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O Cidadão

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RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº56 • JUNHO/JULHO 2008

Alimentos caros Alta no preço da cesta básica preocupa os moradores da Maré, com o risco da volta da inflação

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Agenda 21 nas escolas da Maré

6 11 Perfil: Robson Caetano

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Maré em encontro da juventude

Origem da favela no Rio

Saúde: câncer de próstata


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EDITORIAL

Elevação da cesta básica: grande preocupação dos brasileiros

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os últimos meses a alta no preço dos alimentos preocupou os brasileiros. O aumento do trigo, do arroz e do óleo de soja ficou próximo dos 90%. Os alimentos que eram comprados em abril por um preço, em maio já não custavam a mesma coisa. Ou seja, o brasileiro teve que desembolsar mais dinheiro para continuar se alimentando de forma digna. O CIDADÃO nessa edição fala sobre este problema que está interferindo na rotina dos mareenses. Uma das grandes reclamações dos moradores da Maré foi o aumento no preço da carne. Muito tiveram que substituir o alimento por ovo, frango ou peixe. Forma encontrada para manter a “mistura” em sua alimentação. Os fatores que influenciaram a alteração do preço dos alimentos foram: as variações climáticas, que culminou com o aumento do consumo externo e a pouca produção interna de alguns produtos; além da crise de produção de arroz na Ásia,

que fez as exportações do continente sofreram uma drástica redução. Outro país que sofreu com a baixa produtividade foi a Argentina. Os nossos amigos portenhos tiveram uma safra de trigo reduzida, influenciando os preços no Brasil. Um exemplo desse aumento é o preço do arroz que há quatro meses custava R$6, hoje está a R$ 11. Ou seja, os brasileiros estão gastando mais para comer. O câncer de próstata também é abordado em nossa edição, alertando os moradores para os seus riscos. Além de mostrar a prevenção e os locais de tratamento. O meio ambiente também está presente em O CIDADÃO, com a reportagem sobre a Agenda 21 que será aplicada em algumas escolas da comunidade. Ainda temos matérias sobre os agentes de saúde, fórum mundial da juventude, bolinha de gude, movimento dos trabalhadores desempregados, e muito mais. Boa Leitura!

O CIDADÃO é uma publicação do CEASM Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré Sede Timbau: Praça dos Caetés, 7 - Morro do Timbau Telefone: 2561-4604 Site: www.ceasm.org.br

Direção Antonio Carlos Vieira • Cláudia Rose Ribeiro Maristela Klem • Lourenço Cezar Coordenadora de Comunicação: Carla Baiense Editora: Cristiane Barbalho Coordenadores de Edição: Flávia Oliveira • Aydano André Motta Chefe de Reportagem: Silvana Sá Revisão: Audrey Barbalho Administração: Fabiana Gomes Reportagem: Cristiane Barbalho Gizele Martins • Renata Souza • Julie Alves Silvana Sá • Douglas Baptista Repórter Fotográfico: Renata Souza e Renato Rosa Colaborou nesta edição: Rede Memória • NIC Jornalista Responsável: Renata Souza (Mtb. 29150/RJ) Ilustrações: Jhenri

ELES LÊEM O CIDADÃO FOTOS DE RENATO ROSA

Contato Comercial: Maria Matilde e Elisiane Alcântara Projeto Gráfico: José Carlos Bezerra Diagramação e Editoração Eletrônica: Fabiana Gomes e José Carlos Bezerra Criação do Logotipo: Rosinaldo Lourenço Foto de Capa: Renato Rosa Distribuição: Ana Carla • Charles Alves Givanildo Nascimento • Raio Nonato José Diego • Caíque Mendes • Luiz Fernando Fotolitos / Impressão: Ediouro Tiragem: 20 mil exemplares

Acima, Everaldo Souza Argemiro Junior, morador do Conjunto Bento Ribeiro Dantas. À esquerda, Maria Mônica, moradora da Vila do João.

A impressão deste Jornal foi possível graças ao apoio da Rua Nova Jerusalém, 345 Bonsucesso

Tel:3882-8200 / Fax:2280-2432

Correio eletrônico: jornalmares@bol.com.br jornaldamare@yahoo.com.br


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EDUCAÇÃO

Desenvolvimento ambiental Agenda 21 chega em duas escolas da comunidade com objetivo de melhorar a vida dos mareenses

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om o objetivo de melhorar a vida dos moradores nas comunidades, a Agenda 21 foi implantada em duas escolas da Maré. Esse projeto é um novo padrão de desenvolvimento, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. A Escola Estadual Bahia e a Escola Estadual Professor César Perneta têm a proposta de promover projetos sociais e ambientais nos locais, para melhorar as condições de vida não só dos alunos, mas também dos moradores. A professora de biologia Sueli de Oliveira Lima, de 51 anos, junto com outros professores da Escola Estadual Professor Cesar Pernetta, está desenvolvendo a Agenda 21 escolar. “O projeto surgiu em 1992 numa conferência no Rio de Janeiro, para tratar dos problemas ambientais”, conta Sueli. De acordo com ela, através de uma pesquisa feita por alunos e professores, foi possível descobrir que os maiores problemas das comunidades são a poluição sonora, o lixo, e as doenças. “A nossa intenção é melhorar as condições ambientais, e também mostrar a população como se auto-sustentar reciclando. Vamos conscientizar os moradores e conciliar o progresso com o meio ambiente”, diz a professora. A Escola Estadual Bahia também foi escolhida para desenvolver o projeto nas comunidades que a cercam. O diretor do colégio Antônio Lopes Ferreira Júnior, de 32 anos, fala como o projeto está sendo colocado na escola: “A agenda 21 é um documento que elabora um plano de ações para trabalhar em cima dos problemas sociais e am-

pria escola, quanto em cooperativas recicláveis. As pessoas que tiverem interesse em ajudar, ou queiram aprender com as oficinas, podem comparecer aos colégios citados para se informar. As dúvidas também podem ser bientais da comunidade. Queremos levar o crescimento social, econômico e ambiental”. O diretor afirma que a intenção é trabalhar focando a melhoria da qualidade de vida da população, “tratando do meio ambiente e melhorando a dimensão social”, diz. Segundo o diretor do colégio César Pernetta João Lanzellotti, de 46 anos, o projeto é muito extenso e envolve a parceria de várias pessoas, tanto professores como alunos da comunidade. Para ele, a Agenda 21 tem duas importâncias: a primeira é a conscientização do estado do meio ambiente; a segunda é o respeito com as coisas de Deus aqui no nosso planeta. “Há uns dias atrás a Comlurb limpou o canal e no outro dia já tinha um sofá e uma máquina de lavar jogados por lá”, comenta. Outro projeto que as escolas irão desenvolver em relação à Agenda 21 é a implementação da coleta seletiva de materiais que podem ser reaproveitados tanto em oficinas da pró-

“A agenda 21 é um documento que elabora um plano de ações para trabalhar em cima dos problemas socais, economica e ambiental” Antônio Lopes Ferreira Diretor da Escola Estadual Bahia tiradas pelos telefones 2561-8892 da Escola Estadual Bahia, que funciona somente à noite e 3867-8522 da Escola Estadual César Pernetta.


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GERAL

O socorro que bate a porta Agentes comunitários ajudam famílias a terem acesso a tratamentos em postos da Maré JULIE ALVES

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les estão por toda parte, batendo de porta em porta, sendo amigos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, enfim, uma ponte entre médicos e pacientes. Esse é o perfil dos agentes de saúde que têm a função de dar atenção total e restrita às famílias, já que na Maré há um grande número de pessoas doentes e com dificuldade de locomoção. Eles têm que estar prontos para atendê-las, e uma de suas obrigações é levar aos enfermeiros um programa do que cada um da casa necessita. Um trabalho baseado no Saúde Família, do Governo Federal, que também ajuda a capacitar os agentes de saúde, com cursos sobre doenças e ética profissional, já que a intimidade das famílias deve ser mantida. O CIDADÃO conversou com Waldir Francisco, de 59 anos, coordenador de projetos da Unimar, empresa que coordena alguns postos de saúde na Maré em parceria com a Prefeitura. Segundo ele, há 11 anos, notou-se a necessidade de dar

Valdinéia e Geni atuam como agentes de saúde na comunidade da Vila do João, fazendo visitas domiciliares

um suporte melhor à saúde na comunidade. “Nada havia sido feito para melhorar a assistência ao morador. Com isso, surgiu o Pacs (Programa de Agentes Comunitários de Saúde), que contrata pessoas das comunidades para desenvolver o trabalho de visitação aos moradores, além de descobrir suas necessidades e leválas aos postos de saúde da Maré”, diz. Ainda segundo ele, há uma dificuldade do cliente (paciente) em entender que o agente é a ponte entre ele e o médico. “Quando o cliente

entender que o agente tem um papel importante para a melhora de sua saúde o projeto terá melhorias e apoio melhor da medicina”, conta. Para a agente de saúde Geni Andrade, de 48 anos, que visita famílias no Conjunto Esperança o profissional tem que estar sempre preparado para receber uma resposta, sendo boa ou não. “Eu entrei nesse projeto porque me senti fascinada em cuidar de vidas”, afirma. Mensalmente ela

“Eu entrei nesse projeto porque me senti fascinada em cuidar de vidas” Geni Andrade Agente de Saúde visita 180 famílias, onde se depara com diversas necessidades de tratamentos, como por exemplo, pessoas com HIV. Segundo Valdinéia Ferreira, de 48 anos, que há 10 trabalha no projeto, tudo deve ser feito com amor e educação. “Nosso trabalho é igual ao de formiguinha, ganha um não hoje, mas no dia seguinte deve-se voltar e insistir”, diz. Para ela, a única coisa que se perde é a privacidade. “Se estiver no mercado ou na feira, seja a qualquer hora as pessoas estão chamando para pedir que resolva algo”, conclui.


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CIDADANIA

Você sabe o que faz a 30ª R.A.? Administrador regional explica quais as funções da Região Administrativa da Maré RENATA SOUZA

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30ª Região Administrativa da Maré, popularmente conhecida como R.A, localiza-se em frente a Praça do 18, na Baixa do Sapateiro. Muitos moradores não sabem qual é a sua real função. O cargo de administrador regional, segundo o atual administrador Delon Alves, é ocupado através da indicação do prefeito César Maia. “O prefeito faz a troca de acordo com as necessidades do bairro”, diz Delon que ocupa o cargo desde o mês de março. A R.A trabalha basicamente com a assistência de problemas de infra-estrutura. Uma das funções da R.A é fazer a intermediação entre população e governo. Alguns dos serviços prestados pelo órgão são: recapiamento e asfalto, iluminação, limpeza de ruas, conservação de praças,

“Vamos ver o que a gente consegue fazer com a comunidade Mandacaru, porque ali as pessoas vivem em situação sub-humana” desobstrução de galerias de águas fluviais e desratização. De acordo com Delon, as solicitações devem ser feitas à associação de moradores. Esta encaminhará um ofício para a R.A, que entrará em contato com os governos municipal, estadual e federal, dependendo do pedido. O órgão também cede espaço para a Funlar (Fundação Municipal Lar Escola Francisco de Paula), que presta

CURSOS

O Cidadão dá dicas de cursos

Delon Alves é o novo administrador da Região Administrativa localizada na Rua Principal, na Baixa do Sapateiro

assistência a pessoas com deficiência. No momento, de acordo com Delon, a comunidade de Marcílio Dias apresenta muitas demandas. “Lá os moradores reclamam do abandono dos órgãos públicos. O asfalto não chegou por quatro anos. Vamos ver o que a gente consegue fazer com a comunidade Mandacaru, porque ali as pessoas vivem em situação sub-humana. Moram em barracos de madeira, sem saneamento básico e sem água encanada. Eu acredito que um ser humano não pode viver nessa situação. Daremos prioridade máxima à essa comunidade”, afirma. “O CIDADÃO nos ajuda a identificar os problemas da Maré. A matéria sobre ‘lazer na Maré’ está me servindo muito porque pude ter maior conhecimento das necessidades da comunidade, que às vezes não chega através dos presidentes das associações e chega por vocês. O jornal é show de bola”, diz Delon. Os moradores podem entrar em con-

tato com a R.A através dos telefones: 3881-0399, 2590-2590, 9852-1352 e 3881-0400.

“A matéria sobre ‘lazer na Maré’ está me servindo muito porque pude ter maior conhecimento das necessidades da comunidade, que às vezes não chega através dos presidentes das associações...”

Licenciatura em Educação Artística O curso de Educação Artística tem como objetivo formar educadores no campo da arte que são fundamentais no ensino regular e para o apoio de outras áreas do conhecimento. No curso o aluno terá a oportunidade de conhecer a linguagem artística, técnicas e a utilização de

materiais diversos. Ele ainda oferece disciplinas práticas ministradas em ateliês como os de escultura, gravura e pintura. No Rio de Janeiro o curso está disponível na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)


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PERFIL/ENTREVISTA

ARQUIVO PESSOAL

Robson Caetano, ex-morador da Maré, mostra para crianças da comunidade que a determinação é uma das armas para transformar sonho em realidade

Orgulho de ser cria da Maré O velocista Robson Caetano da Silva, o grande nome do atletismo brasileiro das décadas de 80 e 90, hoje comentarista esportivo e membro da Confederação Brasileira de Atletismo, conta para O CIDADÃO o orgulho que sente de ser mareense. Fala ainda da vontade de desenvolver um projeto esportivo no bairro. CIDADÃO: Conte um pouco sobre sua infância na Maré. Você jogou bola no Campo da Paty? Robson Caetano: Eu nasci no hospital do Andaraí e fui com minha mãe, Dona Georgete, morar na casa da minha avó, Dona Ana. Foi na antiga Rua F, Nova Holanda, onde passei os primeiros anos da minha vida. Aos dois anos e meio fui morar com minha bisavó no Instituto Oswaldo Cruz. Não tive a oportunidade de jogar bola na Paty, mas sempre que ia na casa da minha avó, para passar dias ou férias, eu dava uma fugida para ver a turma mais velha jogando lá. Posso dizer que vi muita gente boa, mas é uma pena que as oportunidades sempre foram reduzidas para pessoas como nós de comunidade.

começando, requer uma certa condição orgânica. O outro problema é que com a dificuldade de conseguir os resultados, os patrocínios não vêm. E na seqüência, o jovem chega numa idade que tem que decidir se estuda e trabalha, ou se estuda e treina. É aí que a família faz diferença, pois o incentivo e apoio são fundamentais neste momento.

CIDADÃO: Quais as principais dificuldades que um menino pobre tem para conseguir sobreviver do esporte? R.C: A primeira dificuldade é a falta de alimentação apropriada, as deficiências sempre aparecem e corrigir fica difícil, ainda mais porque o treinamento, mesmo para quem está

CIDADÃO: Você acha que as políticas públicas de hoje são suficientes e qualificadas para atender o número de jovens de baixa renda? R.C: Eu ainda acho que estamos à mercê da sorte. É claro que já melhorou um pouco, mas ainda somos excluídos e não

“..., o jovem chega numa idade que tem que decidir se estuda e trabalha, ou se estuda e treina”

temos as chances suficientes para conseguir um lugar de destaque no esporte. Mas acho também que muito depende na nossa força de vontade, pois você é o que o seu coração quiser, para isto basta você acreditar. CIDADÃO: Mande um recado para a garotada da Maré. R.C: Como eu já disse antes, cabe a vocês o futuro de vocês. A sorte estará sempre do lado de quem trabalha. Lembrem-se que eu sou semente, fruto e produto da Nova Holanda, mas sou, acima de tudo, um favelado com muito orgulho. Por todos os lugares onde ando, eu faço questão de ressaltar que as comunidades com poder aquisitivo desfavorecido merecem ser respeitadas. Por isso, acreditem em seus valores morais e respeitem, para que vocês sejam respeitados. Sejam humildes, mas não sejam humilhados e sintam orgulho de quem são e de onde vêm. Toda sorte do mundo para vocês e caso não tenham sorte ou oportunidade no esporte, invistam na educação, pois vocês podem ser o que quiserem, é só acreditar.


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NAS REDES DO CEASM

FOTOS: ARQUIVO OFICINA DE CULTURA

Performances culturais levantam público na Casa de Cultura

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Apresentação das oficinas foram vistas pela primeira vez pelo público externo

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o dia 17 de maio uma roda de poesia encantou crianças e adultos na Casa de Cultura da Maré. Cerca de 150 pessoas participaram do evento, que reuniu pais, vizinhos, amigos e alunos das oficinas de arte da instituição. Cada oficina preparou uma performance a partir de poesias relacionadas ao tema “Os elementos de nossa terra”. Segundo o professor da oficina de teatro, Marcos Covask, a idéia do evento é estimular a comunidade a ter um contato mais estreito com a língua escrita, através de diversas manifestações culturais. Cerca de dez oficinas se apresentaram. Amanda Santana, de 13 anos, que participa das oficinas de dança de salão e teatro gosta muito do projeto. “É bom porque aqui a gente se diverte e distrai”. Seu primo, Vitor Ricardo de Araújo, de 14 anos, que participa das oficinas de dança de salão, teatro e artesanato, vai mais além: “Estas oficinas são muito importantes para nosso crescimento. Elas nos ajudam a falar melhor e a nos expressarmos melhor para as outras pessoas”, diz. Maria da Penha Cabral, moradora do Pinheiro, foi assistir à apresentação a convite de seu vizinho. “Gostei muito. É uma coisa nova, diferente. Virei outras vezes”, afirma. Segundo ela, seus filhos só não fa-

zem as oficinas hoje por causa do horário da escola. “Se eles pudessem eu daria a maior força. É bom estimular a cultura”, diz. Josefa Ferreira, moradora da Rubens Vaz, é aluna do teatro há dois meses. “Fiquei sabendo das oficinas através do jornal O CIDADÃO. Estou apaixonada, é maravilhoso! Meu filho de 9 anos quer fazer dança e teatro”, diz. Segundo a coordenadora pedagógica das oficinas de arte, Márcia Mansur, esta foi a primeira vez que as oficinas se encontram numa apresentação para o público externo. “O grande ponto positivo do projeto é dar oportunidade para as pessoas que não têm acesso aos bens culturais. Quando conseguimos motivar a arte adequando-a à realidade da comunidade, o salto qualitativo que se tem é muito grande”, afirma.

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1- Meninas da oficina de balé após apresentação; 2- Crianças após perfomance teatral; 3- Público assiste à apresentações das oficinas

Serviço Está programada para o dia 19 de julho a primeira mostra dos trabalhos das oficinas. No final do ano também acontecerão eventos para encerrar as atividades. A Casa de Cultura da Maré fica na Av. Guilherme Maxwell, 26 (em frente ao Sesi). Telefone: 3868-6748.


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10 ACONTECEU NA MARÉ JULIE ALVES

Mulheres no primeiro Fórum organizado no CCDC

I Fórum Comunitário da Mulher No dia 26 de abril aconteceu no CCDC MARÉ, na Baixa do Sapateiro, o I Fórum Comunitário da Mulher, realizado pela ONG Viver Bem. O objetivo era esclarecer dúvidas sobre os direitos das mulheres e prevenir futuras doenças com diversas palestras. Segundo o presidente da Viver Bem, Elias Torres, o evento acontecerá em outras comunidades. “Esse fórum foi criado para atender as carências que as mulheres têm sobre muitos assuntos do seu cotidiano”, conta. O CIDADÃO conversou com Nilza Serafim, de 41 anos, moradora da Baixa do Sapateiro, que já é atendida pela ONG, e foi até o evento para esclarecer outras dúvidas. “A palestra da psicóloga Márcia Mimczuk foi com a que mais aprendi. Passo por um processo emocional e agora que tudo ficou claro, levarei isso para ensinar a todos da minha casa”, diz. A ONG tem atendimento gratuito de fisioterapia na Associação de Moradores do Rubens Vaz, todas às terças e quintas-feiras, das 9h às 13h. Na Assembléia de Deus do Salsa e Merengue, o atendimento é realizado todas as segundas-feiras, dàs 14h às 18h. A sede da Viver Bem fica na Rua Nair, n° 221, Olaria. O telefone é 3214-7750.

50 anos da Escola IV Centenário Em comemoração aos seus cinqüenta anos, a Escola Municipal IV Centenário, realizou uma Missa em Ação de Graças,

na paróquia Nossa Senhora dos Navegantes. O evento aconteceu no dia 16 de maio. Após a missa foi realizado ato solene na própria escola.

de cabeça, febra alta e baixo astral. Xô mosquito vai picar o Sérgio Cabral”.

Domingo é dia de Cinema

Integrantes do “Se benze que dá”, em desfile pela Maré

No dia 6 de junho a rádio comunitária Transmania do Parque União realizou sua primeira transmissão, depois de longos anos fora do ar. A festa de inauguração contou com a presença do deputado federal do PV Fernando Gabeira. De acordo com a administradora, Fátima Castro, a rádio atenderá à comunidade através dos auto-falantes instalados nos postes. “Teremos serviços de utilidade pública, achados e perdidos, programação musical e espaço para programas evangélicos. Nossa intenção é prestar um serviço de qualidade para a comunidade”, afirmou. Na década de 80 a rádio, dos mesmos donos, mas chamada TransMaré, iniciava sua transmissão para a comunidade do Parque União. Ela funcionava no terceiro andar da associação de moradores. Anos depois, já na década de 90, a rádio voltou a funcionar no térreo do mesmo prédio, dessa vez com o nome de Transmania. Lá permaneceu por 10 anos. Agora, anos depois, a rádio ressurge como mais um instrumento de cidadania para a comunidade. A rádio funciona na Associação de Moradores do Parque União.

Contra a dengue, se benze que dá

Rock na Maré

O pré-vestibular do Ceasm foi a mais um encontro do “Domingo é dia de cinema” no Cine Odeon, dia 18 de maio, com outros pré-vestibulares comunitários. O grupo assistiu ao filme “Sicko SOS Saúde” de Michael Moore que compara o funcionamento do sistema de saúde de alguns países, como o de Cuba, Estados Unidos, França, entre outros. Logo depois os alunos participaram do debate com Lucia Brum, formada em medicina familiar em Cuba e Eduardo Stotz, doutor em saúde pública, ambos da Fiocruz. RENATA SOUZA

O bloco carnavalesco “Se benze que dá”, formado por moradores das favelas do Complexo da Maré, denunciou, no dia 26 maio, o descaso do poder público com a epidemia de dengue. De maneira bem humorada, os “partideiros” se vestiram de mosquito da dengue e distribuíram panfletos informativos pelas ruas da Baixa do Sapateiro, Vila dos Pinheiros e encerraram a passeata na recém lançada Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA), na Vila do João. Um dos refrões do samba cantado pelo “Se benze” era: “Dor

Rádio comunitária do PU

Aconteceu no dia 13 de junho, uma sexta-feira treze, no IV Largo Centenário, a festa promovida pelos roqueiros da comunidade. O evento contou com a presença de aproximadamente 90 pessoas e apresentação de várias bandas. Para Carlos Manuel dos Santos, de 19 anos, mas conhecido como Portuga, a intenção da festa é trazer o lazer para a comunidade. “Ela é gratuita, mas toda a ajuda é bem vinda. Temos a presença de pessoas de fora da comunidade, e a presença das bandas Jam, André e os Mendigos, Algoz, Wilo-Drean e Raça Humana”, diz.


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GERAL

Conferência Nacional da Juventude Jovens da Maré e de todo o país vão à Brasília propor e discutir seus direitos ELZA FIÚZA/ABR

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o Brasil não existem leis para a juventude, por isso, entre os dias 27 e 30 de abril foi realizada a Conferência Nacional da Juventude em Brasília, em que jovens de todo o país tiveram a chance de sugerir e votar metas. Antes disso, durante oito meses, cerca de 400 mil participantes se organizaram em conferências livres, municipais, regionais e estaduais para discutirem seus direitos e deveres. Foram escolhidos 100 jovens de cada estado para a conferência nacional, o que totalizou aproximadamente 3 mil presentes,

“A gente trabalhou no grupo de jovens com deficiência, tentando sempre promover a discussão ética da diversidade” Fábio Meireles Jornalista da Ong Escola de Gente entre organizadores e colaboradores. Eram indivíduos de todas as regiões, de diferentes costumes, sotaques e opiniões. Mas todos tinham o mesmo objetivo: discutir políticas públicas para a juventude. Cada grupo levou suas prioridades, esse foi o caso do jornalista Fábio Meireles da ONG Escola de Gente do Rio de Janeiro. “A minha participação tem a idéia de garantir o direito da juventude com deficiência em espaços coletivos como: direitos humanos, material em braile, os banheiros adaptados, entre outros. Tentar avançar para que

COMO VOVÓ JÁ DIZIA

Jovens chegam para a 1ª Conferência Nacional de Juventude. O encontro aconteceu em Brasília no mês de abril

eles sejam protagonistas e falem sobre suas pautas, coloquem suas questões e suas angústias também. A gente trabalhou no grupo de jovens com deficiência, tentando sempre promover a discussão ética da diversidade, da não discriminação, dialogando com os movimentos negros e feministas, presentes na conferência”, conclui. Índios também discutiram e votaram suas questões, uma delas é a falta de apoio do governo. André Luis, de 27 anos, da Tribo Terena do Mato Grosso do Sul, ressalta a importância da sua participação. “Não temos um espaço digno na sociedade. Somos mais de 26 etnias aqui na conferência e teremos que se organizar para conseguir algo em comum, já que somos e temos problemas diferentes. Esse é o caso das tribos do Centro-Oeste, eles têm seus problemas que são distintos dos das tribos do Nordeste. Afinal, como qualquer outro grupo também temos

dificuldades. No Brasil, somos mais de 200 povos e 180 línguas diferentes. Por isso, a primeira fase é a organização do nosso grupo. No país já temos um Estatuto do Índio, mas o nosso objetivo hoje é o de melhorar cada vez mais o que temos e buscar o que ainda falta”, diz. Moradores da Maré também estiveram presentes na conferência nacional. Um desses representantes é Geandra Nobre, de 24 anos. Segundo ela, houve alguns problemas na conferência. “O Rodrigo Abreu, superintendente de juventude não deixou que tivesse o debate das propostas. Ele próprio escolhia o que entraria ou não na pauta. Não trouxemos nenhuma proposta pela não redução da maioridade penal, por exemplo, que é um assunto que nós do Rio de Janeiro poderíamos ter trago. Essa conferência aqui não pode ter fim, é um esforço que já vem de anos”, conclui.

Para deixar o biscoito mais gostoso

• A massa de biscoitos feita só com amido de milho é mais delicada e desmancha na boca. • Para abrir e moldar a massa de biscoito, você pode polvilhar a mesa ou o mármore com amido de milho.

• Guardar algumas fatias de pão na lata, junto com biscoitinhos macios, não deixa que eles amoleçam. • Quando cortar biscoitos com forminhas ou cortadores apropriados, ou mesmo com a borda de um cálice, faça-o com a massa, sobre

um guardanapo polvilhado de farinha de trigo. Isto evita que percam a forma ao serem passados para o tabuleiro de assar. Fonte: www.irenes.com.br/da_ cozinha/biscoitos.htm


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CAPA

FOTOS DE RENATO ROSA

Funcionário de mercado na Vila do João repõe mercadorias: elevação dos preços preocupa moradores da comunidade que mudam hábitos de consumo

Aumento no preço dos alimentos

Moradores da Maré reclamam da alta dos preços que, entre os meses de abril e maio, comprometeu mais 5% do salário mínimo

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arne, leite, feijão, arroz, farinhas de trigo e de mandioca, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Esses são os produtos que compõe a cesta básica nacional. Porém, nos últimos meses, o aumento da inflação prejudicou essa composição. E os moradores da Maré estão sentindo no bolso esse aumento. Para a moradora da Vila do João, Cacilda Soares Neto, de 29 anos, a substituição dos alimentos se tornou indispensável. “É difícil para gente que ganha salário mínimo. O feijão, a carne

e o arroz aumentaram mais de 50%, a pessoa que comia carne agora tem que comer ovo”, diz. Essa é a mesma opinião de Alessandra Lima, de 31 anos, moradora do Parque União. “Está tudo muito caro, tem que substituir o óleo e a carne. O feijão está R$4,00. Quando vier a melhora dos preços vai estar todo mundo passando fome. Eu não estou levando a metade do que normalmente compro”, completa. Para Fernando Santana, de 50 anos, que trabalha na comunidade, o poder aquisitivo do consumidor está muito

reduzido. “Comprava cinco quilos de arroz e feijão por semana e completava com macarrão, agora isso é impossível. Quando cozinho, escolho fazer macarrão ou arroz, pois não dá para fazer os dois. Antes eu comprava com R$10,00 quatro latas de óleo e hoje com o mesmo dinheiro compro duas latas de marcas desconhecidas e que custam R$3,29”, afirma. Segundo o gerente do Multi Market da Vila do João, Helan Dutra, o aumento dos preços é conseqüência da globalização. “É impossível aumentar em um estado e não


O Cidadão em outro. O arroz, o trigo e o óleo de soja aumentaram muito devido à estiagem. Além disso, apenas uma empresa é responsável por 90% da fabricação do óleo de cozinha, dificultando a negociação. Outra coisa que contribuiu com a elevação dos preços foi a estiagem, tendo pouca produção de soja. Isso acaba reduzindo o lucro do estabelecimento, porque o chamariz é a cesta básica, mas ela dá lucro apenas de 4% ao estabelecimento. O que sustenta o supermercado são os outros itens, como iogurte e biscoito, e o trabalhador acaba cortando para levar o básico”, diz. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (DIEESE), em nota à imprensa, no dia 02 de junho, o Rio de Janeiro apresentou um aumento de 0,31% nos últimos dois meses. Apenas duas capitais das 16 em que o DIEESE realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica tiveram queda no

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preço dos gêneros alimentícios no mês de maio: Goiânia com queda de -1,19% e Salvador com - 0,35%. Esses constantes aumentos da cesta básica estão causando revolta em alguns moradores, além do medo da volta da inflação. Esse é o caso do Zilma Ferreira, de 74 anos, moradora da Vila do João. “Muita coisa que eu comprava em quantidade passei a comprar menos. A carne foi o que mais pesou para mim e nem falo carne de primeira. Um exemplo disso é a pá (carne de segunda) que está custando entre R$ 5 e R$6. Eu praticamente deixei de comprar carne, estou substituindo por peixe ou frango”, afirma. A moradora do Salsa e Merengue, Verônica Araújo, de 32 anos, afirma que a Hélio afirma que o preço do arroz preocupa os moradores interferência no orçamento está mudando os hábitos da família. “Até o mês passado comprava 15 quilos de arroz e 10 de feijão. Hoje, tenho que comprar somente o necessário para durar até o próximo pagamento. E, por isso, a gente acaba comprando menos e no lugar da carne come ovo. Não sei por que aumentou tanto, tive que reduzir a farinha de trigo para zero”, completa.

“Comprava cinco quilos de arroz e feijão por semana e completava com macarrão, agora isso é impossível” Fernando Santana Trabalha na comunidade Segundo o sub-gerente do Multi Market, Hélio Pereira, os moradores estão reclamando do preço do arroz, do trigo e do óleo. “Semana passada tivemos uma pequena queda no preço do óleo”, diz Ainda de acordo com a pesquisa do DIEESE, o preço da cesta básica em maio teve aumento na maioria das capitais pesquisadas se comparada a maio de 2007. Segundo essas informações, o clima, as pressões do mercado internacional e a alta dos insumos (matéria-prima), como adubos e fertilizantes derivados do petróleo foram os grandes responsáveis pelo aumento.


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CAPA

Alta maior que o mínimo Aumento da cesta básica em relação ao salário mínimo reduz o poder aquisitivo do trabalhador

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os últimos meses a elevação no preço dos alimentos interferiu na rotina de muitas famílias. O aumento no preço da cesta básica foi superior ao que foi dado no início do ano para o salário mínimo. De acordo com a pesquisa do DIEESE, esse acréscimo forçou o trabalhador a cumprir mais horas de trabalho para a aquisição do básico à sua alimentação. A pesquisa mostrou que uma pessoa que recebe salário mínimo

teve que fazer uma jornada de 111 horas e 08 minutos, em maio, para comprar os mesmos bens de abril, cujas horas trabalhadas chegaram a 106 horas e 57 minutos. Ou seja, o assalariado teve que trabalhar cerca de cinco horas a mais para se alimentar. Os dados do DIEESE apontam que em abril, para a compra da cesta básica, foi preciso que o brasileiro comprometesse cerca de 52,84% do rendimento líquido do salário mí-

nimo. Sendo que no mês de maio esse valor chegou a 54,91%. Já em comparação a maio de 2007 o trabalhador precisou comprometer 45,31% do seu salário para a aquisição dos mesmos produtos.

Os alimentos Uma das grandes reclamações do morador da Maré foi o preço da carne. No último ano a alta do produto foi de aproximadamente 16,74%, em Porto Alegre, e 39,09%, em Fortaleza. Um dos fatores responsáveis pelo aumento foi a mudança Custo e variação da cesta básica em dezesseis capitais do Brasil (maio de 2008) de posição da Comunidade EuroCapital Variação Valor da Porcentagem Tempo de Variação Variação péia em relação à importação da Mensal Cesta do Salário Trabalho no ano Anual (%) carne brasileira de vários estados. (%) (R$) Mínimo Líquido (%) Ou seja, com os países europeus Recife 14,19 196,62 51,50 104h 14min 26,52 46,55 comprando mais carne é inevitável Natal 8,91 204,64 53,60 108h 29min 21,87 40,75 o aumento das exportações que forçarão o preço interno do produto. Florianópolis 7,61 226,43 59,31 120h 02min 18,66 34,76 Com isso, os brasileiros pagarão Aracaju 5,83 183,40 48,04 97h 13min 7,15 28,71 mais caros, devido à preferência de Curitiba 5,36 220,74 57,82 117h 01min 17,90 30,11 venda para outros países, mesmo Vitória 4,99 222,98 58,40 118h 12min 17,66 37,00 com a Argentina e o Uruguai exerPorto Alegre 4,32 236,58 61,96 125h 25min 11,11 22,64 cendo preços menores. Já o arroz teve um aumento Fortaleza 4,22 196,79 51,54 104h 19min 24,28 40,78 que ficou em torno de 7,03%, em João Pessoa 3,49 187,21 49,03 99h 15min 20,71 34,50 Salvador, e 36,77%, em FlorianóSão Paulo 2,68 233,92 61,27 124h 00min 8,99 26,49 polis. A cidade do Rio de Janeiro Belém 1,88 206,40 54,06 109h 25min 8,63 25,33 foi a única a registrar uma pequena queda de 0,45%. Ainda segundo a Brasília 1,58 217,60 56,99 115h 21min 12,61 30,07 pesquisa do DIEESE, o aumento Belo Horizonte 0,98 230,55 60,38 122h 13min 12,57 37,64 também pode ser conseqüência do Rio de Janeiro 0,31 222,93 58,39 118h 11min 14,64 27,15 anúncio da escassez mundial de Salvador - 0,35 176,05 46,11 93h 20min 10,93 29,73 grãos, fazendo com que parte dos Goiânia - 1,19 191,38 50,13 101h 27min 1,08 24,22 produtores retenham o cereal, provocando, assim, especulação Fonte: DIEESE no comércio. A expectativa é que os preços sofram queda nos próximos meses.


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ENTREVISTA

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GERAL

Como tudo Começou Nome “favela” sai do sertão baiano e chega às comunidades do Rio de Janeiro

ARQUIVO MEMÓRIA DA MARÉ

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avela é um termo latino que significa pequena fava, um tipo de planta, muito encontrada no sertão baiano. No Rio de Janeiro, o nome “favela” surgiu como característica das ocupações irregulares das encostas, sendo trazido pelos soldados que lutaram na Guerra de Canudos. Foram cerca de 10 mil soldados que voltaram ao Rio, então capital federal, com a promessa do governo de ganhar casas. Porém, problemas burocráticos acabaram comprometendo a construção dos alojamentos. Sem alternativa, esses soldados começaram a subir as encostas dos morros do centro da cidade. Segundo o professor de História Moisés Ferreira, de 27 anos, o primeiro morro a ser ocupado estava próximo a estação da Central do Brasil, atual Morro da Providência, na época chamado de Morro da Favela. “Tudo começa por conta dos retirantes envolvidos na Guerra dos Canudos. Quando voltaram para o Rio de Janeiro, eles reivindicaram ações do governo. Com o salário atrasado ficaram sem perspectiva e ocuparam o morro. Eles queriam aproveitar a proximidade com o prédio militar para exigir seus direitos. O nome favela surge por conta de uma vegetação típica do interior da

Crianças brincam na antiga favela do Rala Coco, atual Bento Ribeiro Dantas, uma das primeiras da comunidade

Bahia, e hoje é reconhecido como sinônimo de qualquer ocupação irregular”, diz. Moisés considera que a década de 40, do século XX, foi o período de crescimento das favelas. “Nesse período houve a abertura da Avenida Presidente Vargas, as pessoas foram mais afastadas do centro da cidade. E com essa modernização a população ficou localizada nos entornos do Centro. Depois surge a Avenida Brasil, que propicia o crescimento do número de habitantes em São Cristóvão, Ramos, Bonsucesso, Olaria, Penha e as primeiras comunidades da Maré”, conclui. Mas nem todos têm uma visão negativa da favela. Esse é o caso de Severino Valentin,

de 48 anos, que considera o nome legal. “A maioria acha feio o nome favela, mas eu não, pois em todo lugar tem uma”, afirma. Já Roberto Gomes, de 71 anos, morador do Timbau há mais de dez anos, pensa diferente. “Eu não considero aqui uma favela, devido a sua estrutura e importância. Para mim, aqui poderia ser chamado de bairro”,completa.

“Nesse período houve a abertura da Avenida Presidente Vargas” Moisés Ferreira Professor de história Muito tempo se passou desde o surgimento das primeiras favelas. Mudanças significativas aconteceram nesses locais, como urbanização e o surgimento das casas de alvenaria. Segundo o professor de Geografia Lourenço César, de 37 anos, muita coisa mudou em mais de cem anos de ocupação. “Existiam terrenos alagadiços, terras que não tinham ninguém e que hoje dão lugar às favelas. A urbanização está bem avançada, com água e saneamento básico. As casas em sua maioria não são mais barracos, e em grande parte possui mais de um andar, devido às novas gerações”, diz.


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SAÚDE

Câncer de Próstata A doença se não tratada pode levar à morte, sendo necessário acompanhamento contínuo

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alar em exame de toque para homens ainda é um tabu, mas este é um exame fundamental para se diagnosticar o câncer de próstata. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 700 mil homens no mundo são atingidos pela doença anualmente, causando 250 mil mortes. No Brasil esta forma de câncer já matou mais de 10.200 homens. O maior problema é que muitos pacientes só descobrem a doença num estágio avançado, o que dificulta o tratamento e diminui as possibilidades de cura. Segundo o urologista Aristóteles Wisnescky, de 54 anos, especialista em oncologia e chefe do Serviço de Urologia do Instituto Nacional do Câncer (INCA), um dado importante é o histórico familiar. Uma pessoa que tenha pai ou irmão com

“O teste do PSA é uma exame de sangue, feito em laboratório” a doença antes dos 60 anos tem dez vezes mais chances de desenvolver o câncer. A incidência e as mortes em decorrência da doença aumentam após os 50 anos. Sintomas O câncer de próstata se apresenta de duas maneiras: a benigna e a maligna. No primeiro caso, que se caracteriza pela dificuldade de urinar, o paciente pode desenvolver infecções no aparelho urinário e alterações no funcionamento dos rins. Nos casos mais graves podem surgir seqüelas na bexiga e até mesmo levar o paciente a morte, devido ao mau funcionamento renal. Já a maligna pode apresentar no início sintomas como perda de peso, dor óssea, perda da função renal ou retenção urinária. No entanto, na maioria dos casos, os sintomas só aparecem quando o câncer já está avançado. “A presença de um ou mais sintomas não significa que você esteja com câncer, pois várias doenças podem ter sintomas semelhantes. Por isso, é muito importante a

visita ao seu médico”, diz Wisnescky. Em alguns pacientes, a doença pode evoluir sem apresentar nenhum sintoma. Diagnóstico e tratamento Existem dois tipos de exames: o do toque, recomendado para homens acima dos 50 anos, e o do PSA, que é um ingrediente do sêmen produzido pela próstata e que aparece em taxas normais de sangue. “O teste do PSA é um exame de sangue, feito em

laboratório. Se o resultado se mostrar acima do normal o médico poderá recomendar outros exames para determinar o melhor tratamento”, explica o médico. Segundo Wisnescky, o câncer pode não ser palpável pelo toque retal. O mais prudente é a realização dos dois exames. “Mas existem riscos de tratamento. Infecções urinárias, incontinência urinária transitória ou permanente, impotência sexual e perda da ejaculação são os mais freqüentes”, alerta. De acordo com o médico, não são conhecidas formas específicas de prevenção do câncer da próstata. “O ideal é fazer 30 minutos diários de atividade física, ter uma alimentação rica em fibras, frutas e vegetais, reduzir a gordura na alimentação, manter o peso, diminuir o consumo de álcool e não fumar”, conclui.

Locais de tratamento Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti Fundação Pró Instituto de Hematologia do RJ / FUNDARJ Rua Frei Caneca, 8 - Centro Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ Av. Brigadeiro Trompowski, s/n - Ilha do Fundão Hospital Universitário Pedro Ernesto - HUPE End.:Av. 28 de Setembro, 77 - Vila Isabel Fundação Apoio à Saúde Ensino Bonsucesso - FASEB

Av. Londres, 616 Prédio 5, Sl. 202 - Bonsucesso Hospital Geral do Andaraí Rua Leopoldo, 280 - Andaraí Hospital Universitário Gaffrée e Guinle da UNI-RIO Rua Mariz e Barros, 775 - Tijuca Hospital Mário Kroeff Associação Brasileira de Assistência ao Câncer Rua Magé, 326 - Penha Circular Hospital do Câncer I - Instituto Nacional de Câncer Praça da Cruz Vermelha, 23 - Centro


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GERAL

Movimento dos trabalhadores desempregados Grupo que surgiu para combater problemas sociais organizou encontro estadual no Ceasm ALEX TRILLAS

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o mês de maio o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), criado em 2000, esteve no Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm).O encontro estadual é uma preparação para o encontro nacional, em Brasília. O MTD surgiu como resposta aos grandes problemas sociais vividos pelos brasileiros. E o seu objetivo é a busca de melhorias para o trabalhador, discutindo a questão do desemprego. Segundo Marcelo Machado, de 34 anos, um dos integrantes do MTD do Rio, o movimento surgiu no Rio Grande do Sul, a partir da organização e luta de um grupo por moradia. “Após várias discussões, perceberam que também precisavam de emprego, e outras necessidades básicas como: saúde e educação. Hoje, ele se encontra em 13 estados”, diz. Já Fábio Garrido, de 27 anos, também integrante da organização, uma das pautas discutidas durante o encontro foi a redução da

Integrantes do MTD reunidos em encontro estadual: grupo luta por melhores condições trabalhistas

carga horária de 44 para 40 horas semanais. “Isso aumentaria o número de emprego no país para 2 milhões e 200 mil”, afirma. Para Rachel Figueira, de 21 anos, moradora da Vila do Pinheiro, o MTD é um movimento urbano muito importante. “Ele faz a gente perceber que não é só no

campo que tem problemas, mas também na cidade e nos ajuda a ter interesse e discutir sobre essas questões como, por exemplo, o fim do décimo terceiro salário. Se isso for aprovado, será muito ruim, pois esta é uma luta que os trabalhadores conquistaram durante anos”, conclui.

ESPORTE

Alegria da criançada Bolinhas de gude contagiam os pequenos moradores da Maré

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FOTOS DE RENATA SOUZA

Acima, crianças do Parque Maré brincando de bolinha de gude. Ao lado, detalhes das mãos durante o jogo

odo ano durante o período de férias jogar bolinha de gude vira febre entre os pequenos da comunidade. O jogo que existe desde os séculos passados é a sensação das crianças da Maré, e a diversão é jogar apostando as bolinhas e quem tiver os potes mais cheios é o melhor do grupo. Mas não é somente os meninos que gostam dessa brincadeira, muitas meninas também se divertem com as bolinas de gude. Esse é o caso de Tauna Cristina, de 15 anos, moradora do Morro do Timbau, que mostra a força das mulheres. Segundo ela, a graça do jogo é poder ganhar as outras bolinhas. “Teve um dia desses que fui enfrentar os meninos. Eu tinha só uma bolinha de gude, mas saí com o pote cheio. Gos-

to também de jogar triângulo, para ganhar mais bolinhas”, afirma. Para Jonatas Silva dos Santos, de 17 anos, também morador do Timbau, a melhor coisa era a emoção quando jogava. “Há cinco anos quando jogava, a emoção era ganhar bolas de gudes dos meus amigos. Gostava mais de brincar de matamata, pois ganhava gudes bonitas, e triângulo, para encher o meu pote”, diz. Já o morador da Praia de Inhaúma, Carlos dos Santos, de 37 anos, fala como era no seu tempo de garoto. “Era muito bom, ainda mais quando jogava apostando, quando valia várias bolas de gude. Gostava muito de bulica, para fazer carrinho, canhão, virar papa e matar os amigos”, completa. Segundo Wallace Costa do Nascimento, de 14 anos, morador do Timbau, aconteceu um episódio com o seu irmão que ele não gostou muito. “Meu irmão estava com um saco cheio de bolinhas de gude. Os meninos da rua de malandragem rasgaram o saco de plástico cheio de bolinhas do meu irmão, e fizeram o rapa. Ele foi para casa chorando”, relata.


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MUSICAL

Da Maré para a Rússia A cantora Mirian Mel vai à Europa mostrar a força da música brasileira

ARQUIVO PESSOAL

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oi em uma banda de pop rock na Baixa do Sapateiro, onde passou sua adolescência, que Miriam Mel, de 32 anos, deu início a sua carreira musical. Atualmente ela mora no Parque União onde seu trabalho foi reconhecido. Em uma de suas apresentações, surgiu o convite para cantar em uma banda de forró chamada Brilho do Sol, com a qual passou a se apresentar na Feira de São Cristóvão. A partir desse momento surgiram vários convites de outras bandas e apresentações em

“Comprei minha casa com o dinheiro que juntei, fiz vários amigos e hoje sou uma profissional respeitada” lugares bastante conhecidos, esse é o caso do Olimpo, Via Show, Asa Branca e muitas viagens pelo Brasil. Vocalista da banda de forró Lua de Mel, onde está há 10 anos, ela diz que não tem pretensão de fazer carreira solo. “O pessoal é de minha confiança, somos uma família”,

A moradora do Parque União, Mirian Mel, conseguiu com a música viajar para fora do Brasil e se destacar

conta. Para ela, o lado ruim da profissão deve ser esquecido sempre. “Tem lugares que não pagam o cachê combinado”, revela. Quanto à discriminação, ela diz que acontece quando a banda não tem sucesso na mídia, e isso faz com que não consiga shows com bandas grandes. “As pessoas nos tratam com indiferença por não nos conhecerem, mas quando ouvem o nosso som, viram nossos fãs”, diz. Mas também tem seu lado bom: “Comprei minha casa com o dinheiro que juntei, fiz vários amigos e hoje sou uma profissional respeitada”, disse Mirian. No dia 5 de maio, ela embarcou para a

Rússia, onde ficará por três meses, sendo a cantora oficial no show “Simplesmente Brasil”.Viajando com tudo pago e tendo um contrato para tratamento vip, ela diz que ao voltar será olhada diferente, com algo mais no seu currículo musical. Os integrantes de sua banda deram muito apoio à ida de Mirian ao país europeu e colocaram uma substituta até a sua volta.“Foram 17 anos esperando por uma oportunidade dessas. Eu, moradora de uma comunidade, tendo o meu trabalho reconhecido pelos russos, é bom demais”, conta. Ela pretende gravar um DVD e um novo CD.

SABOR DA MARÉ

Pizza rápida da Joyce Alves Ingredientes: 3 copos de farinha de trigo / 1 copo de leite / ½ copo de óleo / 1 colher bem cheia de fermento em pó / 1 pitada de sal / 1 pitada de açúcar refinado Modo de fazer: Unte um tabuleiro com óleo e reserve. Misture todos os ingredientes em uma vasilha e sove bem por 3 minutos. Abra a massa com as mãos em pequenos pedaços e coloque no tabuleiro. Não precisa deixar descansar. Distribua o recheio e leve ao forno pré-

JULIE ALVES

aquecido por aproximadamente 15 minutos ou até a pizza ficar dourada no fundo. Sugestão de recheio: (Deixe pronto antes de fazer a massa) Leve ao fogo por 3 minutos: 2 latas de sardinha em lata amassada com molho de tomate pronto e um tablete de caldo de bacalhau. Espere esfriar. Distribua o recheio em cima da massa da pizza; acrescente rodelas de cebola, de ovo cozido, tomate e milho a gosto. Se preferir, pode fazer com mussarela e presunto.

Opção de massa de pizza para os moradores


O Cidadão

22 PÁGINA DE RASCUNHO

CARTAS As cartas ou sugestões para o jornal devem ser encaminhadas para o CEASM - Jornal O CIDADÃO (Praça dos Caetés, 7, Morro do Timbau, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21042-050) ou pelo e-mail: jornaldamare@yahoo.com.br

Nós e os animais Ao caminhar pelas ruas de qualquer bairro do Rio de Janeiro, não é difícil encontrar animais que foram abandonados, machucados e, infelizmente, maltratados. Esse quadro se repete também nas comunidades do bairro Maré. Creio que a falta de informação seja uma das causas desse quadro de crueldade, abandono e sofrimento dos animais. Não podemos considerar natural o sofrimento, seja humano, seja animal. É sempre importante lembrar que os animais são seres com VIDA, ou seja, têm sentimentos, sentem frio, fome e dor. A vida nas ruas não é nada fácil; os animais ficam expostos a doenças, a chuva, ao sol, correndo risco de serem atropelados e envenenados. Muito podemos fazer para minimizar esse quadro de milhares de animais que estão “por aí” a espera de alguém que resolva os adotar e cuidar com carinho de dedicação. A castração (esterelização) é um passo muito importante para diminuir a população de animais de rua. Ao contrário do que muitos pensam, a castração não é uma maldade, pelo contrário, evita doenças como o câncer mamário e piometra (infecção uterina). Nos machos, essa pequena cirurgia também é muito importante, evitando o câncer de próstata na velhice. E os animais, após a cirurgia, não ficam gordos e prostados como reza a lenda popular. A castração só trás benefícios!

20.000 exemplares distribuídos gratuitamente por todo o bairro

Ligue e Anuncie!

3868-4007 Errata: Na última edição, na página 02, a foto de Cláudio Nascimento no Eles Lêem O CIDADÃO foi feita por Francisco Valdean.

A vacinação também é importante para prevenir doenças que podem deixar seqüelas graves como a cegueira, podendo, até mesmo, levar o animal a morte. Anualmente são realizadas campanhas de vacinação contra a raiva. Alguns lugares realizam a esterilização gratuita dos animais, como o Programa Bicho Rio, que fica localizado. Pa r a

agendar a esterilização é preciso comparecer a um dos postos às sextas, pela manhã, levando identidade, comprovante de residência e CPF. A esterilização é realizada a partir dos seis meses de idade. O animal não pode estar no cio, amamentando ou usando coleira antipulga. Os telefones para informações são 2503-4577 ou 2503-4654. O

posto de castração em Bonsucesso fica na Av. Brasil, altura da passarela 9, esquina com a Rua Teixeira Ribeiro. Muitos preferem ter um animal de raça a um SRD (vira-latas). Bom, gosto não se discute, mas os nossos “virinhas” não deixam nada a desejar nos quesitos guarda da casa, carinho e fidelidade ao dono. Antes de decidir ter um animal em casa, é preciso ter certeza de que você está preparado para cuidar do seu filhote por pelo menos 15 anos, seja gato ou cachorro, lembrando que assim como nós, os animais envelhecem e necessitarão de cuidados específicos nessa fase da vida. Muitas pessoas abandonam os animais em abrigos como a SUIPA ou SOZED. Os responsáveis por estas instituições possuem muita boa vontade e competência, mas a realidade é que estes lugares, que recebem diariamente dezenas de animais abandonados, muitas vezes por seus próprios donos, não têm mais condições de abrigar mais animais, pois estão superlotados e dependem financeiramente de pessoas como eu e você. No mais, ninguém é obrigado a gostar ou ter animais em casa. No entanto todos têm sim, a obrigação de RESPEITAR os animais enquanto um ser vivo. Artigo de Ana Lúcia Quental Victorino, professora do CIEP Elis Regina e voluntária no cuidado com os animais de rua com o grupo RESGATOS (www.resgatos.com.br)


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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL 2008

Resolva esta Direta, sabendo que letras iguais correspondem a números iguais. As letras que não se repetem já estão impressas. Remuneração do trabalhador por serviços prestados (pl.) Metal de latas

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Lubrificante de motores

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Feito com as mãos

Habitação das odaliscas de um sultão

Indivíduo de

5 voz áspera

Acredita

10 Que acontece durante o dia

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Período geológico Rua 3 (abrev.)

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Leite de Viagem (?), ingregratuita diente da em veículo moqueca 1 Tenente-(?), patente militar Fonte de energia do 13 rádio portátil Litro A mulher (símbolo) preocupada com Concede; a beleza oferta

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4ª vogal

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Cristóvão (?), descobridor da 3 América

Rondônia (sigla)

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2 Chapéu usado pelo carteiro

Copo para chopes

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Cor feminina

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Sem umidade; enxuto 5 Retirar-se

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Mau, em inglês

2 Mistura de terra e água Os homenageados do dia 12 de junho

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3 Peça do piso do banheiro

Botequim

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Sociedade Anônima (abrev.)

Sílaba de "votos"

3 Cintura de calças e saias

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Pai do avô 1.000, em 10 romanos

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Solução

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FONTE: Estas piadas foram retiradas do livro ‘Desordem no tribunal’. São coisas que as pessoas disseram, e que foram transcritas textualmente pelos taquígrafos que tiveram que permanecer calmos enquanto estes diálogos realmente aconteciam à sua frente.

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Cangote (pop.)

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A concepção Advogado: Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto? Testemunha: Sim, foi. Advogado: E o que você estava fazendo nesse dia?

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I O A L R E O C A R N A E L C O A C V O O S

A autópsia Advogado: Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima? Testemunha: Não. Advogado: O senhor checou a pressão arterial? Testemunha: Não. Advogado: O senhor checou a respiração? Testemunha: Não. Advogado: Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou? Testemunha: Não. Advogado: Como o senhor pode ter essa certeza? Testemunha: Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa. Advogado: Mas ele poderia estar vivo mesmo assim? Testemunha: Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando direito em algum lugar!!!

Sentir profunda aversão; detestar

Pedra-(?): é usada na cura de aftas 1

S A A L U M I N L M A N U H A R E M C R O E R A D I U R N O C O CO T B S C A R O C O R O N P L S E V A I D O S A L A M A B H B I S A N A M O R A D

Pi a ad d as

Alimentar o bebê

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Dois anos de emoção, lembranças e conquistas Atividades foram realizadas na semana de comemoração do segundo aniversário do Museu da Maré

RENATO ROSA/NIC

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Museu da Maré, que já recebeu aproximadamente 13.500 visitantes, completou o seu segundo aniversário no dia 08 de maio. Para comemorar, diversas atividades foram realizadas na Casa de Cultura da Maré, onde está localizado o museu. Exemplo disso, foi a

“Através dele (Museu da Maré) dá para ver a nossa história, nossa cultura...” Miriam Francisca moradora da Vila do Pinheiro feijoada realizada para a comunidade no dia 10 de maio. Além da feijoada, houve também a exibição do filme “Museu da Maré, Memórias e (Re)existências” e uma sessão de contação de histórias. Miriam Francisca, de 20 anos, moradora da Vila do Pinheiro, fala da impor-

A comunidade prestigia feijoada, na Casa de Cultura da Maré, em comemoração ao aniversário do Museu

tância do museu. “Através dele dá para ver a nossa história, a nossa cultura, e isto é sem dúvida, uma grande vitória para a comunidade. Quando o visitei, refleti como a Maré cresceu e continua crescendo, como por exemplo, as palafitas que hoje viraram casas, entre outras coisas que também foram transformadas. Mas fico triste em saber que muitos moradores ainda não conhecem o museu, e mais triste ainda por aqueles que conhecem, mas que não o valorizam”, diz. NIC

Exibição do filme Museu da Maré, Memórias e (Re)existências na Casa de Cultura reuniu diversos moradores

Já nos dias 15 e 16, houve a contação de histórias e a exibição do filme “Museu da Maré Memórias e (Re)existências”, para os alunos do Pré-Vestibular, Preparatório, do Núcleo de Imagem e Comunicação (NIC), para moradores e colaboradores do Ceasm, entre outros convidados. O filme foi produzido por Regina Abreu e Pedro Sol. É uma produção da Imagine Filmes com o departamento de museus do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Naciona) com o apoio da Unirio (Universidade do Rio de Janeiro). “Trabalhamos com os 12 tempos do museu: tempo da água, da casa, da feira, da festa, do medo, do futuro, etc. Ou seja, seguimos a estrutura do próprio museu”, diz a produtora. Além da visita de pessoas da própria comunidade, o museu também recebeu a visita de Adriana Rattes, Secretária de Cultura do Estado e Magali Cabral, diretora do Museu da República. Este espaço representa a história dos moradores da Maré. Envie sua história, perguntas e sugestões para a Rede Memória na Casa de Cultura da Maré. Endereço: Av. Guilherme Maxwell, 26, em frente ao SESI. Tel.: 3868-6748 ou para o e-mail: contato@ceasm.org.br. A matéria referente a esta página é de exclusiva responsabilidade do projeto Rede Memória.


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