Um novo cenário de encontros na Vila Imperial

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UM NOVO

CENÁRIO DE ENCONTROS NA VILA IMPERIAL DESENHO URBANO PARA A COMUNIDADE VILA IMPERIAL E SEUS ARREDORES NO BAIRRO DE SÃO JOSÉ

v

Trabalho de Conclusão de Curso_ Arquitetura e Urbanismo Autora: Cinthia Nery de Oliveira Orientador: Ricardo Pessoa de Melo




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"Se a vida, como disse Vinicius de Morais, é a arte do encontro, a cidade é o cenário desse encontro(...)" LERNER 2013

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Monografia apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco pela aluna Cinthia Nery de Oliveira orientado pelo professor Ricardo Pessoa de Melo como requisito parcial obrigatório para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

RECIFE, 2019

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Agradeço à Vida e a todos que passaram ou estão na minha

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Lista de Figuras Figura 01: Vista aérea dos Bairros de Santo Antônio e São José, Recife, 2018 (Fonte: Domínio publico)..................................................................................................................................10/11 Figura 02: Vila Imperial no ano de 2019, Recife (Fonte: Acervo pessoal).....................................................................................................................................12/13/ 64/65 Figura 03: Imagem do bairro de São José no séc. XIX (Fonte: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/. Acesso em 10 Nov 2019).....................25 Figura 04: Projeto de fortificação da vila do Recife e da ilha de Antônio Vaz dos engenheiros Pieter van Bueren e Andreas Drewisch (Fonte: Atlas Histórico Cartográfico do Recife, 1988).........................................................................27 Figura 05: Esquema teórico da expansão do Recife (Fonte: Ulhôa Cintra, 1943)..............................................................................................................................27 Figura 06: Vista aérea do bairro de São José atualmente, ano de 2018 (Fonte: Google Earth 2018. Acesso em: 08 de Nov 2019)....................................................................28 Figura 07: Foto da situação atual da Vila Imperial no bairro de São José (Fonte: Acervo pessoal)...............................29 Figura 08: Diagramas mostrando duas quadras iguais e com a mesma quantidade de área construída, a primeira aos moldes do PDCR 2018 e a segunda aos moldes do urbanismo sustentável (Fonte: própria autora)......................................................................................................................................35 Figura 09: Diagrama mostrando o conceito de renovação urbana (Fonte: própria autora)......................................................................................................................................36 Figura 10: Foto da favela de Jardim Edite antes da intervenção (Fonte: http://www.extatico.com.br. Acesso em 16 de Nov. 2019)................................................45 Figura 11: Foto do complexo Jardim Edite após a intervenção (Fonte: http://www.archdaily.com.br. Acesso em 16 de Nov. 2019).............................................45 Figura 12: Perspectiva mostrando os diversos usos dos volumes (Fonte: http://www.archdaily.com.br. Acesso em 16 de Nov. 2019)..............................................46 Figura 13: Diagrama dos tipos propostos pelo Projeto Jardim Edite (Fonte: própria autora)......................................................................................................................................46 Figura 14: Parque Biblioteca España em destaque na paisagem de Medellín, Colômbia (Fonte: http://www.archdaily.com.br. Acesso em 16 de Nov. 2019).............................................48 10


Figura 15: Teleféricos em Medellín, CO (Fonte: http://www.archdaily.com.br. Acesso em 16 de Nov. 2019)...............................................49 Figura 16: Mapa do Recife dividido entre suas Regiões Político Administrativas (Fonte:Prefeitura do Recife. Disponível em: http://www2.recife.pe.gov.br/. Acesso em: 08 Nov 2019)..................................................................................................................................51 Figura 17: Vista aérea do bairro de São José atualmente, ano de 2018 (Fonte: Google Earth 2018. Acesso em: 08 Nov 2019)..........................................................................52 Figura 18: Vista aérea da porção leste do bairro de São José (Fonte: Google Earth 2018. Acesso em: 09 Nov 2019)..........................................................................53 Figura 19: Vista aérea da porção oeste do bairro de São José no ano de 2018 (Fonte: Google Earth 2018. Acesso em: 09 Nov 2019)..........................................................................54 Figura 20: Exemplo de área com baixa permeabilidade visual e física (Fonte: Acervo pessoal)....................................................................................................................................54 Figura 21: Sobrados abandonados na R. Imperial (Fonte: Acervo pessoal)....................................................................................................................................54 Figura 22: Gráfico feito autora que mostra os 6 bairros da RPA 1 com maior e menor média habitantes por hectare e o bairro de São José (Fonte: http://www2.recife.pe.gov.br/. Acesso em: 09 Nov 2019)...................................................55 Figura 23: Lote vazio apropriado pelos antigos moradores do Coque (Fonte: Google Earth 2018. Acesso em: 09 Nov 2019)..........................................................................57 Figura 24: Início da ocupação das terras que hoje seria a Vila Imperial, ano de 2013 (Fonte: Acervo de Moises do Coque)............................................................................................................57 Figura 25: Ocupação da Vila Imperial nos dias atuais, novembro de 2019 (Fonte: Acervo pessoal)....................................................................................................................................58 Figura 26: Diagrama representando a padronização adotada (Fonte: própria autora).....................................................................................................................................58 Figura 27: Diagrama representando como o lote foi ocupado (Fonte: própria autora).....................................................................................................................................58 Figura 28: Crianças (e adultos) brincado na rua por falta de melhor local (Fonte: Acervo pessoal)....................................................................................................................................59 11


Figura 29: Vendinha da Dona Maria, Vila Imperial (Fonte: Acervo pessoal)......................................................................................................................................59 Figura 30: Conjunto de fotos representando a Vila Imperial nos seu primeiros meses e após 2 anos de instalação (Fonte: Acervo de Moises do Coque e Acervo pessoal).........................................................................60 Figura 31: Foto da fachada da sede da Sociedade de Moagens do Café (Fonte: Acervo pessoal)......................................................................................................................................61 Figura 32: Vista aérea do trilho (trecho entre as estações Largo da Paz e Joana Bezerra (Fonte: Google Earth 2008)..............................................................................................................................61 Figura 33: Vista aérea do conjunto de galpões e edifícios industriais Fonte: Google Earth 2008)................................................................................................................................62 Figura 34: Vista aérea do quadrante a ser intervido (Fonte: Google Earth 2018)...............................................................................................................................63 Figura 35: Mapa de Nolli (Fonte: própria autora).......................................................................................................................................64/65 Figura 36: Mapa de Nolli subdivididos nas áreas citadas (Fonte: própria autora).......................................................................................................................................66 Figura 37: Mapa de Vazios (Fonte: própria autora).......................................................................................................................................68/69 Figura 38: Mapa de Diretrizes de Conservação (Fonte: Própria autora).......................................................................................................................................75 Figura 39: Conjunto de edifícios da antiga Sociedade de Moagens do Café como exemplo de edifício com valor histórico/arquitetônico (Fonte: Google Earth 2018)...............................................................................................................................83 Figura 40: Edifício representando o tipo de edifício não-viável (Fonte: Google Earth 2018)...............................................................................................................................83 Figura 41: Edifício representando o tipo de edifício mal conservado (Fonte: Google Earth 2018)...............................................................................................................................83 Figura 42: Construções como exemplo de edifícios consolidados (Fonte: Google Earth 2018)...............................................................................................................................84 12


Figura 43: Mapa de usos (Fonte: Própria autora)......................................................................................................................................89 Figura 44: Mapa de Diretrizes de Uso (Fonte: Própria autora)......................................................................................................................................91 Figura 45: Mapa de gabarito (Fonte: Própria autora)......................................................................................................................................95 Figura 46: Mapa de diretrizes de ocupação (Fonte: Própria autora).......................................................................................................................................97 Figura 47: Mapa de orientação de vias e locação das áreas verdes existentes (Fonte: Própria autora)......................................................................................................................................101 Figura 48: Mapa de focos de encontro de pessoas (Fonte: Própria autora)......................................................................................................................................105 Figura 49: Mapa de vias e foco de pessoas (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................109 Figura 50: Diagramas representando as fases de estudo (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................113 Figura 51: Planta Conceito de Locação e Coberta (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................119 Figura 52: Planta Conceito Pavimento Térreo (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................121 Figura 53: Planta Conceito Segundo Pavimento (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................123 Figura 54: Planta Conceito Quinto Pavimento (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................125 Figura 55: Corte Esquemático (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................127 Figura 56: Corte Esquemático Parte 2 (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................129 Figura 57: Proposta de Fachada (Fonte: Própria autora).....................................................................................................................................131 13


Figura 58: Vista das quadras esportivas e piscina coberta Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................133 Figura 59: Vista da Travessa do Gáspar Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................133 Figura 60: Vista aérea galpões Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................134/135 Figura 61: Vista da Rua Lorenço de Sá Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................136 Figura 62: Vista de uma das área de permanência dos galpões Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................136 Figura 63: Vista da interseção da Rua Lorenço de Sá com a Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................137 Figura 64: Vista de um dos espaços verdes da quadra da Rua Lorenço de Sá Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................137 Figura 65: Vista aérea do bloco misto localizado entre a Rua Lorenço de Sá e Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................138/139 Figura 66: Vista aérea do lado oeste da gleba - Rua Imperial Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................140 Figura 67: Vista do bloco misto localizado entre a Rua Lorenço de Sá e Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................140 Figura 69: Vista aérea da gleba Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................141 Figura 70: Vista da fachada do complexo cultural e do edf. misto - Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................142 Figura 71: Vista aérea de parte do complexo - Rua Imperial Fonte: Própria autora..............................................................................................................................................142

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SUMÁRIO PARTE I t 1. INTRODUÇÃO..................................................................................18 2. OBJETO E TEMA.............................................................................20 TEMA .............................................................................20 3. NARRATIVA.....................................................................................21 NARRATIVA .....................................................................................21 3.1 Cidades tradicionais e Cidades modernas 3.2 Bairro de São José

4. JUSTIFICATIVA...............................................................................24 JUSTIFICATIVA ...............................................................................24 4.1 4.2 4.3 4.4

A importância do plajenamento urbano O desenvolvimento do Recife Bairro de São José e sua zona industrial O Bairro Atual

5. OBJETIVOS.....................................................................................29 OBJETIVOS .....................................................................................29 5.1 Objetivo geral 5.2 Objetivos específicos

6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................30 METODOLÓGICOS ........................................30 6.1 Etapas do estudo

7. CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA.........................................................32 TEMÁTICA .........................................................32 7.1 Aspectos da Legislação Urbana da Cidade do Recife: análise e crítica 7.2 Conceitos Básicos 7.3 Resumo dos conceitos básicos 7.4 Urbanismo Sustentável: análise e conceitos

8. ESTUDOS DE CASO........................................................................42 CASO ........................................................................42 8.1 Projeto Jardim Edite, São Paulo 8.2 Cidade de Medellín, Colômbia

9. ANALISE DO TERRITÓRIO...........................................................49 TERRITÓRIO ...........................................................49 9.1 Leitura do território 9.2 Análise dos mapas

Figura 01: Vista aérea dos Bairros de Santo Antônio e São José, Recife Fonte: Domínio público


PARTE II 10. PROPOSTA.................................................................................70 PROPOSTA .................................................................................70 10.1 Diretrizes projetuais Urbano Arquitetônicas 10.2 O Projeto 10.3 Perspectivas 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................143 FINAIS .......................................................143 12. LISTA DE REFERÊNCIA.........................................................144 REFERÊNCIA .........................................................144


Figura 02: Vila Imperial no ano de 2019, Recife Fonte: Acervo pessoal


parte I


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introdução

Esta é a primeira etapa de duas do estudo de uma intervenção urbana em nível revitalizador e renovador em um determinado polígono do bairro de São José. Ao se transitar pela Rua Imperial, é possível notar o quanto ela precisa de atenção, a área como um todo carece de um bom ambiente urbano. Os moradores tomam as calçadas para ter um espaço de convivência por causa da sua falta, crianças brincam nas ruas pela falta de um lugar para elas jogarem. Mesmo a área sendo bem suprida de vazios, eles não são destinados a usos dos moradores. Sua grande maioria dão terrenos privado sub ou não utilizados sem serventia à sociedade. Durante os anos 70 e 80, houve um descaso maçivo em relação à planejamento urbano em vários países, inclusive no Brasil. O planejamento urbano sempre vinha como consequênia de outras decisões e isso acabou por afetar a qualidade de vida das populações. Diante disso,vários urbanistas iniciaram uma série de discussões e ideias para melhorar a vida da sociedade, sem que

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PARTE I_Volume 2

se danificasse o planeta Terra. Princípios como o de Douglas Farr sobre urbanismo sustentável e discussões de Jan Gehl sobre como arquitetura afeta a vida das pessoas foram cruciais para o entendimento que hoje temos sobre arquitetura e urbanismo. expressão artística, cultural, intelectual e de lazer. A metodologia aplicada ao trabalho é pesquisa bibliográfica, entrevista, estudo de caso e coleta de dados, sendo assim, ele é do tipo exploratório. Será realizado, no segundo volume desse trabalho, um processo projetual em escala de anteprojeto. A pesquisa bibliográfica Coleta de dados Analise de estudos de caso Leitura do território Elaboração de Diretrizes Projetuais


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Citando GEHL (2010): “Todos devem ter direito a espaços abertos, facilmente acessíveis, tanto quanto têm direito à água tratada. Todos devem ter a possibilidade de ver uma árvore de sua janela, ou de sentarse em um banco de praça, perto de sua casa, com um espaço para crianças, ou de caminha até um parque em dez minutos. Bairros bem planejados inspiram os moradores, ao passo que comunidades mal planejandas brutalizam seus cidadões” Jan Gehl (2010)

Com esse trabalho, pretende-se colaborar para que os moradores da Vila Imperial se sintam inspirados. Fazê-los vistos e ouvidos. Para que todos possam usufruir de espaços de qualidade.

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2

PARTE I_Volume 2

objeto e tema

Desenho Urbano renovador e revitalizador de um determinado polígono do bairro de São José visando

QUAL

tipo de objeto será proposto?

atingir positivamente os seus vazios urbanos e o assentamento informal Vila Imperial.

Tema: Intervenção em Vazios Urbanos em um polígono do bairro de São José

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Pensou-se que seria pertinente para a área um desenho urbano constituído por moradias populares, comércios, serviços, espaços públicos de qualidade e equipamentos educacionais, culturais e de lazer que incentivasse a vida do espaço, valorizando e nutrindo a área. A implantação de moradias populares se faz necessário porque os moradores dessa porção do bairro vivem em más condições de moradia e saneamento básico e possuem, em sua maioria baixo capital. A proposta de implementação de equipamentos educacionais, culturais e de lazer surgiu da necessidade de melhoria de tais equipamentos. Eles apresentam más condições e necessitam ser expandidos.


3 3.1

narrativa

UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Cidades t radicionai s e cidades moder nas

setorização e também é exemplo de como, nos dias atuais, tal decisão não mais se sustenta.

Cidades históricas do mundo, como Roma, Grécia, Barcelona, Londres, foram criadas e desenvolvidas colocando as pessoas como seu ponto focal colocando em primeiro lugar o bem-estar dos que utilizavam daquele espaço. Essa concepção mudou com o pensamento maquinário do modernismo.

A cidade que é referência no mundo inteiro como a primeira cidade completamente projetada aos moldes modernos é alvo de discussões à várias décadas. O carro passou a ser o protagonista nas ruas, o que acabou por afastar as pessoas delas. É difício ver transeuntes pelas principais vias de Brasília, a infraestrutura da cidade não foi pensada para eles. Calçadas ao seu redor e faixa de pedestres são escassas.

O advento da revolução industrial e seu impacto no território das cidades gerou reflexões sobre o papel das cidades e assim gerou-se propostas de novas urbanizações. O modernismo foi uma dessas correntes que se dedicou a discutir novos caminhos das cidades. Como consequência dessas discussões, algumas cidades passaram a ser tratadas como máquinas e a sua função social se enfraqueceu. A cidade se setorizou. Essa divisão trouxe consequências que somente foram ser sentidas décadas depois, já no final dos anos 70 e começo dos anos 80 (GEHL, 2010). Brasília

é

um

grande

exemplo

dessa

Finalmente, após anos de cidades direcionadas ao transporte individual, pessoas se tornaram mais ativas nas reivindicações de uma cidade voltada para elas, essas lutas nos trazem aos dias atuais. Hoje é entendido que pessoas nas ruas trazem vigilância social, enriquecem o espaço e suas conexões, dificultam ações de violência nas ruas e excitam o comércio e o serviço. Hoje sabe-se que a função da cidade está no encontro das pessoas e no fornecer espaços urbanos de qualidade para elas viverem em 23


PARTE I_Volume 2

conjunto (GEHL, 2010). No Brasil, estudos sobre urbanismo e seu impacto na sociedade vêm sendo realizados em todas as regiões e ações baseados nesses estudos vêm tomando cada vez mais força. A cidade do Recife, aonde estão localizadas as glebas a serem intervindas, iniciou o seu planejamento urbanístico no século XVII, quando os moldes de cidades ainda eram tradicionais. Porém, ao longo do tempo a cidade sofreu transformações. Durante os anos 60 e 70, Recife passou por reformas urbanas que resultaram na cidade de hoje, porém, parte da cidade histórica foi mantida, derivando em uma cidade em que pode ser encontrado ambos traçados histórico e moderno. O bairro de São José é um dos bairros do Recife em que tais tranformações podem ser facilmente percebidas

3.2 Bair ro de São José

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A história do bairro de São José se mistura com a da cidade do Recife, pois foi da antiga Ilha de Antônio Vaz, atuais bairros de Santo Antônio e São José, juntamente com o Bairro do Recife que o desenvolvimento do Recife procedeu. Segundo Amelia Reynaldo (2008),

foi durante o começo do século século XVII que os primeiros portugueses efetivamente tomaram as terras, hoje conhecidas como Bairro do Recife, e começaram a ocupação do Recife. Um porto foi construído para a carga dos navios de açúcar que iam para a Europa e galpões foram construídos ao seu redor para o armazenamento do produto. Em 1630 houve a invasão holandesa, culminando na expulsão dos portugueses das terras recifenses. Com a presença dos holandeses, Recife se expandiu para o continente. Em 1644 conclui-se a primeira ponte do Recife que liga o bairro do Recife à Ilha de Antônio Vaz, iniciando a tentativa do processo de urbanização holandesa. Após 24 anos de dominação holandesa, os portugueses tomaram as terras novamente. Recife já havia crescido significavelmente. Mais de 8 mil habitantes estavam distribuídos em sobrados, com comércio no térreo e residências burguesas nos demais pavimentos, no bairro do Recife. Mais ao sul, a Ilha de Antônio Vaz era uma importante zona comercial e residencial. Após a reconquista pelos portugueses a Ilha de Antônio Vaz passou a ser denominada de Santo Antônio e São José, se subdividindo em duas regiões, sendo a primeira região mais


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

comercial e a segunda mais residencial. São José ainda era um bairro pequeno, comparado a sua extensão atual. Suas terras serviam principalmente para plantio de canade-açúcar e moradia dos trabalhadores da área (ver figura 03). Atualmente, o bairro de São José abriga desde comunidades de baixa renda e antigas áreas industriais a antigos sobrados e centros comerciais. Sua composição é rica em detalhes que vão da sua arquitetura aos usos, pessoas e espaços.

Figura 03: Imagem do bairro de São José no séc. XIX Fonte: Acervo Fundaj

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4

justificativa do tema

Impor tância do 4.1 Aplanejamento urbano

Esse capítulo abordará a justificativa do porque da escolha do tema e do objeto para esse estudo. As cidades vem crescendo mais a cada ano, porém, principalmente nos último 70 anos, cidades como por exemplo São Paulo, Tóquio ganharam um número considerável de habitantes. A cidade de São Paulo cresceu de 2,1 milhões de habitantes no ano de 1950 para 12,1 milhões, crescendo 576%, e a cidade de Tóquio em 1950 possuía 6,2 milhões de habitantes e em 2019 possui 37 milhões habitantes. E esses números tendem a aumentar. Entretanto, como essas cidades estão planejando manter todas essas pessoas em seus territórios é a principal pergunta. Esse crescimento acelerado das cidades acabou por desencadear vários problemas e afetou, principalmente, na qualidade de 26 vida dos cidadãos. Para tentar diminuir

PARTE I_Volume 2

tais impactos e melhorar a vida dos que usufruem dos espaços, é necessário um novo planejamento de modelo estratégico detalhado para as cidades. Planejamentos que tenham como objetivo dimuir os danos causados pelo crescimento desordenado e assegurar o funcionamento da cidade de forma ustentável e harmonioso com a natureza.

4.2 O Desenvolv imento do Recife Recife é um assentamento datado do século XVI. A Cidade se inciou com um porto e alguns galpões no atual Bairro do Recife. A primeira tentativa de desenvolver um projeto urbano ocorreu quando os holandeses conquistaram as terras recifenses no séc. XVI. Recife cresceu rapidamente por causa do porto, do movimento gerado pela invasão e pela migração de parte da população olindense (REYNALDO, 2013). Por necessidade de mais terras, a cidade começou a se expandir em direção a outra ilha, onde atualmente são encontrados os bairros de Santo Antônio e São José, no séc. XVIII, a Ilha de Antônio Vaz (ver figura 04).


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Alfredo Lisboa, iniciado em 1909, possuem papel fundamental no desenvolvimento do Recife. Eles deram mais oportunidade de uma melhor cidade para os imigrantes, impulsionaram as áreas emergentes e chamaram a atenção dos que queria e/ou necessitaam de terras.

Figura 04: Projeto de fortificação da Vila do Recife e da ilha de Antônio Vaz dos engenheiros Pieter van Bueren e Andreas Drewisch Fonte: Atlas Histórico Cartográfico do Recife, 1988

A expansão da Cidade se iniciou através de pontes que ligavam as ilhas ao continente, inicialmente tomado por plantações de canade-açúcar e poucas construções. Em sua expansão, seu traçado começa a ser irregular com ruas estreitas, refletindo o traçado português (REYNALDO, 2013). Quem permaneceu na ilha do Bairro do Recife eram donos de comércio e donos de plantações. Grande parte da população de baixa renda se estabilizou em áreas indesejadas pelos mais ricos: as terras alagadas e de difícil acesso (BARBOSA, 2010). O crescimento da Cidade se deu de forma radial (ver figura 05), tendo como centro o Bairro do Recife. A remodelação do Porto e o planejamento do saneamento feitos por

Figura 05: Esquema teórico da expansão do Recife Fonte: Ulhôa Cintra, 1943

indu s t r ial do Bair ro 4.3 Adezona São José Pescadores locais e suas famílias necessitavam de moradia, consequentemente houve um aumento significativo de habitações naquela região a partir do final do século X X (BARBOSA, 2010). Enquanto isso, indústrias precisavam de um local estrategicamente pensado para a saída de seus produtos para o interior do estado e do país, uma das rota estratégica encontradas foi a Rua Imperial. 27


PARTE I_Volume 2

Esses fatores favoreceram a formação da comunidade do Coque e da área industrial do bairro de São José, que um dia foi a área industrial mais importante da cidade. Hoje, o deslocamento do porto para Suape e a abertura de novos eixos de conexão com outros estados brasileiros, culminou no deslocamento das indústrias para o interior do estado. O território passou a ter muitos resquícios de grandes equipamentos urbanos dos tempos industriais. Diversos galpões e construções sub ou não utilizados encontramse no local, tornando tais áreas estério, sem uso, como pode ser visto na figura 06, mais adiante é mostrado um mapa com os vazios da área estudada e suas classificações. Hoje são grandes áreas de vazios urbanos estéreis.

Esse território é conhecido pelos recifenses como uma área com pobreza e carente em instrumentos básicos para uma boa qualidade de vida. Nele se encontra uma das comunidades mais conhecidas do Recife, o Coque. Outra comunidade mais recente e menor também se encontra nessa área, a Vila Imperial. Os vazios industriais citados são fatores de potencialidade da área, como Nuno Portas (2000) expressa, assim como as terras hoje habitadas pela Vila Imperial. Esse território é conhecido pelos recifenses como uma área com pobreza e carente em instrumentos básicos para uma boa qualidade de vida. Nele se encontra uma das comunidades mais conhecidas do Recife, o Coque. Outra comunidade mais recente e menor também se encontra nessa área, a Vila Imperial. Os vazios industriais citados são fatores de potencialidade da área, como Nuno Portas (2000) expressa, assim como as terras hoje habitadas pela Vila Imperial.

Figura 06: Vista aérea de parte do bairro de São José atualmente, ano de 2018 Fonte: Google Earth 2018

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Tendo em vista que tais vazios são elementos potenciadores na atual paisagem urbana do bairro (PORTAS 2000), esse trabalho parte do princípio que eles possam ser renovados


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

e/ou requalificados visando o uso destinado à população da cidade do Recife, sendo o enfoque principal atender as necessidades urbanas dos moradores da comunidade da Vila Imperial.

Sem água encanada, esgoto tratado ou eletricidade regularizada, os moradores não possuem condições de moradia mínima.

4.4 O bair ro at ual

Por vários anos, o bairro de São José se encontra em um processo de evasão de habitantes. Uma grande parte dos habitantes da região se encontram na sua porção oeste, aonde se encontra os vazios urbanos industriais citados anteriormente. Porém, as circunstâncias em que tais moradias se encontram estão distantes de uma situação digna e humana. (ver figura 07)

Figura 07: Foto da situação atual da Vila Imperial no bairro de São José Fonte: Acervo pessoal

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PARTE I_Volume 2

que eles se acomodem.

POR QUE

É NECESSÁRIO UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA R. IMPERIAL ?

Já foi comprovado por vários pesquisadores da área de urbanismo a importância de se planejar o espaço e de forma sustentável, Jan Gehl, Jeff Speck e Douglas Farr são alguns deles. O bem estar da população está diretamente relacionada à cidade em que vivem e todos tem direito à cidade de qualidade. Quando se planeja o espaço, entende-se as relações entre pessoas e entre pessoas e espaço, podendo assim, propor soluções democráticas e justas para todos.

30

Além do planejamento urbano ser fundamental para assegurar o bem estar do cidadão, é necessário um novo cenário de encontros no bairro de São José por ele não ser tão imponente e significativo quanto pode. É necessário uma intervenção nele por faltar habitações sociais próximas ao centro do Recife. É necessário um novo desenho urbano por se tratar de um polígono desprovido de uma boa arquitetura urbana e social. É necessário um novo cenário de encontros na Rua Imperial por se tratar de uma área que já possui encontros, porém não há espaço para


5 5.1

objetivos

UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Objetivo Geral Desenvolver um desenho urbano revitalizador e renovador para vazios urbanos da comunidade da Vila Imperial e seu entorno

5.2

Objetivos Específicos Viabilizar a melhoria da qualidade de vida dos moradores da área a ser estudada Estudar métodos de pesquisa e projeto eficazes em relação a arquitetura urbana Analisar as problemáticas do bairro a fim de encontrar soluções viáveis Ajudar a demonstrar soluções viáveis e palpáveis para problemas comuns de comunidades carentes do Recife Contribuir com o estudo de solução de problemas urbanos nas áreas vulneráveis da Cidade do Recife Sirva de estímulo para outras iniciativas semelhantes 31


6 6.1

processos metodológicos

Etapas do es t udo

Neste capítulo é explanado a metodologia e procedimentos adotados para o desenvolvimento do presente trabalho. Para o desenvolvimento de trabalhos científicos é necessário um conjunto de etapas metodológicas fundamentais. As etapas aqui apresentadas tem como objetivo dar suporte ao tema e objetos adotados, bem como nortear o estudo sobre eles e sobre a área. Esse trabalho é composta por pesquisa bibliográfica, entrevista, estudo de caso e coleta de dados, sendo assim, ele é do tipo exploratório. Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é realizada a partir do levantamento de livros, artigos e pesquisas científicos bem como artigos eletrônicos sobre o tema aqui abordado. Os título utilizados nesse trabalho foram: Urbanismo Sustentável de Douglas Farr (2013) sobre como projetar em nível 32 urbano a partir dos conceitos de urbanismo

PARTE I_Volume 2

sustentável Cidade Caminhável de Jeff Speck (2015) sobre a importância de se ter uma cidade projetada colocando o ser humano como ponto focal Do Cheio Para o Vazio de Claudia Souza (2010), Do Vazio ao Cheio de Nuno Portas e Vazios urbanos: perspectivas contemporâneas, de Andrea Borde (2006) para o estudo e definição de vazio urbano Origem da expansão do Recife, de Amelia Reynaldo e Paulo Reynaldo Maia Alves (2013) para o embasamento teórico sobre a história do Recife e do território a ser estudado Carta de Lisboa de 1995 para a definição dos conceitos de Revitalização e Renovação Diretrizes urbano arquitetônicas para o Centro Expandido Continental do Recife, do Plano Centro Cidadão para o estudo de como elaborar diretrizes urbano arquitetônicas


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Coleta de Dados

A coleta de dados é necessária para o entendimento do território. Os dados estatísticos da Prefeitura do Recife sobre a densidade habitacional do bairro de São José reafirmam a necessidade de implantação do objeto urbano arquitetônico já citado. A coleta de dados foi feita pelo site da Prefeitura do Recife. Estudo de Caso

O estudo de caso é caracterizada pelo estudo aprofundado de um objeto de carater arquitetônico e/ou urbano visa a compreenção de soluções arquitetônicas, urbanas e paisagísticas de uma construção ou intervenção. Têm-se como objetivos o estudo de caso:

urbanas e arquitetônicas da área de interesse da autora através de pesquisas, visitações e entrevistas com os moradores. Compreender a história e morfotipologia do território; Analisar o território a partir de seus aspéctos morfotipológicos e gabarito. Elaboração de Diretrizes Projetais

Consiste na transformação das informações recolhidas do referencial teórico, do território e dos estudos de caso em possíveis direcionamentos e critérios para a elaboração do projeto apresentado no volume 2 desse trabalho.

I - Fornecer embasamento projetual sobre o tema urbanísmo sustentável II - Dar auxílio no entendimento e na proposta do programa da área III - Auxiliar na solução volumétria e de implantação do objeto Foram escolhidos os projetos Jardim Edite e a intervenção urbana da cidade de Medellín, Colômbia. Leitura do Território

Expressa-se como a leitura das características

33


7

conceituação temática

O atual capítulo trata dos conceitos, pesquisas e discussões importantes que foram tomados como referência para a execução desse trabalho.

7.1

Aspectos da Legislação Urbana da Cidade do Recife: análise e crít ica

O Plano Diretor da Cidade do Recife 2008 (PDCR 2008) é um documento que contém o conjunto de parâmetros urbanos que norteia as dinâmicas e as construções formais da cidade. Muitos se tem discutido sobre o PDCR no ano atual de 2019, ano em que ele passa por modificações. Uma das questões que se muito discute sobre o Plano Diretor atual é que ele individualiza o lote, colocando-o como o protagonista da cidade. Ele possui como principal características ser pontual e direto na questão do lote por mais olha os parâmetros de construção do lote, recuos mínimos e limites de gabarito, taxa de solo natural. Um exemplo dessa visão focal no lote que pode ser citado é a Lei de Uso e Ocupação 34 do Solo, a LUOS, um instrumento de política

PARTE I_Volume 2

urbana que regula como as construções do Recife serão executadas. Uma dos primeiros aspectos que chama atenção sobre o LUOS é a obrigatoriedade que ele demanda de os edifícios terem recuos, limitando a cidade a um tipo apenas de implantação, o tipo edifício solto no lote. E nos últimos 50 anos a cidade tem sido fruto de legislações que regulam o lote como objeto individual. O resultado é a cidade que pode ser vista hoje com muros com 3 metros de altura que separam usuários de pedestres, a vida nas ruas é limitada por causa da falta de mix de usos nos edifícios, principalmente no pavimento térreo, resultando no aumento da criminalidade e violência. Assim como espaços verdes ociosos dentro do lote sem efetivos benefícios sociais e ambientais e gabaritos intimidadores para transeuntes são algumas das várias sequelas de uma cidade que tem uma legislação com essa configuração individualista. Outra discussão que é levantada sobre o PDCR atual é a relação que o ele deixa subentendido


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

de alta densidade com altura elevada. A tendências das grandes cidade é verticalizar suas construções, porém, nas últimas décadas, a Cidade do Recife vem sofrendo um processo de verticalização desenfreiada e apoiada pelo Plano Diretor. Quando é colocado um coeficiente de utilização para cada lote individualmente, a tendência é que essa verticalização seja maior. Enquanto que se o mesmo coeficiente fosse adotado para todo a quadra, a mesma quantidade de área que foi construída nos lotes da quadra poderia ser distribuída de forma mais horizontal, diversificando as construções em gabarito, forma, etc. Ver figura 08 para comparação.

Se houvesse uma regulamentação para a quadra como um todo em relação a, por exemplo, densidade construtiva, habitacional e populacional, prédios pódio e torres, tipologias no mínimo questionáveis para uma cidade sustentável e democrática seriam dificilmente aprovados para construção. Lamentavelmente, tais tipologias são bastante comuns na paisagem urbana atual recifense e, inclusive, para muitos recifenses, são retratos de progresso e modernidade. É importante ressaltar, primeiramente, que no ano atual de 2019, o PDCR está passando por mudanças e está sendo aberto ao público vários workshops e reuniões sobre suas modificações. Em segundo lugar, é impressindível a resalva que não é de interesse da autora utilizar os parâmetros definidos pelo Plano Diretor de Recife 2008 como base para o seu projeto. A autora optou por basear seu projeto em estudos que conduziriam para um resultado mais benéfico para a sociedade recifense. A exemplo dos estudos do arquiteto e urbanista Douglas Farr, Jan Gehl e Jeff Speck. Figura 08: Diagramas mostrando duas quadras iguais com a mesma quantidade de área construída, a primeira aos moldes do PDCR 2018 e a segunda aos moldes do urbanismo sustentável Fonte: própria autora

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PARTE I_Volume 2

Tais estudos já foram citados no processo metodológico e serão melhor explanados a seguir.

e renovação, arquitetura urbana e vazios urbanos foram alguns deles.

As principais diferenças entre os parâmetros do PDCR e os parâmetros determinados pela autora se encontra mais adiante.

Os conceitos de requalificação e renovação urbana aqui explanados encontram-se na Carta de Lisboa, que diz: “a) Renovação Urbana Acção que implica a demolição das estruturas morfológicas e tipológicas existentes numa área urbana degradada e a sua consequente substituição por um novo padrão urbano, com novas edificações (construídas seguindo tipologias arquitectónicas contemporâneas), atribuindo uma nova estrutura funcional a essa área. Hoje estas estratégias desenvolvem-se sobre tecidos urbanos degradados aos quais não se reconhece valor como patrimônio arquitectónico ou conjunto urbano a preservar (ver figura 09).

Para concluir, o que se pode observar sobre a atual visão do PDCR 2008 é que ele mais encara a cidade como terrenos individuais que não causam impacto no todo. Com o PDCR de 2008 olhavasse o umbigo, o lote individual, com as modificações de 2019 está se olhando para a barriga, áreas, porém ainda é necessário que o Governo olhe o corpo inteiro, a cidade, como colocou a mestre em urbanismo Clarissa Duarte em uma das palestras sobre as modificações do Plano. Assim, possa ser que mais desenhos urbanos que beneficiam à todos possam ser propostos.

7.2 Conceitos básicos

Quando se desenvolve um novo plano ou desenho urbano é necessário uma estrutura muito bem desenvolvida de etapas e caminhos a serem seguidos que podem culminar em um resultado satisfatório. A partir dos estudos de caso presentes nesse trabalho e da bibliografia já citada, foram extraídos conceitos importantes para o entendimento das diretrizes citadas 36 mais a frente. Conceitos como revitalização

Figura 09: Diagrama mostrando o conceito de renovação urbana Fonte: própria autora


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b) Reabilitação urbana É uma estratégia de gestão urbana que procura requalificar a cidade existente através de intervenções múltiplas destinadas a valorizar as potencialidades sociais, econômicas e funcionais a fim de melhorar a qualidade de vida das populações residentes; isso exige o melhoramento das condições físicas do parque construído pela sua reabilitação e instalação de equipamentos, infra-estruturas, espaços públicos, mantendo a identidade e as características da área da cidade a que dizem respeito.” (CARTA DE LISBOA, 1995) Ambos conceitos serão utilizados na proposta, pois a área possui diversos vazios urbanos como galpões e resquícios de indústrias,. Portanto, será necessário reabilitar tais vazios e demolir parte dos volumes ociosos e/ou denificados em demasiado, assim, renovando a área. Como citado, a intervenção será realizada também em vazios urbanos que por definição de Nuno Portas (2000) em sua tese chamada

Vazios Urbanos e o Planejamento das Cidades (Caderno Nº 2):

“Vazio urbano é uma expressão com alguma ambigüidade: até porque a terra pode não estar literalmente vazia mas encontrar-se simplesmente desvalorizada com potencialidade de reutilização para outros destinos, mais ou menos cheios... No sentido mais geral denota áreas encravadas na cidade consolidada, podendo fazer esquecer outros “vazios”, menos valorizáveis, os

das

periferias

fragmentadas,

incompletas

cujo

ou

aproveitamento

poderá ser decisivo para reurbanizar ou

revitalizar

essa

cidadeoutra..”

(PORTAS, 2000)

O que é importante ressaltar nesse texto de Portas é que ele deixa explícito que vazios podem ser interpretrados como positivos ou negativos, dependendo de quem os vê. Em relação aos vazios existentes no território analisado, a autora os analisou como potenciadores para a paisagem urbana, como Portas coloca em sua publicação Vazios

Urbanos e o Planejamento das Cidades Caderno Nº 2 - Ano 2000. Com um estudo focado e direcionado para a área, é possível a sua revitalização.

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PARTE I_Volume 2

Ainda como definições importantes para o entendimento desse trabalho estão as definições de quadra aberta, gentrificação e de espaços abertos por SOUZA (2010): espaços urbanos desocupados, desafetados e subutilizados. Aqui estão suas definições: o Espaço urbano desocupado é, como o próprio nome apresenta, um espaço sem ocupação física, construtivamente vazio; o Espaço urbano desafetado é o espaço edificado, porém seu uso foi extinto, por qualquer motivo, “Estes espaços permanecem no tempo e no espaço e remetem para memórias através da suapresença física” (SOUZA, 2010) e o Espaço urbano subutilizado é aquele que tem edifício e uso, porém, ambos possuem potencialidade que anda não foram completamente exploradas. Essas definições serão usadas para classificar os vazios existentes na área em análise, para, posteriormente, haver uma analise mais crítica do tipo de uso que irá ser implantado.

38

Gentrificação veio da inglês gentry que designa pessoas da alta classe, ligadas à nobreza. Esse termo se aplica quando há uma revitalização na área motivada, normalmente, pelo poder privado resultando em um benefício para os mais ricos, e não

há benefícios para a população que reside no local. Geralmente esse processo acontece em bairros de classe média baixa ou classe baixa, melhorias são feitas no local que não condizem com a população que lá vive, pois o objetivo é chamar pessoas de classes mais altas para viverem lá. Isso resulta em uma mudança de classe que lá vive, não de forma voluntária. É importante o estudo cuidadoso da área para que esse fenômeno não aconteça. O objetivo é beneficiar os moradores locais e consequentemente a população recifense como um todo. Outro conceito importante a er entendido é o de quadra aberta, estudado e defendido por Christian de Portzamparc nos anos 70. Portzamparc defende que há uma terceira era das cidades, que é uma conciliação das duas outras eras, a das ruas-corredor das cidades tradicionais e os edifícios de uso autônomo das cidades modernas. A ideia era que a quadra fosse também de uso público, com interligação entre as ruas públicas da cidade e as quadras, porém com controle e independência dos edifícios construídos nelas. Esse conceito demonstra algo que não encotramos na cidade do Recife. Essa unidade


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

e conjunto da malha ubana com seus usos compartilhados é algo que é possível na cidade, porém, como ainda se é pensado na cidade como lotes únicos e individuais. Essa ideia de quadra como objeto principal do planejamento da cidade ainda não conseguiu ter seu lugar nas discussões urbanísticas.

da cidade para o seu entendimento amplo, contemplando vários aspéctos da construção em si e de como a construção impacta no cenário urbano como um todo. O que condiz diretamente com a ideia do planejamento urbano.

Como falado no subcapítulo 7.1, a discussão do planejamento urbano é crucial para a constituição da unidade da cidade e o seu entendimento como um organismo vivo e interligado. Por último, o entendimento do conceito de Arquitetura Urbana. “Arquitetura urbana, por sua vez, é uma edificação ou conjunto delas com a capacidade de transmitir ao cidadão no espaço público o sentimento de interação e integração com os espaços privados e o contexto existente.” Este conceito parte da consideração simultânea de características como a permeabilidade (física e visual), a proximidade (entre as edificações e as ruas e das edificações entre si - densidade), proporcionalidade (das edificações com o entorno e dessas com a escala humana), a variedade (de formas, usos e usuários ) e a viabilidade (urbana e econômica) (DUARTE, 2014). A Arquitetura Urbana direciona o estudo

39


PARTE I_Volume 2

7.3

Resumo dos Conceitos básicos Reabilitação urbana

Arquitetura urbana (...) é uma edificação ou conjunto

Intervenções multiplas em nível urbano

delas com a capacidade de transmitir ao cidadão

destinadas a melhorar a qualidade

no espaço público o sentimento de interação e

de vida da população buscando suas

integração com os espaços privados e o contexto

potencialidades. (CARTA DE LISBOA)

existente

quadra aberta quadras com ruas-corredores que se interligam com as ruas da cidade e edifícios autônomos (PORTZAMPARC, 1976) renovação demolição das estruturas existentes numa

caminhabilidade “é uma qualidade do lugar. O caminho que permite ao pedestre uma boa acessibilidade às diferentes partes da cidade, garantido às crianças, aos idosos, às pessoas com dificuldades de locomoção e a todos” (GHIDINI, Roberto 2010)

área urbana degradada e a sua consequente substituição por novas edificações contemporâneas, atribuindo uma nova estrutura funcional a essa área. (CARTA DE LISBOA

vazios urbanos áreas sem edificação e áreas com edifícios sub ou não utilizados (PORTAS, Nuno 2000) gentrificação processo de expulção dos mais pobres por consequência de um enobrecimento ou elitização de uma área por uma valorização do espaço

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Espaço urbano desocupado é um espaço sem ocupação física, construtivamente vazio Espaço urbano desafetado é o espaço edificado porém seu uso, ou qualquer outro, foi extinto Espaço urbano subutilizado é aquele que tem edifício e uso, porém, há uma possibilidade maior de ambos que ainda não foi explorado (SOUZA,2010)


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

7.4 Urbanismo Sustentável: análise e conceitos Em tempos atuais se faz cada vez mais necessário a busca pela sustentabilidade, sendo ela o único meio para equilibrar a existência do ser humano no planeta Terra. Sustentabilidade pode ser definida como conjunto de ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades da existência humana sem comprometer gerações futuras a partir do menor impacto possível ao planeta. Deve-se planejar de forma inteligente os recursos limitados do planeta que são fundamentais para a sobrevivência da raça humana para que no futuro eles não sejam extintos. Um tipo de planejamento que deve ser feito e é o papel do arquiteto e urbanista, como consta no livro Urbanismo Sutentável de Douglas Farr (2013), é o planejamento urbano, que tem como definição: planejamento do ambiente urbano preexistente ou não a partir da criação e desenvolvimento de programas e serviços que visam sua melhoria, porém não necessariamente esses serviços e programas terão como base o desenvolvimento sustentável.

“O arquiteto e urbanista tem a importante função de manutenção do meio ambiente, pois as principais ocasionadoras da crise ambiental da atualidade são as cidades, que vem crescendo de forma desenfreada e irresponsável. ” (FARR, 2008)

Ainda citando FARR (2013), em seu livro há 4 conceitos importantes que merecem atenção e analise, são eles:

$

Completude: um bairro ou cidade é completo em relação ao uso dos edifícios e tipos diferentes de moradia, abrangendo todas as classes e suas necessidades. Um bairro ser completo significa que os cidadãos têm a possibilidade de realizar suas tarefas diárias a pé ou de transporte público, o que auxilia, também, na conectividade Conectividade: uma gama de opções de transporte de boa qualidade, além de uma boa infraestrutura tanto para automóveis quanto para o pedestre. Quando o bairro é conectado, aumenta o interesse do cidadão de explorá-lo 41


PARTE I_Volume 2

Biofilia: promover a qualidade ambiental da área pela preservação e manutenção de ambientes naturais, tais como canais, rios, nascentes, parques e praças.

Compacidade: não adianta o bairro ter completude se tudo é longe, isso também desestimula o pedestre. Quando há uma fachada ativa e em sequência, o pedestre tende a passar por toda a rua e consequentemente por outra e assim por diante. A partir desses quatro conceitos, Farr (2013) aborda diretrizes que as mesclam e geram ações que conduzem a cidade ao objetivo de ser sustentável, por esse motivo, é necessário a explanação também dessas diretrizes, chamadas por Farr (2008) de os 10 princípios do crescimento urbano inteligente. I - “Crie uma gama de oportunidades e escolhas de habitação”, significando que para se ter uma cidade sustentável é necessário que todas as classes da sociedade detenham o direito de moradia, e para que isso seja alcançado é necessário que se tenha uma boa variedade tipos habitacionais. II - “Crie bairros nos quais se possa 42 caminhar”, ele será alcançado a partir da

caminhabilidade, com calçadas de boa qualidade, bon uso do térreo, boa distribuição e oportunidade de transporte, etc. III - “Estimule a colaboração da comunidade e dos envolvidos” para se criar o senso de pertencimento dos moradores para com o lugar, o que fortalece o vínculo entre eles e, conseguentemente, os moradores irão cuidar mais do lugar e gostar de morar lá. IV - “Promova lugares diferentes e interessantes com um forte senso de lugar” como já citado, é importante fazer com que o cidadão se “sinta em casa” na própria cidade. Fazer com que os espaços obtenham características da cultura local é imprecindível para uma cidade sustentável. V - “Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas” por justificativa de tornar a arquitetura e o urbanístico o mais acessível a todos. VI - “misture os usos do solo” para trazer a vitalidade do local para térreo, dinamizando a área e excitando a economia local. VII - “Preserve espaços abertos, áreas rurais e ambientes em situação crítica”, esse princípios está diretamente ligado à biofilia e a preservação da identidade local. VIII - “Proporcione uma variedade de escolhas de transporte” para democratizar os meios de transporta, ofertando a todos o direito de ir e vir.


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

IX - “Reforce e direcione a urbanização para comunidades existentes” tendo em mente que as comunidades existentes requerem mais urgência do que o projeto de novas comunidades. X - “Tire proveito do projeto de construções compactas” tendo como objetivo principal atingir o coeficiente mínimo de habitações por hectare que é entorno de 100 hab./hectare, pois Douglas Farr aborda que para se ter uma cidade sustentável é necessário que se tenha 300 habitantes por hectare, suponde que cada habitação more 3 pessoas, aos moldes atuais, obtería-se 100 hab./hec. Esses 10 princípios exploram tanto a construção em si como seu uso, forma e tipo, ocupação do solo, etc, expondo a coexistência deles para uma cidade sustentável, democrátrica e planejada com e para pessoas. Eles serviram de base para as diretrizes tomadas sobre a futura itervenção estudada.

43


8

Estudos de Caso

Neste capítulo serão abordados os estudos de caso analisados para dar suporte à proposta a ser apresentada. Os estudos de caso aqui apresentados foram selecionados por terem alguma afinidade com o tema “desenhos urbanos em áreas carentes e de classe média” e com as palavras-chave vazios urbanos, requalificação, renovação. Fez-se necessário um critério de analise para uma melhor compreenção e apreensão dos aspectos positivos e negativos de cada projeto explorado aqui. Tais estudos foram analisados sobre a ótica dos atributos temáticos discutidos no capítulo anterior.

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PARTE I_Volume 2


8.1

UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

PROJETO JARDIM EDITE, SP

Renovação da favela de Jardim Edite, São Paulo, Brasil Escritórios H+F Arquitetos e MMBB Arquitetos

A comunidade de Jardim Edite estava localizada em um setor estratégico em crescimento de serviços e financeiro do estado de São Paulo. No seu entorno, várias torres modernas estavam sendo erguindas e quem estava a habitá-las eram pessoas de classe média a alta (ver figura 10).

Segundo o próprios arquitetos criadores do projeto, para a melhor integração do novo equipamento na paisagem se fez necessário sua verticalização, resultando em duas torres com 17 pavimentos cada e uma base com 7 pavimentos que supre algumas das necessidades da comunidade e do entorno. Houve-se a iniciativa de promover habitações de interesse sociais para suprir a quantidade de moradores da comunidade e na base do edifícios foram propostos creche, restaurate escola e posto de saúde, usos que foram escolhidos segundo as necessidades dos moradores e da região (ver figura 12).

Figura 10: foto da favela de Jardim Edite antes da intervenção Fonte: Site Extático

A Prefeitura de São Paulo tomou a iniciativa de renovar a comunidade afim de, segundo a própria Prefeitura, melhorar a qualidade de vida daquelas pessoas e aquecer o setor com usos voltados tanto para os moradores quanto para os usuários da região (ver figura 11).

Figura 11: foto do complexo Jardim Edite após a intervenção Fonte: Site Archdaily

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PARTE I_Volume 2

O que é interessante nesse projeto é como a Prefeitura renovou a área com olhar preocupado com a gentrificação. As necessidades dos moradores foram atendidas para que eles se sentissem pertencentes ao local mesmo após a intervenção.

Figura 12: Perspectiva mostrando os diversos usos dos volumes Fonte: Site Archdaily

Sua forma se mistura bem ao seu cenário. Por a região já ter a tendência de se verticalizar, o uso consciente dessa característica pode trazer benefícios para o cidadão. A partir da junção de dois tipos arquitetônicos simples, a torre e a base como é demonstrado na figura 13, o volume como o todo ficou atrativo sem se salientar como uma habitação de cunho social. Há uma boa permeabilidade no espaço e ainda sim, há segurança para os moradores na questão de a entrada para as habitações ser mais inclusa no edifício. VOLUME TIPO TORRE VOLUME TIPO BASE

Figura 13: Diagrama dos tipos propostos pelo Projeto Jardim Edite Fonte: própria autora

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UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Ainda que a exacerbação do uso da verticalidade não seja bem visto aos olhos do urbanismo sustentável, nesse projeto, esse recurso foi utilizado de forma estratégica, a verticalização dos edifícios habitacionais fez com que eles não se perdessem na paisagem, se misturando com os edifícios vizinhos. É interessante de se analisar, também, como a solução de um desenho unificado de duas quadras facilitou a arrumação do espaço e a dinâmica entre eles. A coerência da fachada, de gabarito e de usos foi conquistada, também, pelo desenho planejado do conjunto, e não do lote individual.

caráter mais privado, porém ainda sendo aberta a todos que moram lá. As torres de habitações e os demais pavimentos dos blocos mais baixos possuem entrada exclusiva para os moradores, o que aumenta a segurança. Resumo pontual dos aspectos positivos do estudo de caso Área passível de gentrificação foi renovada atendendo às suas necessidades Reintegração dos moradores à área Implantação dos usos priorizando as necessidades dos moradores da antiga comunidade

As relações dos espaços públicos com edifícios privados e a solução que os arquitetos deram ao uso simultâneo desses dois objetos de caráter distintos foram muito bem executados. Os usos públicos como creche, restaurante-escola e unidade de saúde foram posicionadas no pavimento térreo e tratadas com materiais de acabamentos diferentes das unidades habitacionais, dando identidade própria a elas. As áreas de condomínio que são semi-públicas, se concentraram no segundo pavimento, obtendo um 47


8.2

PARTE I_Volume 2

MEDELLÍN, COLÔMBIA (COL)

Estratégias de Medellín para se tornar a cidade mais inovadora de 2019

Medellín é uma cidade na Colômbia que durante as décadas de 80 e 90 foi considerada a cidade mais violenta do mundo. Assim como vários lugares do mundo, a guerra era traçada diariamente entre traficante e Estado. Era violência versus violência. Outros aspectos como problemas ambientais, desemprego e corrupção também preocupavam os moradores e autoridades. Hoje, no ano de 2019, Medellín é considerada a cidade mais inovadora do mundo, os índices de homicídios caíram de 395 homicídios a cada 100 mil habitantes nos anos 90 para 90 homicídios a cada 100 mil habitantes no ano de 2018. São dados impressinantes para 30 anos de mudanças. Mas o que foi feito na prática para que Medellín se transformasse tão efetivamente? Durante a palestra “Medellín e as inovações urbanas”, no Instituto Fernand Braudel (SP), no dia 28 de Março desse ano, o ex-prefeito da cidade Aníbal Gaviria expôs sua opinião quanto a isso: “As ferramentas-chaves que utilizamos para atacar os problemas de Medellín foram uma educação, simples e eficiente, e o espaço público como chave para transformação.” 48

Na sequência dos governos dos anos 2000 até os dias atuais, medidas relacionadas à educação e ao urbanismo foram formuladas para o combate à violência, o que para Gaviria a negligência dessas duas áreas era a principal questão que fomentava a violência. Afim de transformar a realidade dos moradores de Medellín, os governos em gestão começaram a investir em escolas de qualidade, trazer novos sentidos para os espaços públicos em partes periféricas, mobilidade, etc. O que acabaria por tornar a cidade mais educada e, consequentemente, menos violenta (ver figura 14).

Figura 14: Parque Biblioteca España em destaque na paisagem de Medellín, Colômbia Fonte: Site da Archdaily Brasil


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Medellín é um modelo de como e por que atuar em áreas carentes e violentas. Os instrumentos que os governos de vários anos se utilizaram podem ser adaptados para outras realidades de forma simple. Uma das diretrizes da tranformação urbana que ocorreu lá era ressignificar espaços. É de extrema importância o respeito pelo território, seus habitantes e seus saberes, e o governo de Medellín entendeu isso. O Estado soube aplicar suas intervenções incluindo a populaçao, com respeito à sua identidade. Identidade alinhado à beleza foi o diferencial desse projeto. “Nossas ruas, universidades e escolas são bonitas. É a ética da estética. Fazemos concursos nacionais e internacionais convidando arquitetos para que essa ética na estética contribua para atacar a desigualdade. Por que se faz coisas bonitas para áreas mais ricas, que supostamente as podem pagar, e coisas feias para as áreas de periferia?”, questiona o ex-prefeito. Não é apenas a questão do direito à escolas, universidades e habitações, é, também, a questão do direito à uma escola, universidade e habitação bonitas. Neste projeto, praticamente todos o conceitos de FARR (2008) foram atendidos. A completude foi atingida com a implantação de novos usos estrategicamente pensados espalhados pela cidade.

A conectividade foi atendida quando houve um maçivo invertimento no transporte público, nos não motorizados e nas calçadas. Também houve intervimento para a criação de bondes e teleféricos que ligavam a cidade alta à cidade baixa, facilitando o tráfego dos cidadãos (ver figura 15).

Figura 15: Teleféricos em Medellín, CO Fonte: Site da Archdaily Brasil

A biofilia foi atendida a partir da criação de novos parques e praças pela cidade, proximando o ser humano da natureza. O último deasfio que os governantes tem é a compacidade de Medellín. A Prefeitura ainda não construiu novas habitações na área. Na situação atual da cidade, não podemos afirmar que ela possui uma compacidade desejável aos moldes de Farr (2008).

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PARTE I_Volume 2

Em conclusão, o projeto urbano para a cidade de Medellín não aconteceu de um dia para o outro. Primeiramente, houve a gana de mudança, tanto por parte dos moradores quanto do Estado. Depois houve um planejamento exaustivo que sempre respeitou as preexistências e a identidade local, ouvindo os apelos e necessidades da população e a deixando ter voz ativa nas decisões, e por último, houveram ações efetivas que, por mais de 20 anos mudaram o cenário de violência e desordem da cidade para um espaço que é, hoje, um exemplo para o mundo inteiro.

se fizeram de fundamental importância para o desenvolvimento do futuro projeto por se tratarem de conceitos muito bem desenvolvidos e adaptáveis à realidade brasileira e do bairro.

Esse estudo de caso é de extrema importância para a proposta a ser apresentada no segundo volume desse trabalho por possuir vários princípios que podem ser adotados a ele, principalmente o de ressignificação dos espaços, não necessariamente públicos. Por a área estudada ser um grande aglomerado de carcaças industriais, uma das diretrizes citadas é dar um novo significado a tais vazios, mudando seu uso.

Utilização da educação e da arquitetura como principais instrumentos potencializadores

Sua função em relação ao seu conceito norteou algumas diretrizes mais a frente melhor explanadas. Três dos quatro pilares desse projeto: educação, o maior dos investimentos; presença do Estado na 50 periferia e espaços públicos ressignificados

Resumo pontual dos aspectos positivos do estudo de caso Novos usos dados a equipamentos sub ou não utilizados Reintegração da cidade com medidas públicas humanas

Transformação física do espaço juntamente com tranformação educacional, resultando em transformação social


9

Análise do Território

O atual capítulo explorará as várias características do território o qual será o objeto de intervenção da autora, neste caso, o lado oeste do bairro de São José, em Recife, Pernambuco.

9.1 Leitura do território Os lotes a serem intervidos se localizam no bairro de São José, Região Político Administrativa I (RPA 1) (ver figura 16), na Cidade do Recife, Pernambuco.

UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

O bairro de São José carrega a história de Recife. A colonização pernambucana se inicou pelo Bairro do Recife e se expandiu para a Iha de Antônio Vaz onde atualmente se localizam o bairro de Santo Antônio e São José. Ele possui uma área de 326 hectare² direcionada leste/oeste do Estado de Pernambuco (ver figura 17). A população do bairro chegou a 8.688 habitantes segundo o censo do IBGE de 2010, resultando em 26,65 habitantes por hectare. Por ser parte de uma ilha, seus limites são todos corpos d’água. Sua porção sul se conecta a Bacia Portuária de Recife e Bacia do Pina, sua porção norte ao Rio Capibaribe. Ao leste está o oceano Atlântico e a oeste está o Braço Morto do Rio Capibaribe.

Figura 16: Mapa do Recife dividido entre suas RPAs Fonte: Site da Prefeitura do Recife

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PARTE I_Volume 2

Sua arquitetura e traçado nos remonta a um século histórico de ocupação portuguesa e holandesa. Porém, há um contraste nesse bairro que poucas pessoas veêm entre seu lado leste e oeste. O lado leste, aonde se encontra o mercado de São José, possui uma arquitetura colonial de sobrados e um traçado clássico português

(ver figura 18), porém também há traços do modernismo recifense. A Av. Dantas Barreto, eixo que corta boa parte do bairro, é um eixo importante da cidade e foi um dos principais marcos do modernismo pernambucano. Esse eixo se distingue de qualquer outra via de sua área por ser larga e linear, se sobresaindo do traçado urbano tradicional com ruas estreitas e curtas.

Boa Vista Bairro do Recife

Soledade

Ilha do Retiro Santo Antônio

Ilha do Leite Coelhos Ilha Joana Bezerra

SÃO JOSÉ

Afogados

N Cabanga

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Figura 17: Vista aérea do bairro de São José atualmente, ano de 2018 Fonte: Google Earth 2018


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Seu lado oeste possui uma mescla entre edifícios industriais o século X X e sobrados históricos (ver figura 19). Possui ambas características moderna e tradicional. As modernas são quadras e lotes grandes, vias largas, como a Avenida Sul, continuação da Av. Dantas Barreto, e a R. imperial. Essa rota, Av. Sul/Dantas Barreto era a rota principal de saída e entrada de mercadorias para o interior do estado no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, porém, com a saída das indústrias dessa região, ela é principalmente usada para quem deseja chegar à zona oeste de Recife, à Jaboatão Velho e à outros estados do Brasil. E as tradicionais são quadras pequenas com predominância de sobrados e ruelas (ver figura 19). É provável que toda a área, no começo do século X X fosse tomada pela tipologia urbano-arquitetônica tradicional portuguesa, porém, foram destruídas e foi colocado seu lugar galpões e indústrias. Mesmo sendo de uso mais industrial e comercial, uma porção da área se contrasta por incluir a Comunidade do Coque e Vila Imperial. O Coque, assim como o lado leste de São José, possui também lotes estreitos e casas contínuas, sem recuos laterais. Isso é decorrência da iniciativa de aproveitamento máximo dos espaços e lotes. Mesmo que a ocupação das construções e ruas dos dois lados

do bairro possa ser simliar, os motivos pelos quais os edifícios do Coque e Vila Imperial são colados muro com muro e se encontrem no paramentro da calçada igual à ocupação histórica do bairro são completamente distintos. A zona oeste, onde a intervenção foi prevista pela autora desse trabalho, possui um caráter residencial e industrial. Boa parte desses edifícios industriais está desativado e mudou para outros lugares do Estado de Pernambuco. O que restou foi a carcaça desses massivos equipamentos urbanos. Lado leste de São José

Figura 18: Vista aérea da porção leste do bairro de São José Fonte: Google Earth 2018

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PARTE I_Volume 2

Grandes muros foram elevados para proteger os galpões, os sobrados que lá existem estão abandonados e/ou subutilizados (ver figura 21).

Lado oeste de São José

Figura 19: Vista aérea da porção oeste do bairro de São José no ano de 2018 Fonte: Google Earth 2018

Com grandes lotes e poucas subdivisões, Figura 21: Sobrados abandonados na R. Imperial Fonte: Acervo pessoal a porção oeste possui um traçado com amplas quadras, porém com baixíssima Em boa parte da região, por se tratar de um permeabilidade, tanto visual quanto física assentamento informal, as leis expressas (ver figura 20). no PDCR não são rigorozamente aplicadas. As casas ocupam, na maioria delas, 100% do lote e se verticalizam a medida que a família cresce. Ainda que se pense no lote individual, nas comunidades citadas o senso de coletividade é forte. Se for de necessidade da comunidade e a maioria concordar, lotes serão transformados em escolas ou praças. Eles olham para os problemas da comunidade e se organizam para que possa haver melhoria. Figura 20: Exemplo de área permeabilidade visual e física Fonte: Acervo pessoal

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com

baixa


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Aplicando princípio de densidade ao território Douglas Farr (2013), através do livro Urbanismo Sustentável mostrou diretrizes para direcionar bairros e cidades à sustentabilidade. Um desses princípios é o da densidade, populacional e construtiva. Ele diz que é o tema principal para se obter um urbanismo sustentável. Segundo o autor, é necessário que haja 300 habitantes por hectare para que o bairro possa ter uma boa compacidade populacional, densidade em relação a habitantes. O bairro em questão apresentou no ano de 2010, segundo o IBGE 2010, um número total 200

de 8.886 habitantes distribuídos em uma área de 326 hectares. Isso nos informa que há 26,62 hab./hec. Por finalidade de comparação, o bairro mais adensado da RPA 1 é o Coelhos, com 178,51 hab./hec. (ver figura 22). Em média, a RPA 1 possui 60,23 hab./ hec., o que é o dobro da média do bairro estudado. Aos moldes de Farr (2008), São José está muitolonge de ser sustentável. A realidade é que é necessário mais de 10 vezes o número atual para que esse bairro seja considerado sustentável, considerando apenas adensamento populacional. Tais dados indicam que é necessário a implantação de mais moradias no bairro e que seja insentivado o adensamento populacional para edificíos existentes.

n médio de hab/ hec

Coelhos 178,51

Ilha Joana Bezerra

150

144,85

100

Boa Vista 84,15 50 25 12

São José Bairro do Recife 2,23

Paissandu 14,70

Santo Antonio

26,226,2 6

3,53

Figura 22: Gráfico que mostra os 6 bairros da RPA 1 com maior e menor média habitantes por hectare e o bairro de São José Fonte: própria autora

bairros na RPA 1

55


PARTE I_Volume 2

Visão geral da área

perto da estação de metrô Joana Bezerra

Carências áreas de lazer

áreas para manifestações culturais

Local

organização do espaço áreas para manifestações intelectuais

perto de um importantes vias ( av. sul e rua imperial) perto do centro da cidade

Pontos Positivos Preexistência

esqueleto de indústrias

lotes abandonados

vazios urbanos

56

projetos iniciados pelos moradores vontade de melhoria por parte dos residentes

diversos lotes livres

forte identidade local


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

A Vila Imperial Vila Imperial, uma pequena comunidade isolada do resto da sociedade. Fechada por um portão e contida dentro de um lote que estão lutando para ser regulado perante o governo. A história da Vila, assentamento informal com apenas 6 anos de existência, vem sendo construída em meio a muitos desafios. A necessidade da criação da Vila Imperial veio da luta entre moradores e representantes do Coque contra donos da empresa que ocupava os lotes adjacentes ao terreno vazio, um antigo terreno da linha ferroviária do Recife. O lote em que atualmente se enconta a Vila (ver figura 23) pertencia à União, portanto, lote público.

Ao mesmo tempo que a comunidade do Coque estava se expandindo e não havia mais terreno e condições para novas famílias, havia esse terreno livre público disponível. O lider da comunidade do Coque Loro do Coque decidiu se movimentar e movimentar umas famílias para tomar o terreno antes que o dono da empresa ao lado conseguisse fazer antes deles. A solução foi construir improvisadamente barracos e começar uma nova favela ali mesmo, para que as pessoas que morassem de aluguel no Coque conseguissem ter um pedaço de terra para elas (ver figura 24).

Figura 24: Início da ocupação das terras que hoje seria a Vila Imperial, ano de 2013 Fonte: Acervo de Moises do Coque

Figura 23: Lote vazio apropriado pelos antigos moradores do Coque Fonte: Google Earth 2018

57


PARTE I_Volume 2

Com a tomada das terras, começou-se um movimento para a sua regulamentação. Hoje o povo da Vila está morando de forma precária, sem saniamento básico e coleta de lixo. Algumas visitas do governo foram para vacinar as crianças e certificar se não havia focos de dengue no local, porém, ainda não há nenhuma medida ligada ao Estado para beneficiar a população local. Mesmo que tenha sido uma invasão, Loro fez questão que fosse organizada. Foi-se pedido que as casas que fossem sendo construídas ficassem niveladas com as casas vizinhas, ajudando na continuidade e f luidez das fachadas de ambos os lados (ver figura 25).

Figura 25: Ocupação da Vila Imperial nos dias atuais, novembro de 2019 Fonte: Acervo pessoal

58

Para a construção das casas houve-se uma padronização de 7 metros de fachada e 12 metros de profundidade com uma via central que dividiria o lote em suas massas construídas (ver figuras 26 e 27).

6m

3m 12m

7m

Figura 26: Diagrama representando a padronização adotada Fonte: Própria autora

Figura 27: Diagrama representando como o lote foi ocupado Fonte: Própria autora


PARTE I_Volume 2 UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Na Vila, existem entorno de 200 habitações que vivem cerca de 4 pessoas em cada habitação, o mais comum na comunidade é a familia composta por um casal, pai e mãe, e 2 filhos. O que dá uma média de 800 pessoas habitando uma área de 1000 metros quadrados, mais ou menos.

gerada por eles mesmo, com uma simples venda de dudu e geladinho os moradores já conseguem uma renda, extra ou principal com a ajuda da própria comunidade (ver figura 29).

As atividades de lazer são feitas lá mesmo na rua da comunidade (ver figura 28). As crianças em seus tempos livres se reunem na rua para brincar de ciranda ou jogar bola. Ainda não há um local adequado para que elas se expressem e brinquem. Figura 29: Vendinha da Dona Maria, Vila Imperial Fonte: Acervo pessoal

Figura 28: Crianças (e adultos) brincado na rua por falta de melhor local Fonte: Acervo pessoal

Foram entre 2 e 3 anos para a instalação efetiva dos moradores. Hoje eles lutam para ter acesso à água encanada, energia e já entraram com pedido na justiça pela legalização da terra, segundo Louro do Coque, o líderda comunidade. Adiante pode-se observar a evolução da comunidade na figura 30.

Ainda na comunidade há já uma primeira ideia de comércio e serviços. Há 2 “vendinhas” e 1 mercadinho e um mecânico. O interessante a ser ressaltado sobre isso é que a economia dentro do bairro já está começando a ser 59


PARTE I_Volume 2

2013

*

*

* *

HOJE 2019

**

**

** **

60

Figura 30: Conjunto de fotos representando a Vila Imperial nos seu primeiros meses e apos 2 anos de instalação *Fonte: Acervo de Moises do Coque **Fonte: Acervo pessoal


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

O polígono específico escolhido O território que foi escolhido para sofrer a intervenção agrupa tanto a Vila Imperial quanto a indústria vizinha, antiga Sociedade de Moagens do Café (ver figura 31), e outros galpões e fábricas ao redor da Sociedade . A área possui aproximadamente 9,2 hectares. A figura 34 mostra a área total.

e importante para a cidade. A Rua Imperial é o eixo principal que liga a zona central do Recife à Jaboatão Velho e ao subúrbio oeste da cidade.

As barreiras O polígono abrange, também, uma parte dos trilhos de metrô entre as estações Largo da Paz e Joana Bezerra, o que acaba por ser uma barreira visual e física. É clara a distinção entre os lados do trilho e como ele causou uma ruptura na quadra (ver figura 32).

Figura 31: Foto da fachada da sede da Sociedade de Moagens do Café Fonte: Acervo pessoal

Esse polígono se originou, primeiramente, da dimensão da atuação que a autora pretendia intervir e conseguiria se ater durante o período da monografia. Segundo, a dimensão da área atende bem aos usos pensados por ela. Terceiro, é uma região que necessita de um cuidado e atenção maior do que está sendo oferecido à ela. E, além desses pontos, essa parte da cidade é um ponto estratégico

Figura 32: Vista aérea do trilho (trecho entre as estações Largo da Paz e Joana Bezerra Fonte: Google Earth 2008

Além do trilho, outra barreira existente é o aglomeado de galpões e grandes construções presentes no local. Alguns deles não possuem uso ou estão subutilizados, o que resulta em uma barreira tanto física quanto visual (ver figura 33). 61


PARTE I_Volume 2

Figura 33: Vista aérea do conjunto de galpões e edifícios industriais Fonte: Google Earth 2008

A gleba adotada é localizada na esquina da Rua Imperial com a Rua Lorenço de Sá, tais ruas servirão como acesso para o conjunto de edifícios propostos. Mais adiante na parte II desse volume se é tratada a maneira que a autora optou para lidar com tais barreiras.

62


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Figura 34: Vista aérea do quadrante a ser intervido Fonte: Google Earth 2018

63


9.2 Análise dos mapas ra

ezer

na B

Joa tação

Es

iga

Ant

N

Figura 31: Mapa de Nolli Escala 1: 4000

64

lin

de rrea é f ha

ife Rec


Mapa de Nolli (figura-fundo) Esse mapa figura-fundo tem a finalidade de demonstrar graficamente a massa construída versus vazios, que podem variar entre parques, praças, estacionamentos, ruas, avenidas. O que pode ser retirado desse mapa é que existem três regiões com implantações e dimensões de edifícios completamente diferentes. A primeira situando-se acima da estação Joana Bezerra, a comunidade do Coque, com pequenas manchas construídas e muito próximas umas as outras, não obstante, é possível perceber que há dois tipos de construção nessa região, uma com implantação mais ortogonal e outra ocupação mais livre, caracterizando um assentamento construído pelo governo para parte daqueles moradores e um assentamento informal. A segunda se situa entre a estação e a antiga linha férrea onde pode-se notar um mix de tipos construtivos maior. Ao centro do mapa tem-se massas densas com grandes dimensões, caracterizando a ocupação industrial da área. LEGENDA Edificado

Figura 35: Mapa de Nolli Fonte: Própria autora

65


PARTE I_Volume 2

Ao lado esquerdo e direito é possível notar que as massas passam a ser menores, tipificando construções habitacionais informais. E a terceira abaixo da linha férrea possui dois tipos de implantação, a ortogonal, mais ao centro, e a mais livre ao lado esquedo e direito da ortogonal. É possível perceber que houve um início da tentativa de regulação do espaço, criando habiações formais e ordenada. Ver figura 36 para melhor compreenção das divisões. 1ª área

2ª área

3ª área

66

Figura 36: Mapa de Nolli subdivididos nas áreas citadas Fonte: própria autora


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

67


ILHA JOANA BEZERRA

E OD GON ÇÃO Í L PO RVEN E INT

N

ESCALA 1/6000

CABANGA


DE VAZIOS Mapa MAPA de Vazios Definições aqui mostradas foram descritas no capítulo 7 Conceituação Temática. Ao analisar o mapa de vazios, foi possível chegar a conclusão de que a área em análise MAPA DE VAZIOS possui em média 60% de área ocupada e 40% de área com algum tipo de espaço urbano não ocupado.

SÃO JOSÉ

SÃO JOSÉ

O que também pode ser pontuado desse mapa é a quantidade de espaços urbanos subutilizados da área. Mais de 50% dos espaços urbanos não ocupados são subutlizados e possuem potencial para ocupações melhor planejadas. O polígono definido para a intervenção se encontra nessa área.

LEGENDA: LEGENDA:

Espaço Urbano Desocupado

Espaço Urbano Desocupado Espaço Urbano Desafetado Espaço Urbano

Desafetado

Espaço Urbano Subutilizado

Espaço Urbano Subutilizado

Ocupado

Em construção Ocupado

CABANGA

Áreas verdes (públicas e privadas)

Em construção

Figura 37:Áreas Mapa de Vazios (públicas verdes Fonte: Própria autora

e privadas)

69


Figura 03: Vila Imperial no ano de 2019, Recife Fonte: Acervo pessoal


parte II


10

proposta

Esse capítulo abordará a proposta urbano-arquitetônica para a gleba adotada. A proposta aqui apresentada é um ref lexo dos estudos apresentados anteriormente juntamente com as diretrizes propostas para a área.

r i zes projet uai s 10.1 Diret Urbano Arquitetônicas No atual capítulo serão apresentadas as diretrizes que nortearão o projeto a ser aprofundado no volume 2 desse trabalho.

2_ Estimular a multifunionalidade dos espaços, e consequentimente fomentar a economia local através da implantação de novas áreas com comércio e serviço, pensados através da necessidade dos habitantes da região;

3_ Propor áreas verdes e/ou de convivência para promover biofilia; 4_ Propor novos usos aos vazios industriais e resignificá-los;

As diretrizes aqui apresentadas foram desenvolvidas a partir do estudo da área de maneira integrada. Questões socio espaciais, econômicas e históricas foram levadas em consideração na sua proposta. Foi-se pensado em diretrizes de cunho arquitetônico e urbanistico para a revitalização da área:

5_ Preservar a memória e a identidade local;

1_ Promover o adensamento habitacional e populacional através da

8_ Estudar os edifícios existentes na

Implantação de novas habitações de caráter social, resultando no maior adensamento do bairro; 72

PARTE II_Volume 2

6_ Assegurar a caminhabilidade do local; 7_ Abrir novas vias; área de intervenção que são passíveis de permanência;

9_ Ter variedade de formas e gabaritos nos volumes


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Parâmetros projetuais propostos versus parâmetros do PDCR 2008

Assim como explicado anteriormente no subcapítulo 7.1, a autora optou por não utilizar os parâmetros estabelecidos pelo Plano Diretor da Cidade do Recife 2008 por não condizer com parâmetros de uma cidade sustentável e justa. Ao invés disso, ela tomou alguns desses parâmetros como pontos de início,para aperfeiçoá-los. Portanto, é essencial apresentar aqui a comparação dos parâmetros adotados pela autora e os parâmetros estabelecidos pelo PDCR 2008 afim de tornar mais claro suas diferenças. Ao lado, conta um quadro comparativo entre eles. A zona da cidade a ser intervinda é, segundo o PDCR 2008, é uma Zona de Ambiente Construído Moderado (ZAC Moderada). Isso indica que a zona é favorável ao adensamento construtivo: “incentivar o padrão de adensamento construtivo, adotando-se potenciais adequados ao equilíbrio da paisagem e à infra-estrutura;” (PDCR,2008). Isso nos indica que os parâmetros estabelecidos serão direcionados à construção em si de cada lote. 73


PARTE II_Volume 2

Parâmet ros do PDCR 2008 • Taxa de solo natural: 25% (da área do lote) • Coeficiente de utilização (µ): 3,00 • Af = Afi + (n-4) 0,25; Al = Ali + (n-4) 0,25; Afu = Al e Afi = 5,00 m; Ali = 3,00 m; Afu = Al. Sendo: n = Número de pavimentos; Af = Afastamento frontal; Al = Afastamento lateral; Afi = Afastamento frontal inicial; Ali = Afastamento lateral inicial; e, Afu = Afastamento de fundos • manter área de ajardinamento localizada no afastamento frontal para os edifícios destinados à habitação multifamiliar e não habitacional, devendo obedecer aos seguintes critérios: 1. A área de ajardinamento estará obrigatoriamente localizada no afastamento frontal o qual deverá apresentar no mínimo 70% de sua superfície tratada com vegetação; e, 2. Serão admitidos elementos divisórios no paramento, desde que atendam a uma altura máxima de 3,00m (três metros) e tenham pelo menos 70% de sua superfície vazada, assegurando a integração visual entre o espaço do logradouro e o interior do terreno. 74

• Os parâmetros de estacionamento foram sintetizados no quadro apresentado a seguir. *obs: foram analisados aqui os parâmetros de estacionamento dos usos que se encontram no programa de usos do projeto, afim de deixar esse quadro mais sucinto.


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Quadro de parâmetros para estacionamento Categorias de Usos e Atividades Urbanas

Unidades

Até 40 m² 1. Uso Habitacional Acima de 40 m² até 80 m2 (habitação multifamiliar Acima de 80m2até 150 m² acima de 4 unidades) Acima de 150 m²até 250 m² Acima de 250 m² 2. Comércio Varejista 2.1Conjuntos de Lojas e/ Até 2 Pav. ou de Salas Comerciais Acima de 2 Pav até 6 Pav. Acima de 6 Pav. 3. Serviços de Educação 3.1 Creche, Pré-escolar, Escolas de 1º grau, Escolas de 2º grau 3.2 Academia de Ginástica, Centro de Cultura Física, Escola de Dança e Música e Cursos Especializados e similares 4. Serviços de Saúde 4.1 Ambulatórios, Laboratórios,Consultórios, Clínicas, Maternidades, Hospitais Gerais e Especializados

Corredor de Transporte Urbano Secundário 1v/ unidade 1v/unidade 2v/unidade 3v/unidade 3v / unidade 1v / 30m² 1v / 40m² 1v / 50m² 1v / 50m²

1v / 40m²

*Até 2 Pav. *Acima de 2 Pav até 6 Pav. *Acima de 6 Pav.

1v / 30m² 1v / 40m² 1v / 50m²

75


PARTE II_Volume 2

público e o privado • É obrigatório a disposição de Taxa de solo natural: 20% (da área da estacionamento, sendo ele rotativo e quadra) que deve apresentar no mínimo que detenha de estacionamento para 80% de sua superfície tratada com bicicletas/ skate, motos e carros. vegetação; *obs: será proposto insentivos para os Coeficiente de utilização (µ) (mínimo): moradores que decidirem por não utilizar a 3,00 vaga de estacionamento; Coeficiente de utilização (µ) (máximo): 4,00 Haver distânciamento mínimo e máxim entre edifícios, promovendo a proximidade entre eles. Afastamento edifício-calçada (até 3 pav.): nulo, se o térreo possuir uso diferente de habitação; se o uso térreo for habitação, o afastamente deverá ser dado pela fórmula Af = Afi + (n-4) 0,25 Afastamento edifício-calçada (a partir do 3 pavimento): Af = Afi + (n-4) 0,25, sendo Afi = 5,00 m Todas as fachadas dos edifícios tem que ser tratadas como “frontal”, portanto devem ser igualmente pensadas e estudadas para atender positivamente a relação entre ela e o transeunte. Não há obrigatoriedade de área de ajardinagem, porém, há incentivos para áreas destinadas à horta Serão permintidos elementos divisórios no paramento desde que assegurem a permeabilidade visual entre o espaço

Parâmet ros propostos

• • •

• 76


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

A principal diferença entre os parâmetros construtivos do PDCR (2008) e os da autora é que os primeiros se limitam e são moldados sempre para o lote individual, desconsiderando o conjunto. Já os segundos parâmetros entendem que a quadra é como um organismo organizado e os lotes são partes articuladas e articuláveis para a execução de um conjunto. Acredita-se que direcionando os parâmetros para um âmbito maior, como a quadra e/ou o bairro, a dinâmica, coerência entre espaços e democracia do ambiente serão mais facilmente atingidos.

fachadas devem ser tratadas como “frontais” e pensadas com a mesma importância. Ainda pensou-se em afastamento edifício-calçada nulo para edifícios com térreo ativo, com lojas e serviços, para aproximá-lo do transeunte, estimulando a proximidade entre eles. Sobre os elementos divisórios no paramento, ainda há uma cultura no Recife muito forte de que muro mais nos protegem do que nos despersam e não podemos ignorar tal cultura. O que foi proposto tenta equilibrar a permeabilidade visual, e portanto a vigilância urbana, com tal convicção.

Justificando os parâmetros propostos Foi-se compreendido que a taxa de solo natural seria melhor aplicada para a quadra do que para o lote, assim permanecendo 20% da área, agora sendo ela da quadra, sem construção, para permitir a drenagem do solo. Entendeu-se que era necessário parâmetros que indicassem a distância mínima e máxima entre edifícios, desse modo estimulando a proximidade entre eles, característica importante para manter ma cidade densa. Os parâmetros de afastametno frontal, lateral e de fundo foram mudados para afastamento edifício-calçada e afastamento entre edifícios, deixando claro, assim, que todas as

Em relação aos parâmetros de estcionamento, é importante ter-se em mente que o carro é ummeio de locomoção de extrema importância na cidade do Recife e que não pode ser excluído da vida dos cidadãos, por isso sua obrigatoriedade. O que diferencia o parâmetro de estacionamento da autora para o do PDCR 2008 é que para a autora o estacionamento deve ser rotativo e dispor de área para guardar bicicletas e skates, assim, insentivando seus usos.

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PARTE II_Volume 2

Diretrizes de Uso Específicas

espaços de exposições, ateliês de arte, dança e música, quadras poliesportivas cobertas, piscinas cobertas, etc.

A proposta de uso é preservar as cascas dos equipamentos industriais e requalificálos com usos necessários da comunidade _Volumes com usos de serviço e comércio da Vila Imperial que sejam de cunho social, existentes seriam mantidos os usos e apenas cultural e educacional. E para o lote que acrescentados volumes quando necessário. hoje é habitado pelos moradores da Vila, a proposta é a implantação de novos volumes com uso destinado à habitações sociais com térreo ativo. Esse térreo seria composto por comércios e serviços que seriam administrados pelos próprios moradores, gerando renda para eles. Portanto, os principais usos do solo seriam: _Volumes futuros mistos no lote que hoje se situa a Vila Imperial. Seu térreo teria usos comercial e de serviço e sua administração seria feita pelos habitantes do edifício e os demais pavimentos seriam destinados à habitações e caráter predominantemente social; _Espaços verdes próximos às habitações propostas afim de manter a biofilia e a drenagem da região;

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_Equipamentos industriais vazios ou ociosos obteriam novos usos educacionais, culturais e de lazer como por exemplo: salas de aula,


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Quadro resumo Diretrizes e ações Diretrizes de Projeto

Ações a serem tomadas

1_ Promover o adensamento habitacional e populacional

1_ Implantação de novas habitações de caráter social, resultando no maior adensamento do bairro

2_ Estimular a multifunionalidade dos espaços

2_ Haver térreo ativo nos volumes a propor. Térreo ativo sendo comércio e serviço direcionado às necessidades dos moradores

3_ Propor áreas verdes e/ou de convivência para promover biofilia

3_ Implantar praças e pequenas áreas de convivência verdes próximas às habitações e aos equipamentos públicos a serem propostos

4_ Propor novos usos aos vazios industriais

4_ Propor nos vazios industriais centros educacionais, culturais e de lazer

5_ Preservar a memória e a identidade local

5_ Chamar artistas locais para intervir no espaço, seja permanentemente ou não, e não destruir o que os cidadãos consideram como sua identidade

6_ Assegurar a camibilidade do local

6_ Implantar métodos que impactem positivamente na acessibilidade como rampas de acesso, piso tátil, mobiliários acessíveis, etc

7_ Ressignificar os vazios urbanos industriais

7_ Propor novos usos ligados à cultura, lazer e educação para as construções industrias ociosas 79


PARTE II_Volume 2

Dados importantes Área construída Superfície total da gleba...............92.788 m² (ou 9,2 hectares) Área construída atual.................34.078 m² Área a ser mantida.......................19.888 m² (58,3%) Área a ser demolida........................14.190 m² (41,7 %) Coeficiente de Utilização(µ) previsto pelo PDCR 2008......................................3,0 Existente Proposta População População População atual....................................800 pes. População ideal para a gleba*....2.760 pes Habitações atuais.................................200 hab. Habitações a acrescentar**...............500 hab. Usos e edificações da área Usos e edificações da área Habitacional......................................4.883,2 m² Habitacional....................................45.420,1 m² Industrial.........................................17.709 m² Industrial...................................................0 m² Serviço/comércio...........................10.632 m² Serviço/comércio..........................42.457 m² Vias públicas........................................854 m² Vias públicas..................................11.918 m² Equipamentos públicos..........................0 m² Equipamentos públicos...............12.158,3 m² Área verde pública..................................0 m² Área verde pública.......................51.520 m² Coeficiente de Utilização(µ) real.........2,57

80

Coeficiente de Utilização (µ) proposto.....4,0

*O cálculo utilizado para se chegar à esse número foi baseado no livro de FARR (2013) Urbanismo Sustentável. Nele, consta-se que, para que a quadra seja considerada sustentável, tem que haver 300 habitantes por hectare, aproximadamente. Então o cálculo seria: 9,2 hec x 300= 2.760 pessoas. **O cálculo utilizado para se chegar à esse número foi a média de habitantes por casa atualmente na Vila Imperial. O lider da comunidade apontou, em uma conversa com a autora, que, por casa, comumente vivem 4 pessoas, um casal e duas crianças. Qnt. de habitações ideal é 690.


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

É importante salientar que a quatidade de habitações necessárias para se chegar na população ideal para a gleba seria de 690 unidades. Entretanto, a gleba possui usos diversificados, variando entre comércio, educacional, cultural e habitacional, e portanto, a área tem que ser compartilhada entre tais usos, restanto uma área reduzida para habitações. Assim, decidiu-se diminuir a quantidade de unidades habitacionais para 500 unidades, como é possível ver no quaro síntese ao lado, e distribuir as 190 restantes nas quadras vizinhas. Já que o gabarito da área é considerado baixo para os princípios de adensamento habitacional e populacional anterior mente descrito, seria de grande importância crescê-lo e aumentar o número de habitações também do entorno.

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PARTE II_Volume 2

uma arquitetura e estrutura viável para os usos pensados pela autora. Para se haver uma coerência no processo dos 3_Edifícios mal conservados: edifícios com estudos prévios, dividiu-se a analise da gleba integridade estrutural e física comprometidos. em planos. E por último, 4_ Edificações consolidadas: edifícios Como critério de analise para avaliar consolidados são aqueles com grande quais edificações deverão permanecer, foi- porte ou que executam e cumprem alguma se pensado um plano de conservação, determinada função. uso e ocupação do solo. Ele irá conter as diretrizes de conservação, diretrizes de Vale salietar que a área em questão não possui uso e diretrizes de ocupação do solo. IEPs e não é uma ZEPH.

Critérios de projeto

Tais critérios possuem como base as diretrizes do livro Urbanismo Sustentável de Douglas Farr (2008) e o Plano Centro Cidadão: Estudo preliminar de desenho urbano do setor de ensino e conhecimento do Centro Continental do Recife, Vol. 04, publicação feita pela UNICAP em parceria com a Prefeitura do Recife.

82

As diretrizes de conservação buscam pontuar: 1_Edifícios com valor histórico-arquitetônico: edifícios com valor histórico já registrado pelo governo, como é o caso das IEPs e ZEPH (Zona Especial de Patrimônio Histórico) e edifícios com valor histórico-arquitetônico pontuados pela autora, sendo eles relevantes para a história da sociedade recifense. 2_Edifícios não-viáveis: que não possuem

As diretrizes de uso são os meios para desenvolver os usos necessitados do território, estudadas levando em consideração a área e seus arredores em um raio de 500 metros. Esse raio foi adotado com base em GEHL (2010) que aponta esse raio como uma estimativa de raio caminhável que uma pessoa estaria disposta a caminhar para executar alguma atividade diária. As diretrizes de ocupação do solo determinam o tipo de adensamento e o limiar dos edifícios a serem construídos, isto é, o intervalo do gabarito a se implantar, por fragmento de quadra.


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Diretrizes de Conservação Tomando como base a bibliografia desenvolvida pelo Plano Centro Cidadão, foise analisado a área, o que acabou por gerar quatro tipos de conservação como podem ser vistos no mapa de Diretrizes de Conservação figura 38. Tais tipos são: 1_Edifícios com valor histórico-arquitetônico: 1A_ Conjunto de edifícios que retraram a historia local (ver figura 39)

Figura 40: Edifício representando o tipo de edificio não-viável Fonte: Google Earth 2018

3_ Edifícios mal conservados: construções com estrutura comprometida (ver figura 41)

Figura 39: Conjunto de edifícios da antiga Sociedade de Moagens do Café como exemplo de edifício com valor histórico/arquitetônico Fonte: Google Earth 2018

2_Edifícios não-viáveis: 2A_ Edifícios com estrutura ou forma que dificulta a função pensada para a área (ver figura 40)

Figura 41: Edifício representando o tipo de edifício mal conservado Fonte: Google Earth 2018

83


PARTE II_Volume 2

2_ Edifícios Consolidados: 2A_ Edifícios de grande escala, superiores à 10.000 m² que cumprem sua função de forma satisfatória (ver figura 42)

Figura 42: Construções como exemplo de edifícios consolidados Fonte: Google Earth 2018

É importante ressaltar que 56% da área construída atual foi mantida, destinada à usos sociais para a comunidade.

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DIRETRIZES DE CONSERVAÇÃO

DIAGRAMA DE CONSERVAÇÃO

LEGENDA EDF. CONSOLIDADO (a conservar) EDF. COM VALOR HISTÓRICO-ARQUITETÔNICO (a conservar) EDIFÍCIOS MAL CONSERVADOS (a demolir) EDIFÍCIOS NÃO VIÁVEIS (a demolir) 0

50

150

Figura 38: Mapa de Diretrizes de Conservação Fonte: Própria autora

85


86


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Diretrizes de Uso Através da análise do mapa de uso, pode-se observar que na gleba estudada há um défit no setor de comércio e serviço e no setor educacional/ cultural. Esse déficit resulta, dentre diversas outras consequencias, uma baixa dinâmica do local. Não há f luxo de pedestres que permite a vigilância social. Portanto, as vias são utilizadas quase exclusivamente por automóveis.

habitacional, e aumentar o número dos edifícios ligados à educação e cultura. Os usos propostos foram adotados a partir do déficit encontrado na área e da potencialidade do local, sempre levando em consideração o contexto urbano em que a gleba se encontra, a figura 43 mostra tais usos existentes. Proposta para usos Misto residencial (térreo ativo + residência)

É pertinente notar também que, mesmo que seu entorno seja suprido de habitações, na gleba, isso se limita a uma estreita parte, aonde é localizada a Vila Imperial. O restante da gleba é dotada de vazios construídos e galpões de indústrias e empresas. Mesmo com uma quantidade predominante de habitações, a densidade populacional da área não é satisfatória, segundo os parâmetros de FARR (2013). De acordo com a identificação dos usos atuais, a área possui uma característica praticamente exclusiva de uso residencial, comumente de baixa renda, característica oposta ao local escolhido.

Misto comercial (térreo ativo + pavimentos com serviço e/ou comércio) Educacional, cultural e lazer Programa mínimo Espaço para lojas e serviços Habitação Salas de aula e de artes Área de exposições Espaço para unidade de saúde Ateliês de dança e música

As propostas lançadas pelas diretrizes de uso trazem consigo a intenção de aumentar a variedade dos usos, aumentar o coeficiente

Quadra poliesportiva e piscina coberta 87


PARTE II_Volume 2

Seis setores foram estabelecidos na gleba afim de se obter um resultado coeso, simples e dinâmico. Esses setores foram divididos em: serviços/ comércio e educacional/cultural, misto (habitação + térreo ativo), setor de parques, lazer e esportes. Tais setores foram descritos na figura 44, traduzidos como diretrizes de uso.

88


USOS

LEGENDA

0

50

150

250

Serviço/ comércio

Educacional

Serviço industrial

Residencial

Vazio construído

Vazio industrial

Figura 43: Mapa de usos Fonte: Própria autora

89


90


DIRETRIZES DE USO

LEGENDA Setor misto (serv e com + moradia) Setor de serviço/ comércio

*Os setores definidos nesta fase são considerados estudo preliminar, uma vez que apenas com o “Plano de Massas” na escala do território é possível definir o perfil mais adequado para ele.

0

50

150

Setor de parques Setor de esportes

Setor educacional/ cultural

Setor de lazer

a demolir

a conservar

Figura 44: Mapa de Diretrizes de Uso Fonte: Própria autora

91


92


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Diretrizes de Ocupação Foram observadas 3 tipos de adensamento Como citado anteriormente, as diretrizes de viáveis para a área, que são: ocupação determinavam limiares que possui 1_ Adensamento por reabilitação: esse tipo intervalos de: mantém grande parte do construído e apenas a) LIMIAR 1 (até Térreo + 1); determina novos usos para a área. b) LIMIAR 2 (até Térreo + 3); 2_ Adensamento habitacional por renovação: c) LIMIAR 3 (até Térreo + 5); esse tipo demole parcial ou totalmente, as d) LIMIAR 4 (até Térreo + 8); construções da área visando o uso voltado e) LIMIAR 5 (até Térreo + 11). para habitação. 3_ Adensamento por renovação: esse, visa Os intervalos “a”, “b” e “c“ condizem com os construir nas áreas demolidas visando outro já encontrados no território, como é possível uso que não habitação. observar no mapa de gabarito figura 45. Os intervalos “d” e “e” projetam um limiar mais Analise da área alto por se ajustar melhor na ideia de bairro Após a analise dos estudos já apresentados, mais sustentável. foi-se entendido que grande parte da gleba necessita de um intenso adensamento Tais diretrizes se referem tanto à ocupação populacional por se tratar em uma área física quanto habitacional, como gabarito com baixíssima quantidade de moradias. O (limiar) recomendado, visando seu parâmetro de adensamento habitacional foi adensamento construtivo. baseado no livro Urbanismo Sustentável de Douglas Farr (2013) e na situação atual do Sobre o adensamento construtivo, mesmo bairro de São José. que uma parte considerável das construções da gleba seja conservada (56% da área Idealmente, o número de habitações por construída, como citado), limitando a área hectare seria 75. Chegou-se a esse número de construção, a quantidade de vazios não pela equação 300, esse sendo o número de edificados é superior ao construído, sendo habitantes ideal por hectare segundo FARR praticamente duas vezes maior. Portanto, (2013), dividido por 4, número médio de o adensamento construtivo é viável e, além habitantes por casa da região. Quatro pessoas disso, é necessário. por casa foi escolhido para ser o parâmetro

93


PARTE II_Volume 2

por ser o número médio real de pessoas por casa da região. O lider da comunidade da Vila Imperial e Coque, Louro do Coque, informou à autora que a média de pessoas por casa da Vila e do Coque é de 4 pessoas, superior à média de 3 pessoas citada por Farr (2013) em seu livro. Por ser de fundamental importância o projeto ser adaptado à realidade local, preferiuse adotar o número informado por Louro. A pattir dos dados estudados, chegou-se às diretrizes de ocupação, como é mostrado na figura 46.

94


GABARITO

LEGENDA 1 pavimento 2 pavimentos 3 a 5 pavimentos

0

50

150

250

Figura 45: Mapa de gabarito Fonte: Própria autora

95


96


DIRETRIZES DE OCUPAÇÃO L4 L4 L5

L5

LEGENDA GABARITO (limiar) MÁXIMO POR FRAGMENTO DE QUADRA

L3

L3

L2

L3 L3

L1

LIMIAR 1 (TÉRREO + 1)

L2

LIMIAR 2 (ATÉ TÉRREO + 3)

L3

LIMIAR 3 (ATÉ TÉRREO + 5)

L4

LIMIAR 4 (ATÉ TÉRREO + 8)

L5

LIMIAR (ATÉ TÉRREO + 11) ÁREA A ADENSAR

L2

a demolir a conservar

*O gabarito máximo definido nesta fase é considerado preliminar, uma vez que apenas com o “Plano de Massas” na escala do território é possível definir o perfil mais adequado para ele.

0

50

150

área de adensamento por reabilitação área de adensamento habitacional por renovação área de adensamento por renovação

Figura 46: Mapa de diretrizes de ocupação Fonte: Própria autora

97


98


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

10.2

O P rojeto

Esse subcapítulo abordará os estudos de concepção e o resultado do projeto desenvolvido pela autora durante esse trabalho.

verde possível. Os edificíos propostos se comportam obedecendo a permanencia das áreas verdes atuais. Pensou-se também ser necessário a abertura de novas vias, pois a gleba se encontrava muito ampla e sua subdivisão facilitaria tanto o tráfego interno da gleba quanto da área como um todo. A figura 47 mostra tais estudos.

Vale ressaltar que a proposta aqui apresentada é um estudo de um desenho urbano, fase inicial e de anteprojeto. Com a limitação do tempo e por conta de outros condicionantes, a possibilidade de executar um projeto executivo com mais de 92.000 metros quadrados de área é muito baixa. O que se é apresentado aqui é a maneira mais viável, baseado nos estudos feitos, da ocupação volumétrica, assim como os usos destinados ao local, locação dos edifícios futuros, etc, a partir do entendimento da autora.

Os Estudos de Concepção Os primeiros estudos realizados foram os de permanência dos edifícios existentes, gabarito da área e seu usos atuais, como já apresentado acima. Posteriormente, foise levantado as árvores e espaços verdes do local, pois achou-se imprecindível a preservação da maior quantidade de área 99


PARTE II_Volume 2

100


ORIENTAÇÃO DE VIAS+ LOCAÇÃO DAS ÁREAS VERDES EXISTENTES

LEGENDA edifícios mantidos Possíveis aberturas de vias Áreas verdes existentes

0

50

150 Figura 47: Mapa de orientação de vias e locação das áreas verdes existentes Fonte: Própria autora

101


102


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Em seguida, a questão tratada foi onde as pessoas mais se concentrariam, criando focos de pessoas. Esse não é um dado concreto, pois como o espaço não é utilizado, não há como explorar tal dado. Portanto, foi-se indicado quais áreas a autora imaginaria que fossem os “cenários de encontro” dos usuários, levando em consideração as visadas, locais mais interessante para concentração de pessoas e que não atrapalhariam o f luxo dos transeuntes. Tal estudo se encontra na figura 48. Tais focos auxiliaram na criação das áreas verdes públicas e dos espaços de permanência.

103


PARTE II_Volume 2

104


FOCOS DE ENCONTRO DE PESSOAS

LEGENDA edifícios existentes Possíveis aberturas de vias Possíveis pontos de encontro

0

50

150 Figura 48: Mapa de focos de encontro de pessoas Fonte: Própria autora

105


106


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

A partir dos estudos de focos de encontro de pessoas e abertura de vias para carros foise articulado as passagens dos pedestres e ciclistas por dentro da quadra, vazando-a e tornando-a permeável e pública. Era de extrema importância a possibilidade de a quadra ser completamente caminhável, sem barreiras que limitassem o trânsito de pedestres. As áreas mais “privadas” são caracterizadas por uma reclusão, dada pela locação dos volumes. Os acesso às habitações também possuem a mesma características, elas são mais reclusas dentro dos próprios volumes, separado dos acessos dos demais usos, para que haja uma maior privacidade para os moradores. Por esse projeto não ser direcionado à arquitetura dos volumes, essa intenção dos acessos é uma decisão de projeto de arquitetura, portanto não foi amplamente explorada.

107


PARTE II_Volume 2

108


VIAS/ ENCONTRO DE PESSOAS

LEGENDA VIA DE FLUXO INTENSO

VIA DE FLUXO BAIXO

VIA DE FLUXO MODERADO ENCONTRO PÚBLICO

ENCONTRO PRIVADO

FUTURA VIA DE PEDESTRES FUTURA VIA COMPARTILHADA

0

50

150

250

Figura 49: Mapa de vias e foco de pessoas Fonte: Própria autora

109



UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Com todas os estudos prontos, elaborou-se diagramas que apresentariam as diversas fases do projeto, mostrando como cada etapa impacta nos volumes contruídos. Pode-se ver tais diagramas a seguir na figura 50.

111


PARTE II_Volume 2

112


ÁREA ATUAL

PERMANÊNCIAS / RUAS A SEREM ABERTAS

OCUPAÇÃO / VIAS DE PEDESTRES

OCUPAÇÃO VOLUMÉTRICA

VOLUMETRIA

RESULTADO DOS ESTUDOS Figura 50: Diagramas representando as fases de estudo Fonte: Própria autora

113



UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Tendo em mente tais estudos, o anteprojeto de renovação e reabilitação da área foi criado.

Memorial Descritivo O plano urbano em questão fica localizado no bairro de São José, Recife - PE. Possui uma área com 9,2 hectares e 3,4 hectares de área construída. Encontra-se em uma Zona de Ambiente Construído Moderada (ZAC Moderada), entretando, seus parâmetros de construção não foram amplamente adotados nesse projeto. A autora e seu orientador acreditam que o Plano Diretor da Cidade do Recife 2008, o mais atual, não condiz com as políticas de uma cidade viva, sustentável e justa, portanto, através de diversos estudos e revisões bibliográficas aqui apresentadas, chegou-se à novos parâmetros de construção que condizem melhor com à Cidade ideal. Como exemplo, pode-se citar a preocupação de locar o carro no espaço. O PDCR 2008 possui uma grande preocupação na quantidade de vagas de estacionamento por quantidade e metragem de apartamentos, isso se traduz, na prática, em paredões, principalmente nos pavimentos térreo e segundo. A preocupação da autora é que o pavimento térreo seja um grande dinamizador de espaços, que detem de costuras e tramas que conduzem o cidadão para experienciar todo ele. Sem

barreiras, o transeunte se sente mais livre para utilizar de todo o espaço e mais curioso para se aventurar por ele. É crucial pontuar que o carro, na cultura recifense, está muito presente e que ele não foi descartado da dinâmica do local. Foi elegido pontos estratégicos de armazenamento dos carros para que eles não atrapelham a dinâmica e a vida da região. A área é muito bem suprida de transporte público, a poucos metros existe a estação de metrô Joana Bezerra que possui conexões inclusive com cidades vizinhas à Recife. Ainda a poucos metros consta a Avenida Sul, principal via da Cidade que liga a região oeste ao centro, e a Av. Imperial, via contrária à Av. Sul, que interliga o centro à zona oeste de Recife. Ambas são altamente irrigadas com linhas de ônibus que conduzem para várias regiões da Cidade. Algo que vale a pena ser citado também é a presença forte da escala industrial. Foi necessário conciliar a escala habitacional, a industrial e a de comércio / serviço. Primeiro pensou-se que a manutenção da escala industrial era primordial, pois é a característica da área, algo que a representa. Posterior à isso, pensou-se em qual seria o melhor meio de implantar as demais escalas. O escalonamento foi fundamental para a conciliação das escalas. Ainda pensando na permanência da escala industrial, pensou-se 115


PARTE II_Volume 2

em manter a gleba com área superior às demais quadras ao seu redor e reabrir uma antiga rua hoje já parcialmente fechada. Ao invés de fatiar a gleba para haver permeabilidade, abriu-se caminhos para pedestres e ciclistas, dando preferência e espaço para tais, algo que atualmente a área carece. O paisagismo teve um papel fundamental nesse ponto. Custurouse a área com percursos interessantes, arborizados e com espaços de permanência e descanso. Assim, o interesse na área aumenta e, consequentimente, o movimento da região também aumenta.

116

se comunicassem com a cidade, sem barreiras físicas. A parte da arquitetura dos edifícios existente e dos a serem construídos é algo pouco comentada, pois o foco desse trabalho é a parte urbanística do local, o macro. As trocas sociais e a construção volumétrica da área. Quanto à planta de cada volume, suas fachadas e dimensões internas poderão ser discutidas em projetos e trabalhos futuros. Possuindo-se, assim, no futuro, mais tempo e estudos com foco na arquitetura.

Os galpões também fazem parte da história Dito isso, o projeto se faz melhor compreendido, de Recife e do local, portanto, fez-se questão explanado nas figuras 51 à 57 . de manter 90% deles, os 10% demolidos já não possuiam estruturas confiáveis para seu uso. Além de sua manutenção, foi desiguinado novos usos, ressiguinificando-os. Antes não utilizados se tornaram lugar de ensinamento, cultura e comércio. A área interna do lote passa a ser pública, de uso misto, instigando a caminhada e promovendo a vigilância social. O lote passa se introspectivo e privado, diante dos parâmetros do PDCR 2008, para extrovertido e comunitário, agora, fazendo parte da cidade. Sua interface parava na fachada do edifício ou no muro frontal, limitando as trocas sociais. Nesse projeto, a ideia é que todas das fachadas são igualmente importantes e que as interfaces dos edifícios


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

117


PARTE II_Volume 2

118


D

PLANTA CONCEITO (LOCAÇÃO E COBERTA)

B

A

D

A

C

B

C

0

50

150

Figura 51: Planta Conceito de Locação e Coberta Fonte: Própria autora

119



D

PLANTA CONCEITO (PAVIMENTO TÉRREO)

1 2

A

1 2

ÁREAS

2

B

1

9

7

1

A

3

D

2 1

C

2 7

8

7

2

2

2 5

2

4

6

2

1

9

2

2

7

C

1_Área Estacionamento rotativo: 6.360 m2 2_Área Serviço/ comércio: 15.345 m2 3_Área Piscina coberta: 2.025 m2 4_Área Quadras esportivas: 4.900 m2 5_Área Lanchonete: 180 m2 6_Área Educacional: 4.600 m2 7_Área Cultural: 6.050 m2 8_Área Admistrativo: 1.100 m2 9_Área Área p/ comércio rotativo: 2.000 m2

2

LEGENDA

1

2

6 6

2

1

7

Estacionamento rotativo

6

Educacional

2

Serviço/ comércio

7

Cultural

3

Piscina coberta

8

Admistrativo

4

Quadras esportivas

9

5

Lanchonete

Área p/ comércio rotativo

B

8

1

Área verde

Circulação vertical

Bicicletário 0

50

150

Figura 52: Planta Conceito Pavimento Térreo Fonte: Própria autora

121



D

PLANTA CONCEITO

(SEGUNDO PAVIMENTO)

1

A 1

1

B

A

ÁREAS

10

2

1_Área Estacionamento rotativo: 7.080 m2 2_Área Serviço/ comércio: 11.112 m2 3_Área Piscina coberta: 0 m2 4_Área Quadras esportivas: 0 m2 5_Área Lanchonete: 0 m2 6_Área Educacional: 3.600 m2 7_Área Cultural: 6.050 m2 8_Área Admistrativo: 1.100 m2 9_Área Área p/ comércio rotativo: 0 m2 10_Área Habitação: 1.940 m2

10

7

1 3

D

2 1

C

2 7

8

7

2

4

6

5

2

2

LEGENDA

1

7

C

2

2 2

2

10

2

2 2

6 6 8

Estacionamento rotativo

6

Educacional

2

Serviço/ comércio

7

Cultural

3

Piscina coberta

8

Admistrativo

4

Quadras esportivas

9

5

Lanchonete

10

Área p/ comércio rotativo Habitação

7

1

B

2

1

Área verde 0

50

150

Circulação vertical

Bicicletário Figura 53: Planta Conceito Segundo Pavimento Fonte: Própria autora

123



D

PLANTA CONCEITO 11

(QUINTO PAVIMENTO)

10

A

11

ÁREAS

10

10

B

10

1_Área Estacionamento rotativo: 0 m2 2_Área Serviço/ comércio: 1.300 m2 3_Área Piscina coberta: 0 m2 4_Área Quadras esportivas: 0 m2 5_Área Lanchonete: 0 m2 6_Área Educacional: 0 m2 7_Área Cultural: 0 m2 8_Área Admistrativo: 0 m2 9_Área Área p/ comércio rotativo: 0m2 10_Área Habitação: 5.900 m2 11_Área de lazer descoberta: 1.880 m2

10

10

A

7 3

11

1 10

7

8

7

D

2

C

2 2

2 2

10

5

2

4

6

2

2

LEGENDA

1

7

C

10

2 2

6 6 8

10

1

Estacionamento rotativo

6

Educacional

2

Serviço/ comércio

7

Cultural

3

Piscina coberta

8

Admistrativo

4

Quadras esportivas

9

5

Lanchonete

10

Área p/ comércio rotativo Habitação Área de lazer descoberta

7

11

B

1

Área verde 0

50

150

Bicicletário

11

Circulação vertical

Figura 54: Planta Conceito Quinto Pavimento Fonte: Própria autora

125



CORTES ESQUEMÁTICOS +25,32 +21,12 +18,12 +15,12 +9,12 +3,12

det 1 CORTE AA

det 1

CORTE AA +25,32 +21,12 +18,12 +15,12 +9,12 +3,12

0

10

20

LEGENDA Estacionamento rotativo

Cultural

Habitação

Educacional

Serviço/ comércio

Lanchonete

RUA IMPERIAL

CORTE BB

Figura 55: Cortes Esquemáticos Fonte: Própria autora

127 0

10

35

50m



CORTES ESQUEMÁTICOS +25,32 +21,12 +18,12 +15,12 +9,12 +3,12

det 2 CORTE CC det 2 0

10

20

LEGENDA Estacionamento rotativo

Cultural

Habitação

Educacional

+9,12

Serviço/ comércio

Lanchonete

+3,12

Quadras Esportivas

Área p/ comércio rotativo

+16,32

R. ANNA BEZERRA

CORTE DD

Figura 56: Cortes Esquemáticos Parte 2 Fonte: Própria autora

129 0

10

35

50m



PROPOSTA DE FACHADA

Edifício 01 (comércio/serv. + residência)

Figura 57: Proposta de Fachada Fonte: Própria autora

Edifício 02 (comércio/ serviço)

0

10 *DIAGRAMAS SEM ESCALA

20

30 131



10.3 Perspec t ivas

Figura 58: Vista das quadras esportivas e piscina coberta Fonte: Própria autora

Figura 59: Vista da Travessa do Gáspar Fonte: Própria autora

133


134


Figura 60: Vista aérea galpões Fonte: Própria autora

135


Figura 61: Vista da Rua Lorenço de Sá Fonte: Própria autora

Figura 62: Vista de uma das área de

136 permanência dos galpões Fonte: Própria autora


Figura 63: Vista da interseção da Rua Lorenço de Sá com a Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora

Figura 64: Vista de um dos espaços verdes da quadra da Rua Lorenço de Sá Fonte: Própria autora

137


138


Figura 65: Vista aérea do bloco misto localizado entre a Rua Lorenço de Sá e Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora 139


Figura 66: Vista aérea do lado oeste da gleba - Rua Imperial Fonte: Própria autora

140

Figura 67: Vista do bloco misto localizado entre a Rua Lorenço de Sá e Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora


Figura 68: Vista aérea da Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora

Figura 69: Vista aérea da gleba Fonte: Própria autora

141


Figura 70: Vista da fachada do complexo cultural e do edf. misto - Tv. do Gáspar Fonte: Própria autora

142

Figura 71: Vista aérea de parte do complexo - Rua Imperial Fonte: Própria autora


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

10.3

Con s iderações Finai s

Por toda a extensão da Rua Imperial é possível ver o descaso para com ela e com os moradores do local. Pouco se foi feito de vários anos para cá em benefício dos moradores. A comunidade Vila Imperial é um grande exemplo de como aquela área não é dada a devida atenção. Esse trabalho tem como objetivo chamar atenção para tal área e além disso, mostrar que pode ser viável um plano urbano na cidade do Recife e para uma área carente. Para esse trabalho ser possível foi feito um levantamento bibliográfico, visitas ao local e conversa com os líderes da comunidade Vila Imperial. Além disso, foram feitos coleta de dados, eleitos estudos de caso e pontuado diretrizes projetuais para o local. Baseado nesses dados, conversas com os líderes, analise dos estudos de caso e da bibliografia foi desenvolvidos estudos que ref letiram diretamente no produto final: o projeto. O projeto é o resultado de todas às etapas acima descritas, ref letindo as preocupações dos moradores e diretrizes urbanas pensadas pela autora, baseadas nas referências bibliográficas selecionadas.

Aqui foi possível mostrar que o plano urbano apara a área é uma necessidade e que é uma possibilidade plausível. Por meio desse plano a vitalidade, dinamicidade e qualidade do local são possíveis de serem expandidas, resultando no aumento da qualidade de vida dos moradores da área e da Cidade do Recife.

Dificuldades Encontradas Durante a execução do presente trabalho, houve um surto viral epidêmico mundial, chamado COVID-19. Por não ser recomendado nossa saída de casa além de ir comprar remédios e mantimentos, não foi a ida da autora ao local durante praticamento todo o ano de 2020. Por mais que ela tenha ido ao local no final do ano de 2019, outras visitas estavam agendadas com o líder da comunidade para entender mais o local e as pessoas. Por conta da pandemia, nada disso foi possível. Outra dificuldade foi a complexidade e a dimensão da área compreendida no trabalho. Para o plan urbano fazer sentido, foi necessário tal dimensão, o que dificultou o estudo mais aprofundado da arquitetura do complexo. Portanto, as aberturas e tratamento das fachadas nesse trabalho são meramente iustrativas.

143


PARTE II_Volume 2

Lista de referências Livros, Artigos e Dissertações

Artigos em Sítios Digitais

FARR, Douglas. Urbanismo Sustentável. São Paulo: Editora Bookman. 2008

CARTA DE LISBOA SOBRE A REABILITAÇÃO URBANA INTEGRADA. In: Encontro LusoBrasileiro de Reabilitação Urbana Lisboa, 1º edição, Lisboa, 1995. Disponível em: < https:// www.culturanorte.pt/fotos/editor2/1995__ carta_de_lisboa_sobre_a_reabilitacao_urbana_ integrada-1%C2%BA_encontro_luso-brasileiro_ de_reabilitacao_urbana.pdf>

GEHL, Jan. Cidade Para Pessoas. São Paulo: Editora Perspectiva. 2013 SPECK, Jeff. Cidade Caminhável. São Paulo: Editora Perspectiva. 2017 SOUZA, Claudia Azevedo de. Do cheio para o Vazio: Metodologia e estratégia na avaliação de espaços urbanos obsoletos. 2010. Dissertação - Departamento de Arquitectura, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2010. REYNALDO, Amélia. PRESERVAR VERSUS RENOVAR: especificidade da política de preservação brasileira. ARCHITECTON - REVISTA DE ARQUITETURA E URBANISMO, VOL. 04, Nº 07, 2014

144

CENSO Demográfico, 2010. Resultados do universo: características da população e domicílios, 2010. Disponível em <http:// www.ibge.gov.br>. Acesso em: 8 Nov 2019 PORTAS, Nuno. Vazios Urbanos e o Planejamento das Cidades. Caderno Nº 2, Do vazio ao Cheio. Porto, 2000 REYNALDO, Amélia; REYNALDO MAIA ALVES, Paulo. Origem da expansão do Recife: divisão do solo e configuração da trama urbana. In: Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo. “V Seminario Internacional de Investigación en Urbanismo, Barcelona-Buenos Aires, junio 2013”. Barcelona: DUOT, 2013, p. 877-890


UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

Artigos em Sítios Digitais (continuação)

Sítio Digitais Consultados

UNICAP/PCR. Diretrizes urbano arquitetônicas para o Centro Expandido Continental do Recife: Documento para reunião pública e colaboração social. Recife: UNICAP/PCR, 2018. Disponível em: < https://issuu.com/ andreadornelascamara/docs/diretrizes_plano_ centro_cidada__o> Acesso em: 08 Nov 2019

COSTA, Emmanuel. O que é gentrificação e porque você deveria se preocupar com isso. São Paulo: Archdaily Brasil, 2016. Dispoível em: <https://www.archdaily.com.br/br/788749/oque-e-gentrificacao-e-porque-voce-deveria-sepreocupar-com-isso> Acesso em: 10 Nov de 2019

UNICAP/PCR. Plano Centro Cidadão: Estudo preliminar de desenho urbano do setor de ensino e conhecimento do Centro Continental do Recife. Vol. 04. Recife: Fasa, 2018

GARCIA, Cecília. Cidade como ferramenta de equidade: 4 estratégias de Medellín para combater a violência. 06 Abr 2019. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https:// w w w.archdaily.com.br/br/914352/cidadecomo-ferramenta-de-equidade-4-estrategiasde-medel l i n-pa r a-combater-a-v iolenc ia> Acessado 13 Nov 2019. OLIVEIRA, Mariana. Transformando o entorno. 01 mAIO 2017. Revista Continental - ed. 197. Disponível em: <ht t p://w w w.re v i st acont i nente.com .br/ ed icoes/197/t r a n sfor m a ndo- o-entor no>

145


PARTE II_Volume 2

Artigos em Sítios Digitais (continuação)

Sítio Digitais Consultados

UNICAP/PCR. Diretrizes urbano arquitetônicas para o Centro Expandido Continental do Recife: Documento para reunião pública e colaboração social. Recife: UNICAP/PCR, 2018. Disponível em: < https://issuu.com/ andreadornelascamara/docs/diretrizes_plano_ centro_cidada__o> Acesso em: 08 Nov 2019

COSTA, Emmanuel. O que é gentrificação e porque você deveria se preocupar com isso. São Paulo: Archdaily Brasil, 2016. Dispoível em: <https://www.archdaily.com.br/br/788749/oque-e-gentrificacao-e-porque-voce-deveria-sepreocupar-com-isso> Acesso em: 10 Nov de 2019

UNICAP/PCR. Plano Centro Cidadão: Estudo preliminar de desenho urbano do setor de ensino e conhecimento do Centro Continental do Recife. Vol. 04. Recife: Fasa, 2018

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UM NOVO CENÁRIO DE ENCONTROS NA IMPERIAL

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