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As pálpebras e a idade

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Sandra Prazeres Responsável pelo Departamento de Oculoplástica e Órbita do Serviço de Oftalmologia Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia / Espinho e Lenitudes Centro Médico Avançado

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As pálpebras são as principais estruturas responsáveis pela proteção dos olhos. As doenças relacionadas com as pálpebras devem ser tratadas por um Oftalmologista especializado em Oculoplástica que conhece bem a anatomia periocular e todas as implicações das doenças palpebrais nos olhos. Para além das cirurgias reconstrutivas das mal posições palpebrais, o Oftalmologista especializado em Oculoplástica é recomendado para cirurgia palpebral estética de forma a aliar um bom resultado estético à função.

Os olhos têm um papel fundamental na aparência da face, comunicando os nossos sentimentos e emoções através das pálpebras. Com o passar dos anos, as pálpebras superiores e/ou inferiores ficam flácidas e caídas dando uma imagem envelhecida e/ ou cansada. Para além do aspeto estético, as pálpebras superiores caídas (dermatocalásia) podem reduzir o campo visual e causar cefaleias de tensão. Quando a laxidez se verifica nas pálpebras inferiores pode ocorrer lacrimejo por alteração do normal percurso de drenagem das lágrimas.

O principal fator que contribui para as modificações das pálpebras é a idade ao qual se associam outros fatores tais como: a predisposição genética, a exposição solar e o tabaco. A cirurgia estética das pálpebras, conhecida como blefaroplastia, é um procedimento cirúrgico pouco invasivo que remodela a pálpebra superior e/ou inferior através da remoção do excesso de pele, da laxidez muscular e das bolsas de gordura palpebrais. A cirurgia é realizada no bloco operatório em ambulatório (sem internamento) e sob anestesia local com sedação na presença de um anestesista.

O procedimento das pálpebras superiores consiste numa incisão feita ao longo da prega natural da pálpebra superior, enquanto que nas pálpebras inferiores a incisão é realizada na parte interna da pálpebra (via conjuntival) ou logo abaixo das pestanas resultando em cicatrizes invisíveis ou impercetíveis (Figura 1). As blefaroplastias são um dos procedimentos mais efetuados no âmbito da cirurgia plástica mundial. A estes procedimentos cirúrgicos podemos associar tratamentos de medicina estética, tais como: injeção de toxina botulínica (Botox ® ) para as rugas peri-oculares, injeção de ácido hialurónico para preenchimento de olheiras ou sulcos palpebrais profundos ou peelings para rejuvenescimento cutâneo da pálpebra. Estes procedimentos médicos podem ser usados isoladamente ou como complemento à cirurgia realizada para um resultado mais completo e duradouro. A ptose palpebral refere se à queda da pálpebra superior que resulta do enfraquecimento ou desinserção do músculo elevador da pálpebra. Pode ser uni ou bilateral. O

Figura 2. Ptose palpebral bilateral: pré e pós-operatório.

Figura 3. Blefaroplastia superior associada a correção de ptose palpebral bilateral: pré e pós-operatório.

Figura 4. Em cima: Ectrópio da pálpebra inferior; Em baixo: Entrópio da pálpebra inferior.

grau de ptose pode interferir apenas com a aparência estética (ptose ligeira) ou interferir também com o campo visual quando cobre o eixo visual (ptose grave). Há vários tipos de ptose sendo a ptose senil ou aponevrótica (relacionada com a idade) a mais frequente. É frequente o paciente compensar a ptose de forma inconsciente, elevando a sobrancelha por contração do músculo frontal ou posicionando a cabeça com elevação do queixo.

O tratamento da ptose palpebral é cirúrgico, sendo a indicação funcional ou estética. O grau de ptose e a força do músculo elevador da pálpebra influenciam a escolha da técnica cirúrgica mais adaptada (Figura 2). Por vezes, é necessário associar à blefaroplastia a correção de ptose palpebral (Figura 4).

Com a idade, as pálpebras podem sofrer outro tipo de alterações devido à laxidez dos tecidos e relaxamento muscular, tais como o ectrópio ou entrópio. O ectrópio palpebral corresponde à eversão da pálpebra inferior. O posicionamento incorreto das pálpebras no portador de ectrópio pode resultar em oclusão incompleta das pálpebras, lesões da córnea, alteração na drenagem lacrimal, inflamação palpebral e alteração estética (Figura 4). O entrópio caracteriza-se pela inversão da margem palpebral. O contacto da pele e das pestanas com o globo ocular pode resultar em sintomas irritativos, com lesões da córnea e, até mesmo, diminuição da acuidade visual (Figura 4).

Estas patologias são tratadas cirurgicamente, com anestesia local e com bons resultados funcionais e estéticos. Os tumores palpebrais, benignos ou malignos, são responsáveis por uma parte importante da prática clínica da oftalmologia. O diagnóstico precoce é fundamental para uma menor remoção de tecido e uma cirurgia de reconstrução palpebral simplificada. Um fator de risco importante para o aparecimento de lesões tumorais, para além da idade, está relacionado com a exposição solar.

Algumas regras ajudam o oftalmologista a diferenciar lesões benignas e malignas das pálpebras: lesões malignas costumam causar perda de pestanas, distorção da margem palpebral, alteração da coloração ou textura da pele ou hemorragia persistente. Os pacientes que apresentam estes sintomas devem consultar um oftalmologista para avaliar a necessidade de realizar uma biópsia.

O carcinoma basocelular é o tumor de pálpebra mais comum, correspondendo a cerca de 90% dos tumores malignos da pálpebra. Quando não removido por completo, o carcinoma basocelular pode recidivar localmente, mas muito raramente dá origem a metástases. O prognóstico varia com o grau de diferenciação celular, tamanho e profundidade do tumor. O carcinoma espinocelular invade os tecidos de maneira mais agressiva que o basocelular e pode causar metástases nos linfonodos regionais.

Outros tipos de tumores malignos da pálpebra são: carcinoma espinocelular, queratoacantoma, carcinoma sebáceo, melanoma e sarcoma de kaposi. O tratamento das lesões malignas requerem a intervenção de um oftalmologista especializado em oculoplástica com conhecimento das várias técnicas utilizadas em reconstrução palpebral (Figura 5).

As lesões malignas devem ser ressecadas com margem de segurança. O material deve ser enviado para avaliação anatomopatológica que determina o tipo de tumor e se foi removido completamente. Diversas técnicas cirúrgicas podem ser utilizadas para reconstruir a pálpebra depois da remoção do tumor, geralmente resultando num bom resultado funcional e estético para o paciente.

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