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Olhar(es) pelos Cuidados Paliativos

texto e fotos por André Manuel Mendes

Os cuidados paliativos estiveram em destaque no I Encontro Olhar(es) pelos Cuidados Paliativos, iniciativa organizada pela ANGES – Associação Nacional de Gerontologia Social com o apoio do ISEC – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, que se realizou no Auditório do ISEC no dia 18 de outubro de 2019.

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A definição de cuidados paliativos, a importância da comunicação, da formação dos profissionais, o empreendedorismo e os direitos dos cuidadores e das pessoas cuidadas foram alguns dos temas abordados durante um dia intenso de palestras e debates.

A primeira intervenção do encontro esteve a cargo de Isabel Duque, responsável pela Unidade de Dor Crónica e Medicina Paliativa da ULS de Castelo Branco e coordenadora regional dos cuidados paliativos, que abordou na sua intervenção a realidade dos “Cuidados Paliativos na região Centro”. Na sua intervenção explicou o que são cuidados paliativos e lamentou o número reduzido de profissionais qualificados e o facto de muitos dos profissionais com formação realizarem tarefas que não são da sua competência.

Luís Capelas, antigo Presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos entrou em seguida por videoconferência e na sua apresentação, “Cuidados Paliativos na atualidade: onde estamos e para onde queremos ir?”, salientou que os cuidados paliativos têm sofrido uma grande evolução, com grande enfoque na mudança na qualidade de vida e saúde das pessoas, reforçando que este tipo de serviços se estende para lá dos centros de cuidados paliativos.

A última intervenção do primeiro painel do dia foi da responsabilidade de Elsa Mourão, cuidadora profissional e membro da equipa da LInQUE. Com o tema “Empreendedorismo em Cuidados Paliativos”, Elsa Mourão explicou o processo de criação da LinQUE e todas as valências da cooperativa.

O segundo painel do dia teve uma única interveniente, Cláudia Telles de Freitas, que teve como tema da sua intervenção a “Gestão emocional e motivacional das equipas de Cuidados Paliativos”. A especialista em comunicação sublinhou que as pessoas nas equipas devem contagiar as outras pessoas com a sua atitude, e identificou três pontos fundamentais para qualquer equipa: o investimento na formação; o saber fazer e não reter o saber; e a atitude como forma de fazer a diferença.

A tarde do I Encontro Olhar(es) pelos Cuidados Paliativos iniciou-se com o terceiro painel que teve como primeira interveniente a enfermeira Ângela Simões que falou sobre Cuidados Paliativos em Estruturas Residenciais para Idosos. “A velhice não é uma doença, mas todos vamos morrer”, sublinhou, explicando que hoje um grande número de residentes nas ERPI estão numa fase final da vida e. Segundo Ângela Simões 20% das mortes dos idosos ocorrem em ERPI, 80% delas com mais de 75 anos, sendo que 2/3 morre com duas ou mais doenças crónicas. Por esta realidade, a enfermeira salientou igualmente a importância do apoio ao luto, não só aos familiares, mas também aos cuidadores.

A Professora Doutora Lucília Nunes tomou voz na intervenção seguinte intitulada “Direitos das pessoas em fim de vida”. Na sua intervenção a Professora Coordenadora na Escola Superior de Saúde do IP Setúbal abordou as Diretivas Antecipadas de Vontade, dos direitos das pessoas em contexto de doença avançada e em fim de vida e do Testamento Vital.

Os Palhaços D´Opital, associação cultural sem fins lucrativos, foram apresentados em seguida pela voz de Jorge Rosado, o Doutor Risotto, numa apresentação intitulada “Felicidade e Positividade em fim de vida”. Esta é das poucas entidades artísticas a trabalhar com cuidados paliativos e terminais, com demências e doenças oncológicas. “O Doutor Palhaço vive o agora, não julga e brinca”, sublinhou.

A Professora Doutora Patrícia Coelho da Universidade Católica deu o mote para o último painel do dia com o tema “Dignidade em Cuidados Paliativos”. Na sua apresentação sublinhou que os cuidados paliativos não são o último passo para a morte. A dignidade, a individualidade, a qualidade de vida, a autonomia e o relacionamento doente-profissional são fundamentais para “juntar vida aos dias e não juntar dias à vida”, parafraseando uma frase da fundadora dos cuidados paliativos.

As duas últimas intervenções do dia estiveram a cargo de João Gomes e da enfermeira Ana Rocha. Na apresentação “Capacitação dos Cuidadores Informais”, João Gomes falou sobre o Estatuto do Cuidador Informal e da importância da sua recente aprovação. A enfermeira Ana Rocha falou sobre “Comunicação com a pessoa com doença crónica e avançada”, sublinhando que a comunicação é um pilar dos cuidados paliativos e que é tão importante como outros pilares.

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