século IV DC, o então Papa Julius I escolheu o dia 25 de dezembro como data fixa para a celebração das festividades. A idéia era substituir os rituais pagãos que aconteciam no Solstício de Inverno por uma festa cristã. Com o passar dos anos, o Natal ganhou uma nova conotação. De festa cristã se tornou o evento mais importante do ano para o comércio e a indústria. Mas mesmo vinculado ao consumismo, mantém o
encanto e a esperança criados em torno do Nascimento do Cristo. Para muitas pessoas o dia 25 de dezembro possui uma conotação positiva. É a data em que todos nós renovamos nossa fé e desejo de mudança no mundo. “Eu sempre acreditei em Papai Noel. Vi na televisão que mandando carta para o correio alguém poderia me ajudar. Muitas pessoas diziam que eu não conseguiria, mas nunca perdi a esperança”, diz Sabrina da Silva, 17 anos, única mareense em quase mil remetentes de cartas para o Papai Noel recebidas no Rio de Janeiro pelos correios. Os desejos de Natal de Sabrina e de outros jovens da comunidade refletem as dificuldades porque passa a população dos grandes centros em todo o país. O desemprego, que atinge Cristiane Barbalho uma parcela significativa da sociedade, rouba das famílias alguns dos direitos mais básicos e destrói a auto-estima. Todos buscamos manter a crença em dias melhores, nas coisas boas e que nos fazem bem. Por isso, nós do jornal desejamos e acreditamos que é possível um feliz Natal e um próspero Ano Novo.
Casa decorada no Morro do Timbau ilumina as noites da Maré
SABOR DE M
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Ingredientes 3 copos de leite 1 garrafa pequena (200 ml) de leite de coco 4 ovos 3 copos de açúcar 2 bisnagas (ou pães franceses) adormecidas coco ralado para polvilhar
A árvore é um dos símbolos do Natal na Maré Cristiane Barbalho
Sabrina escreveu carta para Papai Noel
Rabanada de Forno Modo de Preparo Parta o pão em fatias, não muito finas. Passe manteiga dos dois lados e arrume as fatias em um tabuleiro, deixando uma bem juntinho da outra, mas sem apertar muito. Misture no liquidificador o leite, os ovos e o açúcar. Despeje por cima do pão. Coloque o coco ralado e leve ao forno até ficar bem douradinho. A medida do copo utilizada é a do copo de requeijão (250 ml). Se quiser, pode tirar a casca do pão, mas não é necessário.
Imagem da internet
A rabanada é um prato típico do Natal
" O Cidadão
Pintando um verde A Maré percebe a falta de arborização e reivindica projeto ambiental onsiderado o pulmão da Maré, com árvores em extinção e plantas medicinais, o Parque Ecológico inicia uma nova empreitada. O local, que estava abandonado, agora tem uma nova chance graças à iniciativa de alguns moradores que se uniram para recuperá-lo. “Precisamos de replantio, pois temos árvores degradadas. Outro passo será a contratação de um botânico, que promoverá cursos e nomeará as espécies do parque. A nossa maior dificuldade é o tal do preconceito. Estamos buscando parceiros, mas os empresários não acreditam que, numa área de risco, exista um Parque Ecológico”, diz o diretor financeiro da Associação de Moradores do Parque Ecológico da Vila do Pinheiro, José Ednaldo, 38 anos. Hoje o parque conta apenas com três funcionários para preservação do espaço. No terreno há ainda o projeto da fábrica de blocos reciclados, cooperativa Contrabom, o Horto Escola Natural, a fabricação de adubo e a plantação de mudas frutíferas. O parque não é o único esforço para manter o verde vivo na comunidade. Moradores usam a criatividade para reverter a situação e cuidar de espaços onde a natureza ainda resiste. É o caso do
Arquivo Pessoal
C
Uma das últimas áreas verdes da Maré, o Parque Ecológico será recuperado pelos moradores
comerciante Euclides Antonio que aproveita o passeio público ao lado da Escola Municipal Paulo Freire, para a criação de oito novos canteiros. “Todos temos que cuidar das plantas, elas nos dão frutas e sombra”, afirma Euclides, 57 anos. Essas ações começam nas próprias casas dos mareenses e partem para o restante da comunidade. É o caso do jardineiro Emerson da Silva Claudino, 31 anos, que nas horas vagas cuida de uma hortinha na área de lazer do Parque União. “Já plantei muito. Essa comunidade já foi rica em relação ao verde. Vendo até plantas para
contribuir com a comu-nidade”, comenta. Na época da Semana Nacional do Meio Ambiente (Senama), a Petrobras enviou mil mudas, que foram plantadas em vários locais da Maré. “Foi uma iniciativa para conseguir um impacto. Boa parte vingou, mas temos que construir juntos um projeto ambiental, com a plantação de 15 mil árvores”, afirma a Conselheira Institucional do Ceasm Eliana Sousa, 42 anos. Essa consciência fez surgir alguns projetos que atuam nesta área. Um deles fica na Praia de Ramos e é ministrado pela ONG Terra Nova. “Já estamos colhendo o resultado do projeto. Os sete jardineiros são empreendedores, que buscam a sua renda na venda de hortaliças na feirinha e plantas ornamentais no quiosque Piscinão das Plantas. E ainda cuidam do meioambiente”, diz o subcoordenador do projeto, Bruno Coutinho. O chefe de jardinagem, Flávio Dias, 26 anos, diz ainda que eles aproveitam também o que a natureza oferece para fazer artesanato, como bancada e armação de bambu e vaso de sapucaia.
O Cidadão # Cristiane Barbalho
A necessidade da reeducação ambiental Uma das comunidades que sofreu com a ação do homem foi a Vila do Pinheiro. Na região remanescente da antiga enseada de Inhaúma, localizavase a belíssima Ilha do Pinheiro que resistiu ao aterro da Cidade Universitária, mas acabou anexada ao continente nos aterros promovidos pelo Projeto Rio. Em março de 1980, se iniciaram as obras do aterro hidráulico, que preservou a parte central da vegetação da exuberante ilha. Foram assim aterrados 69 hectares da Baía de Guanabara pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento – DNOS, no qual foram construídas duas mil e trezentas casas. Da ilha, restou o Parque Ecológico dos Pinheiros. Logo após, há cerca de 18 anos, o bairro tinha grandes espaços e o uso da terra era mais fácil, como atesta Hélio dos Santos. Na época, ele plantou algumas mudas de amendoeira nas Vilas do João e do Pinheiro. Hoje, só é possível fazer pequenas hortas, com plantação de mamão, tomate e coqueiro, como fez em Nova Holanda. Ele ainda afirma que hoje o terreno da Maré é complexo e alguns tipos de árvores não devem ser plantadas, pois suas raízes ramificam para o lado, o chamado mal de raiz, prejudicando casas e calçadas. Diante disto, sugere a utilização de mudas de coqueiro, que é uma árvore frutífera e minimiza a falta de verde. Helinho, na inauguração da Vila Olímpica, vestiu-se de plástico e lembrou
a necessidade do cuidado com a natureza e a reciclagem. Nesse tempo, conscientização não era moda. “Fui chamado de palhaço”, diz. No momento, ele está levando para a Vila Residencial o que aprendeu na Maré, no Projeto Educação Ambiental e Geração de Renda. “Esse local vai ter horta, arborização, coleta seletiva, conscien-tização ecológica e o fim do lixo flutuante nas praias”, finaliza Hélio, de 58 anos.
Símbolo da Vila do Pinheiro está desaparecendo
Cristiane Barbalho
Quiosque da Praia de Ramos: verde e renda para os moradores da região Cristiane Barbalho
Evelina Gama rega a horta medicinal
Saúde através das ervas medicinais O trabalho de fitoterapia é realizado no Centro Comunitário Beato José de Anchieta, na Vila do Pinheiro. Uma das pessoas que integram esse trabalho é a educadora social, Maria de Lourdes. Ela relembra com carinho o início da comunidade: “Aqui no Pinheiro foram plantadas muitas árvores de vários tipos.
Em toda casa tinha uma, mas hoje são poucas. Meu sonho é ver árvores plantadas em frentes de instituições, um incentivo à reeducação. Arrancam tudo com pretexto de que traz mosquito ou que aqui é favela. O índio sofre, pois sabe que o cheiro de terra é igual à pele nova após o banho”, diz a educadora, de 60 anos.
$ O Cidadão
PERFIL Cristiane Barbalho
Janete Trajano
A aposta na educação Comunidade: Nova Holanda
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educação sozinha não resolve nada, mas sem ela fica complicado”. E foi na educação que Janete Trajano da Silva, moradora da Nova Holanda, se encontrou. Ela é professora há 14 anos no CIEP Gustavo Capanema, na Vila do Pinheiro, e faz parte do privilegiado grupo de moradores da Maré que conseguiu acesso à universidade. Formada em Ciências Sociais pela UERJ, fez parte do pré-vestibular da UFRJ, um dos primeiros cursos comunitários que existiu. Como muitos brasileiros, trabalhava de manhã e à tarde e estudava à noite. Mas o esforço não foi em vão, já que a faculdade lhe ajudou a entender melhor a sociedade. “Ser professor na Maré não é fácil porque você lida com questões estruturais e sociais muito grandes, que impedem a escola de atuar”, conta ela. Para romper com esses limites, acredita que é necessário compreender a realidade e isso só se aprende com o dia-a-dia. Para chegar a essa conclusão, Janete passou por um começo penoso. “A gente vem de uma educação que não leva em consideração que existe uma classe popular, como se as escolas tivessem uma realidade única”. No relacionamento com os alunos, ela afirma ter momentos de crescimento e momentos de conflito, mas o respeito é fundamental. Janete se vê como uma mediadora do conhecimento. “Quando essas 43 pessoas estão na sala, são 43 visões diferentes que a gente precisa mediar para construir um trabalho de qualidade, deixando bem claro o papel que cada um desempenha”. Na profissão, ela tem lidado com experiências positivas e negativas: “Positivo é quando encontro um aluno depois de dez anos inserido numa vida social saudável. Negativo é quando vejo um adolescente capaz, perdido por questões sociais sobre as quais não posso atuar”. Mesmo assim, nunca pensou em
Como vovó já dizia Como cuidar dos cabelos Lave sempre com xampu
adequado ao seu tipo de cabelo. Sabonete e sabão ressecam o couro cabeludo por causa da ação de detergente. Penteie sempre devagar, começando pelas pontas, de preferência com pentes de madeira, que neutralizam a eletricidade estática do cabelo e
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Professora Janete e seus alunos no CIEP Ministro Gustavo Capanema
desistir. “Eu queria ser professora e permaneço na profissão. Primeiro porque acredito em sua função social. Segundo, porque acho que não saberia fazer outra coisa (risos)”. Janete agora está fazendo pós-graduação em alfabetização de crianças de classes populares. “Entender como alfabetizar de forma competente é uma questão que me preocupa. É preciso fazer com que o aluno relacione o que lê com o cotidiano, ele precisa entender a realidade para poder transformá-la”, acredita ela. Janete é casada e mãe de três filhas e lembra que sua família foi importante para sua formação. Seu pai era semi-analfabeto, mas valorizava muito a educação e incentivava os cinco filhos a estudar. Para ela, a família é uma das respostas aos problemas da educação. “Não é possível pensar em educação sem as famílias. A educação precisa seduzir os pais. Sei que as situações são tão adversas, que um filho na escola é, às vezes, uma preocupação a menos, porque a escola educa. Mas isso não é verdade. Às vezes, nem é negligência. Muitos pais trabalham o dia todo e não sabem que a lei protege os pais que precisam ir às reuniões escolares dos filhos”.
jamais use secador. Evite pentes com dentes muito finos e pouco espaçados, as escovas plásticas e, também, as escovas sem as pontas arredondadas. Não esfregue a toalha nos
cabelos, use-a apenas para comprimir os cabelos contra o couro cabeludo. Na praia ou na piscina proteja a
cabeça para prevenir câncer no couro cabeludo. Para os carecas, a proteção deve ser constante.
Não deixe de usar touca na piscina, o cloro não é nada bom para os cabelos. Evite o estresse.
A nossa alimentação influencia diretamente na saúde, portanto, no nosso corpo e na nossa vida. A beleza dos nossos cabelos é uma resposta dos cuidados que damos a eles, inclusive através de uma boa alimentação.
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O Cidadão '
NAS REDES DO CEASM
ABC MARÉ
Ceasm e UFRJ se unem pela alfabetização de jovens e adultos aria Pedro da Silva, 34 anos, não teve oportunidade de estudar quando criança. Aos 30, decidiu correr atrás do tempo perdido, mas ficou apenas um ano por ter engravidado duas vezes. Mesmo assim, não desanimou e voltou a estudar. “Os meus pais nunca se interessaram e as dificuldades eram muitas. Agora estou formando as letras, pois quero escrever cartas, ler revista e entender o que está escrito na frente dos ônibus. Hoje me sinto emocionada e orgulhosa. Sei que nunca é tarde para aprender”, diz. Para atingir esse objetivo, Maria tem a ajuda do Ceasm e do Programa de Extensão Universitária em Comunidades Populares da UFRJ. Dessa parceria surgiu o Curso de Alfabetização de Jovens e Adultos, que tem que pretende acabar com o analfabetismo na comunidade, que atinge cerca de 13 mil mareenses. O projeto tem 13 turmas de alfabetização, com mais ou menos 20 alunos cada, nas seguintes comunidades: Conjunto Esperança, Vila do João, Morro do Timbau, Marcílio Dias, Parque Maré, Nova Holanda, Baixa do Sapateiro, Praia de Ramos e Vila do Pinheiro. As aulas acontecem em igrejas, ONGs e associações de moradores. A orientação pedagógica, social e política reúne cinco unidades da UFRJ: Serviço Social, Faculdade de Educação, Pró-Reitoria
Fotos: Rosinaldo Lourenço
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Maria Pedro, à frente, supera dificuldades, e se diz emocionada por voltar à estudar
de Extensão (PR-5), Letras e Matemática. O primeiro passo foi os educadores, alunos da UFRJ, saírem de porta em porta convocando os alunos e conhecendo a comunidade. A idéia da universidade é manter um curso de extensão e abranger outras comunidades. “O reitor colocou como prioridade a extensão na Maré”, diz a conselheira institucional do Ceasm, Eliana Souza, 42 anos. Para a educadora Lídia de Oliveira Fernandes, 21 anos, 5 o período de
Fotos: Rosinaldo Lourenço
Grupo faz atividades que facilitam a aprendizagem e estimulam a participação
Pedagogia, que atua na Vila do João, ser educadora é um aprendizado: “Aprendo com eles e cresço a cada dia. Nas aulas utilizo jornais, como O Cidadão, cartazes, folhetos e livros. Espero continuar e vê-los aprendendo a ler”, diz Lídia. Com os alunos, se percebe o surgimento de outro mundo. “Aqui estudo com brincadeiras, dinâmicas e acho que todos deveriam tomar a decisão de voltar à sala de aula, aprender é muito importante”, afirma Heloy Luna, 21 anos. O aluno que aprende a ler e a escrever é encaminhado para o Programa de Educação Juvenil –( PEJ) – nos CIEPs Ministro Gustavo Capanema e 14 de Julho. “Vale a pena aprender a ler. O curso está aberto para qualquer nível. Em um ano já é possível se alfabetizar”, revela a professora da Faculdade de Educação da UFRJ e pesquisadora Ludmila Thomé de Andrade, 39 anos. As inscrições são feitas permanentemente nos locais onde acontecem o curso, como a Escola Municipal Nova Holanda, a Escola Municipal Teotônio Vilella, no Posto de Saúde Américo Veloso, no Cemasi Roquete Pinto e na Igreja Batista do Parque União, entre outros, sempre à noite. Mais informações pelo telefone 25989264.
O Cidadão
Aconteceu na Maré... Cristiane Barbalho
Crianças assistem ao teatro de fantoches
FEIRA CULTURAL Finalizando as atividades do ano letivo de 2004, a Escola Municipal IV Centenário realizou no dia 26 de novembro a sua feira cultural. O tema foi “A importância da água para o mundo”. A comunidade escolar estava reunida para assistir às apresentações de teatro, músicas, jograis, dança e expressão corporal feitas pelos alunos. Para uma das mães presentes, Andréia Moreira, 40 anos, moradora do Conjunto Manuel de Nóbrega, o evento é importante. “É uma forma boa de conscientizar as crianças sobre a questão da água”, afirmou. A MARÉ REUNIDA NUM LIVRO Na tarde de 10 de novembro, representantes das comunidades se reuniram no Ceasm Nova Holanda para solenidade de conclusão dessa etapa do Censo Maré 2000: o Catálogo de Instituições Sociais do Bairro Maré. O livro, elaborado pela Maré das Letras, quer revelar e criar um elo entre as entidades que trabalham com os cerca de 132 mil moradores. A conselheira institucional do Ceasm, Eliana Souza, comentou a importância do catálogo: “Ele vem na busca da cidadania”, disse.
O clima de desabafo marcou o encontro: “Há um muro invisível, há de se derrubar essa muralha”, afirmou a coordenadora geral do projeto Uerê, Luciana Ramos Martha, de 47 anos. As entidades que desejarem obter um exemplar do catálogo devem entrar em contato com o Observatório Social da Maré pelo telefone 2561-4604. As instituições podem atualizar seus dados, e aquelas que por algum motivo não estão presentes no livro podem solicitar um exemplar e preencher um cadastro, para que possam constar da próxima edição da publicação. Ratão Diniz
Apresentação do grupo Kina Mutembua
CONSCIÊNCIA POPULAR No dia 20 de novembro, a Praça da Nova Holanda “bombou” com o evento “Consciência Popular”, que fez uma reflexão sobre todos os tipos de discriminação. Teve capoeira, grafite, grupos musicais, danças africanas, apresentação de filme, debate e oficina para as crianças. Quem passava pela praça e resolveu parar, gostou do que viu. “Deveria existir mais eventos como este porque a maioria dos jovens está crescendo com a mente vazia”, afirmou Marlene Pereira, 41 anos, moradora da Nova Holanda. Para os organizadores, o evento foi um sucesso. “Está melhor do que esperávamos. Tivemos alguns
problemas, mas acabou ficando mais popular. O importante foi fazer a discussão”, disse Francisco Marcelo, 32 anos, morador da Vila do João. CIRCO VOADOR De 27 ao dia 31 de outubro, ocorreu no Circo Voador o evento Vira Favela, que tinha por objetivo mostrar a cultura que há dentro das comunidades populares. Foram convidados vários projetos das comunidades do Rio de Janeiro, que mostraram sua ação dentro das Favelas. Também foi realizada uma exposição do primeiro ao último dia, mostrando a arte local e a forma de viver dessa população.
CADÊ O DIA D? Todos os meios de comunicação lembravam que 20 de novembro era o “Dia D contra a dengue”. Como o sábado foi feriado municipal, os agentes foram orientados a não realizar nenhuma atividade. Mas acompanhando o restante do país, a rede de saúde da Maré fez a sua mobilização. Uma das comunidade, a Praia de Ramos, fez a sua conscientização musicada pelo Forró da Dengue e o Rap do Posto 14 de Julho, respectivamente de Bhega e do agente de saúde Alex Alves. O evento terminou com uma peça feita por crianças.“Teimosos que somos realizamos com material do ano passado, pois quem guarda, sempre tem. Agora o trabalho será dia-a-dia, de casa-em-casa”, desabafou a gestora do PS 14 de Julho, Zilter Alcântara. Este ano, a Maré registrou 15 casos da doença.
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Rua 14 Vila do João Um centro comercial a céu aberto que é um agito de domingo a domingo úsicas de vários estilos, buzinas, gente gritando... E sse é o cotidiano de quem vive na Rua 14, na Vila do João. Mas os moradores já se acostumaram com os elevados decibéis. São outros os problemas que incomodam. “O barulho dá para suportar. Os problemas são o saneamento básico e a coleta de lixo, que precisam melhorar. O lixeiro demora a passar e fica lixo acumulado. O asfalto tem buracos e a iluminação é precária”, diz Cristina Rodrigues, 22 anos, moradora da rua. O trânsito intenso durante todo o dia também preocupa os moradores. “Os motoristas passam como loucos por aqui. Outro dia, uma criança foi atropelada. É perigoso atravessar essa rua”, alerta a vendedora Amélia Gonçalves, 18 anos. A Rua 14, mais conhecida como Rua Principal, abriga o centro comercial do
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ARTIGO
Cristiane Barbalho
bairro, com farmácias, supermercados, sapatarias, lojas de roupas, lanchoetes, bares, trailers e barracas, onde se pode encontrar quase tudo. Lá também funcionam o posto da Polícia Militar, um campo de futebol reformado recentemente e a associação de moradores. Pedestres, carros, barracas e bicicletas disputam espaço na rua O agito começa cedo, antes das 8h. Não tem domingo, nem melhor dia para faturar é o sábado, porque feriado. As lojas abrem todos os dias. tem a feira. Fica parecendo um “É depois das 12h que o movimento formigueiro”, conta Márcio Pereira, 25 melhora. À noite, continua a agitação, anos, morador do Conjunto Esperança que porque tem trailers e lanchonetes. O trabalha na rua.
A psicologia e o trabalho com valores éticos
Há tempos a figura do psicólogo deixou de ser no imaginário de muitos aquela pessoa que “resolve todos os problemas”, ou que “tem resposta pra tudo”, ou que analisa somente o indivíduo “único”, isolado em seu “mundo interior”, ou que atende só o “doido, o maluco, aquele que não bate bem”. São tantas as definições! E é claro que muita gente ainda o enxerga dessa maneira, transformando o profissional em alguém “temido”, “chato” ou aquele que “sabe tudo”, que “vai descobrir tudo sobre mim”. Mas é bom dizer que o trabalho da psicologia social, privilegia o trabalho com grupos, com a família, com as motivações para a mudança, com a formação de uma consciência crítica e com o fortalecimento e a construção de identidades. Neste sentido, a experiência de trabalho no Programa de Criança Petrobras (realizada em oito escolas públicas do bairro Maré) e na Escola de Dança da Maré (em média atendendo a 500 alunos) nos mostra que é possível desenvolver uma idéia de educação em várias linguagens, de uma educação mais
participativa para o aluno, mais interessante, de uma educação que priorize valores éticos e o compromisso com ações de mudança e de transformação social. Sonho? Não. Quanto mais cedo introduzirmos nas crianças e adolescentes noções de convivência em grupo, de cooperação, de solidariedade ou amizade, melhor! Mas como? Pode parecer difícil para nós neste mundo de hoje, cheio de violência, competitividade e falta de respeito, tentar falar de certos valores, não é mesmo? Concordo. Mas cada vez mais urgente. Tem coisas que não podem mais acontecer, que não agüentamos mais. A expressão da criança é diferente da expressão do adulto, disso não temos dúvida. O entendimento que ela tem do mundo e das coisas que vive também é diferente. Mas ela entende sim muita coisa, pensa a respeito das situações que presencia e precisa ter voz para se expressar, para de alguma forma elaborar o contexto do qual faz parte. E precisa ser ouvida, com toda a paciência e compreensão do mundo! Sendo assim, não basta falarmos sobre todos esses valores com elas, sobre o diálogo, sobre as
regras, o respeito, como se estivéssemos com outro adulto! Com a criança o entendimento e o sentido que ela vai dar para aquilo que ouve tem que vir acompanhado de uma vivência, de um “sentir” aquilo. Ou seja, ela tem que “experimentar” na pele o que estamos falando. Para entender o que é solidariedade, por exemplo, ela precisa experimentar ser solidária com uma outra e gostar, para que haja um sentido a este “fazer”. Assim, esperamos que o trabalho realizado nesses dois projetos do Ceasm possibilite às crianças e aos adolescentes expressarem seus diferentes modos de vida na família, na escola e na comunidade. Esta expressão gera um melhor entendimento e visão crítica do que ocorre em suas realidades, em uma espécie de pensar coletivo. E... este processo contínuo de pensar sobre o que vivem, o que descobrem, o que gostam ou não gostam em sua comunidade, contribui muito para novas leituras de mundo e novas escolhas de vida também. Vale a pena! Andréa Rodriguez é psicóloga do Ceasm.
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Ainda há e
Balanço do governo Lula, dois anos após a eleição histórica, Alexandre Gabeira/ASFOC
Presidente Lula e a primeira dama visitam a Fiocruz para a inauguração da escola politécnica. Foi a ocasião em que ele mais se aproximou da Maré
ano de 2002 foi marcado por um momento histórico para o povo brasileiro: pela primeira vez um candidato de origem pobre alcançou a Presidência da República. Dois anos se passaram, desde que o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder e o que se vê no Brasil – e na Maré não é diferente – é um misto de decepção e esperança. De um lado, o crescimento econômico enche de orgulho e de elogios o nosso presidente. Do outro, a decepção toma conta dos eleitores de Lula que ainda não sentiram no dia-a-dia os reflexos de tanto crescimento. No meio desse conflito resta a esperança de que, fortalecido pela estabilidade econômica e pela confiança do mercado, o país invista na tão sonhada transformação social. Edson Diniz, 33 anos, morador da Nova Holanda, conselheiro institucional do
O
Ceasm e professor de História, ilustra bem essa mistura de desconfiança e esperança. Para ele, Lula perdeu uma chance histórica de mudar o país, já que contava com o apoio maciço dos eleitores. Mas optou por um governo conciliador de centro-direita. “Houve avanços em alguns pontos, mas a macroeconomia não deixa que os projetos sociais tenham efeito. Há um sentimento de decepção misturado com uma esperança de que, num determinado momento, ele comece a investir em projetos sociais e não em assistencialistas”, diz. Os números são incontestáveis. O Produto Interno Bruto (PIB) está em plena recuperação, apresentando crescimento de mais de 5% este ano. A inflação, que passava de 12% ao ano quando Lula assumiu, está em queda e deve fechar 2004 entre 7% e 8%. Recentes pesquisas mostram queda na taxa de desemprego e recuperação dos empregos
com carteira assinada. Mas o morador da Maré não entende muito esses números. O que importa para ele é a melhoria da qualidade de vida. “O que o Lula tem que fazer é parar de privilegiar os empresários, o pagamento da dívida externa. Ele tira o dinheiro que tinha que ser investido em escola, em saúde e na criação de empregos para pagar a dívida”, protesta Edson. Outros moradores fazem coro ao protesto e aguardam as medidas que vão beneficiar diretamente a população. “Entendemos que o mundo está em crise, mas nós queremos ver a mudança. As reformas que ele prometeu ainda não chegaram aqui na Maré, mas ainda tenho esperança, porque eu voto nele desde a primeira vez que ele se candidatou”, diz Sandra Lucia do Carmo, 50 anos, moradora do Conjunto Esperança.
O Cidadão !
esperança?
ca, revela as frustrações e as expectativas do eleitor da Maré Rosinaldo Lourenço
Tadeu Ribeiro mudou sua opinião sobre Lula
Expectativa e realidade Para saber como o Mareense analisa a trajetória de Lula nestes dois anos, O Cidadão voltou a conversar com os moradores que nos contaram suas expectativas em relação ao novo presidente na edição de janeiro de 2003. Tadeu Ribeiro, 51 anos, morador do Parque União, foi um dos ouvidos. Durante a campanha de 2002, Tadeu chegou a fazer caminhadas na Avenida Rio Branco, no Centro, pela candidatura de Lula. Achava que ele não ia
medir esforços para mudar o país. Hoje, a opinião dele é bem diferente. “Lula está demonstrando que tinha um só objetivo: ser ou estar presidente. Ele não está mudando nada, só está seguindo as regras do jogo. O que ele está fazendo é assistencialismo e isso já é comum no país”, reclama o militante do PDT, partido que deixou a base governista já no primeiro ano de mandato. Vanilton Herculano da Costa, morador da Vila do Pinnheiro, também foi entrevistado na edição nº 26 e estava muito empolgado com o resultado das eleições. Afinal de contas, Lula foi capa da Lula era realização de seus sonhos juvenis. Era, e continua sendo. “Hoje vejo a Polícia Federal agindo, prefeitos sendo caçados e artistas sendo presos. O Brasil deu um exemplo perdoando
a dívida de alguns países africanos que estavam em péssima situação. Entrou na briga para aumentar as exportações através da Organização Mundial de Comércio. Achei que o primeiro mandato ia ser assim mesmo e temos que esperar mais um pouco, uma reeleição, porque até agora não vejo alguém que possa dar continuidade ao que ele está fazendo”, defende. O morador também cita a ajuda militar ao Haiti como um dos avanços do governo no cenário internacional. Esta opinião, no entanto, não é compartilhada por outros eleitores. O professor Edson, por exemplo, acha edição n°26 que a intervenção militar é um exemplo que o país não deve seguir. “Se era necessária uma ajuda militar, ela deveria ser negociada pelo povo haitiano e não por outras pessoas”, afirma Edson.
Lulinha paz e amor Outra questão que deixa o mareense com a pulga atrás da orelha é a mudança de estilo do presidente, marcada pela mídia como a fase Lulinha Paz e Amor. A expectativa de que esta postura fosse uma estratégia para conquistar o voto da classe média hoje é questionada. As alianças seladas no poder deixam alguns eleitores em dúvida. “O problema é que ele conserta, mas tem muita corrupção ao redor dele”, diz Sandra. Já Vanilton acha uma boa iniciativa “É necessário obter aliados para formar uma base de apoio no Congresso. É diferente da gestão anterior, que governava com três partidos. Ele prometeu nas eleições governar com todo mundo” Mas para um governo popular, há pouca brecha para a participação do povo. Existem
iniciativas neste sentido, como o processo de consulta à sociedade civil para a elaboração do Plano Plurianual (PPA). Mas suas contribuições foram pouco ou nada incorporadas ao Projeto de Lei encaminhado ao Congresso. Segundo o professor Edson, só há uma maneira de reverter esse quadro. E depende muito de nós, que colocamos o Lula lá. “O papel de quem votou no Lula é pressioná-lo para que mude o rumo do
governo. O Lula só sai desse acordo se os movimentos populares se unirem para isso”, opina Edson
" O Cidadão
O que ainda precisa melhorar Moradores da Maré escolhem as áreas que devem ser prioridades de Lula
Educação
Cristiane Barbalho
Cristiane pede investimentos na educação
A educação é dever do Estado e da Prefeitura, por isto, uma avaliação sobre os projetos importantes para melhorar a situação dos estudantes do Rio não pode levar em conta apenas a ação do governo federal. A unificação do programa BolsaEscola ao Bolsa-Família é apontada como uma das iniciativas mais importantes da gestão Lula. Na Maré, 3.300 crianças são beneficiadas pelo programa. A reforma do ensino superior está começando a sair do papel. Uma das primeiras medidas foi implantar o Programa Universitário para todos. O ProUni oferecerá no Rio 15 mil vagas em universidades particulares a estudantes com renda entre R$390 e R$780. Mas há muitos desafios pela frente: ampliar a rede de ensino profissionalizante, incluindo a revisão do sistema de cotas em universidades, a educação para egressos do sistema carcerário, a educação no campo, a educação de jovens e adultos e educação à distância. São necessários,
ainda, investimentos em programas de formação e valorização de professores, na melhoria do material didático e na informatização de escolas. Nos ensinos fundamental e médio, as últimas pesquisas mostram que os índices de evasão e repetência e o número de analfabetos e crianças fora da escola têm diminuído. Para a professora Cristiane da Costa, 27 anos, professora do Ciep 14 de Julho e ex-moradora da Praia de Ramos, resta saber se estes resultados são realmente qualitativos. “Depende de onde as pesquisas são feitas. As pesquisas dizem que a educação está melhorando, mas percebo no dia-a-dia que a questão é complicada. Temos um laboratório de informática que não dá nem para uma turma, temos dificuldade de levar as crianças para passeios culturais. Deveriam investir mais recursos na educação”, opina a professora.
Trabalho e moradia Nas pesquisas mais recentes, o Rio foi a única capital brasileira que não registrou queda no número de desempregados. Nacionalmente, os índices vêm melhorando. Em junho, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ocupação com carteira assinada cresceu 3,2% na comparação com igual mês do ano passado, o maior aumento nesse indicador desde maio de 2003. O Governo Federal pretende
implantar o programa Primeiro Emprego para o Rio através de cartórios e empresas de telemarketing. Mas o carioca não anda muito satisfeito com o desempenho do presidente nesta área. “Meu marido está desempregado há um ano. Ele faz biscate, mas sempre sai para procurar emprego e nunca consegue nada. Acho que até piorou com esse governo, o salário não aumentou, mas as coisas aumentam todo o dia”, conta Ioná Alves, 30
Cultura O ministro Gilberto Gil conseguiu pôr o Ministério da Cultura numa posição de destaque no governo. Mas a atuação do governo nesta área não convenceu os profissionais e eleitores. Silvia Soter, 40 anos, coordenadora pedagógica da Escola de Dança da Maré e crítica de dança acha que não há uma proposta clara para a cultura.
anos, freqüentadora do Piscinão de Ramos. Sem trabalho fica mais difícil atingir a sonhada casa própria. O déficit habitacional do Brasil é de 6,6 milhões de moradias. Destas, 5,3 milhões encontram-se em áreas urbanas e 1,2 milhão em áreas rurais. Mais de dez milhões de domicílios são carentes de infra-estrutura e 84% do déficit habitacional brasileiro são concentrados nas famílias com renda de até três salários mínimos. Hélio Euclides
“A questão cultural só avançou no governo Lula no que diz respeito ao áudiovisual. Fora isso, o governo ainda não disse a que veio. É frustrante porque só agora começou o debate sobre outras questões, que não estão relacionadas ao cinema, por exemplo. Leva um tempo para que esses debates comecem a render“, lamenta.
Gilberto Gil deu destaque ao Ministério da Cultura
O Cidadão #
Saúde Lucimar Cavalcante, 49 anos, mora na Nova Holanda e faz um trabalho de assistência a doentes e idosos da comunidade. Em novembro, ela passou por uma situação familiar a muitos moradores da Maré. Levou uma senhora com sintomas de derrame ao Hospital Geral de Bonsucesso e teve uma péssima experiência: demora no atendimento, falta de leitos. Por fim, desistiu do atendimento, pôs a senhora no táxi e a levou para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra. Lucimar que já realiza este tipo de trabalho há mais de dez anos, utiliza esta história para demonstrar toda sua insatisfação com a falta de atenção do governo federal em relação à saúde pública. “Eu não ia votar no Lula, porque tinha certeza de que ele iria ser péssimo. Mas
Cristiane Barbalho
minha filha, que era apaixonada por ele, me convenceu e eu votei. Nos decepcionamos”, reclama. Para a deputada federal Jandira Feghali, o problema da saúde não é o falta de verbas. “O dinheiro está sendo repassado. A Prefeitura, que concentra os recursos do SUS da cidade, é que não está usando corretamente o repasse do governo federal”, afirma a deputada. O governo tem como meta implantar as equipes do Programa de Saúde da Família, apoiar os hospitais, incentivar o ensino e a pesquisa, investir em capacitação para os serviços de atendimento e redução do tempo e do número das internações hospitalares e humanização do atendimento. Além disso, prometeu recuperar e ampliar a rede pública de saúde, diminuir a desnutrição e estimular
Lucimar reclama da saúde no Rio de Janeiro
a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e da AIDS e o combate às doenças endêmicas. No caso da dengue, o trabalho dos agentes de saúde foi reincorporado nacionalmente.
Principais programas do governo Lula Fome Zero Conjunto de medidas do governo federal visando a oferecer a todos os brasileiros o mínimo de dignidade. Para se ter dignidade é necessário, entre outras prioridades, que todos tenham uma renda mínima para que nunca falte a alimentação.
Primeiro Emprego O Programa Primeiro Emprego do governo federal quer mudar o quadro do desemprego no Brasil e dar uma chance aos jovens no mercado de trabalho. O Brasil tem hoje 3,4 milhões de jovens desempregados e 4,2 milhões de inativos. Depois de dois anos em negociação, o projeto começa a funcionar aqui no Rio. O governo fez parcerias com o CIEE Rio, com os cartórios e com empresas de telemarketig, que terão algumas vantagens por participar do projeto, como redução de impostos.
Bolsa-Família O Bolsa-Família uniu os programas sociais do governo, o principal deles era o Bolsa-Escola que para combater a pobreza e a exclusão social, parte de uma simples idéia: se existem crianças que não vão à escola porque suas famílias precisam que
elas trabalhem e complementem a renda familiar, a solução é pagar para que elas estudem. O Bolsa-Escola consiste, portanto, na garantia de uma renda mensal mínima, paga preferencialmente à mãe, a fim de que seus filhos estudem e não sejam obrigados a trabalhar para ajudar no sustento de suas famílias.
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Uma baixa na hipertensão
Moradores da Maré lutam para combater doença crônica Hélio Euclides
Maré apresenta um grande número de pessoas com hipertensão. A pressão alta, como também é conhecida, na maior parte dos casos não apresenta sintomas. Ela ocorre quando a pressão que o sangue faz na parede das artérias para se movimentar é muito forte. A hipertensão passa uma estabilidade aparente, dando ao paciente a ilusão de estar com saúde. Por isso, muitos acabam não dando muita atenção ao tratamento. “De vez em quando freqüento o posto e quando a pressão fica alta vou ao hospital. Só vou lá quando estou doente, e aí fico no soro, coloco um remédio debaixo da língua. Me cuido não comendo alimentos com sal, nem com óleo”, explica a auxiliar de serviços gerais, Irene da Cruz Gomes, de 56 anos. Ela conta que a doença a prejudica muito. “Toda vez que ela sobe, não posso trabalhar”, diz. Conviver com uma doença crônica nem sempre é fácil, mas muitas pessoas conseguem viver de forma harmoniosa e bem-humorada com seus problemas. “Seguindo as orientações, o paciente ficará com a pressão controlada (12/8), evitando, assim, o derrame, o acidente vascular cerebral (AVC), a esquemia cerebral e o infarto”, comenta a enfermeira do Posto de Saúde 14 de Julho, Lucyr Jane, de 36 anos. A hipertensão não tem cura, mas com tratamento a pressão ficará controlada. Segundo a enfermeira, familiares devem preparar psicologicamente o paciente, mas sem omitir nada. Isso é confirmado pela hipertensa Ana Cristina Gomes: “Minha doença é emocional. Tem que saber falar, pois até notícia boa me deixa doente”, completa Ana, de 33 anos. Como seus sintomas não são facilmente perceptíveis, é recomendável que a partir dos 28 anos todos façam testes. Durante 15 dias verificar a pressão duas vezes por semana. Se houver algo acima do normal, há tendência para a hipertensão.
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A emfermeira Lucyr verifica a pressão da auxiliar de consultório dentário Maria de Lourdes Maciel
Os 10 mandamentos dos hipertensos: 1. Mantenha o peso saudável. 2. Evite ficar parado. 3. Caminhe mais, suba escadas em vez de usar o elevador. Realizar exercícios físicos que não requeiram muito esforço e não gastem muita energia: relaxamento, ioga ou pequenas caminhadas. 4. Diminua o sal da comida. 5. Abandone o consumo de bebidas alcoólicas e não fume. 6. Tenha uma alimentação saudável e respeite a dieta. 7. Encare os problemas do dia-a-dia de forma mais tranqüila. 8. Compareça às consultas regularmente. 9. Tome a medicação conforme orientação médica, respeitando os horários e não abandone o tratamento. 10. Respeite os horários das refeições.
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Vença a pressão alta O hipertenso não deve comer comida com muito sal, bacalhau, carne seca, lingüiça, toucinho, costelinha, lombo, paio, chispe, orelha, azeitona, requeijão, biscoitos salgados e pipoca salgada. Além disto, deve evitar carne de porco, carne vermelha, manteiga, frituras, miúdos de frango, gema de ovo, óleo com colesterol, banha de porco e leite integral. Os postos da Maré (Samora Machel, Gustavo Capanema, Operário Vicente Mariano, Nova Holanda e Helio Smidth) realizam mensalmente reuniões com portadores de hipertensão. Conheça ainda outras atividades: • Posto de Saúde 14 de Julho: Café da manhã com hipertensos e diabéticos. Toda última sexta do mês com orientações e palestras. • Centro Médico de Saúde Américo Veloso: Reunião hipertensão e diabetes toda última 3ª feira do mês, às 9h30, no auditório. • Posto de Saúde Vila do João: Tai-chichuan, para que seus pacientes pratiquem exercícios, todas às quartas-feiras, a partir das 8h.
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Mareação: Buffet com tempero social
O objetivo da oficina de Gastronomia da ONG Ação Comunitária do Brasil/Rio de Janeiro (ACB/RJ) vai além do ensino da arte de cozinhar. O trabalho desenvolvido na sede da ACB/RJ na Vila do João, no Complexo de Favelas da Maré, visa à elevação da autoestima e à geração de renda dos participantes, por meio do incentivo à formação de grupos de trabalho, associações e cooperativas. Desta forma, foi criado o Buffet Mareação, com uma pitada de tempero social, que aceita encomendas para os mais variados eventos e públicos, primando pela qualidade e
originalidade. E para este natal o Buffet Mareação preparou uma novidade. Serão feitos panetones lá na sede e a intenção é comercializá-los. O último cliente do Mareação foi o Consulado Geral da Bélgica, que organizou no dia 15 de novembro de 2004 um evento em comemoração ao Dia Nacional da Bélgica, para cerca de 150 convidados. O Sr. Marc Franck, cônsul geral, conheceu a oficina de Gastronomia da ACB/RJ in loco e ficou impressionado com o resultado do
trabalho e o esforço do grupo. Fundamental para a qualidade da oficina é o convênio firmado, em 2002, com o Hotel Copa-cabana Palace. Por meio deste, seus educandos têm feito estágios na cozinha do famoso hotel, onde têm a oportunidade de pôr em prática o que é ensinado nas aulas, de conhecer cardápios mais requintados e de aprender a ornamen-tá-los. Além disso, estão tendo a possi-bilidade de desenvol-ver suas capacidades e demonstrar seus talentos, podendo alçar novos e gran-des vôos em suas vidas.
AÇÃO COMUNITÁRIA DO BRASIL
Rua 11, na quadra 5 – Vila do João. Tel: 3868-7056
www.acao-comunitaria.org.br RIO DE JANEIRO
Sede: Rua da Candelária, 4, Centro – Tel/fax: 2253-6443
O Cidadão '
Idosos em direção a uma vida melhor
Moradores se reúnem e participam de ginástica e caminhada na Vila do Pinheiro Fotos de Renata Souza
Na ciclovia, idosos e jovens se unem em atividades que promovem a integração e melhoraram a qualidade de vida dos moradores
á um ano, Célia Souza da Silva, 72 anos, vivia chorando pelos cantos e não queria mais sair de casa. Hoje está sempre com o dia tomado e se sente muito disposta. Milagre? Não! Célia conheceu um dos vários projetos da comunidade voltados para o público da terceira idade, o “Caminhada pela Vida”. O projeto reúne aproximadamente cem pessoas, de 25 a 80 anos, para caminhar na ciclovia da Vila do Pinheiro, todas às terças e quintas, das 7h às 8h da manhã. “Consegui uma nova família”, diz Célia. O “Caminhada pela Vida” teve início em março de 2003, durante a “Semana da mulher”, no Posto de Saúde da Vila do João. Naquele período foram oferecidas várias oficinas com ajuda de voluntários. Entre eles estava o professor de Educação Física Luiz Mário Ramos, 37 anos, morador da comunidade e, hoje, coodenador do projeto. Ele ficou encarregado das atividades com os idosos. “Fiz a oficina um dia, dois, três e depois começamos a nos encontrar. Primeiro vinham algumas pessoas e hoje já são mais de cem pessoas”, informa Luiz. Maria Elinete de Oliveira, 58 anos, participa do grupo há um ano. Ela conta que, antes de começar as atividades, era depressiva e mal-humorada. Hoje, está totalmente diferente. “Me sinto como se tivesse 15 anos”, diz Elinete.
H
O grupo tem poucos homens. Sebastião da Silva, 58 anos, é um deles. Ele tenta justificar a maioria esmagadora de mulheres na caminhada: “Os homens não ligam para isso. Acham que, quando a idade chega, devem ficar em casa sem fazer nada”. O grupo organiza festas com a colaboração de todos e já conseguiu arrecar fundos para a compra de um aparelho de rádio, usado durante as
atividades. Agora, também promove cursos de artesanato e alfabetização. Muitos jovens participam da caminhada junto com os idosos. Mas o professor garante que a ginástica é voltada para as pessoas da terceira idade. “Aos 50 anos a vida começa”, finaliza o professor, que ainda organiza corridas rústicas (com menos de 22 quilômetos), aos sábados, e hidroginástica na Vila Olímpica, às segundas e quartas.
O grupo, a maioria mulheres, caminha todas às terças e quintas e tem mais de 100 pessoas
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Cidadão zine Tkeno Cultura Moradores do Parque União organizam uma Casa de Cultura Fotos de Rondineli Barbalho
A Casa de Cultura do Parque União foi pensada pela professora Fernanda Marques, moradora da comunidade. “Há quatro anos eu e minhas irmãs tínhamos a idéia de montar uma ONG. Começamos a pesquisar a Casa de Cultura da Rocinha e percebemos que queríamos algo semelhante. Expus minhas idéias na Associação e eles doaram o prédio da antiga Tekno, que estava completamente abandonado e servindo para abrigar pombos”, afirma Fernanda. O espaço tem apenas um ano e meio de existência e já coleciona o invejável número de aproximadamente 600 alunos. Dentre esses, 300 são da ginástica para idosos, que é a aula mais animada de todas as oficinas. É cobrada uma taxa mínima aos alunos, de R$ 1,30, para comprar material de limpeza, mas apenas 250 alunos contribuem. A casa oferece aulas de reforço escolar,
A casa oferece aulas de kung-gu e jiu-jítsu
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NATUREZA CIDADÃ
Dor de garganta Tomar chá de tansagem
O prédio abandonado da Tekno ganhou novas cores com a chegada de atividades culturais
grafite, ginástica para idosos, capoeira, jiujítsu, kung-fu, teatro, lambaeróbica, forró, desenho e ainda uma biblioteca. Tudo absolutamente gratuito, com professores voluntários e alunos de todas as comunidades da Maré, Ilha do Governador e até de Santa Cruz. A meta é expandir os horizontes culturais. “Nós vemos muitos problemas na comunidade. Nossa obrigação é mostrar que existem outras oportunidades, além de educá-los e incentivá-los a mudar”, explica Fernanda, professora há 10 anos. Diego Rezende, morador do Parque União, pensa de forma mais abrangente. “A Casa de Cultura deve incentivar os moradores a conhecer, valorizar e participar da cultura local. Só desta forma poderá inibir
Modo de Preparo: 1 colher de sopa rasa de folha tansagem 1 copo de água fervendo Modo de usar: Tomar 3 vezes ao dia
os problemas da comunidade, não ocultando, mas procurando novos caminhos”. Já foram feitos vários eventos pela Casa de Cultura, como o Show de Talentos da Maré, onde se reuniram 12 artistas locais, entre eles Begha e o Delta da Maré, realizado na Praça do Parque União, o chá dançante, a festa Tropical e um dia de cinema e teatro. “A Casa de Cultura é um ambiente de diversão e diversidade”, explica a presidente. A maior dificuldade que a casa enfrenta hoje é a falta de parceiros. Os eventos são feitos a custo de boa vontade e comprometimento social. Por isso, quem tiver condições de apoiar e ajudar essa iniciativa é só entrar em contato com o telefone: 3881-0795 ou 3658-0573 e falar com Fernanda ou Flávia.
Sílvia Fernandes, ex-moradora da Maré e Sócia Fundadora do Ceasm, recebeu o título de Doutora em Ciências Sociais com a tese “Ser padre pra ser santo”, “Ser freira pra servir”: A construção social da vocacão religiosa - uma análise comparativa entre rapazes e moças no Rio de Janeiro. Além da aprovação, a tese de Sílvia foi indicada para publicação e para concorrer a melhor tese do ano na ANPOCS - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais. Parabéns!
O Cidadão
''' Maré Musical
IRMÃOS LUCENA Arquivo Pessoal
Não é a Família Lima, são os Irmãos Lucena. É esse o nome do grupo formado por três irmãos – Wendell, Endiá e Brenda – que tocam música clássica na Maré. Morador do Parque União desde o nascimento, o trio se interessou pela música depois de ver outras pessoas tocando.Wendell, de 14 anos, deu o pontapé inicial. Depois de fazer um curso de violão na Igreja, o amigo Zelão recomendou que procurasse a Escola de Música Vila Lobos. A partir daí, as outras duas irmãs resolveram seguir o mesmo caminho. Endiá, de 12 anos, toca piano e violino e já faz parte da Orquestra Infantil do Vila Lobos há dois anos e meio. Brenda, de 10 anos, toca vários tipos de flautas: contralto, tenor, sopranino, soprano. Também toca gaita e está aprendendo a tocar pifa. O reconhecimento veio por intermédio de uma médica que cuidou de Wendell quando ele contraiu dengue hemorrágica. Ela estranhou o tamanho de sua unha e perguntou se ele tocava violão. A doutora Suzi, então, soube que a família tinha uma forte ligação com música. Um dia, ela foi até à casa dos irmãos vê-los tocando e acabou os contratando para uma apresentação na 4ª Conferência Internacional sobre infecção pelo HIV/AIDS em mulheres e crianças. “A apresentação foi em abril de 2002. Preparamos o repertório na casa de Suzi, mas o grupo ainda não tinha nome. Então, como já existia a Família Lima, ela sugeriu Irmãos Lucena e nós aceitamos”, afirma Wendell. Da doutora Suzi eles só recebem elogios: “Quando fui até o Parque União vê-los tocar Ave Maria, foi a coisa mais linda que já ouvi. Eu tento arrumar meios de ajudá-los, pois é preciso dar um empurrãozinho”, afirma a médica, toda
Wendell, Endiá e Brenda vão se apresentar na Igreja São José Operário, no Novo Parque
orgulhosa. Depois dessa primeira apresentação surgiram várias atividades, de surpresas de aniversário até um show no Hospital do Fundão. E eles ainda conseguiram um grande número de fãs e incentivadores. De um médico inglês, ganharam uma coleção completa de CDs de música clássica. De outros médicos, ganharam um violino, 3 teclados e 1 computador, além de vários outros presentes e até ajuda em dinheiro para arcar com as despesas, que não são poucas. Apesar de terem perdido o pai há apenas um ano eles não desanimam. “Na véspera da morte dele, elogiou cada um e disse que não parássemos de tocar e que continuássemos sempre alegres. Por isso fazemos tudo com mais vontade. Ele e nossa mãe são os nossos grandes
incentivadores”, conta Endiá. A mãe, Maria do Socorro, é só orgulho. “A gente fica feliz. É muita emoção quando eles se apresentam, principalmente depois que o pai faleceu. O ruim é que passamos muito sufoco. Tenho que pagar passagem todos os dias para levá-los à escola. É muito cansativo, mas vale a pena porque vejo o interesse deles”. Uma das maiores dificuldades do grupo é encontrar quem os auxilie. “Gostaríamos que alguém nos orientasse. Fizemos uma música e enviamos para uma agência a fita original. Até hoje ela não nos devolveu”, finaliza Endiá, que irá tocar com os irmãos , todos os domingos de dezembro, às 17h, na Igreja São José Operário no Novo Parque. Quem estiver disposto a ajudá-los é só ligar para o telefone 3977-4646 e falar com Maria do Socorro.
O Cidadão
ESP
RTES
Vôlei de Piscinão ôlei de praia, vôlei de quadra. O esporte que ganhou ainda mais prestígio depois da conquista de duas medalhas de ouro em Atenas também está em alta na Maré. O projeto “Vôlei no Piscinão”, que já atende a 80 crianças e jovens entre 6 e 17 anos, está aceitando novos alunos. E a Escola de Pais, projeto da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) do Estado do Rio de Janeiro, abrirá inscrições em janeiro para os interessados nas oficinas de vôlei de praia. São duas boas opções para prática de esportes ao ar livre nestas férias. Criado há três anos, o “Vôlei no Piscinão” tem por objetivo fazer com que as crianças se divirtam e façam novos amigos. Mas se algum aluno se destaca, é encaminhado para um clube a fim de aprimorar a técnica. “Não queremos formar atletas, mas cidadãos. Estimulamos a disciplina, o respeito e o companheirismo”, explica o professor de Educação Física Adilson Gomes Pinheiro, 39 anos. Muitos chegaram lá sem saber pegar na bola e hoje já conhecem os fundamentos
Renata Souza
V
Mais de 80 crianças e jovens, entre 6 e 17 anos, participam do projeto na Praia de Ramos
do esporte. Até agora, eles só fizeram torneios internos, mas pretendem organizar atividades com equipes de fora. Para os alunos, as aulas são uma grande diversão. Outros, no entanto, vêem uma oportunidade de investir no futuro. “Conheci o voleibol na escola e aqui consegui aprofundar os fundamentos. Aprendemos a ser companheiros e a ajudar os outros. Meu sonho é ser professor de Educação Física”, diz o morador da Roquete Pinto Rafael dos Santos, 18 anos, que participa do projeto há um ano e meio. O projeto teve início com a inauguração do Piscinão, em dezembro de 2001. Parou
por falta de verbas, mas foi retomado há um ano, através de uma parceria com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado e a ONG Terra Nova. A Petrobras repassa o dinheiro para o governo e o Estado o transfere para a ONG, explica a secretária do projeto de Esporte do Piscinão de Ramos, Romilda Busch. Atualmente, as aulas acontecem em dois horários: das 8h às 9h, para crianças de 7 a 11 anos; e das 9h às 10h, para crianças de 12 a 17 anos. As turmas variam segundo a necessidade. No período de férias, o projeto recebe mais de 80 alunos. As aulas são gratuitas.
Inscrições na Escola de Pais Nem só de vôlei de quadra vive o Piscinão. A Escola de Pais vai realizar uma série de atividades na região, entre elas o vôlei de praia. A idéia é trabalhar com as famílias já matriculadas no projeto. A Escola de Pais é voltada para famílias com crianças em situação de risco, com pais desempregados, sem moradia ou com crianças fora da escola. As inscrições começam em janeiro. “O importante é que a pessoa não venha apenas com interesse na oficina, mas queira participar do projeto”, ressalta a coordenadora da Escola de Pais, Jusceli Sousa, 40 anos.
Arquivo Pessoal
O Magalhães Futebol Clube, do Morro do Timbau, existe desde 2000. O time teve início quando houve a proposta de um jogo com os moradores da Rua João Magalhães. O primeiro jogo do grupo aconteceu no extinto campo do Picolé (Vila do Pinheiro). A partir desse momento, conseguiram um patrocinador que permite a continuidade do time.
O Cidadão !
Página de
rascunho
do Cidadão
Espaço para a livre expressão do morador. Não representa, necessariamente, a opinião do Jornal.
Retratação No jornal O Cidadão n° 37 publicamos como ilustração da matéria “Maré de discriminação” a foto de uma criança regando uma horta. O texto tratava do preconceito racial e suas implicações, entre elas o ingresso da criança negra precocemente no mercado de trabalho. A foto publicada, que faz parte do arquivo do jornal, é meramente ilustrativa e não tinha o objetivo de caracterizar uma situação ou forma de exploração da criança fotografada. Pedimos desculpas a todos que tenham se sentido ofendidos com a utilização desta imagem e reiteramos que o nosso objetivo é fazer com que o morador da Maré tenha o jornal como uma arma de reflexão e ação. Não será nunca o nosso objetivo agredir o morador e a sua imagem perante a comunidade. Equipe do Jornal O Cidadão
Brasil negro e branco O Brasil é um país racista. Devido à sua tentativa de ser igual a outros países, como EUA, absorve parte de sua cultura assim como seu modelo. Persegue os negros onde quer que estejam, tentando destruir sua raça, mas não com armas e sim com palavras, ofendendo-lhes verbalmente, colocando assim a autoestima negra no chão. É comum ver em vários locais atos de racismo, mesmo que por acaso. Em escolas vemos crianças ofendendo outras por sua cor, apelidando-as. Em locais públicos vemos divisões, ou seja, brancos de um lado, negros de outro. Mas a pior parte é que na hora de concorrer a um emprego, os negros ficam como última escolha. Temos que nos inspirar no passado para modificar o futuro; ver e usar os ideais de Zumbi e lutar pela nossa liberdade e igualdade em relação ao nosso colonizador branco. Arthur, 14 anos. Aluno do Preparatório para o Ensino Médio do Ceasm. Morador do Morro do Timbau.
Fazendo a coleta seletiva Para que a coleta tenha sucesso, sua participação é fundamental. Se possível separe assim seu lixo para coleta seletiva: Metal: latas em geral, pregos, parafusos, panelas, bacias, ferro, zinco, cobre e alumínio. Papel: Revistas e jornais, caixas de papelão, papel de embrulho, embalagens de leite longa
vida e formulários de computador. Plástico: Brinquedos, garrafas plásticas, canos e tubos de PVC, embalagens de alimentos, sacos e sacolas plásticas. Vidro: Potes e frascos de produtos alimentícios, vidros de perfume e remédio, copos, pratos, garrafas, vidros de automóveis. Arialdo Felix de Paiva ( Chefe do Setor de Serviços Gerais da Funarte / Minc) – morador do Morro do Timbau e leitor do jornal.
Errata A foto publicada na edição 37, página 6, no box “Faltam trabalhos pedagógicos” e a foto da turma de fotógrafos populares, página 11, são de Ratão Diniz.
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CARTAS As cartas ou sugestões para o jornal devem ser encaminhadas para o Centro de Ações Solidárias da Maré Jornal O Cidadão – Praça dos Caetés, 7 – Morro do Timbau – Rio de Janeiro/RJ – CEP: 21042-050
Rio de janeiro, 21 de junho de 2004. Ao Jornal O Cidadão As turmas do Ciep Elis Regina constantemente realizam atividades a partir da leitura deste jornal.Ao lermos a edição de número 35, encontramos na reportagem “Idosos em busca de exercícios no bairro”, que consta na página 16 da mesma, dois grandes equívocos. A reportagem fala que a Terceira Idade faz exercícios na horta do Ciep Samora Machel. O primeiro equívoco está no fato de os idosos fazerem exercícios na horta. Como seria isto possível? Coube-nos esclarecer que o grupo da Terceira Idade
faz exercícios sim, mas na quadra. É aí que se encontra o segundo equívoco, pois, a quadra fica no terreno onde foram construídos e estão inseridos dois Cieps, a saber, Samora Machel e Elis Regina. Os alunos, ao perceberem a omissão do nome do Ciep Elis Regina, criticaram a reportagem. Como a indignação foi muito grande, decidimos escrever a vocês a fim de esclarecer que, tanto a horta quanto a quadra, pertencem aos dois Cieps, visto que ambos situam-se numa só área e dividem o mesmo terreno. Atenciosamente, Turmas 9501 e 9502 do Ciep Elis Regina.
MEMÓRIA DA MARÉ
Arquivo pessoal
Arquivo Orosina Vieira
esde o primeiro número de O Cidadão, a Rede Memória – projeto desenvolvido pelo Ceasm, vem utilizando a última página deste jornal para contar a história de resistência e luta dos moradores da Maré para conquistar seu espaço e construir seu chão. Nesses últimos cinco anos, o leitor teve a oportunidade de conhecer e contar a história do lugar onde vive. Este lugar, que muita gente não dá valor por puro preconceito, tem uma história riquíssima e que faz parte da nossa cidade e do nosso país. Para evitar que essa história se perdesse, a Rede Memória, no ano de 2002, criou o Arquivo Orosina Vieira. Ao escolher este nome para o arquivo, a Rede Memória quis homenagear todos os moradores que lutaram e lutam para construir o bairro Maré. São muitos os documentos que estão no arquivo: fotos antigas e recentes, fitas de vídeo, mapas, documentos de moradores, livros, reportagens de jornais e revistas etc. E tudo isso não está escondido. Os moradores podem visitar o arquivo para pesquisar sobre sua história ou, simplesmente, relembrar o passado e matar as saudades. Muitos alunos das escolas públicas têm visitado o Ceasm para realizar trabalhos que os professores pedem. Muitos estudantes e professores das universidades também têm utilizado os documentos do arquivo para desenvolver trabalhos de pesquisa sobre a Maré. Depois, o resultado dessas pesquisas vão enriquecer ainda mais a documentação do Arquivo Orosina Vieira. O arquivo funciona de segunda à sexta, das 9h às 17h, e está localizado na sede do Ceasm do Morro do Timbau, na Praça dos Caetés, nº 07. É bem fácil de achar! Além de sua visita, estamos recebendo também doação de documentos particulares, fotos de família etc. Esses documentos serão copiados para serem utilizados na divulgação da história da Maré. Caro leitor, sua colaboração é muito importante para que a história da Maré não se perca. É por isso que o Arquivo Orosina Vieira foi criado. E é também por isso que esta página do jornal é dedicada a você. Conte sua história para que ela seja publicada aqui. Diga o que você gostaria de saber sobre a história da Maré e da cidade do Rio. Este espaço do jornal O Cidadão é seu. Envie sua história e sugestões para a Rede Memória. Você pode nos procurar pessoalmente, no Morro do Timbau, ou deixar sua colaboração por escrito nas secretarias do Ceasm, na Nova Holanda (R. Sargento silva Nunes, 1012. Tel.: 2561-4965) ou na Casa de Cultura (Av. Guilherme Maxwell, 26 – em frente ao Sesi. Tel.: 3868-6748). Se você tiver facilidade de acesso à Internet, envie sua colaboração para o endereço jornalmares@bol.com.br.
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Esta sessão de O Cidadão é uma iniciativa da Rede Memória da Maré. Se você conhece um fato interessante sobre a história do nosso bairro e quer que ele seja contado aqui, escreva pra gente. É só enviar sua carta para o jornal ou para o e-mail: contato@ceasm.org.br
Sala do Arquivo Orosina Vieira.
Foto da Moradora da Praia de Inhaúma, Marli Damascena, doada para o Arquivo Orosina Vieira. Ano: 1975
Autor: Renato Reis Nunes/Rede Memória da Maré.
Moradores da Maré pesquisam no Arquivo Orosina Vieira, no Ceasm
Renato Reis Nunes/Rede Memória da Maré.