O Cidadão
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RIO DE JANEIRO • ANO X • Nº59 • JANEIRO A MAIO DE 2009
Quem vai pagar pela crise econômica mundial?
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Política de extermínio nas favelas
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INSS: um direito de todos
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Che e a luta pela justiça social
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Forró contagia a Maré
O Cidadão
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EDITORIAL
São 10 anos de cidadania Olá mareenses, Estamos completando 10 anos. É isso mesmo! O CIDADÃO, o jornal da Maré, está soprando velinhas, são dez anos de muitas conquistas, lutas, tristezas, lágrimas, acertos e falhas. O que podemos dizer de fato é que O CIDADÃO faz parte da nossa vida, do nosso dia-a-dia, é uma prática de cidadania através de palavras. E para comemorar estes dez aninhos, nada melhor do que uma premiação, né!? É isso aí, acabamos de ser premiados pelo Ministério da Cultura, em um concurso de Mídia Livre. Este prêmio é dedicado a você! Agradecemos a cada morador que sugeriu matérias, que telefonou, que enviou e-mail’s, que nos parou na rua para cobrar a saída do jornal. Cobrança válida, pois por problemas técnicos não pudemos manter a sua regularidade. As novidades não param, visite o nosso blog: www.ocidadaonline.blogspot.com. E na próxima edição falaremos mais sobre a premiação e o nosso aniversário, estamos preparando uma festa de arromba! Pode esperar! Infelizmente, não é só alegria que trazemos nesta edição, com muita dor e indignação, falaremos mais uma vez
sobre a política de (in) Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, pois, no mês de abril, o estudante Felipe Correia, de 17 anos, foi alvejado na porta de casa com um tiro de fuzil na nuca. Algo inaceitável. A matéria principal fala sobre a crise econômica mundial. A crise, que para nós, moradores de favela, não chegou agora, pelo contrário, ela se faz presente na nossa vida, seja na falta de educação de qualidade, de segurança pública, de emprego, dentre outras necessidades básicas para a sobrevivência. E ao folhear as páginas de O CIDADÃO, você encontrará a continuação da série dedicada às mães e futuras mamães da Maré, que retrata a importância do parto normal, encontrará também a matéria sobre o direito do idoso na aposentadoria, o perfil com Dona Nena, nordestina que tem a história parecida com a de muitos outros moradores. Além de muito forró com a Banda Bom Jozza, que está fazendo um sucessão não só na comunidade, mas em todo o Rio. Então, leia, reflita, questione, ligue, envie e-mail, participe. Este jornal é seu, é nosso! Parabéns e boa leitura!!
O CIDADÃO é uma publicação do CEASM - Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré | Endereço: Praça dos Caetés, 7 - Morro do Timbau | Telefone: 2561-4604 | Site: www.ceasm.org.br | E-mail: contato@ceasm.org.br | Casa de Cultura da Maré: Av. Guilherme Maxwell, 26 - Morro do Timbau | Telefone: 3868-6748
Apoio:
ELES LÊEM O CIDADÃO JULIE ALVES
DOUGLAS BAPTISTA
Acima, Fabio Muller, de 31 anos, morador de Marcílio Dias, e, ao lado, o coreógrafo Claudio Marcio, de 29 anos.
A impressão deste Jornal foi possível graças ao apoio da
Rua Nova Jerusalém, 345 Bonsucesso
Tel:3882-8200 Fax:2280-2432
Direção: Antonio Carlos Vieira • Cláudia Rose Ribeiro • Maristela Klem • Lourenço Cezar Luiz • Antônio de Oliveira • Soraia Denise de Brito| Coordenadora e Jornalista Responsável: Renata Souza (Mtb. 29150/RJ) /Editora: Gizele Martins | Revisão: Audrey Barbalho | Administração: Fabiana Gomes | Reportagem: Cristiane Barbalho • Gizele Martins • Renata Souza • Julie Alves • Douglas Baptista | Colaborou nesta edição: Rede Memória • NIC • Eliano Felix | Contato Comercial: Elisiane Alcântara | Projeto Gráfico: José Carlos Bezerra | Diagramação e Editoração Eletrônica: Fabiana Gomes • José Carlos Bezerra | Criação do Logotipo: Rosinaldo Lourenço | Foto de Capa: Gizele Martins | Ilustrações: Jhenri • Diego Novaes | Distribuição: Ana Carla Almeida • Charles Alves • Elisiane Alcântara • Raimunda Canuto • José Diego dos Santos • Joelson Bandeira | Fotolitos / Impressão: Ediouro | Tiragem: 20 mil exemplares | Correio eletrônico: jornaldamare@yahoo.com.br
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O Cidadão
ARTIGO
Política de extermínio da juventude negra, pobre e favelada
DOUGLAS BAPTISTA
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orrer na favela com uma bala de fuzil na cabeça é algo muito provável. Isso só não pode ocorrer no asfalto, onde o “buraco é mais embaixo”. Na favela, local de retirada de direitos e da vida, onde o único aparato permanente e perceptível do Estado é o fogo do fuzil da polícia, a violência já está legitimada, pois o próprio governador Sérgio Cabral trata esses locais como “fábricas de bandidos”. A criminalização da pobreza está justificada e morrer com uma bala de fuzil na cabeça já credencia a vítima ao cargo de “fora da lei”. Foi o que ocorreu com Felipe Correia de Lima, de 17 anos, executado no dia 14 de abril, na Baixa do Sapateiro. A família e os moradores acusam policiais pelo disparo e garantem que o jovem não tem ligações com o tráfico. Mas, segundo a versão “oficial”, do comandante do 22° BPM (Maré), Rogério Seixas, Felipe seria traficante. Como se o fato de ser ou não um “fora da lei” pudesse servir de justificativa para uma execução.
“Além de matarem meu filho, falaram que ele era bandido. Vou lutar por justiça” Gilmara dos Santos Mãe de Felipe Isso demonstra o quanto que a Política Pública de Segurança do estado é caracterizada pelo extermínio da juventude negra, pobre e favelada. E como se isso não bastasse, a última solução apresentada pelo governador, com o discurso de preservação ambiental, é murar as favelas. Como se já não existisse um apartheid, uma divisão social imposta pelas políticas públicas desvinculadas do cotidiano das favelas. E os meios de comunicação, principalmente os da chamada grande mídia, ajudam a legitimar tais iniciativas
Familiares e amigos da vítima exibem cartazes no sepultamento de Felipe Correia, 17 anos, no Cemitério do Caju
quando publicam matérias em que a única fonte ouvida e em destaque é a polícia. No caso do muro, por exemplo, o próprio jornal O Globo divulgou uma nota em favor do cerco às favelas. Como uma veículo de Comunicação Comunitária comprometido com os direitos humanos trazemos à tona a versão do morador. Manifestações na Maré Diante da sensação de injustiça, amigos e parentes de Felipe se vêem na obrigação de provar para o mundo de que se trata de mais um jovem executado pelo Estado. A estudante Natália de Brito garante que não havia confronto no momento em que a vítima foi alvejada, como foi divulgado pela imprensa. “Eu estava indo para o trabalho, não teve tiroteio. Eu sou contra essa política de segurança, a polícia vem e mata. E queremos deixar bem claro que Felipe era trabalhador. Por isso, fomos protestar”. No dia 14, após a execução de Felipe, moradores fecharam as principais vias de tráfego próximas à Maré. Já no dia 15/4, mais de 300 pessoas que acompanharam o sepultamento da vítima, no Cemitério do Caju, exibiram cartazes e, após o enterro, fecharam a Avenida Brasil. Todas essas iniciativas foram violentamente reprimidas pela polícia. No feriado de Tiradentes (21/4), cerca de 200 pessoas participaram de passeata contra a política de extermínio imposta pelo Estado nas favelas. O ato simbólico abraçou a
favela da Baixa do Sapateiro, onde a vítima morava. Durante a manifestação, que fechou a pista de subida da Avenida Brasil, o pedido por justiça foi entoado pelos moradores ao som de uma marcha fúnebre tocada pelo Bloco Se Benze que Dá. Cartazes e cruzes simbolizaram a dor dos familiares que acusam policiais de terem executado Felipe. O comandante do 22º BPM acompanhou pessoalmente o ato com carros e blazers da corporação. A mãe da vítima, Gilmara Francisco dos Santos, pretende provar que Felipe era apenas um estudante. “Além de matarem o meu filho, ainda falam que ele é bandido. Vou lutar por justiça”, afirma. Alerj cobra esclarecimentos A denúncia foi acolhida pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que solicitou informações sobre o caso ao secretário estadual de Segurança Pública, Mariano Beltrame, e ao comandante do 22º BPM, Rogério Seixas. A 21º DP (Bonsucesso) também foi oficiada para que possa apresentar o andamento das investigações. O presidente da Comissão, deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), quer o esclarecimento imediato dos fatos. “Vivemos uma política de extermínio de jovens pobres, moradores de favelas. É preciso apurar muito bem as circunstâncias em que morreu Felipe”. Renata Souza e Gizele Martins
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EDUCAÇÃO
JULIE ALVES
Biblioteca Jorge Amado, na Lona Cultural, tem mais de 4 mil títulos em acervo e é aberto à toda a comunidade
Leitura ao alcance de todos
A leitura faz parte de nossas vidas desde o momento em que começamos a compreender o mundo. O folhear de um gibi da turma da Mônica ou do homem-aranha, a leitura de jornais e até de uma bula de remédio são alguns dos exemplos da importância desta prática. E quanto mais se lê, mais se aprende.
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onhecer diferentes culturas e viajar pelo mundo não está limitado a pessoas que tenham dinheiro. Com um bom livro, as pessoas podem saber como outros povos vivem, e os moradores da Maré também podem entrar nesta viagem. No bairro existem diversas bibliotecas. Uma delas é a biblioteca Jorge Amado, nome dado em homenagem ao escritor baiano, que tem mais de 4 mil títulos. O espaço, fundado em 25 de maio de 2005, com a ajuda do Grupo de Artes da Maré (NAM), é considerado
como a primeira biblioteca pública da Maré. Segundo Marilene Nunes, coordenadora da biblioteca, poucos moradores aproveitam o espaço. “É uma pena que os adultos procurem tão pouco o lugar, as crianças são mais presentes. Por não ser uma biblioteca de estudos, mas literária, os moradores da Maré quase não tem o costume de frequentar o espaço”, comenta Marilene. Mas o acesso aos livros não está restrito as pessoas que moram próximas à Lona Cultural. Na comunidade de Marcilio Dias,
uma iniciativa individual mudou a rotina de muitos moradores locais, com a criação da biblioteca Nélida Piñon, homenagem a única mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras (ABL). O espaço, idealizado por Geraldo Oliveira, conta com aproximadamente 4 mil exemplares e busca democratizar a leitura. De acordo com Geraldo, o objetivo é que a ação não fique restrita a Marcílio Dias. “Temos o sonho de implantar pelo menos uma sala de leitura em cada comunidade da Maré, com o apoio da Rotary, que já se prontificou em doar as estantes. Agora precisamos dos espaços e de pessoas que cuidem dos locais. Os interessados em participar e que desejam ter um espaço de leitura na sua comunidade, basta entrar em contato com a gente”, disse. Atualmente a biblioteca Nélida Piñon está localiza em um prédio alugado pelo próprio Geraldo. Além do espaço destinado aos livros, ao lado encontra-se um bazar. O local foi uma das alternativas encontras para ajudar financeiramente na manutenção da biblioteca. A profissionalização dos moradores, com cursos de informática é outro ponto importante. Os moradores interessados em participar pagam uma taxa de R$15 e aprendem programas de computador, como o Windons, Excel, Word e muitos outros. Para
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se inscrever no curso é preciso apresentar identidade, CPF, comprovante de residência e pagar a taxa. Outro ponto de leitura na comunidade é a biblioteca Elias José, escritor mineiro, localizada na Casa de Cultura da Maré. O espaço foi inaugurado em setembro de 2008 e conta com a parceria do Instituto C&A, que apóia o projeto “Nas ondas da memória de uma maré de leitura”. A biblioteca tem atualmente mil exemplares destinados ao público infanto-juvenil. A biblioteca também conta com diversas atividades, como contação de história, sarau literário, roda de leitura, entre outras. A grande novidade está nas ações fora do espaço, como a leitura na praça, na qual a biblioteca está próxima de seu público, a maior parte da Bento Ribeiro Dantas. Segundo João Batista, coordenador e educador da biblioteca, o nome foi escolhido pelas crianças que frequentam o espaço. “Os primeiros livros que elas tiveram contato foram com os do Elias José. Duas semanas depois, quando decidimos comunicá-lo sobre a escolha, descobrimos que ele já tinha falecido”, comentou.
DOUGLAS BAPTISTA
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Cristiane Barbalho (Colaboração: Julie Alves)
Saiba Mais!
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A biblioteca Jorge Amado funciona de segunda-feira à sexta-feira, de 9h às 17h, e no sábado, de 10h às 12h, na Rua Ivanildo Alves s/n°. Além de empréstimos de livros e internet para pesquisa, o espaço oferece curso de desenho e contação de histórias. Mais informações pelo telefone 3105-3579 e 3105-7134.
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A biblioteca Nélida Piñon fica na Rua Dalva de Oliveira, nº 70, em Marcílio Dias. Mais informações pelo telefone 2584-0523 ou pelo e-mail bibliotecamare@yahoo.com.br.
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A biblioteca Elias José fica na Rua Guilherme Maxwell, n° 26, em frente ao SESI. Mais informações pelo telefone 3868-6748.
De cima para baixo, biblioteca Elias José, no Museu da Maré; biblioteca Jorge Amado, na Lona Cultural e biblioteca Nélida Piñon, em Marcílio Dias ARQUIVO PESSOAL
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SAÚDE
RENATO ROSA
Doença contagiosa A falta de informação e o uso de remédios inadequados podem piorar o grau da conjuntivite
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conjuntivite se caracteriza por ardência e coceira na região dos olhos, a sensação é de que temos um corpo estranho, como areia, neles. Ela também se apresenta com um irritante lacrimejar, pálpebras inchadas e olhos vermelhos e sensíveis principalmente à claridade. No caso da conjuntivite infecciosa, de acordo com a médica Daniela Salles, os olhos doem, além de secretarem um insistente líquido amarelado. Este tipo é o que mais aflige. Para melhorar os sintomas, é importante lavar os olhos e fazer compressa com água gelada, que deve ser filtrada e fervida, ou com soro fisiológico. Natália Felix, de 21 anos, moradora da Baixa do Sapateiro, está há um mês com os olhos irritados. “No início a minha vista ficou com uma inflamação, até saiu sangue.
Depois virou conjuntivite. Fui ao posto e a enfermeira me orientou a ir a um clínico geral para ser medicada, mas não fui e a conjuntivite está há mais de um mês”, afirma. A falta de informação fez com que Natália usasse remédios como água boricada e colírio. Os médicos, entretanto, alertam que não se pode usar qualquer colírio nessa situação, pois este medicamento tem contra-indicação e pode até ocasionar outros problemas. A falta de conhecimento sobre a doença é um dos grandes responsáveis pela sua transmissão. E isso aconteceu com Natália que acabou contaminando suas filhas, Rayanne e Yasmim Feliz, de 7 e 4 anos. Para prevenir o contagio é necessário lavar com frequência o
Natália e suas filhas não escaparam da epidemia de conjuntivite que assolou a Maré
rosto e as mãos. Outra dica é trocar frequentemente as toalhas e não compartilhar toalhas de rosto. Além disso, é importante trocar as fronhas dos travesseiros enquanto durar a crise, e lavar as mãos antes e depois do uso de medicamentos indicados pelo médico. Por Renata Souza
ACONTECEU NA MARÉ VÂNIA BENTO
Um príncipe na Maré
Prevenção e promoção de saúde na Maré Enfermeiros e agentes dos postos de saúde da Maré se uniram no dia 17 de fevereiro em busca da prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Com uma tenda montada na Rua Tatajuba, Parque Maré, moradores que passavam pela área eram encaminhados até o local, onde recebiam camisinhas, verificavam a pressão arterial, e tiravam suas dúvidas sobre as doenças. Segundo a enfermeira do Posto Samora Machel, Marilene dos Santos Silva, de 37 anos, o trabalho é contínuo. “Fazemos diversas ações específicas, daqui levamos muitos pacientes para se tratar nos postos”, diz. Para a moradora do Parque Maré, Darcir dos Santos Lima, de 64 anos, o trabalho é muito importante para se tirar dúvidas. “Mesmo com minha idade, ainda existem coisas que não sei. É sempre bom ter a oportunidade de aprender. Aqui na Maré têm muitos jovens que não se previnem”, diz a moradora.
O Príncipe de Gales e a Duquesa de Cornualha, Camilla Parker-Bowles, causaram grande reboliço na Maré ao visitarem a ONG Luta Pela Paz, no dia 12 de março. O Príncipe Carlos foi recebido por moradores da Nova Holanda e pelas mulatas da Escola de Samba Gato de Bonsucesso. Segundo o fundador do Luta Pela Paz, o britânico Luke Dowdney, a visita do Príncipe britânico pode representar um “ponto de partida” para novos diálogos e parcerias a fim de dar visibilidade ao projeto que atende mais de 800 jovens na Maré. “Há 33 anos desenvolvo um trabalho na Inglaterra chamado Fundo do Príncipe que já atendeu 580 mil jovens. Eu fiquei muito fascinado e orgulhoso com tudo o que vi aqui. O trabalho do Luta Pela Paz é muito corajoso e acho que seria fabuloso uma parceria com este projeto porque temos muito o que aprender.”, disse o Príncipe Carlos. “Para a Maré, que é tão marcada pela questão da violência, receber uma autoridade como a do Príncipe nos permite mostrar essa comunidade de uma outra forma. Não de um lugar que a gente tanto vê na mídia, na política e que cria uma imagem distorcida na cabeça das pessoas. O Príncipe foi recebido com capoeira, com esporte, com samba, RENATA SOUZA com festa, então isso traz uma outra leitura do que é este local que a gente está”, afirmou a coordenadora do Luta Pela Paz, Leriana Figueiredo.
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NAS REDES DO CEASM
FOTOS DE JULIE ALVES
Quando o palco vira arte
Integrantes do grupo “Segmentos Cia de Dança” posam para mostrar a sua arte por meio da dança, os dançarinos discutem também as questões socias que os cercam
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om seus movimentos ensaiados, leves, encantadores e uma mistura de dança contemporânea, jazz, estreet, dentre outros estilos, o “Segmentos
Cia de Dança”, localizada na Casa de Cultura da Maré, faz qualquer platéia fixar os olhos em suas apresentações. A arte de bailar está nas veias de cada participante. O objetivo deste grupo, que ensaia todos os fins de semana, é o de percorrer todas as comunidades mostrando seu talento, compartilhando sua experiência e a grande vontade de ganhar o mundo. Segundo o proO fessor e coreógrafo espaço Tiago Sá, de 22 anos, é aberto dançar é mais que para todos uma profissão, é arte. os que Além disso, o grupo queiram tem uma grande presaborear ocupação social, o de um pouco discutir a realidade de mais sobre uma sociedade injusta arte de dançar e desleal. “Nosso objetivo é o de descobrir com o apoio de outras instituições formas de construir um mundo
mais justo, humano, igualitário e solidário. Quebrar preconceitos, e mostrar que nós moradores de favela temos também muito o que ensinar. Precisamos mostrar que temos sim nossa cultura, nossos talentos”, disse. Para o também professor e coreógrafo Cláudio Márcio Cardoso, de 29 anos, um outro interesse da companhia é o de preparar os jovens participantes para a vida profissional. “Dar um outro olhar cultural, não apenas para eles, mas sim para todas as comunidades da Maré. O que queremos é sempre aprimorar nossos conhecimentos sobre a dança e se preparar cada vez mais para nos profissionalizarmos”, afirma. O “Segmentos Cia de Dança”, surgido em 2001, reúne participantes de diversas comunidades da Maré e também de outros lugares do Rio. Todos os bailarinos fazem, ou já fizeram parte de algum projeto social. Os ensaios são realizados aos sábados, de 15h às 19h, e aos domingos, de 10h às 14h. Para mais informações, ligar para: 8534-3582, ou pelo e-mail: contato@ segmentosdanca.com, além do site: www.segmentosdanca.com. Por Gizele Martins
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GERAL
Um direito dos cidadãos INSS garante renda após anos de trabalho
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aposentadoria por tempo de contribuição; aposentadoria especial; auxílio-doença; auxílio-acidente; auxílio-reclusão – para pessoas que cometeram algum delito e estão presas; pensão por morte; salário-maternidade – na gravidez; salário-família – para complementar a renda familiar concedida a menores de 14 anos que frequentam a escola; benefício assistencial ao idoso e a pessoas com deficiência, reabilitação profissional e serviço social. Valdir Domingos dos Santos, de 78 anos, morador do Morro do Timbau, fala sobre o INSS. “É um direito do trabalhador. Sair do governo para pagar aquela pessoa que trabalhou por determinado tempo”. Ele, que trabalhou por 25 anos de carteira assinada, considera o salário da aposentadoria um benefício muito importante. “Se não fosse o benefício, como eu viveria na idade que eu tenho, sem dinheiro e emprego. Estou muito satisfeito, pois não poderia ter os direitos que eu tenho se não fosse o INSS”, diz. Marina da Silva, de 72 anos, também moradora do Timbau, é bene-
Cobrança das contribuições Parte das contribuições são efetivadas Faixa de descontos do INSS por desconto na folha de pagamento, antes Alíquota do funcionário da empresa receber o valor Salário total de seu salário. Mas existe um limite má- Até R$ 911,70 8,00% ximo para o desconto do INSS. Todos os meDe R$ 911,70 a 9,00% ses, o funcionário será descontado na sua foR$ 1.519,50 lha de pagamento o valor referente ao INSS. As porcentagens de desconto irão variar de- De R$ 1.519,50 a 11,00% pendendo do salário de cada um. As leis tra- R$ 3.038,99 balhistas mudam com certa frequência.
Fonte: Previdência Social (março de 2008)
DOUGLAS BAPTISTA
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), é responsável pelo recebimento de contribuições que mantém o Regime Geral da Previdência Social. Tem como dever pagar a aposentadoria, a pensão por morte, os auxílios doença e acidente, entre outros benefícios previstos em lei. O INSS oferece 11 modalidades de benefícios previdenciários, um benefício assistencial e dois serviços previdenciários, como: aposentadoria por idade, com 60 anos para mulheres e 65 anos para homens; aposentadoria por invalidez;
Aposentada por idade, Marina recebe auxílio do INSS
ficiada há 12 anos. “Com a Previdência Social não preciso de ninguém na parte financeira da minha vida”, conclui. A moradora da Vila do João, Maria Mônica, de 31 anos, é autônoma, ou seja, não trabalha de carteira assinada. Ela dá
“Se não fosse o benefício, como eu viveria na idade que eu tenho, sem dinheiro e emprego” Valdir Domingos Morro do Timbau a sua opinião. “Tenho que ter um tempo de contribuição para me aposentar. Mas mesmo me aposentando acho que vou ter que continuar trabalhando, pois o salário não vai suprir as minhas necessidades”. Segundo ela, ser autônoma é bom, pois dá liberdade para o trabalhador fazer seu próprio horário e “agir por conta própria”. Para mais informações sobre a previdência social, ligue para 135. A agência da Previdência Social mais próxima da Maré, fica na rua Joaquim Gomes, número 269, em Ramos, e o horário de funcionamento é das 7h às 17h. Por Douglas Baptista
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CIDADANIA
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Maré sem água Constante falta d’água deixa moradores insatisfeitos
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oradores do Morro do Timbau sempre se deparam com esse problema: a falta d’água. Um reservatório de 250 mil litros abastece toda a comunidade. Uma bomba da Cedae puxa essa água para o morro. Quando o equipamento queima, começam os problemas. Segundo a diretora da Associação de Moradores do Morro do Timbau, Sheila Ribeiro Fortini, essa situação já é antiga. “Há 10 anos que vejo os mesmos problemas. E isso é culpa da Cedae. Todas as vezes que a bomba queima, eles vêm e retiram o equipamento para conserto, mas não substituem o aparelho quebrado. Aí não tem jeito, ficamos sem água”, disse. Vilmar Santos, encarregado da Cedae Maré, que fica na Nova Holanda, diz que o problema da bomba do Morro do Timbau não é mais resolvido por eles, e sim pela Cedae de Benfica. “Quando fazíamos a manutenção, resolvíamos na hora. Agora não sabemos mais sobre esse caso. Posso afirmar que nas outras comunidades da Maré a
água não falta”, garantiu Vilmar. O presidente da Associação do Morro do Timbau, Osmar Paiva, organizou um mutirão para a limpeza da caixa d’água. Segundo ele o problema está resolvido. “Tiramos uma grande quantidade de lama. A caixa estava cheia de fungos. Cheguei a ser julgado de quebrar a bomba para conseguir sócios. Jamais faria uma coisa dessas. Há três anos entrei nessa para somar. Pintamos a caixa com moradores e hoje todos têm água limpa”, disse Osmar. A falta d’água também é um problema em outras comunidades. Para a moradora da Vila do Pinheiro, Maria de Fatima da Silva, só falta água quando todos ligam suas bombas. “Depois que inaugurou a comunidade Salsa e Merengue, as casas que ficam à beira da linha vermelha têm problemas com água. Se todos ligarem suas bombas ao mesmo tempo falta para todos”.
Caixa d’água do Morro do Timbau: quando a bomba quebra todo mundo fica sem água
Segundo Elcio dos Santos, que enfrenta a mesma falta d’água no Parque União, os moradores deveriam se organizar para ligarem as bombas à noite. Por Julie Alves
ESPORTE
Capoeira: um bem para o Brasil Depois de séculos sem reconhecimento, a capoeira se torna patrimônio cultural do país
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istura de lutas, danças e rituais trazidos por negros escravos vindos de diversas partes da África, fez surgir no século XVI, a capoeira no Brasil. Cinco séculos depois, no dia 15 de julho de 2008, a capoeira se tornou Patrimônio Cultural Brasileiro, re-
“O patrimônio cultural foi uma grande conquista” Fagner Caetano Professor de capoeira gistrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial. Mas ela ainda é marcada por preconceitos em todo o mundo. Fagner Caetano, conhecido como “Bruce”, dá aula de capoeira há seis anos
na Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, na Maré. “O legal é que pessoas de todas as idades nos procuram para participar das aulas, e muita gente de fora da Maré também vem aqui”. Bruce, acostumado a dar aula em várias instituições, disse que a dificuldade é a mesma em todos os lugares. “A falta de apoio, seja ela cultural, ou financeira é imensa”. Para a faixa amarela Sabrina de Souza, de 15 anos, a capoeira ter virado patrimônio cultural foi o melhor que podia ter acontecido, pois já era para ela estar nas olimpíadas. Fagner acredita que muita coisa passa a mudar a partir desse reconhecimento. “Depois de todo o passado de sofrimento, a capoeira vinha se arrastando com grandes mestres famosos. O patrimônio cultural foi uma grande conquista, pois deram o valor de um esporte considerado
brasileiro. Isso demorou, mas agora é só colher bons frutos”, conclui. Por Douglas Baptista
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CAPA CAPA
Quem vai pagar pela crise econômica mundial?
Crise pode gerar 50 milhões de desempregados O Globo 28/01/2009
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uito se ouve falar sobre a crise econômica mundial. Jornais, revistas, têm demonstrado grande importância a este tema. Mas, afinal, o que é de fato esta crise? O que ela afeta, e de que forma? Os mareenses sabem o que é esta crise, será que já passaram por ela? A crise econômica vai
“Obama assume a e Casa Branca com cris mica mundial” econsilô 20/01/2009 Jornal do Bra
agravar a situação da parcela mais pobre da sociedade, ou já faz parte da realidade dessas pessoas? É este assunto que O CIDADÃO tentará analisar, refletir e discutir junto com cada um de vocês nas próximas linhas desta matéria. Percorrendo algumas comunidades, mareenses respondem à pergunta “O que
Manifestantes de vários movimentos sociais levantam bandeiras e faixas em Belém durante o FSM
é a crise mundial?”. Maria de Fátima de Oliveira, de 53 anos, moradora do Morro do Timbau, diz que não sabe o que é a crise econõmica mundial. “Não sei o que é a crise. Não tenho as melhores condições aqui na Maré, mas graças a Deus nunca passei fome”. De acordo com Nelson Pereira Nunes, de 56 anos, morador da Nova Holanda, a crise econômica já atingiu os espaços populares. “A crise afeta a Maré. Não tenho noção de como ela está afetando o mundo economicamente, mas a Maré passa por dificuldades, e o que tem que haver é uma melhora em tudo”, afirmou. Moradores de favela sofrem uma crise constante no seu dia-a-dia. São obrigados a lidar com a ausência ou com a péssima qualidade de políticas públicas de segurança, educação saúde, habitação, emprego, entre outras. E essa realidade não é enfocada, relatada, pensada e nem ao menos discutida nos jornais de grande circulação. Isso acontece porque esses meios de comunicação estão a serviço das classes mais altas da sociedade. Os ricos são os donos das grandes emissoras de televisão e dos jornais. Como consequência disso, os assuntos que atingem diretamente a esta parcela da população serão sempre tratados como prioridades. Por outro lado, a situação alarmante da maioria da sociedade não ganha a publicidade que deveria ter. Talvez, se os meios de comunicação denunciassem o abandono dos governos nas áreas de
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FOTOS: GIZELE MA
e
e Participantes do Fórum Social Mundial 2009 faz em passeata contra a crise mundial
baixa renda, alguns dos problemas graves que afligem a população mais pobre seriam debatidos e resolvidos pelos órgãos competentes. A tal crise mundial, que tanto se fala nos jornais atualmente, é a crise do mercado financeiro internacional - que, por colocar imediatamente em risco o emprego e as economias da classe média e os investimentos dos ricos no Brasil, ganha tanto espaço na mídia. “Em um primeiro momento, a crise econômica que o mundo atravessa não atinge diretamente o morador de favela”, afirma o economista e professor Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Crise econômica, por que ela existe? Segundo o pesquisador da Organização Não-Governamental Justiça Global, Rafael Dias, a crise econômica mundial significa uma crise do sistema capitalista em escala global.No entanto o que se dá a entender é que, apesar de grave, esta crise será superada em médio ou longo prazo. “Desta forma, quem vai pagar por esta crise futuramente é, sem dúvida, o mais pobre. Para que este sistema capitalista exista, é necessário que se preservem as diferenças sociais, é preciso que uns detenham o poder, o dinheiro, e que outros, a maioria das pessoas, continuem passando por dificuldades”, afirmou o pesquisador. Já o professor Reinaldo Gonçalves,
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RTINS
acredita que a situação da economia brasileira é grave por ser muito frágil. Segundo ele, o modelo de política escolhida pelos últimos presidentes do Brasil é o modelo liberal periférico, em que outros países têm total liberdade de encaixarem suas empresas dentro do país, o que causa falência de empresas nacionais, disputas econômicas, entre outros. Isso ocorre para que existam parcerias com outros países e para que seja facilitada a maneira de se governar. “A nossa economia é frágil em função de um conjunto de erros graves que foram cometidos nos últimos 30 anos, e que continuam no governo Lula. Esse modelo trabalha com a ideia de deixar o Brasil atrelado a interesses internacionais. Para isso, vai se privatizando a economia, colocando o país nas mãos de estrangeiros. Um exemplo disso é o celular que o habitante da Maré usa. A maior parte das companhias telefônicas é de empresas estrangeiras, o que quer dizer que o grande capital estrangeiro funciona no Brasil sem muita cobrança. Essa privatização da economia tem enfraquecido muito o Brasil ao longo dessas duas décadas”. Para Ricson de Lima Costa, de 38 anos, morador do Salsa e Merengue, essa crise é causada pelo superfaturamento dos países mais ricos, e pela falta de administração de seus governantes ao dinheiro arrecadado nas produções. “São vários países que entraram em um colapso por terem produzido muito e depois
não terem como vender esses produtos, fazer má aplicação do seu dinheiro, e investido em outros setores que não foram tão lucrativos, o que acarretou uma série de problemas financeiros. Isso afetou vários países, principalmente aqueles mais pobres”. Possíveis saídas da crise A saída desta crise econômica, vivida mundialmente, e da crise social, vivida pela parcela mais pobre da sociedade, só será permitida a partir do momento em que todos começarem a cobrar seus próprios direitos. “A saída do Brasil desse dilema é difícil, mas existem soluções. O povo tem que se organizar e defender seus interesses e não se iludir com esse modelo que põe o Brasil para trás. A população tem que lutar por seus direitos. Por ignorância, ou por covardia, não pode deixar se iludir por quem quer que seja. Seja por lideranças locais, seja pelo presidente Lula, seja pelo governador Sérgio Cabral, seja pelo prefeito Eduardo Paes, por deputado federal, estadual, ou por liderança qualquer que seja, não pode se deixar levar”, aconselha o economista Reginaldo Gonçalves. Por Gizele Martins (Colaboração: Renata Souza, Gustavo Mehl e Douglas Baptista)
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CAPA
Você sabe o que é a crise econômica mundial? Mareenses entram em debate sobre o que é de fato a crise mundial, e a pergunta é, será que ela atinge diretamente aos moradores daqui? É como está acontecendo nos Estados Unidos (EUA). Ela afeta todo o mundo com a questão financeira. A crise não chegou na Maré diretamente, mas tem muitas pessoas que trabalham em metalúrgicas e indústrias que já foram dispensadas. E isto afeta de certa forma aos moradores, pois os funcionários são as pessoas que estão aqui, são moradores da Maré também. As pessoas podem se ajudar fazendo cursos profissionalizantes em outras áreas, que não estejam ligados diretamente à crise financeira. Emanuele Costa de Oliveira, de 27 anos, FOTOS: DOUGLAS BAPTISTA Vila do João
Crise mundial é essa guerra doida, o pessoal está precisando muito é de paz. O desemprego também faz parte dessa crise. A crise afetou sim a Maré, até mesmo porque aqui é um dos lugares mais pobres que existe. Para poder se virar em relação a essas crises, o que temos que fazer é procurar estudar mais, o que é muito difícil porque temos que pagar escolas boas, buscar mais oportunidades, o que não é fácil. Nelson Gonçalves, de 43 anos, Baixa do Sapateiro A crise chegou aqui há muito tempo, o Brasil tem muitos políticos que só querem saber do venha a nós. Com isso vem aplicando mal o seu dinheiro, e não se preocupam em guardar uma grande reserva financeira para passar por esta crise de forma mais tranquila, de forma menos tempestiva. O Brasil agora está começando a desenvolver projetos, ideias, como a reserva de dólares. Mas ainda precisa melhorar mais, os governantes precisam conter mais estes gastos. E o que temos que fazer é nos unir, todos precisam fazer o seu papel, ver o que está acontecendo de errado, para achar soluções que vá beneficiar a todos, distribuir tarefas para os moradores, para que de alguma forma a crise diminua. Ricson de Lima Costa, de 38 anos, Salsa e Merengue
Para mim a crise mundial significa essa onda de violência, falta de amor ao próximo. Aqui na Maré tem muito isso, é uma guerra que a gente tem que enfrentar, é uma batalha do dia-dia. Para mim a guerra, essa crise, é a falta de amor ao próximo, falta de higiene, falta de educação. Eu tenho pouco estudo, mal fiz a quarta série, mas com isso procuro ensinar meus filhos que o quanto mais eles estudarem, eles vão ganhar melhor nesse mercado tão competitivo. Valdecir Santos, de 41 anos, Vila do Pinheiro
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PERFIL
“A trajetória de uma migrante nordestina” Vilma fez um livro para homenagear sua mãe, Dona Nena
RENATO ROSA
T
ípicas histórias de muitos mareenses viraram páginas do livro “A trajetória de uma migrante nordestina”. Depois de seu lançamento, em menos de um mês, só na Maré, foram vendidos quase cem livros. Nesta obra encontramos a vida de Josefa dos Santos, de 76 anos, moradora do Parque União, mais conhecida como Dona Nena. Há algumas décadas ela veio com sua família do nordeste, fujindo da seca, para tentar uma vida melhor no Sudeste, na cidade do Rio de Janeiro. Não encontrou o que esperava, pelo contrário, passou por muitas dificuldades: falta de emprego, habitação, entre outros problemas. Vilma de Souza, de 44 anos, filha de Dona Nena, fez uma promessa à mãe: a de fazer de sua história um livro. “A idéia surgiu a partir do momento em que ela me contava suas histórias. Comecei a perceber que ela era mais uma vítima da
Vilma e Nena exibem “A tragetória de uma migrante nordestina”, história também de outros mareenses
falta de políticas públicas”, disse Vilma. Segundo a escritora, que levou aproximadamente dois anos para fazer a obra, os estudos e as pesquisas lhe ajudaram muito. “No ensino médio a gente começa a estudar a migração nordestina. Daí fui ligando um ponto ao outro, e percebi que minha mãe, assim como muitos, é apenas mais uma vítima das promessas políticas, das ações ou da falta delas no governo”, afirma. Dona Nena fala da alegria de ver um livro dedicado a sua vida. “Para mim foi muito bonito, maravilhoso. Senti uma emoção muito grande, eu não esperava. O melhor é saber que meus filhos e toda a minha família vão sempre lembrar da minha história. Isso foi um presente”, completa.
Para Dona Nena, o momento mais marcante do livro é a passagem que fala da morte de uma de suas filhas. “Quando meu marido, no desespero, pegou a minha filha que tinha acabado de morrer num hospital e a levou nos braços e subiu o morro, levando ela pra casa. Isso aconteceu há 40 anos”, explica.
“O melhor é saber que meus filhos e toda a minha família vão sempre lembrar da minha história” Dona Nena Vilma, que foi patrocinada pelo próprio esposo nos primeiros exemplares, pretende imprimir mais exemplares. Mas para isso, ela precisa de uma editora fixa e de pessoas que possam patrociná-la. Quem quiser ajudar ou obter informações basta entrar em contato através do e-mail: vilmass@ibest.com.br. Por Gizele Martins
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GERAL
DOUGLAS BAPTISTA
Cinema de rua em Bonsucesso Com produções brasileiras, o projeto devolve o prazer de assistir um bom filme
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ipoca, refrigerante e um cineminha, é o programa de muitos moradores da Maré no final de semana, mas não é necessário ir ao shopping para curtir com a namorada ou namorado e os amigos um bom filme. Em Bonsucesso, mais especificamente na Rua Teixeira de Castro, n° 157, existe o Microcine Cinema Brasil, voltado para filmes nacionais. O objetivo do lugar é preservar a riqueza vinculada ao cinema nacional e a valorização da identidade cultural do brasileiro. O espaço foi criado em 2005 com a proposta de ser um estúdio cinematográfico. Os idealizadores do projeto, que já possuíam uma pequena estrutura em Bonsucesso, fizeram uma pesquisa com o apoio do Instituto Cultural Cinema Brasil. Descobriram a carência de cinemas na região da Leopoldina e o desejo dos moradores por esta opção de lazer. O Cinema Brasil também oferece cursos gratuitos de cinemas para jovens entre 12 e 17 anos, moradores da região. O espaço tem sessões aos sábados às 16h, com filmes infantis, e às 18h, com os mais variados títulos para os adultos, como “Tiradentes”, “Carlota Joaquina”, “Cidade de Deus” e muitos outros. “Todos os filmes exibidos têm autorização dos diretores e buscamos trabalhar filmes com temáticas, como o que fazemos na semana da consciência negra”, explicou a coordenadora do projeto Nancy Campos. O espaço, segundo Nancy, é provisório e tem capacidade para 50 pessoas. O ingresso
COMO VOVÓ JÁ DIZIA
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é R$ 4 e permite que a pessoa assista a todas as sessões de sábado durante o mês. De acordo com Nancy, mais de 8 mil pessoas já estão cadastradas no projeto que tem o apoio do Ministério da Cultura. O Cinema Brasil também coordena o Projeto Subsídio ao ingresso gratuito de filmes brasileiros para população de baixa renda. O objetivo é oferecer aos moradores da Leopoldina acesso às salas de exibição de filmes brasileiros. São 20 mil ingresso, distribuídos no Microcine de Bonsucesso. Por Cristiane Barbalho e Eliano Felix
Dicas de cozinha
Coloque na frigideira uma rodela de batata. Ela vai absorver todo o cheiro da fritura. Experimente colocar um pires com um pouco de vinagre sobre a geladeira ou fogão.
Cinema Brasil garante aos moradores da Maré, e de outros locais próximo ao bairro de Bonsucesso, filmes temáticos e de boa qualidade, e tudo isso de forma bem acessível a todos
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Para que a casa não fique com cheiro de gordura quando você fritar peixes
Se preferir, coloque para ferver em fogo baixo, uma panela com água, uma colher de vinagre, canela em pó e cravo. O cheiro de gordura desaparecerá imediatamente.
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Coloque para ferver folhas de louro durante a fritura.
Fonte: www.irenes.com.br/da_ cozinha/frituras.htm
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ABRINDO O LIVRO
CHE
Companheiro
Guevara Che percorreu o mundo para realizar a Revolução Socialista, ele queria a justiça social
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refiro morrer de pé, a viver sempre ajoelhado”. A frase, atribuída a Ernesto Guevara de La Serna, mais conhecido como Che Guevara, é marca do homem que abandonou a confortável vida de classe média em busca de uma ideologia. Ícone de muitos, e com o rosto estampado em camisas, bandeiras e tantos outros itens mundo afora, Guevara marcou o seu nome ao participar da Revolução Cubana. Nascido em Rosária, na Argentina, em 1928, Che Guevara tornou-se exemplo para muitos. O jovem, que veio de uma família de classe média, teve a oportunidade de fazer medicina, mas abandonou o curso para se engajar nas lutas sociais. Sua força, ideologia e conquista o transformou em um dos símbolos do século XX. A infância de Guevara não foi muito fácil. Várias vezes o guerrilheiro sofreu com a asma, dificultando a sua ida à escola. As crises respiratórias fizeram com que ele tivesse aulas em casa com os pais. Com uma biblioteca de três mil livros, o guerrilheiro estudou Marx, Engels e Lênin, autores comunistas, além de ler poesias e biografias da época, com isso os livros tornaram-se seus companheiros. O guerrilheiro percorreu diversos países do mundo vendo de perto as mazelas existen-
tes, como as injustiças sociais sofridas pelo p o v o . E as contradições sociais encontradas em sua caminhada reafirmaram o seu desejo de lutar por uma sociedade mais justa. O filme Diários de Motocicleta, de Walter Salles, retrata o percurso que Che Guevara fez, em 1951, com o amigo Alberto Granado, em uma motocicleta velha, por alguns países da América Latina. O filme mostra o encontro do personagem com as realidades dos países visitados. É nesse momento que o guerrilheiro percebe a verdadeira América Latina e idealiza um continente unificado, em re-
“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros” Che Guevara
lação à política, economia e cultura. Um dos grandes momentos do guerrilheiro foi a sua participação na Revolução Cubana, em 1959, ao lado de Fidel Castro, Raul Castro, entre outros revolucionários. Ao fim da revolução, Che Guevara seguiu para outros países em busca de novas conquistas. Já muito conhecido, ele foi perseguido e morto em 8 de outubro de 1957, e seu corpo é encontrado apenas 30 anos depois. Por Gizele Martins (Colaboração: Cristiane Barbalho)
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SÉRIE: SAÚDE NA GRAVIDEZ
A importância do parto normal Campanha é feita em todo o país para diminuição do parto cesariana desnecessário
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m 2006, o Ministério da Saúde lançou a campanha do parto normal, com o objetivo de reduzir os casos de partos cirúrgicos desnecessários. Ainda hoje a campanha circula nos meios de comunicação e é incentivada por muitos profissionais obstétricos. Por isso, O CIDADÃO aproveitou o momento para falar da campanha e sua importância, e mostrar também outros tipos de partos. Segundo a enfermeira e diretora técnica do Posto da Vila do João, Ana Lúcia de Oliveira de Castro, de 46 anos, essa
“Os médicos nos orientam sempre a fazer o parto normal. Até mesmo porque a recuperação é melhor” Viviane Martins Moradora da Vila do Pinheiro campanha é muito importante porque o parto normal é melhor tanto para a mãe, quanto para o bebê. Na cesariana, por exemplo, até para o bebê mamar depois é ruim, pois a mãe está anestesiada ou com dores. O problema do parto normal é a dor, mas é só na hora, depois ela está ótima. Nele até existem riscos pós-partos, mas é de 1%, apenas. Para a enfermeira, o parto normal é melhor até pelo fato da mãe ir mais rápido para a casa. “O tempo de internação é menor que o da cesariana, a recuperação é muito mais rápida”. Ana Lúcia comenta também os gastos que os hospitais fazem quando há cesarianas. “Com este tipo de parto, os hospitais precisam de anestesias, salas cirúrgicas, mais dias de internação, entre outras coisas que encarecem os custos”, conclui.
Viviane Martins, de 22 anos, moradora da Vila do Pinheiro, mãe de quatro filhos, a mais nova com seis meses, afirma a importância do parto normal e fala sobre as informações médicas que recebe no pré-natal. “Os médicos nos orientam sempre a fazer o parto normal. Até mesmo porque a recuperação é melhor. Eles só orientam a cesariana quando há riscos para a mãe ou para o bebê. U m exemplo é quando a criança está sentada, ou quando não tem espaço para o neném sair.”, diz. Segundo a enfermeira, quando se faz a escolha para algum tipo de parto, isso vai depender de cada paciente e situação. Por isso, a importância do pré-natal. “Nas instituições públicas, para fazer uma ce-
sariana o médico tem que ter uma justificativa. Ele preenche um formulário para explicar o motivo que levou aquele parto se transformar em cesariana”, explica. Por Gizele Martins
Alguns tipos de parto Parto na água: Para este tipo de parto a mulher fica dentro da água para dar à luz, a água é aquecida a 36°C e o ambiente geralmente fica à meia luz. O bebê chega ao mundo por meio aquático. Parto natural: Este tipo de parto pode acontecer em hospitais, com assessoramento médicos, mas sem intervenções, e como é feito no hospital, não há riscos de infecção. Também é um parto feito em casa, sem anestesia e sem intervenção médica. Neste tipo de parto a chance de infecções são maiores, sem contar nas complicações que podem ter durante o parto. Parto de cócoras: Neste parto a mulher precisa ficar de cócoras numa cadeira especial para a expulsão do bebê. Ele é baseado no parto indígena. Parto Leboyer: Parecido com o parto normal, tem acompanhamento de trilha sonora, de preferência clássica, e com pouca luz, tornando o ambiente calmo e confortável para a chegada do bebê. E este tipo de parto foi criado por um médico francês.
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MUSICAL
A pegada contagiante Com suas músicas animadoras a banda Bonn Jozza contagia a todos na Maré ARQUIVO PESSOAL
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riada em 2005, a banda Bonn Jozza vem trazendo alegria, euforia e muita diversão a todos os amantes do Forró. O grupo que começou na Maré, hoje cumpre presença em todos os bares do Rio de Janeiro. Tem sete integrantes e acabou de lançar o seu primeiro CD “A pegada contagiante do forró”, com 17 músicas. O vocalista, Josman da Silva, de 39 anos, explica como tudo começou. “Eu tocava músicas de forró na companhia de minha esposa em barzinhos e festas de amigos. Comecei a ser conhecido, surgiram outros convites, e isso me fez querer me profissionalizar. Fiz cursos de canto e comportamento de palco, quando surgiu a idéia de fazer um grupo de forró. Fizemos o primeiro show e estamos juntos há três anos”, diz.
“Quando chegamos aos locais para tocar, somos muito bem recebidos” Josman da Silva Vocalista Devido à falta de disponibilidade dos integrantes, os shows são marcados sempre para os fins de semana. Para eles, o público é sempre o mais importante, é o que dá ânimo à banda. “Quando chegamos aos locais para tocar, somos muito bem recebi-
A banda Bon Jozza, grupo que se reúne há três anos, acaba de lançar o CD “A pegada contagiosa do forró”
dos. Todos entram logo no clima do forró. Os ouvintes estão sempre nos apoiando. E o mais legal, é que somos chamados para tocar de novo”, diz Josman. Erivan Ferreira Gomes, de 42 anos, mais conhecido como Ferreirinha; “o velhinho caceteiro do Forró”, também fala sobre a frequência do público nos shows. “No último show, tocamos na fazenda Tucano, o público tinha cerca de 10 mil pessoas”, revela. Segundo Ferreirinha, a banda lançou um CD inédito, com 17 músicas, com o tema: pegada contagiante do forró. “Neste disco tem ritmos como pisadinha, swing e lambada, com algumas de minha autoria, do meu sócio Josman, e também do meu amigo Eliseu Ferreira”, diz. Segundo ele, a banda não recebe nenhum apoio financeiro. “Todos do grupo
têm seu trabalho próprio. Não vivem da música, pois até o momento não conseguimos patrocínio”, conta. O CD da banda conta com diferentes ritmos e letras bem variadas, desde temas de amor, até a história sobre a cidade do Rio de Janeiro e sobre o Brasil. Além, é claro, das músicas mais divertidas, como, por exemplo, a faixa: O forró do comprimido, o que segundo eles, é a música feita especialmente para família, com aquela animação que contagia a todos. Para shows e eventos, é só entrar em contato pelos telefones: (21) 3105-6420 e 8525-0781 (Ferreirinha). Também pelo e-mail bonnjozza@yahoo.com.br.
SABOR DA MARÉ
RENATA SOUZA
Gelatina xadrez da Joana Ingredientes: • 4 gelatinas de sabores diferentes • 1 gelatina sem sabor • 1 caixa de leite condensado • 1 caixa de creme de leite
Por Douglas Baptista
Modo de preparo: Prepare as 4 gelatinas em recipientes separados e coloque para gelar. Quando estiverem bem consistentes corte as gelatinas em cubos e coloque em um recipiente e reserve. Prepare a gelatina sem sabor como indicado no rótulo e misture-a ao leite condensado
e ao creme de leite. Bata no liquidificador por 3 minutos. Coloque este creme em cima das gelatinas cortadas em cubos e leve à geladeira por duas horas. Sua gelatina xadrez está pronta Joana exibe a para ser servida.
gelatina xadrez que fez especialmente para O CIDADÃO
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22 PÁGINA DE RASCUNHO
Dona de nada Eu não tenho dinheiro Para curtir um cineminha Espero o filme sair das paradas E assistir na televisão Porque não somos donos de nada. Minha roupa é o meu patrimônio Minha língua está afiada Você pensa que é dono de tudo Mas não somos donos de nada. Você manda cercar tudo O terreno e também a casa Você pensa que é dono de tudo Mas não somos donos de nada. Queremos um pedaço de chão Sem levar nenhuma porrada Você pensa que é dono de tudo Mas não somos donos de nada Roberto N. Alves Carlitos Mareense
Sentimento Oh, que medo sinto do meu sentimento, Da minha dor, do meu tormento, Da minha angústia e solidão... Sinto até medo de você Que aparece para me ver, Tão feliz e risonho. Sinto nesse momento que devo Fugir, correr, chorar, me esconder, Só para não tocar-lhe e ter você E depois tudo acabar e eu te perder Mas, sentimento é mais forte, Quero você, te abraçar, Sentir você a toda manhã no alvorecer. Rosário F. Frazão
CARTAS As cartas ou sugestões para o jornal devem ser encaminhadas para o CEASM - Jornal O CIDADÃO (Praça dos Caetés, 7, Morro do Timbau, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21042-050) ou pelo e-mail: jornaldamare@yahoo.com.br
O bloco Se Benze que dá Pelas ruas largas e ruelas estreitas onde mora nossas vidas o bloco passa Nas janelas de primeiro, segundo e terceiro os rostos contemplam o batuque marcando nosso andar Em dias de chuva ou de sol, um antes anunciando, um depois fechando O bloco sai pelas ruas divertindo, alegrando, cantando, festejando, protestando... Foliões politizados, bêbados, crianças, velhos, senhoras dona de casa seguem o bloco embalados pelo pulsar de bateria
Os flashs fotográficos abrem caminho sobre o tempo registrando a existência tocada por surdos, caixas, repiques e tamborins O repicar de mestre de bateria replica no crer do realizável e na prática do possível. Em dias assim o bloco sai pelas ruas cantando o carnaval. Francisco Valdean
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PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Preocupação da pessoa que foi demitida Aparelho para trocar pneus
© Revistas COQUETEL 2009
Renato Aragão, humorista brasileiro
Vontade de beber Girar ao redor
Participantes das Olimpíadas Bife fino de porco
A função do airbag
Jogar; atirar
A da esmeralda é verde
Dentro de Monarca
Dez, em inglês Sílaba de "ímpar"
Objeto que identifica um carro (pl.)
Produto vendido na farmácia
Fibra de escovas e pincéis Pó branco para caiar 2ª pessoa do plural
Matériaprima da farinha de mesa
A mulher acusada Caminho
(?) Fischer, atriz de "Amazônia" Vitamina usada contra a gripe
Redator que corrige textos Teste que comprova a paternidade Letra como o "a" Formação de corais
Local do porto onde se atraca
Solução
P
R
I M A T L E T A S
S E R D O E D E L A A R N Ç P A L R A C N A I S
FONTE: Estas piadas foram retiradas do livro ‘Desordem no tribunal’. São coisas que as pessoas disseram, e que foram transcritas textualmente pelos taquígrafos que tiveram que permanecer calmos enquanto estes diálogos realmente aconteciam à sua frente.
Camada gasosa que envolve a Terra
Relativo à Idade Média
BANCO
Idade Advogado : Seu filho mais novo, o de 20 anos.... Testemunha: Sim. Advogado : Que idade ele tem?
1
Unidade da frota de Colombo (Hist.)
E C M A R E R V E I T E O C V E O R S D C A
Nomes Advogado : Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã? Testemunha: Ele disse, ‘Onde estou, Bete?’ Advogado : E por que você se aborreceu? Testemunha: Meu nome é Célia.
Impeço
I L
Esqueci Advogado : Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória? Testemunha: Sim. Advogado : E de que modo ela afeta sua memória? Testemunha: Eu esqueço das coisas. Advogado : Você esquece... Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido?
Redação (abrev.)
Vogal tônica de "véu"
A M O R A C A C U C A R A C A R C O R E M R M E D E A I P I R E R E V V O G A T O L A
Desordem no Tribunal Advogado : Ela tinha 3 filhos, certo? Testemunha: Certo. Advogado : Quantos meninos? Testemunha: Nenhum Advogado : E quantas eram meninas?
Temperamento; índole
3/dna — ten. 5/aipim. 7/atletas — caráter.
Pi ad Pia d as
Serenado
FOTOS: RENATO ROSA
Exposição de imagens a partir do pinhole Adolescentes do projeto Imagens do Povo expõem suas fotos no Museu da Maré
O
Museu da Maré foi palco da exposição “Casinha Daros”. A mostra exibiu imagens feitas com pinhole, por jovens da comunidade. A técnica fotográfica utiliza uma lata para captar imagens. “Meus amigos ficavam me zoando, falando que o meu pinhole é uma latinha digital e às vezes a chamam de ‘máquina do tempo’”, diz Michel Cardoso, de 15 anos, morador da Nova Holanda. “Máquina do Tempo” é um termo muito apropriado para ser utilizado nesta mostra, já que os meninos do projeto Imagens do Povo fotografaram a restauração de um casarão centenário onde funcionava o educandário Santa Teresa, em Botafogo. “Os contadores de história do Museu fizeram uma oficina durante a exposição a partir das memórias da então estudante do convento Edialêda. Foi muito interessante reviver essa história, para ela, para os jovens fotógrafos e para o público em geral”, conta o diretor do Museu, Luiz Antônio de Oliveira. A exposição foi realizada a partir da parceria entre o Museu da Maré, o Observatório de Favelas e a Casa Daros, que será inaugurada no próprio casarão centenário no segundo semestre de 2009. A Casa Daros é um projeto de arte latino-americana da Europa que pretende ser um espaço de encontro, reflexão e diálogo sobre a atualidade sóciocultural e artística da América Latina. A ideia é integrar arte, educação e comunicação. Os jovens foram coordenados pelo fotógrafo da Maré, Bira Carvalho. “Quando entramos para fotografar o casarão eu disse para os meninos que eles eram os primeiros artistas a inaugurar um espaço que será o maior centro cultural da América Latina. Essa experiência foi muito rica, porque existe um abismo entre os
que produzem arte e as pessoas que não tem acesso à arte. E o pinhole é uma arte mágica. É a construção da imagem foto a foto. Por isso, a fotografia ajuda as pessoas a olharem o mundo de outro ângulo e as faz fotografar com a sensibilidade”, afirma Bira. Rosimere Araújo, de 15 anos, moradora da Nova Holanda, apurou sua sensibilidade. “Quando cheguei ao casarão achei muito feio, mas resolvi começar explorar o ambiente e percebi a beleza daquele lugar tão antigo. E depois que vi minhas fotos expostas no Museu da Maré fiquei muito orgulhosa. Minha mãe não acreditava que se podia fotografar com uma latinha e eu provei isso a ela”. A técnica pinhole De acordo com o Wikipédia, enciclopédia livre da internet, uma câmara pinhole é uma máquina fotográfica sem lente. A designação tem por base o inglês, pinhole, “buraco de alfinete” e é usada para referir a fotografia estenopeica. Este tipo de fotografia é uma prática econômica e simples pois uti-
Com apenas uma latinha, meninos e meninas da Maré conseguem registrar grandes histórias
“Casinha Daros” também será exposta no casarão centenário no segundo semestre deste ano
liza uma caixa qualquer em que a luz não penetre. A pinhole consiste em ver uma imagem real, através de uma câmara escura. a partir de um pequeno orifício onde a luz é captada para dentro da câmera. Essa imagem sofre um movimento de inversão, sendo projetada para a parede oposta ao orifício ao contrário. Para produzir uma imagem razoavelmente nítida, a abertura tem que ser um furo pequeno na ordem de 0,02 polegadas (0,5 mm) ou menos. O obturador da câmera pinhole geralmente consiste de uma mão espalmada ou de algum material à prova de luz para cobrir e descobrir o furo. As câmeras pinhole requerem um tempo maior de exposição do que as câmeras convencionais, devido à pequena abertura; os tempos de exposição vão de 5 segundos até mais de uma hora. Por Renata Souza